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1 Prática de ensino e estágio supervisionado em História I Aula 1: A Dinâmica da Prática de Estágio Supervisionado em História Nesta aula, compreenderemos qual a importância da Prática de estágio supervisionado para a formação do professor. Da mesma forma, apresentaremos as principais atribuições do estagiário do curso de licenciatura em História e os principais objetivos do estágio para a sua formação. Objetivos Conhecer o que é a prática do estágio Supervisionado; Compreender qual a importância da Prática de estágio supervisionado para a formação do professor de História; Entender quais são as atribuições do estagiário do curso de licenciatura em História; Refletir sobre o papel social da escola, assim como sua função e importância na formação do cidadão; Compreender o estágio como núcleo articulador entre a teoria e a prática Introdução A prática docente acontece no cotidiano escolar, nas redes de formação, da qual nos fala Boaventura de Souza Santos. Partindo dessa premissa, inserimos nossa disciplina nesta perspectiva epistemológica de que o aprender a ser professor ocorre em uma materialidade escolar onde as turmas, conteúdos, tempos, burocracias, localização, espaço, organização do trabalho e políticas educacionais são fios desse cotidiano que tecem o ofício de ser professor. Dessa forma, é preciso compreender que o estágio curricular é parte dos diferentes “espaços/tempos” da Escola (ALVES, 2001) e um campo de conhecimento e reflexão. Saiba mais Mas por que fazer estágio? Antes de responder a essa pergunta, é preciso compreender um pouco alguns dos objetivos de sua própria formação. O curso de Licenciatura em História está voltado para a formação de docentes de História para a segunda etapa do Ensino Fundamental e Ensino Médio, capacitados a produzir conhecimento histórico vinculado à sua realidade e a valorizar o resgate da história, contribuindo para a formação de indivíduos conscientes para o exercício da cidadania. Uma das concepções presentes em nossa universidade, em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de História, conforme parecer CNE/CES 492/2001, compromete-se com a formação de professores, tão necessária ao avanço da educação em todas as camadas sociais do país. Para isso, nossa prática de estágio objetiva superar uma visão fragmentada do conhecimento e o estabelecimento da relação teoria/prática, o saber e o fazer, contribuindo assim para uma formação mais adequada do futuro professor, pois integra os conhecimentos adquiridos durante o curso e possibilita o desenvolvimento de um profissional questionador e reflexivo. Atenção Vale ressaltar que o Estágio Supervisionado Curricular é obrigatório para todos os cursos de licenciatura, sem o qual nenhum acadêmico poderá concluir o curso. Considerando o Parecer CNE/CP 28 de 2 de outubro de 2001, o Estágio Curricular Supervisionado de Ensino é atividade obrigatória, a ser realizada em Unidade Escolar, que propicia a complementação do ensino e da aprendizagem, orientada pelo princípio da ação-reflexão-ação, podendo ser entendido como “o tempo de aprendizagem que, através de um período de permanência, alguém se demora em algum lugar para aprender a prática de um ofício e depois poder exercer uma profissão." Assim, o estágio supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e um aluno estagiário. javascript:void(0); 2 As disposições legais para a implantação e implementação dos estágios de estudantes de estabelecimentos de ensino superior devem respeitar a legislação vigente: I. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 II. Parecer 09/2001 de 8 de maio de 2001, com alterações dadas pelo Parecer CNE/CP 27/2001 de 2 de outubro de 2001 III. Parecer CNE/CP 28/2001 de 02 de outubro de 2001 IV. Resoluções CNE/CP 1 e 2, respectivamente de 18 e 19 de fevereiro de 2002 V. Lei nº 11783 de 25 de setembro de 2008 que dispõe sobre estágio de estudantes CNE/CP O Estágio Curricular Supervisionado de Ensino tem como finalidade proporcionar ao aluno experiência prática que leve ao desenvolvimento de competências e habilidades necessárias à sua formação. Em relação aos objetivos, o Estágio Curricular Supervisionado de Ensino deve, principalmente: I. possibilitar ao futuro professor a integração de conhecimentos teóricos e práticos, mediante a atuação em unidades escolares de educação básica, sempre de modo a ensejar uma formação global; II. oferecer ao futuro professor conhecimento do real em situação de trabalho na unidade escolar; III. propiciar ao aluno estagiário oportunidade de atuação em instituições não escolares, desde que as atividades desenvolvidas estejam sob a responsabilidade de um profissional habilitado na área; IV. contribuir para a melhoria e excelência da aprendizagem, através da realização de atividades práticas envolvendo situações de ensino-aprendizagem e sua respectiva avaliação; V. possibilitar ao futuro professor a oportunidade de vivenciar e acompanhar as dimensões pedagógica e administrativa necessárias à dinâmica da unidade escolar. Quais são as atribuições do estagiário? Providenciar a documentação necessária para o início do estágio.Ser assíduo e pontual nas atividades do estágio, cumprindo integralmente a carga horária prevista. A legalidade Manter postura ética e profissional, durante todo o desenvolvimento do estágio.Cumprir integralmente as atividades previstas Agora que o estágio foi apresentado a você, são necessários mais alguns esclarecimentos Avaliação A disciplina Prática de Ensino e Estágio Supervisionado que você está cursando em História nesse período está focada na observação da dinâmica escolar. Você deve perceber a escola como um espaço social e acompanhar a docência para o Ensino Fundamental II e/ou Ensino Médio, nas áreas de serviço e apoio escolar e na participação em atividades voltadas para a gestão do processo educativo; no planejamento, implantação, acompanhamento e avaliação de projetos de ensino-aprendizagem, ou seja, seu foco é a escola - sua estrutura e funcionamento como um todo - e não apenas a docência. Relatório É a descrição objetiva de fatos, acontecimentos, observações e observações seguida de uma análise visando tirar conclusões e fazer recomendações acerca da realidade. O relatório deve ser redigido de acordo com as normas da ABNT (NBR 14724/2002, NBR 6023/2002 e NBR 10520/2002). A estrutura do relatório compõe-se de 3 partes: pré-textual, textual e pøs-textual. Parte pré-textual: capa, folha de rosto, sumário, lista de ilustrações e lista de anexos. Capa : Logotipo da instituição, título do relatório e subtítulo, se houver, nome do autor, local, mês e ano. Folha de rosto: Nome do autor, título do trabalho, natureza do trabalho (o trabalho é pré-requisito para aprovação na disciplina X, do curso Y, Prof. Fulano), nome da instituição, campus e data. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula1.html#collapse01-01 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula1.html#collapse01-03 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula1.html#collapse01-01 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula1.html#collapse01-02 3 Sumário: Deve conter a estrutura do trabalho com as divisões e subdivisões acompanhadas da numeração das páginas. Lista de ilustrações: Deve apresentar separadamente, por folha, uma lista própria a cada tipo de ilustração (exemplos: lista de quadros; lista de fotografias; lista de gráficos etc.) Lista de anexos: Apresenta a relação dos títulos dos anexos que aparecem ao final do Relatório e que, na verdade, constituem parte do pós-texto. Parte textual Esta parte deverá contemplar os seguintes itens:. Introdução: É a parte inicial do texto. Na introdução, o aluno pode: apresentar o tema que vai ser tratado; delimitar, justificar e contextualizar esse tema; expor quais aspectos foram trabalhados e relacionaresses aspectos com a teoria estudada; estabelecer os objetivos do trabalho; explicitar a metodologia utilizada no trabalho; descrever o que foi feito, o porquê, quando, onde, como. A função da introdução é dar uma ideia geral do que será encontrado no corpo do relatório. Pode fazer referência, ainda, à composição do documento. Desenvolvimento: É o momento do relato das atividades de observação, participação e/ou intervenção. É importante o registro de dados ou períodos de realização das atividades descritas. No desenvolvimento, podem ser feitas: descrição e análise da estrutura do campo de estágio: aspectos físicos, humanos e históricos; um relato do trabalho desenvolvido na escola; uma exposição do Projeto Político-pedagógico; estudos e comentários sobre os planos de aula, o trabalho docente, a relação professor x aluno, a relação entre os alunos, a relação com a comunidade, a avaliação, a formação docente em serviço. Considerações finais: Apresentação da análise feita no item anterior, de forma crítica e fundamentada. Exposição de alternativas para melhorar a qualidade de ensino naquela unidade escolar. Saiba mais Todo o trabalho deve fazer referências bibliográficas diretas ou indiretas e essas referências serão incluídas ao final. As referências teóricas devem ser buscadas principalmente nos textos das disciplinas cursadas anteriormente e também nos textos oferecidos pelo professor orientador de estágio. Parte pós-textual A seguir veremos os tópicos mínimos a serem desenvolvidos no Relatório de estágio supervisionado I – estrutura e funcionamento de escola. Referências: registrar as fontes consultadas e referenciadas no corpo do relatório. Anexos: podem ser anexados o plano de estágio, o Projeto Político-pedagógico da escola, os documentos de estágio do aluno, como a ficha de avaliação do professor da unidade escolar, a declaração de cumprimento de estágio e outros documentos que sejam importantes. A seguir, veremos os tópicos mínimos a serem desenvolvidos no Relatório de estágio supervisionado I – estrutura e funcionamento de escola. Aspecto físico, humano e material da escola: Número de salas. A escola possui salas-ambientes? Tem biblioteca? Auditório? Refeitório? Quadras? Qualidade das instalações. Espaço adequado para os professores. O mobiliário é suficiente? Adequado? Número de turnos, alunos e turmas. