Reclamação Trabalhista - Nelson Aviz - XXVII EXAME OAB

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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DO TRABALHO DA ____VARA DO TRABALHO DE SETE LAGOAS/MG
Nelson Aviz, qualificação e endereço completos vem, respeitosamente perante Vossa Excelência por intermédio de seu advogado que lhe subscreve, nos termos da procuração em anexo, com escritório profissional no endereço completo onde recebe intimação e notificações, com fundamento no artigo 840 da CLT, propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
pelo rito ordinário em face da Sociedade Empresária Alfa LTDA. qualificação e endereço completos, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
1 – GRATUIDADE DA JUSTIÇA : 
O reclamante declara não possuir condições financeiras de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo ao seu próprio sustento e de sua família, nesse sentido requer a concessão dos benefícios inerentes à gratuidade de justiça, com fundamento no art. 4° da Lei 1.060/50 c/c art.7º da lei 7.510/86 c/c art. 790, §3, CLT.
2 – CONTRATO DE TRABALHO:
	O reclamante fez exame médico e foi admitido no dia 17/12/2017, para exercer a função de técnico de informática, embora em sua CTPS conste que exercia a função de auxiliar de serviços gerais, recebendo o salário de R$1.200,00. Foi demitido por justa causa no dia 28/04/2018 recebendo apenas o saldo de salário e sem quaisquer verbas indenizatórias.
	2.1) Da Demissão por Justa Causa:
	Temos que o reclamante foi dispensando por justa causa, no entanto seu empregador apenas anotou em sua CTPS que o motivo seria uma possível conduta inadequada. Ocorre que a CLT, em seu art. 482 prevê um rol taxativo de condutas que permitem a rescisão do contrato de trabalho, e em nenhuma consta o motivo indicado pelo empregador.
Ademais, conforme a sumula 212 do TST, o ônus de provar o término do contrato de trabalho, neste caso de despedida, seria do empregador, que como pode-se notar, não o fez.
	Antes o exposto, requer a conversão da despedida por justa causa em dispensa imotivada.
	2.2) Das Verbas Rescisórias:
Levando em consideração que o reclamante foi dispensando por justa causa, recebendo apenas o saldo de salário, e que conforme exposto anteriormente, tal dispensa merece ser convertida em dispensa sem justa causa, serão devidas as verbas rescisórias referente a este tipo de dispensa, quer sejam:
a) Aviso prévio indenizado de 30 dias com fundamento no art. 487, II, § 1º da CLT, devendo inclusive ocorrer a integração desse período em seu tempo de serviço, bem como observar seus reflexos nas verbas contratuais e rescisórias;
b) Férias proporcionais de 5/12 acrescido do terço constitucional, com fundamento no art. 147 da CLT c/c súmula 328 do TST c/c art. 7º XVII da CF c/c súmula 171 do TST;
c) Décimo terceiro proporcional de 4/12, com fundamento no art. 3º da Lei nº 4.090/1961;
d) Indenização compensatória de 40% do FGTS, conforme estabelece o art. 18, § 1º da Lei nº 8.036/90;
e) Liberação das guias do saque do FGTS.
3 - JORNADA DE TRABALHO:
Conforme consta das anotações na CTPS do reclamante, este trabalhava de segunda à sábado, das 20h às 05h, tendo 20 minutos de intervalo para refeição.
3.1 - Das Horas Extras:
Conforme exposto, o reclamante trabalhava das 20h às 05h, de segunda a sábado, o que resulta no total de 48 horas semanais, 4 horas além do máximo permitido em lei de 44 horas semanais, tendo por base o disposto no art. 7º, XIII, CRFB/88.
Deste modo, o reclamante faz jus ao adicional de horas extras de no mínimo 50% superior ao valor da hora normal de trabalho em relação a estas 4 horas que trabalhou a mais por semana durante o todo o contrato de trabalho por disposição do art. 58, § 3º c/c art. 59, § 1º, ambos da CLT.
3.2 - Do Intervalo Intrajornada:
Temos que durante sua jornada de trabalho, o reclamante possuía apenas 20 minutos de intervalo para a refeição, indo contra o disposto no art. 71 da CLT, o qual prevê o mínimo de 1 hora de intervalo quando a jornada de trabalho ultrapassar as 6 horas, como é o caso do reclamante.
Por este motivo, o reclamante faz jus ao pagamento do período suprimido, quer sejam 40 minutos, como hora extra, devendo incidir o acréscimo de 50% sobre o valor da remuneração hora normal do trabalho, tendo por fundamento o art. 71, § 4º da CLT.
3.3 - Do Adicional Noturno:
O reclamante laborava das 20h às 05h, e conforme dispõe o art. 73, § 2º da CLT, quando a jornada de trabalho ocorrer no período entre 22h as 5h será considerado como período noturno, devendo portanto, incidir o adicional pelo trabalho noturno que é de no mínimo 20% sobre a hora diurna.
Nesse sentido, o reclamante faz jus ao adicional noturno de 20% sobre a hora diurna em razão das 7 horas que este trabalhava nesta condição, tendo por fundamento o art. 7º, IX, da CRFB/88 c/c art. 73 e § 2º da CLT. 
4 - DIFERENÇA SALARIAL PELO DESVIO DE FUNÇÃO:
Conforme exposto anteriormente, ainda que na CTPS conste a função de auxiliar de serviços gerais recebendo o salário de R$ 1.200, 00, sua verdadeira função na empresa era de técnico de informática, e para esta função existe convenção coletiva da categoria prevendo piso salarial de R$ 1.800,00.
Diante disto, deverá ser aplicado o princípio da primazia da realidade, de modo que são devidas ao reclamante as diferenças salariais, com base no piso salarial de sua categoria, referentes a todo o período em que exerceu a função de técnico de informática, bem como a retificação de sua CTPS a fim de que conste o real valor de sua remuneração e a função, conforme estabelece o art. 29 da CLT.
5 - DANO MORAL PELA ANOTAÇÃO DE PENALIDADE NA CTPS:
Consta na CTPS do reclamante, na parte destinada a anotações gerais, que este foi dispensado por justa causa em razão de conduta inadequada. No entanto, tal conduta por parte do empregador é vedada por disposição expressa da CLT em seu art. 29, § 4º.
Portanto, e por entender não haver o motivo que justifique a dispensa por justa causa, há a necessidade de retificação da CTPS do reclamante, devendo ser removida a anotação de “conduta inadequada”, bem como a condenação do empregador a indenizar o reclamante pelo dano moral sofrido, com fundamento nos arts. 223-B e 223-C da CLT.
6 - DESCONTO INDEVIDO DO FGTS:
	O reclamante apresenta cópias dos contracheques em que consta descontos efetuados pelo empregador referentes ao pagamento de seu FGTS. No entanto, conforme dispõe o art. 15 da Lei nº 9.036/90, a obrigação de pagar 8% do valor da remuneração para o FGTS é responsabilidade do empregador, que, portanto, não pode ser repassada ao empregado.
 
