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Aventuras na História - O Homem Que Derrotou Napoleão

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Acesse capacetesSW.planetadeagostini.com.br
ou ligue (11) 2171-7111
Colecione já e entre na batalha pela defesa da galáxia!
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Nos fascículos, informações 
sobre fatos importantes da 
saga e descrição detalhada 
dos capacetes, armas e 
uniformes dos personagens.
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ESCALA 1:5
Colecione os capacetes mais emblemáticos da saga Star Wars!
Produtos aprovados pela Lucasfilm
Réplicas em escala 1/5 
Miniaturas em ABS
Reproduções fiéis aos originais
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bancas*
Detalhes e 
decorações 
fiéis
Base expositora 
individualizada
Viseira móvel
AN_CAPACETES_ST_202x266mm_2015.indd 1 5/5/15 11:30 AM
Alemanha separa famílias 58
FOTO-HISTÓRIA
HISTÓRIAS ÍNTIMAS
O mago sedutor 56
LANÇAMENTOS
A revolução de 1924 em São Paulo 52
CULTURA
6A adaptação dos maias às intempéries climáticas
HISTÓRIA HOJE
16HISTÓRIA MALUCATroféu inusitado
30HISTÓRIA ILUSTRADA Dia D
16BANDEIRAS Bandeiras tricolores
32CRÔNICAS Laudo Natel e o Estádio do Morumbi
12ARTE O Grito
14LINHA DO TEMPOHomossexualidade
10COMO FAZÍAMOS SEM...Zero
ALMANAQUE
AGENDA
30 dias que mudaram o mundo 36
CAPA
Duque de Wellington 20
REPORTAGENS
CAPA
20
O “Duque de 
Ferro” que pôs 
fim à supremacia 
napoleônica
Sumário
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Diretor-Superintendente: 
Edgardo Martolio
Diretores Corporativos: 
Marketing: Luis Fernando Maluf (Novos negócios, 
plataformas multimídia e circulação) 
Editorial: Claudio Gurmindo (Núcleo Celebridades) e 
Pablo de la Fuente (Núcleo Novos Leitores e Mensais) 
Publicidade: Arnaldo Bontein Rosa
Conselho de Publicidade: Álvaro Almeida
Administrativo/Financeiro: Ariovaldo Dias
Jurídico e RH: Wardi Awada
Circulação: Marciliano Silva Jr.
Gestão: Osmar Lara
Diretores Executivos: 
Internet e MídiaDigital: Alan Fontevecchia 
TI: Cícero Brandão 
Arte: André Luiz Pereira da Silva 
Diretores: 
Publicidade: Itália Marchiori (RJ), Fernando Leomil (Núcleo 
Celebridades), Maria Rosária Pires (Núcleo Novos Leitores) 
e Raquel Ezequiel (Núcleo Saber, Bem-Estar & Mulher)
Marketing Publicitário e Eventos: Luciana Jordão
Escritório Rio de Janeiro: Claudio Uchoa
Arte: Juliana Cuttin (Núcleo Bem Estar) e 
Kika Gianesi (Núcleo Novos Leitores)
Editores: 
Fotografia: Martín Gurfein (SP e Arquivo) e César Alves (RJ) 
Gerências: 
Logística São Paulo: Gilberto Arcari Escritório Rio de Janeiro: Edinoel 
Silva Faria Circulação: Luciana Romano Eventos: Walacy Prado
Editora: Bia Mendes
Editora de Arte: Luciana Porto Alegre Steckel 
Colaboraram nesta edição: Fábio Marton, 
Fernando Duarte, José Renato Santiago, 
Leonardo Mourão, Mary del Priore (texto). 
Bruno Algarve, Éber Evangelista, Eduardo Schall 
e Hafaell (ilustração)
Publicidade: Carla Bove e Katia Honório (Executivos de Negócio)
ÁREAS COMPARTILHADAS:
FOTOGRAFIA: Priscilla Vaccari (Fotografia-SP), Cadu Pilotto 
(Fotografia-RJ), Samanta Ribeiro e Ramiro Pereira (Assistentes) 
CIRCULAÇÃO: Pablo Barreto MARKETING PUBLICITÁRIO E 
EVENTOS: Bruno Meira (Designer) e Maria Eliza Fedrigo (Analista 
de produto) MARKETING: Bianca Gurgel (Designer), Caroline 
Ryna, Nilton Vieira, Fernando Almeida e Natalie Fonzar (Apoio) 
TI: Dirceu Bueno, Ricardo Jota e Victor Dias Fontes (Assistentes) 
LOGÍSTICA: Anicley Lima, Alexandra Cerqueira e Daniel Ferreira 
ADMINISTRAÇÃO, FINANÇAS E CONTROLE: Adriano Bialli 
(Consultor financeiro), Alessandro Silva (Analista), Manoel Leandro 
(Consultor) e Arthur Matsuzaki (Analista) RECURSOS HUMANOS: 
Renê Santos PROCESSOS: Agnaldo Gama, Henrique Pereira e 
Mariana Cavalcanti ARQUIVO: Carmen Trujilo PRE-PRESS: Gustavo 
Grandjean (Chefe), Alexandre de Sousa, André Uva, Claudio Costa, 
Edvania Silva e Rodrigo Figuerola 
INTERNET E MÍDIA DIGITAL:
EDITOR: Ademir Correa PUBLICIDADE VIRTUAL: Fernanda Neves 
(Gerente), Bruna Oliveira, Deborah Burmeister e Thays Panar 
(Executivas) e (Assistente) PLANEJAMENTO: Roberta Covre 
(Coordenadora) e Anne Muriel (Analista) TECNOLOGIA DIGITAL: 
Nicholas Serrano (Gerente) e Fábio Rocha (Desenvolvedor). 
MARKETING DIGITAL: Victor Calazans (Analista)
REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA:
SÃO PAULO: Avenida Juscelino Kubitschek, 1400, 
13o andar e cobertura, CEP 04543-000, SP, Brasil, 
tel.: (0xx11) 2197-2000, fax: (0xx11) 3086-4738 
RIO DE JANEIRO: Torre Rio-Sul, Rua Lauro Müller, 116, 
conjunto 3105, 31o andar, CEP 22290-160, RJ, Brasil, 
tel.: (0xx21) 2113-2200, fax: (0xx21) 2543-1657
AVENTURAS NA HISTÓRIA 142 (ISSN 1806-2415), ano 12, nº 7
é uma publi cação mensal da Editora Caras Edições anteriores: Para 
comprar edições anteriores, ligue: 0800-777-3022, de segunda a sexta, 
das 07h30 às 17h30. Distribuída em todo o país pela Dinap S.A. 
Distribuidora Nacional de Publicações, São Paulo. AVENTURAS NA 
HISTÓRIA não admite publicidade redacional.
SERVIÇO AO ASSINANTE:
Grande São Paulo: (11) 5087-2112 
Demais localidades: 0800-775 2112 www.abrilsac.com 
Para assinar: Grande São Paulo: (11) 3347-2121 
Demais localidades: 0800-775 2828 www.assineabril.com.br
IMPRESSA NA GRÁFICA ABRIL: Av. Otaviano Alves de Lima, 
4400, CEP: 02909-900, Freguesia do Ó, São Paulo, SP
Outras revistas BONS FLUIDOS, CARAS, MANEQUIM, 
MÁXIMA, MINHA CASA, MINHA NOVELA, RECREIO, SOU 
MAIS EU!, VIDA SIMPLES e VIVA MAIS
Editor Responsável: Wardi Awada
esta edição o leitor encontrará algumas mudanças no for-
mato habitual da revista, como a ausência da tradicional 
Agenda. Há um motivo. Nesse caso porque seu conteúdo 
iria se sobrepor ao material que nos forneceu o livro 365 
Dias Que Mudaram o Mundo, da Editora Planeta. Escolhemos um mês 
inteiro para veicular, junho. 
Sim, queremos que a História pesquisada e publicada em livros tenha 
mais presença nestas páginas. Elas precisam servir de guia para o leitor 
ávido, que muitas vezes desconhece lançamentos preciosos, raros, úni-
cos, com tiragens mínimas, mas com conteúdos fantásticos. Esse livro 
poderá não estar na estante da livraria de sua cidade, mas se você sabe 
de sua existência, porque degustou a obra em nossa AVENTURAS NA 
HISTÓRIA, correrá atrás dele. Hoje, graças à internet, pode-se conseguir 
tudo rapidamente. A revista precisa prestar esse serviço – e fará o má-
ximo para cumprir tamanha missão.
Por questões de espaço, esses ‘trinta dias’ não estão todos na edição 
impressa. Mas os que nas páginas dedicadas ao assunto não encontraram 
vaga são reproduzidos em nosso site, que revigoramos para que seja 
frequentado por pessoas como você, interessadas em saber mais e co-
nhecer tudo. Há muita História desvendada e editada por aí, bem mais 
do que conhecemos, e tanta quanto a nossa curiosidade deseja. Dá dó 
que passe despercebida. Como também dá dó não aproveitar os leitores-
colaboradores, que têm muito a nos dar, a compartilhar, e perdem seu 
entusiasmo por falta de oportunidade. Aos poucos, aqui, eles irão se 
incorporando ao nosso dia a dia. Alguns já estão presentes. Para nós é 
uma satisfação enorme ser essa ponte. A História merece. Você também...
E agora vamos lá, conhecer o Duque de Wellington, que, nada menos, 
derrotou Napoleão Bonaparte, e por isso lhe devemos atenção.
EDITORIAL
N
Boa leitura,
Edgardo Martolio
DIRETOR DE REDAÇÃO
A MESMA REVISTA
NOVOS ARES
4 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
AH143_Editorial.indd 4 5/5/15 9:03 AM
COLAPSO ATINGIU DE FORMA DIFERENTE CIDADES DO NORTE E DO SUL
Históriahoje
As novidades da arqueologia e dos estudos históricos
Os maias são um dos povos pré-colombianos mais fas-cinantes. Por mais de 2 mil 
anos, eles dominaram a Península de 
Yucatán, no que hoje é um território 
dividido pelo México, Belize e Gua-
temala. Em seu auge,eles viviam 
numa rede de dezenas de grandes 
cidades, com arquitetura monumen-
tal, escrita e matemática avançadas. 
Eles acabaram vítimas do próprio 
sucesso – por volta do ano 800, come-
çou uma seca que duraria 200 anos, 
provocada possivelmente pelo mas-
sivo desflorestamento causado pela 
pressão populacional. Grandes cida-
des seriam abandonadas, e não have-
ria mais centros urbanos ou projetos 
arquitetônicos na mesma escala. 
Um novo estudo revelou que os 
maias não foram vítimas passivas da 
catástrofe ambiental. Conduzida 
pelo geólogo Mark Pagani, da Uni-
versidade de Yale (EUA), a pesquisa 
demonstrou que as cidades maias 
foram afetadas de forma diferente 
conforme a região, e que eles muda-
ram seus métodos agrícolas tentan-
do se adaptar. 
As cidades do norte, já acostuma-
das a um clima mais seco, foram bem 
menos afetadas. Ao sul a técnica de 
plantio mudou de coivara – cortar e 
Ruínas da cidade 
maia de Palenque, 
no México. 
