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ARTES AULA 01 ATE 10

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CON.METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO DA ARTE,
Aula 01: A Linguagem da Arte
A Função da Arte na Sociedade
Ao longo da história do homem, as manifestações artísticas estiveram sempre presentes. As razões que levam o ser humano a criar e se expressar através das linguagens artísticas variam e acompanham as transformações ocorridas na sociedade. Por isso, a razão de ser da arte nunca permanece inteiramente a mesma.
A função da arte, numa sociedade em que a luta de classes se aguça, difere, em muitos aspectos, da sua função original. No entanto, a despeito das situações sociais diferentes, há alguma coisa que nos leva ainda hoje a nos comover com as pinturas pré-históricas das cavernas ou com antiquíssimas canções.
Você sabia que nos primórdios da civilização, a arte era concebida como uma manifestação mítica e mágica?
Ao longo da história, a função e as formas de manifestação da arte vêm sofrendo modificações e acompanhando o desenvolvimento das civilizações e o surgimento de novas formas de organização social. Ao longo da história, a função e as formas de manifestação da arte vêm sofrendo modificações e acompanhando o desenvolvimento das civilizações e o surgimento de novas formas de organização social. A repercussão de uma obra de arte pode ultrapassar os limites de um determinado momento histórico, e seu potencial de mobilização do prazer estético e sensível pode se perpetuar no tempo.
A Arte como Produção Social:Como orientador do estudo sobre o campo da Arte, destaca-se o pensamento de Vygotsky. Ao longo de sua obra, o autor apresenta discussões importantes relacionadas ao tema e a cultura.
Suas ideias nos ajudam na compreensão da arte como produção social, como, também, fundamenta a crítica sobre a concepção romântica e mística da arte como criação individual do artista, que é visto como um “gênio”.
Vygotsky instaura novos paradigmas de abordagem dos fenômenos, dentro de uma perspectiva sócio-histórica e interdisciplinar, e resgata a centralidade da linguagem em suas reflexões e estudos nos diferentes campos de conhecimento 
O Processo de Ensinar e Aprender Arte:A partir da reflexão de Vygotsky e de sua concepção de arte como linguagem, refletimos sobre o processo de ensinar e aprender arte. É na interação com o outro, mediada pela linguagem, ou seja, no contato social com o outro e com suas produções, que ocorre a internalização da linguagem e dos conceitos, e são ampliadas as perspectivas de desenvolvimento do processo de produção, fruição e conhecimento no campo específico da Arte
A Arte é um campo de construção de conhecimento, que se difere da Ciência, mas que é igualmente relevante e contribui para a ampliação do horizonte de percepção, representação e significação do mundo que nos cerca.
As Artes Visuais, o Teatro, a Música e a Dança representam uma forma particular de pensamento, a qual certamente pode nos conduzir ao mesmo que o conhecimento científico, porém, por outros caminhos.
Aula 02: Criatividade e Processos de Criação
Criatividade e Processos de Criação :A criação não surge de uma inspiração divina ou se resume à pura ação da descarga de emoções, é fruto do trabalho humano. O ato criador é uma atividade humana que exige esforço e dedicação do sujeito, que, neste processo de produção/criação, procura transformar a matéria e criar formas simbólicas expressivas de seus pensamentos e emoções.
A seguir, veja como funciona o potencial criador no ser humano. O potencial criador é inerente a todo ser humano e não se concretiza apenas nas atividades relacionadas às linguagens artísticas.
Em todos os campos de conhecimento, quando nos expressamos livremente, deixamos registrada nossa maneira particular de compreensão, expressão e comunicação no mundo em que vivemos. Todos nós somos seres sensíveis e com potencial para criação a ser desenvolvido em diferentes áreas da experiência humana ao longo de nossa existência.
Para melhor explicar os complexos mecanismos envolvidos no processo de criação, pensaremos nos estudos de Vygotsky. Os processos criadores são desenvolvidos desde a infância e se constituem a partir de elementos da realidade. Os primeiros pontos de apoio que a criança encontra para sua futura criação advêm do que ela vê e ouve, acumulando materiais que usará para construir sua fantasia. Os processos perceptivos também são destacados por Vygotsky como fator importante para a experiência criativa: a percepção externa e interna são o começo de um processo que serve de base para nossa experiência criativa
Além desses processos já citados, os processos mentais de dissociação, associação e combinação de imagens são descritos por Vygotsky como fundamentais no processo de criação, que envolve a imaginação e a fantasia, tanto no campo da Ciência como na Arte.
O que é Arte? A arte permite o acesso a dimensões não reveladas pela lógica e pelo pensamento discursivo, explorando o poder simbólico, poético e sensível de expressão e comunicação humana. Arte é uma produção social que afeta o meio extra-artístico, ao mesmo tempo em que é afetada por ele. As diferentes produções no campo da Arte estão impregnadas pelas relações vivas estabelecidas na interlocução entre produtor-obra-espectador e o meio social mais amplo. (1)
Arte e vida são polos indissociáveis da existência humana. A partir de uma perspectiva sócio-histórica, Vygotsky ressalta o papel das interações entre os sujeitos, o meio e os objetos de cultura como base para a atividade criadora da imaginação e de produção artística, uma vez que toda obra criada está inserida no fluxo da história e se apoia nas experiências e criações que a precederam.
Produção artística: Tanto as descobertas científicas como as produções artísticas não surgem do nada, não são frutos de geração espontânea ou da criação individual de uma mente genial. 
No campo da produção artística, destacamos a relação dinâmica entre o artista, a obra produzida e o espectador. A experiência do processo de produção da obra se completa com a experiência de fruição da obra pelo expectador. É nesse diálogo que o objeto artístico se constitui como uma forma materializada da inter-relação estabelecida entre criador e contemplador, inseridos no contexto sócio-histórico. 
Desta forma, o processo de criação é o resultado deste processo, ou seja, qualquer invenção é fruto de sua época e de seu ambiente, de parte das condições já alcançadas e de outras possibilidades, que são encontradas fora de seu criador. 
O ato de criar e imaginar não se limita à reprodução de imagens historicamente constituídas, pois é a partir das experiências históricas e culturais, de pensamentos, imagens e expressões que o homem cria.
A Arte na Escola: Ao longo da história da educação no Brasil, reconhecemos diferentes concepções sobre o papel da arte na educação, que foram traduzidas em propostas pedagógicas com objetivos e métodos diversificados.
Explorando a livre expressão, o conhecimento em Arte, o conhecimento mediado pela experiência com as linguagens da arte e o desenvolvimento da consciência estética estaremos ampliando as possibilidades de construção de sentidos e significados mediados pelas linguagens artísticas, e o reconhecimento da importância da arte na educação e na vida.
Você sabe qual é o papel da arte na escola?: Ao pensar sobre o papel da arte na escola destaca-se que, nesse contexto educacional específico, a valorização da livre expressão e o convívio com as produções artísticas são caminhos importantes para a construção de um projeto pedagógico que vise a formação do ser humano, onde o sentir, o pensar e o agir sejam igualmente valorizados para sua constituição, como sujeito inteligente e sensível, e para sua inserção e atuação na sociedade. A mediação da escola e dos educadores pode e deve facilitar o desenvolvimento da criatividade e a livre expressão de todos os educandos, respeitando suas características e potencialidades
Aula 03: Transformaçõesno Ensino da Arte no Brasil
O Ensinar e Aprender Arte: O resgate da história que envolve a relação do homem com as diferentes manifestações artísticas e as diferentes formas do ensinar e aprender arte contribui para que possamos conhecer a trajetória, desvendar influências e melhor compreender o nosso próprio tempo histórico e as propostas que fundamentam e orientam atualmente o campo da Arte/Educação. Uma questão central é como se desenvolve a produção e o processo de ensino-aprendizagem da arte em diferentes épocas no contexto social e educacional brasileiro
A arte como linguagem esteve sempre presente na história da humanidade. Veja. As primeiras manifestações artísticas produzidas pelo homem no interior das cavernas datam do tempo da Pré-História. São desenhos e pinturas que ficaram registrados, resistiram à ação do tempo e possibilitam ao homem o tecer da sua própria história, a partir da pesquisa sobre esses registros.  Vestígios deixados pela civilização pré-histórica levaram os historiadores a supor que, neste período, surgiram as primeiras atividades educativas organizadas envolvendo o ensino das artes visuais.
