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SEÇÃO 1 DIREITO CONSTITUCIONAL

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA XXX VARA DA FAMÍLIA, INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE ROSANA/SP.
 O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, por seu Promotor de Justiça signatário, com fulcro nos artigos 5°, caput e inciso XXXV, 6°, caput, 127, 129, incisos II e III, 205, caput, 208, inciso I, 211, § 2º, 217, todos da Constituição Federal; arts. 1º e 32, inciso II, da Lei Federal nº 8.625/93; c/c com o art. 176, todos do Código de Processo Civil; arts. 4º, 53, inciso I, 54, inciso I, 201, inciso V, 208, inciso I e 210, inciso I, todos do Estatuto da Criança e do Adolescente; artigos 2º, 4º, inciso I, alínea “a”, 22 e 32, todos da Lei nº 9.394/1996 (Lei de diretrizes e bases da educação nacional), por seu Promotor de Justiça que esta subscreve, vem respeitosamente perante Vossa Excelência propor:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR EM DEFESA DOS DIREITOS DIFUSOS DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES, COM PRECEITO COMINATÓRIO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
em face do MUNICÍPIO DE ROSANA/SP, Pessoa Jurídica de Direito Público, na pessoa de seu representante legal, Prefeito Municipal XXX, com sede na rua XXX, nº XXX, bairro XXX, em Rosana/SP, pelos seguintes fatos e fundamentos jurídicos:
I- DOS FATOS
Um grupo de mães se dirigiu até à Promotoria, elas reclamaram sobre a falta de vagas para a realização de matrículas nas escolas de ensino fundamental do Município.
 O grupo de mães informou que, devido à necessidade de corte de gastos da Administração Pública, o Município fechou escolas e não providenciou a abertura de vagas suficientes para o atendimento da população, sob alegação de que devido à crise econômica as crianças deveriam aguardar em casa até o próximo ano letivo.
Diante de tal informação, este agente que subscreve, então, procurou o Prefeito Municipal a fim de propor um plano de cumprimento da obrigação de criar vagas para todos os alunos, ajustando a conduta ilegal da Administração Pública àquela prevista na Constituição. 
Todavia, o Prefeito recusou o acordo sob o argumento de que não haveria dinheiro suficiente para isso, em razão de estar finalizando as obras de um grandioso estádio de futebol no Município.
Essa omissão do chefe do poder executivo municipal, ao passo que lesa direitos da criança e do adolescente, faz surgir o interesse processual do Ministério Público, legitimado para tutelar seus interesses em juízo, através da presente ação.
II- DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO
1- DA LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Indubitável a legitimação ativa do Ministério Público para pugnar judicialmente pela defesa dos interesses difusos relativos à infância e à adolescência, conforme se observa dos dispositivos legais acima mencionados.
Assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente reconhece expressamente a possibilidade de o Ministério Público ajuizar a competente ação civil pública, com o objetivo de proteger os interesses relacionados à criança e ao adolescente, conforme se constata do disposto nos arts, 208, I, e 210, I, do mencionado diploma legal.
“art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular:
I - do ensino obrigatório;”
“art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público;”
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 201, inciso V, estabelece competir ao Ministério Público:
“art. 201. Compete ao Ministério Público:
[...]
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;”
O Código de Processo Civil, em seu art 176, estabelece o seguinte: 
“art. 176. O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis.”
Ademais, a Constituição Federal, em seu artigo 127, prevê:
“art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.”
Outrossim, os incisos II e III, do artigo 129, da Carta Magna, assegura ao Ministério Público o poder/dever de:
“art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
[...]
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;”
Assim, resta cristalino a legitimidade do Ministério Público, para propor a presente.
2- DA LEGITIMIDADE PASSIVA DO MUNICÍPIO
A Constituição Federal, em seu art. 205 determina que a educação, direito de todos, é dever do Poder Público e da família, ao passo que, o dever daquele com a educação será efetivado nos termos do artigo 208 da lei maior.
“art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009)”
Da mesma forma estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em seu artigo 2º:
“art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
Há, também, esculpida a obrigação do poder público em fornecer à educação, no Estatuto da Criança e do Adolescente. Vejamos:
“art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.”
“art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;”
O Prefeito Municipal é parte legítima para figurar no polo passivo da presente ação, considerando ser ele o chefe do Poder Executivo Municipal, bem como considerando que cabe ao município oferecer a educação fundamental, nos moldes do art. 211, § 2º da Carta Magna.
“art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
[...]
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.”
Nesse diapasão, sendo o Prefeito chefe do Poder Executivo, e tendo comunicado a inexistência de vaga ao Ministério Público, está, sem dúvida, por omissão, ao estabelecer como prioridade a construção de estádio de futebol, lesando direito de menores, já que nenhum argumento pode ser aceito para justificar a omissão em proporcionar o acesso à escola.
Até mesmo, há decisões no sentido de que, caso não exista vaga disponível na rede pública municipal de ensino, o Município deve custear escola particular para a criança.
III- DO DIREITO
À inclusão escolar implica no dever fundamental de o Poder Público adotar os mecanismos necessários para a concretização dos princípios insculpidos na Carta Magna.
No presente caso, não há qualquer justificativa para o estado de inércia administrativa do Município de Rosana, porquanto a omissão é lesiva do direito à inclusão escolar de menores.
