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Trabalho-Energia das Marés (Maremotriz)

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Nome:
Energia das Marés (Maremotriz)
Universidade Rovuma
Nampula
2020
Nome:
Energia das Marés (Maremotriz)
Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de Recursos Energéticos, do curso de Licenciatura em Geologia, a ser entregue ao docente da respectiva cadeira.
Docente:
Deoclisiano F. Nhazilo.
Universidade Rovuma
Nampula
2020
i
Índice
Introdução	3
Energia das Marés (Maremotriz)	4
1.Breve Conceitualização	4
1.1.Potencial Energético	4
1.2.Princípio Teórico de Funcionamento e Formação da Energia Maremotriz	5
2. Métodos de Captação e Transformação da Energia Maremotriz (Usinas	5
2.1.Princípio Matemático de Funcionamento de Usinas Maremotrízes	5
2.2. Constituintes de uma Usina Maremotriz	9
2.3. Conversão/Aproveitamento da Energia das Marés em Usinas Maremotrizes em	14
3. Produção de Energia Maremotriz	17
3.1. Regiões com Maior Potencial de Produção de Energia Maremotriz no Mundo	17
3.2. Energia Maremotriz em Moçambique	18
4. Questões Ambientais, Vantagens e Desvantagens da Energia Maremotriz	18
4.1. Aspectos Ambientais	18
4.2. Vantagens	19
4.3. Desvantagens	19
Conclusão	21
Bibliografia	22
ii
Introdução
Desde os tempos mais remotos, apesar de pouco conhecimento acerca dos fenómenos naturais e os benefícios deles, dos conhecimentos sobre o nosso universo e o próprio planeta terra, o Homem já conseguia usar e transformar o pouco que conhecia e podia, para o seu benefício. Com a evolução humana, muta coisa foi descoberta e assim, surgiram também novas necessidades. Desde a Idade da Pedra, o uso de minerais para o fabrico de utensílios, adorno,… Foi muita explorada, até que novas aplicações foram surgindo para esses minerais e crescendo conforme a ciência se desenvolvia e novos minerais e rochas descobertas, chegando a descoberta dos combustíveis fósseis e sua grande aplicação na geração de formas de energia. Com a crescente demanda actual em relação à esses combustíveis, as suas fontes têm vindo a escassear-se, obrigando o Homem a ir em busca de fontes, que não só reduzam os índices de poluição causado pelos combustíveis fósseis, mas que sejam de grande vitalidade, ou seja, que sejam de fácil renovação, permitindo assim que não só a geração actual possa aproveitar-se dela, mas sim, também as gerações futuras. Mas apesar de terem sido descobertas diversas fontes de energia, de possível renovação rápida, a maior parte delas, exige um dispêndio de matéria-prima para produzi-la ou de infra-estruturas de custos dispendiosos, como é o caso da Biomassa, que necessita de grandes volumes de recursos florestais para a conversão em energia eléctrica ou calorífica, a energia derivada dos oceanos, que necessita de estruturas de transformação de custo um tanto quanto elevados, sem falar nas condições para que essa energia seja gerada, relacionadas as variações d nível do mar e ondas. No entanto, todas estas fontes de energia, têm merecido um estudo aprofundado, no intuito de constituírem alternativas futuras às actuais fontes de energia.
É com o objectivo de obter mais informação acerca das fontes renováveis de energia, em particular abordagem, relacionada à Energia Maremotriz, que foi concebido este trabalho, nele, focar-se-á em questões como (Conceitos, Funcionamento, Geração, Locais com mais avanços na área no mundo e no nosso país).
O trabalho segue a estrutura habitual, com Introdução, Desenvolvimento, Conclusões e uma Bibliografia.
Para a elaboração do trabalho, recorreu-se à um conjunto de obras e artigos científicos, que serão apresentados em citações ao longo do trabalho e nas referências bibliográficas.
ENERGIA DAS MARÉS (MAREMOTRIZ)
1.Breve Conceitualização
A energia das marés, também conhecida como energia maremotriz, é a energia obtida por meio do aproveitamento da energia proveniente do desnível das marés. Para que essa energia seja revertida em electricidade é necessária a construção de barragens, eclusas (permitindo a entrada e saída de água) e unidades geradoras de energia.
