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ARTIGO CIENTÍFICO - A POSSIBILIDADE DE SUPRESSÃO DO PATRONÍMICO POR FILHA QUE SOFREU ABUSO POR PARTE DO PAI

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A POSSIBILIDADE DE SUPRESSÃO DO PATRONÍMICO POR FILHA QUE SOFREU ABUSO SEXUAL POR PARTE DO PAI
ÁLVARO PÔNCIO DOS SANTOS
Acadêmico de Direito na Faculdade Cesuca
RESUMO
O presente trabalho tem por finalidade analisar a possibilidade de supressão do patronímico, isto é, o sobrenome advindo do ascendente masculino, por filha em razão de abusos sofridos pelo seu pai. O cidadão tem a prerrogativa de sentir-se bem com seu nome, o que se vislumbra, por exemplo, com a existência de nomes sociais para aqueles que nascem de um sexo, mas sentem-se e portam-se como se do outro fosse. Utiliza-se o método dedutivo, por meio da análise de normas jurídicas, livros de doutrina e jurisprudência, concluindo-se, pois, que o nome é um direito de personalidade que e a forma e a consolida, sendo possível sua alteração com base no Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.
Palavras-chave: Supressão. Patronímico. Abuso. Dignidade da Pessoa Humana.
1 INTRODUÇÃO
Todo cidadão tem direito a um nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome, como bem elucidado no artigo 16 do Código Civil, na medida em que isso define uma pessoa no que tange a sua identificação social, pelo que é protegido no ordenamento jurídico e pelo Direito como um todo. No entanto, a Constituição Brasileira de 1988 tem como alicerce o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, o que permite a alteração do nome registrado quando este não mais representa aquele cidadão e fere tal Princípio.
O artigo busca esclarecer a possibilidade de alteração do nome de uma filha que sofreu abusos de seu pai, não querendo mais carregar além das más lembranças e trauma causado, o sobrenome advindo de quem lhe causou tanto mal. O direito personalíssimo ao nome é regido pelo Princípio da Inalterabilidade, sendo elemento de identificação social da pessoa, todavia, a predominante jurisprudência acerca do tema vem admitindo a flexibilização de tal preceito em face do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.
2 A POSSIBILIDADE DE SUPRESSÃO DO PATRONÍMICO POR FILHA QUE SOFREU ABUSO SEXUAL POR PARTE DO PAI
O enunciado nos remete rapidamente ao raciocínio do que seria mais preservado, se o instituto do nome e sua inalterabilidade consoante às normas ou a dignidade de um cidadão que carrega consigo uma definição social que lhe remete a dor e sofrimento? No caso em tela, discute-se a possibilidade de uma filha que sofreu abuso sexual de seu pai retirar o sobrenome advindo deste, o que vislumbra-se claramente plausível na sociedade atual.
A Dignidade da Pessoa Humana é um fundamento da República Federativa do Brasil, previsto no artigo1º, III, do referido diploma legal, tratando-se, pois, de um valor núcleo do nosso ordenamento, devendo estar presente em todas as normas para que sejam válidas. Nesse sentido:
“[...] a dignidade humana reflete [...] um conjunto de valores civilizatórios incorporados ao patrimônio do homem [...], pois seu conteúdo jurídico interliga-se às liberdades públicas, em sentido amplo, abarcando aspectos individuais, coletivos, políticos e sociais do direito à vida, dos direitos pessoais tradicionais, dos direitos meta individuais (difusos, coletivos e individuais homogêneos), dos direitos econômicos, dos direitos educacionais, dos direitos culturais” (BULOS, 2009, p. 392).
“A Constituição de 1988 optou por não incluir a dignidade da pessoa humana entre os direitos fundamentais, inseridos no extenso rol do art. 5º. Como se sabe, a opção constitucional brasileira, quanto à dignidade da pessoa humana, foi por considerá-la, expressamente, um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, consignando-a no inciso III do art. 1º. Parece que o objetivo principal da inserção do princípio em tela na Constituição foi fazer com que a pessoa seja, como bem anota JORGE MIRANDA, “fundamento e fim da sociedade, porque não pode sê-lo o Estado, que nas palavras de ATALIBA NOGUEIRA é “um meio e não um fim”, e um meio que deve ter como finalidade, dentre outras, a preservação da dignidade do Homem” (TAVARES, 2018, p. 305).
A doutrina nos demonstra, então, a importância do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, sendo alicerce do nosso Direito vigente. Em outras palavras, pode-se dizer que a Dignidade da Pessoa Humana age como parâmetro interpretativo na aplicação dos direitos fundamentais, como bem alude Ingo W. Sarlet:
“Da mesma forma, registram-se decisões nas quais é o conteúdo em dignidade da pessoa humana dos direitos fundamentais que opera como limite aos limites dos direitos fundamentais, de modo a obstaculizar determinadas medidas que, embora sirvam à proteção ou promoção de outros direitos fundamentais (com maior ou menor relação com a dignidade da pessoa humana). [...] percebe-se que a dignidade da pessoa humana guarda relação tanto com a noção do conteúdo essencial dos direitos fundamentais [...] quanto com a aplicação do princípio da proporcionalidade, tudo no contexto mais amplo da problemática dos limites e restrições dos direitos fundamentais, com destaque para as hipóteses de conflitos (colisões) entre direitos fundamentais.” (SARLET, 2017, p. 26)
 
