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Acesse capacetesSW.planetadeagostini.com.br ou ligue (11) 2171-7111 Colecione já e entre na batalha pela defesa da galáxia! *G oi ân ia (G O) , B el ém (P A) , R ib ei rã o Pr et o (S P) , J ui z d e Fo ra (M G) , B ar re to s (S P) , D iv in óp ol is (M G) , C ui ab á (M T) , I pa tin ga (M G) , e nt re o ut ra s ci da de s. Im ag en s ilu st ra tiv as . Nos fascículos, informações sobre fatos importantes da saga e descrição detalhada dos capacetes, armas e uniformes dos personagens. © & ™ L uc as fil m L td . Al l R ig ht s Re se rv ed . U se d Un de r A ut ho riz at io n. ESCALA 1:5 Colecione os capacetes mais emblemáticos da saga Star Wars! Produtos aprovados pela Lucasfilm Réplicas em escala 1/5 Miniaturas em ABS Reproduções fiéis aos originais já nas bancas* Detalhes e decorações fiéis Base expositora individualizada Viseira móvel AN_CAPACETES_ST_202x266mm_2015.indd 1 5/5/15 11:30 AM Alemanha separa famílias 58 FOTO-HISTÓRIA HISTÓRIAS ÍNTIMAS O mago sedutor 56 LANÇAMENTOS A revolução de 1924 em São Paulo 52 CULTURA 6A adaptação dos maias às intempéries climáticas HISTÓRIA HOJE 16HISTÓRIA MALUCATroféu inusitado 30HISTÓRIA ILUSTRADA Dia D 16BANDEIRAS Bandeiras tricolores 32CRÔNICAS Laudo Natel e o Estádio do Morumbi 12ARTE O Grito 14LINHA DO TEMPOHomossexualidade 10COMO FAZÍAMOS SEM...Zero ALMANAQUE AGENDA 30 dias que mudaram o mundo 36 CAPA Duque de Wellington 20 REPORTAGENS CAPA 20 O “Duque de Ferro” que pôs fim à supremacia napoleônica Sumário CA PA É BE R EV AN GE LI ST A | IM AG EM S H U TT ER ST O CK AH143_SUMARIO.indd 3 5/5/15 8:23 AM Diretor-Superintendente: Edgardo Martolio Diretores Corporativos: Marketing: Luis Fernando Maluf (Novos negócios, plataformas multimídia e circulação) Editorial: Claudio Gurmindo (Núcleo Celebridades) e Pablo de la Fuente (Núcleo Novos Leitores e Mensais) Publicidade: Arnaldo Bontein Rosa Conselho de Publicidade: Álvaro Almeida Administrativo/Financeiro: Ariovaldo Dias Jurídico e RH: Wardi Awada Circulação: Marciliano Silva Jr. Gestão: Osmar Lara Diretores Executivos: Internet e MídiaDigital: Alan Fontevecchia TI: Cícero Brandão Arte: André Luiz Pereira da Silva Diretores: Publicidade: Itália Marchiori (RJ), Fernando Leomil (Núcleo Celebridades), Maria Rosária Pires (Núcleo Novos Leitores) e Raquel Ezequiel (Núcleo Saber, Bem-Estar & Mulher) Marketing Publicitário e Eventos: Luciana Jordão Escritório Rio de Janeiro: Claudio Uchoa Arte: Juliana Cuttin (Núcleo Bem Estar) e Kika Gianesi (Núcleo Novos Leitores) Editores: Fotografia: Martín Gurfein (SP e Arquivo) e César Alves (RJ) Gerências: Logística São Paulo: Gilberto Arcari Escritório Rio de Janeiro: Edinoel Silva Faria Circulação: Luciana Romano Eventos: Walacy Prado Editora: Bia Mendes Editora de Arte: Luciana Porto Alegre Steckel Colaboraram nesta edição: Fábio Marton, Fernando Duarte, José Renato Santiago, Leonardo Mourão, Mary del Priore (texto). Bruno Algarve, Éber Evangelista, Eduardo Schall e Hafaell (ilustração) Publicidade: Carla Bove e Katia Honório (Executivos de Negócio) ÁREAS COMPARTILHADAS: FOTOGRAFIA: Priscilla Vaccari (Fotografia-SP), Cadu Pilotto (Fotografia-RJ), Samanta Ribeiro e Ramiro Pereira (Assistentes) CIRCULAÇÃO: Pablo Barreto MARKETING PUBLICITÁRIO E EVENTOS: Bruno Meira (Designer) e Maria Eliza Fedrigo (Analista de produto) MARKETING: Bianca Gurgel (Designer), Caroline Ryna, Nilton Vieira, Fernando Almeida e Natalie Fonzar (Apoio) TI: Dirceu Bueno, Ricardo Jota e Victor Dias Fontes (Assistentes) LOGÍSTICA: Anicley Lima, Alexandra Cerqueira e Daniel Ferreira ADMINISTRAÇÃO, FINANÇAS E CONTROLE: Adriano Bialli (Consultor financeiro), Alessandro Silva (Analista), Manoel Leandro (Consultor) e Arthur Matsuzaki (Analista) RECURSOS HUMANOS: Renê Santos PROCESSOS: Agnaldo Gama, Henrique Pereira e Mariana Cavalcanti ARQUIVO: Carmen Trujilo PRE-PRESS: Gustavo Grandjean (Chefe), Alexandre de Sousa, André Uva, Claudio Costa, Edvania Silva e Rodrigo Figuerola INTERNET E MÍDIA DIGITAL: EDITOR: Ademir Correa PUBLICIDADE VIRTUAL: Fernanda Neves (Gerente), Bruna Oliveira, Deborah Burmeister e Thays Panar (Executivas) e (Assistente) PLANEJAMENTO: Roberta Covre (Coordenadora) e Anne Muriel (Analista) TECNOLOGIA DIGITAL: Nicholas Serrano (Gerente) e Fábio Rocha (Desenvolvedor). MARKETING DIGITAL: Victor Calazans (Analista) REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA: SÃO PAULO: Avenida Juscelino Kubitschek, 1400, 13o andar e cobertura, CEP 04543-000, SP, Brasil, tel.: (0xx11) 2197-2000, fax: (0xx11) 3086-4738 RIO DE JANEIRO: Torre Rio-Sul, Rua Lauro Müller, 116, conjunto 3105, 31o andar, CEP 22290-160, RJ, Brasil, tel.: (0xx21) 2113-2200, fax: (0xx21) 2543-1657 AVENTURAS NA HISTÓRIA 142 (ISSN 1806-2415), ano 12, nº 7 é uma publi cação mensal da Editora Caras Edições anteriores: Para comprar edições anteriores, ligue: 0800-777-3022, de segunda a sexta, das 07h30 às 17h30. Distribuída em todo o país pela Dinap S.A. Distribuidora Nacional de Publicações, São Paulo. AVENTURAS NA HISTÓRIA não admite publicidade redacional. SERVIÇO AO ASSINANTE: Grande São Paulo: (11) 5087-2112 Demais localidades: 0800-775 2112 www.abrilsac.com Para assinar: Grande São Paulo: (11) 3347-2121 Demais localidades: 0800-775 2828 www.assineabril.com.br IMPRESSA NA GRÁFICA ABRIL: Av. Otaviano Alves de Lima, 4400, CEP: 02909-900, Freguesia do Ó, São Paulo, SP Outras revistas BONS FLUIDOS, CARAS, MANEQUIM, MÁXIMA, MINHA CASA, MINHA NOVELA, RECREIO, SOU MAIS EU!, VIDA SIMPLES e VIVA MAIS Editor Responsável: Wardi Awada esta edição o leitor encontrará algumas mudanças no for- mato habitual da revista, como a ausência da tradicional Agenda. Há um motivo. Nesse caso porque seu conteúdo iria se sobrepor ao material que nos forneceu o livro 365 Dias Que Mudaram o Mundo, da Editora Planeta. Escolhemos um mês inteiro para veicular, junho. Sim, queremos que a História pesquisada e publicada em livros tenha mais presença nestas páginas. Elas precisam servir de guia para o leitor ávido, que muitas vezes desconhece lançamentos preciosos, raros, úni- cos, com tiragens mínimas, mas com conteúdos fantásticos. Esse livro poderá não estar na estante da livraria de sua cidade, mas se você sabe de sua existência, porque degustou a obra em nossa AVENTURAS NA HISTÓRIA, correrá atrás dele. Hoje, graças à internet, pode-se conseguir tudo rapidamente. A revista precisa prestar esse serviço – e fará o má- ximo para cumprir tamanha missão. Por questões de espaço, esses ‘trinta dias’ não estão todos na edição impressa. Mas os que nas páginas dedicadas ao assunto não encontraram vaga são reproduzidos em nosso site, que revigoramos para que seja frequentado por pessoas como você, interessadas em saber mais e co- nhecer tudo. Há muita História desvendada e editada por aí, bem mais do que conhecemos, e tanta quanto a nossa curiosidade deseja. Dá dó que passe despercebida. Como também dá dó não aproveitar os leitores- colaboradores, que têm muito a nos dar, a compartilhar, e perdem seu entusiasmo por falta de oportunidade. Aos poucos, aqui, eles irão se incorporando ao nosso dia a dia. Alguns já estão presentes. Para nós é uma satisfação enorme ser essa ponte. A História merece. Você também... E agora vamos lá, conhecer o Duque de Wellington, que, nada menos, derrotou Napoleão Bonaparte, e por isso lhe devemos atenção. EDITORIAL N Boa leitura, Edgardo Martolio DIRETOR DE REDAÇÃO A MESMA REVISTA NOVOS ARES 4 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH143_Editorial.indd 4 5/5/15 9:03 AM COLAPSO ATINGIU DE FORMA DIFERENTE CIDADES DO NORTE E DO SUL Históriahoje As novidades da arqueologia e dos estudos históricos Os maias são um dos povos pré-colombianos mais fas-cinantes. Por mais de 2 mil anos, eles dominaram a Península de Yucatán, no que hoje é um território dividido pelo México, Belize e Gua- temala. Em seu auge,eles viviam numa rede de dezenas de grandes cidades, com arquitetura monumen- tal, escrita e matemática avançadas. Eles acabaram vítimas do próprio sucesso – por volta do ano 800, come- çou uma seca que duraria 200 anos, provocada possivelmente pelo mas- sivo desflorestamento causado pela pressão populacional. Grandes cida- des seriam abandonadas, e não have- ria mais centros urbanos ou projetos arquitetônicos na mesma escala. Um novo estudo revelou que os maias não foram vítimas passivas da catástrofe ambiental. Conduzida pelo geólogo Mark Pagani, da Uni- versidade de Yale (EUA), a pesquisa demonstrou que as cidades maias foram afetadas de forma diferente conforme a região, e que eles muda- ram seus métodos agrícolas tentan- do se adaptar. As cidades do norte, já acostuma- das a um clima mais seco, foram bem menos afetadas. Ao sul a técnica de plantio mudou de coivara – cortar e Ruínas da cidade maia de Palenque, no México. As cidades do sul nunca se recuperaram da seca que durou 200 anos MAIAS SE ADAPTARAM AO CLIMA História 6 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH143_HISTORIA HOJE.indd 6 5/5/15 8:37 AM FO TO S GE TT Y IM AG ES , S H U TT ER ST O CK E D IV UL G AÇ ÃO queimar a floresta – para plantações intensivas e concentradas de milho. “O sul era o centro da população maia, e sua capacidade de se adaptar era limitada”, afirmou Pagani. “O norte já estava acostumado a condi- ções bastante secas, e se saiu muito melhor. De fato, houve expansão após o colapso, mas as cidades do sul nunca se recuperaram.” A pesquisa estudou isótopos de carbono e hidrogênio no solo da Pe- nínsula de Yucatán. O hidrogênio permitiu avaliar as mudanças climá- ticas, enquanto o carbono deu ideia dos métodos de agricultura. RECEITA EGÍPCIA CONTRA RESSACA Exagerou na festa e acordou estragado? Faça um colar de louros e use em volta do pescoço. Essa era a receita do Egito ptolomaico. Ela acaba de ser traduzida de um papiro do século 1, encontrado em 1898 num lixão da antiga cidade de Oxirrinco. Ele é um entre 500 mil documentos encontrados no local. Trinta textos médicos foram traduzidos agora pela Universidade de Exeter (Reino Unido). Essa é a 80ª tradução desde a descoberta dos papiros, num trabalho que vem de mais de um século. Outras revelações incluem um método de cirurgia ocular – sem anestesia – para curar pálpebras invertidas. CANIBALISMO DAS CAVERNAS Esqueletos de duas crianças e um adulto de Homem de Neandertal mostraram marcas de desmembramento e cortes com facas de pedra, indicando que foram devorados. Os restos foram encontrados na França entre 1967 e 1980, e têm 57 600 anos, mais antigos que a chegada do ser humano moderno à Europa. Maria Dolores Garralda, da Universidade de Madri, líder da equipe que revisou as ossadas, acredita que pode ter sido canibalismo por necessidade, “gastronômico”, ou um ritual funerário – como dos ianomâmis no Brasil, que consomem os restos de seus entes queridos até hoje. ...humanos, do Museu de Londres, serão estudados para medir o impacto da Revolução Industrial na biologia humana. 