As cidades do 
sul nunca se 
recuperaram 
da seca que 
durou 200 anos
MAIAS SE ADAPTARAM AO CLIMA
História
6 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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queimar a floresta – para plantações 
intensivas e concentradas de milho. 
“O sul era o centro da população 
maia, e sua capacidade de se adaptar 
era limitada”, afirmou Pagani. “O 
norte já estava acostumado a condi-
ções bastante secas, e se saiu muito 
melhor. De fato, houve expansão 
após o colapso, mas as cidades do sul 
nunca se recuperaram.”
A pesquisa estudou isótopos de 
carbono e hidrogênio no solo da Pe-
nínsula de Yucatán. O hidrogênio 
permitiu avaliar as mudanças climá-
ticas, enquanto o carbono deu ideia 
dos métodos de agricultura. 
RECEITA EGÍPCIA CONTRA RESSACA
Exagerou na festa e acordou estragado? Faça um colar de louros e use em 
volta do pescoço. Essa era a receita do Egito ptolomaico. Ela acaba de ser 
traduzida de um papiro do século 1, encontrado em 1898 num lixão da antiga 
cidade de Oxirrinco. Ele é um entre 500 mil documentos encontrados no local. 
Trinta textos médicos foram traduzidos agora pela Universidade de Exeter 
(Reino Unido). Essa é a 80ª tradução desde a descoberta dos papiros, num 
trabalho que vem de mais de um século. Outras revelações incluem um 
método de cirurgia ocular – sem anestesia – para curar pálpebras invertidas. 
CANIBALISMO DAS CAVERNAS
Esqueletos de duas crianças e um adulto de Homem de Neandertal 
mostraram marcas de desmembramento e cortes com facas de pedra, 
indicando que foram devorados. Os restos foram encontrados na França entre 
1967 e 1980, e têm 57 600 anos, mais antigos que a chegada do ser humano 
moderno à Europa. Maria Dolores Garralda, da Universidade de Madri, líder da 
equipe que revisou as ossadas, acredita que pode ter sido canibalismo por 
necessidade, “gastronômico”, ou um ritual funerário – como dos ianomâmis 
no Brasil, que consomem os restos de seus entes queridos até hoje. 
...humanos, do Museu de Londres, serão estudados para 
medir o impacto da Revolução Industrial na biologia humana. 
500 deles são medievais, os outros são pós-industrialização.
15001500esqueletosesqueletos
Inscrição 
em pedra 
de jade, 
do século 5. 
No destaque, 
a figura de K, 
deus maia da 
agricultura
Papiro do séc. I 
encontrado em 
Oxirrinco 
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 7
AH143_HISTORIA HOJE.indd 7 5/5/15 8:40 AM
HISTÓRIA HOJE
GARRAFA DO SÉCULO 19 É TESTADA – E APROVADA – 
POR CIENTISTAS FRANCESES
CHAMPANHE DE 170 ANOS
Em 2010, um grupo de mergu-lhadores encontrou um tesou-ro insólito num naufrágio no 
Mar Báltico, na Finlândia, a cerca de 
50 metros da superfície. Uma escuna 
comercial continha 168 garrafas de 
champanhe, com rótulos dissolvidos, 
mas rolhas intactas. Entre elas, esta-
va o Veuve Clicquot Ponsardin, vinho 
caríssimo produzido até hoje. 
James Delgado, historiador da Marinha dos Estados Unidos, sobre a descoberta dos restos de um porta-aviões da Segunda Guerra, 
usado como cobaia nos testes nucleares do Atol de Biquíni e afundado de propósito em 1951.
“Após 64 anos no fundo do mar, o Independence, lá de 
baixo, ainda parece pronto para lançar seus aviões.”
O governo da Finlândia ficou com 
a maioria das garrafas, e algumas 
delas chegaram a ser vendidas por 
100 mil euros em leilões. Mas o cham-
panhe também foi parar em labora-
tórios, onde foi estudado – e provado. 
A primeira impressão do grupo 
de cientistas franceses que conduziu 
o estudo não foi das melhores: os pes-
quisadores anotaram “notas ani-
mais, pelo molhado e queijo”. Mas, 
após alguns minutos, a impressão 
mudou para “churrasco temperado, 
defumado, com notas de couro”, e 
também “frutado” e “floral”. Em ou-
tras palavras, delicioso. 
“Foi incrível. Nunca experimentei 
um vinho assim em minha vida”, afir-
ma Philippe Jeandet, da Universidade 
de Reims, que conduziu o estudo. “O 
aroma ficou na minha boca por horas 
após eu ter experimentado.”
O fundo do mar é um lugar perfei-
to para preservar vinho. Sem luz e a 
baixas temperaturas, eles podem fi-
car por lá por séculos e só melhorar. 
Os cientistas também descobriram 
que o champanhe do século 19 era 
mais doce e menos alcoólico que o de 
hoje. A concentração de açúcar era de 
140 gramas por litro. Atualmente, um 
champanhe chamado “doce” (doux) 
tem apenas 50 gramas, e quase ne-
nhuma marca passa dos 60. 
As garrafas 
encontradas por 
mergulhadores 
em 2010. Acima, 
rolha intacta do 
Veuve Cliquot
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8 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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ANTES DAS PILHAGENS, VIERAM OS NEGÓCIOS LEGÍTIMOS
VIKINGS
COMEÇARAM COMO COMERCIANTES
Em 793, o monastério da Ilha de Santa Lindisfarne, no norte da Inglaterra, recebeu uma visita-
-surpresa. Saídos de seus barcos adorna-
dos com cabeças de dragão, os visitantes, 
armados, mataram e saquearam, levando 
consigo as relíquias sagradas e os sobre-
viventes, saindo tão subitamente quanto 
chegaram. Foi o início da Era Viking, que 
levaria ao abandono do monastério no 
século seguinte, à conquista da Norman-
dia, na França, e depois toda a Inglaterra. 
Também seriam os primeiros europeus a 
pôr os pés na América.
Os vikings dominavam o mar como 
nenhum povo da época. Mas como apren-
deram isso? Uma equipe de britânicos e 
dinamarqueses descobriram restos de 
chifres de renas norueguesas no sítio ar-
queológico do mercado de Ribe, a cidade 
mais antiga da Dinamarca. Isso quer dizer 
que, no ano 725, data dos achados, já havia 
comércio marítimo de grande distância 
entre os nórdicos. 
“Essa é a primeira vez que temos prova 
que a cultura naval, que foi a base da Era 
Viking, tem uma história em Ribe. É fasci-
nante”, afirma o arqueólogo dinamarquês 
Søren Sindbæk, um dos autores do estudo. 
“Viking” não é um termo usado para 
todos os nórdicos da baixa Idade Média. A 
palavra definia quem saía em expedições 
marítimas para fazer comércio, para eles 
mais importante que as pilhagens. Boa 
parte desse comércio era de escravos, com-
prados de povos islâmicos ou feitos duran-
te as pilhagens. Mas também havia produ-
tos de origem local, como peles, trigo, lã e 
marfim de morsa. A rede comercial nórdi-
ca se estendeu da Groenlândia até Cons-
tantinopla. Os cristãos bizantinos chega-
ram a empregar vikings como soldados. 
INFANTICÍDIO NA TRÁCIA
Três esqueletos de 
crianças, vítimas de 
sacrifício humano, foram 
encontrados numa tumba 
na Bulgária. O sítio 
pertence à cultura dos 
trácios, vizinhos dos 
gregos antigos que foram 
mencionados na Ilíada 
como aliados dos troianos.
MERCÚRIO ASTECA
Uma grande quantidade 
de mercúrio foi encontrada 
em uma sala da Pirâmide 
da Serpente Emplumada, 
em Teotihuacan. 
Os arqueólogos acreditam 
que o metal líquido 
provavelmente 
representasse rios ou um 
lago no mundo dos mortos. 
O MAMUTE PODE VOLTAR
Cientistas terminaram 
de sequenciar os genesdo mamute. Com a 
informação em mãos, 
várias equipes pretendem 
tentar clonar a espécie, 
extinta há 4 mil anos, 
e reintroduzi-la em seu 
ambiente natural, no Ártico.
Os vikings já 
faziam comércio 
marítimo nos 
anos 700
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 9
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almanaque
Vida Privada • História Ilustrada • Retrotech • Arte & História • Linha do Tempo
ALMANAQUE Como Fazíamos Sem...
SURGIMENTO DO ZERO REVOLUCIONOU O MUNDO
ZERO
Para Pitágoras 
(à direita), que 
considerava o 
número 1 sagrado, o 
zero era inimaginável
A té a Idade Média, ninguém acreditava que “nada” podia ser um número. E isso gerou 
várias esquisitices que duram ainda 
hoje. Tradicionalmente, o dia come-
ça às 12 horas e daí passa para 1 (o 
relógio de 24 horas, com a hora zero, 
surgiu só no século 19). Também não 
existe o ano zero no nosso Calendário 
Gregoriano, que passa de 1 a.C. para 
almanaquealmanaque
Vida Privada 
almanaque
Vida Privada 
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•
almanaque
 História Ilustrada 
almanaque
 História Ilustrada 
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 Retrotech 
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 Arte & História 
almanaque
 Arte & História 
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 Linha do Tempo
almanaque
 Linha do Tempo
almanaque
10 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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NÚMEROS “IMAGINÁRIOS”
Quanto é a raiz quadrada de -1? Cada vez que os 
matemáticos trombavam com essa conta, ficavam 
coçando a cabeça, sem resposta. Nenhum número 
real pode ser multiplicado por ele próprio e dar -1. 
A solução era criar uma unidade fora do conjunto 
de números conhecidos – o i, a unidade imaginária. 
A ideia surgiu com o italiano Girolamo Cardano, no 
século 16. O nome “imaginário” foi dado por René 
Descartes – era uma ofensa aos matemáticos que 
consideravam esses números aceitáveis, 
mostrando o mesmo tipo de conservadorismo dos 
matemáticos que rejeitavam o zero. O fato é que os 
números imaginários – e complexos, formados pela 
mistura de números reais e imaginários – existem, 
ainda que ninguém tenha que pagar uma conta no 
mercado de 79 + 9i reais. Eles aparecem o tempo 
inteiro em biologia, física, química, engenharia 
elétrica e mesmo economia.
1. d.C. Isso que quer dizer que, entre 
o ano 1 e o ano 100, existem apenas 
99 anos. Por isso, os séculos come-
çam no ano 1, não 0 – na passagem de 
1999 para 2000, as pessoas apenas 
celebraram o último ano do século 
20. Mais esquisito ainda: se o cálculo 
original do ano do nascimento de Je-
sus estivesse correto, ele teria nasci-
do no ano 1 antes de Cristo. (Mas está 
errado: o monge Dionísio Exíguo, 
que calculou o ano de nascimento de 
Jesus no século 6, se embananou nas 
contas – o messias provavelmente 
nasceu entre 7 e 4 a.C.)
Esse é apenas o lado superficial. 
Sem zero, não havia o sistema numé-
rico posicional, nem a ideia de nú-
meros decimais ou negativos, certos 
tipos de equações, plano cartesiano 
ou cálculo. E sem isso não haveria 
como surgir a física newtoniana – 
nem portanto praticamente todo o 
mundo moderno. 