Nessa senda, utilizando-se da relevância de tal preceito, no caso em tela fica evidente a possibilidade de supressão do patronímico pela filha que sofreu abusos do seu pai, sejam esses sexuais ou mentais por maus tratos, cristalino é que o Cidadão tem o Direito de identificar-se como melhor lhe convir. O referido é exemplificado também nos julgados, senão vejamos:
SEGREDO DE JUSTIÇA – Postulação de sua concessão em procedimento de retificação de registro no qual exposta sua intimidade em razão das particularidades da motivação posta à apreciação – Cabimento – Inteligência do art. 155 do CPC à luz do disposto no art. 5º, LX da Constituição Federal. REGISTRO CIVIL – Pretensão de exclusão de patronímico do genitor – Motivação razoável plenamente comprovada – Providência que, longe de encerrar mero capricho, tende a contribuir na superação de transtornos emocionais do requerente, umbilicalmente ligados à figura paterna – Excepcionalidade legitimadora à luz da tutela da dignidade da pessoa humana – Concretização da regra da proporcionalidade a estabelecer a prevalência em concreto do escopo finalístico de tutela da personalidade sobre a identificação social. Recurso provido.
(TJ-SP - APL: 00015147920108260020 SP 0001514-79.2010.8.26.0020, Relator: Airton Pinheiro de Castro, Data de Julgamento: 20/10/2015, 10ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 20/10/2015) (GRIFEI)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, tem-se que restou viável a possibilidade de supressão do patronímico por filha que sofrera abuso sexual/maus tratos por seu genitor masculino com base no Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, eis que o nome de alguém é sua identificação social, constituindo direito de personalidade, que a forma e a consolida, o que foi amplamente exemplificado por meio de doutrina e jurisprudência, atingindo, assim, o objetivo da presente pesquisa. Ressalta-se que os pais têm o dever de cuidado, convivência e educação para com seus filhos, devendo, para tanto, respeitar sua dignidade. Ainda, o tema aqui dissecado permite análise tanto sob o viés “principiológico” quanto doutrinário e jurisprudencial, na medida em que se aventou a supremacia da Dignidade da Pessoa Humana sobre a letra fria da Lei, o que possibilita continuidade da pesquisa sob diversos enfoques.
BIBLIOGRAFIA
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana na jurisprudênciado Supremo Tribunal Federal. Unisul de Fato e de Direito: revista jurídica da Universidade do Sul de Santa Catarina, [S.l.], v. 8, n. 14, p. 19-51, abr. 2017. ISSN 2358-601X. Disponível em: <http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/U_Fato_Direito/article/view/4662/3017>. Acesso em: 27 abr. 2020. doi:http://dx.doi.org/10.19177/ufd.v8e14201619-51.
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 16. ed. São Paulo: SaraivaEducação, 2018.
Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha
Rua Silvério Manoel da Silva, 160 – Bairro Colinas – Cep.: 94940-243| Cachoeirinha – RS | Tel/Fax. (51) 33961000 | e-mail: cesuca@cesuca.edu.br

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