A Influência dos Jesuítas no Ensino da Arte: Você sabia que antes da chegada da Missão Francesa no Brasil, em 1816, os missionários católicos eram os responsáveis pela orientação artística no Brasil? A Igreja Católica os enviava para o Brasil com o objetivo de catequização e também os incumbia de transmitir e ensinar as técnicas artísticas, de acordo com a tradição barroca. O ensino das artes plásticas era informal e baseava-se na transmissão oral e anônima, tendo na tradição familiar uma grande aliada, já que a técnica costumava ser transmitida de pai para filho.
Sob influência da educação dos jesuítas, que controlaram o sistema educacional brasileiro desde o descobrimento até 1759, a filosofia e metodologia que, inicialmente, foram orientadoras do ensino da arte no Brasil, não consideravam a arte como uma atividade com importância em si mesma, mas como um instrumento para modernização de outros setores.
Estilo Barroco: Segundo Durand (1989), o estilo Barroco predominou na Europa entre os anos de 1550 até 1700 e servia aos interesses da Igreja Católica que, naquele período, perdia adeptos para outras religiões e via a obra de arte como possível veículo de catequese pela linguagem visual. 
Atingiu o auge no Brasil, entre 1763 e 1822, período que se inicia com a mudança da capital nacional para o Rio de Janeiro e termina com a proclamação da Independência do Brasil. 
Sendo um estilo carregado de dramaticidade e movimento, adequava-se à criação e construção de igrejas, pinturas e estátuas por artistas que pretendiam despertar as emoções do observador, envolvendo-o com o trabalho de arte. A arte encontrava-se, então, a serviço da Igreja e o conteúdo das produções artísticas eram os temas religiosos. A forma de exploração desse conteúdo pelo artista baseava-se na utilização de ornatos e linhas curvas, que transmitiam a sensação de movimento e, também, pelo emprego de fortes contrastes de claro e escuro nas representações dos sentimentos dramáticos das figuras desenhadas, pintadas ou esculpidas.
As Influências da Chegada da Missão Francesa no Brasil:No Brasil, o ensino formal da arte foi iniciado com a chegada da Missão Francesa e a fundação da Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 1816, por D. João VI. (2)
Academia Imperial de Belas Artes: De acordo com Barbosa (1978), o ensino das artes plásticas surge no Brasil seguindo a concepção e o modelo europeu, ou seja, a partir da pedagogia tradicional, que privilegia o ensino do desenho como base para o desenvolvimento de habilidades técnicas e gráficas, como forma de treinamento da coordenação motora, visando à formação técnica de mão de obra.
Desde a fundação da Academia até o início do século XX, não ocorreram transformações significativas nesta área e a educação artística continuou basicamente reduzida ao ensino do desenho, orientada por uma metodologia que não explorava ou valorizava o potencial criativo e expressivo dos alunos. 
Os conteúdos das aulas e os modelos a serem copiados eram selecionados pelos professores, que atuavam de forma diretiva e autoritária. Utilizavam o recurso da repetição como garantia de fixação dos conteúdos, tendo como objetivo “exercitar a vista, a mão, a inteligência, a memória, o gosto e o senso moral. Segundo esta abordagem, o maior interesse está no produto do trabalho escolar e a relação professor e aluno é bem mais autoritária.  Além disso, os conteúdos são considerados verdades absolutas” (Ferraz & Fusari, 1993).
Deste período até os dias de hoje, o processo de ensino-aprendizagem neste campo apresentou características variadas e foi desenvolvido de acordo com os movimentos socioculturais e com as correntes educacionais que prevaleceram nas diferentes épocas.
A Influência do Modernismo no Ensino da Arte: Transformações mais significativas no processo de ensino-aprendizagem da arte surgiram sob influência do Movimento Modernista no Brasil, no início do século XX.
O Movimento Modernista, foi organizado com o objetivo de transformar o terreno da cultura e do pensamento da época, a partir da pesquisa e experimentação artística, visando à construção de uma identidade cultural e artística tipicamente brasileira.
No campo da educação, autores como John Dewey, Viktor Lowenfeld e Herbert Read, influenciados pelo movimento da Escola Nova, publicaram importantes obras que destacam a contribuição da arte na educação, numa perspectiva de valorização da livre expressão. 
O princípio de uma pedagogia nova no ensino da arte não chegou a ser absorvido como fundamento teórico-metodológico do sistema educacional brasileiro como um todo, porém, foi a partir daí que observamos o surgimento de algumas experiências de artistas e educadores que marcaram a trajetória da Arte/Educação no Brasil.
A Obrigatoriedade do Ensino da Arte nas Escolas: a Lei 5.692 e a LDB nº 9.394: Os princípios difundidos pelas Escolinhas de Arte e pelos artistas e educadores envolvidos com esse movimento influenciaram a prática de ensino da arte nas escolas e, até os dias de hoje, encontramos propostas que priorizam a livre expressão do educando, o deixar fazer, sem nenhuma interferência ou mediação do educador nesse processo.
Essa concepção espontaneísta valoriza ao extremo o processo de criação sem preocupação com os seus resultados, o que pode acarretar uma prática descompromissada com os conteúdos específicos das linguagens artísticas e o não reconhecimento do papel do educador como mediador desse processo de construção de conhecimento no campo específico da Arte.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte (PCNs-Arte), fica determinada a alteração da nomenclatura com a nova designação da área por Arte, e não mais Educação Artística, com sua inclusão na estrutura curricular como área com conteúdos próprios ligados à cultura artística, e não apenas como atividade.
Esse novo enfoque aborda a arte como conhecimento e destaca sua importância na escola e na vida.Reconhece que, como patrimônio construído pelo homem ao longo da história, a arte é patrimônio cultural da humanidade e a escola deve também ser responsável por garantir o acesso a esse conhecimento a todos os alunos.
Aula 04: Pressupostos da Arte/Educação no Contexto Atual
A arte vem sendo reconhecida, cada vez mais, como uma importante linguagem expressiva e como campo de conhecimento que contribui significativamente para a formação do ser humano, no contexto educacional brasileiro.
Ao longo dos anos 1980 e 90, o campo da Arte/Educação recebeu maior atenção e apoio com o aumento do número de pesquisas, publicações, congressos e seminários sobre o tema, além dos cursos de pós-graduação e de formação de professores especializados nas diferentes áreas de Música, Teatro, Artes Visuais e Dança.
O movimento da Arte/Educação vem sendoreconhecido como uma manifestação organizada de profissionais que buscam novas metodologias de ensino e aprendizagem neste campo
Mesmo com a maior conscientização e organização desses profissionais, ainda hoje ocorre uma diferenciação entre as práticas pedagógicas do ensino da arte, que se traduz na diversidade de propostas desenvolvidas pelos professores responsáveis pelas disciplinas de Artes Visuais, Música, Teatro e Dança.
O Contexto Atual:A Proposta Triangular foi, inicialmente, apresentada e difundida, no contexto educacional brasileiro, pela arte-educadora Ana Mae Barbosa. Ao longo dos anos 90, esta discussão ganha força com a adesão de vários outros pesquisadores e arte-educadores, que contribuíram com suas experiências práticas e reflexões teóricas para a revisão da prática pedagógica, desenvolvida na disciplina Educação Artística, visando o resgate do conteúdo específico dessa disciplina, que é a própria Arte.
Tanto o processo de criação artística como o produto desse processo são valorizados. A obra produzida é resultado da experiência de seu fazer e mantém uma relação intrínseca e de interdependência com o desenrolar desta experiência.
