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Projeto_Sandvik-FEI

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Projeto de Pesquisa 
 
 
COMPARATIVO DA RESISTÊNCIA A CORROSÃO POR 
PITE DE LIGAS DE ALTO CROMO 
 
Proponente: Prof. Dr. Rodrigo Magnabosco 
 
rodrmagn@fei.edu.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica 
 
Área de concentração: Materiais e Processos 
 
Centro Universitário FEI 
 
Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros 
 
 
 
 
 
 
Candidata a bolsa: Ivy Frazão 
ivy_frazao@hotmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 de fevereiro de 2017 
COMPARATIVO DA RESISTÊNCIA A CORROSÃO POR PITE DE LIGAS DE ALTO CROMO 
Proponente: Rodrigo Magnabosco 
Candidata: Ivy Frazão 
14 de fevereiro de 2017 
 
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RESUMO 
 
Dentre os diversos mecanismos de corrosão, a corrosão por pite é uma 
das formas que mais causa falha em equipamentos. A temperatura é um dos 
principais fatores que influenciam a corrosão por pite, sabendo disso Brigham e 
Tozer desenvolveram o critério de temperatura crítica de pite (CPT do inglês 
“critical pitting temperature”), ou seja, a temperatura a partir da qual poderia 
haver corrosão por pite no material. As técnicas utilizadas hoje para 
determinação de CPT apresentam parâmetros diferentes para ligas com maior 
resistência a corrosão, não existindo muita informação com relação a ensaios 
pelos quais seja possível comparar ligas dúplex, superausteníticas e ligas a 
base de Níquel. O presente projeto tem por objetivo comparar a resistência à 
corrosão por pite de aços inoxidáveis dúplex, super-dúplex, hiper-dúplex, 
superaustenícos, e ligas de níquel, todos com teor de Cr superior a 20%, 
através do desenvolvimento de ensaios para determinação potenciostática da 
temperatura crítica de pite. 
 
Palavras-chave: corrosão por pite, CPT, potenciometria, aços inoxidáveis com 
alto teor de cromo, aços inoxidáveis dúplex, aço inoxidável superaustenítico, 
ligas de Níquel. 
 
 
 
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Proponente: Rodrigo Magnabosco 
Candidata: Ivy Frazão 
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COMPARATIVE OF THE PITING CORROSION RESISTENCE IN HIGH 
CROMIUM MATERIAIS 
 
Among the various corrosion mechanisms, pitting corrosion is one of the 
biggest cause of equipment failure. Temperature is one of the main factors 
influencing pitting corrosion. Knowing that, Brigham and Tozer developed the 
critical pitting temperature (CPT) criterion, meaning the minimal temperature at 
which pitting corrosion can occur in the material at certain condition. The 
techniques used today to determine CPT have different parameters for alloys 
with higher corrosion resistance and there is not much information regarding 
tests that compare duplex alloys, superaustenitic alloys and nickel based alloys. 
The present project aims to compare the corrosion resistance of nickel alloys, 
duplex, super-duplex, hyper-duplex and superaustenics stainless steels, all with 
a Cr content bigger than 20%, through the development of potentiostatic 
determination tests of the critical pitting temperature. 
 
Keywords: pitting corrosion, CPT, high Cromium content stainless steels, 
duplex stainless steel, superaustenitic stainless steel, nickel based alloys. 
 
 
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1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA, COM SÍNTESE DA BIBLIOGRAFIA 
FUNDAMENTAL 
 
