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Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul APRESENTAÇÃO Neste trabalho são abordados, de forma sucinta, a ligação, o comando e a proteção dos motores elétricos de indução, no que se refere às chaves de partida eletromecânicas (manuais) e eletromagnéticas (automáticas). O propósito é de que sirva como material complementar às aulas relativas aos assuntos mencionados e, também, como uma referência para o desenvolvimento de tais aulas. Por se tratar de material para ser usado por alunos, no decorrer da realização de seus cursos, foi buscada, com muito empenho, a concisão, para evitar o julgamento pelo aluno de que os assuntos tratados sejam difíceis, a julgar pelo tamanho da apostila. Os dispositivos de comando de estado sólido e as chaves de partida eletrônicas estão presentes em outra apostila. A especificação de componentes das chaves de partida, as orientações para montagem de quadros de comando e o dimensionamento de condutores, também se encontram em trabalhos distintos. Para facilitar o entendimento e o desempenho prático com relação aos assuntos apresentados aqui, são necessários mais conhecimentos e habilidades, especialmente sobre eletrotécnica e motores elétricos que, por questões didáticas, são tratados em disciplinas específicas. Nos cursos profissionais técnicos de nível médio do campus Pelotas do IFSul, fundamentos e leis da eletrotécnica, bem como uma abordagem mais ampla e detalhada sobre motores elétricos constituem conteúdos, respectivamente, das disciplinas de Eletrotécnica e de Máquinas Elétricas. Esta apostila já conta com importantes colaborações dos professores do IFSul Antonio Jesus Signorini Pinto, Jair Jonko Araujo e Velington de Aquino Neumann, pelo que agradeço, reconhecendo o empenho e a competência dos mesmos. Solicito, sobretudo aos professores e aos alunos do IFsul, críticas e sugestões quanto ao conteúdo e quanto à forma deste trabalho, com vistas ao aperfeiçoamento do mesmo. março de 2010. Mario Luiz de Farias. Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... i LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................. iii 1 O MOTOR ELÉTRICO ..................................................................................................... 4 1.1 GENERALIDADES ............................................................................................................... 4 1.2 MOTOR MONOFÁSICO COM CAPACITOR DE PARTIDA ............................................ 4 1.2.1 Construção .......................................................................................................................... 4 1.2.2 Funcionamento (noções básicas) ........................................................................................ 5 1.2.3 Ligação do motor monofásico de fase auxiliar com capacitor de partida .................... 7 1.2.4 Identificação dos terminais do motor monofásico com capacitor de partida ............... 8 1.2.5 Comando e proteção do motor monofásico ..................................................................... 8 1.2.6 Exercícios ............................................................................................................................ 8 1.2.7 Instruções para atividade prática ..................................................................................... 9 1.3 MOTOR TRIFÁSICO DE INDUÇÃO, COM ROTOR TIPO GAIOLA DE ESQUILO ..... 10 1.3.1 Construção ......................................................................................................................... 10 1.3.2 Funcionamento (noções básicas) ....................................................................................... 10 1.3.3 Ligação do motor trifásico ................................................................................................ 11 1.3.3.1 Ligação estrela ................................................................................................................ 12 1.3.3.2 Ligação triângulo ........................................................................................................... 12 1.3.4 Identificação dos terminais do motor trifásico com rotor gaiola e de 6 pontas .......... 13 1.3.5 Exercícios .......................................................................................................................... 14 1.3.6 Instruções para atividade prática .................................................................................... 15 1.3.7 Ligação do motor trifásico de 12 terminais .................................................................... 16 1.4 MOTOR TRIFÁSICO DE INDUÇÃO COM ROTOR BOBINADO (motor de anéis) ........ 16 2 COMANDO E PROTEÇÃO DO MOTOR TRIFÁSICO (CHAVES DE PARTIDA) .......17 2.1 DISPOSITIVOS DE MANOBRA ......................................................................................... 17 2.2 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO ........................................................................................ 19 2.3 CHAVES DE PARTIDA ....................................................................................................... 20 2.3.1 Chave de partida direta .................................................................................................... 21 2.3.1.1 Exercícios (relativos a chaves de partida direta) ............................................................. 22 2.3.1.2 Chave de partida direta reversora ................................................................................ 24 2.3.2 Chaves de partida indireta ou com tensão reduzida ...................................................... 25 2.3.2.1 Chave estrela-triângulo .................................................................................................. 26 2.3.2.1.1 Chave estrela-triângulo reversora ............................................................................. 30 2.3.2.1.2 Exercícios ..................................................................................................................... 31 2.3.2.2 Chave compensadora ..................................................................................................... 32 2.3.2.2.1 Exercícios ..................................................................................................................... 36 2.3.2.3 Chave série-paralelo (estrela) ........................................................................................ 37 2.3.2.3.1 Exercícios .................................................................................................................... 41 2.3.2.4 Chave de partida com resistores ou com indutores em série ..................................... 41 2.3.2.5 Exercício sobre a aplicação das chaves de partida ...................................................... 43 2.4 COMANDO DO MOTOR DE ANÉIS .................................................................................. 43 3. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................................... 43 Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 3 LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Tipos de motores elétricos ........................................................................................ 4 Figura 02 - Circuito elétrico primário do motor monofásico com capacitor de partida .............. 5 Figura 03 - Corrente e conjugado no motormonofásico de fase auxiliar sem capacitor ............. 6 Figura 04 - Corrente e conjugado no motor monofásico com capacitor de partida ..................... 6 Figura 05 - Esquemas para ligação do motor monofásico em 220V ........................................... 7 Figura 06 - Esquemas para ligação do motor monofásico em 127V ........................................... 7 Figura 07 - Circuito elétrico primário do motor trifásico de indução ......................................... 10 Figura 08 - Corrente e conjugado, em função da rotação, no motor trifásico com rotor gaiola ..11 Figura 09 - Ligação estrela. a) esquema; b) representação fasorial ............................................ 12 Figura 10 - Ligação triângulo. a) esquema; b) representação fasorial ........................................ 13 Figura 11 - Motor de 12 terminais ligado em triângulo paralelo ................................................ 16 Figura 12 - Esquema do contator eletromagnético ..................................................................... 17 Figura 13 - Representação dos contatos do contator .................................................................. 18 Figura 14 - Representação da bobina do contator ....................................................................... 18 Figura 15 - Representação dos contatos de um pulsador ............................................................ 18 Figura 16 - Símbolo da bobina do relê de tempo ........................................................................ 19 Figura 17 - Símbolos dos contatos do relê de tempo .................................................................. 