Assim, o foco de atenção centrado apenas na transmissão de conteúdos ou na realização de um produto artístico final é redimensionado e se reorienta, voltando sua preocupação para a relação entre o desenvolvimento do processo de criação do aluno e o resultado desta produção, ou seja, a obra artística. (3)
A Mediação do Educador no Processo de Criação e Conhecimento em Arte: O processo de criação humana envolve tanto o intelecto como a emoção, ou seja, é na articulação entre pensamento e sentimento, entre cognição e linguagem, que o homem desenvolve seu potencial criador nos diferentes campos do saber e nas diversas áreas de atuação.
O processo de criação humana envolve tanto o intelecto como a emoção, ou seja, é na articulação entre pensamento e sentimento, entre cognição e linguagem, que o homem desenvolve seu potencial criador nos diferentes campos do saber e nas diversas áreas de atuação.
Aula 05: O Ensinar e Aprender as Artes Visuais
As Linguagens Artísticas: O campo da Arte e suas diferentes linguagens são como possíveis desvios metodológicos. Estes desvios viabilizam outro tipo de aproximação e exploração do universo que permeia o processo do ensino-aprendizagem, no contexto escolar, e motiva a pesquisa de uma prática pedagógica que aproxime o campo das linguagens artísticas com as demais linguagens e outros campos do saber.
O campo da Arte e suas diferentes linguagens são como possíveis desvios metodológicos. Estes desvios viabilizam outro tipo de aproximação e exploração do universo que permeia o processo do ensino-aprendizagem, no contexto escolar, e motiva a pesquisa de uma prática pedagógica que aproxime o campo das linguagens artísticas com as demais linguagens e outros campos do saber.
Educação em Arte: A mediação do processo de criação e a construção de um espaço facilitador e motivador da reflexão, produção, fruição e conhecimento da linguagem artística deve ser objetivo da escola. 
A prioridade não está na formação de um artista ou apenas na formação técnica do aluno, mas na viabilização do acesso ao conhecimento do campo da Arte e da experiência sensível da criação artística que possam contribuir para despertar e estimular a formação de um olhar mais inteligente, crítico e sensível sobre a realidade. Neste sentido, tomamos a linguagem artística explorando sua potencialidade como prática mobilizadora de diferentes formas de olhar, revelar e compreender a realidade.
A educação em Arte e pela arte pode abrir um vasto campo de experiências sensíveis. Estas contribuem para desvelar, ampliar e propor desafios estéticos a partir de experiências lúdicas, cognitivas e sensíveis, e que envolvam a produção, fruição e o conhecimento no campo específico da arte e em outras áreas de conhecimento.
Através da experiência de criação artística nas Artes Visuais, no Teatro, na Música e na Dança, encontram-se outras possibilidades de produção de significados, de criação de narrativas materializadas em diferentes suportes, de exploração da intertextualidade, de mobilização das relações humanas.
As Artes Visuais e os Diferentes Modos de Ver e Representar o Mundo: Ao longo de toda sua existência, o homem demonstrou a necessidade de se comunicar e expressar por imagens visuais.
Acompanhando sua evolução e os avanços tecnológicos, observamos que imagens foram produzidas, pesquisadas, manipuladas e registradas com a utilização de vários recursos naturais, artesanais, ópticos, mecânicos, tecnológicos, que foram e continuam sendo explorados de forma dinâmica e intercambiada. 
Desde a Pré-História, o homem vem pesquisando diferentes recursos materiais e técnicos, o que possibilitou a ampliação de seu universo de representação e produção de imagens visuais, materializadas
através do desenho, pintura, fotografia, cinema, computador, dentre outros meios.
No contato com essas produções imagéticas, podemos conhecer os modos de aproximação da realidade que o homem vem explorando ao longo de sua história. A fruição, leitura e análise dessas imagens propiciam uma experiência subjetiva de conhecimento do mundo, uma vez que, “nas marcas do visível, é possível ver os efeitos das opções culturais” (Pillar, 1999, p.130).
o homem e suas manifestações na arte e na cultura: Com o advento da modernidade, inúmeras e velozes foram as transformações ocorridas nos diferentes campos da sociedade que, consequentemente, afetaram os diferentes modos de subjetivação do homem e suas manifestações na arte e na cultura. Para melhor acompanharmos este processo, é preciso compreender como a apropriação das novas tecnologias redimensiona as formas de expressão e comunicação do homem moderno e como repercute, ainda hoje, nas formas de organização da sociedade contemporânea.
Segundo Jobim e Souza (2000a; 2000b), para construir uma consciência plena dessas transformações, deve-se elaborar uma história do olhar, visando à compreensão das formas de mediação dos novos instrumentos e tecnologias. Isto porque estes instrumentos atuam como mediadores deste olhar ao se interporem entre o sujeito e o modo como passou a se acercar da materialidade do mundo, de suas manifestações culturais e subjetivas.
Exemplo disso são as transformações ocorridas na modernidade, tema amplamente abordado pelo filósofo Walter Benjamin (1987a): “na era da reprodutibilidade técnica, percebemos que a invenção da fotografia veio alterar radicalmente este quadro, afetando diretamente a relação do homem com a arte e a produção de imagens. A superação do caráter único das coisas, através da possibilidade de sua reprodução, permitiu ao homem moderno o crescimento de seu desejo de possuir o objeto o mais próximo possível, o que concretamente tornou-se viável com a representação da imagem na fotografia. Essa descoberta inaugura toda uma nova concepção da arte, na qual sua aura – entendida como o caráter único, singular das obras de arte – é destruída. A obra de arte deixa de ser única, pois as novas técnicas de reprodução passam a permitir multiplicações infinitas do objeto, lhe conferindo uma existência serial”.
Desde 1826, quando Daguerre inventou o primitivo aparelho de fotografia, foram observadas várias transformações e criações tecnológicas que permitiram o aperfeiçoamento das inúmeras possibilidades de registrar e fixar imagens.(4)
Esta descoberta nos remete a invenções anteriores, a recursos tecnológicos criados nos séculos XV e XVI, como a câmera obscura, a perspectiva monocular e objetiva, e ao modelo de imagem construído no período do Renascimento. Estes recursos forneceram a pesquisa e o conhecimento básico no campo da ótica para a construção das tecnologias de produção “automática” de imagens.
Após a fotografia, surgiram muitos outros processos de fixação, produção e multiplicação da imagem, Os avanços tecnológicos da era moderna contribuíram para tornar mais dinâmico o modode produção de imagens
Nesta nova linguagem audiovisual, passam a conviver novas e múltiplas linguagens no campo de produção e comunicação de conhecimentos e ideias. 
Este novo contexto imagético requer um outro olhar sobre a realidade que nos cerca, a fim de que possamos desvelar seus mistérios e significados, compreendendo como nos é traduzido e revelado os modos de ser na chamada “civilização da imagem” (Aumont, 1995).  Podemos, assim, afirmar que “depois da fotografia a experiência humana não é mais a mesma, pois conquistamos uma consciência cultural e subjetiva do mundo que nos transformou de forma radical” (Jobim e Souza, 2000b).
Proposta Metodológica de Ensino das Artes Visuais: Conscientes desta multiplicidade de formas de ver e representar o mundo atual, e mergulhados neste universo imagético contemporâneo, somos desafiados a repensar as propostas de trabalho com as artes visuais e a questão da visualidade no contexto escolar. Através de uma metodologia adequada de ensino das artes visuais, podemos abrir o diálogo crítico e reflexivo sobre o contexto sócio-histórico e cultural contemporâneo, aonde a imagem permeia nosso cotidiano, de múltiplas e diferentes maneiras. 
Trazer essa questão para a sala de aula é uma das possíveis formas de provocarmos uma reflexão crítica sobre a constituição do sujeito no mundo contemporâneo, sobre sua relação com o mundo físico e social, sobre as transformações artísticas e culturais.
