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ENSAIOS DE MATERIAIS • Partículas Magnéticas Docente: João Filipe Branco INTRODUÇÃO Com certeza você já observou uma bussola; Independente da forma que você gira, a agulha imantada, se posiciona alinhada aos polos norte- sul do globo terrestre; CONTEXTO EXPERIMENTO Imagine um imã e uma limalha de ferro; Essa experiência serve para compreendermos melhor o magnetismo e os campos magnéticos; Entendemos que ele atrai materiais ferromagnéticos, como nossa limalha do experimento; Se colocarmos um imã em baixo de um papelão e a limalha em cima, ele ganharia essa configuração, veja abaixo: E... POR QUE ISSO ACONTECE??? Então, aqui temos o imã; Essas linhas em volta são chamadas de linhas de força ou de indução; Em volta deles, temos o campo magnético; Para entender bem como esse campo funciona, foram imaginadas essas linhas de força, também conhecida como linhas de indução; Essas linhas formam o campo magnético; Elas se deslocam sempre do polo norte para o polo sul do imã conforme foto acima; Repare que a limalha atraída, formam exatamente o desenho geométrico dessas linhas de força; Outra característica é que o campo geométrico, atua sempre de forma tridimensional; Ou seja, ele atua em várias direções; A ação do magnetismo pode ser sentida em toda a volta do imã ou da peça imantada; AGORA, PARA QUE EU PRECISO SABER TUDO ISSO PARA REALIZAR O ENSAIO??? PONTO DE PARTIDA DESTA PESQUISA – COMO FUNCIONA ESTE ENSAIO. Tudo começou quando um operador W.E.Hoke que ao usinar peças em um torno com mandril imantado, as limalhas eram atraídas para as rachuras visíveis na peça; Entenda que essa física, é a ligação de tudo isso com o ensaio, olha só: Ai está um imã com seu campo magnético e suas linhas de indução; Quando agente aproxima uma peça de aço qualquer, essa peça passa a sofrer a ação do campo magnético; Repare que as linhas de indução atravessam a peça; Ai é que está o “X” da questão para se realizar ensaio por partículas magnéticas; Viu aqueles pontos? Eles representam as descontinuidades das peças; Repare que nessas descontinuidades, a linha de indução, são repelidas; Esses desvios nas linhas de fluxo, são chamados de campos de fuga; É isso que acontece quando se faz o ensaio; É possível observar descontinuidades em materiais de até 3mm de profundidade, desde que o material seja ferromagnético; Nas regiões onde ocorrem os campos de fuga, as partículas magnéticas se aglomeram sobre elas, indicando as descontinuidades; Em resumo, os campos de fuga aparecem, justamente onde ocorrem as descontinuidades; EXEMPLO... ELETROIMÃ DE UMA INDUSTRIA Neste caso, o operador da um comando na ponte rolante, que energiza a placa metálica imantando a mesma; Este acumulo de partículas magnéticas, nos mostra onde estão as descontinuidades; Este tipo de ensaio é bastante utilizado na indústria, pois conseguimos detectar descontinuidades na superfície e sob a superfície; Conseguimos detectar descontinuidades de até 3mm abaixo da superfície; As limalhas de ferro são fornecidas na forma de pó; As limalhas podem vir em suspensão, ou seja, diluída em um fluido, por isso, a granulometria é minúscula, e é possível detectar descontinuidades muito pequenas; NOTAS BOM, COMO VOCÊ, AGORA ENTENDEU COMO FUNCIONA ESSE ENSAIO, A GROSSO MODO, VAMOS CONHECER OS TERMOS NELE USADOS. TERMINOLOGIA DESTE TIPO DE ENSAIO Campo Magnético Região que circunda o imã e está sob o efeito dessas forças invisíveis, que são as forças magnéticas; Representação do Campo Magnético pode ser representado por linhas chamadas: 1. Linhas de Indução Magnética; 2. Linhas de Força de Campo Magnético; 3. Linhas de fluxo de Campo Magnético; DEFINIÇÕES ETAPAS PARA EXECUÇÃO DO ENSAIO – DESNCONSIDERANDO AS TÉCNICAS QUE SERÃO EMPREGADAS Este ensaio é dividido em 05 etapas, veja abaixo: Vamos conhecer uma a uma. 1 – PREPARAÇÃO E LIMPEZA DA SUPERFÍCIE O Ensaio é realizado em produtos acabados ou semiacabados ou em uso; O objetivo dessa etapa é remover: Sujeiras; Oxidações; Carepas; Respingos; Graxas; Essas impurezas devem ser retiradas pois criam campos de fuga ou contaminam as partículas impedindo sua reaproveitação; Veja abaixo, uma relação dos métodos mais utilizados para remoção de sujeiras; Sendo os mais comuns; 1. Jato de areia; 2. Escovas de aço; 3. Solventes; 2 – MAGNETIZAÇÃO