19 Figura 18 - Funcionamento do relê de tempo ............................................................................. 19 Figura 19 - Representação do fusível em esquemas elétricos ..................................................... 19 Figura 20 - Símbolo do relê de sobrecarga térmico .................................................................... 20 Figura 21 - Símbolo do disjuntor-motor termomagnético .......................................................... 20 Figura 22 - Esquemas da chave de partida direta ........................................................................ 21 Figura 23 - esquemas da chave de partida direta reversora ......................................................... 25 Figura 24 - Esquema para comando do motor trifásico com chave estrela-triângulo ................. 26 Figura 25 - Corrente e conjugado, em função da rotação, com chave estrela-triângulo ............. 28 Figura 26 - Esquema do circuito principal da chave estrela-triângulo automática ..................... 29 Figura 27 - Esquema do circuito auxiliar de comando da chave estrela-triângulo automática ... 30 Figura 28 - Perfil da tensão na fase do motor comandado através da chave estrela-triângulo ... 30 Figura 29 - Esquema do circuito principal da chave estrela-triângulo automática reversora ..... 31 Figura 30 - Esquema do circuito auxiliar de comando da chave estrela-triângulo reversora ..... 31 Figura 31 - Esquema para comando do motor trifásico através de chave compensadora ........... 32 Figura 32 - Esquema para análise das correntes de partida com chave compensadora .............. 33 Figura 33 - Esquema do circuito principal da chave compensadora automática ........................ 35 Figura 34 - Esquema do circuito auxiliar de comando da chave compensadora automática ...... 36 Figura 35 - Perfil da tensão aplicada ao motor comandado através da chave compensadora .... 36 Figura 36 - Esquema simplificado do circuito de força da chave série-paralelo ........................ 37 Figura 37 - Perfil da tensão em cada bobina do motor comandado com chave série-paralelo ... 38 Figura 38 - Esquema do circuito principal, na forma multifilar, da chave série-paralelo ........... 39 Figura 39 - Esquema do circuito principal, na forma unifilar, da chave série-paralelo .............. 40 Figura 40 - Esquema auxiliar de comando e de sinalização da chave série-paralelo .................. 41 Figura 41 - Chave de partida com resistores em série ................................................................. 42 Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 4 1 O MOTOR ELÉTRICO 1.1 GENERALIDADES O motor elétrico é a máquina que converte energia elétrica em energia mecânica, normalmente disponibilizada num eixo em rotação. Seu funcionamento está baseado no fenômeno de que um condutor, sendo percorrido por corrente elétrica e estando dentro de um campo magnético, sofre a ação de uma força que pode colocá-lo em movimento. Na figura 01 constam os diversos tipos de motores elétricos hoje existentes. Figura 01 - Tipos de motores elétricos. Adaptado de EBERLE, 2000. 1.2 MOTOR MONOFÁSICO COM CAPACITOR DE PARTIDA 1.2.1 Construção Esse motor é constituído pelo estator e pelo rotor. O estator é formado pela carcaça cilíndrica; tampas, com os mancais; caixa de ligação; dispositivos para fixação (pés e/ou flange); núcleo, de chapas de aço; capacitor de partida; parte do interruptor centrífugo; e três bobinas, sendo que duas são as de força ou principais, MOTORES ELÉTRICOS CORRENTE ALTERNADA Corrente pulsante Corrente contínua Motor universal - Ímã permanente - Campo série - Campo paralelo - Composto MOTOR MONOFÁSICO Motor linear MOTOR TRIFÁSICO INDUÇÃO Síncrono INDUÇÃO ROTOR GAIOLA DE ESQUILO Rotor bobinado - Ímã permanente - Histerese - Relutância - Indutor Síncrono - Ímã permanente - Rotor bobinado - Relutância - Rotor bobinado - GAIOLA DE ESQUILO Motor de passo (Step motor) - Relutância variável - Ímã permanente - Híbrido - Fase dividida - CAP. DE PARTIDA - Capacitor permanente - Duplo capacitor - Campo distorcido - Repulsão - Partida a repulsão - Repulsão indução Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 5 constituindo-se na fase principal, e a outra é a bobina ou fase auxiliar, que auxilia na partida do motor. Cada uma dessas bobinas é para uma tensão em torno dos 115V. As bobinas, juntamente com o capacitor e o interruptor centrífugo, formam o circuito elétrico primário desse motor. Este circuito está representado na figura 02. Figura 02 - Circuito elétrico primário do motor monofásico com capacitor de partida. O rotor é formado pelo eixo; ventilador; parte do interruptor centrífugo; núcleo, feito de chapas de aço; e a gaiola de esquilo, que é o induzido do motor. A gaiola é composta por barras de alumínio, paralelas ou inclinadas em relação ao eixo e interligadas pelos anéis de curto- circuito. Na carcaça, vem fixada a placa de características do motor, com muitas indicações, inclusive os esquemas para ligação. O motor monofásico com capacitor de partida pode ser de 2 polos, para uma velocidade angular em torno de 3500 rotações por minuto (rpm), em 60Hz, ou de 4 polos, para uma velocidade angular em torno de 1720 rotações por minuto, em 60Hz. 1.2.2 Funcionamento (noções básicas) Aplicando tensão alternada no circuito elétrico do estator, circula corrente no mesmo. Esta corrente produz campo magnético variável, que induz força eletromotriz nas barras do rotor (induzido) que, devido a isto e por estarem curto-circuitadas pelos anéis, passam a ser percorridas por corrente elétrica. Essa corrente induzida é necessária para que o rotor gire. Sob tensão nominal e com o rotor bloqueado (parado), a corrente nesse motor é cerca de 4 a 6 vezes maior do que a corrente nominal (IN) ou corrente de plena carga. Essa corrente com rotor bloqueado é chamada de corrente de partida (IP) oucorrente com rotor bloqueado, A bobina auxiliar, defasada de 90º, no espaço, com relação ao circuito principal, é necessária para a partida do motor. Sem essa bobina, isto é, se for aplicada a tensão elétrica apenas nas bobinas principais, o motor monofásico não apresenta conjugado de partida. Se o motor estiver em vazio (sem carga), sendo dado um impulso no seu eixo, em qualquer sentido de rotação, ele acelera até atingir a rotação nominal, quando passa a funcionar normalmente. O rotor permanecendo parado, o motor queima em poucos segundos, devido à alta corrente elétrica nas bobinas. Aplicando a tensão nominal, apenas nas bobinas, incluindo a de partida (mas sem o capacitor), o motor parte, com um conjugado menor do que o conjugado nominal, e acelera até atingir a rotação nominal. Porém, quando o motor atinge cerca de 75% da rotação síncrona (nS), deve abrir o interruptor centrífugo. Por ser baixo o conjugado de partida (CP), o motor deve partir sem carga ou com carga de baixa inércia na partida. Na figura 03, são mostradas as curvas de corrente e de conjugado do motor monofásico de fase auxiliar sem capacitor. Corrente e conjugado variam em função da rotação do motor. 1 2 3 4 5 6 Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 6 Figura 03 - Corrente e conjugado, em função da rotação, no motor monofásico de fase auxiliar sem capacitor. Aplicando a tensão nominal nas bobinas, com o capacitor de partida, o motor parte com um conjugado de partida (CP) de 200% a 350% do conjugado nominal (CN). Portanto, a função do capacitor é auxiliar na obtenção de um alto conjugado de partida do motor monofásico com fase auxiliar, possibilitando a aplicação desse motor em diversas situações, incluindo aquelas em que deva partir a plena carga, como em máquinas de lavar roupas. Depois da partida, o circuito auxiliar é desconectado, através da abertura do interruptor centrífugo, quando a rotação do motor atinge entre 75% e 80% da rotação síncrona (nS). Neste intervalo de velocidades, o enrolamento principal sozinho desenvolve praticamente o mesmo conjugado que os enrolamentos combinados produzem. Para velocidades acima dos 80% da rotação síncrona, o conjugado com o circuito auxiliar torna-se menor do que aquele que o motor desenvolve sem esse circuito. Devido a isto e como a bobina auxiliar e o capacitor de partida queimariam se permanecessem ligados, a abertura do interruptor deve ocorrer. Na figura 04 constam as curvas de corrente e do conjugado, em função da rotação, do motor monofásico com capacitor de partida. Figura 04 - Corrente e conjugado, em função da rotação, no motor monofásico com capacitor de partida. A corrente nominal (IN) do motor monofásico com capacitor de partida deve ser calculada através da seguinte equação: ηϕ.cos. /736).( N N U cvWcvPI = 3 1 2 4 5 6 IN ou CN I (A); C (Nm) CP IP nN nS Rotação (rpm) CP 1 2 3 4 5 6 IN ou CN I (A); C (Nm) IP nN nS Rotação (rpm) Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 7 sendo que: IN - é a corrente nominal; UN - é a tensão nominal; P - é a potência do motor, em cavalo vapor (cv); 736W/cv - fator de conversão de cavalo vapor para watts; cosϕ - é o fator de potência do motor; η - é o rendimento do motor (característica constante no catálogo técnico do motor). 