Através de interferências planejadas e adequadas, o educador poderá facilitar ao educando o conhecimento cada vez maior a respeito de si mesmo e da arte, valorizando seu papel na sociedade.
Aula 06: O Ensino da Arte e as Novas Tecnologias
Você já observou que são inúmeras as inovações tecnológicas surgidas com a informatização de diferentes setores da sociedade contemporânea? 
Estas inovações determinaram novos padrões de percepção do homem afetando diretamente seu corpo, as relações sociais e toda produção humana.Apesar da tensão entre estas diferentes análises, é possível perceber que a utilização das diferentes tecnologias informáticas já penetra, de alguma forma, na vida cotidiana de todas as camadas sociais
Conheça duas diferentes análises sobre este fenômeno de informatização da sociedade.
Análise pessimista: Segundo algumas interpretações mais pessimistas, as novas tecnologias terminam por contribuir para a uniformização do mundo e para a perda do sensível. 
Análise otimista: Nesta perspectiva, as tecnologias são as ferramentas e os instrumentos que viabilizam o encurtamento das distâncias e a aproximação entre diferentes sujeitos e contextos.
A inclusão das novas máquinas e a necessidade de interagirmos com elas para as ações mais banais do cotidiano estão contribuindo, também, para alterações de outra ordem. 
Neste contexto, é possível observar o surgimento de outras opções de procedimento de trabalho no campo da Educação e da Arte, assim como novas relações com esses instrumentos que apontam para diferentes horizontes lógicos e poéticos e chamam para uma renovação de temas, conteúdos e vias de criação.
No horizonte cultural contemporâneo, por exemplo, surgem novas potencialidades no universo da representação por imagens que recebem influência direta das tecnologias digitais.
A fotografia permite que o homem inaugure a era da reprodutibilidade técnica da imagem. Com isso, muitas outras descobertas se somam a este recurso e ampliam suas possibilidades expressivas e de comunicação.
Com a invenção do cinema, o homem conquista a automatização do movimento. 
O homem consegue a transmissão instantânea da imagem e o seu armazenamento em fita magnética com a televisão e o vídeo, respectivamente.
A informática chega, juntando-se às tecnologias anteriores, para ampliar as possibilidades permitindo a manipulação digital da imagem em tempo real, produzindo a realidade virtual.
Todas estas descobertas alcançam uma dimensão social e influenciam novas conformações na sensibilidade estética, nas manifestações artísticas e culturais, assim como no ensinar e aprender arte. 
Na terceira fase da Revolução Industrial, é possível observar um salto qualitativo significativo e revolucionário em relação a diferentes aspectos socioculturais.Conheça, agora, os diferentes processos de produção de imagens ao longo da história. (5) 
A invenção da fotografia inaugurou outro modo de reapresentação do mundo e trouxe um novo princípio estético baseado na relação homem-máquina que marca uma diferente relação com o campo da percepção puramente humana. 
Para que você compreenda melhor este processo instaurado pela fotografia (nos modos de ver, compreender e representar o mundo), conheça as reflexões de Santaella (1994). A autora aponta para três paradigmas básicos, que definem os traços determinantes da produção de imagens, denominados: pré-fotográfico, fotográfico, pós-fotográfico.
Paradigma pré-fotógrafo: Diz respeito às imagens produzidas artesanalmente e que dependem fundamentalmente da habilidade manual do homem em criar formas visíveis, tais como, o desenho, a pintura, gravura e escultura. 
A analogia da imagem pré-fotográfica com o imaginário se deve ao fato de que esta imagem é fundamentalmente ilusionista e mítica: “ilusionista, na sua pretensão de completude, e inteiramente mítica na sua suspensão do tempo, de cuja duração, a pintura, por exemplo, extrai sua espessura” (Santaella, 1994, p.40). É um tipo de imagem produzida por um sujeito individual e que se destina à contemplação, a capturar o imaginário do observador.
Paradigma fotógrafo: Esse paradigma fotográfico se refere às imagens que dependem da intermediação de uma máquina de registro que capta e fixa a imagem do mundo real e visível. Ele inaugura o entrechoque entre o imaginário e o real, pois a partir dele observamos a defasagem e o descompasso entre o ritmo do mundo e a capacidade do registro. Santaella afirma que, “quanto mais um aparelho ou máquina se aperfeiçoa no registro mimético dos objetos e situações, mais evidente se torna sua impossibilidade de ser igual àquilo que registra”.
Paradigma pós-fotográfico: Engloba as imagens sintéticas ou infográficas, inteiramente calculadas por computação. Como diz Santaella, estas imagens “não são mais, como as imagens óticas, o traço de um raio luminoso emitido por um objeto preexistente – de um modelo – captado e fixado por um dispositivo fotossensível químico (fotografia, cinema) ou eletrônico (vídeo), mas são a transformação de uma matriz de números em pontos elementares (os pixels) visualizados sobre uma tela de vídeo ou uma impressora.”
Desta forma, o simbólico relaciona-se à imagem pós-fotográfica, pois para se criar a imagem de um objeto basta a determinação aritmética de um cálculo. Não se exige neste processo “a co-presença da coisa, do olho e da imagem no espaço de tempo ideal da tomada de visão” (Santaella, 1994, p.40).
As imagens caracterizadas segundo os três paradigmas que você estudou anteriormente, convivem e se inter-relacionam no mundo contemporâneo definindo padrões imagéticos na civilização da imagem (Aumont, 1995).
Diante disso, é possível que você esteja se fazendo as seguintes perguntas: Como a fotografia digital foi incorporada na vida cotidiana?
Como a possibilidade de produção de imagens através de vários meios como, por exemplo, câmeras fotografias digitais e celulares, influencia nas interações sociais, na construção de conhecimentos, na produção artística e cultural, e na constituição de subjetividades?
Ao favorecer o contato com diferentes meios tecnológicos, a escola pode possibilitar a busca de adaptações e recursos tecnológicos mais adequados, não só, para a utilização e realização expressiva de cada educando, mas também, para que educadores e educandos possam entrar em contato com outras ferramentas e os diferentes contextos sócio-históricos em que foram produzidas.
Como educadoresinseridos no mundo contemporâneo, nosso desafio é nos aproximarmos das novas tecnologias e dos meios de comunicação (televisão, vídeo, fotografia, computador, videogame, internet etc.), que também fazem parte da grande maioria das crianças e jovens, explorando a possibilidade de ampliação dos saberes mediados por essas tecnologias.
Segundo Ferraz&Fusari (2009, p.71), como educadores devemos “incluir e educar a capacidade de julgar e avaliar as atividades e as experiências em todas as linguagens consideradas como meios de comunicação e expressão”.
 No contato com as produções veiculadas pelo cinema, televisão, computadores e outros meios, o educando pode ser estimulado a trabalhar sua imaginação, a fantasia e o domínio dos sistemas simbólicos e a leitura crítica dos meios culturais. Pode, também, encontrar um vasto campo de pesquisa para o desenvolvimento de seu processo criador, utilizando esses recursos como meios expressivos e de produção artística.
Aula 07: O Teatro na Escola
O trabalho com as diferentes linguagens artísticas na escola, além de resgatar a dimensão estética da educação, procura garantir o ensino e a aprendizagem da arte como campo do saber e sua possível integração com as demais áreas de conhecimento do currículo.
O teatro é uma das linguagens artísticas que, trabalhada no espaço da escola, promove ao educando a possibilidade de explorar a linguagem simbólica e suas potencialidades expressivas e de comunicação.
No contato com as produções teatrais, o educando é estimulado a: conhecer outras culturas; reconhecer diferentes formas de narrar a história; perceber os modos de ser e compreender o mundo, que foram construídos pelo homem ao longo de sua história. 
A linguagem teatral abre outro caminho para educadores e educandos realizarem uma leitura crítica sobre a produção artística e cultural da humanidade, percebendo e compreendendo como o homem vivencia o contexto sociocultural ao seu redor e como se relaciona com ele.