500 deles são medievais, os outros são pós-industrialização. 15001500esqueletosesqueletos Inscrição em pedra de jade, do século 5. No destaque, a figura de K, deus maia da agricultura Papiro do séc. I encontrado em Oxirrinco AVENTURAS NA HISTÓRIA | 7 AH143_HISTORIA HOJE.indd 7 5/5/15 8:40 AM HISTÓRIA HOJE GARRAFA DO SÉCULO 19 É TESTADA – E APROVADA – POR CIENTISTAS FRANCESES CHAMPANHE DE 170 ANOS Em 2010, um grupo de mergu-lhadores encontrou um tesou-ro insólito num naufrágio no Mar Báltico, na Finlândia, a cerca de 50 metros da superfície. Uma escuna comercial continha 168 garrafas de champanhe, com rótulos dissolvidos, mas rolhas intactas. Entre elas, esta- va o Veuve Clicquot Ponsardin, vinho caríssimo produzido até hoje. James Delgado, historiador da Marinha dos Estados Unidos, sobre a descoberta dos restos de um porta-aviões da Segunda Guerra, usado como cobaia nos testes nucleares do Atol de Biquíni e afundado de propósito em 1951. “Após 64 anos no fundo do mar, o Independence, lá de baixo, ainda parece pronto para lançar seus aviões.” O governo da Finlândia ficou com a maioria das garrafas, e algumas delas chegaram a ser vendidas por 100 mil euros em leilões. Mas o cham- panhe também foi parar em labora- tórios, onde foi estudado – e provado. A primeira impressão do grupo de cientistas franceses que conduziu o estudo não foi das melhores: os pes- quisadores anotaram “notas ani- mais, pelo molhado e queijo”. Mas, após alguns minutos, a impressão mudou para “churrasco temperado, defumado, com notas de couro”, e também “frutado” e “floral”. Em ou- tras palavras, delicioso. “Foi incrível. Nunca experimentei um vinho assim em minha vida”, afir- ma Philippe Jeandet, da Universidade de Reims, que conduziu o estudo. “O aroma ficou na minha boca por horas após eu ter experimentado.” O fundo do mar é um lugar perfei- to para preservar vinho. Sem luz e a baixas temperaturas, eles podem fi- car por lá por séculos e só melhorar. Os cientistas também descobriram que o champanhe do século 19 era mais doce e menos alcoólico que o de hoje. A concentração de açúcar era de 140 gramas por litro. Atualmente, um champanhe chamado “doce” (doux) tem apenas 50 gramas, e quase ne- nhuma marca passa dos 60. As garrafas encontradas por mergulhadores em 2010. Acima, rolha intacta do Veuve Cliquot FO TO S SH U TT ER ST O CK E D IV UL G AÇ ÃO | IL US TR AÇ Õ ES B RU N O AL G AR VE 8 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH143_HISTORIA HOJE.indd 8 5/5/15 8:37 AM ANTES DAS PILHAGENS, VIERAM OS NEGÓCIOS LEGÍTIMOS VIKINGS COMEÇARAM COMO COMERCIANTES Em 793, o monastério da Ilha de Santa Lindisfarne, no norte da Inglaterra, recebeu uma visita- -surpresa. Saídos de seus barcos adorna- dos com cabeças de dragão, os visitantes, armados, mataram e saquearam, levando consigo as relíquias sagradas e os sobre- viventes, saindo tão subitamente quanto chegaram. Foi o início da Era Viking, que levaria ao abandono do monastério no século seguinte, à conquista da Norman- dia, na França, e depois toda a Inglaterra. Também seriam os primeiros europeus a pôr os pés na América. Os vikings dominavam o mar como nenhum povo da época. Mas como apren- deram isso? Uma equipe de britânicos e dinamarqueses descobriram restos de chifres de renas norueguesas no sítio ar- queológico do mercado de Ribe, a cidade mais antiga da Dinamarca. Isso quer dizer que, no ano 725, data dos achados, já havia comércio marítimo de grande distância entre os nórdicos. “Essa é a primeira vez que temos prova que a cultura naval, que foi a base da Era Viking, tem uma história em Ribe. É fasci- nante”, afirma o arqueólogo dinamarquês Søren Sindbæk, um dos autores do estudo. “Viking” não é um termo usado para todos os nórdicos da baixa Idade Média. A palavra definia quem saía em expedições marítimas para fazer comércio, para eles mais importante que as pilhagens. Boa parte desse comércio era de escravos, com- prados de povos islâmicos ou feitos duran- te as pilhagens. Mas também havia produ- tos de origem local, como peles, trigo, lã e marfim de morsa. A rede comercial nórdi- ca se estendeu da Groenlândia até Cons- tantinopla. Os cristãos bizantinos chega- ram a empregar vikings como soldados. INFANTICÍDIO NA TRÁCIA Três esqueletos de crianças, vítimas de sacrifício humano, foram encontrados numa tumba na Bulgária. O sítio pertence à cultura dos trácios, vizinhos dos gregos antigos que foram mencionados na Ilíada como aliados dos troianos. MERCÚRIO ASTECA Uma grande quantidade de mercúrio foi encontrada em uma sala da Pirâmide da Serpente Emplumada, em Teotihuacan. Os arqueólogos acreditam que o metal líquido provavelmente representasse rios ou um lago no mundo dos mortos. O MAMUTE PODE VOLTAR Cientistas terminaram de sequenciar os genesdo mamute. Com a informação em mãos, várias equipes pretendem tentar clonar a espécie, extinta há 4 mil anos, e reintroduzi-la em seu ambiente natural, no Ártico. Os vikings já faziam comércio marítimo nos anos 700 AVENTURAS NA HISTÓRIA | 9 AH143_HISTORIA HOJE.indd 9 5/5/15 10:31 AM almanaque Vida Privada • História Ilustrada • Retrotech • Arte & História • Linha do Tempo ALMANAQUE Como Fazíamos Sem... SURGIMENTO DO ZERO REVOLUCIONOU O MUNDO ZERO Para Pitágoras (à direita), que considerava o número 1 sagrado, o zero era inimaginável A té a Idade Média, ninguém acreditava que “nada” podia ser um número. E isso gerou várias esquisitices que duram ainda hoje. Tradicionalmente, o dia come- ça às 12 horas e daí passa para 1 (o relógio de 24 horas, com a hora zero, surgiu só no século 19). Também não existe o ano zero no nosso Calendário Gregoriano, que passa de 1 a.C. para almanaquealmanaque Vida Privada almanaque Vida Privada almanaquealmanaque • almanaque História Ilustrada almanaque História Ilustrada almanaquealmanaque • almanaque Retrotech almanaque Retrotech almanaquealmanaque • almanaque Arte & História almanaque Arte & História almanaquealmanaque • almanaque Linha do Tempo almanaque Linha do Tempo almanaque 10 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH143_CFS.indd 10 5/5/15 12:04 PM IM AG EN S GE TT Y IM AG ES E R EP RO D UÇ ÃO NÚMEROS “IMAGINÁRIOS” Quanto é a raiz quadrada de -1? Cada vez que os matemáticos trombavam com essa conta, ficavam coçando a cabeça, sem resposta. Nenhum número real pode ser multiplicado por ele próprio e dar -1. A solução era criar uma unidade fora do conjunto de números conhecidos – o i, a unidade imaginária. A ideia surgiu com o italiano Girolamo Cardano, no século 16. O nome “imaginário” foi dado por René Descartes – era uma ofensa aos matemáticos que consideravam esses números aceitáveis, mostrando o mesmo tipo de conservadorismo dos matemáticos que rejeitavam o zero. O fato é que os números imaginários – e complexos, formados pela mistura de números reais e imaginários – existem, ainda que ninguém tenha que pagar uma conta no mercado de 79 + 9i reais. Eles aparecem o tempo inteiro em biologia, física, química, engenharia elétrica e mesmo economia. 1. d.C. Isso que quer dizer que, entre o ano 1 e o ano 100, existem apenas 99 anos. Por isso, os séculos come- çam no ano 1, não 0 – na passagem de 1999 para 2000, as pessoas apenas celebraram o último ano do século 20. Mais esquisito ainda: se o cálculo original do ano do nascimento de Je- sus estivesse correto, ele teria nasci- do no ano 1 antes de Cristo. (Mas está errado: o monge Dionísio Exíguo, que calculou o ano de nascimento de Jesus no século 6, se embananou nas contas – o messias provavelmente nasceu entre 7 e 4 a.C.) Esse é apenas o lado superficial. Sem zero, não havia o sistema numé- rico posicional, nem a ideia de nú- meros decimais ou negativos, certos tipos de equações, plano cartesiano ou cálculo. E sem isso não haveria como surgir a física newtoniana – nem portanto praticamente todo o mundo moderno. Antes do zero, não existia contabi- lidade, a ideia que um balanço de gastos e entradas tem que fechar em zero. A matemática era mais primiti- va. Ela podia calcular coisas como áreas, distâncias, lucros e prejuízos, mas não havia como prever como um arco sustenta o peso da construção, ou como um projétil de catapulta, fle- cha ou bala se move pelo ar. Tudo era feito na base da tentativa e erro – e, no processo de aprender, catedrais e castelos caíam durante a construção. O zero era impensável para os an- tigos. A matemática surgiu contando contas concretas e achando propor- ções em objetos reais. Para Pitágoras, o número 1 tinha um valor sagrado, representando a harmonia e unidade do universo. Como o nada poderia ser alguma coisa? Os numerais gregos – assim como os romanos – não tinham