1.2.3 Ligação do motor monofásico de fase auxiliar com capacitor de partida Devido às características construtivas desse motor, ele pode ser ligado em 220V ou em 127V. Para inverter o sentido de rotação, basta trocar a ligação do terminal 5 pela ligação do terminal 6 e vice-versa, o que faz inverter o sentido da corrente no circuito auxiliar. Para tensão de 220V, as bobinas principais devem ser ligadas em série e aplica-se a tensão nos extremos da série. O circuito auxiliar deve ser ligado em paralelo com uma das bobinas principais. Na figura 05, constam os esquemas de ligação para 220V e para os dois sentidos de rotação. Figura 05 - Esquemas para ligação do motor monofásico em 220V. a) num determinado sentido de rotação; b) no outro sentido de rotação. Ligando as bobinas principais e o circuito auxiliar em paralelo, o motor fica preparado para receber 127V. Na figura 06 constam os esquemas para executar essa ligação. Figura 06 - Esquemas para ligação do motor monofásico em 127V. a) num determinado sentido de rotação; b) no outro sentido de rotação. Os terminais do motor não estão dispostos como indicado nas figuras acima. Encontram- se todos juntos, e de forma aleatória, na caixa de ligação. Regra geral, estão identificados com os respectivos números. Entretanto, se essa identificação for perdida, deverá ser refeita, através de um procedimento descrito a seguir. 1 2 3 4 5 6 220V a) b) 1 2 3 4 5 6 220V 1 2 3 4 5 6 127V a) b) 1 2 3 4 5 6 127V Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 8 1.2.4 Identificação dos terminais do motor monofásico com capacitor de partida Para realizar essa tarefa, é necessário seguir os passos seguintes: 1.º) Identificar os terminais de cada bobina, fazendo teste de continuidade, com o uso de lâmpada série ou do ohmímetro. A distinção dos terminais do circuito auxiliar (5 e 6) pode ser feita acessando os terminais do capacitor, a fim de testar continuidade destes com os terminais de bobina externos. Com o uso do ohmímetro, se o capacitor estiver em bom estado, é possível identificar os terminais 5 e 6 diretamente, pois são aqueles em que ocorre, primeiramente, a indicação de baixa resistência e, depois, esta aumenta lentamente; 2.º) numerar, em definitivo, os terminais do circuito auxiliar (5 e 6) e os de uma das bobinas principais (1 e 3, por exemplo); 3.º) numerar, aleatoriamente, os terminais da outra bobina (2 e 4); 4.º) fazer o esquema de ligação para um dos valores de tensão, considerando a numeração feita; 5.º) ligar o motor, de acordo com o esquema; 6.º) aplicar tensão no motor, obedecendo, rigorosamente, o valor para o qual o esquema e a ligação foram realizados; Se o motor funcionar normalmente, a numeração está correta. O motor não partindo ou apresentando dificuldade para isso, com um ruído intenso (diferente do som característico do funcionamento normal), é porque a numeração 2 e 4 dos terminais de uma das bobinas principais está invertida. Ocorrendo esses fenômenos, é necessário desenergizar o motor, em seguida. Neste caso, deve-se trocar o número 2 de um dos terminais pelo número 4 e trocar o número 4 do outro terminal pelo número 2. A partir desse ponto, convém fazer o esquema e a ligação do motor, considerando a nova numeração dos terminais e, depois, aplicar tensão no motor para certificar-se de que a marcação dos terminais está correta, o que pode ser concluído se o motor funcionar normalmente. 1.2.5 Comando e proteção do motor monofásico Na forma mais simples, o comando do motor monofásico pode ser feito com uma chave liga-desliga bipolar. Em motores com potência de, no máximo, 1cv (um cavalo vapor), para a inversão do sentido de rotação, pode ser usado interruptor intermediário ou interruptor paralelo. Para comandar (ligar e desligar) o motor, com a possibilidade de inversão do sentido de rotação (reversão), pode ser usada chave tripolar reversora. Comando e reversão podem ser realizados com o uso de contatores.A proteção contra sobrecorrente pode ser conseguida com o uso de fusíveis e/ou relé de sobrecarga, instalados no circuito de alimentação do motor. 1.2.6 Exercícios 1. Ao ligar as ponteiras de um ohmímetro em bom estado aos terminais 5 e 6 de um motor monofásico com capacitor de partida, o ponteiro não deflexiona. Aplicando tensão nesse motor, ele parte ou não parte? Se partir, que características de partida ele vai apresentar? Se o motor não partir, o que pode ser feito para, rapidamente, colocá-lo em rotação? 2. Anote os dados de placa de um motor monofásico com capacitor de partida e, a) considerando que o fator de potência (cosϕ) e o rendimento (η) desse motor sejam iguais entre si, calcule essas características; b) calcule as correntes de partida desse motor. 3. Um motor monofásico apresenta as seguintes características: a) potência nominal de 1cv; b) cosϕ = 0,59; c) η = 65%; IP/IN = 4,8. Calcule as correntes nominais e as correntes de partida desse motor. Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 9 1.2.7 Instruções para atividade prática PRÁTICA DE LIGAÇÃO E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO MOTOR MONOFÁSICO DE FASE AUXILIAR COM CAPACITOR DE PARTIDA 1.º - Seguindo os critérios recomendados, através de todos os métodos possíveis, identifique e numere corretamente os terminais de bobina do motor; 2.º - Caso o motor não apresente o ruído característico de quando está com bobina invertida, inverta a numeração de uma das bobinas principais, para reconhecer tal situação do motor; 3.º - Faça o esquema de ligação para um dos valores de tensão e execute a ligação; 4.º - Aplique a tensão para a qual o motor foi ligado; 5.º - Meça a corrente de partida (IP) e a corrente a vazio (I0); 6.º - Observe, na placa de características, a corrente nominal (IN) e calcule a relação IP/IN. Comparando essa relação calculada com aquela constante na placa de identificação do motor, conclua se esta característica de placa está correta; 7.º - Faça o motor inverter o sentido de rotação; 8.º - Simule situação em que o motor, na partida, esteja com o circuito auxiliar aberto; 9.º - Simule situação em que o motor, na partida, esteja sem capacitor ou com este em curto- circuito; 10.º - Faça o esquema para o outro valor de tensão, execute a ligação e repita as atividades de 4 a 7, acima; 11.º - Procure reconhecer e descreva o momento do fechamento do interruptor centrífugo; 12.º - Utilize dispositivos que, uma vez comandados, possibilite inverter o sentido de rotação do motor. RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES: a) Tome todos os cuidados de segurança pessoal e de proteção para os equipamentos e instrumentos; b) Analise as situações, procurando aprender e a capacitar-se para a realização de tarefas, buscando e encontrando as melhores soluções; c) Faça os esquemas antes de realizar as ligações e faça as ligações antes de energizar os equipamentos; Anote os fenômenos observados, ao lado dos esquemas, na seqüência da realização da atividade. Essas anotações constituir-se-ão em material de estudo e serão analisadas pelo professor, a título de avaliação. Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 10 1.3 MOTOR TRIFÁSICO DE INDUÇÃO, COM ROTOR TIPO GAIOLA DE ESQUILO Esse é o motor mais utilizado nas indústrias para a obtenção de energia mecânica, com vistas ao acionamento das máquinas em geral. 1.3.1 Construção O motor trifásico com rotor tipo gaiola é constituído pelo estator e pelo rotor. O estator é formado pela carcaça cilíndrica; tampas, com os mancais; caixa de ligação; dispositivos de fixação (pés e/ou flange); núcleo, feito de chapas de aço; e um número de três ou de seis bobinas idênticas entre si, que formam o circuito elétrico primário desse motor. Tal circuito está representado na figura 07, que é de um motor de 6 terminais ou de 6 pontas, com a marcação usual desses terminais. Figura 07 - Circuito elétrico primário do motor trifásico de indução. Em vez dos números 1, 2, 3, 4, 5 e 6, a marcação dos terminais pode ser feita através das letras u, v, w, x, y e z ou das letras e números U1, V1, W1, U2, V2, W2, respectivamente. Normalmente, os motores trifásicos para baixa tensão, são fabricados com bobinas para 220V, 380V ou 440V. Também, são fabricados motores trifásicos para alta tensão, usualmente, de 2300V, 4160V, 6600V ou 13800V. O rotor é formado pelo eixo; ventilador; núcleo, feito de chapas de aço; e a gaiola de esquilo, que é o induzido do motor. Esta é composta por barras de alumínio ou de cobre, paralelas ou inclinadas em relação ao eixo e interligadas pelos anéis de curto-circuito. Na carcaça, vem fixada a placa de características do motor, com muitas indicações, inclusive os esquemas para ligação. O motor trifásico pode ser de 2 polos, para uma velocidade angular em torno de 3500 rotações por minuto (rpm), em 60Hz; de 4 polos, para uma velocidade angular em torno de 1720 rpm, em 60Hz; de 6 polos, para uma velocidade angular em torno de 1140 rpm; ou de outro número par de polos, com velocidade angular inversamente proporcional a esse número. 