Antes do zero, não existia contabi-
lidade, a ideia que um balanço de 
gastos e entradas tem que fechar em 
zero. A matemática era mais primiti-
va. Ela podia calcular coisas como 
áreas, distâncias, lucros e prejuízos, 
mas não havia como prever como um 
arco sustenta o peso da construção, 
ou como um projétil de catapulta, fle-
cha ou bala se move pelo ar. Tudo era 
feito na base da tentativa e erro – e, 
no processo de aprender, catedrais e 
castelos caíam durante a construção. 
O zero era impensável para os an-
tigos. A matemática surgiu contando 
contas concretas e achando propor-
ções em objetos reais. Para Pitágoras, 
o número 1 tinha um valor sagrado, 
representando a harmonia e unidade 
do universo. Como o nada poderia 
ser alguma coisa? 
Os numerais gregos – assim como 
os romanos – não tinham casas, eram 
sequências de letras representando 
somas de números inteiros. Era tão 
complicado que livros matemáticos 
escreviam muitas vezes os números 
por extenso. Na prática, contas eram 
feitas com o ábaco, não no papel. 
O zero surgiu da ideia de represen-
tar números pela posição – primeiro 
em povos mesopotâmicos, cujo siste-
ma se baseava em 60, não 10, e colo-
cavam um espaço vazio entre as ca-
sas. Por volta do século 1, astrônomos 
greco-romanos, como Ptolomeu, usa-
vam o sistema mesopotâmico, com 
uma bolinha para representar contas 
que davam em nada – mas seu uso 
acabou perdido. Isto é, não deu nada. 
O zero surgiu entre os indianos, 
por volta do ano 650, chegando à Eu-
ropa com os árabes, no século 13. O 
sistema “arábico” foi logo adotado 
por comerciantes, ainda que os ma-
temáticos tenham continuado a tor-
cer o nariz – com exceções, como o 
italiano Fibonacci – até o século 16. 
O médico e 
matemático 
Girolamo 
Cardano: 
inventor dos 
números 
imaginários
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 11
AH143_CFS.indd 11 5/5/15 9:00 AM
Edvard Munch nasceu em 1863, mesmo ano em que O Piquenique no Bosque, de Édouard Manet, 
era exposto no Salão dos Rejeitados, 
chamando a atenção para um movimen-
to que nem tinha nome ainda. Era o im-
pressionismo, superando séculos de 
pintura acadêmica. Os impressionistas 
deixaram o realismo para a fotografia e 
se focaram no que ela não podia mos-
trar: as sensações, a parte subjetiva do 
que se vê.
Crescendo durante 
essa revolução, Mun-
ch – que, aliás, tam-
bém seria fotógrafo – 
achava a linguagem 
dos impressionistas 
superficial e científi-
ca, discreta demais 
para expressar o que 
sentia. E ele sentia: 
Munch tinha uma his-
tória familiar trágica: 
perdeu mãe e uma 
irmã na infância, teve 
outra irmã que passou 
a vida em asilos psi-
quiátricos. Tornou-se 
artista sob forte opo-
sição do pai, que mor-
reria quando Munch 
tinha 25 anos e o dei-
xaria na pobreza. O 
artista sempre viveu 
na boemia, entre be-
bedeiras, brigas e romances passageiros, 
tornando-se amigo do filósofo niilista 
Hans Jæger, que acreditava que o suicídio 
era a forma máxima da libertação.
Fruto de suas obsessões, O Grito não 
foi seu primeiro quadro, mas o que o 
tornaria célebre. A inspiração veio do 
que parece ter sido um ataque de pânico, 
que ele escreveu em seu diário pouco 
mais de um ano antes do quadro: “Es-
tava andando por um caminho com dois 
amigos – o sol estava 
se pondo – quando, 
de repente, o céu tor-
n o u- s e ve r m e l h o 
como o sangue. Eu 
parei, sentindo-me 
exausto, e me encostei 
na cerca – havia san-
gue e línguas de fogo 
sobre o fiorde azul-
neg ro e a c idade. 
Meus amigos conti-
nuaram andando, e 
eu fiquei lá, tremendo 
de ansiedade – e senti 
um grito infinito atra-
vessando a natureza”.
Ali nasceria um 
novo movimento ar-
tístico: O Grito seria a 
pedra-fundadora do 
expressionismo, a 
principal vanguarda 
artística alemã dos 
anos 1910 aos 1930. 
O GRITO
ALMANAQUE Arte & História
QUADRO QUE FUNDOU O EXPRESSIONISMO NASCEU 
DE UM ATAQUE DE PÂNICO – E DE UMA MÚMIA PERUANA
ESTRADA RETA
Assim como os dois 
homens ao fundo, 
a estrada não é 
distorcida, dando 
um contraste entre o 
desespero do pintor e a 
indiferença da realidade 
externa. O local foi 
identificado como a 
Estrada Valhallveien, 
que passa pela Colina 
Ekberg, na região sul 
de Oslo, Noruega.
MUITOS GRITOS
Munch produziu quatro versões 
do quadro, entre 1893 e 1910. 
A retratada aqui é a de 1893, 
mas não a primeira. A versão 
em giz-pastel no Museu Munch, 
bem mais simples, foi feita alguns 
meses antes. Existem também 
dezenas de litogravuras em 
preto e branco, impressas pelo 
artista na década de 1890.
12 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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RAIO X
NOME: O Grito (Skrik)
AUTOR: Edvard Munch
ANO: 1893
TAMANHO: 91 x 73,5 cm
TÉCNICA: Óleo, têmpera, 
pastel e giz de cera 
sobre papelão
LOCAL: Galeria Nacional, 
Oslo, Noruega
O MORTO-VIVO
A figura central curva com a 
distorção da paisagem. Não é 
um autorretrato.A inspiração 
pode ser uma múmia peruana, 
de um guerreiro chachapoya, 
exibida na Exposição Universal 
de Paris, em 1889. Ela foi 
enterrada em posição fetal, 
com as mãos em volta do 
crânio, sugerindo um grito. 
AMIGOS INDIFERENTES
Os dois homens parecem 
indiferentes ao desespero da 
figura central, e isso se revela 
porque não aparecem distorcidos. 
São dois amigos de Munch que o 
acompanhavam no passeio por 
Oslo e que o deixaram para trás, 
sem perceber o que acontecia.
CÉU ALTERADO
Em Oslo, condições 
climáticas às vezes fazem 
o céu ficar vermelho. Mas 
existe uma explicação ainda 
mais curiosa: em 1883 e 
1884, a explosão do vulcão 
Krakatoa, na Indonésia, fez 
o pôr do sol ficar vermelho 
por meses na Europa 
inteira. Ainda que o quadro 
tenha sido feito anos 
depois, a memória pode 
ter servido de inspiração.
PAVOR NA PRAIA
Outro contraste na 
figura é dado pela 
tranquilidade dos 
barquinhos no Fiorde 
de Oslo. A estrada é uma 
atração turística, dando vista para 
um dos pontos recreativos mais 
aprazíveis da capital norueguesa. 
GRITOS LITERAIS
Os gritos podem ter sido literais. 
Em Ekeberg havia dois prédios 
sombrios: o matadouro principal 
de Oslo e o asilo de lunáticos. 
De lá, se ouviam os gritos 
dos animais e dos pacientes 
psiquiátricos. 
PAVOR NA PRAIAPAVOR NA PRAIA
Outro contraste na 
figura é dado pela 
tranquilidade dos 
barquinhos no Fiorde 
de Oslo. A estrada é uma 
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 13
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ALMANAQUE Linha do Tempo
HUMANIDADE TEVE ATITUDES DISTINTAS SOBRE O TEMA AO LONGO DA HISTÓRIA
O último imperador ro-mano pagão, Heliogá-balo (203-222), não só 
se travestia como vendia seu 
corpo a outros homens no tem-
plo do deus-sol, ao qual adorava. 
Tal prostituição tinha função 
ritualística: a oferenda do sêmen 
que representava fertilidade. No 
entanto, conforme relatos da 
época, a tarefa não desagradava 
nem um pouco ao imperador. 
Mas se há 1 800 anos, quando 
viveu Heliogábalo, a afeição e a 
atração sexual por pessoas de 
mesmo sexo era tolerada, ao lon-
go da História nem sempre elas 
foram consideradas aceitáveis 
pela religião ou governo. Em 
alguns países muçulmanos, a lei 
islâmica ainda pune esses casais 
com execução. Na Inglaterra, 
medida semelhante foi adotada 
em 1530, sob o reinado de Hen-
rique VIII. A militância gay só 
ganharia voz centenas de anos 
depois, com a fundação do Co-
mitê Científico Humanitário de 
Berlim, em 1897. O órgão iniciou 
uma campanha por uma refor-
ma legal, que abriria o prece-
dente e daria fôlego para o mo-
vimento. Em 192 0, Berlim 
contava com mais bares gays do 
que a Nova York de 1980.
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HOMOSSEXUALIDADE
1432
Florença, na 
Itália, institui 
a “Polícia 
da Noite”, 
para apurar 
acusações 
de sodomia. 
Mais de 17 mil 
casos foram 
investigados. 
A gíria alemã 
para “sodomita” 
no século 14 
era florenzer.
54
O imperador romano 
Nero assume o trono. 
Ele casou-se com o 
jovem Sporus, que 
trajou vestes femininas 
na cerimônia, 
conforme conta o 
historiador Tácito. De 
acordo com um colega 
mais recente de 
Tácito, o historiador 
americano John 
Boswell, esse tipo de 
união formal não era 
incomum entre os 
romanos da época e 
tinha status legal.
530 a.C.
Na Grécia, as 
relações entre 
homens mais 
velhos e jovens 
tornam-se 
comuns. 
Misturavam 
tutelagem e sexo. 
No mesmo ano 
nasce a poeta 
Safo, na Ilha de 
Lesbos. Ela 
inspirou o termo 
lesbianismo.
1483
A Inquisição 
Espanhola tem 
início. Homens 
considerados 
sodomitas eram 
apedrejados, 
castrados e 
queimados. 
Até 1700, 
aproximadamente 
1,6 mil 
pessoas foram 
perseguidas 
pelo suposto 
crime e mais 
de 150 homens, 
assassinados.
1830
O Código Penal 
brasileiro 
descriminaliza a 
homossexualidade. 
A pena de morte 
por sodomia já 
havia sido extinta 
nove anos antes. 
Na contramão, 
apenas dois anos 
depois, a Rússia 
criminaliza o ato 
sexual, punido 
com até cinco 
anos de exílio 
na Sibéria.
14 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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1990
A Organização 
Mundial da 
Saúde (OMS) retira o 
“homossexualismo”, 
como era grafado, 
da lista internacional 
de doenças. O termo 
fora incluído 13 anos 
antes, na categoria 
de doenças mentais. 
A data passou a ser 
celebrada como Dia 
Internacional contra 
a Homofobia.
1989
A Corte de 
Apelações 
do Estado de 
Nova York (EUA) 
torna-se a primeira 
instância jurídica 
a reconhecer que 
casais do mesmo 
sexo, “desde que 
vivendo juntos há 
mais de dez anos”, 
são considerados 
família para 
atender às 
exigências legais 
para o aluguel 
de imóveis.