O sistema utilizado é semelhante ao de uma usina hidreléctrica. As barragens são construídas próximas ao mar, e os diques são responsáveis pela captação de água durante a alta da maré. A água é armazenada e, em seguida, é liberada durante a baixa da maré, passando por uma turbina que gera energia eléctrica.
A força das marés tem sido aproveitada desde o século XI, quando franceses e ingleses utilizavam esse artifício para a movimentação de pequenos moinhos. Porém, o primeiro grande projecto para a geração de electricidade através das marés foi realizado em 1967. Nesse ano, franceses construíram uma barragem de 710 metros no Rio Rance, aproveitando o potencial energético das marés.
Segundo MME (2007), as marés são resultado da combinação de forças produzidas pela atracção do Sol e da Lua e pelo movimento de rotação da Terra, os quais levam à subida e descida da água dos oceanos e mares. Associado à subida e descida das marés, o movimento vertical da água dos oceanos é acompanhado por um movimento horizontal, denominado corrente de maré. As correntes de maré possuem periodicidade idêntica à das oscilações verticais. Algumas características geográficas terrestres, como bacias hidrográficas e baías, estreitos e canais, provocam restrições a esses movimentos periódicos, o que pode resultar em elevadas amplitudes ou elevadas velocidades da corrente de maré.
Essa é uma boa alternativa para a produção de electricidade, visto que a energia das marés é uma fonte limpa e renovável. No entanto, é importante destacar que poucas localidades apresentam características propícias para a obtenção desse tipo de energia, visto que o desnível das marés deve ser superior a 7 metros. Outros factores agravantes são os altos investimentos e o baixo aproveitamento energético. 
1.1.Potencial Energético
A energia maremotriz é de uma potencialidade gigantesca, mas para que esse potencial seja alcançado, é necessário que não só as condições do oceano sejam favoráveis, mas também que se instalem equipamentos em grande dimensão e alcance, de modo à que haja correntes fortes e suficientes para a geração de enormes quantidades de energia, pois é necessário um grande número de equipamentos e uma barragem ampla, para que seja gerada energia em grande escala. No entanto, esse problema, pode ser resolvido, se utilizarmos as forças das marés, associadas à exploração das ondas e da temperatura dos oceanos, isso proporcionaria muito mais energia do que poderíamos gastar no futuro, mesmo considerando que o consumo global duplica de dez em dez anos.
1.2.Princípio Teórico de Funcionamento e Formação da Energia Maremotriz
Como mostra o nome (Energia Maremotriz), deixa claro que está ligada à oceanos, que o lugar de sua exploração/captação. E em termos teóricos e rápidos, para a percepção da sua lógica de obtenção, ela funciona da seguinte forma:
Essencialmente, pela acção de uma transferência de energia solar do vento para as ondas. Além disso, a energia maremotriz pode ser obtida de duas formas, sendo através da energia cinética causada pelo movimento das marés ou da energia potencial conseguida pela diferença de altura entre a maré baixa e a maré alta. Devido a atracção gravitacional e o movimento de rotação da Terra, as marés variam de altura e demoram 12 horas e 25 minutos para alternarem entre essas duas fases. Assim, respeitando o ciclo das marés e após a construção de um tipo de barragem com comportas e turbinas hidráulicas. Além disso, a água salgada exige a utilização de materiais especiais na construção dos equipamentos por ser extremamente corrosiva. Assim, há a formação de um reservatório junto ao mar que, quando a maré é alta, o reservatório é preenchido e rotacionado um tipo de uma turbina hidráulica que proporciona a produção de energia eléctrica. As usinas para a captação, podem tanto ser instaladas na costa oceânica, junto ao continente, ou em alto mar, em locais de grande variação de ondas e correntes marítimas. Se a maré está baixa e, assim, a água deixa o reservatório, mesmo assima energia eléctrica é produzida. O sentido em que a água entra não afecta a produção de energia, desde que ela passa através das turbinas.
2. Métodos de Captação e Transformação da Energia Maremotriz (Usinas Maremotrízes)
2.1.Princípio Matemático de Funcionamento de Usinas Maremotrízes
Para prever os efeitos que a construção de uma barragem para a instalação de uma usina, para compreensão dos fenómenos físicos por detrás do funcionamento de uma usina maremotriz, foi feito um modelo matemático para calcular as alterações nas marés de lugares (cujas amplitudes alcançam até 17 metros), baseia num estudo feito na Baía de Fundy e do golfo de Maine.