1.3.2 Funcionamento (noções básicas) Conectando um circuito trifásico nas bobinas do estator, convenientemente ligadas, as mesmas são percorridas por corrente elétrica, produzindo um campo magnético girante. Esse campo induz força eletromotriz (f.e.m.) nas barras do rotor (induzido), o que, devido a essas barras estarem interligadas pelos anéis, faz circular corrente elétrica nas mesmas. Como condutor percorrido por corrente, estando imerso num campo magnético, gera força mecânica, é dada origem ao torque do motor, o que é necessário para que o rotor gire. 4 5 6 1 2 3 Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 11 Sob tensão nominal e com o rotor bloqueado (parado), a corrente nesse motor é cerca de 2 a 10 vezes maior do que a corrente nominal (IN) ou corrente de plena carga. Essa corrente com rotor bloqueado é chamada de corrente de partida (IP) ou corrente com rotor bloqueado. Na mesma condição, o conjugado de partida (CP) ou conjugado com rotor bloqueado, é cerca de 250% maior do que o conjugado nominal (CN). Na figura 08, estão apresentados exemplos de curvas de corrente e de conjugado, em função da rotação, do motor trifásico de indução com rotor gaiola. Figura 08 - Corrente e conjugado, em função da rotação, no motor trifásico com rotor gaiola. (motor de categoria N ou H) Depois desse motor ter acelerado, e estando em vazio, a corrente e o conjugado são bem menores do que, respectivamente, a corrente nominal (IN) e o conjugado nominal (CN). Com o aumento da carga, a rotação diminui, enquanto que a corrente e o conjugado aumentam. Sob carga nominal (carga máxima admissível em regime permanente) ou com a potência nominal (PN), estabelecem-se a corrente, o conjugado e a rotação nominais. A rotação nominal (nN) do motor trifásico de indução é menor do que a rotação síncrona (nS). Devido a isto, esse motor também é chamado de motor trifásico assíncrono. A diferença entre a rotação síncrona e a rotação nominal é chamada de escorregamento do motor. Para inverter o sentido de rotação do motor trifásico, é necessário e suficiente trocar, entre si, as posições das ligações de duas fases do circuito alimentador junto aos terminais do motor ou em qualquer outro ponto do circuito elétrico. 1.3.3 Ligação do motor trifásico A ligação do circuito elétrico primário do motor trifásico deve ser em estrelaou em triângulo, a fim de que uma das tensões nominais do motor coincida com a tensão do circuito alimentador. Caso o motor tenha duas bobinas em cada fase (motor de 9 ou de 12 terminais), estas deverão ser ligadas em série ou em paralelo. Muitos dos motores trifásicos encontrados no comércio e nas indústrias, são de seis terminais e com bobinas para 220V. Motores com essas características, devem ser ligados em Rotação (rpm) IN ou CN 1 2 3 4 5 6 7 8 9 I (A); C (Nm) IP CP nN nS Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 12 estrela, onde a rede ou circuito elétrico for de 380/220V, ou em triângulo, onde o circuito elétrico alimentador for de 220/127V. 1.3.3.1 Ligação estrela Quando a tensão do circuito alimentador for raiz de três ( 3 ) vezes maior do que a tensão da fase do motor, ou da bobina deste, caso a fase seja composta por apenas uma bobina, o motor elétrico trifásico deve ser ligado em estrela. O esquema para a execução dessa ligação e a representação fasorial respectiva constam na figura 09. 3F/N - 380V/220V - 60Hz Figura 09 - Ligação estrela. a) esquema; b) representação fasorial. Na ligação estrela, UL = 3 UF e IL = IF. A corrente IL, que é a corrente nominal (IN) do motor trifásico, deve ser calculada com o uso da seguinte equação: ηϕ.cos.3. /736).( L L U cvWcvPI = , sendo que: UL - é a tensão de linha ou tensão entre fases (UF - F); UF - é a tensão de fase, isto é, tensão entre fase e neutro (UF - N) ou tensão entre as extremidades (início e final) da fase do motor; IL - é a corrente de linha ou corrente na fase do circuito alimentador (fora do motor); IF - é a corrente de fase ou corrente na fase do motor (no interior deste); P - potência do motor, em cavalo vapor (cv); 736W/cv - fator de conversão de cavalo vapor (cv) para watts; cosϕ - é o fator de potência do motor (característica constante na placa de identificação); η - é o rendimento do motor (característica constante no catálogo técnico do motor). 1.3.3.2 Ligação triângulo Quando a tensão do circuito alimentador for igual à tensão da fase do motor ou da bobina deste, caso a fase seja composta por apenas uma bobina, o motor elétrico trifásico deve ser ligado em triângulo. O esquema para a execução dessa ligação e a representação fasorial respectiva constam na figura 10. b) B C A UL UF 1 2 3 4 5 6 a) A B C IL IF PEN Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 13 3F/N - 220V/127V - 60Hz PEN Figura 10 - Ligação triângulo. a) esquema; b) representação fasorial. Na ligação triângulo, UL = UF e IL = 3 IF. A corrente IL, que é a corrente nominal (IN) do motor trifásico, deve ser calculada com o uso da equação seguinte: ηϕ.cos.3. /736).( L L U cvWcvPI = , sendo que: UL - é a tensão de linha ou tensão entre fases (UF - F); UF - é a tensão de fase, isto é, tensão entre fase e neutro (UF - N) ou tensão entre as extremidades (início e final) da fase do motor; IL - é a corrente de linha ou corrente na fase do circuito alimentador (fora do motor); IF - é a corrente de fase ou corrente na fase do motor (no interior deste); P - potência do motor, em cavalo vapor (cv); 736W/cv - fator de conversão de cavalo vapor para watts; cosϕ - é o fator de potência do motor (característica constante na placa de identificação); η - é o rendimento do motor (característica constante no catálogo técnico do motor). Os terminais do motor não estão dispostos como indicado nas figuras acima. Encontram- se todos juntos, e de forma aleatória, na caixa de ligação. Regra geral, estão identificados com os respectivos números ou letras. Entretanto, se essa identificação for perdida, deverá ser refeita, através de um procedimento descrito a seguir. 1.3.4 Identificação dos terminais do motor trifásico com rotor gaiola e de 6 pontas Para realizar essa tarefa, é necessário seguir os passos seguintes: 1.º) Identificar os terminais de cada bobina, fazendo teste de continuidade, com o uso de lâmpada série ou do ohmímetro. 2.º) numerar os terminais das bobinas, de forma aleatória (1-4, 2-5, 3-6); 3.º) fazer o esquema de uma das ligações (estrela ou triângulo); 4.º) realizar a ligação dos terminais do motor, de acordo com o esquema; 5.º) aplicar tensão no motor, obedecendo, rigorosamente, o valor para o qual o esquema e a ligação foram feitos (é necessário verificar a placa de características e o valor da tensão do circuito alimentador). Se o motor funcionar normalmente, a numeração está correta. O motor não partindo ou apresentando dificuldade para isso, com um ruído intenso (diferente do som característico do funcionamento normal), é porque a numeração dos terminais a) b) UL = UF A B C 1 2 3 4 5 6 IL IF Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 14 de uma das bobinas está invertida. Ocorrendo esses fenômenos, é necessário desenergizar o motor, em seguida, e continuar no processo com vistas à identificação dos terminais: 6.º) inverter a numeração dos terminais da primeira bobina (1 pelo 4 e vice-versa); 7.º) repetir os passos 3 a 5, considerando a nova numeração. O motor poderá passar a funcionar normalmente, caso essa seja a numeração correta, ou apresentar os mesmos problemas descritos acima, devendo ser desenergizado rapidamente, para evitar aquecimento e possível queima, devido à alta corrente. Continuando na busca de identificação dos terminais, deve-se: 8.º) restabelecer a primeira numeração dos terminais 1 e 4; 9.º) inverter a numeração dos terminais da segunda bobina (2 pelo 5 e vice-versa); 10.º) repetir os passos 3 a 5, considerando a numeração modificada. Pode ocorrer que o motor funcione normalmente, ou, ainda, apresente os inconvenientes já citados, devendo, neste caso, ser desenergizado, em seguida. Finalmente, a numeração correta será estabelecida através dos seguintes passos: 11.º) restabelecer a primeira numeração dos terminais 2 e 5; 12.º) inverter a numeração dos terminais da terceira bobina (3 pelo 6 e vice-versa). A partir desse ponto, convém refazer o esquema e a ligação do motor, considerando a última numeração dos terminais e, depois, aplicar tensão no motor para certificar-se de que, realmente, a marcação dos terminais está correta, o que pode ser concluído se o motor funcionar normalmente. 1.3.5 Exercícios 1. Dentre outros dados, na placa de características de um motor trifásico consta que ele é para as seguintes tensões: 220/380V. Qual deve ser a ligação desse motor se a rede trifásica for de: a) 220/127V? b) 380/220V? 2. Um motor trifásico de indução com 4 polos possui as seguintes características: a) PN = 5cv; b) UN = 220/380V; c) nN = 1730rpm; d) IP/IN = 7,5; e) carcaça 100L; f) η = 84,6%; g) cosϕ = 0,83; h) massa = 33kg. Vai ser ligado em uma rede trifásica de 380/220V. Para esta condição, calcule a corrente nominal (IN) e a corrente de partida (IP) desse motor. 3. Anote os dados da placa de características de um motor elétrico trifásico e explique o que informa cada um desses dados. 