1969
Eclode a chamada rebelião de 
Stonewall, bar gay de Nova York, 
quando um grupo de travestis resiste 
a uma batida policial. O conflito, que 
virou definitivamente a maré dos 
direitos LGBT, durou seis dias. No 
mesmo ano, o primeiro-ministro 
canadense afirmou que o Estado 
“não tem lugar nas camas da nação”, 
apoiando a descriminalização 
efetivada naquele ano.
1954
O macartismo 
americano 
viu surgir a 
“ameaça lilás”, 
período de intensa 
perseguição 
aos gays. Na 
Inglaterra, 18 
meses depois de 
ter que escolher 
entre uma 
sentença de prisão 
ou passar por 
castração química 
para “corrigir” 
sua inclinação 
sexual, o gênio da 
computação Alan 
Turing comete 
suicídio com uma 
maçã envenenada. 
Seu trabalho para 
a inteligência 
britânica, na 
Segunda Guerra, 
foi considerado 
essencial.
1933
O Partido Nazista 
alemão dá início à 
perseguição aos 
gays – o regime 
era mais leniente 
com lésbicas. 
Pelo menos 50 
mil homens foram 
presos – muitas 
vezes castrados 
– e entre 5 mil e 
15 mil mortos nos 
campos de 
concentração. 
O traje da prisão 
tinha um triângulo 
rosa, adotado 
pelos gays anos 
depois como 
símbolo do 
movimento.
1895
O escritor irlandês Oscar Wilde é julgado pelo 
crime de “indecência grave” e condenado a dois 
anos de trabalho árduo na cadeia, pelo pai do seu 
amante, Lorde Alfred Douglas. Preso, escreveu 
seu ensaio mais famoso, De Profundis. No mesmo 
ano, o escritor brasileiro Adolfo Caminha publica 
o romance Bom-Crioulo, com protagonista gay.
Frequentadores 
em confronto 
com a polícia no 
Stonewall Inn, 
bar nova-
iorquino ícone do 
movimento LGBT
Oscar 
Wilde e 
Alfred 
Douglas
2001
A Holanda torna-se 
o primeiro país a 
legalizar casamentos 
de pessoas do mesmo 
sexo, que passam a ter 
os mesmos direitos dos 
casais heterossexuais. 
Dois anos depois, o 
Conselho Nacional de 
Justiça (CNJ) brasileiro 
aprova resolução 
determinando que 
todos os cartórios 
do país celebrem 
casamentos entre 
pessoas do 
mesmo sexo.
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 15
AH141_LINHA_DO_TEMPO_1.indd 15 5/5/15 8:12 AM
ALMANAQUE História Maluca
Bandeiras & BrasõesALMANAQUE
VARIAÇÕES SOBRE 
O MESMO TEMA
Guerras já foram travadas em nome de 
divergências ideológicas, da conquista e 
da glória, e até mesmo por uma mulher. 
Mas somente os combatentes da Guerra 
do Pacífico podem dizer que lutaram 
pela posse de uma pilha de excremento. 
Conhecida como a Guerra do Salitre, 
o conflito teve início em 1879, com a 
descoberta de enormes depósitos de 
guano, fezes de pássaros e morcegos, 
no Deserto do Atacama. O material era 
o único fertilizante antes do processo 
de obtenção da amônia, no século 20. 
A altercação começou quando a 
Bolívia quis aumentar as taxas sobre 
a exploração de empresas chilenas, 
descumprindo um acordo assinado. 
A disputa logo se tornou uma crise 
diplomática e guerra de verdade. 
Forçado a participar do embate devido a 
uma aliança com a Bolívia, o Peru entrou 
na disputa contra o Chile. Mas as forças 
armadas chilenas eram mais bem 
preparadas. Após uma série de vitórias 
em terra e mar, os chilenos ocuparam 
a capital peruana, Lima. O Peru 
rendeu-se, em 1833, e assinou um 
acordo de paz. Entre outras atrocidades, 
os chilenos saquearam livros da 
Biblioteca Nacional peruana, que só 
seriam devolvidos em 2007. O Exército 
boliviano resistiu por mais um ano, mas, 
sem recursos,também assinou uma 
trégua. O Chile anexou a antiga província 
peruana de Tarapacá e a boliviana 
Antofagasta às suas terras, deixando os 
vizinhos da Bolívia sem acesso ao mar. 
FRANÇA
Entre todas estas, a mais 
emblemática. As faixas 
verticais azul, branca e 
vermelha remetem às cores 
usadas desde a Idade Média 
pela realeza. O design atual 
foi oficializado em 1794. 
O azul e o vermelho eram 
símbolos de Paris e dos 
revolucionários franceses, 
e o branco, da realeza.
PARAGUAI
Os ideais da Revolução 
Francesa contagiaram os 
corações de muitos povos. 
Esta é uma das explicações 
para o Paraguai ter uma 
bandeira tricolor. Há outra 
versão: as cores foram 
usadas pelos voluntários 
paraguaios que participaram 
da defesa de Buenos Aires 
contra invasores ingleses.
Em sua música Almanaque, lançada em 1981, o 
compositor Chico Buarque perguntava, sarcástico: 
“Quem pintou a bandeira brasileira, que tinha tanto lápis 
de cor?” Mais do que um julgamento estético, a piada 
tinha um viés político, já que à época os símbolos 
nacionais eram usados como marketing político pela 
ditadura militar. Mas, se Chico fosse francês, holandês, 
luxemburguês, esloveno, croata, sérvio, eslovaco, russo 
ou paraguaio, talvez fizesse uma canção queixando-se 
exatamente da falta de lápis de cor nas mãos dos 
responsáveis pelas bandeiras desses países. É que todas 
elas trazem a mesma combinação das cores vermelho, 
branco e azul e, ainda que sejam desenhadas de 
maneiras distintas, são facilmente confundidas.
UM INUSITADO 
TROFÉU 
DE GUERRA
16 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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a) Tratamento para calvície
b) Terapia de eletrochoque
c) Máquina de permanente
d) Eletrodos para estimulação cerebral
e) Secador de cabelos
DESCUBRA O QUE 
É O ESTRANHO 
OBJETO DA FOTO
RESPOSTA: Letra C. Máquina de 
permanente. O cabeleireiro alemão Karl 
Nessler desenvolveu o aparelho para ondular 
cabelos em 1905. O processo envolvia uma 
mistura de soda cáustica, urina de vaca e 
água, assim como bastões de cobre ligados 
a um aquecedor elétrico. O cabelo era tratado 
com a solução e enrolado em torno dos 
bastões – seis horas depois, os cachos 
estavam prontos. A invenção foi aperfeiçoada 
pelos rivais Eugene Suter e Isidoro Calvate, 
que ajudaram a popularizar o método.
O Que É Isto?ALMANAQUE
LUXEMBURGO
O Parlamento de 
Luxemburgo propôs trocar, 
em 2006, a bandeira tricolor 
por um layout diverso: um 
leão vermelho levantado nas 
patas traseiras, sobre um 
fundo de faixas brancas e 
azuis. O argumento forte 
para a troca era evitar que o 
símbolo luxemburguês fosse 
confundido com o holandês. 
RÚSSIA
A bandeira da Rússia, usada 
desde o século 17 em seus 
navios, não tem explicação 
oficial para o significado das 
cores. Mas a importância 
do país determinou a 
escolha dos lápis de cor 
pelos países vizinhos. 
Como aconteceu com os 
símbolos da Sérvia, Croácia, 
Eslovênia e Eslováquia. 
SÉRVIA
 Croácia, Eslováquia e Sérvia 
estampam brasões 
específicos. Mas não fogem 
da coincidência cromática. 
A bandeira sérvia, por 
exemplo, é uma versão 
invertida do pavilhão russo. 
A origem seria um desfile 
de sérvios sem bandeira na 
Rússia. Eles simplesmente 
inverteram a do país anfitrião. 
 HOLANDA
A bandeira tem uma 
explicação curiosa. Era 
branca, azul e laranja, a 
última cor em homenagem 
ao príncipe William I, da Casa 
de Orange. Mas os pigmentos 
do laranja desbotavam 
e ficavam avermelhados. 
O povo manteve William I 
no coração, mas trocou 
o laranja pelo vermelho.
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 17
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O Duque de 
Wellington: 
derrota 
definitiva a 
Napoleão 
Bonaparte e 
mergulho na 
política 
20 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
CAPA
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o último dia de 2014, jornais 
britânicos estamparam o obi-
tuário de Valerian Wellesley, 
o Oitavo Duque de Wellington. 
O que puderam destacar da longa trajetória 
do nobre britânico – Valerian Wellesley 
morreu aos 99 anos – foi uma vaga menção 
à contribuição que ele deu a causas de de-
fesa do modo de vida rural no Reino Unido. 
O que parecia mesmo valer a pena mencio-
nar, como de fato fizeram todos os jornais, 
era a incansável dedicação com que o Oi-
tavo Duque de Wellington defendeu e enal-
teceu a memória de seu mais famoso ante-
passado, Arthur Wellesley, o Primeiro 
Duque de Wellington, “o homem que der-
rotou Napoleão Bonaparte”, conforme re-
gistraram os jornais.
O título de duque, com o qual Arthur 
iria inaugurar sua linhagem, foi a recom-
pensa real pela sua participação como co-
mandante do Exército britânico e seus 
aliados na decisiva Batalha de Waterloo, 
em 18 de junho de 1815. Esse choque, no 
qual 118 mil soldados aliados (principal-
mente britânicos e prussianos) enfrenta-
ram 50 mil franceses, e custou 66 mil mor-
tos e feridos em apenas um dia, determinou 
a derrota definitiva do expansionismo 
francês na Europa e o fim da carreira de 
Napoleão Bonaparte, que terminaria exi-
lado na remota Ilha de Santa Helena, onde 
morreria seis anos mais tarde. 
Neste 2015, quando se celebra o bicente-
nário de Waterloo, o Duque de Wellington 
é um dos personagens centrais de uma pro-
funda transformação que afetou o ocidente. 
Trata-se do período das Guerras Napoleô-
nicas, que se estendeu de 1803 a 1815, e no 
qual a França – tornada império por Napo-
leão – se colocou em guerra aberta contra 
quase todas as nações europeias. O sucesso 
militar francês foi proporcionado por uma 
mistura de estratégias de batalha que ludi-
briavam inimigos e inovações, como o uso 
de artilharia para abrir brechas nas linhas 
de defesa inimigas. O imperador Napoleão 
Bonaparte, pela força das armas ou pelo 
terror, anexou ou subjugou por meio de 
acordos ou coerção boa parte da Europa.
NAPOLEÃO
ARTHUR WELLESLEY, O DUQUE DE WELLINGTON, 
LUTOU NOS CAMPOS DA GUERRA E DA POLÍTICA
O HOMEM QUE DERROTOU
TEXTO Fernando Duarte, de Londres
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 21
AH142_WELLINGTON_2.indd 21 5/5/15 8:21 AM
CONFLITO GLOBAL
Para os padrões da época, essas guer-
ras podem ser consideradas um con-
flito global, cuja influência atraves-
sou o oceano e impactou fortemente-
até mesmo a construção do Brasil. Em 
1808, foi uma escolta da Marinha 
britânica que permitiu à corte portu-
guesa se mudar de mala e cuia para 
o Brasil. Uma manobra evasiva dian-
te do avanço das tropas do líder fran-
cês na PenínsulaIbérica.