casas, eram sequências de letras representando somas de números inteiros. Era tão complicado que livros matemáticos escreviam muitas vezes os números por extenso. Na prática, contas eram feitas com o ábaco, não no papel. O zero surgiu da ideia de represen- tar números pela posição – primeiro em povos mesopotâmicos, cujo siste- ma se baseava em 60, não 10, e colo- cavam um espaço vazio entre as ca- sas. Por volta do século 1, astrônomos greco-romanos, como Ptolomeu, usa- vam o sistema mesopotâmico, com uma bolinha para representar contas que davam em nada – mas seu uso acabou perdido. Isto é, não deu nada. O zero surgiu entre os indianos, por volta do ano 650, chegando à Eu- ropa com os árabes, no século 13. O sistema “arábico” foi logo adotado por comerciantes, ainda que os ma- temáticos tenham continuado a tor- cer o nariz – com exceções, como o italiano Fibonacci – até o século 16. O médico e matemático Girolamo Cardano: inventor dos números imaginários AVENTURAS NA HISTÓRIA | 11 AH143_CFS.indd 11 5/5/15 9:00 AM Edvard Munch nasceu em 1863, mesmo ano em que O Piquenique no Bosque, de Édouard Manet, era exposto no Salão dos Rejeitados, chamando a atenção para um movimen- to que nem tinha nome ainda. Era o im- pressionismo, superando séculos de pintura acadêmica. Os impressionistas deixaram o realismo para a fotografia e se focaram no que ela não podia mos- trar: as sensações, a parte subjetiva do que se vê. Crescendo durante essa revolução, Mun- ch – que, aliás, tam- bém seria fotógrafo – achava a linguagem dos impressionistas superficial e científi- ca, discreta demais para expressar o que sentia. E ele sentia: Munch tinha uma his- tória familiar trágica: perdeu mãe e uma irmã na infância, teve outra irmã que passou a vida em asilos psi- quiátricos. Tornou-se artista sob forte opo- sição do pai, que mor- reria quando Munch tinha 25 anos e o dei- xaria na pobreza. O artista sempre viveu na boemia, entre be- bedeiras, brigas e romances passageiros, tornando-se amigo do filósofo niilista Hans Jæger, que acreditava que o suicídio era a forma máxima da libertação. Fruto de suas obsessões, O Grito não foi seu primeiro quadro, mas o que o tornaria célebre. A inspiração veio do que parece ter sido um ataque de pânico, que ele escreveu em seu diário pouco mais de um ano antes do quadro: “Es- tava andando por um caminho com dois amigos – o sol estava se pondo – quando, de repente, o céu tor- n o u- s e ve r m e l h o como o sangue. Eu parei, sentindo-me exausto, e me encostei na cerca – havia san- gue e línguas de fogo sobre o fiorde azul- neg ro e a c idade. Meus amigos conti- nuaram andando, e eu fiquei lá, tremendo de ansiedade – e senti um grito infinito atra- vessando a natureza”. Ali nasceria um novo movimento ar- tístico: O Grito seria a pedra-fundadora do expressionismo, a principal vanguarda artística alemã dos anos 1910 aos 1930. O GRITO ALMANAQUE Arte & História QUADRO QUE FUNDOU O EXPRESSIONISMO NASCEU DE UM ATAQUE DE PÂNICO – E DE UMA MÚMIA PERUANA ESTRADA RETA Assim como os dois homens ao fundo, a estrada não é distorcida, dando um contraste entre o desespero do pintor e a indiferença da realidade externa. O local foi identificado como a Estrada Valhallveien, que passa pela Colina Ekberg, na região sul de Oslo, Noruega. MUITOS GRITOS Munch produziu quatro versões do quadro, entre 1893 e 1910. A retratada aqui é a de 1893, mas não a primeira. A versão em giz-pastel no Museu Munch, bem mais simples, foi feita alguns meses antes. Existem também dezenas de litogravuras em preto e branco, impressas pelo artista na década de 1890. 12 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH143_ARTE.indd 12 5/5/15 8:57 AM RAIO X NOME: O Grito (Skrik) AUTOR: Edvard Munch ANO: 1893 TAMANHO: 91 x 73,5 cm TÉCNICA: Óleo, têmpera, pastel e giz de cera sobre papelão LOCAL: Galeria Nacional, Oslo, Noruega O MORTO-VIVO A figura central curva com a distorção da paisagem. Não é um autorretrato.A inspiração pode ser uma múmia peruana, de um guerreiro chachapoya, exibida na Exposição Universal de Paris, em 1889. Ela foi enterrada em posição fetal, com as mãos em volta do crânio, sugerindo um grito. AMIGOS INDIFERENTES Os dois homens parecem indiferentes ao desespero da figura central, e isso se revela porque não aparecem distorcidos. São dois amigos de Munch que o acompanhavam no passeio por Oslo e que o deixaram para trás, sem perceber o que acontecia. CÉU ALTERADO Em Oslo, condições climáticas às vezes fazem o céu ficar vermelho. Mas existe uma explicação ainda mais curiosa: em 1883 e 1884, a explosão do vulcão Krakatoa, na Indonésia, fez o pôr do sol ficar vermelho por meses na Europa inteira. Ainda que o quadro tenha sido feito anos depois, a memória pode ter servido de inspiração. PAVOR NA PRAIA Outro contraste na figura é dado pela tranquilidade dos barquinhos no Fiorde de Oslo. A estrada é uma atração turística, dando vista para um dos pontos recreativos mais aprazíveis da capital norueguesa. GRITOS LITERAIS Os gritos podem ter sido literais. Em Ekeberg havia dois prédios sombrios: o matadouro principal de Oslo e o asilo de lunáticos. De lá, se ouviam os gritos dos animais e dos pacientes psiquiátricos. PAVOR NA PRAIAPAVOR NA PRAIA Outro contraste na figura é dado pela tranquilidade dos barquinhos no Fiorde de Oslo. A estrada é uma AVENTURAS NA HISTÓRIA | 13 AH143_ARTE.indd 13 5/5/15 8:57 AM ALMANAQUE Linha do Tempo HUMANIDADE TEVE ATITUDES DISTINTAS SOBRE O TEMA AO LONGO DA HISTÓRIA O último imperador ro-mano pagão, Heliogá-balo (203-222), não só se travestia como vendia seu corpo a outros homens no tem- plo do deus-sol, ao qual adorava. Tal prostituição tinha função ritualística: a oferenda do sêmen que representava fertilidade. No entanto, conforme relatos da época, a tarefa não desagradava nem um pouco ao imperador. Mas se há 1 800 anos, quando viveu Heliogábalo, a afeição e a atração sexual por pessoas de mesmo sexo era tolerada, ao lon- go da História nem sempre elas foram consideradas aceitáveis pela religião ou governo. Em alguns países muçulmanos, a lei islâmica ainda pune esses casais com execução. Na Inglaterra, medida semelhante foi adotada em 1530, sob o reinado de Hen- rique VIII. A militância gay só ganharia voz centenas de anos depois, com a fundação do Co- mitê Científico Humanitário de Berlim, em 1897. O órgão iniciou uma campanha por uma refor- ma legal, que abriria o prece- dente e daria fôlego para o mo- vimento. Em 192 0, Berlim contava com mais bares gays do que a Nova York de 1980. FO TO S GE TT Y IM AG ES E D IV UL G AÇ ÃO HOMOSSEXUALIDADE 1432 Florença, na Itália, institui a “Polícia da Noite”, para apurar acusações de sodomia. Mais de 17 mil casos foram investigados. A gíria alemã para “sodomita” no século 14 era florenzer. 54 O imperador romano Nero assume o trono. Ele casou-se com o jovem Sporus, que trajou vestes femininas na cerimônia, conforme conta o historiador Tácito. De acordo com um colega mais recente de Tácito, o historiador americano John Boswell, esse tipo de união formal não era incomum entre os romanos da época e tinha status legal. 530 a.C. Na Grécia, as relações entre homens mais velhos e jovens tornam-se comuns. Misturavam tutelagem e sexo. No mesmo ano nasce a poeta Safo, na Ilha de Lesbos. Ela inspirou o termo lesbianismo. 1483 A Inquisição Espanhola tem início. Homens considerados sodomitas eram apedrejados, castrados e queimados. Até 1700, aproximadamente 1,6 mil pessoas foram perseguidas pelo suposto crime e mais de 150 homens, assassinados. 1830 O Código Penal brasileiro descriminaliza a homossexualidade. A pena de morte por sodomia já havia sido extinta nove anos antes. Na contramão, apenas dois anos depois, a Rússia criminaliza o ato sexual, punido com até cinco anos de exílio na Sibéria. 14 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH141_LINHA_DO_TEMPO_1.indd 14 5/5/15 8:12 AM 1990 A Organização Mundial da Saúde (OMS) retira o “homossexualismo”, como era grafado, da lista internacional de doenças. O termo fora incluído 13 anos antes, na categoria de doenças mentais. A data passou a ser celebrada como Dia Internacional contra a Homofobia. 1989 A Corte de Apelações do Estado de Nova York (EUA) torna-se a primeira instância jurídica a reconhecer que casais do mesmo sexo, “desde que vivendo juntos há mais de dez anos”, são considerados família para atender às exigências legais para o aluguel de imóveis. 1969 Eclode a chamada rebelião de Stonewall, bar gay de Nova York, quando um grupo de travestis resiste a uma batida policial. O conflito, que virou definitivamente a maré dos direitos LGBT, durou seis dias. No mesmo ano, o primeiro-ministro canadense afirmou que o Estado “não tem lugar nas camas da nação”, apoiando a descriminalização efetivada naquele ano. 1954 O macartismo americano viu surgir a “ameaça lilás”, período de intensa perseguição aos gays. Na Inglaterra, 18 meses depois de ter que escolher entre uma sentença de prisão ou passar por castração química para “corrigir” sua inclinação sexual, o gênio da computação Alan Turing comete suicídio com uma maçã envenenada. Seu trabalho para a inteligência britânica, na Segunda Guerra, foi considerado essencial. 1933 O Partido Nazista alemão dá início à perseguição aos gays – o regime era mais leniente com lésbicas. Pelo menos 50 mil homens foram presos – muitas vezes castrados – e entre 5 mil e 15 mil mortos nos campos de concentração. O traje da prisão tinha um triângulo rosa, adotado pelos gays anos depois como símbolo do movimento. 