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula1.html#collapse01-03 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula1.html#collapse01-04 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula1.html#collapse01-05 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula1.html#collapse01-01 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula1.html#collapse01-02 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula1.html#collapse01-03 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula1.html#collapse01-01 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula1.html#collapse01-02 4 Pessoal disponível: equipe administrativa, equipe técnico-pedagógica, equipe docente, outros funcionários. Projeto Político-pedagógico da escola Existe Projeto Político-pedagógico na escola? Os professores têm conhecimento do projeto? Os professores trabalharam na construção desse projeto? Existe coerência entre a proposta pedagógica e a prática? Existe uma linha pedagógica definida? Algumas questões sobre a escola: Caracterização da escola como grupo social. Como é o relacionamento entre os alunos? E entre os professores? E entre professores e alunos? Como é o relacionamento entre os funcionários? E entre estes e os alunos? Algumas questões sobre a escola: Existe cooperação, trabalho de equipe? As reuniões entre os professores têm uma periodicidade sistemática? Como a escola organiza o tempo e o espaço escolar? Como se avalia na escola? Quem avalia a escola? Para que se avalia na escola? Como se organizam os planejamentos dos professores? Os professores planejam? Percebe-se que a apresentação da unidade escolar e o desenvolvimento profissional do(a) professor(a) de História é o objetivo central dessa disciplina, assim, os procedimentos de ensino-aprendizagem-ensino estão centrados na perspectiva dialógica, problematizando a prática docente e discente nas unidades escolares e refletindo criticamente a teoria e a prática. Para tanto, o conceito “aprender/ensinar” é fundamental para a sua reflexão e pesquisa da prática docente da cotidianidade escolar, onde as leituras dialogam com as situações concretas da vivência no magistério , ensinando e desvelando as pistas do caminho da formação do eu pessoal e profissional (NÓVOA,1995). Por isso, essa disciplina é “prática/teórica/prática”, pois pretende formar o professor-pesquisador para que este possa tecer o conhecimento histórico/pedagógico a partir das relações que se enredam, ultrapassando a busca de certezas, ao incluir as incertezas na superação delas mesmas e negando a existência de uma única e privilegiada perspectiva de conhecimento, avançando dialeticamente, sendo sujeito da História. Pois, na atualidade, apresenta-se aos educadores, em geral, um desafio decisivo para o enredamento de seus saberes e fazeres: superar os obstáculos criando a possibilidade de tessitura de um saber emergente da prática que não negue as diversas contribuições das ciências sociais, integrando-as com base na reflexão sobre essa prática. A escola é uma importante referência para a prática da aprendizagem, contudo é preciso ter em mente que aprender não está restrito a uma prática conteudista pautada em componentes curriculares apresentados apenas em sala de aula. Apreender é uma prática mais ampla, toda escola é espaço de ensino-aprendizagem e toda comunidade escolar é formada por agentes educadores. Procure analisar a escola como um todo, não esqueça que ela é um espaço social. Saiba mais 5 Veja os seguintes documentos: Declaração de Estagio Curricular Escolar; Ficha de Avaliação do Estagiário Universidade Historia I; Ficha de Avaliação do Estagiário Escola História I; Passo a Passo das Disciplinas de Estágio Supervisionado dos Cursos de Licenciatura e Pedagogia - Fev 2013; Plano de Atividades das Disciplinas de Estagio Supervisionado em História I Aula 2: A Escola como um Espaço Histórico e Social: Começando a Refletir sobre o Relatório. Apresentação Problematizaremos a realidade escolar a partir da observação da escola como um espaço múltiplo e social, sua função e importância na formação do cidadão através da pesquisa participante: ação-reflexão-ação. Ainda pensaremos sobre o cotidiano escolar: significados, dimensões e atores. Compreenderemos que a prática docente se gesta em uma materialidade onde as turmas, conteúdos escolares, tempos, localização, espaço, organização do trabalho escolar e políticas educacionais são fios desse cotidiano que tecem o ofício de ser professor. Analisaremos ainda os diversos "espaços-tempos" da escola enquanto um campo de conhecimento. Objetivos Observar a escola como um espaço histórico e social Entender que o espaço escolar pode ser um elemento facilitador ou prejudicial às interações pessoais e às práticas pedagógicas; Refletir sobre o cotidiano escolar: significados, dimensões e atores. A Escola como um Espaço Social A escola é uma importante referência para a prática da aprendizagem, contudo, aprender não está restrito a conteúdos estanques, mas sim a componentes curriculares vivos que representam as diversidades presentes não apenas em sala de aula, mas na unidade escolar como um todo. Observe a citação das professoras Nilda Alves e Regina Leite Garcia sobre as relações que ocorrem dentro da escola: Citação “Muito se fala sobre a escola, de fora da escola, de longe da escola, muitas vezes a partir de um absoluto desconhecimento em relação ao que acontece dentro da escola a cada dia, quando os profissionais que nela atuam, os alunos e alunas e seuspais, e a comunidade de onde ela está inserida, estão cotidianamente interagindo. A escola da qual tantos falam é uma simplificação a partir de um paradigma reducionista que ignora tudo o que se passa e se cria nesse espaço/tempo de aprender e ensinar, de relações de subjetividades, de encontros e desencontros de socialização.” ALVES; GARCIA, 2000, p. Você já refletiu sobre isso? A complexidade presente na escola engloba diferentes aspectos e indivíduos que participam de uma multiplicidade de redes de convivência; Toda a escola é ensino ,aprendizagem e ensino e toda a comunidade escolar é formada por agentes educadores, ou seja, todos os sujeitos envolvidos, em seus diversos processos: pais, alunos, professores, funcionários, gestores, etc. Como já afirmado, o aluno não aprende só na sala de aula, mas no espaço escolar como um todo: pela maneira como ela é organizada; como funciona; pelas ações que promove; pelo modo que os sujeitos se relacionam, pela forma como a escola se relaciona com a comunidade, pela atitude javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); 6 expressa em relação aos problemas educacionais e sociais, pelo modo como nela se trabalha, pelo planejamento político e pedagógico pela instituição, dentre outros aspectos. Na verdade, a educação é um processo social colaborativo conforme o princípio defino da Lei de Diretrizes e Bases Educação Nacional ( Art 3 , inciso VIII) e na Constituição Federal (Art 206 , inciso VI). E a participação conjunta, planejada e organizada é que resulta a qualidade do ensino, princípio fundamental para a democratização da educação. A Escola é um Espaço Social É organizada, seguindo as políticas públicas educacionais, sendo uma instituição regida por legislação específica, que delimita e influencia a ação dos seus sujeitos preconizando certa autonomia. LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996 ). Cotidianamente, ocorrem diferentes e diversas situações permeadas por complexas relações entre os envolvidos nos seus diferentes processos, como nas aulas, por exemplo, onde observamos situações de ensino com acordos e conflitos, alianças, imposição de estratégias, disputas de poder e influências. A influência das características culturais de sua comunidade e desenvolvimento de práticas exercidas pelos autores que no seu interior, ou mesmo em seu entorno, desempenham funções distintas. Portanto, falar da escola como espaço social implica em resgatar o papel dos sujeitos na trama que a constitui, como instituição que, além de ser comprometida com o conhecimento teorizado, busca a formação integral do indivíduo, incluindo-se a formação de valores e atitudes. “A realidade escolar aparece mediada, no cotidiano, pela apropriação, elaboração, reelaboração ou repulsa expressas pelos sujeitos sociais.” EZPELETA; ROCKWELL, 1986) Desde o final do século XIX, com a aceleração da industrialização, a escola vem sendo cada vez mais procurada, ou seja, vive uma explosão quantitativa devido à necessidade crescente de mão de obra. Entretanto, apesar de já ter passado por algumas mudanças, existem algumas características que permanecem iguais as de alguns séculos passados. Vejamos: horários definidos; uma sala; a figura do professor; alunos sentados em fila; carteiras; um espaço quadrado ou retangular; É importante perceber que esse controle e disciplinarização foram sendo naturalizados e por isso, para a maior parte da sociedade, é difícil pensar em um modelo diferente. Com isso, a separação dos conteúdos, a classe, o espaço da aula, a organização do tempo e a repetição caracterizaram a escola. Dessa forma, para a construção do seu relatório, há uma proposta com diversos itens a serem observados sobre o papel de alguns desses agentes educadores/sujeitos sociais, bem como sobre as práticas desenvolvidas por eles. Na verdade, você começará por observar o espaço