Em todo o mundo ocidental, uma 
das poucas forças capazes de enfren-
tar a máquina de guerra francesa era 
a esquadra da Grã-Bretanha. Dona 
de uma Marinha muito mais robusta 
que a francesa, e favorecida pelo fato 
de ser uma ilha, a nação frustrava as 
tentativas de invasão pelo mar. Mas, 
mesmo seguros em suas terras, os 
britânicos acompanhavam com aten-
ção o avanço territorial de Napoleão.
Afinal, suas colônias sempre pode-
riam ser invadidas.
Em terra firme, o combate era am-
plamente favorável ao imperador 
francês. Mesmo com 220 mil ho-
mens, o Exército britânico era dez 
vezes menor que o contingente fran-
CAPA
22 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
AH142_WELLINGTON_2.indd 22 5/5/15 8:21 AM
cês. Isso sem falar que metade das 
forças inglesas estava mobilizada 
para cuidar da defesa do território. 
O que restava era a que poderia ser 
mobilizada pelo seu “músculo finan-
ceiro”. Dito de outra maneira, Lon-
dres estava com seus cofres bem 
abastecidos pelos negócios gerados 
a partir da Revolução Industrial. 
Com dinheiro na mão era possível 
contratar mercenários austríacos e 
russos para lutar ao seu lado.
A verdade é que, em 1815, Napo-
leão já não era o formidável conquis-
tador de pouco tempo antes. No ano 
anterior, enfraquecido por uma atra-
palhada e mal planejada invasão da 
Rússia, que o obrigou a uma trágica 
retirada, o líder francês havia sido 
apeado do poder pela coligação de 
países que o combatia. Ainda por 
cima, territórios anexados pela Fran-
ça, foram retomados. Exilado na Ilha 
de Elba, Napoleão foi substituído por 
Luís XVIII no trono francês.
Mas, se era odiado pelo resto da 
Europa, Napoleão não saíra do cora-
ção dos franceses, principalmente no 
dos antigos soldados que comandara. 
Assim, após uma ousada fuga de 
Elba, desembarcou no sul da França 
e foi conquistando a adesão de seus 
compatriotas até chegar a Paris, der-
rubar o rei e reassumir o poder. 
A notícia de que Napoleão fugira 
de Elba alarmou líderes europeus. E 
eles tinham razão para se assustar. 
O francês montou um novo Exército 
para tentar reconquistar os territó-
rios perdidos anteriormente. Em 
ataques-surpresa, as forças de Na-
poleão conseguiram momentanea-
mente dividir a coalizão de exércitos 
que se unira contra ele. A ação toda 
convergia para a cidade de Waterloo. 
Lá se encontraria com Arthur Wel-
lesley, muito mais conhecido como 
Wellington.
Ao lado, Napoleão 
após deixar a Ilha 
de Elba e retornar 
à França. Abaixo, 
a fuga da corte 
portuguesa rumo ao 
Brasil: reflexo das 
guerras napoleônicas
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AVENTURAS NA HISTÓRIA | 23
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“MEU INÁBIL ARTHUR”
Nascido em 17 de maio de 1769, em 
Dublin, Wellington veio ao mundo 
numa família anglo-irlandesa de ra-
ízes aristocráticas – seu pai era o 
Conde de Mornington e sua mãe a 
Viscondessa de Dungannon. Quarto 
de cinco irmãos, estava fora do cír-
culo mais importante da família. Foi 
o irmão mais velho, Richard, por 
exemplo, quem herdou o título de 
nobreza do pai por ocasião de sua 
morte, em 1781. Isso não quer dizer, 
porém, que Wellington não teve uma 
vida confortável. No mesmo ano da 
morte do pai, Arthur começou os es-
tudos em Eton, na época já a presti-
giadíssima escola particular forma-
dora de personalidades de estatura 
histórica – por lá passaram, por 
exemplo, o atual premiê britânico, 
David Cameron, e o escritor Ian Fle-
ming, além do príncipe William.
Mas quando se olhava para 
Wellington não se via nada que indi-
casse que se estava diante de alguém 
que alçaria voos altos. Sem fazer ami-
gos, ele detestava a escola, que aban-
donou em 1874, quando problemas 
financeiros após a morte do pai fize-
ram com que a mãe não pudesse mais 
pagar a anuidade. A família se mudou 
para Bruxelas, mas a sensação de que 
Arthur estava fadado a uma existência 
medíocre apavorava a mãe, que apeli-
dou o filho de “meu inábil Arthur”.
“Arthur perdeu seu pai quando 
tinha apenas 12 anos, e sua mãe não o 
considerava tão especial quanto os 
demais irmãos. Seus únicos talentos 
pareciam ser tocar violino e cálculos 
aritméticos. Mas mesmo isso ficava 
em segundo plano, diante da consta-
tação de que ele era indolente e antis-
Wellington: 
juventude 
indolente e 
antissocial
CAPA
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social, escreveu Norman Gash, um 
dos mais famosos biógrafos do duque.
Em Bruxelas, no entanto, sua vida 
daria uma guinada. Aulas de equita-
ção e esgrima na França abriram ca-
minho para uma carreira militar. Em 
1787, entrou para o Exército britânico. 
Graças às conexões familiares, foi 
promovido a tenente. E o antigo iso-
lamento deu lugar a um Wellington 
que frequentava diversas ocasiões 
sociais e trabalhava como assessor da 
principal figura do Poder Executivo 
da Irlanda, então ainda sob domínio 
britânico. Logo conseguiu uma no-
meação biônica para o Parlamento 
irlandês. Sua ascensão meteórica na 
carreira militar deveu-se muito à 
compra de patentes, algo comum no 
Exército britânico na época.
As primeiras experiências de 
Wellington nos campos de batalha 
parecem ter sido motivadas muito 
mais pelo desejo de ganhar dinheiro 
para pagar dívidas do que por algu-
ma inclinação pelo heroísmo. Em 
1794, juntou-se às forças britânicas, 
que fracassaram contra tropas fran-
cesas na Holanda. Dois anos mais 
tarde, tomou o rumo da Índia, apro-
veitando a nomeação do irmão Ri-
chard Wellesley como governador-
geral. Lá, comandou investidas 
contra as forças locais que se rebe-
lavam contra o domínio britânico. 
Teve sucesso relativo, mas, ao que 
tudo indica, foi na ocasião que co-
meçou a tomar gosto pela coisa.
Os historiadores estão de acordo 
que foi daquelas batalhas que o “inábil 
Arthur” tirou o aprendizado que usa-
ria em seu duelo com Napoleão. 
“Wellington desenvolveu um tipo de 
ataque batizado de Leve e Rápido, que 
tinha por objetivo acabar com a de-
pendência de linhas de suprimento 
muito longas e, consequentemente, 
vulneráveis. Para isso, precisou de-
senvolver um sistema de captação de 
informações que fornecesse inteligên-
cia precisa e atualizada sobre o inimi-
go”, diz o historiador militar Huw 
Davies, autor de um livro sobre as 
estratégias militares do duque.
O duque a 
caminho de 
Waterloo: 
estratégia 
surpreendeu 
os franceses
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AVENTURAS NA HISTÓRIA | 25
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GENERAL DE CIPÓ
Wellington só voltaria à Grã-Bretanha 
em 1805, quando se casou com Cathe-
rine Pankenham, uma aristocrata 
cuja família impedira de se juntar a 
ele anos antes, o que levara o militar 
a queimar seu violino e desistir da 
música. No final desse ano, Napoleão 
ainda esbanjava força e derrotaria, em 
dezembro, na Batalha de Austerlitz, a 
chamada Terceira Coalizão, formada 
pela Grã-Bretanha, o Império Russo, 
a Suécia e outros aliados.
Longe desse campo de batalha, o 
recém-casado Arthur Wellesley na-
morava a política. Em 1806, foi eleito 
MELHOR NA GUERRA 
DO QUE NA PAZ
O HERÓI DE WATERLOO FOI DERROTADO EM CASA
O sangue azul que corre nas 
veias dos aristocratas está 
misturado com um inapelável 
conservadorismo, diz o senso 
comum. Se tal crença carrega 
um pouco de exagero e 
generalização, ela parece se 
aplicar à perfeição ao primeiro 
Duque de Wellington. Enquanto 
ocupava o cargo de primeiro- 
ministro, vetou praticamente 
todas as propostas de reforma 
que chegaram a seu gabinete.
É provável que Wellington 
tenha adicionado ao seu espírito 
conservador o medo de que 
os ideais libertadores da 
Revolução Francesa de 1789 
“contaminassem” os britânicos. 
Nascido em 1769, o duque foi 
contemporâneo da revolução. 
Certamente se horrorizou com 
o grande número de cabeças 
de aristocratas que foram 
guilhotinadas.
Sua teimosia em aceitar 
reformas parlamentares que 
democratizassem o processo 
político no país, incluindo uma 
proposta de ampliar os direitos 
de voto,gerou uma onda de 
insatisfação que levou multidões, 
por exemplo, a atirar pedras 
contra sua casa em Londres, a 
Apsley House. Pressionado por 
todos os lados, o duque renunciou 
ao cargo em 1830, com menos 
de dois anos de mandato.
Mesmo na caserna Wellington 
criou inimizades. Ele se opôs às 
tentativas de profissionalização 
do Exército, o que se trariam 
consequências problemáticas 
para os britânicos no século 
seguinte. Quando eclodiu a 
Primeira Guerra, por exemplo, 
o Exército do país era inferior 
aos vizinhos europeus em 
tamanho e poder de fogo.
Mas a melhor porção do 
duque era mesmo a sua alma 
de soldado. Apesar de nunca 
ter sido um homem pobre, 
biógrafos de Wellington contam 
que a vida militar fez com que 
ele mantivesse alguns hábitos 
austeros, de soldado, até o 
fim de sua vida. Por exemplo, 
dormia numa cama de 
campanha, mesmo quando 
estava em palácios.
Desde sua morte, outros oito 
homens herdaram seu título 
de nobreza, incluindo Arthur, 
o mais velho de seus dois filhos. 
Wellington também permanece 
na lembrança popular por ter 
batizado um prato típico britânico 
– o Beef Wellington, em que 
uma peça de filé é untada com 
patê de foie gras e assada em 
massa folhada. O prato, 
segundo diversas fontes 
históricas britânicas, foi criado 
para comemorar o triunfo 
britânico em Waterloo.
CAPA
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deputado no Parlamento britânico e 
assumiu um posto executivo, o de se-
cretário para a Irlanda. Mas guerra é 
guerra, e ele se viu compelido a voltar 
ao campo de batalha algumas vezes. 
A mais importante em 1808, destaca-
do para comandar um batalhão con-
tra forças francesas em Portugal. 
Passaria os cinco anos seguintes ten-
tando expulsar as forças de Napoleão 
da Península Ibérica.
