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RESUMO - CAP.1: A CAPITANIA DE ITAMARACÁ COMO DOAÇÃO RÉGIA

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DONATÁRIOS E ADMINISTRAÇÃO COLONIAL: A CAPITANIA DE ITAMARACÁ E A CASA DE CASCAIS
(1692-1763)
CAPÍTULO 1 
A CAPITANIA DE ITAMARACÁ COMO DOAÇÃO RÉGIA
RESUMO
Sávio Soares Câmara Castilho 
Curso de Licenciatura em História – Centro Universitário Fundação São José
283XX-XXX – Itaperuna – RJ – Brasil 
castsavio@gmail.com
O capitulo inicia-se trazendo uma informação de como ocorreu a implantação das capitanias hereditárias no Brasil, dizendo que ela não foi simultânea, mas também não foi homogênea. “Ele ocorreu entre 1440, com a doação da primeira capitania na ilha de Madeira, e durou até 1685, com a doação da última capitania no Brasil, a capitania de Xingu, o que constituiu um longo período de mais de 200 anos de concessões, para além de mais 100 anos de existência, com o desaparecimento da última capitania, a de Porto Santo, em 1770, terminando onde exatamente começou, nas ilhas do Atlântico. ” (LUCIANA, 2016, p. 31). As capitanias hereditárias era um projeto de descentralização econômica, visando a dispersão dos bens da Coroa doados a particulares sob uma legislação específica. Aos que recebiam as terras, ganhavam prêmios pela prestação de serviços, mas tinham por missão, vale dizer, por intuito da Coroa, de povoar e colonizar as terras que foram doadas, sem esquecer da obrigação cristã. “Ora, toda essa negociação estava amparada pela legislação, que garantia que mesmo doada, a capitania hereditária não perdia sua essência original, que era de patrimônio régio. Não podia sem consulta ao rei e dispensa da Lei Mental 26 ser alienada, dividida ou vendida a quem quer que tivesse interesse. Era transmitida aos seus sucessores de forma pré-estabelecida: por duas, três ou mais vidas, que significava a quantidade de sucessores que poderiam herdar a capitania, ou de juro e herdade, de maneira perpétua a todos os seus descendentes. ” (LUCIANA, 2016, p. 32). Existiam regras pela Lei Mental que eram usadas para garantir as sucessões e proteger o bem régio. “Era necessário, portanto, que o sucessor fosse descendente direto do possuidor da capitania, legítimo, primogênito da Casa, do sexo masculino e sem admissão de transversais. O filho segundo só era admitido em caso de incapacidade do primogênito. “ (LUCIANA, 2016, p. 33). Acaba que era direito dos reis fazer o que fosse de acordo com a sua vontade para colocar essa legislação à sua vontade, podendo até mesmo negociar a mercê. Assim acontecia com as capitanias no Brasil, onde os capitães donatários poderiam escolher seus sucessores em seus testamentos, mesmo que estes não fossem sucessores diretos, podendo até mesmo vender suas capitanias para outros, em específico nesse caso, com o consentimento da Coroa. Quanto as doações dos territórios feitas pela Coroa Portuguesa, era exigido dos donatários que custeassem o empreendimento da colonização e que fossem responsáveis por ocupar, explorar e defender a capitania da qual fora designado. Ainda mais a frente no texto, a autora diz, segundo as conclusões de Ronald Raminelli, que existia uma diferença entre como a mercês era distribuída e praticada dentro do além-mar espanhol e português, sendo a atitude mostrada a seguir, uma forma de estratégia para manter o controle do além-mar. Por exemplo, quase todos os donatários das capitanias do Brasil eram fidalgos com matrícula na Casa Real, 40 que não significava exatamente o mesmo de hidalgo na Espanha. Embora ambos pertencessem ao segundo estado e tivessem significados aproximados, estavam separados por fronteiras bastante tênues. 41 Além do mais, a Coroa espanhola distribuía mais uniformemente seus títulos de nobreza no ultramar, sendo possível encontrar no Novo Mundo um número muito maior de titulares do que no Brasil, os quais só assumiam postos de governadores e vice-rei. “ (LUCIANA, 2016, p. 36). Ela volta a enfatizar a questão das doações de capitanias hereditárias no Brasil, onde foram doados 15 lotes de terra para 12 donatários diferentes no intuito que estes ocupassem, explorassem e defendessem aquele território em nome da Coroa Portuguesa, e que caso aceitassem a empreitada, iriam ser valorizados com extensos benefícios. Em seguida ela demonstra uma tabela que exibe as primeiras capitanias hereditárias do Brasil e seus donatários, no qual podemos ver nomes como Duarte Coelho, responsável pela capitania de Pernambuco, sob a qualidade e Fidalgo da Casa Real; e Martim Afonso de Sousa, responsável pela capitania de São Vicente (dois lotes), sob a qualidade de Fidalgo da Casa Real e Conselheiro do Rei. Mas, ela faz uma ressalva quanto a tabela, “este quadro não se manteve estático com o passar do tempo. Muitas capitanias foram resgatadas pela coroa e passaram a capitanias régias, algumas