físico da escola, pois é claro que ele também influenciará o desenvolvimento das práticas pedagógicas, ainda que estas não estejam apenas condicionadas a ele. Vamos relembrar quais eram os itens 1 e 3: ITEM 1: aspecto físico, humano e material da escola 7 Número de salas. A escola possui salas-ambientes? Tem biblioteca? Auditório? Refeitório? Quadras? Qualidade das instalações Espaço adequado para os professores O mobiliário é suficiente? Adequado? Número de turnos, alunos e turmas Pessoal disponível: equipe administrativa, equipe técnico-pedagógica, equipe docente, funcionários. Pense: Como são os quadros? Há quadros? Apagadores? Canetas? Livros e materiais didáticos? Há papel na escola? Há computadores? Para quem? Xerox, mimeógrafo, impressora? Há material necessário às aulas das diferentes áreas? Como vimos, a escola como um todo é um local de ensino e aprendizagem, por isso, observar o uso de seus espaços é fundamental para a percepção do que se ensina e como se ensina. A escola deve possuir ambientes favoráveis ao processo de ensino, bem como de bem-estar para sua comunidade interna e externa. Isso é essencial, pois o processo educacional está relacionado não apenas a transmissão de cultura, mas ao despertar de reflexões críticas acerca do cotidiano e da realidade, propiciando a transformação não apenas individual, mas social. A forma como a escola organiza e usa o seu espaço deve buscar condições que favoreçam a aprendizagem; Exemplo Imagine uma escola onde professores e alunos só possam comer em pé? Onde não haja cadeira suficiente para todos os discentes sentarem? Isso facilita ou atrapalha? Como era o mobiliário da escola onde você estudou? Salas muito cheias atrapalham ou ajudam os processos de ensino? Falta de material influencia ou não na prática pedagógica? Enfim, o espaço escolar facilita ou dificulta as interações pessoais e práticas pedagógicas? Antes de analisarmos o próximo item, reflita sobre um fragmento do texto da professora Nilda Alves: Decifrando o pergaminho – os cotidianos das escolas nas lógicas das redes cotidianas: Buscar entender, de maneira diferente do aprendido as atividades dos cotidianos escolares ou cotidianos comuns, exige que esteja disposta a ver além daquilo que outros já viram e muito mais: seja capaz de mergulhar inteiramente em uma determinada realidade, buscando as referências de sons, sendo capaz de engolir sentindo a variedade de gostos, caminhar tocando coisas e pessoas e me deixando tocar por elas, cheirando os odores que a realidade coloca a cada ponto do caminho diário. ALVES, 2008, p. 18-19 Item 3. Algumas questões sobre a Escola Como é o relacionamento entre os alunos? E entre os professores? E entre os professores e alunos? E entre os funcionários? E entre os funcionários e os alunos? Existe cooperação, trabalho de equipe? As reuniões entre os professores tem uma periodicidade sistemática? Como a escola organiza o tempo e o espaço escolar? Como se avalia a escola? Para que se avalia na escola? 8 Como se organizam o planejamento dos professores? Os professores planejam? Vamos, agora, refletir sobre a equipe escolar e sua gestão? Atualmente, as gestões escolares, são orientadas a trabalharem com práticas participativas e democráticas, estabelecendo alianças e parcerias para a busca de soluções para os diversos tipos de problemas do dia a dia escolar. Entretanto, a gestão democrática, como temática histórica, não vem sido utilizada, sobretudo devido a nossa trajetória política, na qual os gestores se pautam por uma relação autoritária. A pesquisa participante: ação-reflexão-ação O estágio consiste em proporcionar aos alunos uma visão reflexiva e um conjunto de saberes significativos sobre a realidade na qual atuará. Para tal, é fundamental desenvolver postura e habilidades de pesquisadores, elaborando projetos que lhes permitam compreender, problematizare intervir nas situações observadas. O papel do aluno-pesquisador durante a prática do estágio supervisionado em História não deve ser de um observador passivo, pois a escola é um campo intenso de ação e reflexão e, portanto o estagiário deve ter um papel ativo na construção e transformação da realidade. Não esqueça de que a pesquisa deve ser uma constante em sua carreira para o aperfeiçoamento de sua própria prática e que ela não deve ser feita apenas através da leitura de textos teóricos de sua área, mas através da observação cotidiana das atividades planejadas e oferecidas aos alunos durante os diversos momentos vividos nas aulas. Veja que pertinente a citação: “O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferidora na objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da história, mas seu sujeito igualmente. No mundo da história, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar.” FREIRE, 2002 O responsável pelo estágio na unidade escolar deve ser visto como contribuidor para a sua formação, por isso é necessário que ambos sejam parceiros durante esse processo. É possível que o estagiário discorde dos procedimentos da escola ou da atuação do professor, identificando contradições entre o que está observando e a teoria estudada durante o curso. Atenção Lembre-se: não existe observação neutra. Tanto observador quanto observado estão diante de uma relação em que cada um estará observando e acompanhando o outro, a partir da compreensão que possui da realidade, portanto, é importante fazer considerações que contextualizem a prática considerada inadequada e que o estagiário faça o exercício constante de se colocar no lugar do outro, buscando compreender o contexto histórico-social que o constituiu profissionalmente. “A tarefa do formador tem de ser vista sempre como uma parceria e uma produção conjunta com os professores em formação que acompanha”. (BORTONI-RICARDO, 2008, p. 72). Lembre-se de que esta disciplina busca aprimorar a compreensão, pelo aluno/estagiário das relações estabelecidas na escola e de como elas são produzidas em um contexto interdisciplinar mais amplo de relações econômicas, políticas, filosóficas e culturais da sociedade na qual está situada. Portanto, a escola deve ser bem conhecida e valorizada por todos que nela atuam ou desejam atuar futuramente. Aula 3: O Exercício do Olhar Cotidiano no Campo de Estágio e a Trajetória Escolar dos Alunos: Experiência e os Projetos Apresentação Nesta aula compreenderemos no que consiste um trabalho de pesquisa, com seus métodos e procedimentos, além dos diversos tipos de entrevistas participativas para a prática do estágio supervisionado. Diante disto, discutiremos sobre a importância desse material e também, da preparação do 9 pesquisador para a observação do cotidiano escolar. Será feita uma reflexão sobre a trajetória da experiência de formação escolar individual, destacando os diferentes estereótipos de professores existentes em nossa sociedade com o intuito de ajudar na reflexão de como cada aluno foi formado ao longo de sua vida escolar através de um resgate da memória, trabalhada aqui como uma construção da história. Objetivos Compreender no que consiste um trabalho de pesquisa, com seus métodos e procedimentos; Conhecer diversos tipos de entrevistas participativas para a prática do estágio supervisionado; Perceber a importância da preparação do pesquisador para a observação do cotidiano escolar; Refletir sobre a trajetória da experiência de formação escolar individual, destacando os diferentes estereótipos de professores existentes em nossa sociedade; Entender que a vida escolar pode ser compreendida a partir de um resgate da memória, trabalhada aqui como uma construção da história. Introdução Para que possamos mergulhar no cotidiano escolar e explorarmos todas as suas possibilidades, cheiros, gostos e sairmos deste mergulho com aprendizado, temos que refletir sobre quais são os caminhos teóricos e metodológicos da pesquisa educacional, pois é esta que irá nos levar a experimentar esse cotidiano, transformando a sala de aula em um laboratório, que irá ajudar na formação de sua identidade profissional. Por isso, nesta terceira aula, trataremos sobre a pesquisa que dará origem ao relatório enquanto o produto final de uma busca e reflexão participativa. Além disso, veremos como desenvolver essa ação. Reflita sobre o pensamento a seguir: "A pesquisa, a partir do ponto de vista de Nóvoa, é formadora, pois reflete a experiência. Esta por si só, por ser uma mera repetição, uma mera rotina, não é ela a formadora, quem forma é a reflexão sobre a experiência, ou a pesquisa sobre a experiência" - (NÓVOA, 2001, p. 4). O estágio supervisionado está em consonância com este princípio; é ele que irá ajudar na sua formação inicial, através da pesquisa participativa nas unidades escolares que será desenvolvida ao longo dos Estágios I, II e III. Mais do que cumprir uma determinação legal do MEC, as 400 horas do campo de estágio são determinantes para a sua formação, pois iremos refletir sobre as dinâmicas observadas por você nas escolas, ou seja, vamos pesquisar, refletir e produzir conhecimentos sobre a prática docente, sobre a formação de sentido que conjuga sensibilidade, intenção, orientação e significação. A reflexão neste contexto é ponto de partida para novos questionamentos, experiências pedagógicas que transformam o futuro professor em um investigador de sua realidade, dos seus saberes: construindo-os, desconstruindo-os e (re) construindo-os. Vivenciando, conscientemente, o sentido do trabalho docente, pois "ser professor obriga a opções constantes que cruzam nossa maneira de ser com nossa maneira de ensinar, e que desvendam a nossa maneira de ser.” - (NÓVOA, 1997) Ser professor é uma construção cotidiana onde o trabalho se dá em um mundo mutável, em constante transformação. Leitura Para uma maior reflexão sobre o papel do estágio na formação inicial do