Seus feitos começaram a ser per-
cebidos. Sua reputação não crescia 
somente nos altos círculos. Vitorioso, 
e com a elegância inata das suas raí-
zes aristocráticas, Arthur desperta-
va admiração popular na Grã-Breta-
nha. Isso facilitou seu trânsito por 
círculos políticos e diplomáticos, 
primeiro como embaixador em Paris 
e depois como enviado do governo ao 
Congresso de Viena, cuja meta era 
definir as fronteiras europeias no 
século 19 e pacificar o continente. 
Mas os tempos estavam mais para 
fuzis do que para rapapés. Welling-
ton deixou a sala de reuniões para 
assumir o comando das forças que 
enfrentariam Napoleão em Waterloo.
A batalha foi uma carnificina que 
historiadores descrevem como uma 
das mais cruéis da história. Estima-
Napoleão, depois de 
Waterloo: para ele, 
Wellington era o 
“general de cipó”
se que em seu único dia de escaramu-
ças, 40 mil soldados morreram. 
Wellington, segundo relatos da épo-
ca, teria ficado chocado com o resul-
tado da batalha, o que, no entanto, 
não lhe tirou a satisfação de derrotar 
o inimigo que respeitava. A recíproca 
não era verdadeira. Napoleão não le-
vava o britânico a sério. “Wellington 
admirava os feitos de Napoleão, mas 
ficou irritado ao saber que o francês 
se referiu a ele como um ‘general de 
cipó’, insinuação de que o britânico só 
teria feito sucesso na Índia”, diz An-
drew Roberts, autor de uma biografia 
sobre os dois líderes.IM
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HERÓIS NA PRAÇA E NO PARQUE
WELLINGTON É ADMIRADO PELOS BRITÂNICOS, MAS NELSON É MAIS
Turistas que passeiam pelo centro 
de Londres podem testemunhar uma 
diferença histórica de tratamento 
entre os dois principais heróis das 
Guerras Napoleônicas. Em Trafalgar 
Square, no alto de uma coluna com 
mais de 50 metros de altura, a estátua 
do almirante Horatio Nelson fita o 
infinito num dos cartões-postais mais 
conhecidos do mundo.
O Duque de Wellington mereceu um 
arco que leva seu nome, localizado na 
parte sul do Hyde Park, homenagem 
com visibilidade bem menor que a 
do comandante naval britânico. 
A diferença de dimensões, altura e 
localização mostram os pesos diversos 
que duas batalhas épicas têm sobre 
o imaginário popular britânico.
Wellington ficou famoso como 
o general que derrotou, em 
1815, o também icônico 
Napoleão Bonaparte. 
Mas para muitos britânicos, 
a Batalha de Trafalgar, em 1805, 
ficou marcada com o auge militar 
do império. Naquela ocasião, 
em um duríssimo combate contra 
a união entre as esquadras francesa 
e espanhola, a Grã-Bretanha não só 
frustrou os planos de uma invasão 
de seu território pelas forças 
napoleônicas como confirmou uma 
hegemonia dos mares que duraria 
mais de um século.
Além de ser tradicionalmente 
mais orientada para o mar (afinal, 
trata-se de uma ilha) do que para 
o combate em terra – algo 
demonstrado pelos números 
inferiores de soldados que Wellington 
tinha à sua disposição, os britânicos 
também se sensibilizaram com o 
fato de Nelson ter morrido durante 
a Batalha de Trafalgar. Já Wellington 
nunca se feriu.
“É preciso lembrar também que 
Wellington enveredou pela política e foi 
primeiro-ministro numa época difícil 
para o país, que tinha se comprometido 
de forma pesada financeiramente com 
as Guerras Napoleônicas. E o duque 
também teve o problema de tentar se 
comportar na política como no campo 
de batalha: ele não sabia delegar, mas 
sim dar ordens”, afirma o historiador 
Paul Johnson, autor de um livro sobre 
heróis em que Wellington e Nelson 
são temas de capítulos.
A diferença da percepção popular 
foi confirmada em enquete realizada 
em 2002, pela rede de comunicação 
estatal britânica BBC. Nela, Nelson 
aparece em 9º lugar, com seis corpos 
de vantagem sobre Wellington, que 
ocupa a 15ª posição. Ainda assim, um 
desempenho notável, ficando à frente 
de personalidades como a ex-premiê 
Margaret Thatcher e até mesmo 
da rainha Vitória, a monarca mais 
longeva da história britânica.
Além disso, “o duque está na 
memória coletiva do país. Há dezenas 
de pubs ingleses, por exemplo, 
batizados em homenagem a ele”, 
afirma Janice Murray, diretora do 
Army National Museum, em Londres. 
Reconhecimento popular maior do 
que esse não se encontra facilmente 
pela Inglaterra.
HERÓIS NA PRAÇA E NO PARQUE
WELLINGTON É ADMIRADO PELOS BRITÂNICOS, MAS NELSON É MAISWELLINGTON É ADMIRADO PELOS BRITÂNICOS, MAS NELSON É MAIS
Turistas que passeiam pelo centro Turistas que passeiam pelo centro 
de Londres podem testemunhar uma de Londres podem testemunhar uma 
diferença histórica de tratamento diferença histórica de tratamento 
entre os dois principais heróis das entre os dois principais heróis das 
Guerras Napoleônicas. Em Trafalgar Guerras Napoleônicas. Em Trafalgar 
Square, no alto de uma coluna com Square, no alto de uma coluna com 
mais de 50 metros de altura, a estátua mais de 50 metros de altura, a estátua 
do almirante Horatio Nelson fita o 
infinito num dos cartões-postais mais 
conhecidos do mundo.
O Duque de Wellington mereceu um 
arco que leva seu nome, localizado na 
parte sul do Hyde Park, homenagem 
com visibilidade bem menor que a 
do comandante naval britânico. 
A diferença de dimensões, altura e 
localização mostram os pesos diversos 
que duas batalhas épicas têm sobre 
o imaginário popular britânico.
Wellington ficou famoso como 
Mas para muitos britânicos, 
a Batalha de Trafalgar, em 1805, 
ficou marcada com o auge militar 
do império. Naquela ocasião, 
em um duríssimo combate contra 
a união entre as esquadras francesa 
e espanhola, a Grã-Bretanha não só 
frustrou os planos de uma invasão 
de seu território pelas forças 
napoleônicas como confirmou uma 
hegemonia dos mares que duraria 
mais de um século.
Além de ser tradicionalmente 
mais orientada para o mar (afinal, 
trata-se de uma ilha) do que para 
o combate em terra – algo 
demonstrado pelos números 
Trafalgar Square: 
Nelson é mais 
reverenciado do 
que Wellington
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LIVROS
Waterloo: The History 
of Four Days, Three 
Armies andThree Battles, 
Bernard Cornwell, 
HarperCollins, 2014
Wellington: The Iron 
Duke, Richard Holmes, 
HarperCollins, 2003
Napoleon and Wellington: 
The Long Duel, Andrew 
Roberts, W&N, 2003
The Napoleonic Wars 
1803-1815, David Gates, 
Pimlico, 2003
SAIBA MAIS
PRIMEIRO-MINISTRO
Ironias e ressentimentos não ga-
nham guerras. Wellington saiu-se 
vitorioso, sobretudo por adotar uma 
postura mais cautelosa e defensiva, 
ao contrário do excesso de confiança 
de Napoleão, que apostou pesado na 
tática de tentar isolar as forças britâ-
nicas e prussianas que lutavam em 
conjunto. Ao final, Napoleão passa-
ria o resto de seus dias exilado na 
Ilha de Santa Helena. Morreria em 
1821, possivelmente de câncer no es-
tômago – a causa da morte até hoje é 
debatida, e fala-se de envenenamen-
to. Já Wellington voltaria para casa 
mais rico e coberto de glórias.
Em 1828, já atendendo pelo título 
de Duque de Wellington, que lhe ha-
via sido concedido como recompensa 
pela derrota impingida a Napoleão, 
foi convidado pelo rei George V a as-
sumir o cargo de primeiro-ministro. 
Sua performance não foi tão vitoriosa 
quanto no campo de batalha. Conser-
vador, ele criou insatisfação por causa 
de sua resistência a reformas sociais 
e políticas, sobretudo ao aumento da 
participação das classes populares 
nas eleições (veja na pág. 34). Mas foi 
em seu governo que uma legislação 
reduzindo drasticamente a discrimi-
nação contra católicos na Grã-Breta-
nha foi aprovada. Foi uma guerra 
política tão acirrada e gerou tamanha 
confusão que o duque precisou duelar 
com um adversário político como for-
ma de não ter sua honra questionada. 
Ele e o conde de Winchilsea trocaram 
tiros, errando de propósito. 
Seu governo durou apenas dois 
anos, mas o Duque de Ferro, como 
ficou conhecido por causa da teimo-
sia política, ocuparia ainda os minis-
Funeral de 
Wellington 
na Catedral 
de St. Paul: 
honraria rara
térios da Guerra, do Interior e das 
Relações Exteriores até se aposentar 
da vida pública, em 1846. Seis anos 
depois, morreria vitimado por uma 
série de derrames. Teve um raro e 
grandioso funeral com honras de 
estado e foi enterrado na Catedral de 
St. Paul. Segundo relatos da época, 
multidões se aglomeraram para ver 
a passagem do caixão.
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ALMANAQUE História Ilustrada
DIA D
ILUSTRAÇÃO Eduardo Schaal
O ATAQUE QUASE SURPRESA 
QUE FORJOU O FINAL DA 
SEGUNDA GUERRA
No dia 6 de junho de 1944, tro-pas norte-americanas, britâ-nicas e canadenses cruza-
ram o Canal da Mancha e desembar-
caram na costa da Normandia, na 
França. O objetivo era criar, a oeste 
da Alemanha, uma nova frente na 
Segunda Guerra, pressionando ainda 
mais os alemães, que desde o ano an-
terior vinham sendo duramente fus-
tigados, do lado oriental, pela contra-
ofensiva dos russos, depois da Bata-
lha de Stalingrado. Mesmo com pesa-
das baixas – cerca de 4 400 soldados 
aliados morreram durante o ataque 
– o objetivo do Dia D foi atingido: os 
alemães passaram à defensiva e, 11 
meses mais tarde, se renderiam, co-
locando fim à guerra na Europa.
DÚVIDA ALEMÃ
O desembarque aliado não pegou os 
alemães totalmente de surpresa, mas 
graças a uma bem-montada simulação 
de movimento de tropas e ao uso de 
contrainformação por espiões infi ltrados, 
Hitler acreditava que o ataque seria em 
Calais, o que o obrigou a espalhar tropas 
por uma grande região litorânea.
COMISSÃO DE FRENTE
Na noite anterior, 1 056 aviões-
bombardeiros despejaram 5 000 
toneladas de bomba sobre as 
casamatas alemãs. À meia-noite, 
19 000 paraquedistas saltaram 
na retaguarda alemã, para 
garantir os fl ancos do campo de 
batalha. Quando o dia amanhecia, 
7 encouraçados, 23 cruzadores 
e 103 destróiers aliados 
bombardearam as baterias 
junto às praias. 
MEIA-NOITE NA NORMANDIA
Ao fi nal do Dia D, um total de 176 000 
tropas dos aliados, apoiados por 10 000 
tanques, veículos e peças de artilharia, 
haviam desembarcado no litoral francês. 