DA PEÇA Quando a magnetização é paralela a descontinuidade, a precisão será pequena e o campo de fuga também; Já quando as descontinuidades são perpendiculares, o campo de fuga será maior e a descontinuidade será mostrada com maior precisão; AGORA, COMO FAÇO PARA SABER SE AS DESCONTINUIDADES SÃO PARALELAS OU PERPENDICULARES AO CAMPO DE INDUÇÃO??? A gente não sabe...; Não tem jeito de saber; NOTA: Por isso, o jeito, é criar campos magnéticos longitudinais e transversais, e ir alternando até identificar todas as descontinuidades; Veja o exemplo: E COMO EU FAÇO PARA ALTERAR OS CAMPOS MAGNÉTICOS??? EU FALEI UM POUCO DO PASSO A PASSO PARA EXECUTAR O ENSAIO, PARA QUE PUDESSEMOS ENTENDER AS TÉCNICAS DE MAGNETIZAÇÃO!! TÉCNICAS DE MAGNETIZAÇÃO Existem, basicamente, duas técnicas de magnetização: 1. Técnica de Magnetização por Indução de Campo Magnético; 2. Técnica de Magnetização por Passagem de Corrente; EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA TÉCNICA DE MAGNETIZAÇÃO POR INDUÇÃO DE CAMPO MAGNÉTICO MAGNETIZAÇÃO POR BOBINAS ELETROMAGNÉTICAS A peça é colocada no interior de uma bobina eletromagnética; Ao circular a corrente pela bobina, forma-se um campo longitudinal na peça por indução magnética; Veja esse esquema aqui abaixo, que ajuda a facilitar o entendimento: Neste, temos as linhas de indução percorrendo a peça longitudinalmente; MAGNETIZAÇÃO POR YOKE Esse eletroímã na forma de “U” é chamado de Yoke Ele é apoiado sobre a peça a ser examinada; Quando a corrente elétrica percorre, ele gera um campo elétrico longitudinal entre suas pernas; Veja esse esquema abaixo: Repare nas linhas de indução; MAGNETIZAÇÃO POR UM CONDUTOR CENTRAL Técnica bastante usual, para se realizar ensaios de tubos; Dentro do tubo, um condutor central, gera um campo magnético circular; Isso facilita, a visualização das descontinuidades longitudinais que podem aparecer ao longo do tubo; Veja abaixo, um ensaio sendo realizado na prática; TÉCNICA DE MAGNETIZAÇÃO POR PASSAGEM DE CORRENTE Nesta técnica não utilizamos nenhum daqueles equipamentos que acabamos de ver; Nesta técnica de magnetização, a corrente elétrica passa através da peça; A peça funciona como condutor, gerando ao redor dela mesma um campo magnético; Nesta técnica, existem basicamente dois equipamentos que podem ser usados: 1. O eletrodo; 2. Por contato direto; POR ELETRODO Os eletrodos fornecem uma corrente elétrica até a peça, que gera um campo magnético circular; Isso só ocorre quando apoiado sobre a superfície da peça; Veja a sequência de foto abaixo: APÓS A MAGNETIZAÇÃO POR CONTATO DIRETO Tem sua maior aplicação em máquinas estacionárias; A magnetização é efetuada pela passagem de corrente, de uma extremidade a outra da peça; O campo magnético que se forma é circular; Veja o esquema abaixo: E, SE EU QUISER DETECTAR DESCONTINUIDADES MULTI DIRECIONAIS ? CALMA... Tem solução para tudo; Dois camposmagnéticos, um circular e outro longitudinal ou dois longitudinais perpendiculares são aplicados simultaneamente à peça ensaiada; Isso é feito quando queremos detectar, numa única operação, descontinuidades em qualquer direção; NOTAS: A vantagem desta técnica é que ela permite analisar as peças de uma única vez. A dificuldade principal é conseguir um equilíbrio entre os dois campos, de modo que um não se sobreponha ao outro. TÉCNICAS DE ENSAIOS - REALIZANDO O ENSAIO DE PM PASSO A PASSO 1 – LIMPEZA DA PEÇA O primeiro paço é executar a limpeza da peça; Ela deverá ser feita com muito cuidado para evitar a interferência de resíduos nos resultados; Veja abaixo, uma relação dos métodos mais utilizados para remoção de sujeiras; Sendo os mais comuns; 1. Jato de areia; 2. Escovas de aço; 3. Solventes; AGORA VAMOS ESCOLHER A TÉCNICA DE MAGNETIZAÇÃO, IMAGINE MAGNETIZAR UM EIXO. ENTÃO VAMOS USAR A MAGNETIZAÇÃO POR BOBINA; 2 – MAGNETIZAÇÃO DA PEÇA Posicionar a peça a ser magnetizada; Agora vamos ligar a bobina; Quando ligamos a bobina, um campo eletromagnético longitudinal é gerado na peça; E as partículas magnéticas, que estão sedo jogadas, vão se acumulando nos pontos de fuga, que são originados pelas descontinuidades presentes na peça; 3 – DESMAGNETIZAÇÃO DA MÁQUINA É importante desmagnetizar a peça para se evitar interferências, nas operações aos quais a peça possa ser submetida; TÉCNICAS DO ENSAIO - MAGNETIZAÇÃO Alguns