4. Em cada linha da tabela abaixo, constam as tensões de uma instalação elétrica trifásica e as tensões de um motor elétrico trifásico. De acordo com essas características, se for possível ligar o motor na instalação elétrica da mesma linha, defina e anote qual deve ser a ligação do motor.Tensões da instalação (V) Tensões do motor (V) Ligação do motor 220/127V 220/380V 440V 380/660V 380/220V 220/380V 440V 220/380/440/760V 220/127V 220/440V 380/220V 220/380/440/760V Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 15 1.3.6 Instruções para atividade prática PRÁTICA DE LIGAÇÃO E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO MOTOR TRIFÁSICO DE SEIS TERMINAIS 1.º - Anote os dados da placa de características do motor; 2.º - Seguindo critérios adequados, através de todos os métodos possíveis, identifique e numere corretamente os terminais do motor; 3.º - Faça o esquema de ligação para um dos valores de tensão, execute a ligação e energize o motor. Aplique o valor correto de tensão; 4.º - Meça e anote a corrente de partida (IP) e a corrente a vazio (I0); 5.º - Meça e anote a tensão e a corrente de fase (UF e IF) e a tensão e a corrente de linha (UL e IL); 6.º - Verifique se a relação IP/IN constante na placa de características está correta; 7.º - Faça o motor inverter o sentido de rotação; 8.º - Faça o esquema para o outro valor de tensão, execute a ligação e repita as atividades 4, 5 e 6, acima; 9.º - Caso o motor não apresente o ruído característico de quando está com uma bobina invertida, inverta a numeração de uma das bobinas, para reconhecer tal situação do motor; 10.º - Com o motor ligado em estrela, depois das condições e medições normais, aplique tensão reduzida (neste caso, 220V), medindo a corrente de partida e verificando o conjugado de partida; 11.º - Utilizando uma chave tripolar reversora, desenvolva um esquema que possibilite, manualmente, comandar o motor e inverter o sentido de rotação. Depois, execute a montagem e demonstre as aplicações dessa chave. RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES: d) Tome todos os cuidados de segurança pessoal e de proteção com os equipamentos e instrumentos; e) Analise as situações, procurando aprender e a capacitar-se para a realização de tarefas, buscando e encontrando as melhores soluções; f) Faça os esquemas antes de realizar as ligações e faça as ligações antes de energizar os equipamentos; g) Anote os fenômenos observados e os valores das grandezas elétricas, ao lado dos esquemas, na seqüência da realização da atividade. Essas anotações constituir-se-ão em material de estudo e serão analisadas pelo professor, a título de avaliação. Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 16 1.3.7 Ligação do motor trifásico de 12 terminais O motor trifásico com 12 terminais acessíveis externamente, possui 2 bobinas em cada fase. São fabricados motores assim para atender a duas necessidades: a) adequação do motor, de acordo com a ligação, para 4 valores de tensão. As ligações possíveis são: triângulo paralelo; triângulo série; estrela paralelo e estrela série; b) emprego de chaves de partida para o comando do motor que somente podem ser usadas se o motor tiver 12 terminais ou a possibilidade das 4 ligações. Por exemplo, se o motor de 12 terminais tiver cada bobina para 220V (UB = 220V), a sua ligação na rede de 220/127V deve ser a triângulo paralelo. Na figura 11, é mostrado como fazer a numeração dos 12 terminais do motor e consta o esquema para a ligação triângulo paralelo. Figura 11 - Motor de 12 terminais ligado em triângulo paralelo, com a numeração dos terminais. O motor trifásico com duas bobinas em cada fase pode ter os terminas 10, 11 e 12 interligados internamente e os outros terminais acessíveis externamente, constituindo-se no motor de 9 pontas ou terminais. Para esse motor, existem as possibilidades de ligação estrela paralelo e estrela série. 1.4 MOTOR TRIFÁSICO DE INDUÇÃO COM ROTOR BOBINADO (motor de anéis) O estator desse motor é igual ao do motor com rotor gaiola e as possibilidades de ligação das bobinas do estator são as mesmas. O rotor é diferente, pois é bobinado, sendo que os terminais das bobinas do rotor são ligados a anéis solidários ao eixo e externos à carcaça. Devido a isto, tal motor também é chamado de motor de anéis. É bem mais caro do que o motor gaiola. Motores de anéis, normalmente, são de grande potência. A interligação das bobinas do rotor é feita através dos anéis, com o uso de escovas, existindo a possibilidade da inserção, em série, de resistores em que se faz variar a resistência através de um cursor (reostatos). Esta característica construtiva e de comando justifica o uso desse motor como uma alternativa ao motor com rotor gaiola, pois, devido à possibilidade de variação da resistência rotórica, é possível obter a combinação de alto conjugado e de corrente não muito alta na partida. PEN A B C 3F/N - 220/127V - 60Hz 4 5 6 1 2 3 7 8 9 10 11 12 Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 17 1 L1 3 L2 5 L3 Contatos principais ou de potência 2 T1 4 T2 6 T3 Contato fixo Contato móvel Núcleo móvel 13 21 31 43 Contatos auxiliares 14 22 32 44 Contatos NF - abridores - Contatos NA - fechadores - Bobina Núcleo fixo N Ex: UB = 220V- 60Hz A2 A1 Mola Φ F 2 COMANDO E PROTEÇÃO DO MOTOR TRIFÁSICO (CHAVES DE PARTIDA) Comandar um motor consiste em ligá-lo à rede elétrica e desligá-lo dessa rede, o que é feito através de chaves de partida. Uma chave montada independentemente de outras chaves, também é chamada de quadro de comando. Um conjunto de chaves, montadas num único cubículo ou armário, podendo existir inter-relacionamento das chaves, é chamado de centro de controle de motores (CCM). Nos quadros de comando ou nos CCM's, é que são montados os dispositivos de manobra e os dispositivos de proteção dos motores. 2.1 DISPOSITIVOS DE MANOBRA Para manobrar (ligar e desligar) motores elétricos, são utilizados dispositivos com contatos e dispositivos de estado sólido ou eletrônicos (tiristores e transistores). Em contatos, a passagem e interrupção da corrente elétrica depende de os mesmos estarem fechados ou abertos, respectivamente. Nos dispositivos eletrônicos usados para manobras, a passagem e a interrupção da corrente depende, respectivamente, da aplicação e da retirada de um sinal elétrico no gatilho ou porta. Os dispositivos de contatos são chaves manuais e contatores eletromagnéticos. A comutação (fechamento ou abertura) dos contatos elétricos das chaves manuais ocorre diretamente pelo acionamento mecânico de uma tecla, manopla ou alavanca. A comutação dos contatos do contator eletromagnético ocorre devido à aplicação de tensão na bobina ou à retirada de tensão da bobina do contator. O desenho resumido e estilizado do interior de um contator, que informa sobre a construção e funcionamento desse dispositivo, constitui a figura 12. Figura 12 - Esquema do contator eletromagnético. Basicamente, o contator eletromagnético é constituído pelos seguintes componentes: - carcaça, de material isolante; - núcleo, fixo e móvel, feitos de lâminas de aço; - bobina, para corrente alternada ou contínua, para um valor determinado de tensão; - contatos principais, fixos e móveis, para a corrente de carga, do motor p.e; - contatos auxiliares, fixos e móveis, sendo uns normalmente abertos (NA) e outros, normalmente fechados (NF); - Molas de efeito antagônico, responsáveis pela comutação dos contatos na desenergização da bobina. Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 18 ou Kn ou y1 y2Kn ouKn x3 x4 A bobina recebendo a tensão adequada é percorrida por corrente. Esta cria fluxo magnético (Φ) que imanta o núcleo. Com isto, o núcleo móvel é atraído ao encontro do núcleo fixo, devido à força (F). Como os contatos móveis são solidários com o núcleo móvel, os contatos principais e os contatos auxiliares NA fecham; os contatos auxiliares NF abrem. Retirando a tensão da bobina, deixa de existir a atração entre os núcleos. Nessa situação, as molas fazem com que os contatos voltem à posição normal. No esquema de um circuito elétrico, os contatos do contator magnético podem ser representados de acordo com o que consta na figura 13, acompanhados dos números de função e com indicação de a qual contator pertencem, o que é feito através da letra K, seguida do número do contator. a) b) c) Figura 13 - Representação dos contatos do contator: a) contatos principais; b) contatos auxiliares NA; c) contatos auxiliares NF. Cada um dos primeiros símbolos está de acordo com norma IEC e é o mais usado. A bobina do contator, no esquema elétrico, deve ser representada de acordo com a figura 14, acompanhada da letra K, seguida do número do contator no esquema (e no circuito elétrico). Figura 14 - Representação da bobina do contator. Contatores auxiliares são aqueles que possuem somente os contatos auxiliares. Existem, também, contatores de estado sólido, tiristorizados, com dimensões semelhantes às dos contatores eletromagnéticos. Para manobrar a chave de partida, podem ser utilizados dispositivos manuais, como um botão pulsador, ou dispositivos automáticos, como termostatos, pressostatos, relês, automáticos de nível, sensores de