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Timpanismo - Indisgestão vagal

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INDIGESTÃO VAGAL EM SEIS MINI-BOVINOS ATENDIDOS NA CLÍNICA DE 
GRANDES ANIMAIS FMVZ-UNESP/BOTUCATU 
 
VAGAL INDIGESTION IN SIX MINI-CATTLE TREATED AT THE CLINIC FOR 
LARGE ANIMALS FMVZ-UNESP/BOTUCATU 
 
Rogério Martins Amorim1, Bianca Paola Santarosa*2, Gabriela Nascimento Dantas2, Danilo 
Otávio Laurenti Ferreira3, Celso Antonio Rodrigues4, Carlos Alberto Hussni4, Roberto 
Calderon Gonçalves1, Simone Biagio Chiacchio1 
 
Resumo 
A indigestão vagal é uma enfermidade associada a distúrbios funcionais dos estômagos em 
ruminantes, resultante do comprometimento total ou parcial do nervo vago por lesão, 
compressão ou inflamação. Em nove anos foram atendidos seis casos desta doença em mini 
bois, na Clínica de Grandes Animais FMVZ-UNESP/Botucatu. Todos os animais 
apresentavam timpanismo crônico recorrente. Com exceção de um animal que veio a óbito 
antes da cirurgia, os outros cinco foram submetidos à fistulização permanente do rúmen. A 
ocorrência nesta raça se deve, provavelmente, aos fatores genéticos e à conformação 
condrodistrófica. 
Palavras-chave: Indigestão vagal, mini-bovinos, nervo vago, bovinos. 
 
Summary 
The vagal indigestion is a condition associated with functional disorders of the stomach in 
ruminants, resulting in total or partial vagus nerve injury, compression or inflammation. In 
nine years were treated six cases of this disease in cattle in the mini-Large Animal Clinic 
FMVZ-UNESP/Botucatu. All animals had chronic bloat applicant. Except for a mini-cow that 
died before surgery, the other five were subjected to permanent rumen fistula. The occurrence 
of this race is probably due to genetic factors and chondrodystrophies conformation. 
Keywords: Vagal indigestion, mini cattle, vagus nerve. 
 
O termo indigestão vagal introduzido por Hoflund em 1940 foi utilizado para 
descrever uma condição associada a distúrbios funcionais dos estômagos em ruminantes 
(WITHLOCK et al., 1999). O comprometimento total ou parcial do nervo vago por lesão, 
compressão ou inflamação, é um dos principais fatores na ocorrência destas indigestões, pois 
este é responsável pela motricidade dos pré-estômagos de ruminantes (SANTOS et al., 2010). 
Segundo Garry (2006), a indigestão vagal, ou Síndrome de Hoflund, pode ser dividida 
em diferentes tipos de distúrbios funcionais, dependendo do local de obstrução da ingesta, e 
pode ser classificada em: estenose funcional anterior (quando há falha no transporte omasal) 
ou posterior (se há falha no esvaziamento pilórico). A primeira ocorre com atonia do orifício 
retículo-ruminal e/ou de motilidade ruminal normal a aumentada. Já a segunda pode ser 
dividida conforme sua natureza: contínua ou intermitente (WITHLOCK et al., 1999). 
Este trabalho analisou a ocorrência de indigestão vagal em seis bovinos miniaturas 
atendidos na Clínica de Grandes Animais da FMVZ-UNESP/Botucatu, no período de 2002 a 
2011. 
 