Cabe destacar que o art. 6º, da Constituição Federal trata dos direitos sociais,dentre os quais se inclui o direito à educação. 
Ademais, a educação trata-se de preceito absoluto, que não comporta exceção e está, de resto, ratificado pelo caput do artigo 5º da CF/88, sendo que tal direito está diretamente ligado à observância do princípio da dignidade da pessoa humana.
A Constituição Federal determina, no inciso I de seu artigo 208, educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria. secundada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no inciso I de seu artigo 54, bem como pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no inciso I, alínea “a”, de seu artigo 4º.
O art. 53 do ECA, salienta que que a criança e o adolescente têm direito à educação, visando seu pleno desenvolvimento, sendo que a educação é o preparo do menor para o exercício da cidadania. 
Previsão reforçada no art. 22 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:
“art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.”
Trata-se, portanto, além de direito de prestação inescusável pelo Poder Público, de direito que pode ser exigido judicialmente pelo particular do Estado, a qualquer tempo, em caso de omissão, assim como no caso dos autos.
Adiante, a Constituição Federal, em seu art. 205 determina que a educação, direito de todos, é dever do Poder Público e da família.
Também o artigo 211 da Constituição da Constituição reforça a obrigatoriedade do Município em oferecer a educação fundamental, dispondo assim:
“art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
[...]
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.”
O artigo 1º do Estatuto das Crianças e Adolescentes introduz no Brasil a doutrina da proteção integral, nestes termos:
“art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.”
Portanto, dentre os direitos que compõem o sistema da proteção integral inclui-se, por óbvio, o direito à educação, a qual é pilar para o desenvolvimento de qualquer ser humano.
Dispõe o artigo 227 da Constituição Federal, replicado no art. 4º do ECA, que dentre todos os direitos e garantias a serem efetivados pelo Estado, primeiramente devem ser materializados aqueles conferidos às crianças e adolescentes, nada obstante, não é o que vem ocorrendo no Município de Rosana, ao passo que a prioridade da municipalidade é a construção de um estádio de futebol, mas, não, a oferta de vagas em instituição de ensino fundamental.
O artigo 32 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, dispõe ser o ensino fundamental OBRIGATÓRIO, com duração de nove anos, GRATUITO, iniciando-se aos seis anos. Assim, não pode o Prefeito Municipal eximir-se de cumprir o que foi determinado pelo legislador, sob pena, de incorrer em crime de responsabilidade.
Nessa esteira, a demanda em tela é impositiva, a fim de assegurar o princípio da prioridade absoluta dos direitos das crianças. Portanto, conclui-se que o Município de Rosana/SP tem a obrigação constitucional de ofertar vagas em instituições de ensino fundamental, respeitando a Constituição Federal, assim como as demais legislações supramencionadas.
IV- DA TUTELA DE URGÊNCIA
No presente caso, necessária a urgência em compelir o Município de Rosana a proporcionar, IMEDIATAMENTE vagas em instituição de ensino fundamental, de modo a atender de forma universal a todos os menores.
Tem-se se que estão presentes os requisitos para a concessão da medida liminar, inaudita altera parte, consoante requisitos do artigo 12, da Lei nº 7.347/85 e artigo 213, § 1º, do ECA, tendo em vista a presença do fumus boni iuris, frente à manifesta omissão do Município em ofertar vagas na rede de ensino fundamental.
Ademais, resta latente, também, o periculum in mora, visto que os fatos comprovam que resta insustentável a presente situação, estando a cada minuto agravando-se as condições das crianças, perdendo dias letivos, sendo atrasado o necessário desenvolvimento escolar dos menores.
Caso persista, a negligência e omissão do Município de Rosana, as crianças, principalmente as mais pobres, poderão sofrer danos irreparáveis em face do descaso municipal.
Assim sendo, depreende-se que se encontram presentes os requisitos necessários à concessão da medida liminar, na forma do artigo 12 da Lei n° 7.347/85, para que seja liminarmente obrigada a demandada a ofertar vagas na rede de ensino fundamental, ou, então, realize o custeio em instituições de ensino privadas.
V- DOS PEDIDOS
Frente ao exposto, requer a Vossa Excelência:
a) Seja concedida a tutela de urgência, determinando que o Município de Rosana/SP ofereça vagas em instituições de ensino fundamental para todas as crianças no Município, cujos pais tenham interesse na matrícula, ou, então, arque com o custeio em instituições privadas;
b) Seja realizada a citação do Município de Rosana/SP, na pessoa de seu representante legal (Prefeito), para contestar, querendo, a presente ação, sob pena de revelia;
c) Seja fixada, para o caso de não-cumprimento das liminares, multa diária;
d) Seja julgada a presente demanda TOTALMENTE PROCEDENTE, tornando definitiva as liminares postuladas e para o fim de condenar o Município a oferecer vagas em instituições de ensino fundamental para todas as crianças no Município, cujos pais tenham interesse na matrícula, ou, então, arque com o custeio em instituições privadas.
Protesta provar todo o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, sem exclusão de nenhuma.
Dá-se à causa para efeitos meramente fiscais, o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais).
Nestes termos, 
Pede deferimento.
Rosana/SP, data.
Assinatura do Promotor de Justiça Luiz.

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