materiais acumulam mais magnetismos do que outros; Alguns materiais, até mesmo depois que retiramos o campo, eles continuam magnetizados; Essas diferenças permitem o ensaio por duas técnicas; 1. Técnica de Campo Contínuo; 2. Técnica de Campo Residual; VAMOS CONHECE-LAS?!? TÉCNICA DE CAMPO CONTÍNUO É quando as partículas são aplicadas sobre a peça, quando a mesma está sob ação do campo magnético; TÉNICA DO CAMPO RESIDUAL Esta técnica, é usada em materiais que retém mais o magnetismo; Aplica-se o magnetismo e posteriormente, o fornecedor do campo é retirado; Neste ponto, estamos com a peça magnetizada e pronta para receber as partículas magnéticas. Mas como verificar se o campo magnético gerado é suficiente para detectar as descontinuidades? EXISTEM VÁRIAS MANEIRAS DE SE VERIFICAR ISSO, VEJA; 1. Com aparelhos medidores de campos magnéticos; 2. Realizando o ensaio com uma peça que você já saiba que tem defeito; 3. Utilizando padrões normalizados com descontinuidades já conhecidas; 4. No caso do yoke, ele deve gerar um campo magnético suficiente para levantar, no mínimo, 4,5 kgf em corrente alternada e 18,1kgf em corrente contínua; MAGNETIZANDO A PEÇA PELA TECNICA RESIDUAL – YOKE Para garantir que toda a peça será submetida ao campo magnético, executamos uma varredura. Veja o exemplo abaixo, no modelo yoke. TÉCNICAS DO ENSAIO – APLICAÇÃO DE PARTÍCULAS As partículas podem ser fornecidas na forma de: 1. Pó; 2. Em pasta; 3. Ou ainda em pó suspenso em líquido (concentrado); Pode ainda, ser fornecida em diversas cores, para inspeção com luz branca, ou como partículas fluorescentes, para inspeção com luz negra. CLASSIFICAÇÃO DO ENSAIO Os métodos de ensaio, podem ser classificados, por tanto, como: VIA SECA Elas não requerem preparação prévia; São aplicadas diretamente sobre a superfície da peça a ser analisada; Para aplicar são utilizados aplicadores de pó manuais ou bombas de pulverização; As partículas podem ser recuperadas Bomba manual para aplicação; VIA ÚMIDA Aqui, as partículas possuem granulometria muito fina; Isso permite detectar descontinuidades muito pequena; As partículas são fornecidas pelos fabricantes na forma de pó ou em suspensão (concentrada) em líquido. Para a aplicação, devem ser preparadas adequadamente, segundo norma específica (são diluídas em líquido, que pode ser água, querosene ou óleo leve). NOTAS APLICANDO A PARTÍCULA VIA ÚMIDA É SIMPLES: Pode ser feita por meio de chuveiros de baixa pressão; Borrifadores manuais ou simplesmente derramando a mistura sobre as peças; NOTA: Para melhor visualizar, podemos aplicar um contraste que é uma tinta branca em spray; TÉCNICAS DE ENSAIO – INSPECIONANDO A PEÇA Observa-se e avalia-se as indicações visuais; Registra-se os resultados; Efetue a limpeza da peça TÉCNICAS DE ENSAIO – DESMAGNETIZAÇÃO DA PEÇA LEMBRE-SE: A desmagnetização é feita em materiais que retêm parte do magnetismo, depois que se interrompe a força magnetizante; A desmagnetização evita problemas como: 1. Interferência na Usinagem Peças com magnetismo residual, ao serem usinadas, vão magnetizar as ferramentas de corte e os cavacos. Cavacos grudados na ferramenta contribuirão para a perda de seu corte. 2. Interferência na Soldagem Há o desvio do arco elétrico, devido à magnetização residual, o que prejudica a qualidade do cordão de solda. Esse fenômeno é conhecido como sopro magnético. 3. Interferência em Instrumentos O magnetismo residual da peça irá afetar instrumentos de medição, quando colocados num mesmo conjunto. NOTAS Não é necessário promover a desmagnetização quando os materiais e a peça: 1. Possuir baixa retentividade magnética; 2. Forem submetidos a tratamento térmico; 3. Tiverem de ser novamente magnetizado; MAS... COMO EU POSSO DESMAGNETIZAR??? DESMAGNETIZADO A PEÇA Para a desmagnetização das peças, devemos submetê-las a um campo magnético pulsante (invertendo seu sentido) de intensidade superior ao campo magnetizante, reduzindo- o a zero gradualmente. Isto é conseguido, por exemplo, com a peça passando através de uma bobina; ou com a peça parada dentro da bobina, reduzindo-se gradualmente o campo magnético. Você percebeu que há várias opções para realizar o ensaio por partículas magnéticas. Cabe ao técnico escolher a forma que melhor se adapte às características da peça.
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