1 Docente do Departamento de Clínica Veterinária, FMVZ-UNESP/Botucatu 
2 Residência em Medicina Veterinária, Área de Clínica de Grandes Animais, FMVZ-UNESP/Botucatu. *Autor 
para correspondência. biancap_s@yahoo.com.br Departamento de Clínica Veterinária. Rubião Jr., s/n. CEP 
18618-000. 
3 Pós-graduando do Departamento de Clínica Veterinária, FMVZ-UNESP/Botucatu 
4 Docente do Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária, FMVZ-UNESP/Botucatu 
2 
A idade dos animais variava entre 8 e 19 meses, sendo cinco machos e apenas uma 
fêmea. Em todos os casos, a queixa principal dos proprietários foi o timpanismo recidivante 
crônico, já tendo sido o animal sondado via esofágica na propriedade, sem melhora do quadro, 
mesmo com a administração, via oral, de produtos antifermentativos. Esse tipo de timpanismo 
pode ser observado em todas as formas de indigestão vagal. 
Os animais chegaram ao atendimento com pronunciado aumento de volume no na 
fossa paralombar esquerda e na região ventral da fossa paralombar direita (Figura 1). À 
palpação, percebia-se conteúdo gasoso na região dorsal e sólido nas porções mais ventrais. À 
percussão, ouvia-se som maciço ventralmente e timpânico dorsalmente. Realizou-se passagem 
de sonda esofágica para alívio e, em todos os casos houve progressão sem sinais obstrutivos. 
No último caso atendido, em 2011, optou-se pela realização radiografia de esôfago e 
abdome, complementada por ultrassonografia abdominal. Com isso, foi possível observar a 
estratificação ruminal apontando para um acúmulo de material sólido no rúmen, além da 
presença de grande quantidade de conteúdo gasoso. 
Na análise do líquido ruminal houve diminuição da microbiota ruminal e o teor de 
cloretos se encontrava dentro dos valores de normalidade (15 a 25mEq/L) (GARRY, 2006), 
descartando-se estenose funcional posterior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Dois mini bois atendidos na Clínica de Grandes Animais FMVZ-UNESP/Botucatu com timpanismo 
por síndrome de Hoflund. 
 
 Em todos os casos foi realizado exame coproparasitológico, encontrando-se leve 
contaminação por parasitas. Os animais foram vermifugados, porém sem melhora na condição 
pastosa de suas fezes. 
O número de sondagens requeridas por cada animal foi variável, chegando a até 3 
vezes por dia. Por este motivo, após o exame clínico desses pacientes, optou-se por colocação 
de fístula rumenal permanente. No momento da cirurgia, realizou-se laparotomia exploratória 
a procura de anormalidades em orifício retículo-omasal e no piloro. Em nenhum dos animais 
operados foi encontrada alguma alteração. Após a cirurgia, os animais receberam alta com 
recomendações de limpeza local e abertura da fístula quando houvesse timpanismo. 
Um dos animais atendidos veio a óbito antes da fistulização, devido às condições 
gerais que chegou ao atendimento (caquexia) e ao quadro de pneumonia que se instalou 
durante o internamento. Ao exame necroscópico verificou-se abomasite intensa, mas sem 
comprometimento de nenhum dos orifícios rumenais e sem lesões cicatriciais aparentes. 
Os animais acometidos pela indigestão vagal por tempo prolongado perdem suas 
condições físicas, porque a ausência de trânsito alimentar produz estado de inanição. Essa 
atonia do trato gastrointestinal explica a consequente sobrecarga ruminal e o estado pastoso 
das fezes, pois o conteúdo não digerido acaba funcionando como causador de diarréia 
osmótica (BORGES et al., 2007) 
3 
Durante os nove anos (2002-2011) chegou para atendimento um total de dez animais, 
entre mini bois e mini vacas, sendo a indigestão vagal diagnóstico de 60% desses casos. Em 
nenhum dos casos atendidos, seja por meio da laparotomia exploratória ou necropsia, foi 
verificada alguma anormalidade em orifícios retículo-omasal e pilórico. Conclui-se que os 
mini-bovinos apresentam predisposição ao desenvolvimento da enfermidade, seja por causas 
genéticas ou por sua conformação condrodistrófica. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
SANTOS, G. G. F., et al. Indigestão vagal em uma minivaca: relato de caso. In: 1° Simpósio 
de Pós-Graduação em Ciência Animal e IX Semana de Divulgação Científica do Curso de 
Medicina Veterinária, 2009, Araçatuba. Resumos. Araçatuba: Veterinária e Zootecnia, 2010, 
p.40. 
BORGES, J. R. J. et al. Compactação de abomaso em bovines leiteiros: descrição de cinco 
casos. Ciência Animal Brasileira, v. 8, n. 4, p. 859-864, out./dez. 2007. 
WHITLOCK, R. Vagal indigestion. In: Howard, J. L. & Smith, R. A. Current Veterinary 
Therapy: food animal practice 4. Philadelphia: Saunders, 1999. 
GARRY, F. B. Indigestão em Ruminantes. In: smith parte cinco, capítulo 30, p. 726 – 741

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