proximidade, etc. Nos esquemas elétricos, representam-se os contatos desses dispositivos. Na figura 15, constam os símbolos dos contatos de um pulsador ou botoeira, que é um dispositivo de acionamento manual. Tais símbolos estão de acordo com norma IEC. Figura 15 - Representação dos contatos de um pulsador: a) normalmente fechados (NF); b) normalmente abertos (NA). A temporização automática em comandos é feita com o uso de um relê de tempo ou temporizador. Sua bobina deve ser representada no esquema elétrico com o símbolo que constitui a figura 16, acompanhada das letras KT, estas seguidas do número de ordem do relê no esquema. A2 Kn A1 a) 1 2 S0 b) 3 4 S1 Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 19 Figura 16 - Símbolo da bobina do relê de tempo. A representação dos seus contatos, dependendo de ser um par de contatos comutadores ou de serem dois pares de contatos comutadores, deve ser feita de acordo com a figura 17. O número terminado em 5 trata-se de um contato comum que, juntamente com outro número terminado em: a) 6, refere-se a contatos normalmente fechados (NF); b) 8, refere-se a contatos normalmente abertos (NA). O funcionamento do relê de tempo pode ser representado pelo gráfico que constitui a figura 18. Figura 18 - Funcionamento do relê de tempo. Ao alimentar a bobina do relê de tempo, obedecendo a tensão nominal, começa a contar o intervalo de tempo de regulagem (∆t). Transcorrido esse lapso, os contatos comutam. Enquanto a bobina permanecer sob tensão, os contatos não mudam de estado. Ao retirar a tensão da bobina, os contatos voltam às suas condições normais. 2.2 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO Existem dispositivos de proteção para diferentes faltas ou defeitos nos circuitos elétricos e nos equipamentos, motores, por exemplo. Contra curto-circuito, são utilizados fusíveis ou disjuntores eletromagnéticos. Fusíveis utilizados em circuitos para motores elétricos são os do tipo D (diazed, p. e.) ou os NH. A representação de fusíveis nos esquemas elétricos deve ser feita pelo símbolo que constitui a figura 19, acompanhada da letra F, seguida de um número. Figura 19 - Representação do fusível em esquemas elétricos. Fn ∆t Alimentação (A1 - A2) Contatos NF (x5 - x6) Contatos NA (x5 - x8) A1 A2 KTn a) b) Figura 17 - Símbolos dos contatos do relê de tempo: a) com um par de contatos comutadores; b) com dois pares de contatos comutadores KTn 15 16 18 KTn 15 16 18 KTn 25 26 28 Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 20 A proteção de motores elétricos contra sobrecarga pode ser feita através de relês de sobrecarga, que podem ser térmicos ou eletrônicos. Esses relês, além de darem proteção contra sobrecarga, são sensíveis à falta de fase. No relê de sobrecarga térmico, cada fase do circuito de alimentação do motor envolve um bimetal. Com sobrecorrente em uma, duas, ou nas três fases (sobrecarga), o bimetal ou os bimetais respectivo(s) curva(m)-se a ponto de comutar os contatos auxiliares do relê, provocando o desligamento do motor. As representações do relê de sobrecarga térmico, ou simplesmente relê térmico, nos esquemas de potência e auxiliar, devem ser feitas de acordo com a figura 20, acompanhadas da indicação FT ou F7, seguidas do número do motor protegido ou da chave de partida deste. Figura 20 - Símbolo do relê de sobrecarga térmico: a) para o esquema do circuito principal; b) para o esquema do circuito auxiliar de comando. Uma outra forma de proteção de motores elétricos contra o sobre-aquecimento decorrente da sobrecarga, consiste na utilização de termistores PTC ou de Pt100, instalados nas cabeceiras das bobinas do estator, associados com relês especiais. Em vez de fusíveis e de relê de sobrecarga, pode ser utilizado um disjuntor termomagnético com curva C de disparo, especialmente o disjuntor-motor, que possui bimetais para a proteção do motor contra sobrecarga, sendo sensível à falta de fase, e dispositivo magnético para a proteção do circuito elétrico da chave de partida contra curto-circuito. Além das proteções referidas, o disjuntor termomagnético e o disjuntor-motor servem como chave de partida. O símbolo do disjuntor-motor termomagnético constitui a figura 21. Figura 21 - Símbolo do disjuntor-motor termomagnético. Dentre outros dispositivos de proteção que devem ser utilizados nas chaves de partida, podem ser incluídos os relês supervisores, como o de seqüência de fases, o de falta de fase, o de mínima e máxima tensão, etc. 2.3 CHAVES DE PARTIDA A chave de partida pode consistir num dispositivo de acionamento manual liga-desliga, próximo ao motor, sem proteções, que não possibilita a interação com outra chave e que, com a falta da energia elétrica, não desconecta o circuito de alimentação ligado ao motor, fazendo com que este dê partida ao retornar a energia elétrica, independentemente de algum comando. Com o uso de contatores, o comando pode ser manual ou automático, com proteções, próximo ou distante do motor. Podem ser estabelecidas a seqüência de ligação e de desligamento FTn a) b) FTn 95 96 98 97 1 3 5 2 4 6 Q Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 21 de motores ou o impedimento do funcionamento de um motor quando outro estiver ligado (intertravamento). Faltando energia elétrica, o motor é desconectado do circuito alimentador e, assim, não parte quando retorna a energia elétrica, a não ser que haja acionamento manual ou automático de algum dispositivo de comando. De acordo com diferentes critérios de classificação, as chaves de partida são de vários tipos. 2.3.2 Chave de partida direta A formamais simples de comandar o motor trifásico, é através da chave de partida direta, também chamada de chave de partida a plena tensão. Através dessa chave, o motor recebe a tensão nominal, desde o momento da partida. Portanto, não há diferença entre a tensão de partida e a tensão de regime ou marcha do motor. Os esquemas do circuito principal, também chamado de circuito de potência ou de força, nas formas multifilar e unifilar, bem como o esquema do circuito auxiliar de comando, na forma funcional, da chave de partida direta eletromagnética, com contator, constitui a figura 22. a) b) c) Figura 22 - Chave de partida direta: a) esquema de potência, na forma multifilar; b) esquema de potência, na forma unifilar; c) esquema de comando, na forma funcional. Com a partida a plena tensão, dependendo da potência e da categoria quanto ao conjugado (N, H ou D), a corrente de partida (IP) do motor atinge valores que variam entre 2 e 10 vezes a corrente nominal (IN) e o conjugado de partida (CP) pode atingir valores acima de 300% do conjugado nominal (CN). Veja figura 08 (página 12). O alto conjugado de partida pode ser uma necessidade para vencer a alta inércia da carga acionada (bombas e compressores de deslocamento positivo, p. e.). Por outro lado, provoca golpe mecânico, que danifica mancais, dispositivos de fixação e de transmissão. Também, esse alto conjugado pode ser inadequado em muitas aplicações, como no acionamento de uma esteira L1 L2 L3 M 3~ L4 L5 L6 FT1 PEN A B C 3F/PEN - 380/220V - 60Hz F2F1 F3 K1 IN IN IN L4,5,6 M 3~ FT1 K1 3F/PEN - 380/220V - 60Hz L1,2,3 F1,2,3 S0 3 4 F F/N - 220V - 60Hz F21 95 96 FT1 98 X1 1 2 X2 X3 S1 13 14 K1 N X4 H1 1 A1 A2 K1 2 NA NF 2 Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 22 transportadora, em que a rápida aceleração na partida desloca ou derruba o que está sendo transportado (garrafas, p. e.). A alta corrente de partida do motor provoca acentuada queda de tensão, afetando a instalação elétrica e equipamentos do próprio estabelecimento e de vizinhos, bem como a rede pública de distribuição da energia elétrica. A fim de que não ocorra queda de tensão muito acentuada, as concessionárias de energia elétrica estabelecem limites máximos de potência do motor elétrico para que seja permitida a sua partida a plena tensão. No Rio Grande do Sul, a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) e as outras duas concessionárias, AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia S/A (AES-Sul) e Rio Grande Energia S/A (RGE), conjuntamente, estabelecem que o motor elétrico pode ser comandado através da chave de partida direta se a potência do mesmo for de, no máximo: 5cv, se a rede secundária (B. T.) for de 220/127V; 7,5cv, se a rede secundária (B.T.) for de 380/220V; 9%, referida em cavalo vapor (cv), da potência, em kVA, do(s) transformador(es) da subestação rebaixadora do estabelecimento. Os dois primeiros limites (5cv e 7,5cv) constam no Regulamento de Instalações Consumidoras - Fornecimento em Tensão Secundária de Distribuição - Rede de Distribuição Aérea (RIC de B.T, 2004), que regulamenta o fornecimento de energia elétrica em baixa tensão. O outro limite (potência do motor, em cavalo vapor, numericamente igual a 9% dos kVA do transformador), consta no Regulamento de Instalações Consumidoras - Fornecimento em Tensão Primária de Distribuição - Rede de Distribuição Aérea de até 25kV (RIC de M.T, 1992). Quando o motor elétrico for de potência superior aos limites estabelecidos para que possa partir a plena tensão, deve ser comandado através de uma chave de partida indireta, também chamada de chave de partida com tensão reduzida. 