1895 O escritor irlandês Oscar Wilde é julgado pelo crime de “indecência grave” e condenado a dois anos de trabalho árduo na cadeia, pelo pai do seu amante, Lorde Alfred Douglas. Preso, escreveu seu ensaio mais famoso, De Profundis. No mesmo ano, o escritor brasileiro Adolfo Caminha publica o romance Bom-Crioulo, com protagonista gay. Frequentadores em confronto com a polícia no Stonewall Inn, bar nova- iorquino ícone do movimento LGBT Oscar Wilde e Alfred Douglas 2001 A Holanda torna-se o primeiro país a legalizar casamentos de pessoas do mesmo sexo, que passam a ter os mesmos direitos dos casais heterossexuais. Dois anos depois, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) brasileiro aprova resolução determinando que todos os cartórios do país celebrem casamentos entre pessoas do mesmo sexo. AVENTURAS NA HISTÓRIA | 15 AH141_LINHA_DO_TEMPO_1.indd 15 5/5/15 8:12 AM ALMANAQUE História Maluca Bandeiras & BrasõesALMANAQUE VARIAÇÕES SOBRE O MESMO TEMA Guerras já foram travadas em nome de divergências ideológicas, da conquista e da glória, e até mesmo por uma mulher. Mas somente os combatentes da Guerra do Pacífico podem dizer que lutaram pela posse de uma pilha de excremento. Conhecida como a Guerra do Salitre, o conflito teve início em 1879, com a descoberta de enormes depósitos de guano, fezes de pássaros e morcegos, no Deserto do Atacama. O material era o único fertilizante antes do processo de obtenção da amônia, no século 20. A altercação começou quando a Bolívia quis aumentar as taxas sobre a exploração de empresas chilenas, descumprindo um acordo assinado. A disputa logo se tornou uma crise diplomática e guerra de verdade. Forçado a participar do embate devido a uma aliança com a Bolívia, o Peru entrou na disputa contra o Chile. Mas as forças armadas chilenas eram mais bem preparadas. Após uma série de vitórias em terra e mar, os chilenos ocuparam a capital peruana, Lima. O Peru rendeu-se, em 1833, e assinou um acordo de paz. Entre outras atrocidades, os chilenos saquearam livros da Biblioteca Nacional peruana, que só seriam devolvidos em 2007. O Exército boliviano resistiu por mais um ano, mas, sem recursos,também assinou uma trégua. O Chile anexou a antiga província peruana de Tarapacá e a boliviana Antofagasta às suas terras, deixando os vizinhos da Bolívia sem acesso ao mar. FRANÇA Entre todas estas, a mais emblemática. As faixas verticais azul, branca e vermelha remetem às cores usadas desde a Idade Média pela realeza. O design atual foi oficializado em 1794. O azul e o vermelho eram símbolos de Paris e dos revolucionários franceses, e o branco, da realeza. PARAGUAI Os ideais da Revolução Francesa contagiaram os corações de muitos povos. Esta é uma das explicações para o Paraguai ter uma bandeira tricolor. Há outra versão: as cores foram usadas pelos voluntários paraguaios que participaram da defesa de Buenos Aires contra invasores ingleses. Em sua música Almanaque, lançada em 1981, o compositor Chico Buarque perguntava, sarcástico: “Quem pintou a bandeira brasileira, que tinha tanto lápis de cor?” Mais do que um julgamento estético, a piada tinha um viés político, já que à época os símbolos nacionais eram usados como marketing político pela ditadura militar. Mas, se Chico fosse francês, holandês, luxemburguês, esloveno, croata, sérvio, eslovaco, russo ou paraguaio, talvez fizesse uma canção queixando-se exatamente da falta de lápis de cor nas mãos dos responsáveis pelas bandeiras desses países. É que todas elas trazem a mesma combinação das cores vermelho, branco e azul e, ainda que sejam desenhadas de maneiras distintas, são facilmente confundidas. UM INUSITADO TROFÉU DE GUERRA 16 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH145_HM_OQUE_BB_1.indd 16 5/5/15 8:58 AM FO TO S H U TT ER ST O CK | IL US TR AÇ ÃO B RU N O AL G AR VE a) Tratamento para calvície b) Terapia de eletrochoque c) Máquina de permanente d) Eletrodos para estimulação cerebral e) Secador de cabelos DESCUBRA O QUE É O ESTRANHO OBJETO DA FOTO RESPOSTA: Letra C. Máquina de permanente. O cabeleireiro alemão Karl Nessler desenvolveu o aparelho para ondular cabelos em 1905. O processo envolvia uma mistura de soda cáustica, urina de vaca e água, assim como bastões de cobre ligados a um aquecedor elétrico. O cabelo era tratado com a solução e enrolado em torno dos bastões – seis horas depois, os cachos estavam prontos. A invenção foi aperfeiçoada pelos rivais Eugene Suter e Isidoro Calvate, que ajudaram a popularizar o método. O Que É Isto?ALMANAQUE LUXEMBURGO O Parlamento de Luxemburgo propôs trocar, em 2006, a bandeira tricolor por um layout diverso: um leão vermelho levantado nas patas traseiras, sobre um fundo de faixas brancas e azuis. O argumento forte para a troca era evitar que o símbolo luxemburguês fosse confundido com o holandês. RÚSSIA A bandeira da Rússia, usada desde o século 17 em seus navios, não tem explicação oficial para o significado das cores. Mas a importância do país determinou a escolha dos lápis de cor pelos países vizinhos. Como aconteceu com os símbolos da Sérvia, Croácia, Eslovênia e Eslováquia. SÉRVIA Croácia, Eslováquia e Sérvia estampam brasões específicos. Mas não fogem da coincidência cromática. A bandeira sérvia, por exemplo, é uma versão invertida do pavilhão russo. A origem seria um desfile de sérvios sem bandeira na Rússia. Eles simplesmente inverteram a do país anfitrião. HOLANDA A bandeira tem uma explicação curiosa. Era branca, azul e laranja, a última cor em homenagem ao príncipe William I, da Casa de Orange. Mas os pigmentos do laranja desbotavam e ficavam avermelhados. O povo manteve William I no coração, mas trocou o laranja pelo vermelho. AVENTURAS NA HISTÓRIA | 17 AH145_HM_OQUE_BB_1.indd 17 5/5/15 8:58 AM Se 1 Romero Britto já faz sucesso numa parede, imagine 45 na sua mesa. *Imagens meramente ilustrativas. Sujeito à disponibilidade do estoque. Consulte o regulamento. www.caras.com.br/colecaopraia GRÁTIS A Revista CARAS vai levar todo o glamour da Ilha de CARAS e o talento de Romero Britto para a sua casa. Chegou a Coleção Praia Ilha de CARAS. São 45 peças exclusivas com um visual vibrante e charmoso para você colecionar. Toda semana nas bancas, grátis uma nova peça na revista CARAS, sendo 05 peças* grátis na compra das edições especiais. Colecione! CAR_01_01_F2-An Caras Coleção Praia - Atualizado-já nas bancas.pdf 1 4/22/15 11:33 AM anuncio.indd 18 5/5/15 12:02 PM Se 1 Romero Britto já faz sucesso numa parede, imagine 45 na sua mesa. *Imagens meramente ilustrativas. Sujeito à disponibilidade do estoque. Consulte o regulamento. www.caras.com.br/colecaopraia GRÁTIS Já nas bancas, GRÁTIS com a sua revista CARAS e seus especiais. A Revista CARAS vai levar todo o glamour da Ilha de CARAS e o talento de Romero Britto para a sua casa. Chegou a Coleção Praia Ilha de CARAS. São 45 peças exclusivas com um visual vibrante e charmoso para você colecionar. Toda semana nas bancas, grátis uma nova peça na revista CARAS, sendo 05 peças* grátis na compra das edições especiais. Colecione! CAR_01_01_F2-An Caras Coleção Praia - Atualizado-já nas bancas.pdf 1 4/22/15 11:33 AM anuncio.indd 19 5/5/15 11:59 AM O Duque de Wellington: derrota definitiva a Napoleão Bonaparte e mergulho na política 20 | AVENTURAS NA HISTÓRIA CAPA AH142_WELLINGTON_2.indd 20 5/5/15 8:20 AM IM AG EM G ET TY IM AG ES N o último dia de 2014, jornais britânicos estamparam o obi- tuário de Valerian Wellesley, o Oitavo Duque de Wellington. O que puderam destacar da longa trajetória do nobre britânico – Valerian Wellesley morreu aos 99 anos – foi uma vaga menção à contribuição que ele deu a causas de de- fesa do modo de vida rural no Reino Unido. O que parecia mesmo valer a pena mencio- nar, como de fato fizeram todos os jornais, era a incansável dedicação com que o Oi- tavo Duque de Wellington defendeu e enal- teceu a memória de seu mais famoso ante- passado, Arthur Wellesley, o Primeiro Duque de Wellington, “o homem que der- rotou Napoleão Bonaparte”, conforme re- gistraram os jornais. O título de duque, com o qual Arthur iria inaugurar sua linhagem, foi a recom- pensa real pela sua participação como co- mandante do Exército britânico e seus aliados na decisiva Batalha de Waterloo, em 18 de junho de 1815. Esse choque, no qual 118 mil soldados aliados (principal- mente britânicos e prussianos) enfrenta- ram 50 mil franceses, e custou 66 mil mor- tos e feridos em apenas um dia, determinou a derrota definitiva do expansionismo francês na Europa e o fim da carreira de Napoleão Bonaparte, que terminaria exi- lado na remota Ilha de Santa Helena, onde morreria seis anos mais tarde. Neste 2015, quando se celebra o bicente- nário de Waterloo, o Duque de Wellington é um dos personagens centrais de uma pro- funda transformação que afetou o ocidente. Trata-se do período das Guerras Napoleô- nicas, que se estendeu de 1803 a 1815, e no qual a França – tornada império por Napo- leão – se colocou em guerra aberta contra quase todas as nações europeias. O sucesso militar francês foi proporcionado por uma mistura de estratégias de batalha que ludi- briavam inimigos e inovações, como o uso de artilharia para abrir brechas nas linhas de defesa inimigas. O imperador Napoleão Bonaparte, pela força das armas ou pelo terror, anexou ou subjugou por meio de acordos ou coerção boa parte da Europa. NAPOLEÃO ARTHUR WELLESLEY, O DUQUE DE WELLINGTON, LUTOU NOS CAMPOS DA GUERRA E DA POLÍTICA O HOMEM QUE DERROTOU TEXTO Fernando Duarte, de Londres AVENTURAS NA HISTÓRIA | 21 AH142_WELLINGTON_2.indd 21 5/5/15 8:21 AM CONFLITO GLOBAL Para os padrões da época, essas guer- ras podem ser consideradas um con- flito global, cuja influência atraves- sou o oceano e impactou fortemente- até mesmo a construção do Brasil. Em 1808, foi uma escolta da Marinha britânica que permitiu à corte portu- guesa se mudar de mala e cuia para o Brasil. Uma manobra evasiva dian- te do avanço das tropas do líder fran- cês na PenínsulaIbérica. Em todo o mundo ocidental, uma das poucas forças capazes de enfren- tar a máquina de guerra francesa