professor, leia o texto de MALYSZ, Sandra T. Estágio em parceria universidade-educação básica. (p. 16 a 25.) In: PASSIVI, Elza Yasuko (Org.). Prática de Ensino de Geografia e Estágio Supervisionado. São Paulo. Contexto, 2007, que se encontra em sua biblioteca virtual. Mas o que é uma pesquisa 10 Você, certamente, ao longo de sua vida acadêmica, já foi convocado inúmeras vezes para desenvolver um trabalho, no qual teria que colocar em prática alguns métodos e procedimentos específicos para concluí-lo. Um desses métodos é a pesquisa, que na verdade é compreendida não apenas como uma simples técnica de coletas de dados, mas como um princípio educativo. É difícil definir precisamente o que é uma pesquisa científica, pois na verdade ela aparece a partir de várias formas, de acordo com o período ou o contexto na qual está sendo utilizada. Na verdade a pesquisa é uma parte do desenvolvimento de um trabalho científico que se diferencia em sua essência do senso comum, pois este aparece como uma forma de compreensão do mundo resultante de um conjunto de experiências acumuladas por um grupo, povo ou cultura e pode ser vista como a construção de um saber que resulta das experiências vividas do cotidiano. O trabalho científico não apreende a realidade de forma tão imediata e espontânea. Ele é: ". Na condição de princípio científico, pesquisa apresenta-se como a instrumentação teórico-metodológica para construir conhecimento” - Demo (2000, p. 33) "Atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude, uma prática de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente.” - MINAYO, 1993 "É um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico.” - GIL, 1999 Se relacionarmos as três definições,podemos observar que a pesquisa é a construção de um conhecimento novo, na qual são utilizadas técnicas e metodologias para a exploração de novas realidades. Além disso, ela é contínua, ou seja, seus resultados não carregam em si uma verdade absoluta, podem ser mutáveis. A pesquisa pode ser utilizada para o indivíduo construir um conhecimento sobre si mesmo ou sobre o mundo observado, o que contribui para uma explicação, sistematização e resoluções de problemas relacionados ao espaço no qual a sociedade está inserida, por exemplo. É importante destacar que a construção da ciência é um fenômeno social e a pesquisa não se realiza isolada das atividades correntes do cotidiano, ou seja, podemos perceber que ela é sensível às interpenetrações que são inerentes às relações sociais, e que carrega uma carga de valores, preferências e princípios que comprometem a sua imparciaidade, pois o conhecimento científico não é um conhecimento neutro e objetivo, mas, sim um saber interessado a partir de determinadas necessidades produzidas por um conjunto de fatores e de relações de poder de um contexto específico. Observamos então, que a pesquisa possui um papel social e que este tem um caracter fundamental na busca e legitimação do conhecimento científico, pois este conhecimento leva ao registro de seu tempo e tem um compromisso com a reaidadehistórico-social na qual é produzido. A pesquisa científica que você desenvolverá nessa disciplina será parte da construção de um trabalho acadêmico, nesse caso: o relatório final de prática de ensino em História I. Por isso, é importante perceber que trazer para o campo da formação docente reflexões sobre a relevância da pesquisa científica como mecanismo de articulação entre a ciência da educação, e entre formação docente e a realidade escolar representa um compromisso político com a produção e democratização do conhecimento. Por isso é importante refletir sobre: Qual é a finalidade de um trabalho acadêmico em nossa formação? Qual é a finalidade de um trabalho acadêmico para a sociedade? Atenção 11 Essas reflexões também são fundamentais para que você pense sobre a importância social de sua formação continuada, bem como sobre o quanto é fundamental associar a teoria à prática, a partir da leitura dos textos sugeridos ao longo de seu curso e da observação do cotidiano escolar. Você pode ainda procurar as suas próprias fontes de pesquisa, entretanto, alertamos para o fato de que a pesquisa através da Internet deve ser realizada em sites com credibilidade, como por exemplo, sites de universidades, centros de pesquisa, jornais, revistas etc. Procure evitar pesquisar em blogs, pois os mesmos são de caráter pessoal e o seu conteúdo não foi submetido à uma comissão de avaliação científica. O Relatório e a Pesquisa Está claro que o nosso relatório será desenvolvido a partir de uma pesquisa de campo participativa, onde poderão ser utilizados os diferentes instrumentos ligados à pesquisa qualitativa. O relatório de estágio supervisionado é parte do movimento de produção de conhecimento científico. A pesquisa sobre o cotidiano escolar produz conhecimento teórico-prático fundamental para as discussões no meio acadêmico, sobretudo para os cursos de formação docente, tanto quanto podem fundamentar as práticas docentes nas escolas. Por isso, conhecer a escola não é apenas quantificar, ou adquirir noções de seu funcionamento administrativo e pedagógico, mas, principalmente, compreender seu papel como instituição produtora de conhecimentos científicos a partir de um contexto sociopolítico. Ao fazermos uma pesquisa de campo, que terá como produto final o relatório, temos que ter uma preparação para que possamos entrar nesse cotidiano escolar que é um espaço-tempo de produções e enredamentos de saberes, imaginações, criações, memórias, projetos institucionais, discursos, representações e significados. Você perceberá que existe toda uma gama de ações diversas neste espaço-tempo com o qual nós, pesquisadores, estabeleceremos relações com os sujeitos que lá estarão, o que quer dizer que faremos parte do cotidiano estudado. Por isso estudar esse cotidiano utilizando um modelo tradicional, focado, somente no olhar, na quantificação não dá conta da complexidade e da realidade escolar, temos que incluir outros sentimentos, atitudes e sentidos como: discutir, compartilhar, ajudar, ouvir, tocar, degustar, cheirar, compartilhar. "(...) o modo de ‘ver’ dominante no mundo moderno deverá ser superado por um ‘mergulho’ com todos os sentidos no que desejamos estudar; a ES ‘mergulho’ temos chamado, pedindo licença ao poeta Drummond, de ‘o sentimento do mundo’ (...) Querer saber mais, buscando respeitar aquilo que Lefebvre (1991) chama de ‘a humilde razão do cotidiano’, (...) exige do(a) pesquisador(a) a isto dedicado que se ponha a sentir o mundo e não só a olhá-lo, soberbamente, do alto. Não há para nós a postura de isolamento da situação possível a outra postura epistemológica. Nós também estamos vivendo e produzindo conhecimento no cotidiano. Assumir, portanto, este nosso compromisso e comprometimento é garantia de que não vamos nos iludir com uma possibilidade inexistente. Não há outra maneira de se compreender a lógica do cotidiano senão sabendo que nela estamos inteiramente mergulhados.(...) Buscar entender, de maneira diferente do aprendido, as atividades do cotidiano escolar, ou do cotidiano comum exige que estejamos dispostos a ver além daquilo que os outros já viram e muito mais: que sejamos capazes de mergulhar inteiramente em uma determinada realidade, buscando referências de sons, sendo capazes de engolir sentindo variedades de gostos, caminhar tocando coisas e pessoas e se deixando levar por elas, cheirando os cheiros que a realidade vai colocando a cada ponto do caminho Dário. TV Brasil Ao assumirmos essas atitudes conseguiremos compreender a complexidade das relações do cotidiano escolar, não é verdade? 12 Não se esqueça de que, apesar da nossa pesquisa caracterizar-se por possuir uma estrutura, pois trouxemos os principais pontos a serem observados na escola, conforme o observado na aula 1, você também pode e deve construí-la de forma espontânea, pois as relações presentes na escola também são reinventadas diariamente. Não perca o foco! Uma formação profissiona reflexiva deve Buscar uma educação transformadora, o que implica no questionamento do caráter da formação inicial dos professores, do papel das instituições escolares e, especialmente, no papel da prática do estágio supervisionado; Focar-se na capacitação para resolução de conflitos no exercício da prática docente; Discutir modificações na estrutura, organização e nos conteúdos da formação dos professores. A reflexão deve ainda ultrapassar o plano da competência, no sentido do aprender a refletir, e se posicionar como um caminho para a compreensão dos problemas e necessidades, dando sentido às ideias, à teoria (BARRETO, 2006). Vale ressaltar que os caminhos que conduzem à práxis são norteados pela teoria e pela consciência de que ela é determinante da práxis. Teoria e prática são indissociáveis (KOSIK,1976, p. 23 apud BARRETO, 2006, p. 21). A formação inicial de professores em História, ou seja, nossa graduação, e o estágio devem buscar apoio na investigação da realidade, intencionalmente, marcados por um processo dialético contínuo entre os professores-formadores e os futuros professores. Em relação a todas as idas que serão realizadas na instituição escolhida para o campo de estágio, será importante fazer registros sistemáticos que permitam identificar os principais momentos vivenciados durante as observações e as atuações pedagógicas. Esses aspectos refletem diretamente a qualidade do trabalho que será oferecido. Será necessário que o estagiário faça o exercício constante de se colocar no lugar do professor que estará observando, compreendendo as causas histórico-sociais que o constituíram profissionalmente.Isso porque, durante o decorrer do estágio, são muitas situações que irão surgir, e será o caderno de campo que facilitará a dissertação dos aspectos mais importantes, com uma riqueza de