Através da experiência com a linguagem teatral, o educando compartilha ideias e sentimentos e, ao mesmo tempo, exercita o autoconhecimento e o diálogo com o outro.
De maneira singular, o teatro contribui para o resgate da nossa própria história e para o conhecimento do homem e do mundo, em diferentes épocas e contextos.
A experiência com o teatro possibilita ao educando a vivência de outras identidades por meio da representação ou da criação de personagens. O desenvolvimento de uma prática educativa do teatro, que considere tanto os fatores emocionais e expressivos como os relacionados com a cognição e o senso crítico, permite a construção de uma proposta que valorize tanto a expressão criadora como a formação de plateia, ou seja, a formação de um espectador/observador mais sensível e crítico, conhecedor, fruidor e decodificador da produção no campo da linguagem teatral (Martins&Picosque&Guerra, 1998).
Através dessa linguagem simbólica, o educando pode se colocar no lugar do outro. É mobilizado a construir narrativas simbólicas, a contar histórias que falam de si próprio e do outro, a vivenciar personagens através do jogo dramático, proporcionado pela vivência teatral.
O teatro, no contexto escolar, propicia um caminho de aprendizado da vivência em grupo, do exercício de criação coletiva, de compartilhar diferentes pontos de vista com a finalidade de alcançar um objetivo em comum.
O teatro envolve a participação de todos os alunos em várias etapas do processo de construção coletiva e permite que cada um possa descobrir e explorar suas potencialidades a favor de um fazer coletivo.
O objetivo do teatro na escola não é a profissionalização do educando para ser um ator profissional, mas proporcionar ao aluno a vivência dessa linguagem artística, apropriando-se dela no seu universo cultural.
O trabalho com os jogos dramáticos e a improvisação são possibilidades, que você como educador, pode desenvolver com o objetivo de favorecer o contato dos educandos com a linguagem teatral e com os elementos básicos dessa linguagem.
Através da linguagem teatral, o aluno é convidado a ressignificar o mundo e as coisas do mundo poetizando-as através da imaginação e da fantasia.
Na experiência mediada pelo educador, o aluno apreende a estrutura da linguagem teatral e seus elementos constitutivos, lendo e produzindo a ação dramática, construindo o espaço cênico, vivendo o personagem, explorando a relação palco/platéia
Ao atuar numa ação improvisada, o aluno pode explorar diferentes recursos cênicos, tais como máscaras, figurinos, maquilagem, iluminação, sons, objetos e textos de diferentes gêneros (dramáticos, narrativos, poéticos, jornalísticos etc.).
No desenvolvimento dos jogos dramáticos e nas improvisações, muitas vezes, é possível observar que há uma tentativa de incorporação de dados da vivência real dos alunos, de suas características pessoais de comportamento, de sua aparência física e de seus desejos na elaboração dos personagens.
Na interação do grupo, os alunos criam histórias que falam das suas próprias experiências, de suas vivências no cotidiano e, através da linguagem simbólica, falam de si, de cada um dos participantes e das relações intersubjetivas estabelecidas no grupo. O jogo dramático, o faz-de-conta, como outra forma de linguagem, baseada na imaginação e na fantasia, permite a aproximação da realidade, sua incorporação e reelaboração a partir do lúdico, da imaginação e do simbólico.
Segundo o filósofo Walter Benjamin (1984), o lúdico e a brincadeira são campos fundadores da experiência humana, que devem ser explorados como caminho de expressão e formação da personalidade.
 As narrativas, o brincar, as criações culturais, pertencem ao reino intermediário entre psique e realidade e participam de ambas as dimensões.
psique; Na psicanálise e em Benjamin, encontramos o sonho e a obra de arte possibilitando o encontro dos tempos presente, passado e futuro (...). Para Benjamin, o sonho, matéria-prima da fantasia e da obra de arte, liga o passado e o presente, e nos orienta para um despertar futuro. Mas, não é só o indivíduo que sonha, senão as épocas também, e “cada época sonha não somente com a seguinte, mas ao sonhá-la, a força a despertar” (Benjamin, 1986a, p.162). 
Em um circuito de interações entre os sonhos individuais e coletivos, os indivíduos apropriam-se de aspectos da cultura, elaboram-nos oniricamente, e devolvem-nos à cultura como desejos objetivados. O narrador teria acesso aos sonhos coletivos de diferentes épocas, e suas produções possibilitariam o encontro entre os agoras passados, presentes e futuros (Schweidson, 1996, p.104).
Benjamin nos fala da importância do brincar como origem das experiências narráveis e da criatividade como forma da criança viver plenamente sua infância, exercitando seu potencial lúdico e sua imaginação. O autor valoriza a improvisação teatral como lugar de onde emergem pistas para a construção de uma linguagem mimética criativa e revolucionária.
O autor valoriza a improvisação teatral como lugar de onde emergem pistas para a construção de uma linguagem mimética criativa e revolucionária.
Com a mediação do jogo dramático, do lúdico, da fantasia e da imaginação, a explicitação de seus pensamentos é facilitada e os alunos falam de assuntos que não conseguem abordar de outra forma, a não ser a partir da produção e mediação das formas simbólicas.
No diálogo produzido durante a elaboração e fruição dessas formas simbólicas, são construídos outros caminhos de acesso a questões mais subjetivas, à expressão de suas ideias, emoções, sentimentos e conflitos (Lopes, 2005).
Segundo os PCNs de Arte (2001), a escola deve ser um espaço facilitador da relação da criança com a linguagem teatral.
Através de um projeto pedagógico que priorize o exercício da atividade teatral no cotidiano escolar, é possível contribuir para:
• o desenvolvimento global do educando;
• o processo de socialização consciente e crítico;
• a convivência democrática;
• a atividade artística com ênfase na experiência estética do educando inserido na cultura e como produtorde cultura.
A mediação adequada do educador é essencial para o desenvolvimento da potencialidade expressiva do educando. Para isso, é fundamental você conhecer as diferentes fases de desenvolvimento da linguagem dramática da criança e sua relação com os processos cognitivos.
Em um primeiro momento, a criança se expressa através dos jogos dramáticos com caráter de improviso, sem cuidados com acabamento, pois seu interesse maior está na relação entre os participantes e no prazer do jogo.
Gradualmente, a criança demonstra um domínio maior sobre os elementos constitutivos da linguagem e passa a elaborá-la com maior preocupação de detalhes em relação aos cenários, figurinos, objetos cênicos, organização e sequência da história.
Cabe à escola e ao educador a mediação do processo de desenvolvimento da potencialidade expressiva do educando, acompanhado cada etapa e oferecendo de forma adequada todo o suporte, conhecimento e estímulo que o pleno exercício da atividade teatral exige, para que os educandos possam reconhecer suas potencialidades e explorar a linguagem teatral como forma de produção artística e cultural.
Aula 08: A Música na Escola
Desde épocas remotas o homem se expressa através da música, ou seja, através da produção e combinação de sons e silêncios utilizando-se de diferentes recursos.
Através da transformação dos sons em músicas, o homem produz significados sonoros e delimita um campo expressivo e de comunicação. 
Essa produção musical reflete o contexto sociocultural no qual foi produzida, já que os critérios de seleção e utilização de diferentes tipos de sons na música estão relacionados à época e à cultura de quem cria. E, também, a apreciação e compreensão que se tem sobre essa produção é construída na interação social.
De acordo com Brito (2003, p.25), “a linguagem musical tem sido interpretada, entendida e definida de várias maneiras, em cada época e cultura, em sintonia com o modo de pensar, com os valores e as concepções estéticas vigentes”.
Você já sabe que a linguagem musical é uma forma de expressão do homem desde épocas remotas, mas você sabe qual é a importância desse recurso dentro do campo de ensino da Arte?
Dentro do campo de ensino da Arte, a música é compreendida como forma de representação simbólica do mundo, como uma linguagem com campo específico de conhecimento que pode e deve ser construído por todos os educandos. 