era a esquadra da Grã-Bretanha. Dona de uma Marinha muito mais robusta que a francesa, e favorecida pelo fato de ser uma ilha, a nação frustrava as tentativas de invasão pelo mar. Mas, mesmo seguros em suas terras, os britânicos acompanhavam com aten- ção o avanço territorial de Napoleão. Afinal, suas colônias sempre pode- riam ser invadidas. Em terra firme, o combate era am- plamente favorável ao imperador francês. Mesmo com 220 mil ho- mens, o Exército britânico era dez vezes menor que o contingente fran- CAPA 22 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH142_WELLINGTON_2.indd 22 5/5/15 8:21 AM cês. Isso sem falar que metade das forças inglesas estava mobilizada para cuidar da defesa do território. O que restava era a que poderia ser mobilizada pelo seu “músculo finan- ceiro”. Dito de outra maneira, Lon- dres estava com seus cofres bem abastecidos pelos negócios gerados a partir da Revolução Industrial. Com dinheiro na mão era possível contratar mercenários austríacos e russos para lutar ao seu lado. A verdade é que, em 1815, Napo- leão já não era o formidável conquis- tador de pouco tempo antes. No ano anterior, enfraquecido por uma atra- palhada e mal planejada invasão da Rússia, que o obrigou a uma trágica retirada, o líder francês havia sido apeado do poder pela coligação de países que o combatia. Ainda por cima, territórios anexados pela Fran- ça, foram retomados. Exilado na Ilha de Elba, Napoleão foi substituído por Luís XVIII no trono francês. Mas, se era odiado pelo resto da Europa, Napoleão não saíra do cora- ção dos franceses, principalmente no dos antigos soldados que comandara. Assim, após uma ousada fuga de Elba, desembarcou no sul da França e foi conquistando a adesão de seus compatriotas até chegar a Paris, der- rubar o rei e reassumir o poder. A notícia de que Napoleão fugira de Elba alarmou líderes europeus. E eles tinham razão para se assustar. O francês montou um novo Exército para tentar reconquistar os territó- rios perdidos anteriormente. Em ataques-surpresa, as forças de Na- poleão conseguiram momentanea- mente dividir a coalizão de exércitos que se unira contra ele. A ação toda convergia para a cidade de Waterloo. Lá se encontraria com Arthur Wel- lesley, muito mais conhecido como Wellington. Ao lado, Napoleão após deixar a Ilha de Elba e retornar à França. Abaixo, a fuga da corte portuguesa rumo ao Brasil: reflexo das guerras napoleônicas IM AG EN S LA TI N ST O CK E D IV UL G AÇ ÃO AVENTURAS NA HISTÓRIA | 23 AH142_WELLINGTON_2.indd 23 5/5/15 8:21 AM “MEU INÁBIL ARTHUR” Nascido em 17 de maio de 1769, em Dublin, Wellington veio ao mundo numa família anglo-irlandesa de ra- ízes aristocráticas – seu pai era o Conde de Mornington e sua mãe a Viscondessa de Dungannon. Quarto de cinco irmãos, estava fora do cír- culo mais importante da família. Foi o irmão mais velho, Richard, por exemplo, quem herdou o título de nobreza do pai por ocasião de sua morte, em 1781. Isso não quer dizer, porém, que Wellington não teve uma vida confortável. No mesmo ano da morte do pai, Arthur começou os es- tudos em Eton, na época já a presti- giadíssima escola particular forma- dora de personalidades de estatura histórica – por lá passaram, por exemplo, o atual premiê britânico, David Cameron, e o escritor Ian Fle- ming, além do príncipe William. Mas quando se olhava para Wellington não se via nada que indi- casse que se estava diante de alguém que alçaria voos altos. Sem fazer ami- gos, ele detestava a escola, que aban- donou em 1874, quando problemas financeiros após a morte do pai fize- ram com que a mãe não pudesse mais pagar a anuidade. A família se mudou para Bruxelas, mas a sensação de que Arthur estava fadado a uma existência medíocre apavorava a mãe, que apeli- dou o filho de “meu inábil Arthur”. “Arthur perdeu seu pai quando tinha apenas 12 anos, e sua mãe não o considerava tão especial quanto os demais irmãos. Seus únicos talentos pareciam ser tocar violino e cálculos aritméticos. Mas mesmo isso ficava em segundo plano, diante da consta- tação de que ele era indolente e antis- Wellington: juventude indolente e antissocial CAPA 24 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH142_WELLINGTON_2.indd 24 5/5/15 8:21 AM social, escreveu Norman Gash, um dos mais famosos biógrafos do duque. Em Bruxelas, no entanto, sua vida daria uma guinada. Aulas de equita- ção e esgrima na França abriram ca- minho para uma carreira militar. Em 1787, entrou para o Exército britânico. Graças às conexões familiares, foi promovido a tenente. E o antigo iso- lamento deu lugar a um Wellington que frequentava diversas ocasiões sociais e trabalhava como assessor da principal figura do Poder Executivo da Irlanda, então ainda sob domínio britânico. Logo conseguiu uma no- meação biônica para o Parlamento irlandês. Sua ascensão meteórica na carreira militar deveu-se muito à compra de patentes, algo comum no Exército britânico na época. As primeiras experiências de Wellington nos campos de batalha parecem ter sido motivadas muito mais pelo desejo de ganhar dinheiro para pagar dívidas do que por algu- ma inclinação pelo heroísmo. Em 1794, juntou-se às forças britânicas, que fracassaram contra tropas fran- cesas na Holanda. Dois anos mais tarde, tomou o rumo da Índia, apro- veitando a nomeação do irmão Ri- chard Wellesley como governador- geral. Lá, comandou investidas contra as forças locais que se rebe- lavam contra o domínio britânico. Teve sucesso relativo, mas, ao que tudo indica, foi na ocasião que co- meçou a tomar gosto pela coisa. Os historiadores estão de acordo que foi daquelas batalhas que o “inábil Arthur” tirou o aprendizado que usa- ria em seu duelo com Napoleão. “Wellington desenvolveu um tipo de ataque batizado de Leve e Rápido, que tinha por objetivo acabar com a de- pendência de linhas de suprimento muito longas e, consequentemente, vulneráveis. Para isso, precisou de- senvolver um sistema de captação de informações que fornecesse inteligên- cia precisa e atualizada sobre o inimi- go”, diz o historiador militar Huw Davies, autor de um livro sobre as estratégias militares do duque. O duque a caminho de Waterloo: estratégia surpreendeu os franceses IM AG EN S AF P E LA TI N ST O CK AVENTURAS NA HISTÓRIA | 25 AH142_WELLINGTON_2.indd 25 5/5/15 10:44 AM GENERAL DE CIPÓ Wellington só voltaria à Grã-Bretanha em 1805, quando se casou com Cathe- rine Pankenham, uma aristocrata cuja família impedira de se juntar a ele anos antes, o que levara o militar a queimar seu violino e desistir da música. No final desse ano, Napoleão ainda esbanjava força e derrotaria, em dezembro, na Batalha de Austerlitz, a chamada Terceira Coalizão, formada pela Grã-Bretanha, o Império Russo, a Suécia e outros aliados. Longe desse campo de batalha, o recém-casado Arthur Wellesley na- morava a política. Em 1806, foi eleito MELHOR NA GUERRA DO QUE NA PAZ O HERÓI DE WATERLOO FOI DERROTADO EM CASA O sangue azul que corre nas veias dos aristocratas está misturado com um inapelável conservadorismo, diz o senso comum. Se tal crença carrega um pouco de exagero e generalização, ela parece se aplicar à perfeição ao primeiro Duque de Wellington. Enquanto ocupava o cargo de primeiro- ministro, vetou praticamente todas as propostas de reforma que chegaram a seu gabinete. É provável que Wellington tenha adicionado ao seu espírito conservador o medo de que os ideais libertadores da Revolução Francesa de 1789 “contaminassem” os britânicos. Nascido em 1769, o duque foi contemporâneo da revolução. Certamente se horrorizou com o grande número de cabeças de aristocratas que foram guilhotinadas. Sua teimosia em aceitar reformas parlamentares que democratizassem o processo político no país, incluindo uma proposta de ampliar os direitos de voto,gerou uma onda de insatisfação que levou multidões, por exemplo, a atirar pedras contra sua casa em Londres, a Apsley House. Pressionado por todos os lados, o duque renunciou ao cargo em 1830, com menos de dois anos de mandato. Mesmo na caserna Wellington criou inimizades. Ele se opôs às tentativas de profissionalização do Exército, o que se trariam consequências problemáticas para os britânicos no século seguinte. Quando eclodiu a Primeira Guerra, por exemplo, o Exército do país era inferior aos vizinhos europeus em tamanho e poder de fogo. Mas a melhor porção do duque era mesmo a sua alma de soldado. Apesar de nunca ter sido um homem pobre, biógrafos de Wellington contam que a vida militar fez com que ele mantivesse alguns hábitos austeros, de soldado, até o fim de sua vida. Por exemplo, dormia numa cama de campanha, mesmo quando estava em palácios. Desde sua morte, outros oito homens herdaram seu título de nobreza, incluindo Arthur, o mais velho de seus dois filhos. Wellington também permanece na lembrança popular por ter batizado um prato típico britânico – o Beef Wellington, em que uma peça de filé é untada com patê de foie gras e assada em massa folhada. O prato, segundo diversas fontes históricas britânicas, foi criado para comemorar o triunfo britânico em Waterloo. CAPA 26 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH142_WELLINGTON_2.indd 26 5/5/15 8:44 AM deputado no Parlamento britânico e assumiu um posto executivo, o de se- cretário para a Irlanda. Mas guerra é guerra, e ele se viu compelido a voltar ao campo de batalha algumas vezes. A mais importante em 1808, destaca- do para comandar um batalhão con- tra forças francesas em Portugal. Passaria os cinco anos seguintes ten- tando expulsar as forças de Napoleão da Península Ibérica. Seus feitos começaram a ser per- cebidos. Sua reputação não crescia somente nos altos círculos. Vitorioso, e com a elegância inata das suas raí- zes aristocráticas, Arthur desperta- va admiração popular na Grã-Breta- nha. Isso facilitou seu trânsito