A preocupação/objectivo do estudo não é com o movimento das moléculas individualmente, mas com o movimento das marés, de grandes volumes de água. O experimento, consistiu na divisão da área com uma rede nas quais cada malha da rede representa uma célula quadrada de água que se estende do fundo do mar até a superfície. Cada célula obedece a lei física que governa o movimento dos fluídos no mar (pode-se considerar as correntes marítimas a partir de um perfil médio de velocidades, da superfícies até o fundo).
A partir do conhecimento do estado da corrente da maré e dos níveis de água num certo momento, pode-se aplicar o modelo para calcular as correntes e elevações de nível em qualquer tempo futuro. A lei da conservação das massas diz que o nível da água numa célula da rede sobe se houver mais água entrando do que saindo através dos lados da célula.
Se o nível da água é maior em uma célula do que numa adjacente, a água é acelerada na direcção da célula em que o nível é mais baixo (R.N., 2017).
Devido à rotação da Terra, qualquer fluxo entre as células conduz a uma aceleração perpendicular (a direita, no hemisfério norte) ao fluxo num plano paralelo à superfície da água. Isso acarretará num pequeno desvio do escoamento, para o lado perpendicular ao fluxo. Esse fenómeno recebe o nome de aceleração de Coriollis. Simultaneamente, o fluxo entre as células é dificultado por uma força de atrito que é proporcional ao quadrado da velocidade da corrente. (R.N., 2017).
O tamanho da célula da rede é que determina a resolução do modelo e o volume necessário de cálculos. A menor ilha, baía ou elevações de superfícies, podem ser representadas no modelo como uma medida padrão para uma determinada área.
Em lugares mais próximos do local da construção da barragem, as células terão área menor, aproximadamente 7 km². Em áreas mais distantes onde as alterações forem pequenas (partes mais distantes do Golfo de Maine), o tamanho das células poderá ser maior, aproximadamente 21 km², facilitando os cálculos.
Fig.1. Ilustração de divisão de células. Fonte: (Rodrigo Nascimento, 2017).
As dimensões de uma célula da rede, determina o tamanho da menor ilha, baía cabo de terra, fronteira aberta ou borda da superfície submarina que pode ser resolvido pelo modelo de marés.
Em mar aberto a amplitude máxima das marés não chega a 1 m. À medida que se aproxima da costa, a amplitude das marés é incrementada devido a efeitos de afunilamento, reflexão e ressonância causados pela geometria da costa. 
Portanto, diante de tantos factores a serem considerados, é comum que a modelagem matemática das marés seja feita através de análise harmónica, ou seja, cada aspecto físico é modelado como uma componente harmónica da maré. Na expressão matemática que se segue, é apresentado um modelo temporal que melhor se adequa ao modelamento.
Expressão Matemática:
Onde:
	h(t):
	Altura da maré em metros no instante t;
	Hi:
	Amplitude em metros da componente i;
	wi:
	Velocidade angular da componente i;
	g:
	Fase em graus da componente i;
	Ao:
	Nível médio da maré em metros.
	V0+u:
	Argumento na maré de equilíbrio no instante inicial da série;
Estas componentes harmónicas englobam, por exemplo, a translação da Lua em volta da Terra, a precessão do perigeu da Lua, a precessão do periélio do Sol e a precessão do plano orbital da Lua. Existem centros de previsões de marés que utilizam até 62 componentes harmónicas para uma modelagem bastante precisa das marés.
Expressão Matemática para Previsão de Custos de Instalação de uma Usina
A construção de uma barragem pode representar um dos maiores custos para a implantação de uma usina maremotriz, portanto, uma maneira eficaz de prever a sua efectividade é através da razão de Gibrat, apresentada na equação (2). Portanto, quanto menor a razão de Gibrat, melhor o indicativo de viabilidade do projecto.
	
	
Onde:
	Cm:
	Comprimento da barragem, em metros;
	EkWh:
	Energia produzida pela usina durante um ano, em kWh.