Viabilizar o acesso dos educandos ao acervo de produções musicais que encontramos nas diferentes épocas e contextos é uma importante estratégia para ampliar seu conhecimento sobre diferentes sociedades e culturas, como também, contribui para estimular a investigação, a produção e ampliar os meios e as mediações para o fazer musical
Estamos inseridos em um determinado contexto sociocultural, imersos em estímulos sonoros que podem ser explorados como ponto de partida e ampliados no processo de educação musical.
Desde bebê, ainda no ventre materno, recebemos estímulos sonoros e a eles respondemos de diferentes formas. Após o nascimento, a criança passa a reconhecer os sons produzidos por diversas fontes e passa a fazer imitações. São múltiplos os estímulos que a criança recebe e, com o passar do tempo, passa a selecionar os sons mais agradáveis e a construir seu próprio repertório sonoro. Essas primeiras descobertas são importantes para a sua educação. A ampliação dessas primeiras experiências com o campo de produção sonora e musical depende da mediação de novas e estimulantes experiências que favoreçam o conhecimento da linguagem, a percepção e a criação musical. Essa articulação de propostas visa o desenvolvimento da capacidade de expressão e comunicação da criança através da música.
E você sabe é qual o papel do educador na ampliação das experiências da criança com o campo de produção sonora e musical?
O papel do educador nesse processo é importante, na medida em que, pode transformar a relação do educando com a música, de forma lúdica e criativa, através de propostas que motivem a investigação dos elementos sonoros, da criação e do exercício de percepção do vasto universo sonoro que nos envolve. 
Diferentes estímulos podem ser trabalhados como elementos básicos criadores de sons e de música, tais como, os ruídos do cotidiano, da natureza e do próprio corpo humano, além dos instrumentos mais tradicionais.
O desenvolvimento da musicalidade e das potencialidades no campo musical pode e deve ser estimulado em todas as crianças. Esse desenvolvimento contribui para sua capacidade de concentração, habilidade motora, percepção auditiva e de criação, além de possibilitar o conhecimento específico da linguagem e a expressão através da música.
As práticas de ensino da música são diversas e orientam-se a partir de diferentes fundamentos teóricos e metodológicos. Segundo Mendes&Cunha (2001, p.85), esses fundamentos se apóiam em três bases filosóficas. Conheça cada uma delas.: No ensino tradicional, a ênfase está na prática de um instrumento, no domínio da escrita e na leitura musical, na teoria e história da música. O objetivo central é o domínio de habilidades e informações pelo aluno. Para tal, os conhecimentos são transmitidos pelo professor que espera não ser questionado pelo aluno sobre sua finalidade, sobre o critério de seleção dos conteúdos e conhecimentos transmitidos.
Já no ensino musical centrado na criança, que surge como proposta no Brasil a partir de século XX, a ênfase está na expressão, no sentimento e na descoberta que o aluno possa realizar. A partir da concepção de que o aluno é construtor de seu próprio conhecimento, são propostas atividades que envolvem composição e improvisação musical com o objetivo de desenvolver a criatividade e a autoexpressão de cada educando.
Ensino musical multicultural: No século XX, também, é possível observar o surgimento de propostas que procuravam se contrapor ao ensino tradicional e à influência européia no campo da música através do resgate e da ampliação do acesso do aluno às manifestações culturais e às tradições musicais asiáticas, africanas e de outros países fora do contexto europeu. 
Com isso, ampliaram-se o acesso ao jazz, pop e rock valorizando a diversidade cultural e a possibilidade de contato dos alunos com outros repertórios, instrumentos, formas de notação musical etc., evitando perpetuar tendências únicas e determinados idiomas musicais.
Ao longo do século XX, vários educadores dedicaram-se ao estudo e à pesquisa sobre novas propostas metodológicas de ensino da música e de musicalização, que se caracterizaram como um conjunto de concepções, procedimentos e/ou materiais utilizados de forma inovadora no campo educacional.
Conheça algumas experiências inovadoras de ensino da música no Brasil
Até a década de 1970, a educação musical nas escolas brasileiras resumia-se ao canto orfeônico, baseado no ensino de músicas folclóricas e hinos, com objetivo disciplinador e de desenvolvimento do espírito de civismo nos alunos. Essa proposta foi iniciada por Villa Lobos, em 1930, com o apoio do governo de Getúlio Vargas.
Somente na década de 90 reconhecemos uma maior consolidação do campo de ensino da música com o aumento do debate na área, com a produção e divulgação de documentos oficiais norteadores de propostas, com o maior número de cursos de formação de profissionais capacitados para o trabalho na área.
Além da orientação dada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o documento orientador Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte (2001) mostra uma maior preocupação com as influências do mundo tecnológico contemporâneo na adequação das propostas de trabalho com arte e educação.
No campo da música, os meios de produção e divulgação musical se modificaram com o advento das novas tecnologias de reprodução e armazenamento do som e, assim, influenciam no processo de ensino-aprendizagem e na criação musical contemporânea.
Essa possibilidade democratiza o acesso à produção musical e permite o maior convívio com um amplo repertório trazido para a sala de aula como material a ser trabalhado no ensino da música.
Destaforma, o diálogo sobre o campo de pesquisa e estudo da música se amplia e se enriquece com um debate contextualizado culturalmente.
Partindo do repertório trazido pelo educando, a escola pode contribuir para a ampliação de seu conhecimento musical, através de experiências que favoreçam a apreciação crítica, a produção e a interpretação musical, tomando o repertório do educando como referência e ampliando-o.
Segundo os PCNs de Arte (2001, p. 75), o convívio com a diversidade desse repertório musical “permite ao aluno a construção de hipóteses sobre o lugar de cada obra no patrimônio musical da humanidade aprimorando sua condição de avaliar a qualidade das próprias produções e as dos outros.”
Para a efetiva aprendizagem no campo da música, é preciso que o aluno tenha oportunidade de participar de experiências que o coloquem no papel de ouvinte, intérprete, compositor e improvisador musical.
Um trabalho que vise ao conhecimento dos educandos sobre os parâmetros básicos da música (duração, altura, timbre e intensidade do som) permitirá o desenvolvimento de seu processo de criação artística, composição, apreciação e interpretação musical.
Como você estudou anteriormente, o conhecimento dos parâmetros básicos da música permitirá ao educando, dentre outras habilidades, o desenvolvimento da composição musical.
O exercício de composição envolve o processo de criação do educando e a construção de um projeto musical orientado pelas escolhas pessoais e pela intenção de quem cria, Isso pode ser estimulado desde muito cedo, quando a criança brinca, com sons e silêncios e o adulto/educador exerce interferências nesse brincar provocando a pesquisa e a escuta mais consciente. Este processo pode e deve ser aprimorado durante toda vida escolar. Isso pode ser estimulado desde muito cedo, quando a criança brinca, com sons e silêncios e o adulto/educador exerce interferências nesse brincar provocando a pesquisa e a escuta mais consciente. Este processo pode e deve ser aprimorado durante toda vida escolar.
Pesquisando sons e silêncios, produzidos pela voz, pelo meio ambiente, por instrumentos musicais, por meio eletrônico ou por materiais sonoros não convencionais, o educando pode ser estimulado a criar suas próprias composições explorando infinitas combinações dos parâmetros básicos da música.
Nesta aula, você estudou que a música pode ser entendida como uma linguagem constitutiva do ser humano, forma de expressão simbólica e, que a educação musical possibilita a todos a construção de um conhecimento específico que envolve a percepção, a sensação, a experimentação, a imitação, a criação e a reflexão.
A mediação adequada do educador e a abertura da escola para as experiências facilitadoras desse processo são essenciais para o desenvolvimento do processo de ensinar e aprender música no contexto escolar.
Aula 09: A Dança no Contexto Escolar
Você sabia que, ao longo do tempo, a linguagem da dança tem lugar de destaque no campo das produções artísticas e na vida cotidiana de diferentes povos, em contextos e épocas distintos?