Nesse sentido, faz-se necessária a devolução do valor que foi desconto a título de FGTS durante todo o contrato de trabalho.
7 – PEDIDOS:
	Ante o exposto, requer:
	a) A concessão do benefício da gratuidade de justiça;
	
	b) A citação do reclamado para manifestar-se no prazo legal, sob pena de revelia e confissão quanto a matéria de fato;
	c) A conversão da demissão por justa causa em demissão sem justa causa;
	d) O pagamento do aviso prévio indenizado, bem como a aplicação de seus efeitos no tempo de serviço e demais verbas rescisórias;
	e) O pagamento das férias proporcionais no importe de 5/12 acrescida do terço constitucional;
	f) O pagamento do 13º proporcional no importe de 4/12;
	g) O pagamento da indenização compensatória de 40% do FGTS;
	h) A liberação das guias de saque do FGTS;
	i) O adicional de horas extras de 50% superior da hora normal sobre as 4 horas trabalhadas além do limite semanal permitido durante todo o contrato de trabalho;
	j) A indenização, com o respectivo acréscimo de 50% superior sobre a hora normal, referente ao período de 40 minutos suprimidos do intervalo intrajornada;
	k) O pagamento do adicional noturno de 20% sobre a hora diurna, referente às 7 horas diárias que trabalhava nesta condição durante todo o contrato de trabalho;
	l) A retificação da CTPS quanto a função exercida de fato ser a de técnico de informática e não auxiliar de serviços gerais, e consequentemente a condenação ao pagamento da diferença salarial durante todo o contratode trabalho com base no piso salarial estabelecido para a função de técnico de informática;
	m) A indenização pelo dano moral em face da anotação indevida de penalidade na CTPS do reclamante;
	n) A devolução do desconto efetuado indevidamente a título de FGTS.
8 – REQUERIMENTOS FINAIS:
Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente a prova documental e testemunhal.
Requer a procedência de todos os pedidos, bem como a condenação do reclamado ao pagamento de honorários advocatícios de sucumbência no valor de 15% conforme dispõe o art. 791-A da CLT.
Dá-se à causa o valor de R$______, correspondente a somatória dos pedidos.
Termos em que pede deferimento.
Local, Data
Advogado
OAB nº ...