Não obstante os modelos para ajudar na previsão e cálculo de custos para instalação de uma usina, sobre o comportamento das ondas e marés e instalação de células, é necessário também, assim como se faz em jazidas de hidrocarbonetos e outros recursos, fazer o cálculo de reserva, para se obter uma estimativa (aproximação à realidade) da capacidade do depósito, neste caso, faz – se a avaliação de potencial de geração de energia pelas marés (potencial extraível). (R.N., 2017).
O potencial extraível a partir das correntes de marés pode ser obtido a partir da equação:
	
	
Onde:
	P:
	Potencial extraível, em W;
	ρ:
	Densidade da água do mar, em kg/m3;
	A:
	Área da seção transversal da turbina, em m2;
	v:
	Velocidade da corrente de maré, em m/s.
2.2. Constituintes de uma Usina Maremotriz
Os principais componentes de uma usina maremotriz são: barragem, turbogeradores, além de um ou mais reservatórios. Na fig.2. são esquematizados os principais componentes de uma usina maremotriz.
Fig.2. Ilustração esquemática de constituintes/elementos de uma usina maremotriz. Fonte: (R.N., 2017).
Barragem
A construção da barragem representa uns dos factores mais relevantes em uma usina maremotriz, principalmente por se relacionar de forma bastante significativa com os custos totais de implantação da usina.
O projecto da barragem em uma usina maremotriz deve prever uma série de condições que são específicas pra este tipo de aproveitamento:
· A barragem deve prever os efeitos das ondas que se chocam contra ela. Estes efeitos podem ser bastantes severos devido à variação constante de pressão entre ambos os lados;
· A localização e o formato da barragem podem alterar os fenómenos de ressonância e reflexão que ocorrem dentro de um estuário. Desta forma, é possível elevar ou atenuar a amplitude da maré e, consequentemente, a energia produzida pela usina. Portanto, este é um factor que deve ser analisado cuidadosamente.
Comportas
As comportas incorporadas à barragem de uma usina maremotriz tem a função principal de controlar o nível de água do reservatório, sendo que a frequência em que estas são abertas está relacionada ao tipo de maré e ao modo de operação da usina.
As comportas usadas em uma usina maremotriz operam com muito mais frequência do que em uma hidreléctrica convencional. Portanto, é necessário que estas operem com maior rapidez e com elevado grau de confiabilidade, de modo a evitar problemas operacionais e manutenções constantes.
Outro importante factor que deve ser considerado é o ambiente de operação das comportas. Os constantes impactos das ondas e a corrosão podem resultar em problemas operacionais às comportas e, portanto, devem ser levados em consideração.
As comportas usadas em uma usina maremotriz operam com muito mais frequência do que em uma hidreléctrica convencional. Portanto, é necessário que estas operem com maior rapidez e com elevado grau de confiabilidade, de modo a evitar problemas operacionais e manutenções constantes.
Outro importante factor que deve ser considerado é o ambiente de operação das comportas. Os constantes impactos das ondas e a corrosão podem resultar em problemas operacionais às comportas e, portanto, devem ser levados em consideração. (Osvaldo Saavedra, 2015)
Reservatório
A principal função do reservatório em uma usina maremotriz é o armazenamento de água, de modo a gerar a queda d'água necessária para geração de electricidade atravésdos turbo geradores. Estes reservatórios podem ser reentrâncias costeiras, enseadas, corpos de águas entre ilhas e continentes, ou estuários. (Osvaldo Saavedra, 2015)
O projecto de uma usina maremotriz pode envolver um ou mais reservatórios, sendo que a primeira alternativa é a mais comum e mais económica, embora tenha menos flexibilidade.
Equipamentos Electromecânicos 
Os equipamentos destinados à conversão de energia são uma das principais parcelas que compõem o custo total de uma usina maremotriz, podendo ser responsáveis por cerca de 45 a 55% destes custos.