2.3.2.1 Exercícios (relativos a chaves de partida direta) 1) Observando os esquemas da figura 22, a) relacione os componentes necessários, com as características respectivas, para a montagem da chave e selecione esses componentes; b) faça a montagem da chave de partida direta e demonstre o funcionamento do motor. 2) O motor de acionamento do cabeçote de uma plaina limadora deve apresentar a possibilidade de funcionar permanentemente e de forma intermitente, para fazer aproximações. Isso é conseguido pelo comando através de dois botões pulsadores S1 e S2. Apertando o botão S1, o motor funciona somente enquanto o botão estiver acionado, portando serve para o funcionamento intermitente do motor, com vistas à aproximações da ferramenta. Apertando o botão S2, o motor permanece ligado, até o acionamento do botão desliga S0. Desenvolva o esquema auxiliar de comando que atenda a essa necessidade. 3) Em muitas situações, operações ou em muitos processos, para dar partida num motor elétrico, é necessário que um ou mais motores estejam desligados. Tal é a situação de dois motores alimentados por um circuito elétrico com capacidade de corrente para somente um desses motores. Atribuir a responsabilidade ao operador de evitar a operação simultânea dos motores não é a melhor solução. Convém montar o circuito de comando de maneira que, estando ligado um dos motores, o outro não possa partir. 3.1) Desenvolva os esquemas de força e de comando para cada um de dois motores, com potências iguais, de maneira que para ligar um deles o outro deva estar (ou deva ser) desligado. Deve existir intertravamento ou bloqueio mútuo entre os contatores. 3.2) Desenvolva os esquemas de força e de comando para cada um de dois motores, com potências diferentes, de maneira que para ligar um deles o outro deva estar (ou deva ser) desligado. Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 23 4) Em muitos processos, a partida de um motor depende de que outro motor tenha partido ou de que já esteja em regime. Pode ocorrer que a ligação de um dos motores implique a ligação do outro (ligando o motor 1, seja ligado o motor 2) ou que a partida de um dos motores habilite a partida de outro (depois de partir o motor 1, pode partir o motor 2). Por exemplo, a partida do(s) motor(es) que aciona(m) dispositivo(s) de carregamento de uma betoneira pode ocorrer somente depois que tenha ocorrido a partida do motor de acionamento dessa máquina. 4.1) Desenvolva os esquemas de força e de comando para cada um de dois motores, de maneira que a partida do motor 2 dependa da partida do motor 1 e que ao ligar este motor, seja ligado o motor 2. 4.2) Desenvolva os esquemas de força e de comando para cada um de dois motores, de maneira que a partida do motor 2 dependa da partida do motor 1 e que, depois deste partir, seja possível a partida do motor 2. Deve existir a possibilidade de desligamento do motor 2, indepentemente do desligamento do outro motor. 5) Em muitas situações, a partida de um motor pode ocorrer somente depois de algum tempo que outro motor tenha partido. Tal é a situação de máquinas com o acionamento do sistema de lubrificação independente do acionamento principal. 5.1) Desenvolva os esquemas de força e de comando para cada um de dois motores, de maneira que depois de, exatamente, 10s da partida do motor 1 ocorra a partida do motor 2. 5.2) Desenvolva os esquemas de força e de comando para cada um de dois motores, de maneira que somente depois de 15 segundos da partida do motor 1 seja possível a partida do motor 2. 6) Num processo industrial, a seqüência de comando de 3 motores de potências diferentes deve ser tal que acionando um botão pulsador "NA", ligue o motor 1 (M1). Ao transcorrerem exatos 15s da partida de M1,deve partir o motor 2 (M2), sendo que a partida deste, deverá criar condições para a partida do motor 3 (M3). M1 e M3 não poderão funcionar simultaneamente. O desligamento de M1 não poderá implicar o desligamento de M2 e nem o desligamento deste deverá determinar o desligamento de M1. M2 ou M3 poderá ser desligado independentemente, a qualquer momento. Faça os esquemas de comando de maneira que atenda tais descrições. 7) Um processo industrial exige três motores trifásicos, M1, M2 e M3, de 5cv, 3cv e 4cv, respectivamente, que vão ser comandados em seqüência, recebendo energia elétrica de uma rede de 220/127V. Esses motores serão comandados por contatores, cujas bobinas são para 220V; serão protegidos contra sobrecarga e as chaves terão proteção contra curto-circuito. M1 deve partir ao ser acionado um botão pulsador. Depois de 15 segundos da partida de M1, deve partir M2. Com a partida de M2, deve ser criada condição para partir M3. O fato de desligar M1 não deverá implicar o desligamento dos outros dois motores. M2 e M3 poderão ser desligados a qualquer momento, através do acionamento de dispositivo pulsador. Faça os esquemas de comando, na forma funcional, das chaves de partida que atendam a essas exigências. Faça tabela de contatos. 8) Um processo industrial exige três motores trifásicos, M1, M2 e M3, de 2cv, 5cv e 4cv, respectivamente, que vão ser comandados em seqüência, recebendo energia elétrica de uma rede de 220/127V. Esses motores serão comandados por contatores, cujas bobinas são para 220V; serão protegidos contra sobrecarga e as chaves terão proteção contra curto-circuito. M1 deve partir ao ser acionado um botão pulsador. Depois de 15 segundos da partida de M1, deve partir M2. Com a partida de M2, deve ser criada condição para partir M3. O fato de desligar M1 não deverá implicar o desligamento dos outros dois motores. Depois do desligamento de M1, M2 e M3 poderão ser desligados a qualquer momento, através do acionamento de dispositivo pulsador. Faça os esquemas de comando, na forma funcional, das chaves de partida que atendam a essas exigências. Faça tabela de contatos. Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 24 9) Um processo industrial exige três motores trifásicos, M1, M2 e M3, de 5cv, 6cv e 7,5cv, respectivamente, que vão ser comandados em seqüência, recebendo energia elétrica de uma rede de 380/220/V. Esses motores serão comandados por contatores, cujas bobinas são para 220V; serão protegidos contra sobrecarga e as chaves terão proteção contra curto-circuito. M1 deve partir ao ser acionado um botão pulsador. Imediatamente à partida de M1, deve ser criada condição para a partida de M2. Decorridos exatamente 10 segundos da partida de M2, deve partir M3. O motor M2 ou M3 poderá ser desligado a qualquer momento, através do acionamento de dispositivo pulsador. Faça os esquemas de comando, na forma funcional, das chaves de partida que atendam a essas exigências. Faça tabela de contatos. 10) O motor elétrico que aciona uma dada esteira transportadora deve inverter o sentido de rotação sempre que uma carga transportada chegue ao final do curso, nos dois sentidos. Faça o esquema de comando para uma chave reversora que atenda essa necessidade: a) com chaves fim de curso; b) com sensores de proximidade. 11) Faça o esquema de comando para uma chave de partida direta reversora tal que, automaticamente, o motor comandado gire 10 segundos num sentido de rotação e 15 segundos no outro sentido de rotação. 2.3.1.2 Chave de partida direta reversora Em muitas aplicações, como no acionamento de uma esteira transportadora, existe a necessidade de inversão ou reversão do sentido de rotação do motor elétrico, o que deve ser feito através da chave de comando. A figura 23 é constituída pelos esquemas para montagem de uma dessas chaves. No circuito de força, um contator K1 ao ser ligado energiza o motor com uma dada seqüência de fases, para um sentido de rotação. Um contator K2 energiza o motor invertendo, entre si, a conexão ao motor de duas fases do circuito alimentador, para o outro sentido de rotação. K1 e K2 não podem ser ou permanecer ligados simultaneamente. No circuito de comando, ao apertar um botão pulsador, um contato NA desse botão liga o contator respectivo (S1 liga K1 e S2 liga K2) e um contato NF do mesmo botão pulsador desliga ou impede a ligação do outro contator. Deve existir intertravamento entre os contatores, através de contatos NF. Um contato NA do contator que for ligado deve fazer o selo ou a auto-retenção. Um botão pulsador NF S0 deve ser incluído na chave para desligá-la. Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 25 a) b) c) Figura 23 - Chave de partida direta reversora: a) esquema de potência, na forma multifilar; b) esquema de potência, na forma unifilar; c) esquema de comando, na forma funcional. 2.3.3 Chaves de partida indireta ou com tensão reduzida Com essas chaves, o funcionamento do motor, quanto à tensão aplicada, apresenta duas condições ou momentos: 1.º - partida e aceleração com tensão reduzida relativamente à tensão nominal; 2.