foram incorporadas ao território de outras capitanias e também partes dos territórios de determinadas capitanias foram desmembradas e constituíram novas capitanias, régias ou até mesmo donatarias. “ (LUCIANA, 2016, p. 38). Um problema na implementação desse projeto de descentralização administrativa que foi as capitanias hereditárias, foi a de vários capitães donatários não chegando nem a vim para o Brasil, pois tinham visto que seria altamente custoso e que não haveria retorno rápido do que foi investido. Vendo isso, a Coroa Portuguesa precisava fazer algo, foi aí que ela decidiu resgatar as capitanias sob o seu poder, arcando com os custos da colonização do Brasil, escolhendo um governador geral, que no caso foi o da primeira capitania resgatada, Capitania da Bahia, sendo ele Tomé de Souza em 1548. “Em seguida foi feito resgate da Capitania do Rio Grande, já em fins do século XVI, após a conquista da região norte da Capitania de Itamaracá, a qual se constituiu na Capitania régia da Paraíba. O objetivo foi o mesmo, conter o avanço francês na parte norte da colônia. 47 Além destes casos de resgate total da capitania, também podemos visualizar o resgate de parcial dos territórios de algumas capitanias, como foram os casos da Capitania de São Vicente e da Capitania de Itamaracá. ” (LUCIANA, 2016, p. 40). Houveram disputas na Capitania de São Vicente que ocasionaram uma perda de seu território em 1565 que ocasionou a fundação da Capitania Real do Rio de Janeiro. “Semelhantemente ocorreu no caso de Itamaracá. A capitania perdeu parte de seu território, 23 léguas ao norte, que foram resgatadas pela Coroa, após as investidas entre os anos de 1585-1590 dos portugueses aliados aos índios tabajaras, contra os índios potiguaras aliados dos franceses, os quais ocupavam a parte norte da capitania de Pero Lopes de Sousa. Daí resultou a criação da Capitania Real da Paraíba, cuja temática resultou na tese de Regina Célia Gonçalves.49 As outras 7 léguas restantes de costa continuaram compondo a Capitania de Itamaracá pertencente ao donatário. Adiante explanaremos um pouco mais sobre esta situação. ” (LUCIANA, 2016, p. 40-41). A partir daí é iniciada uma problemática da questão de doações de sesmarias que eram confundidas com capitanias, pois quando surgia a confirmação de doação aos herdeiros, haviam dúvidas em relação ao tipo de doação que havia sido feita inicialmente. “Inicialmente havia sido doada como uma sesmaria, mas quando foi confirmada a doação, foi atribuído ao referido Conde o título de “capitão e governador”, ficando, desta forma, a dúvida sobre que tipo de doação havia sido feita, já que esse título era usado apenas para donatários de capitanias. No entanto, o próprio documento de doação das referidas ilhas, que fora analisado por Maria Beatriz Nizza da Silva, deixava dúvidas quanto ao tipo de doação, já que era muito parecido com as cartas de doação das capitanias hereditárias. Além disso, por esse documento ficava claro que o Conde de Castanheiras possuía jurisdição cível e crime, poderia instalar Ouvidor, criar vilas, prover diversos ofícios, como de tabeliães, meirinhos, escrivães, entre outros, e receberiam rendimentos, tais como as demais capitanias. ” (LUCIANA, 2016, p. 41). Havia agora uma questão de resolver por parte da Coroa Portuguesa, os problemas que estavamsendo ocasionados pelas capitanias hereditárias, tendo assim, um desejo da Coroa em transforma-las em capitanias régias, ou seja, seria ela que iria ditar as regras da colonização. “Desta forma, por várias vezes Filipe II solicitou diligências ao Marquês de Alenquer, Vice-Rei de Portugal, em 1618, para saber se os donatários estavam cumprindo suas obrigações e em que estado se encontravam as capitanias, tudo com o intuito de argumentar a favor do resgate das capitanias. ” (LUCIANA, 2016, p. 42). Ficou-se então, dividido, no início do século XVII em seis capitanias hereditárias das quais 15 foram doadas. Seis delas estavam ligadas a Coroa, enquanto outras estavam por conta dos donatários que continuavam a manter a jurisdição dentro delas e uma havia sido abandonada. “Durante inícios do século XVII temos o caso da Capitania de São Tomé, inicialmente doada a Pero de Góis, o qual permaneceu nela apenas dois anos e praticamente não a povoou. Esse tempo que esteve em paz foi alterado para cinco anos de lutas, ao fim dos quais ele retornou para Portugal. No entanto, foi confirmada a sucessão para seu filho, Gil Góis de Silveira, mesmo que ele não vivesse na capitania, pois morava em Madri com sua esposa, e não tivesse condições de povoá-la. Foi permitido, por isso, em 21 de outubro de 1605, que ele renunciasse a capitania para uma pessoa mais apta, o que não foi feito. ” (LUCIANA, 2016, p. 42). Devido a esse fato, a capitania acabou sendo vendida em 22 de março de 1619 para a Coroa filipina. Mas não somente foram