Em uma usina maremotriz, os equipamentos electromecânicos devem levar em consideração os seguintes factores:
· A variação contínua da altura da queda d'água requer turbinas que operem de forma relativamente eficiente sob tais condições;
· A baixa queda requer um grande volume de água passando pelas turbinas resultando em grandes dimensões físicas para as passagens da água;
· A operação cíclica (início e parada da geração de acordo com as marés) impõe nos equipamentos geradores, fadigas maiores do que na geração convencional em hidreléctricas;
· As dimensões físicas de cada unidade geradora devem ser a menor possível, visto que afectam directamente os custos das obras civis;
· Os materiais são expostos às acções corrosivas da água do mar e, portanto, precisam ser cuidadosamente seleccionados e protegidos;
· A eficiência global da geração pode assumir uma prioridade menor devido à ampla fonte de água envolvida no processo (Osvaldo Saavedra, 2015).
Os principais modelos de turbinas utilizadas para conversão da energia maremotriz são as do tipo Kaplan, STRAFLO e as do tipo Bulbo.
Fig.3. Ilustração de uma turbina STRAFLO antes de sua instalação. Fonte: (R.N., 2017).
Fig.4. Ilustração de uma turbina Bulbo. Fonte: (R.N., 2017).
O surgimento de novas tecnologias em equipamentos electromecânicos têm promovido uma redução significativa nos custos de obras civis, de modo a permitir a exploração de locais com queda muito baixa. Dentre estas novas tecnologias estão os modelos VLH (Very Low Head) e a HYDROMATRIX.
O modelo VLH, ilustrado na fig.5., foi projetado para aplicações de quedas entre 1,4 e 3,2 m. O modelo possui uma turbina Kaplan e pode produzir uma potência entre 100 kW e 500 kW .
Fig.5. Imagem do modelo VLH. Fonte: (R.N., 2017).
O sistema HYDROMATRIX é composto de pequenas unidades geradoras dispostas em uma "matriz", sendo facilmente integrado a uma barragem já existente, e projectada para quedas entre 3 a 30 m. A potência gerada por cada unidade vai de 200 kW até 700 kW.
2.3. Conversão/Aproveitamento da Energia das Marés em Usinas Maremotrizes em Energia Eléctrica e demais Formas de Energia
O aproveitamento da energia das marés, pode ser feito de duas (2) formas:
· Conversão da energia potencial: barragem para criar um reservatório,
havendo desnível entre estuário e reservatório;
· Conversão da energia cinética das correntes de maré.
Fig.6. Esquema de uma usina maremotriz que utiliza energia potencial. Fonte: (Osvaldo Saavedra, 2015).
Em função do Gradiente de Maré, que se relaciona às variações do nível das águas do mar, influenciando assim na frequência das marés, temos dois tipos de Efeitos de Geração de Energia das marés:
O Efeito Simples
· Simples efeito – geração na enchente (flood);
· Simples efeito – geração na vazante (ebb).
E o Efeito Duplo
· Duplo efeito – geração na enchente e vazante;
· Com ou sem bombeamento;
· Um ou mais reservatórios (simple, multiple basin).
Geração Simples – Vazante 
A geração em maré vazante com efeito simples é a melhor escolha em termos de produção de energia eléctrica e simplicidade de operação.
Fig.7. Representação temporal da geração em maré vazante. Fonte: (Osvaldo Saavedra, 2015).
Geração simples – enchente
Na geração em maré enchente, o enchimento do reservatório ocorre pela turbinagem e o esvaziamento efectua-se com as comportas abertas. A eficiência é menor porque durante as maiores quedas, o nível do reservatório se eleva mais rapidamente, o que torna a reduzir a queda disponível.
Duplo Efeito
Na geração de duplo efeito a energia é produzida durante ambas as marés, enchente e vazante. Neste caso, podem ser empregadas turbinas reversíveis, não-reversíveis com sistemas de canais e comportas ou ainda duas séries de turbinas não-reversíveis.
Fig.8. Parâmetros de optimização para operação de duplo efeito. Fonte: (Osvaldo Saavedra,2015).
Bombeamento
Os períodos de bombeamento são uma estratégia utilizada para elevar a produção da usina maremotriz através do incremento da altura da queda da água. Além disso, esta técnica torna-se bastante útil para aumentar a flexibilidade da operação da usina.
Fig.9. Esquema de geração nos dois métodos acima descritos, mas acoplados ao Bombeamento. Fonte: (Osvaldo Saavedra,2015).
