Buscar

Racismo Reverso existe?

Prévia do material em texto

Racismo reverso
Racismo reverso seria a forma clássica de preconceito motivado pela raça, cor ou etnia, porém, contra brancos, ou de negros contra brancos. Os que concordam com esse posicionamento tendem a utilizá-lo como uma defesa, alegando que, muitas vezes, pessoas negras tecem ofensas racistas contra pessoas brancas.
Atualmente, há uma discussão que têm levantado opiniões divergentes nas redes sociais e na mídia em geral: existe ou não o chamado racismo reverso?
É necessário saber primeiro a diferença que há entre racismo e preconceito e olhar para o abismo social e histórico, que ainda separam pessoas de pele branca e de pele negra. O que é considerado racismo vai muito além de ofensas verbais. Temos um longo processo de segregação, muitas vezes institucionalizado, que mantém uma cadeia de exclusão dos negros da sociedade, da educação e da economia, os quais, na maior parte dos casos (inclusive na África do Sul, país com 40% da população branca), são dominadas por brancos. Também, é necessário levar em conta os fatores históricos. Os negros foram sistematicamente escravizados, tratados como animais e, após a abolição do escravismo nos países ocidentais, excluídos e marginalizados. Isso significa dizer que existe uma cadeia de fatores históricos que tornam o preconceito e o ódio contra negros (também contra índios, que viveram situações similares) o racismo de fato.
Contudo, é comum ouvir alguém falando que já sofreu racismo por ser branco. Então surge a dúvida: é correto considerar como racismo atitudes discriminatórias sofridas por pessoas brancas?
As pessoas acham que o racismo reverso seria colocar o branco em uma situação vexatória, de agressão verbal. Mas, por mais que essa pessoa fosse menosprezada, ela jamais estaria sofrendo racismo, porque assim que ela saísse dessa situação, toda a estrutura do país estaria se movimentando de modo a beneficiá-la e o mesmo não acontece com o negro. Ou seja, na sociedade brasileira, o racismo discrimina os negros, que acabam tendo menos oportunidades educacionais, financeiras, sociais e culturais. Um negro pode se dirigir a um branco, por exemplo, e chamá-lo de branquelo, e mesmo assim esse branco vai continuar tendo os privilégios acumulados durante a sua vida. Mas, o que pessoas brancas chamam de racismo contra elas, em outras palavras, nada mais é que um preconceito sem raízes históricas e sociais. Quando a pele branca é alvo de comentários pejorativos, não significa que aquela pessoa está sendo vítima de racismo. A questão não é relativizar esses tipos de ofensas destinados, vez ou outra, a alguém branco. Mas sim entender por que esse racismo "às avessas", do negro para o branco, não existe. O racismo reverso nada mais é que o resultado de uma reflexão pouco ou nada aprofundada em considerar o meio como uma estrutura, e o racismo é o produto de um mundo construido sobre o descaso com a vida humana, sobre a falta de inclusão e respeito às diferenças.
No caso do racismo contra negros, infelizmente, é algo recorrente. E essa notoriedade negativa de certos casos ainda representa uma pequena parcela do racismo brasileiro. Nesses casos, as vítimas somente foram reconhecidas, amparadas e levantaram a opinião pública contra a discriminação racial porque havia pessoas instruídas e amparadas por um status social que os permitia ter voz. E os casos de racismo que nunca aparecerão na mídia? E os casos de pessoas ofendidas, discriminadas, violentadas e mortas, nas periferias e nos interiores, por representantes do Estado e por civis? Esses casos ainda são inúmeros e devem também chamar a atenção popular. O racismo é estrutural e afeta diretamente à realidade de pessoas negras. E tudo isso vêm de muitos anos atrás, onde criou-se a ideia de que a pele negra por si só era o bastante para inferiorizar alguém.
É necessário modificar o pensamento limitado do significado de raça, para não acharmos normal que ser branco é um padrão. Para uma vida social útil, todos precisam contribuir.
O racismo ultrapassa a barreira de um “insulto comum”, ele é capaz de destruir a cultura de um povo, suas religiões, suas músicas e a natureza de sua beleza.

Continue navegando