resgatadas as capitanias doadas, como também foram criadas novas, como no caso do Norte amazônico. “Ou seja, da mesma forma que resgatava para a Coroa as capitanias abandonadas pelos seus donatários ou que não prosperavam de alguma maneira, a Coroa ainda promovia novas doações, com o intuito de intensificar a colonização e a produção no Brasil. No entanto, as referidas doações não ficaram restritas ao período da Monarquia Ibérica, mas continuaram sendo feitas mesmo após 1640. ” (LUCIANA, 2016, p. 43). Em seguida é lançada uma problemática quanto a questão das capitanias na região do Maranhão, onde haviam duas questões que precisavam ser solucionadas: “primeiramente a já referida conquista do Maranhão, que se deu apenas na primeira metade do século XVII. E em segundo lugar, deveriam ficar logo estabelecidas as capitanias régias que serviriam como sede administrativa do novo Estado do Maranhão. ” (LUCIANA, 2016, p. 44). A conquista só veio de fato em 1622 ficando como Governador e Capitão-Geral do estado do Maranhão e Pará, Francisco Coelho de Carvalho que era fidalgo da Casa Real, nomeado em 23 de setembro de 1623. “As terras foram então repartidas não só em capitanias, mas também foram dadas sesmarias entre os povoadores e cultivadores que tivessem cabedal e condições de administrá-las. Mas antes de se confirmarem as doações, levantou-se o fato de ser preciso definir quais seriam as terras da Coroa e qual seria sede do governo-geral do novo Estado do Maranhão e Pará, conforme a proposta aceita do antigo Capitão-Mor do Maranhão, Bento Maciel Parente. ” (LUCIANA, 2016, p. 44). Fora constatado através de estudos realizados sobre a família Albuquerque Coelho de Carvalho que membros dessa família ocuparam por várias vezes o cargo de governador do estado do Maranhão ao mesmo tempo em que possuíam tais capitanias. “Segundo as observações de Pelegrino, Feliciano Coelho de Carvalho havia prestado vários serviços à Coroa Portuguesa durante as guerras pelo controle da bacia amazônica contra índios, franceses, ingleses, holandeses, entre os anos de 1620 e 1630. Por isso, como mercê, recebeu a Capitania de Cametá, como foi mencionado. Pelegrino constatou cinco gerações de capitães donatários nas duas capitanias da família, e, em certo momento, as Capitanias de Camutá e Cumã passaram a ser administradas pelo mesmo donatário, devido a problemas de falta de sucessores do sexo masculino e casamento entre primos, quando à tutela das capitanias ter ficado com uma mulher. ” (LUCIANA, 2016, p. 45). É mostrada, então, uma tabela com as capitanias hereditárias do Maranhão e Pará e seus donatários, nas quais, podemos ver os nomes de: Feliciano Coelho Carvalho, responsável pela capitania de Camutá, sob a qualidade do Foro de Fidalgo; Antônio Coelho de Carvalho, responsável pela capitania de Cumã, sob a qualidade de Fidalgo da Casa Real, desembargador da Casa de Suplicação e Juiz das coutadas do Reino; entre outros nomes. No século XVIII temos por fim as últimas donatarias e a incorporação destas à Coroa Portuguesa. “Tal reincorporação era processada a partir de compensações honoríficas e financeiras. Era utilizado durante o governo de D. João V o sistema de compra das capitanias, onde os donatários recebiam uma compensação monetária total pela entrega da capitania, além das mercês honoríficas. No entanto, D. José substituiu essa forma de aquisição das capitanias por rendas anuais, mantendo as compensações honoríficas, ou seja, ao invés do antigo donatário receber um valor compensatório total, ele recebia anualmente uma renda pela sua antiga possessão. Desta forma, ainda com a vinda da corte joanina para o Brasil em 1808, podemos encontrar descendentes de antigos donatários recebendo as referidas rendas anuais, inclusive herdeiros dos Marqueses de Cascais, com relação à Ilha de Itaparica. ” (LUCIANA, 2016, p. 46-47). Esse processo de reincorporação das capitanias donatarias se deu por duas etapas, a primeira na qual foram resgatadas algumas capitanias, tais como, Capitania da Paraíba do Sul, Capitanias de Cumá e de Camutá e a Capitania de Caeté. Após isso foi designado alguns cargos para os donatários dessas capitanias, em especial, o de visconde com direito a renda. A problemática, então, surge de a Coroa não ter compensado apenas o donatário de Itamaracá e Ilhas de Itaparica e Tamarandiva, ao que acredita a autora, já que não foram citados juntamente com os outros donatários que foram compensados, “possivelmente porque estas reincorporações não haviam sido realmente concretizadas no momento. ” (LUCIANA, 2016, p. 48). Assim sendo, ela encerra esse capítulo ressaltando que a Câmara de Goiana não iria tão facilmente aceitar a devolução e que seria explicado através dos próximos capítulos como fora mantido a administração da capitania apesar da distância.

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