Cerca de 12 500 vítimas entre os aliados 
e 6 000 alemães perderam a vida.
ARMADILHAS 
EM SWORD 
A praia de Sword, na 
qual desembarcaram 
28 845 ingleses da 3ª 
Divisão, estava repleta 
de minas e obstáculos 
de aço, o que retardou o 
avanço, congestionando 
a praia. Os veículos 
e soldados fi caram, 
então, expostos 
ao fogo alemão. 
As baixas foram 
muitas, ultrapassando 
1 000 vítimas.
SWOR
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FRANÇA
INGLATERRA
Normandia
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 M a n c h a
Calais
30 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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FORÇA DE ATAQUE
Foi o maior desembarque anfíbio 
da História: 7 000 navios, 
lanchas de desembarque e até 
barcos a vela cruzaram os 160 
km de mar que separam a 
Inglaterra da Normandia, 
transportando 195 700 
combatentes, tanques, veículos, 
canhões e outros equipamentos.
O ABATEDOURO 
OMAHA
De longe a batalha 
mais mortífera do 
Dia D. Os 34 250 
norte-americanos do 
1º Exército encontraram 
uma feroz resistência 
dos alemães, que 
atiravam neles do alto 
dos penhascos. Ali, 
mais de 2 000 soldados 
foram mortos ou 
seriamente feridos. 
VENTO INIMIGO 
EM GOLD 
Fortes ventos impediram 
que as lanchas de 
desembarque deixassem 
os ingleses da 50ª 
Divisão na posição 
correta. Quatro 
casamatas de concreto 
dificultavam ainda mais 
o movimento dos 
soldados aliados. 
As vítimas foram 413, 
na praia Gold.
UTAH, A MAIS FÁCIL
Das cinco áreas de 
desembarque, Utah foi 
onde houve menos 
oposição dos alemães. Um 
total de 23 250 soldados 
norte-americanos, da 
4ª Divisão de Infantaria, 
desembarcaram ali. 
O número de vítimas é 
estimado em 197, as 
menores baixas entre 
todos os pontos de 
desembarque.
JUNO DESPROTEGIDA 
O mar agitado em Juno 
provocou o atraso no 
desembarque, fazendo 
com que os 21 400 
soldados da 3ª Divisão 
de Infantaria canadense 
pisassem na areia 
antes dos blindados 
que deveriam protegê-
los. Foram alvos fáceis 
para os canhões e 
ninhos de metralhadora 
alemães. Um total de 
1 200 mortos.
C A N A L D A 
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COMO O MENINO DO INTERIOR IDEALIZOU E 
CONSTRUIU O ESTÁDIO DO MORUMBI
TEXTO José Renato Santiago
ALMANAQUE Crônica
Laudo Natel (no centro) e 
Cícero Pompeu de Toledo 
(segundo da esq. para 
a dir.) apresentam a 
maquete do Estádio 
do Morumbi para a 
imprensa, em 1956 
O GOVERNADOR, 
PRESIDENTE DE CLUBE 
E TORCEDOR
LAUDO NATEL
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menino Laudo, como diria posterior-
mente, se tornou um são-paulino de 
geração espontânea. 
Ainda com 16 anos, passou a tra-
balhar no Banco Noroeste, onde ficou 
por seis anos e conheceu Amador 
Aguiar, que em 1943 fundaria o Bra-
desco, na cidade de Marília. Umas 
das primeiras ações de Amador foi 
contratar Laudo na nova empresa. 
Embora tímido, Laudo tinha uma 
característica muito apreciada pelo 
povo do interior: adorava uma boa 
prosa. Por causa disso, passou a via-
jar pelo interior do estado, o que o 
levou a conhecer praticamente todas 
as cidades paulistas.
O crescimento do Bradesco fez 
com que Laudo fosse morar na capi-
tal em 1945, próximo ao Estádio do 
Pacaembu, local do qual se tornou 
frequentador para assistir aos jogos 
de seu time, que, liderado por Leô-
nidas da Silva, marcou época na 
década de 1940, ao conquistar os 
títulos estaduais de 1943, 1945, 1946, 
1948 e 1949.
O time tricolor, considerado um 
dos grandes do país, precisava de 
investimentos maiores para formar 
grandes equipes. Então, o temor de 
1934, quando o clube chegou a fechar 
as portas por causa de dívidas, voltou 
a preocupar os dirigentes.
Nasceu na pequena cidade paulista de São Manuel, dis-tante cerca de 300 km da 
capital, em 14 de setembro de 1920, 
Laudo Natel, o filho caçula de quatro 
irmãos do casal Bento e Albertina. 
Seu pai administrava uma fazenda 
local, onde morava com a família, o 
que garantia os recursos que banca-
ram os estudos dos filhos. Naqueles 
tempos o país vivia o auge da Políti-
cado Café com Leite, com a predomi-
nância do poder sob as mãos de pau-
listas, grandes produtores de café, e 
dos mineiros, que produziam leite, 
em uma clara evidência da força do 
setor agrário desses estados.
Sob a liderança de Getúlio Vargas, 
a Revolução de 1930 deu fim a esse 
modelo político ao impedir a posse do 
então governador do estado de São 
Paulo, Júlio Prestes, eleito presidente, 
o que causou grande instabilidade em 
todo o Brasil, mas principalmente 
entre os paulistas e os seguidores de 
Getúlio. O pequeno Laudo viveu na 
pele esse período, sobretudo ao ver 
seus irmãos, Dácio e Washington, se 
alistarem nas forças paulistas que 
promoveram a Revolução Constitu-
cionalista de 1932. Muito embora der-
rotados no confronto armado, os pau-
listas conseguiram voltar a comandar 
seu estado e garantir a promulgação 
de uma nova constituição em 1934.
O orgulho paulista fervilhava sob 
a pele de seus cidadãos, e foi nesse 
tempo que Laudo passou a ouvir falar 
de um time de futebol que, além de 
ter as mesmas cores da bandeira pau-
lista, o vermelho, o preto e o branco, 
também tinha o mesmo nome, São 
Paulo. Ao contrário do pai, que não 
tinha nenhum interesse no futebol, o 
Time do 
São Paulo 
campeão 
estadual 
em 1946
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AVENTURAS NA HISTÓRIA | 33
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Por causa disso, Laudo Natel, que 
já era sócio desde 1946, foi convidado 
a assumir a tesouraria do clube em 
1952, e aceitou por um período de um 
ano. No entanto um novo sonho fez 
com que os planos fossem alterados. 
Juntamente com o presidente do clu-
be, Cícero Pompeu de Toledo, e de 
Manoel Raymundo Paes de Almei-
da, dirigente esportivo, passou a 
trabalhar com afinco em prol da 
construção de um estádio para o clu-
be. Acreditava que apenas dessa 
forma conseguiria manter uma re-
ceita perene, que ajudaria a manter 
a associação. Foi daí que surgiu a 
ideia de adquirir uma área no, na-
quele tempo distante, Jardim Leonor, 
onde não havia sequer uma única 
casa em um raio de 200 metros. Essa 
alternativa era necessária porque a 
área próxima ao Canindé, que per-
tencia ao Tricolor, fora desapropria-
da pela prefeitura para a construção 
da Marginal do Tietê.
Laudo exerceu importante papel 
na gestão do clube, sobretudo na bus-
ca de parceiros dispostos a investir 
recursos para a construção do está-
dio. Com o afastamento de Cícero 
Pompeu de Toledo, por motivos de 
saúde, em 1957, Laudo Natel foi eleito 
presidente do São Paulo Futebol Clu-
be em 23 de abril de 1958, ficando no 
cargo até 10 de abril de 1972, com su-
cessivas reeleições, em 1960, 62, 64, 
66, 68 e 70. Dessa forma passou a ser 
o grande responsável por concretizar 
o sonho tricolor de ter seu estádio 
próprio. A obra levou 18 longos anos 
e só foi possível devido à participação 
de empresas privadas, sobretudo por 
meio de permutas por espaço no es-
tádio, doações e de campanhas pu-
blicitárias, frutos de uma gestão fi-
nanceira extremamente austera.
Diretor do Bradesco, uma das ins-
tituições financeiras que mais cres-
ciam no país, presidente do São Pau-
lo Futebol Clube, que construía seu 
estádio com seus próprios recursos, 
Laudo Natel recebeu um convite inu-
sitado em 1962. O pequeno Partido 
Republicano gostaria de contar com 
ele como candidato a vice-governa-
dor. Naquela época, os votos para 
governador e vice-governador não 
eram vinculados, e o próprio partido 
não acreditava ter condições de com-
petir com as grandes legendas polí-
ticas da época, PSP, PTB, UDN e 
PSD. Após obter autorização do ban-
co e do clube, Laudo saiu como can-
didato. Sem explicitar apoio a ne-
nhum dos candidatos ao cargo majo-
ritário, Laudo derrotou Faria Lima e 
foi eleito. Trabalharia juntamente 
com Adhemar de Barros, que havia 
derrotado Jânio Quadros na eleição 
para o cargo de governador.
Com a cassação de Adhemar pelo 
Regime Militar, que controlava o país 
desde 1964, Laudo Natel se tornou 
governador entre 6 de junho de 1966 
e 31 de janeiro de 1967. Durante esse 
período acumulou os cargos de go-
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vernador do estado e de presidente 
do São Paulo. Por causa de suas atri-
buições no cargo maior do estado, 
nem sempre ia assistir os jogos do 
tricolor no estádio, mas tinha seu 
lugar reservado na Tribuna de Hon-
ra. Logo desistiu de assistir aos jogos 
da tribuna: era grande o número de 
pessoas que iam ao seu encontro com 
pedidos, afinal ele era o governador 
do estado. Resolveu assistir às parti-
das das arquibancadas, o que tam-
bém se tornou inviável: os torcedores 
passavam o jogo todo reclamando da 
atuação dos jogadores, afinal o time 
vivia seu maior período de jejum de 
títulos, sendo a última conquista no 
distante ano de 1957, justamente o 
último antes de sua posse como pre-
sidente do clube. 
A solução foi ver os jogos de um 
local onde tivesse tranquilidade. O 
lugar escolhido foi o banco de reser-
vas do time, junto à comissão técni-
ca. Durante os jogos, Laudo costu-
mava se manter quieto, comedido, e 
comemorava os gols de forma con-
tida. Ainda assim sua figura auste-
ra junto aos reservas se destacava e 
chamava muita atenção. Em toda 
jogada que tivesse uma marcação a 
favor do São Paulo ou uma não mar-
cação a favor do adversário, era des-
tacado que o governador estava ali, 
e motivou a decisão do árbitro. Além 
disso, não era incomum que muitos 
árbitros trabalhassem como poli-
ciais militares, sob o comando do 
Secretário de Segurança Pública do 
Estado, cargo definido pelo gover-
nador do estado, isto é, era natural 
considerar que, em algumas ocasi-
ões, o árbitro de uma partida do São 
Paulo via seu “chefe” hierárquico no 
banco de reservas do time. Não é 
difícil imaginar que se sentisse in-
timidado com a situação.
De qualquer forma, os fatos de-
monstram que, ao longo dos seus 14 
anos na presidência do São Paulo 
Futebol Clube, Laudo Natel pôde co-
memorar dois títulos estaduais, os 
de 1970 e 1971, sendo que neste último 
ele acumulava o cargo de governador 
do estado – com a vitória frente ao 
Palmeiras por 1 a 0, em 27 de junho. 