por círculos políticos e diplomáticos, primeiro como embaixador em Paris e depois como enviado do governo ao Congresso de Viena, cuja meta era definir as fronteiras europeias no século 19 e pacificar o continente. Mas os tempos estavam mais para fuzis do que para rapapés. Welling- ton deixou a sala de reuniões para assumir o comando das forças que enfrentariam Napoleão em Waterloo. A batalha foi uma carnificina que historiadores descrevem como uma das mais cruéis da história. Estima- Napoleão, depois de Waterloo: para ele, Wellington era o “general de cipó” se que em seu único dia de escaramu- ças, 40 mil soldados morreram. Wellington, segundo relatos da épo- ca, teria ficado chocado com o resul- tado da batalha, o que, no entanto, não lhe tirou a satisfação de derrotar o inimigo que respeitava. A recíproca não era verdadeira. Napoleão não le- vava o britânico a sério. “Wellington admirava os feitos de Napoleão, mas ficou irritado ao saber que o francês se referiu a ele como um ‘general de cipó’, insinuação de que o britânico só teria feito sucesso na Índia”, diz An- drew Roberts, autor de uma biografia sobre os dois líderes.IM AG EM L AT IN S TO CK AVENTURAS NA HISTÓRIA | 27 AH142_WELLINGTON_2.indd 27 5/5/15 8:23 AM HERÓIS NA PRAÇA E NO PARQUE WELLINGTON É ADMIRADO PELOS BRITÂNICOS, MAS NELSON É MAIS Turistas que passeiam pelo centro de Londres podem testemunhar uma diferença histórica de tratamento entre os dois principais heróis das Guerras Napoleônicas. Em Trafalgar Square, no alto de uma coluna com mais de 50 metros de altura, a estátua do almirante Horatio Nelson fita o infinito num dos cartões-postais mais conhecidos do mundo. O Duque de Wellington mereceu um arco que leva seu nome, localizado na parte sul do Hyde Park, homenagem com visibilidade bem menor que a do comandante naval britânico. A diferença de dimensões, altura e localização mostram os pesos diversos que duas batalhas épicas têm sobre o imaginário popular britânico. Wellington ficou famoso como o general que derrotou, em 1815, o também icônico Napoleão Bonaparte. Mas para muitos britânicos, a Batalha de Trafalgar, em 1805, ficou marcada com o auge militar do império. Naquela ocasião, em um duríssimo combate contra a união entre as esquadras francesa e espanhola, a Grã-Bretanha não só frustrou os planos de uma invasão de seu território pelas forças napoleônicas como confirmou uma hegemonia dos mares que duraria mais de um século. Além de ser tradicionalmente mais orientada para o mar (afinal, trata-se de uma ilha) do que para o combate em terra – algo demonstrado pelos números inferiores de soldados que Wellington tinha à sua disposição, os britânicos também se sensibilizaram com o fato de Nelson ter morrido durante a Batalha de Trafalgar. Já Wellington nunca se feriu. “É preciso lembrar também que Wellington enveredou pela política e foi primeiro-ministro numa época difícil para o país, que tinha se comprometido de forma pesada financeiramente com as Guerras Napoleônicas. E o duque também teve o problema de tentar se comportar na política como no campo de batalha: ele não sabia delegar, mas sim dar ordens”, afirma o historiador Paul Johnson, autor de um livro sobre heróis em que Wellington e Nelson são temas de capítulos. A diferença da percepção popular foi confirmada em enquete realizada em 2002, pela rede de comunicação estatal britânica BBC. Nela, Nelson aparece em 9º lugar, com seis corpos de vantagem sobre Wellington, que ocupa a 15ª posição. Ainda assim, um desempenho notável, ficando à frente de personalidades como a ex-premiê Margaret Thatcher e até mesmo da rainha Vitória, a monarca mais longeva da história britânica. Além disso, “o duque está na memória coletiva do país. Há dezenas de pubs ingleses, por exemplo, batizados em homenagem a ele”, afirma Janice Murray, diretora do Army National Museum, em Londres. Reconhecimento popular maior do que esse não se encontra facilmente pela Inglaterra. HERÓIS NA PRAÇA E NO PARQUE WELLINGTON É ADMIRADO PELOS BRITÂNICOS, MAS NELSON É MAISWELLINGTON É ADMIRADO PELOS BRITÂNICOS, MAS NELSON É MAIS Turistas que passeiam pelo centro Turistas que passeiam pelo centro de Londres podem testemunhar uma de Londres podem testemunhar uma diferença histórica de tratamento diferença histórica de tratamento entre os dois principais heróis das entre os dois principais heróis das Guerras Napoleônicas. Em Trafalgar Guerras Napoleônicas. Em Trafalgar Square, no alto de uma coluna com Square, no alto de uma coluna com mais de 50 metros de altura, a estátua mais de 50 metros de altura, a estátua do almirante Horatio Nelson fita o infinito num dos cartões-postais mais conhecidos do mundo. O Duque de Wellington mereceu um arco que leva seu nome, localizado na parte sul do Hyde Park, homenagem com visibilidade bem menor que a do comandante naval britânico. A diferença de dimensões, altura e localização mostram os pesos diversos que duas batalhas épicas têm sobre o imaginário popular britânico. Wellington ficou famoso como Mas para muitos britânicos, a Batalha de Trafalgar, em 1805, ficou marcada com o auge militar do império. Naquela ocasião, em um duríssimo combate contra a união entre as esquadras francesa e espanhola, a Grã-Bretanha não só frustrou os planos de uma invasão de seu território pelas forças napoleônicas como confirmou uma hegemonia dos mares que duraria mais de um século. Além de ser tradicionalmente mais orientada para o mar (afinal, trata-se de uma ilha) do que para o combate em terra – algo demonstrado pelos números Trafalgar Square: Nelson é mais reverenciado do que Wellington CAPA 28 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH142_WELLINGTON_2.indd 28 5/5/15 8:23 AM IM AG EN S SH U TT ER ST O CK E G ET TY IM AG ES LIVROS Waterloo: The History of Four Days, Three Armies andThree Battles, Bernard Cornwell, HarperCollins, 2014 Wellington: The Iron Duke, Richard Holmes, HarperCollins, 2003 Napoleon and Wellington: The Long Duel, Andrew Roberts, W&N, 2003 The Napoleonic Wars 1803-1815, David Gates, Pimlico, 2003 SAIBA MAIS PRIMEIRO-MINISTRO Ironias e ressentimentos não ga- nham guerras. Wellington saiu-se vitorioso, sobretudo por adotar uma postura mais cautelosa e defensiva, ao contrário do excesso de confiança de Napoleão, que apostou pesado na tática de tentar isolar as forças britâ- nicas e prussianas que lutavam em conjunto. Ao final, Napoleão passa- ria o resto de seus dias exilado na Ilha de Santa Helena. Morreria em 1821, possivelmente de câncer no es- tômago – a causa da morte até hoje é debatida, e fala-se de envenenamen- to. Já Wellington voltaria para casa mais rico e coberto de glórias. Em 1828, já atendendo pelo título de Duque de Wellington, que lhe ha- via sido concedido como recompensa pela derrota impingida a Napoleão, foi convidado pelo rei George V a as- sumir o cargo de primeiro-ministro. Sua performance não foi tão vitoriosa quanto no campo de batalha. Conser- vador, ele criou insatisfação por causa de sua resistência a reformas sociais e políticas, sobretudo ao aumento da participação das classes populares nas eleições (veja na pág. 34). Mas foi em seu governo que uma legislação reduzindo drasticamente a discrimi- nação contra católicos na Grã-Breta- nha foi aprovada. Foi uma guerra política tão acirrada e gerou tamanha confusão que o duque precisou duelar com um adversário político como for- ma de não ter sua honra questionada. Ele e o conde de Winchilsea trocaram tiros, errando de propósito. Seu governo durou apenas dois anos, mas o Duque de Ferro, como ficou conhecido por causa da teimo- sia política, ocuparia ainda os minis- Funeral de Wellington na Catedral de St. Paul: honraria rara térios da Guerra, do Interior e das Relações Exteriores até se aposentar da vida pública, em 1846. Seis anos depois, morreria vitimado por uma série de derrames. Teve um raro e grandioso funeral com honras de estado e foi enterrado na Catedral de St. Paul. Segundo relatos da época, multidões se aglomeraram para ver a passagem do caixão. AVENTURAS NA HISTÓRIA | 29 AH142_WELLINGTON_2.indd 29 5/5/15 8:24 AM ALMANAQUE História Ilustrada DIA D ILUSTRAÇÃO Eduardo Schaal O ATAQUE QUASE SURPRESA QUE FORJOU O FINAL DA SEGUNDA GUERRA No dia 6 de junho de 1944, tro-pas norte-americanas, britâ-nicas e canadenses cruza- ram o Canal da Mancha e desembar- caram na costa da Normandia, na França. O objetivo era criar, a oeste da Alemanha, uma nova frente na Segunda Guerra, pressionando ainda mais os alemães, que desde o ano an- terior vinham sendo duramente fus- tigados, do lado oriental, pela contra- ofensiva dos russos, depois da Bata- lha de Stalingrado. Mesmo com pesa- das baixas – cerca de 4 400 soldados aliados morreram durante o ataque – o objetivo do Dia D foi atingido: os alemães passaram à defensiva e, 11 meses mais tarde, se renderiam, co- locando fim à guerra na Europa. DÚVIDA ALEMÃ O desembarque aliado não pegou os alemães totalmente de surpresa, mas graças a uma bem-montada simulação de movimento de tropas e ao uso de contrainformação por espiões infi ltrados, Hitler acreditava que o ataque seria em Calais, o que o obrigou a espalhar tropas por uma grande região litorânea. COMISSÃO DE FRENTE Na noite anterior, 1 056 aviões- bombardeiros despejaram 5 000 toneladas de bomba sobre as casamatas alemãs. À meia-noite, 19 000 paraquedistas saltaram na retaguarda alemã, para garantir os fl ancos do campo de batalha. Quando o dia amanhecia, 7 encouraçados, 23 cruzadores e 103 destróiers aliados bombardearam as baterias junto às praias. MEIA-NOITE NA NORMANDIA Ao fi nal do Dia D, um total de 176 000 tropas dos aliados, apoiados por 10 000 tanques, veículos e peças de artilharia, haviam desembarcado no litoral francês. Cerca de 12 500 vítimas entre os aliados e 6 000 alemães perderam