detalhes que só o registro diário permitirá. Além desses aspectos, descrever todos os acontecimentos considerados importantes ou incomuns que ocorreram no dia, para que, em seguida, na universidade, durante a aula, o estagiário possa compartilhar em sala com a professora e os outros colegas de estágio. É possível encontrar instituições que não oferecem estrutura de trabalho adequada, capaz de permitir um atendimento de qualidade às crianças. Os relatórios dos estagiários são documentos que permitirão denunciar as inadequações que não atendem aos critérios e diretrizes indicados pelo Governo Federal. É preciso fazer considerações que contextualizem a prática inadequada, relacionando-a, em algumas circunstâncias, à ausência da formação continuada destinada aos professores, às reuniões de equipe e à supervisão pedagógica. Esses aspectos refletem diretamente a qualidade do trabalho que será oferecido. Será necessário que o estagiário faça o exercício constante de se colocar no lugar do professor que estará observando, compreendendo as causas histórico-sociais que o constituíram profissionalmente. Por um Resgate da Memória: o Estereótipo da Escola e do Professor Antes de entrar para a faculdade para ser formar em professor, você já tem um ideal de docência a seguir, ou seja, provavelmente você tem modelos internalizados de professor e aluno. Resgatar a memória da importância de professores, e da escola na sua vida de aluno, com as suas referências e valores construídos, as lembranças agradáveis e as experiências desagradáveis, por exemplo, possibilita uma abordagem que ressignifica a situação atual vivida, ampliando a perspectiva do ser professor. Através da memória temos a oportunidade para o exercício de reflexão e autorreflexão, a partir do rememorar e avaliar as vivências marcantes de nossa vida escolar, pois, ao mesmo tempo. 13 "A memória é central na estruturação da mente. Somos o que somos pela memória. Vivo, porque me lembro quem sou” - (IZQUIERDO, 1998, p. 4). Comentário A prática da memória é fundamental para reflexão e autorreflexão, sobre o itinerário de formação do futuro professor, provocando a relembrar a época escolar da infância e/ou adolescência. A partir das lembranças e e da data de anáise sobre estas,tomamos ciência dos(pré) conceitos subjetivos do ser professor e o ser aluno. Desta maneira abre-se um espaço para o exercício do refletir sobre si mesmo, suas ideias e pensamentos possibiitando a construção de uma nova rede de significados do que significa ser professor e aluno. Veja o que Bosi (1994) nos diz sobre o assunto: Através dos resgates de memória podemos identificar, também, as qualidades dos professores com relação ao afeto, cuidado, dedicação e paciência. Além dessas posturas e atitudes do professor, há o destaque do trabalho de mediação pedagógica efetuado pelo docente, demonstrando o mérito de ‘aprender ensinar aprender’ o conteúdo com prazer e gosto. “(...) a memória permite a relação do corpo presente com o passado e, ao mesmo tempo, interfere no processo “atual” das representações. Pela memória, o passado não só vem à tona das águas presentes, misturando-se com as percepções imediatas, como também empurra, “desloca” estas últimas, ocupando o espaço todo da consciência. A memória aparece como força subjetiva ao mesmo tempo profunda e ativa, latente e penetrante, oculta e invasora”. - BOSI, p. 47, 1994 Ao investigar a sua biografia, entende-se momentos e sentimentos na promoção do autoconhecimento, que ajudam na tomada da consciência reflexiva do passado, das situações e das redes de relações complexas que o formam como um ser histórico, como nos alerta Paulo Freire. "Gosto de ser gente porque, como tal, percebo afinal que a construção de minha presença no mundo, que não se faz no isolamento, isenta da influência das forças sociais, que não se compreende fora da tensão entre o que herdo geneticamente e o que herdo social, cultural e historicamente, tem muito a ver comigo mesmo." - (FREIRE, 2002, p. 59) Aula 4: O Instituído e o Instituinte nas Escolas do Ensino Básico: Problematizando o Currículo. Apresentação Nesta aula, analisaremos o processo histórico social de elaboração das políticas públicas em educação no Brasil, através da reflexão sobre os conceitos de instituído e o instituinte em educação. Nossa abordagem versará sobre as políticas públicas em educação e a organização político-pedagógica da escola, problematizando o atual processo de formação no magistério. Objetivos Conhecer o processo histórico social de elaboração das políticas públicas em educação no Brasil; Refletir sobre os diversos significados da palavra “currículo”; Restabelecer a relação entre currículo, sociedade e cultura; Refletir sobre os conceitos de instituído e o instituinte em educação; Compreender a organização político-pedagógica da escola, problematizando o atual processo de formação no magistério. Introdução Olá! Você já deve ter percebido durante a seus estudos acadêmicos que as sociedades humanas são singulares e possuem uma historicidade, não é? 14 Estas são instituídas, ou seja, ao longo dos anos passaram por um processo de construção de diversos hábitos, conceitos e instituições, como linguagens, discursos, costumes e valores, estabelecidos por um coletivo anônimo, um imaginário social, dessa forma o instituído, conceito que será trabalhado ao longo desta aula, refere-se ao que já está na sociedade: o legitimado. Já o instituinte é a possibilidade do novo. Segundo Castoriadis, Enquanto instituinte e enquanto instituída, a sociedade é intrinsecamente história – ou seja, auto-alteração. A sociedade instituída não se opõe à sociedade instituinte como um produto morto a uma atividade que o originou; ela representa a fixidez/estabilidade relativa e transitória das formas-figuras instituídas em e pelas quais somente o imaginário radical pode ser e se fazer ser como social-histórico.” CASTORIADIS,1982, p. 416). O que é hoje visto como instituinte, amanhã pode ser o instituído1, surgindo um novo instituinte2. O instituído atua por meio da tradição e de hegemonias dominantes presentes no Estado e através de outras instituições como a religião, o direito, a clínica e a escola, por exemplo. Instituinte Esses pensamentos hegemônicos atuam fortemente, contudo, ao mesmo tempo a sociedade também possui um polo instituinte, ou, determinante, que interage com o instituído por meio da elaboração de significados diferenciados, de discursos, ações, subversões da ordem dos pequenos poderes Esse polo é originado pela experiência dos sujeitos, por suas estruturas emocionais ou por sua consciência, influenciando a sociedade e a cultura a fim de mantê-la nos padrões vigentes ou alterá-la. Ambos, instituído e instituinte, interagem a partir de uma relação de permanente dialética. Como vimos, a escola é uma dessas instituições da sociedade e, como tal, também tem e constrói os seus saberes. Então, partindo dessas referências, vamos analisar relações entre o “instituído” e o “instituinte” na educação brasileira? Vamos agora fazer uma breve visita à história da educação no Brasil para observamos como as normas e leis na escola brasileira foram instituídas, isso o ajudará a perceber que o que está observando ao longo da prática de estágio está inserido em um contexto muito mais amplo e dinâmico. Isso também nos ajudará a conhecer o processo histórico social de elaboração das políticas públicas em educação no Brasil. Lembre-se de que o objetivo dessa aula não é esgotar esse assunto, visto que ele é tratado nas disciplinas História da educação no Brasil e Políticas públicas. A Colonização e a Educação no Brasil Durante o período colonial, a educação institucionalizada eoficial no Brasil era responsabilidade dos jesuítas. Nos primeiros anos da Companhia de Jesus voltou-se para a catequese e o ensino de ler e escrever para índios e filhos dos colonos que dividiam, por vezes, o mesmo espaço pedagógico chamado de colégios.3 Para facilitar a catequese foram criadas as missões: espaços sob a administração da Companhia de Jesus, onde os gentios, além de receberem a educação religiosa, viviam em unidades individualizadas por família e executavam o trabalho agrícola com divisão de tarefas A educação “letrada” no Brasil Colonial era direcionada aos homens. As mulheres não tinham acesso aos colégios e eram educadas para a vida doméstica e religiosa. De acordo com a hierarquia familiar, dentre as famílias dos colonos portugueses, o primogênito teria direito sobre todas as propriedades da família; o segundo filho era enviado aos colégios e, possivelmente, completaria seus estudos superiores na Europa; o terceiro, provavelmente seria entregue à igreja para a vida religiosa. Na primeira metade do século XVIII, Portugal foi administrado pelo Marquês de Pombal que, inspirado em ideias iluministas, determinou diversas reformas educacionais que repercutiram no Brasil. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula4.html 15 Ensino Estatal O ministro retirou o poder educacional da Igreja e colocou-o nas mãos do Estado, criando assim um ensino Estatal, executado através das aulas régias. Aulas Régias Porém, mesmo após a expulsão dos jesuítas, em 1759, e a instauração das aulas régias, a situação não mudou, permanecendo um grande número de analfabetos, pois o ensino continuou enciclopédico, com objetivos literários e com métodos pedagógicos autoritários e disciplinares. Na verdade, muitos pesquisadores defendem que as reformas pombalinas causaram uma queda no nível do ensino. Pombal, através do alvará de 28 de junho de 1759, suprimia as escolas jesuíticas de Portugal e de todas as colônias, introduzindo, posteriormente, as aulas régias de latim, grego e retórica. Cada aula régia era autônoma e isolada, com professor único e uma não se articulava com as outras. Objetivos das reformas educacionais As reformas educacionais de Pombal visavam a três objetivos principais: trazer a educação para o controle do Estado, secularizar a educação e padronizar o currículo. Se as escolas da Companhia de Jesus tinham por objetivo servir aos interesses da fé, Pombal pensou em organizar a escola para servir aos interesses do Estado. Subsídio literário Em 1772 foi instituído o "subsídio literário" para manutenção dos ensinos primário e médio. O “subsídio” era uma taxação, ou um imposto, que incidia sobre a carne verde, o vinho, o vinagre e a aguardente. Além de exíguo, nunca foi cobrado com regularidade e os professores4 ficavam longos períodos sem receber vencimentos, à espera de uma solução vinda da metrópole. Na verdade, a colônia não possuía uma estrutura arrecadadora capaz de garantir qualquer financiamento desse tipo. Um novo modo educacional, público foi implantado com a Reforma Pombalina, visando diversificar o conteúdo, incluir a versão científica e torná-lo mais prático, contudo não havia currículo, no sentido de um conjunto de estudos ordenados e hierarquizados, nem uma duração prefixada se condicionava ao desenvolvimento de qualquer matéria. Cada aula régia constituía uma unidade de ensino, com um único professor, para uma determinada disciplina. Era autônoma e isolada, pois não se articulava com outras e nem pertencia a uma escola. O aluno se matriculava em tantas aulas quantas desejasse. Uma outra fase começa com a transferência da Corte no chamado período joanino onde, o Brasil, como sede do Império português, precisou criar os primeiros cursos superiores como a Academia Real da Marinha e a Academia Real Militar, por exemplo, o que abriu espaços para a circulação de novas ideias. O príncipe regente D. João VI preocupou-se em criar algumas escolas de ensino superior, visando atender às necessidades de instrução dos filhos da nobreza e da aristocracia brasileira. A Educação após a Independência A partir da Independência em 1822 foi preciso pensar em uma Constituição para o Brasil. A Constituição é um conjunto de leis que estabelece as principais regras e normas jurídicas, políticas, econômicas e sociais de um país, dentre elas as da educação. Entretanto, na constituição de 1824, outorgada por D. Pedro I, encontramos apenas o seguinte trecho que trata sobre o assunto: "XXXII. A Instrucção primaria, e gratuita a todos os Cidadãos. XXXIII. Collegios, e Universidades, aonde serão ensinados os elementos das Sciencias, Bellas Letras, e Artes." Artigo 179 final Observa-se assim a pouca importância dada ao tema, restrito a uma parcela elitizada da população. A Carta estabelecia a gratuidade do ensino primário, entretanto, não especificava as condições para que essa ação se concretizasse. Não é de se estranhar que as taxas de analfabetismo fossem ainda bastante elevadas A determinação legal da gratuidade da instrução elementar não significou, de imediato, investimentos e estruturas suficientes em termos de espaços físicos adequados, professores bem formados, métodos e materiais didáticos. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula4.html#collapse01-01 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula4.html#collapse01-02 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula4.html#collapse01-03 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula4.html#collapse01-04 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula4.html 16 Só com a lei de outubro de 1827 que a instalação das escolas primárias se tornou obrigatória em todas as vilas, cidades e lugares mais populosos do Império, mas a educação não era obrigatória. Por vezes havia escolas, mas não havia aulas. A educação sofreu uma pequena mudança na década de 1830, devido a uma reforma na constituição. No Ato Adicional de 1834 foi definido que o ensino elementar, o secundário e a formação de professores seriam de responsabilidade das províncias, e o ensino superior ficaria sob o encargo do poder central. Em 1837 ainda houve a criação do Colégio Pedro II, pelo Regente Araújo Lima. Essa instituição foi criada com o objetivo de se estabelecer um padrão de ensino secundário para atender aos interesses dos filhos daqueles que faziam parte da elite intelectual do país, sendo o único autorizado, segundo Maria Lúcia de Arruda Aranha, “a realizar exames parcelados para conferir grau de bacharel, indispensável para o acesso aos cursos superiores”. Não podemos esquecer que, de acordo com Francisco Iglésias: "É na Regência que se assiste ao primeiro esforço ou interesse pela historiografia, de real eficácia, com a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1838, de papel importante na vida intelectual, então e depois.” (IGLÉSIAS, 2000) Durante o Segundo Reinado, apesar dos debates e da posição favorável por parte do Imperador D. Pedro II, não há muitos avanços em relação à temática educacional, sobretudo no que se relaciona às universidades. Na verdade o governo central só criaria a primeira universidade brasileira pública em 1920, no Rio de Janeiro, com a fusão dos cursos de Medicina, Engenharia e Direito. Cabe destacar, contudo, que a formação de professores passou a ser uma preocupação do estado, com a criação das primeiras escolas normais no país. Acreditava-se que a instrução elementar seria capaz de promover a disseminação de certas práticas sociais e sentimentos (morais e nacionalistas) que garantiriam a unidade e a elevação do país a estágios civilizatórios mais avançados. O professor exerceria o papel de agente público, formado pelo estado, encarregado de instruir e moralizar difundindo princípios de “ordem” e uma determinada visão de mundo da classe dominante. Dica Pesquise: Você sabia que nesse período a maior partedos professores do chamado Ensino Normal era formada por homens? Por que mudou? Desde quando mudou? A qualificação do professor e os investimentos do Estado aumentaram significativamente durante o Segundo Reinado? Por quê? A Educação no Período Republicano A República proclamada em 1889 mudou o regime político no país e, como decorrência, exigiu a elaboração de outro texto constitucional que correspondesse aos novos tempos. Vamos conhecer um pouco mais sobre a Carta Magna de 1891. Art. 35 - Incumbe, outrossim, ao Congresso, mas não privativamente: 1º) velar na guarda da Constituição e das leis e providenciar sobre as necessidades de caráter federal; 2º) animar no Pais o desenvolvimento das letras, artes e ciências, bem como a imigração, a agricultura, a indústria e comércio, sem privilégios que tolham a ação dos Governos locais; 3º) criar instituições de ensino superior e secundário nos Estados; 4º) prover a instrução secundária no Distrito Federal. A partir do início do século XX, longos debates entre educadores e um movimento social cresceu na sociedade brasileira, exigindo reformas no país, inclusive no campo educacional. 17 1920 Principalmente a partir dos anos de 1920, a criação do Ministério da Educação é um exemplo das mudanças resultantes da pressão do movimento conhecido como Escola Nova. 1924 Associação Brasileira de Educação – ABE, fundada por Heitor Lira, buscou promover os primeiros grandes debates sobre a educação em nosso País. 1930 A partir deste ano, quando Getúlio Vargas assume o governo, funda o Ministério da Educação e Saúde. 1931 A partir deste ano, quando Getúlio Vargas assume o governo, funda o Ministério da Educação e Saúde. 1932 Alguns intelectuais brasileiros, como Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Cecília Meirelhes e Anísio Teixeira, dentre outros, assinaram o "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova". Dentre as principais aspirações deste documento estão: a necessidade de uma escola pública, obrigatória e laica gratuita. A pedagogia tradicional foi duramente criticada diante da exigência do mundo em transformação. Na verdade, manifesto dos Pioneiros sofreu grande influência de um movimento que surgiu nos Estados Unidos denominado Escola Nova. 1934 A constituição de 1934 e o manifesto de 1932 desenvolveram pela primeira vez um caminho concreto para uma política educacional brasileira. Contudo, a constituição de 1934 durou pouco e foi substituída pela de 1937, imposta por Vargas. Na década de 1920 havia universidades, como a do Rio de Janeiro (1920) e a Universidade Federal de Minas Gerais (1927) que eram agregação de faculdades. Em 1934, surgiu a USP. 1942 O ministro Gustavo Capanema incentivou novas leis de reforma do Ensino, que ficaram conhecidas como "Reforma Capanema". Nesse ano surgiram a Lei Orgânica do Ensino Industrial e a Lei Orgânica do Ensino Secundário, além de ter sido fundado o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. 1943 Foi aprovada a Lei Orgânica do Ensino Comercial. 