Nesse dia, o São Paulo precisava ape-
nas de um empate para conquistar o 
bicampeonato estadual, e o alviverde 
teve um gol legítimo, de Leivinha, 
anulado indevidamente pelo árbitro 
Armando Marques, sob a alegação 
de ter sido marcado com a mão, o que 
claramente não aconteceu. Após 20 
anos no clube, Laudo Natel se desli-
gou da instituição, em 1972, receben-
do o título de “Grande Patrono do 
São Paulo Futebol Clube”. 
O governador 
Carvalho 
Pinto, com a 
esposa, e 
Laudo Natel, à 
esquerda, no 
jogo de estreia 
do Estádio do 
Morumbi
A bênção do 
gramado na 
inauguração, 
em 1960
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 35
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AGENDA
36 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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JUNHO DE
1982
1º CRIAÇÃO DO CONSELHO NACIO-
NAL DO MEIO AM-
BIENTE NO BRASIL
(...) Entendida não mais como um 
problema local, mas de espectro na-
cional e mundial, a questão ambien-
tal foi alvo de uma ação governa-
mental no Brasil que busca, se não 
resolver na totalidade os problemas 
vigentes e futuros, ao menos ameni-
zar os efeitos através da moderniza-
ção cada vez maior da produção e 
demanda de produtos por parte dos 
cidadãos brasileiros. (...)
Leia tudo sobre este dia 
que mudou a História no site:
www.aventurasnahistoria.com.br
JUNHO DE
1980
2
LANÇAMENTO 
DA CNN 
No dia 2 de junho de 1980, Ted Tur-
ner, encarnação do sonho americano, 
inovador e ousado em um mundo 
cada vez mais conservador, anunciou 
o surgimento da Cable News Net- 
work (CNN) durante um congresso 
de comunicação em Las Vegas. A 
CNN foi lançada como a primeira 
rede de televisão dedicada unica-
mente às notícias, com transmissões 
todos os diasdo ano, 24 horas por 
dia, divulgando informação útil .(...) 
A CNN, que começou a transmitir 
em 1985, era inicialmente dirigida a 
executivos americanos que se hospe-
davam em hotéis. (...)
Leia tudo sobre este dia 
que mudou a História no site:
www.aventurasnahistoria.com.brILU
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A seção Agenda nesta edição foi 
substituída por esta matéria, que traz os 
fatos relevantes do mês de junho, baseada 
na reprodução de um capítulo do livro 
Os 365 Dias Que Mudaram o Mundo.
imediatamente. Concluída a conten-
da, foi eleito para presidir a Obra 
Pontifícia para a Propaganda da Fé. 
Mais tarde, suas missões como visi-
tador apostólico na Bulgária, na Tur-
quia e na Grécia o converteram em 
“embaixador” do Evangelho no 
Oriente, o que o pôs em contato com 
formas diferentes de religiosidade 
que o enriqueceram e lhe deram ou-
tras visões de mundo. 
Após a Segunda Guerra Mundial, 
Roncalli foi nomeado núncio em Paris 
pelo papa Pio XII, para tratar das re-
lações entre a hierarquia católica fran-
cesa e os regimes pró-nazistas duran-
te a guerra. Empregando um tato 
admirável e uma vontade extre-
mamente conciliadora, Ron-
calli conseguiu consolidar 
firmes laços de amizade 
com uma classe política 
receosa e esquiva.
Em 1952, Pio XII o 
nomeou patriarca de Ve-
neza e, no ano seguinte, ele 
recebeu o capelo cardinalício. 
Sua eleição como papa surpreendeu 
a todos, e desde os primeiros dias de 
seu pontificado sua conduta esteve 
muito afastada da atitude altiva e so-
lene de seus antecessores. Adotou o 
nome de João XXIII e abordou sua 
tarefa com uma humildade que trans-
gredia o rígido protocolo. 
Como pontífice, deu um novo en-
foque ao ecumenismo católico com a 
criação do Secretariado para a Pro-
moção da Unidade dos Cristãos e o 
acolhimento em Roma dos supremos 
hierarcas de quatro Igrejas protes-
tantes. Seu pontificado abriu novas 
perspectivas à Igreja, promovendo 
uma renovação profunda de suas 
ideias e atitudes para adequar a men-
sagem da Igreja aos tempos moder-
nos, corrigindo erros passados e 
JUNHO DE
1963
3 MORRE 
O PAPA 
JOÃO XXIII
Nascido em Sotto il Monte, Bérgamo, 
na Itália, em 1881, com o nome de An-
gelo Giuseppe Roncalli, o futuro pon-
tífice romano era o terceiro de onze 
irmãos em uma humilde família 
camponesa. Aos 11 anos, ingressou 
no seminário de Bérgamo, época em 
que começaria a escrever seu Diário 
da Alma, que continuou durante toda 
a sua vida, com testemunhos de suas 
vontades, reflexões e sentimentos. 
Em 1901, Roncalli abandonou o se-
minário para fazer o serviço 
militar, experiência que o 
ensinou a conviver com 
homens muito diferen-
tes e foi ponto de par-
tida para alguns de 
seus pensamentos 
mais profundos. Cele-
brou a sua primeira missa 
na Basílica de São Pedro em 
1904, um dia depois de ser ordenado 
sacerdote. Depois de se formar como 
doutor em teologia, conheceria o mon-
senhor Radini Tedeschi, que o in-
fluenciaria profundamente e o nome-
aria seu secretário quando foi desig-
nado bispo de Bérgamo. 
Em 1914, a morte repentina do 
monsenhor Tedeschi e o início da 
Primeira Guerra Mundial atrasaram 
seus projetos e sua formação, pois 
teve que se incorporar ao Exército 
Papa João XXIII
AVENTURAS NA HISTÓRIA | 37
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enfrentando os novos problemas 
humanos, econômicos e sociais. 
Para isso, João XXIII promulgou 
as encíclicas Mater et Magistra e Pa-
cem in Terris, nas quais explicitava 
as bases de uma ordem econômica 
centrada nos valores e nas necessi-
dades do homem, falando de “socia-
lização” e da necessidade de estrutu-
ras socioeconômicas cada vez mais 
justas. Ambas as encíclicas signifi-
cavam uma revolução católica das 
questões temporais, pois aceitavam 
a herança da Revolução Francesa e 
da democracia moderna, fazendo da 
dignidade do homem o centro de todo 
o direito e de toda a política e a dinâ-
mica social ou econômica. 
Pouco antes da sua morte, no dia 
3 de junho de 1963, João XXIII con-
vocou um novo concílio que reunisse 
e promovesse a manifestação da Igre-
ja, o Concílio Vaticano II, elaborando 
uma nova teologia dos mistérios de 
Cristo, do mundo físico, do tempo e 
das relações temporais, da história, 
do pecado, do trabalho, da lingua-
gem, da música e da dança, da cultu-
ra, da televisão, do casamento e da 
família, dos grupos étnicos e do Es-
tado. Foi uma tarefa titânica, que 
depois da sua morte foi continuada 
pelo seu sucessor, Paulo VI. 
 
JUNHO DE
1989
4 MASSACRE DA 
PRAÇA DA PAZ 
CELESTIAL 
Na noite de 3 a 4 de junho de 1989, 
civis desarmados foram mortos pelos 
disparos dos soldados ou morreram 
esmagados pelos tanques do Exérci-
to chinês na Praça da Paz Celestial 
(Tian’anmen), em Pequim, depois 
que o Partido Comunista Chinês or-
denou que o Exército pusesse fim aos 
protestos populares que exigiam re-
formas democráticas. Na atualidade, 
o governo chinês continua sem reco-
nhecer a veracidade desses fatos. O 
“incidente” de Tian’anmen, como é 
chamado oficialmente, que acabou 
com a vida de mais de 1 300 pessoas 
e acarretou milhares de prisões e tor-
turas, é uma lembrança fan-
tasma na China.Em 
abril de 1989, Hu Ya-
obang, líder refor-
mista destituído 
pelo presidente 
Deng Xiaoping 
após as primeiras 
revoltas estudan-
tis de 1986, havia 
falecido. Sua morte 
despertou protestos en-
tre a comunidade universi-
tária, indignada pela maneira como 
o líder havia sido tratado pelo Parti-
do. Os estudantes encheram Pequim 
de fotografias dele e levaram coroas 
de flores em sua homenagem ao Mo-
numento aos Heróis do Povo da Pra-
ça da Paz Celestial. 
Yaobang havia lutado pela reabi-
litação dos perseguidos durante a 
Revolução Cultural e era partidário 
de uma mudança política na China, 
o que havia lhe criado inimigos na 
linha dura do Partido Comunista. 
A manifestação de luto se conver-
teu em um protesto popular que de-
nunciava o setor mais ortodoxo do 
Politburo chinês, reivindicando o 
fim da corrupção burocrática e, so-
bretudo, maior liberdade no país. A 
visita oficial do dirigente russo Mi-
khail Gorbatchev, em meados de 
maio, estimulou estudantes, operá-
rios e profissionais de distintas ci-
dades e províncias chinesas a se 
unirem aos protestos. 
Tratou-se de um movimento es-
pontâneo. Seu objetivo não era aca-
bar com o comunismo na China, mas 
pedir reformas. As greves de fome e 
os gritos dos estudantes refletiram 
as reclamações de muitos cidadãos, 
embora a maioria da sociedade chi-
nesa não tenha participado da luta 
deles. Na cúpula comunista, o pri-
meiro-ministro Li Peng, 
partidário do uso da 
força para sufocar a 
revolta, se impôs à 
solução dialogada 
p r o p o s t a p o r 
Zhao Ziyang, se-
cretário-geral do 
partido, que foi 
destituído. Os es-
tudantes, conscien-
tes da presença de cor-
respondentes estrangeiros 
e m Pe qu i m , const r u í r a m e m 
Tian’anmen uma estátua, a Deusa da 
Democracia, para lançar uma men-
sagem ao mundo. 
Liu Xiaobo, um dos líderes infor-
mais dos protestos, tentou sem su-
cesso dialogar com os setores menos 
conservadores do regime para evitar 
uma matança, mas não pôde evitar 
que muitas pessoas morressem de-
baixo dos tanques nas avenidas ad-
jacentes à Tian’anmen; quando o 
Exército chegou à praça, os estudan-
tes combinaram sua retirada. 
Ainda que os militares tenham 
apagado os restos da revolta estudan-
til, a imagem de um rebelde desa-
fiando uma linha de tanques sozinho 
até pará-la deu a volta ao mundo. No 
Ocidente, essa foto se converteu no 
símbolo da resistência democrática 
e, na China, foi usada para mostrar 
o bom trato que o Exército chinês deu 
aos civis em sua intervenção. 
Rebelde desafia 
tanques na China
AGENDA
38 | AVENTURAS NA HISTÓRIA
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JUNHO DE
1944
6
DESEMBARQUE 
NA NORMANDIA 
Leia tudo sobre este dia que mudou a 
História no site www.aventurasnahis-
toria.com.br e saiba mais na seção His-
tória Ilustrada, página 30 desta edição.

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