a vida. ARMADILHAS EM SWORD A praia de Sword, na qual desembarcaram 28 845 ingleses da 3ª Divisão, estava repleta de minas e obstáculos de aço, o que retardou o avanço, congestionando a praia. Os veículos e soldados fi caram, então, expostos ao fogo alemão. As baixas foram muitas, ultrapassando 1 000 vítimas. SWOR D J U N O FRANÇA INGLATERRA Normandia C a n a l d a M a n c h a Calais 30 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH143_HIST_ILUST.indd 30 5/5/15 10:08 AM FORÇA DE ATAQUE Foi o maior desembarque anfíbio da História: 7 000 navios, lanchas de desembarque e até barcos a vela cruzaram os 160 km de mar que separam a Inglaterra da Normandia, transportando 195 700 combatentes, tanques, veículos, canhões e outros equipamentos. O ABATEDOURO OMAHA De longe a batalha mais mortífera do Dia D. Os 34 250 norte-americanos do 1º Exército encontraram uma feroz resistência dos alemães, que atiravam neles do alto dos penhascos. Ali, mais de 2 000 soldados foram mortos ou seriamente feridos. VENTO INIMIGO EM GOLD Fortes ventos impediram que as lanchas de desembarque deixassem os ingleses da 50ª Divisão na posição correta. Quatro casamatas de concreto dificultavam ainda mais o movimento dos soldados aliados. As vítimas foram 413, na praia Gold. UTAH, A MAIS FÁCIL Das cinco áreas de desembarque, Utah foi onde houve menos oposição dos alemães. Um total de 23 250 soldados norte-americanos, da 4ª Divisão de Infantaria, desembarcaram ali. O número de vítimas é estimado em 197, as menores baixas entre todos os pontos de desembarque. JUNO DESPROTEGIDA O mar agitado em Juno provocou o atraso no desembarque, fazendo com que os 21 400 soldados da 3ª Divisão de Infantaria canadense pisassem na areia antes dos blindados que deveriam protegê- los. Foram alvos fáceis para os canhões e ninhos de metralhadora alemães. Um total de 1 200 mortos. C A N A L D A M A N C H A G OL D OM A H A U TA H J U N O AH143_HIST_ILUST.indd 31 5/5/15 10:08 AM COMO O MENINO DO INTERIOR IDEALIZOU E CONSTRUIU O ESTÁDIO DO MORUMBI TEXTO José Renato Santiago ALMANAQUE Crônica Laudo Natel (no centro) e Cícero Pompeu de Toledo (segundo da esq. para a dir.) apresentam a maquete do Estádio do Morumbi para a imprensa, em 1956 O GOVERNADOR, PRESIDENTE DE CLUBE E TORCEDOR LAUDO NATEL AH143_CRONICA2.indd 32 5/5/15 8:54 AM menino Laudo, como diria posterior- mente, se tornou um são-paulino de geração espontânea. Ainda com 16 anos, passou a tra- balhar no Banco Noroeste, onde ficou por seis anos e conheceu Amador Aguiar, que em 1943 fundaria o Bra- desco, na cidade de Marília. Umas das primeiras ações de Amador foi contratar Laudo na nova empresa. Embora tímido, Laudo tinha uma característica muito apreciada pelo povo do interior: adorava uma boa prosa. Por causa disso, passou a via- jar pelo interior do estado, o que o levou a conhecer praticamente todas as cidades paulistas. O crescimento do Bradesco fez com que Laudo fosse morar na capi- tal em 1945, próximo ao Estádio do Pacaembu, local do qual se tornou frequentador para assistir aos jogos de seu time, que, liderado por Leô- nidas da Silva, marcou época na década de 1940, ao conquistar os títulos estaduais de 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949. O time tricolor, considerado um dos grandes do país, precisava de investimentos maiores para formar grandes equipes. Então, o temor de 1934, quando o clube chegou a fechar as portas por causa de dívidas, voltou a preocupar os dirigentes. Nasceu na pequena cidade paulista de São Manuel, dis-tante cerca de 300 km da capital, em 14 de setembro de 1920, Laudo Natel, o filho caçula de quatro irmãos do casal Bento e Albertina. Seu pai administrava uma fazenda local, onde morava com a família, o que garantia os recursos que banca- ram os estudos dos filhos. Naqueles tempos o país vivia o auge da Políti- cado Café com Leite, com a predomi- nância do poder sob as mãos de pau- listas, grandes produtores de café, e dos mineiros, que produziam leite, em uma clara evidência da força do setor agrário desses estados. Sob a liderança de Getúlio Vargas, a Revolução de 1930 deu fim a esse modelo político ao impedir a posse do então governador do estado de São Paulo, Júlio Prestes, eleito presidente, o que causou grande instabilidade em todo o Brasil, mas principalmente entre os paulistas e os seguidores de Getúlio. O pequeno Laudo viveu na pele esse período, sobretudo ao ver seus irmãos, Dácio e Washington, se alistarem nas forças paulistas que promoveram a Revolução Constitu- cionalista de 1932. Muito embora der- rotados no confronto armado, os pau- listas conseguiram voltar a comandar seu estado e garantir a promulgação de uma nova constituição em 1934. O orgulho paulista fervilhava sob a pele de seus cidadãos, e foi nesse tempo que Laudo passou a ouvir falar de um time de futebol que, além de ter as mesmas cores da bandeira pau- lista, o vermelho, o preto e o branco, também tinha o mesmo nome, São Paulo. Ao contrário do pai, que não tinha nenhum interesse no futebol, o Time do São Paulo campeão estadual em 1946 FO TO S FO LH A PR ES S E AR Q UI VO H IS TÓ RI CO D O SÃ O PA UL O FC / D IV UL G AÇ ÃO AVENTURAS NA HISTÓRIA | 33 AH143_CRONICA2.indd 33 5/5/15 8:54 AM Por causa disso, Laudo Natel, que já era sócio desde 1946, foi convidado a assumir a tesouraria do clube em 1952, e aceitou por um período de um ano. No entanto um novo sonho fez com que os planos fossem alterados. Juntamente com o presidente do clu- be, Cícero Pompeu de Toledo, e de Manoel Raymundo Paes de Almei- da, dirigente esportivo, passou a trabalhar com afinco em prol da construção de um estádio para o clu- be. Acreditava que apenas dessa forma conseguiria manter uma re- ceita perene, que ajudaria a manter a associação. Foi daí que surgiu a ideia de adquirir uma área no, na- quele tempo distante, Jardim Leonor, onde não havia sequer uma única casa em um raio de 200 metros. Essa alternativa era necessária porque a área próxima ao Canindé, que per- tencia ao Tricolor, fora desapropria- da pela prefeitura para a construção da Marginal do Tietê. Laudo exerceu importante papel na gestão do clube, sobretudo na bus- ca de parceiros dispostos a investir recursos para a construção do está- dio. Com o afastamento de Cícero Pompeu de Toledo, por motivos de saúde, em 1957, Laudo Natel foi eleito presidente do São Paulo Futebol Clu- be em 23 de abril de 1958, ficando no cargo até 10 de abril de 1972, com su- cessivas reeleições, em 1960, 62, 64, 66, 68 e 70. Dessa forma passou a ser o grande responsável por concretizar o sonho tricolor de ter seu estádio próprio. A obra levou 18 longos anos e só foi possível devido à participação de empresas privadas, sobretudo por meio de permutas por espaço no es- tádio, doações e de campanhas pu- blicitárias, frutos de uma gestão fi- nanceira extremamente austera. Diretor do Bradesco, uma das ins- tituições financeiras que mais cres- ciam no país, presidente do São Pau- lo Futebol Clube, que construía seu estádio com seus próprios recursos, Laudo Natel recebeu um convite inu- sitado em 1962. O pequeno Partido Republicano gostaria de contar com ele como candidato a vice-governa- dor. Naquela época, os votos para governador e vice-governador não eram vinculados, e o próprio partido não acreditava ter condições de com- petir com as grandes legendas polí- ticas da época, PSP, PTB, UDN e PSD. Após obter autorização do ban- co e do clube, Laudo saiu como can- didato. Sem explicitar apoio a ne- nhum dos candidatos ao cargo majo- ritário, Laudo derrotou Faria Lima e foi eleito. Trabalharia juntamente com Adhemar de Barros, que havia derrotado Jânio Quadros na eleição para o cargo de governador. Com a cassação de Adhemar pelo Regime Militar, que controlava o país desde 1964, Laudo Natel se tornou governador entre 6 de junho de 1966 e 31 de janeiro de 1967. Durante esse período acumulou os cargos de go- 34 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH143_CRONICA2.indd 34 5/5/15 8:54 AM FO TO S AR Q UI VO H IS TÓ RI CO D O SÃ O PA UL O FC / D IV UL G AÇ ÃO vernador do estado e de presidente do São Paulo. Por causa de suas atri- buições no cargo maior do estado, nem sempre ia assistir os jogos do tricolor no estádio, mas tinha seu lugar reservado na Tribuna de Hon- ra. Logo desistiu de assistir aos jogos da tribuna: era grande o número de pessoas que iam ao seu encontro com pedidos, afinal ele era o governador do estado. Resolveu assistir às parti- das das arquibancadas, o que tam- bém se tornou inviável: os torcedores passavam o jogo todo reclamando da atuação dos jogadores, afinal o time vivia seu maior período de jejum de títulos, sendo a última conquista no distante ano de 1957, justamente o último antes de sua posse como pre- sidente do clube. A solução foi ver os jogos de um local onde tivesse tranquilidade. O lugar escolhido foi o banco de reser- vas do time, junto à comissão técni- ca. Durante os jogos, Laudo costu- mava se manter quieto, comedido, e comemorava os gols de forma con- tida. Ainda assim sua figura auste- ra junto aos reservas se destacava e chamava muita atenção. Em toda jogada que tivesse uma marcação a favor do São Paulo ou uma não mar- cação a favor do adversário, era des- tacado que o governador estava ali, e motivou a decisão do árbitro. Além disso, não era incomum que muitos árbitros trabalhassem como poli- ciais militares, sob o comando do Secretário de Segurança Pública do Estado, cargo definido pelo gover- nador do estado, isto é, era natural considerar que, em algumas ocasi- ões, o árbitro de uma partida do São Paulo via seu “chefe” hierárquico no banco de reservas do time. Não é difícil imaginar que se sentisse in- timidado com a situação. De qualquer forma, os fatos de- monstram que, ao longo dos seus 14 anos na presidência