1946 Em 1946, foram aprovadas a Lei Orgânica do Ensino Primário e Normal e a Lei Orgânica do Ensino Agrícola. O Ensino Secundário foi dividido em três modalidades: Clássico, Científico e Normal 1948 Com o fim do Estado Novo, surgiu a Constituição de 1946, que determinava a gratuidade para o Ensino Primário. Em 1948 também surgiu a discussão para uma primeira Lei de Diretrizes Básicas, a partir da proposta do deputado Clemente Mariani 1946 Entre os anos de 1945 e 1964, durante os chamados governos populistas, o país viveu um período de experiência democrática, o que permitiu algum o desenvolvimento de algumas campanhas para a educação. Após treze longos anos de debates entre escolanovistas e católicos tradicionalistas, além do "Manifesto dos Educadores Mais Uma Vez Convocados" (1959), foi aprovada a Lei nº 4.024/61, que instigou o desencadeamento de vários debates acerca do tema. Destacamos que, por meio da Constituição de 1946, a educação aparece como “um direito de todos”, princípio que fora omitido na Constituição de 1937. Com o advento do regime militar, houve um aumento do autoritarismo, marcado na área da educação com o fechamento de organizações estudantis como a UNE - União Nacional dos Estudantes em 1967, consideradas "subversivas". Em 1969 foi tornado obrigatório o ensino de Educação Moral e Cívica em todos os graus de ensino, sendo que no ensino secundário era chamado de Organização Social e Política Brasileira (OSPB). A partir do Decreto 68.908/71 foi criado o "Vestibular Classificatório", garantindo a vaga nas universidades apenas até o preenchimento das vagas existentes. Tentando dar à Educação contornos tecnicistas, para 18 atender fundamentalmente ao mercado de trabalho, o Brasil assinaria em 1964 os acordos MEC-Usaid (Ministério da Educação e Cultura e United States Agency for International Development). Será que a educação deve servir apenas para atender ao mercado de trabalho? A Lei de Deretrizes e Bases de 1961 não foi revogada, mas modificada com a Lei 5.540/68. O Mobral foi criado em 1967, objetivando diminuir os níveis de analfabetismo entre os adultos. Uma reforma do Ensino Fundamental e Médio foi feita durante o Governo Médici, com a Lei 5.692/71. Foram integrados o primário, ginásio, secundário e técnico. Comentário Disciplinas como Filosofia (no 2º grau) desapareceram e outras foram unidas, como História e Geografia, que dariam origem no 1º grau aos chamados Estudos Sociais. Se hoje fala-se tanto em interdisciplinaridade, qual é o problema de união de duas disciplinas? Por que a criação da disciplina Estudos Sociais foi tão criticada? Lembre-se de que nosso objetivo é instigar a reflexão. Não estamos concordando necessariamente com o questionamento ao levantarmos tal pergunta. Assista, a seguir, ao vídeo sobre história da educação no Brasil. Ele é um breve resumo sobre o assunto abordado até aqui. A Educação Hoje: o Saber Instituído Na atualidade, a forma de organizar a escola brasileira - o saber instituído - está fundamentada na legislação educacional para a Educação Básica. Nesses documentos legais observam-se princípios comuns, entre eles, para a educação básica, calcados "na ética, na autonomia, na responsabilidade, na solidariedade, no respeito ao bem comum; nos princípios políticos dos direitos e deveres da cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática; nos princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais” (PRINCÍPIOS BÁSICOS DAS DCNS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA). Vimos como essas normas foram instituídas através da através da história educacional brasileira. Agora precisamos refletir sobre o que é um currículo. Refletir sobre o currículo é fundamental, pois ele está diretamente relacionado ao que será ensinado em sala de aula, ou seja: nele se corporificavam as diversas ações do processo de ensino-aprendizagem. Discutir currículo é, portanto, discutir a ação educativa. Refletir sobre o currículo implica analisar criticamente cada ação que constitui o “educar”. Saiba mais Traduzida nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, em acordo com os princípios da LDB (BRASIL, 1996), as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) emitidas pelo Conselho Nacional de Educação estão explicitadas em documentos específicos para cada um dos níveis da Educação Básica: Resolução CEB nº. 1/1999 (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 1999), que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil a serem observadas na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas; a Resolução CEB nº. 2/ 1998 (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 1998a), que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e a Resolução CEB nº 3/1998 (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 1998b), que instituias Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Antes de respondermos a tal pergunta, é preciso saber que este assunto têm-se constituído frequente alvo da atenção de autoridades, professores, gestores, pais, estudantes. Quais as razões dessa preocupação? Qual a sua relevância para a formação de educadores e para a prática educativa? 19 Os professores têm um papel importante no processo curricular por estarem, muitas vezes, em suas mãos as diferentes decisões e ações que se constituem os atos de currículo. Se analisarmos as práticas escolares ao longo do tempo, podemos constatar que as respostas a essas questões podem variar, pois, de acordo com os diferentes contextos, tempos, atores e espaços, o currículo assume papéis e significações também diferentes. Diferentes fatores socioeconômicos, políticos e culturais contribuem para que o currículo seja entendido como: os conteúdos a serem ensinados e aprendidos; as experiências de aprendizagem escolares a serem vividas pelos alunos; os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e sistemas educacionais; Saiba mais Os estudos sobre currículo não se pautam em uma única teoria do currículo, mas em “teorias do currículo”, pois nos diferentes discursos ou teorias sobre o assunto estão implicadas diferentes concepções de indivíduo, sociedade e cultura. Apesar de esse estágio não ser voltado diretamente para a prática docente, é importante saber que os professores participam da construção do currículo quando: selecionam os conteúdos que serão abordados, definem abordagens com especificidades históricas e ideológicas, planejam e avaliam, por exemplo. Desta forma, o currículo se configura a partir da forma como se concebe a sociedade, os alunos, os conhecimentos, a cultura, o processo de ensino-aprendizagem, os métodos, a avaliação. Ele não se restringe a um domínio técnico-metodológico. O que se ensina e como se ensina, a forma como o processo de ensino-aprendizagem é entendido e mediado, o que, como e por que se avalia são fatores que determinarão o que serão os alunos. Se o conhecimento, que constitui o currículo, não é neutro, então este assume uma importância vital na constituição dos sujeitos e de suas subjetividades. Vamos ver o currículo transitar por diferentes enfoques, cada qual imprimindo a ele sentidos diferentes. É fundamental, portanto, entender que o currículo tem sentidos que são complexos e envolvem posicionamentos ideológicos e políticos, além de constituir-se como artefato social e cultural, determinado social e historicamente, cujos protagonistas são os professores, que têm em suas mãos o pensar e o fazer educação, a práxis pedagógica. Saiba mais Assista ao vídeo a seguir para compreendermos melhor a relação que existe entre poder, subjetividade, currículo instituído e instituinte: Pink Floyd - Another Brick In The Wall Neste sentido, os currículos instituídos são a todo o momento modificado pelos currículos pensados e praticados, instituindo outras maneiras de ser e estar na escola. Muito bem, então o estágio é o momento inicial para que possa começar a perceber as diferenças entre o dito (escrito) e o feito. Ao iniciar a sua pesquisa, você encontrará as pistas de como os currículos são pensados, praticados, observando a organização administrativo-pedagógica da sua escola; a existência de espaços democráticos de deliberações; formação continuada de professores; participação de alunos em órgãos decisórios; discussão e (re)organização curricular permanente; integração entre escola e comunidade; avaliação de resultados e medidas com vistas à melhoria do padrão de ensino aprendizagem, entre outras questões que evidenciam como a escola, a partir de suas propostas e ações, ocupa um espaço de autonomia. Essas pistas irão ajudar na sua formação, pois está é uma das fases mais importantes de sua pesquisa, uma vez que reflete a prática de sua formação profissional. Então, mãos à obra, vá a campo, estude os documentos da escola, leia o Projeto Político-pedagógico que será tema de nossa sétima aula e veja as normas seguidas pela instituição na qual você está inserido. javascript:void(0); 20 Converse com os professores e veja as diversas outras formas de currículos praticados por eles, dos currículos vivos, dos jeitos e adaptações que fazem para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra naquela comunidade educativa, veja o poder instituinte praticado por esses educadores, desta maneira você iniciará a sua formação como professor reflexivo da sua prática docente, que irá ocorrer de forma continuada no exercício do magistério. É o início de um bela viagem, por vezes calma, outras tortuosas, cheia de armadilhas, mas que nos impele a ir, pois como nos fala o escritor e biólogo moçambicano Mia Couto... "O que nos leva à errância quando bem podíamos ficar quietos? Essa pergunta suscita outras perguntas. Algumas delas próximas da minha área de saber: Está o desejo da viajem inscrito nos nossos genes? Faz parte da nossa natureza? Acredito que a essência do Homem é não ter essência. Por isso, quando nos interrogamos sobre o gosto de deambular, as respostas devem ser encontradas na nossa história. É nesse terreno que entendemos o nosso tão antigo apetite pela viagem (...). No início da humanidade, viajávamos porque líamos e escutávamos, deambulando em barcos de papel, em asas feitas de antigas vozes. Hoje viajamos para sermos escritos, para sermos palavras de um texto maior que é a nossa própria Vida”(COUTO, 2011, p. 71-76) Nós somos instituídos e ao caminhar, buscar, aperfeiçoar, compreender o mundo que nos cerca, lendo-o nas estrelinhas dos cotidianos, seja escolar ou vivencial, temos a necessidade de tornarmo-nos instituidores de uma nova forma de ser e estar no mundo que acabamos de conhecer, ou melhor, tecer. Aula 7: As dimensões e contradições no cotidiano escolar: imagens sobre a escola Apresentação Serão analisadas algumas contradições encontradas no cotidiano escolar. Observaremos alguns exemplos de escolas em seus pressupostos metodológicos, pedagógicos e conceituais e faremos uma reflexão sobre essas experiências confrontando-as com a prática vivida. Trabalharemos com exemplos como a Escola da Ponte Objetivos Analisar as dimensões e contradições presentes no cotidiano escolar; Refletir sobre as imagens da escola presentes no imaginário social, através da análise de algumas contradições encontradas no cotidiano escolar; Compreender que existem diferentes exemplos de escolas em seus pressupostos metodológicos, pedagógicos e conceituais; Observar o exemplo da Escola da Ponte. Dicas para a primeira prática de estágio Já estamos quase chegando à conclusão de nosso relatório, não é verdade? É hora de saber as orientações gerais... 