3. Produção de Energia Maremotriz
3.1. Regiões com Maior Potencial de Produção de Energia Maremotriz no Mundo
Embora existam relativamente poucos projectos de usinas maremotrízes implementados em todo o mundo, diversos países tem se despertado param a possibilidade de exploração desta fonte energética em seus litorais.
Alguns países tais como França, Egipto, Índia, Rússia, Malásia, Colômbia, Austrália, Reino Unido e Brasil já apresentam estudos e propostas sobre as possibilidades de exploração da energia maremotriz em seus mares.
Um caso bastante especial é o estuário de Severn, no Reino Unido. Trata-se de um dos principais projectos actualmente em andamento devido à possibilidade de utilização de múltiplos lagos dentro do estuário.
Entre os locais com potencial para a produção de energia das marés estão a baía de Fundy (Canadá), e a baía Mont-Saint-Michel (França), ambas com mais de 15 metros de desnível. No Brasil, destacamos o estuário do Rio Bacanga, em São Luís (MA), com marés de até 7 metros e, principalmente, Macapá (AP), com marés que atingem até 11 metros. O Mar Sem Fim aproveita para lembrar que já temos uma usina de marés funcionando na praia de Pecém, Ceará. Na França, desde 1966, a central de energia das marés de La Rance tem produzido uma média de 600 gigawatts de electricidade por ano.
3.2. Energia Maremotriz em Moçambique
O aproveitamento da energia do oceano pode ter um impacto muito significativo para Moçambique, nomeadamente na diversificação da matriz energética através da produção de energia por fontes renováveis, tendo como impactos positivos imediatos a criação de postos de emprego. O nível desse impacto depende seguramente da capacidade de organização nacional, tendo em vista tornar o país atractivo para os investidores no desenvolvimento industrial e comercial aproveitando a energia oceânica para reforçar a capacidade técnico-científica e empresarial. Um elemento chave da estratégia nacional deve ser a elaboração de estudos que permitam avaliar o potencial e a sustentabilidade das várias opções energéticas que se vão colocar, tendo em vista escolher de forma fundamentada e em tempo útil a melhor de entre essas opções. Para tal, serão aprofundados os estudos sobre o impacto energético, ambiental e sócio económico do aproveitamento da energia dos oceanos. Para esta área serão realizadas as seguintes acções estratégicas: 
a) Disponibilizar informações meteorológicas, oceanográficas e geomorfológicas que conduzam a definição das zonas com potencial para o aproveitamento da energia oceânica;
 b) Identificar parceiros com experiência no ramo e buscar experiências sobre a energia oceânica com outros países que se adeqúem à nossa realidade; 
c) Divulgar o conhecimento do recurso e dos aproveitamentos tecnológicos possíveis, evidenciando os benefícios económicos, sociais e ambientais para o desenvolvimento do país (MINISTÉRIO DA ENERGIA,2011).
4. Questões Ambientais, Vantagens e Desvantagens da Energia Maremotriz
4.1. Aspectos Ambientais
Embora a exploração da energia maremotriz não produza nenhuma poluição directa ao meio-ambiente, é importante ressaltar que os efeitos da construção e operação de uma usina maremotriz em um estuário devem ser cuidadosamente avaliados,pois a sua
instalação pode modificar algumas características naturais do local. Além disso, as possíveis alterações nas actividades humanas locais também devem ser avaliadas. A construção de uma barragem em um estuário pode resultar em efeitos directos sobre o ecossistema
local. Portanto, é importante ressaltar que tais efeitos devem ser considerados tanto no projecto e construção, quanto na operação da usina.
Alguns dos aspectos que devem ser analisados são as possíveis alterações na qualidade da água, ou seja, alterações nas características químicas da água, tais como oxigenação e salinização; além da própria morfologia do estuário, que pode ser alterada devido às possíveis modificações nos regimes de sedimentação e erosão.
Possivelmente, um dos principais aspectos ambientais que devem ser verificados está relacionado às alterações no ecossistema do estuário. Estas alterações variam de acordo com o local, entretanto, podem ser formuladas levando-se em consideração os seguintes aspectos :
• Alterações na distribuição das espécies dentro do estuário;
• Alterações na composição do grupo de espécies:
Algumas podem deixar de existir, enquanto novas espécies podem surgir;
• Alterações nos ciclos de vida de algumas espécies: taxas de crescimento e reprodução, por exemplo. Embora estes aspectos devam ser cuidadosamente verificados, vale destacar que a intensidade em que estes podem ocorrer, varia de um local para outro.