º - regime ou marcha sob tensão nominal ou a plena tensão. Para que a partida do motor possa ocorrer com tensão reduzida, é necessário que ele parta em vazio ou acionando carga que exija baixo conjugado na partida e na aceleração, porque com tensão menor do que a nominal, o conjugado de partida do motor diminui diretamente proporcional ao quadrado do quanto a tensão fica reduzida, em termos de porcentagem ou fração da tensão nominal. Por exemplo: 1) quando a partida ocorrer com tensão de 80% da tensão nominal, o conjugado de partida com tensão reduzida (C'P) será reduzido a 64% do conjugado de partida a plena tensão (CP); 2) quando a tensão aplicada para a partida do motor for de 1/ 3 da tensão nominal, o conjugado de partida será de 1/3 do conjugado de partida a plena tensão. Subtensão é uma condição de falta, contra a qual o motor deve ter proteção. Portanto, a tensão reduzida deve ser aplicada ao motor somente na partida, durante um pequeno intervalo de tempo (em torno de 10 segundos), até que a rotação atinja cerca de 90% da rotação nominal. A partida do motor com tensão menor do que a tensão nominal pode ser para satisfazer a uma ou a duas das seguintes finalidades ou necessidades: a) reduzir a queda de tensão no circuito elétrico; b) suavizar a partida do motor. A redução da queda de tensão é devida à diminuição da corrente de partida, esta proporcionada pela tensão reduzida. A partida suave do motor é conseqüência do baixo conjugado de partida com tensão menor que a nominal e faz com que diminuam o golpe mecânico nos mancais e nos dispositivos M 3~ L4 L5 L6 FT1 L1 L2 L3 PEN A B C 3F/PEN - 380/220V - 60Hz F2 F1 F3 K1 K2 L4,5,6 M 3~ INFT1 3F/PEN - 380/220V - 60Hz L1,2,3 INF1,2,3 INK1 K2 IN 3 4 3 4 X2 X3 S0 2 F F/N - 220V - 60Hz F21 FT1 98 X1 1 2 95 96 S2 S1 13 14 K1 13 14 K2 X4 S2 1 A1 A2 K1 K2 21 22 1 2 3 A1 A2 K2 K1 21 22 S1 1 2 X5 N NA NF 2 3 NA NF 3 1 Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 26 de fixação e de acoplamento, bem como, por diminuir a aceleração da carga acionada, pode evitar deslocamentos indevidos ou quedas de objetos ou pessoas. De acordo com as conveniências técnicas ou com as possibilidades econômicas, é usada umadas seguintes chaves de partida com tensão reduzida: a) chave estrela-triângulo b) chave compensadora; c) chave série-paralelo; d) chave de partida com resistores ou com indutores em série com as bobinas do estator; e) soft-starter; f) inversor de freqüência. As quatro chaves citadas primeiramente podem ser eletromecânicas (manuais) ou eletromagnéticas (automáticas). A soft-starter e o inversor de freqüência são chaves eletrônicas ou em estado sólido. O inversor de freqüência, embora sirva, também, como chave de partida, é considerado como dispositivo para variação de velocidade, porque é utilizado quando existe essa necessidade. As chaves de partida estrela-triângulo e série-paralelo, além de comandar o motor elétrico, fazem as ligações do mesmo. 2.3.2.1 Chave estrela-triângulo A figura 24 é um esquema simplificado do circuito de força para comando de um motor trifásico, através de uma chave estrela-triângulo. Figura 24 - Esquema de um circuito para comando do motor trifásico através de chave estrela-triângulo. Ligando os contatores K3 e K1 o motor parte ligado em estrela. Depois de aproximadamente 10 segundos, quando o motor atinge cerca de 90% da rotação síncrona, deve ser desligado o contator K3 e deve ser ligado o contator K2, condição em que o motor passa a funcionar ligado em triângulo. Para que isso seja possível, a tensão de fase nominal do motor deve ser igual à tensão do circuito trifásico que alimenta o motor. Assim, o motor parte ligado em estrela, recebendo tensão reduzida e, depois, quando passa para a ligação triângulo, a tensão do mesmo circuito trifásico é a tensão nominal do motor. 1 2 3 4 5 6 IL 3F/N - UL/UF - 60Hz A B C PEN K1 IF = IB K2 K3 Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 27 A chave estrela-triângulo, além de comandar o motor, faz e desfaz as ligações das fases do motor trifásico. O motor elétrico, para ser comandado através da chave estrela-triângulo, deve apresentar as seguintes características: - ter todos os terminais das bobinas (6 ou 12) acessíveis na caixa de terminais; - possuir tensões de placa tais que a relação entre a maior e a menor seja 3 ; - a tensão para a ligação triângulo deve ser igual à tensão do circuito trifásico; - torque de partida, com tensão reduzida (C'P), maior do que o exigido pela carga. Um motor trifásico para 220/380V, por exemplo, pode ser comandado através de chave estrela-triângulo somente se apresentar os 6 terminais de bobinas acessíveis na caixa de terminais e a rede ou o circuito alimentador for de 220/127V. Se tal motor, partir ligado em estrela, alimentado por 220V, estará partindo com tensão reduzida e a corrente de partida em estrela, com tensão reduzida (I'P), se cada fase tiver apenas uma bobina, será de: B B BFLP Z UIIII ''''' ==== , como 3 ' BB U U = , 3 ' B B P Z UI = , onde: - I'P, I'L, I'F, I'B são, respectivamente, as correntes de partida, de linha, de fase e de bobina, com tensão reduzida; - U'B é a tensão de bobina reduzida; - ZB é a impedância da bobina do motor; - UB é a tensão de bobina nominal ou a plena tensão. Esse mesmo motor, partindo a plena tensão, isto é, para essa rede trifásica de 220/127V, ligado em triângulo, as correntes de fase e de bobina, serão de: B B BF Z UII == , onde: - IF e IB são, respectivamente, correntes de fase e de bobina a plena tensão; - UB é a tensão de bobina nominal que, para o motor com uma bobina em cada fase, é igual à tensão de fase (UF) e, na ligação em triângulo, é igual à tensão de linha (UL); - ZB é a impedância da bobina. Como é a corrente de linha (IL) do motor que provoca a queda de tensão no circuito alimentador e na rede, considera-se como corrente de partida (IP) essa corrente de linha (IL). No motor ligado em triângulo, a IL = 3 IF. Assim, para o motor ligado em triângulo, partindo a plena tensão, tem-se: B B LP Z UII 3== , onde IP e IL são, respectivamente, as correntes de partida e de linha a plena tensão. Relacionando a corrente de partida em estrela, com tensão reduzida (I'P), e a corrente de partida em triângulo, a plena tensão (IP), vem: 3 1 333 3' === B B B B B B B B P P U Zx Z U Z U Z U I I Portanto, com o uso da chave de partida estrela-triângulo, a corrente de partida do motor, ligado em estrela e com tensão reduzida (I'P), é diminuída para 1/3 da corrente de partida em triângulo, a plena tensão (IP) . Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 28 Também, como na partida com tensão reduzida, através da chave estrela-triângulo, a tensão aplicada em cada bobina do motor fica reduzida a 1/ 3 da tensão nominal, o conjugado do motor na partida com tensão reduzida (C'P), fica reduzido a 1/3 do conjugado de partida do motor a plena tensão (CP), pois o conjugado do motor trifásico reduz-se diretamente proporcional ao quadrado do quanto de tensão for aplicada, em termos de fração da tensão nominal. Na figura 25 estão apresentados exemplos de curvas de corrente e de conjugado, em função da rotação, para o motor a plena tensão (ligado em triângulo) e para o motor partindo ligado em estrela e com tensão reduzida, através da chave de partida estrela-triângulo. Também, está apresentado exemplo de curva de conjugado resistente da carga. Figura 25 - Corrente e conjugado, em função da rotação, com chave estrela-triângulo. As chaves estrela-triângulo podem ser de dois tipos: a) eletromecânicas; b) eletromagnéticas. As primeiras devem ser acionadas e comutadas, da posição estrela para a posição triângulo, manualmente. A ligação dessas chaves ao motor e ao circuito alimentador pode ser feita com base num esquema elaborado a partir de testes de continuidade da chave, primeiro na posição estrela e, depois, na posição triângulo. Também, devem ser considerados os esquemas de ligação do motor, em estrela e em triângulo. As chaves estrela-triângulo eletromagnéticas comutam automaticamente, através de um relê de tempo. Por isto são chamadas de chaves estrela-triângulo automáticas. A figura 26 é constituída pelos esquemas do circuito principal da chave estrela-triângulo automática, nas formas multifilar e unifilar, respectivamente. A figura 27 é o esquema do circuito auxiliar de comando da chave estrela-triângulo. 9 8 7 6 5 4 3 2 1 Corrente ∆ Corrente Y Conjugado ∆ Conjugado Y Conj. Resistente (CR) nN nS Rotação (rpm) Comutação C'P CN ou IN CP I'P I (A); C (Nm) IP Ligação, comando e proteção de motores de indução IFSul 29 a) b) Figura 26 - Esquema do circuito principal da chave estrela triângulo automática: a) na forma multifilar; b) na forma unifilar. Para elaborar o esquema e montar o circuito de comando, é necessário considerar que: K3 1.º) S1 (NA) KT (10s) 2.º) K3 K1 (contatos auxiliares NA de K1 fazem retenção) 3.º) KT (10s) K3 4.º) KT (10,1S) K2 Como K2 e K3 não podem permanecer ligados simultaneamente, K2 K3 e K3 K2, isto é, deve existir bloqueio mútuo ou intertravamento entre K2 e K3. 3 2 1 6 5 4 PEN A B C 3F/PEN - 220/127V - 60Hz F2 L2 F1 L1 K1 F3 L3 L7 L8 L9L6L5 L4 FT1 M 3~ K2 K3 M 3~ L7,8,9 L4,5,6 FT1 3 NI 3F/PEN - 220/127V - 60Hz L1,2,3 IN F1,2,3 K1 3 NI K2 3 NI 3 NIK3 Partida Regime Ligação, comando e proteção de motores de indução
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