1. A cada aula do nosso curso você encontra a indicação de textos que servem de base e leituras complementares para nossos estudos. Esses textos deverão ser lidos por todos os alunos, pois complementam os estudos. Caso você não consiga ler todos, escolha um ou dois e faça uma leitura atenta e cuidadosa deles, procurando identificar suas ideias centrais. Nesta leitura, anote as dúvidas e questionamentos que lhe surgirem e destaque as ideias que mais lhe chamarem a atenção. Alguns desses textos estão disponíveis on-line. 2. Acompanhe a discussão dos textos nos fóruns, bem como das aulas para reflexão e debate, procurando dinamizar a discussão de ideias e a troca de informações e opiniões no contexto de uma comunidade virtual de aprendizagem colaborativa, portanto a interatividade é fundamental. Acompanhe atentamente essa discussão, lendo as mensagens enviadas pelo professor e por seus colegas. Você pode fazer essa leitura em tela ou imprimir algumas, ou todas as mensagens, para lê-las no papel. 21 O questionamento e o confronto de opiniões reforça a necessidade de buscar fundamentos e aprofundar a discussão. Informações alimentam o debate e contribuempara o aprendizado coletivo. Ao contribuir para a discussão, evite a redundância: se uma pergunta ou dúvida já foi colocada, não é preciso colocá-la novamente. Mas lembre-se... Cada aluno traz para o curso sua bagagem de experiências e conhecimentos vividos em seu contexto de atuação, isso é relevante e pode ser somado à bagagem trazida por outros e com as leituras feitas por todos para ajudar a aprender mais. Recorra a experiências em contextos diversos, leituras feitas em outros cursos, a tudo que constitui sua bagagem e forma um conjunto que somente você possui e contribua também para a discussão em cada fórum, sobre cada item do relatório que estiver sendo discutido e para a aprendizagem de todos. 1. Contribua para a discussão em nossos fóruns: a reciprocidade é fundamental para a aprendizagem colaborativa. Se desejamos receber, precisamos estar dispostos a contribuir. Procure participar ativamente da discussão enviando dúvidas, questionamentos, opiniões ou informações que você julgar relevantes. Sua dúvida pode ser a dúvida de outros colegas e ao formulá-la e enviá-la para a discussão você estará permitindo seu esclarecimento diante de todos, facilitando a elaboração do seu relatório. 2. Tenha sempre à mão seu caderno de anotações. Acostume-se a ter seu caderno, de papel ou digital, por perto sempre que for ler textos e mensagens do curso, assim como a assistir aos vídeos sugeridos nas aulas, e consulte-o periodicamente para rever tópicos e avaliar seu progresso. Sempre que você se defrontar com algum problema ou dificuldade de natureza operacional, técnica, administrativa ou pedagógica você pode escrever em particular ao seu professor. Caso ele não possa resolver ou ajudar na solução do problema ou dificuldade, certamente poderá indicar- lhe ou encaminhar a quem o possa. As relações do cotidiano escolar As relações estabelecidas no contexto escolar têm se revelado cada vez mais heterogêneas e conflitantes. Muitas são as reclamações e a descrença, por alguns setores da sociedade, de que a escola possa constituir- se num espaço de construção de conhecimento, de formação de pessoas conscientes, participativas e solidárias. Muitas das vezes, para pais e professores, principalmente, os sentimentos em relação a ela têm sido de desilusão, desencanto e impotência diante dos inúmeros problemas cotidianos, isso sem falar das inúmeras acusações de irresponsabilidade, ora por parte de pais ora por parte da escola, a qual chama a família a participar do processo educativo, o que é fundamental. Pode-se ainda referir-se, em uma esfera mais particular, às dificuldades das relações eu-outro, à não aceitação do outro como um legítimo outro na convivência (MATURANA,1999, p. 23), na inabilidade de se lidar com os conflitos comuns ao convívio humano, ou seja, questões ligadas à afetividade, presentes em todas as relações humanas. Essas e outras questões estão presentes na escola e superá-las implica um desafio imbricado em questões políticas, econômicas, sociais e pedagógicas e que só são possíveis de serem analisadas a partir da compreensão dessas dimensões e contradições do cotidiano escolar. Você ainda tem dúvida em como fazer isso? Encarar este DESAFIO é o primeiro passo para a mudança e para a busca de um diálogo e reflexão que estimulem a construção de uma visão plural do conhecimento, baseada em uma visão plural de sociedade. É preciso levar em conta o sujeito histórico, contextualizado no tempo e no espaço professor/aluno/comunidade escolar – pessoas reais atuantes no cenário educativo, que pensam, sentem e criam. 22 O sujeito é um espaço peculiar inserido em conflitos, nas diferenças, no heterogêneo, desta forma é preciso traçar caminhos que nos permitam também investigar a relação entre o afetivo e o cognitivo no contexto da sala de aula e no espaço escolar dentro das relações pedagógicas. Afetividade #1 Tratar sobre a afetividade e a aprendizagem como tema implica em ter a subjetividade como objeto de pesquisa, o dinamismo da vida individual e coletiva com toda a riqueza de significados dela transbordante (MINAYO, 1999, p.15). Portanto, não está sujeito à objetividade ou a dados concretos que, ao serem analisados, possibilitem verdades absolutas e racionalidades objetivas. Pelo contrário, o seu percurso nos desperta mais questionamentos do que certezas. Aprendizagem #2 A sala de aula é um espaço de vivência, de convivência e de relações pedagógicas, espaço constituído pela diversidade e heterogeneidade de ideias, valores, crenças e atitudes. É um espaço de formação humana, cheio de significado, onde a experiência pedagógica – o ensinar e o aprender – é desenvolvida no vínculo: tem uma dimensão histórica, intersubjetiva e intrassubjetiva (Valdez, 2002, p. 24). O sujeito constrói-se a partir das relações entre um mundo externo, estruturado pela cultura e pelas condições históricas, e por um mundo interno, não somente no aspecto cognitivo, mas afetivo, portanto é extremamente importante aproveitar essas relações na prática educativa. É interessante notarmos que educar é ensinar a olhar para fora e para dentro, superando o divórcio, típico da nossa sociedade, entre objetividade e subjetividade. É aprender além: saber que é tão verdade que a menor distância entre dois pontos é uma linha reta quanto que o que reduz a distância entre dois seres humanos é o riso e a lágrima (ALENCAR, 2001, p. 100). É fundamental que na observação prática possamos perceber a afetividade presente no espaço escolar, afetividade como um conceito amplo, que integra relações afetivas diversas como a emoção, medo, alegria, tristeza, a paixão e o sentimento, inerentes ao processo ensino-aprendizagem-ensino. Dimensões e contradições do cotidiano escolar: ainda trabalhando com a afetividade. Escola Espaço Educativo #3 A escola constitui-se num espaço essencialmente educativo, cuja função principal é a de mediar o conhecimento, possibilitar ao educando o acesso à reconstrução do saber. Essa função está imbricada inexoravelmente às relações, pois a transmissão do conhecimento se dá na interação entre pessoas. Assim, nas relações ali estabelecidas, o afeto está presente. Um dos componentes essenciais para que esta relação seja significativa e represente uma parceria no processo ensino-aprendizagem é o diálogo. Enfatizar o diálogo como imprescindível na relação professor/aluno não significa, portanto, desconsiderar a objetividade necessária ao processo ensino-aprendizagem ou a má interpretação de que o bom professor é “o que permite tudo” ou “o que entende o aluno em todas as sua atitudes”. A relação professor/aluno, por sua natureza antagônica, oferece riquíssimas possibilidades de crescimento (ALMEIDA, 2001, p. 106). O mesmo se aplica para todas as instâncias da instituição e não se limita apenas à relação professor-aluno, mas pais e professores, gestão e professores etc. Pare e pense por um instante... 1- É possível perceber que quando ocorre a elevação da temperatura emocional o desempenho intelectual diminui? 2- Quando a atividade intelectual está voltada para a compreensão da emoção, seus efeitos são reduzidos? 3- O desenvolvimento deve conduzir à predominância da razão, sem que a emoção esteja excluída? Então, refletiu? Confira mais informações... É importante que a relação afetiva seja mais cognitiva, que se concretize considerando o outro legítimo outro na convivência (MATURANA, 1999, p. 18), ou seja, que a relação professor-aluno se dê como uma parceria afetivo-cognitiva, evidenciada através de uma linguagem onde haja espaço para o elogio, o incentivo e mesmo para a repreensão necessária, direcionada ao outro como possibilidade de reflexão, conscientização e formação. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula7.html#collapse01-01 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula7.html#collapse01-02 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon227/aula7.html#collapse01-03 23 Essa relação é uma via de mão
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