Algumas soluções podem ser adoptadas no sentido de amenizar os impactos sócio ambientais causados pela construção e operação de uma usina maremotriz. A exemplo da construção da usina de Kislaya Guba Rússia, a utilização de elementos pré-fabricados em terra firme para a construção da barragem torna-se uma solução menos ofensiva ao meio-ambiente do que a utilização de ensecadeiras.
4.2. Vantagens
· Não causa poluição;
· É uma fonte renovável de energia;
· Não requer material muito sofisticado para a sua obtenção.
4.3. Desvantagens
· Apesar de não requerer material muito sofisticado, a rentabilidade é afectada pelo ciclo das marés. Além disso, há o preço da manutenção e construção pelos materiais especiais que devem ser utilizados a fim de evitar e retardar os efeitos corrosivos da água salgada;
· Como a produção depende do ciclo das marés, o fornecimento de energia não é contínuo;
· Dependem muito das condições geográficas da região para sua construção. Além das necessidades físicas, é preciso analisar a viabilidade económica um sistema que lide com o aproveitamento oceânico para a produção de energia;
· As ondas produzem uma grande quantidade de energia e apenas uma pequena parte dela pode ser utilizada para fornecer uma parcela da electricidade que o mundo consome a cada dia. Seu rendimento é de 20%, sendo bastante baixo. Para que ela seja rentável é necessária uma amplitude de marés superior a 5 metros;
· Não permite a navegação e causa impactos ambientais nos oceanos, afectando muitos habitats naturais e espécies. A interferência na vida dos animais pode causar impactos económicos, pois certas espécies representam grande importância para a pesca comercial em muitos lugares.
Conclusão
Os oceanos possuem um grande potencial energético (pelo aproveitamento da força das marés, ondas, correntes marítimas,…), que pode ser explorado de diversas formas. Entre as formas conhecidas, a transformação da energia potencial das marés em electricidade é a mais consolidada no mundo, embora o número de projectos instalados ainda seja pequeno. Considerando a crescente preocupação com as mudanças climáticas e a consequente busca por fontes renováveis de energia, a energia maremotriz tem vindo ganhar espaço nos últimos anos, com o desenvolvimento de projectos de porte relevante em locais como Coreia do Sul, Escócia e País de Gales.
Embora estudos indiquem uma significativa queda de custos para a energia maremotriz no futuro, os custos atuais da fonte ainda são pouco competitivos quando comparados com outras fontes renováveis, como eólica e solar.
Como pode notar-se ao longo do trabalho, assim como os diversos meios de aproveitamento de fenómenos naturais para o benefício do Homem, envolvem uma infinidade de expressões matemáticas que permitem fazer estimativas a cálculos, antes de sua implementação, com a energia maremotriz, não é diferente, são necessários, modelos matemáticos para explicar e quantificar os processos de geração e transformação da mesma.
No mundo, diversos países têm apostado no desenvolvimento de novas formas de produção de energia, para substituir as actuais fontes, que além dos elevados índices de poluição, tem vindo a escassear-se, necessitando que se encontrem novas formas. 
Em Moçambique, ainda não se tem muita informação acerca do potencial do oceano para a geração de energia, mas estudos tem sido feitos, com vista a apurar com detalhes, o real potencial das águas oceânicas do país.
Bibliografia
FLEMING, F.P. Avaliação do Potencial de Energias Oceânicas no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (COPPE), 2012, 73pp.
NASCIMENTO, RODRIGO LIMP , APROVEITAMENTO DA ENERGIA DOS OCEANOS PARA PRODUÇÃO DE ELETRICIDADE, Consultor Legislativo da Área XII, 2017, Brasil, 79pp.
NETO, PEDRO BEZERRA LEITE, Exploração de energia maremotriz para geração de electricidade: aspectos básicos e principais tendências, 2011, Chile, 220pp.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE - MINISTÉRIO DA ENERGIA, ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DE ENERGIAS NOVAS E RENOVAVEIS (EDENR) PARA O PERÍODO DE 2011 – 2025, Maputo, 41pp.
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