A expressão através da dança é uma necessidade do homem, desde tempos remotos, e caracteriza-se por ser um fato social. Diferentes temas e situações vividas pelo homem são reapresentados simbolicamente nas manifestações da dança.A dança é uma das primeiras manifestações simbólicas do ser humano.
Mesmo com algumas transformações sofridas por influências sociais de diferentes épocas e contextos, muitas formas de manifestação da dança foram preservadas pelo homem. Elas continuam a fazer parte do repertório repertório artístico e cultural que temos acesso nos dias de hoje e são reapresentadas em forma de espetáculo, ritual, celebração etc.
No contexto social atual, a dança ganha novos e diversos fins, tais como: lazer, educação, terapia, ritual, celebração religiosa, manifestação popular, cerimonial, dentre outros. A dança, compreendida como uma linguagem simbólica expressiva e de comunicação, faz parte das culturas humanas como manifestação integradora do corpo e da mente. 
Como um bem cultural, a dança é uma forma de expressão individual e coletiva que delimita novos caminhos de conhecimento e criação, mobilizando o ser humano de forma lúdica, inteligente, criativa e sensível. As relações entre dança, arte e vida inspiram a reflexão sobre os pressupostos que orientam a presença da dança no contexto educacional. Você estudará sobre esse tema ao longo da aula.
Como manifestação artística no contexto educacional, a dança é um vasto campo a ser explorado como caminho de construção de conhecimento, de exercício de consciência corporal, de desenvolvimento da capacidade de criação, de imaginação e de expressão criadora.
Através da linguagem da dança, é possível compreender a estrutura e o funcionamento corporal, investigar as potencialidades do corpo em movimento situado no tempo e no espaço e criar caminhos para a construção da autoimagem e da percepção do outro, que são aspectos fundamentais para o crescimento individual e coletivo.
No contexto escolar, as manifestações da dança ganham variadas versões e são construídas a partir de diferentes propostas apresentadas pelos educadores. A atitude do educador e suas concepções em relação ao processo de ensino-aprendizagem da dança são essenciais para a definição do trabalho.
Entenda o surgimento das primeiras formas de ensino da dança. As primeiras formas de ensinar dança surgiram na civilização ocidental, no final do século XII, nas cortes feudais, com a presença dos artistas trovadores que, com a intenção de divertir a corte, ensinavam os nobres feudais a dançar.
As primeiras formas de ensinar dança surgiram na civilização ocidental, no final do século XII, nas cortes feudais, com a presença dos artistas trovadores que, com a intenção de divertir a corte, ensinavam os nobres feudais a dançar.
Dessa forma, muitas tradições dançadas foram repassadas e mantidas durante décadas, com o recurso da transmissão oral de técnicas e estéticas.
No cenário atual, é possível observar que concepções da dança com técnicas fechadas foram preservadas até os dias de hoje. Porém, também, é possível constatar que transformações ocorreram nas formas de ensinar e aprender dança que refletem as influências da Dança Moderna e Contemporânea no campo da educação.
O educador que constrói sua proposta de trabalho levando em consideração essas influências amplia seu campo de ação e atua muito mais como um facilitador e mediador da experiência do aluno e de suas descobertas em relação à expressividade e livre criação.
Desta forma, este profissional está mais preocupado em possibilitar ao aluno sua aproximação e reflexão sobre a linguagem da dança como caminho para o conhecimento sobre si mesmo, sobre o outro e sobre a vida: “o que interessa como conteúdo da dança escolar são os elementos da linguagem criativa por meio do movimento”
Conheça informações sobre a dança no contexto educacional brasileiro: A música e a dança são linguagens marcantes da cultura brasileira e através das manifestações artísticas desse campo da arte somos reconhecidos e valorizados mundialmente. 
A dança e a música fazem parte do nosso dia a dia de diferentes formas: nas festas populares, nos rituais religiosos, nas atividades sociais, de lazer etc.
A ampliação das experiências com a linguagem da dança, que os alunos já trazem como experiência de vida para o contexto escolar, deve ser um objetivo central do trabalho pedagógico desenvolvido na escola.
Além do contato com os elementos básicos da dança e de suas diversas formas de manifestação, as aulas devem possibilitar que os alunos se expressem com o corpo, descobrindo suas potencialidades expressivas e criando formas simbólicas representadas no tempo e no espaço, através do corpo em movimento.
Em uma concepção de ensino-aprendizagem de dança, inspirada nas contribuições da Dança Moderna e Contemporânea, a função do professor é de mediar o processo de criação e produção do aluno, estimulando-o a pesquisar movimentos próprios:
01: A interferência do professor no processode ensino-aprendizagem da dança deve favorecer a reinvenção do gesto, a busca da harmonia com o próprio corpo e a pesquisa de uma dança pessoal, e não a repetição do aluno de um vocabulário preestabelecido ou estereotipado. 
Para tal, é preciso investir na construção de uma relação professor/aluno que favoreça a investigação sobre a linguagem corporal e o conhecimento da estrutura desse corpo e de suas potencialidades e limites.
02: O domínio da técnica não é o objetivo central da proposta, mas o caminho é o instrumento facilitador para que o aluno possa desenvolver a percepção de seu corpo no espaço e as possibilidades de movimento, de criação e de ritmos. 
De acordo com o pensamento de Klauss Vianna (2005, p.73), “a técnica na dança tem apenas uma finalidade; preparar o corpo para responder à exigência do espírito artístico.”
03: Esta concepção de ensino-aprendizagem da dança está distante das propostas mais tradicionais, nas quais a função do professor é a de reproduzir passos pré-definidos. Estes passos devem ser imitados pelos alunos, com ênfase no domínio da técnica e na repetição dos movimentos.
Uma proposta pedagógica de dança na escola deve ser construída a partir da observação das características dos alunos, de seu desenvolvimento motor e suas habilidades pessoais.
Segundo os PCNs de Arte (2001, p.68), o planejamento do professor deve ter como objetivos “estimular a pesquisa consciente a fim de ampliar o repertório gestual, capacitar o corpo para o movimento, dar sentido e organização às suas potencialidades”. 
Além disso, deve “estimular o aluno a conhecer ritmos – corporais e externos -, explorar o espaço, inventar sequências de movimento, explorar sua imaginação, desenvolver seu sentido de forma e linha e estimular sua relação com os outros alunos buscando dar forma e sentido às suas pesquisas de movimento”.
Dessa forma, podem ser explorados e trabalhados as noções de espaço, tempo, peso, ritmo e fluência como elementos básicos da linguagem criativa da dança por meio do movimento corporal.
Uma proposta metodológica de trabalho pedagógico com a dança no contexto escolar deve procurar articular a criação artística, com a compreensão da dança como manifestação coletiva e produto cultural, e o exercício da apreciação artística dessa linguagem. 
Esse projeto pode ser desenvolvido com crianças e jovens, adequando-se as atividades de acordo com a faixa etária.
Dessa forma, é possível afirmar que, o campo da experiência da dança na escola e na vida é aberto para todos e pode favorecer o processo de construção de conhecimento, como, também, a observação e análise das ações humanas contribuindo para o desenvolvimento expressivo que é o fundamento da criação artística e estética.
Aula 10: Arte/Educação e Educação Inclusiva
Construir práticas pedagógicas e projetos inclusivos é um desafio no cenário educacional atual. Você conhece a proposta inclusiva de educação?
A proposta de educação inclusiva entende ser possível oferecer a todos os educandos as condições necessárias para o acesso e construção de conhecimento, independentemente de suas características ou limitações. 
A pesquisa de alternativas e adaptações às necessidades especiais que os alunos possam apresentar é o caminho traçado para a remoção de barreiras no processo educativo e de inclusão social.
O campo das linguagens artísticas é de grande importância nessa perspectiva inclusiva de educação, pois abre outras possibilidades de comunicação e expressão humana que se dá a partir das imagens visuais, da linguagem corporal e musical.