do São Paulo Futebol Clube, Laudo Natel pôde co- memorar dois títulos estaduais, os de 1970 e 1971, sendo que neste último ele acumulava o cargo de governador do estado – com a vitória frente ao Palmeiras por 1 a 0, em 27 de junho. Nesse dia, o São Paulo precisava ape- nas de um empate para conquistar o bicampeonato estadual, e o alviverde teve um gol legítimo, de Leivinha, anulado indevidamente pelo árbitro Armando Marques, sob a alegação de ter sido marcado com a mão, o que claramente não aconteceu. Após 20 anos no clube, Laudo Natel se desli- gou da instituição, em 1972, receben- do o título de “Grande Patrono do São Paulo Futebol Clube”. O governador Carvalho Pinto, com a esposa, e Laudo Natel, à esquerda, no jogo de estreia do Estádio do Morumbi A bênção do gramado na inauguração, em 1960 AVENTURAS NA HISTÓRIA | 35 AH143_CRONICA2.indd 35 5/5/15 8:54 AM AGENDA 36 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH143_365DIAS_2.indd 36 5/5/15 8:02 AM JUNHO DE 1982 1º CRIAÇÃO DO CONSELHO NACIO- NAL DO MEIO AM- BIENTE NO BRASIL (...) Entendida não mais como um problema local, mas de espectro na- cional e mundial, a questão ambien- tal foi alvo de uma ação governa- mental no Brasil que busca, se não resolver na totalidade os problemas vigentes e futuros, ao menos ameni- zar os efeitos através da moderniza- ção cada vez maior da produção e demanda de produtos por parte dos cidadãos brasileiros. (...) Leia tudo sobre este dia que mudou a História no site: www.aventurasnahistoria.com.br JUNHO DE 1980 2 LANÇAMENTO DA CNN No dia 2 de junho de 1980, Ted Tur- ner, encarnação do sonho americano, inovador e ousado em um mundo cada vez mais conservador, anunciou o surgimento da Cable News Net- work (CNN) durante um congresso de comunicação em Las Vegas. A CNN foi lançada como a primeira rede de televisão dedicada unica- mente às notícias, com transmissões todos os diasdo ano, 24 horas por dia, divulgando informação útil .(...) A CNN, que começou a transmitir em 1985, era inicialmente dirigida a executivos americanos que se hospe- davam em hotéis. (...) Leia tudo sobre este dia que mudou a História no site: www.aventurasnahistoria.com.brILU ST R AÇ ÃO T ÍT UL O SE RG IO B ER GO CC E A seção Agenda nesta edição foi substituída por esta matéria, que traz os fatos relevantes do mês de junho, baseada na reprodução de um capítulo do livro Os 365 Dias Que Mudaram o Mundo. imediatamente. Concluída a conten- da, foi eleito para presidir a Obra Pontifícia para a Propaganda da Fé. Mais tarde, suas missões como visi- tador apostólico na Bulgária, na Tur- quia e na Grécia o converteram em “embaixador” do Evangelho no Oriente, o que o pôs em contato com formas diferentes de religiosidade que o enriqueceram e lhe deram ou- tras visões de mundo. Após a Segunda Guerra Mundial, Roncalli foi nomeado núncio em Paris pelo papa Pio XII, para tratar das re- lações entre a hierarquia católica fran- cesa e os regimes pró-nazistas duran- te a guerra. Empregando um tato admirável e uma vontade extre- mamente conciliadora, Ron- calli conseguiu consolidar firmes laços de amizade com uma classe política receosa e esquiva. Em 1952, Pio XII o nomeou patriarca de Ve- neza e, no ano seguinte, ele recebeu o capelo cardinalício. Sua eleição como papa surpreendeu a todos, e desde os primeiros dias de seu pontificado sua conduta esteve muito afastada da atitude altiva e so- lene de seus antecessores. Adotou o nome de João XXIII e abordou sua tarefa com uma humildade que trans- gredia o rígido protocolo. Como pontífice, deu um novo en- foque ao ecumenismo católico com a criação do Secretariado para a Pro- moção da Unidade dos Cristãos e o acolhimento em Roma dos supremos hierarcas de quatro Igrejas protes- tantes. Seu pontificado abriu novas perspectivas à Igreja, promovendo uma renovação profunda de suas ideias e atitudes para adequar a men- sagem da Igreja aos tempos moder- nos, corrigindo erros passados e JUNHO DE 1963 3 MORRE O PAPA JOÃO XXIII Nascido em Sotto il Monte, Bérgamo, na Itália, em 1881, com o nome de An- gelo Giuseppe Roncalli, o futuro pon- tífice romano era o terceiro de onze irmãos em uma humilde família camponesa. Aos 11 anos, ingressou no seminário de Bérgamo, época em que começaria a escrever seu Diário da Alma, que continuou durante toda a sua vida, com testemunhos de suas vontades, reflexões e sentimentos. Em 1901, Roncalli abandonou o se- minário para fazer o serviço militar, experiência que o ensinou a conviver com homens muito diferen- tes e foi ponto de par- tida para alguns de seus pensamentos mais profundos. Cele- brou a sua primeira missa na Basílica de São Pedro em 1904, um dia depois de ser ordenado sacerdote. Depois de se formar como doutor em teologia, conheceria o mon- senhor Radini Tedeschi, que o in- fluenciaria profundamente e o nome- aria seu secretário quando foi desig- nado bispo de Bérgamo. Em 1914, a morte repentina do monsenhor Tedeschi e o início da Primeira Guerra Mundial atrasaram seus projetos e sua formação, pois teve que se incorporar ao Exército Papa João XXIII AVENTURAS NA HISTÓRIA | 37 AH143_365DIAS_2.indd 37 5/5/15 8:02 AM enfrentando os novos problemas humanos, econômicos e sociais. Para isso, João XXIII promulgou as encíclicas Mater et Magistra e Pa- cem in Terris, nas quais explicitava as bases de uma ordem econômica centrada nos valores e nas necessi- dades do homem, falando de “socia- lização” e da necessidade de estrutu- ras socioeconômicas cada vez mais justas. Ambas as encíclicas signifi- cavam uma revolução católica das questões temporais, pois aceitavam a herança da Revolução Francesa e da democracia moderna, fazendo da dignidade do homem o centro de todo o direito e de toda a política e a dinâ- mica social ou econômica. Pouco antes da sua morte, no dia 3 de junho de 1963, João XXIII con- vocou um novo concílio que reunisse e promovesse a manifestação da Igre- ja, o Concílio Vaticano II, elaborando uma nova teologia dos mistérios de Cristo, do mundo físico, do tempo e das relações temporais, da história, do pecado, do trabalho, da lingua- gem, da música e da dança, da cultu- ra, da televisão, do casamento e da família, dos grupos étnicos e do Es- tado. Foi uma tarefa titânica, que depois da sua morte foi continuada pelo seu sucessor, Paulo VI. JUNHO DE 1989 4 MASSACRE DA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL Na noite de 3 a 4 de junho de 1989, civis desarmados foram mortos pelos disparos dos soldados ou morreram esmagados pelos tanques do Exérci- to chinês na Praça da Paz Celestial (Tian’anmen), em Pequim, depois que o Partido Comunista Chinês or- denou que o Exército pusesse fim aos protestos populares que exigiam re- formas democráticas. Na atualidade, o governo chinês continua sem reco- nhecer a veracidade desses fatos. O “incidente” de Tian’anmen, como é chamado oficialmente, que acabou com a vida de mais de 1 300 pessoas e acarretou milhares de prisões e tor- turas, é uma lembrança fan- tasma na China.Em abril de 1989, Hu Ya- obang, líder refor- mista destituído pelo presidente Deng Xiaoping após as primeiras revoltas estudan- tis de 1986, havia falecido. Sua morte despertou protestos en- tre a comunidade universi- tária, indignada pela maneira como o líder havia sido tratado pelo Parti- do. Os estudantes encheram Pequim de fotografias dele e levaram coroas de flores em sua homenagem ao Mo- numento aos Heróis do Povo da Pra- ça da Paz Celestial. Yaobang havia lutado pela reabi- litação dos perseguidos durante a Revolução Cultural e era partidário de uma mudança política na China, o que havia lhe criado inimigos na linha dura do Partido Comunista. A manifestação de luto se conver- teu em um protesto popular que de- nunciava o setor mais ortodoxo do Politburo chinês, reivindicando o fim da corrupção burocrática e, so- bretudo, maior liberdade no país. A visita oficial do dirigente russo Mi- khail Gorbatchev, em meados de maio, estimulou estudantes, operá- rios e profissionais de distintas ci- dades e províncias chinesas a se unirem aos protestos. Tratou-se de um movimento es- pontâneo. Seu objetivo não era aca- bar com o comunismo na China, mas pedir reformas. As greves de fome e os gritos dos estudantes refletiram as reclamações de muitos cidadãos, embora a maioria da sociedade chi- nesa não tenha participado da luta deles. Na cúpula comunista, o pri- meiro-ministro Li Peng, partidário do uso da força para sufocar a revolta, se impôs à solução dialogada p r o p o s t a p o r Zhao Ziyang, se- cretário-geral do partido, que foi destituído. Os es- tudantes, conscien- tes da presença de cor- respondentes estrangeiros e m Pe qu i m , const r u í r a m e m Tian’anmen uma estátua, a Deusa da Democracia, para lançar uma men- sagem ao mundo. Liu Xiaobo, um dos líderes infor- mais dos protestos, tentou sem su- cesso dialogar com os setores menos conservadores do regime para evitar uma matança, mas não pôde evitar que muitas pessoas morressem de- baixo dos tanques nas avenidas ad- jacentes à Tian’anmen; quando o Exército chegou à praça, os estudan- tes combinaram sua retirada. Ainda que os militares tenham apagado os restos da revolta estudan- til, a imagem de um rebelde desa- fiando uma linha de tanques sozinho até pará-la deu a volta ao mundo. No Ocidente, essa foto se converteu no símbolo da resistência democrática e, na China, foi usada para mostrar o bom trato que o Exército chinês deu aos civis em sua intervenção. Rebelde desafia tanques na China AGENDA 38 | AVENTURAS NA HISTÓRIA AH143_365DIAS_2.indd 38 5/5/15 8:02 AM JUNHO DE 1944 6 DESEMBARQUE NA NORMANDIA Leia tudo sobre este dia que mudou a História no site www.aventurasnahis- toria.com.br e saiba mais na seção His- tória Ilustrada, página 30 desta edição.
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