Nessa perspectiva inclusiva, alunos com necessidades educacionais especiais devido a uma deficiência física, intelectual, sensorial ou com síndromes diversas devem estar e trabalhar juntos com os demais alunos inseridos no contexto da escola regular. Este é um desafio atual que leva educadores a pensar sobre estratégias, recursos adaptados, materiais e mediações que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem a todos os alunos.
No campo da arte/educação, também, é preciso buscar adequações metodológicas que favoreçam o fazer artístico, a apreciação e a reflexão sobre a arte, independentemente de suas características ou necessidades especiais.
O reconhecimento do potencial criador como característica de todo ser humano abre uma nova perspectiva de trabalho com a arte na educação especial em uma perspectiva inclusiva. 
Conheça as diferentes perspectivas do trabalho com a arte na educação especial ao longo do tempo.
Perspectiva antiga: Durante muito tempo, as atividades de artes destinadas aos alunos com algum tipo de deficiência tinham como fim apenas o exercício de adestramento motor ou a cópia de modelos ou de uma técnica artesanal, sem lugar para a livre expressão e o desenvolvimento do processo de criação nas diferentes linguagens artísticas.
Perspectiva atual: Atualmente, as novas orientações e a democratização de acesso às informações sobre o campo da educação especial e sobre as necessidades, potencialidades e limitações da pessoa com deficiência contribuíram para a revisão de propostas e o investimento em projetos educacionais inclusivos que têm a arte/educação como fio condutor.
Conheça, agora, os fundamentos da arte na educação especial no Brasil.
Em um primeiro momento, as ideias que fundamentaram a articulação da arte com a educação especial no Brasil tomaram como base o pensamento de Herbert Read e de Viktor Lowenfeld.
O filósofo inglês, Herbert Read (1982) resgata o pensamento de Platão e defende a tese de que a arte deve constituir a base da educação para a formação integral do ser humano. 
Criticando a dicotomia entre Arte e Ciência, Read aponta como equívoco do sistema educacional a separação do conhecimento em áreas separadas e isoladas.
Já Viktor Lowenfeld, arte-educador austríaco, iniciou sua carreira trabalhando com crianças e jovens cegos no Instituto de Cegos de Viena, em 1922.  
Contrariando o pensamento vigente, na época, de que a pessoa com deficiência visual seria incapaz de construir e pensar esteticamente, Lowenfeld desenvolveu projetos e pesquisas que se tornaram referência na área.
Amplie os seus conhecimentos sobre o pensamento de Viktor Lowenfeld.
Ao discutir a importância e o significado da arte para a educação, Lowenfeld afirma que a arte é vital na educação, uma vez que, a criação artística é “um processo complexo em que a criança reúne diversos elementos de sua experiência, para formar um novo e significativo todo”. No processo de criação, a criança revela sua forma de pensar, sentir e perceber (Lowenfeld, 1977, p.13).
Segundo o autor, a atividade artística mobiliza a capacidade de procurar e descobrir respostas, levando à descoberta de novas perspectivas e formas de compreensão de si mesmo, do outro e do meio.
Lowenfeld destaca, ainda, a importância do desenvolvimento da sensibilidade perceptual no processo educativo. Defende a ideia de que o “homem aprende através dos sentidos” e a escola deve priorizar a experiência sensorial, ao invés de limitar o processo de aprendizagem ao domínio lógico de certas respostas definidas e preestabelecidas, descontextualizadas da experiência do aluno.
Lowenfeld critica o sistema educacional que normalmente está preocupado apenas com a evolução intelectual do educando, priorizando a avaliação do resultado final em detrimento do processo de ensino e aprendizagem. Para ele, a aprendizagem não envolve apenas a acumulação de conhecimentos, mas deve implicar a compreensão de como esses conhecimentos podem ser utilizados e as relações estabelecidas neste processo, que envolve a interação entre educadores e educandos
O investimento no desenvolvimento do processo de criação deve ser um dos principais objetivos da educação, pois, segundo Lowenfeld (1977, p.28): “o processo criador abrange a incorporação do Eu na atividade: o próprio ato de criar fornece a compreensão do processo por que outros estão passando, quando enfrentam suas próprias experiências. Viver cooperativamente, como seres bem-ajustados, e contribuir, de forma criadora, paraa sociedade torna-se um dos mais importantes objetivos da educação”.
Obtenha mais informações sobre os fundamentos da arte na educação especial no Brasil.
01: Nas décadas de 50 e 60, no Brasil, a partir das ideias de Herbert Read e Viktor Lowenfeld, o artista e arte-educador Augusto Rodrigues iniciou o diálogo com educadores, artistas e psicólogos que reconheciam a importância da arte na educação e suas contribuições no campo da educação especial.
02: Nas décadas de 50 e 60, no Brasil, a partir das ideias de Herbert Read e Viktor Lowenfeld, o artista e arte-educador Augusto Rodrigues iniciou o diálogo com educadores, artistas e psicólogos que reconheciam a importância da arte na educação e suas contribuições no campo da educação especial.
03: Em diferentes contextos, esses profissionais levam adiante suas propostas e constroem um acervo de referências teóricas e de práticas que influenciam, até os dias de hoje, o trabalho no campo da arte/educação e da educação especial.
04: Em diferentes contextos, esses profissionais levam adiante suas propostas e constroem um acervo de referências teóricas e de práticas que influenciam, até os dias de hoje, o trabalho no campo da arte/educação e da educação especial.
A partir de agora, você aprofundará os seus conhecimentos sobre o trabalho de arte/educação na perspectiva da educação inclusiva.
O trabalho de arte/educação na perspectiva de uma educação inclusiva envolve a pesquisa de uma proposta de ensino da arte que abarque o campo multissensorial, explorando o potencial expressivo e de criação de cada um dos educandos, independentemente de suas limitações ou necessidades especiais.
No contato com as linguagens artísticas e com os materiais e técnicas criadoras, e a partir da mediação do educador e da interação entre os alunos, é possível buscar novas organizações do cotidiano e a investigação sobre o potencial inclusivo da arte como experiência de interação, socialização e aprendizagem compartilhada. Vygotsky nos traz significativas contribuições sobre o trabalho de arte/educação na perspectiva de educação inclusiva.
Segundo Vygotsky (1982, p.46), todo ser humano tem potencial criador e capacidade de desenvolver a imaginação criadora. E, para que possa desenvolver este potencial, necessita de estímulos do meio e da mediação do adulto: “a criação consiste, no seu verdadeiro sentido psicológico, em fazer algo novo; é fácil chegar à conclusão de que todos podemos criar em grau maior ou menor e que a criação é o acompanhante normal e permanente do desenvolvimento infantil”.
As linguagens artísticas destacam-se como facilitadoras deste processo de construção de conhecimento e encontram na mobilização da imaginação e da fantasia a base de desenvolvimento do ato de criação e de expressão artística.
Nesta aula, você refletiu sobre a possibilidade de desenvolvimento de práticas educativas não segregadoras, que tenham a arte como fio condutor, fundamentadas no paradigma da inclusão e na concepção de que a relação estabelecida entre a pessoa com e sem deficiência física, mental ou sensorial, assim como a relação dialética entre o social e o individual, entre o particular e o universal, devem ser considerados como referenciais básicos para a construção de uma sociedade menos discriminadora e excludente e de um sistema educacional inclusivo.
01: É preciso estimular e viabilizar o permanente diálogo entre os diferentes segmentos envolvidos no processo educativo - alunos, responsáveis, educadores, funcionários, comunidade -, para que sejam pensadas, transformadas e criadas as reformulações e adaptações necessárias ao atendimento das necessidades especiais que os alunos possam apresentar.
02: A efetiva consolidação do direito à educação a todos os alunos e a inclusão do aluno com necessidades especiais de aprendizagem no ensino regular requerem alterações significativas nos pressupostos e nas práticas pedagógicas.  
03: É fundamental considerar as contribuições da arte no processo educativo e sua dimensão inclusiva enquanto forma de expressão e comunicação potencialmente aberta a todos os alunos, independentemente de suas características ou necessidades especiais.

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