No seu estado natural a maioria dos metais encontra-se na forma de 
minérios constituídos de compostos químicos como óxidos, hidróxidos e 
sulfetos. Estes compostos representam, portanto, o estado de menor energia 
livre de cada metal, ou seja, sua forma mais estável.1 
A produção dos metais é feita por meio de processos químicos de redução e 
pelo fornecimento de energia na forma de calor ao minério, de forma que o 
metal acabado passa a possuir um nível maior de energia livre do que possuía 
anteriormente no estado de minério. Todo material tem uma tendência inerente 
de retornar ao seu estado de menor energia livre. No caso dos metais, esse 
estado é a de minério e esse processo ocorre através de um fenômeno 
superficial entre o metal e o meio ao qual foi exposto, chamado de corrosão. A 
velocidade com que essa reação irá ocorrer depende de diversos fatores, 
dentre eles a agressividade do meio e o metal utilizado.2 
A corrosão é uma das principais causas de falhas em equipamentos 
metálicos e gera um alto custo para a indústria todos os anos. Uma das formas 
de minimizar a corrosão é a seleção de materiais que possuam uma maior 
resistência à corrosão ao meio em que será aplicado. Essa resistência dos 
materiais a corrosão está intimamente ligada a composição química de cada 
liga. Os aços inoxidáveis e as ligas de níquel, por exemplo, são materiais muito 
utilizados em ambientes corrosivos.1 
As ligas a base de Níquel tem pelo menos 50% de Níquel em sua 
composição, além de demais elementos de liga como Cromo e Molibdênio. São 
materiais com alta resistência à corrosão e muito utilizados para ambientes 
com temperaturas elevadas. Quando comparadas com os aços inoxidáveis 
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dúplex, as ligas de Níquel tem baixa resistência mecânica.3 
Algumas das ligas de Níquel mais utilizadas na indústria são o Monel (liga a 
base de Níquel e Cobre), as ligas Alloy B (ligas Ni-Mo-Fe muito resistentes a 
corrosão em ácido clorídrico), Alloy 600 ou Inconel (liga Ni-Cr-Fe com 
excelente resistência a corrosão sob tensão), Alloy 625 (uma derivação do 
Inconel com adição de Cromo e Molibdênio, muito utilizada para corrosão em 
ambientes marítimos) e as ligas Alloy C (desenvolvidas a partir dos Alloy B 
porém com menor teor de Cromo e adição de Molibdênio, melhorando a 
resistência a corrosão em condições oxidantes.3 
Os aços inoxidáveis são ligas a base de Ferro, com baixo teor de Carbono e 
pelo menos 12% de Cromo. Essa composição química permite com que, ao 
reagir com o oxigênio, seja formada uma camada de óxido de cromo na 
superfície do material, chamada de película passiva, que é fina, aderente, 
impermeável e auto-regenerativa. Ela age como uma barreira física entre o 
metal e o meio corrosivo, impedindo a corrosão do material. Uma vez que a 
barreira física seja quebrada, vários mecanismos de corrosão podem ocorrer 
dependendo do fator determinante para a desestabilização da camada de 
óxidos.1 
Existem diversos tipos de aços inoxidáveis de acordo com a composição 
química e microestrutura de cada material. Neste trabalho serão estudados os 
aços inoxidáveis austeníticos e os dúplex. 
Os aços inoxidáveis austeníticos têm geralmente em sua composição um 
aumento no teor de Níquel, que é igual ou superior a 8%, o que garante a 
estrutura completamente austenítica.2 
 Os austeníticos são o tipo de aço inoxidável mais utilizado na indústria e 
produzido em maior escala. Possuem tenacidade superior aos demais aços 
inoxidáveis, especialmente em temperaturas baixas. Por outro lado, seu limite 
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de escoamento é baixo quando comparado aos outros aços inoxidáveis. 
Possuem, em geral, resistência a corrosão superior aos aços inoxidáveis 
ferríticos.2 
Os aços inoxidáveis mais comuns são as ligas AISI 304 e AISI 316. A 
medida que se aumentam os teores de elementos de liga como Cromo, Níquel, 
Molibdênio podem ser obtidos aços inoxidáveis austeníticos com uma ampla e 
variada gama de propriedades.2 Na tabela 1 pode-se observar a composição 
química nominal de alguns aços inoxidáveis austeníticos. 
Tabela 1 - Composição química nominal de aços inoxidáveisausteníticos 4,5,6 
Material C Cr Ni Mo N Cu 
AISI 304 ≤0,03 18,5 10 - - - 
AISI 316 ≤0,03 17 11,5 2,1 - - 
UNS S31254 ≤0,02 20 18 6,1 0,2 0,7 
 
Os aços inoxidáveis dúplex, por sua vez, são ligas Fe-Cr-Ni-Mo-N, com 
microestrutura composta por uma matriz ferrítica e ilhas de austenita. O 
balanceamento entre as fases austenita e ferrita é cerca de 50%. Essa 
microestrutura bifásica confere ao material uma resistência mecânica superior 
aos aços inoxidáveis austeníticos e alta resistência à corrosão, principalmente 
à corrosão causada por íons halogênios.3 A tabela 2 mostra os aços inoxidáveis 
dúplex típicos bem como suas composições químicas nominais. 
 
Tabela 2- Composição química nominal de aços inoxidáveis duplex 7,8,9 
Material C Cr Ni Mo N 
UNS S32205 ≤0,03 22 5 3,2 0,18 
UNS S32750 ≤0,03 25 7 4 0,3 
UNS S32707 ≤0,02 27 6,5 4,8 0,4 
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Os aços inoxidáveis dúplex tem como fator limitante para sua utilização a 
temperatura, que deve ser inferior a 315°C de acordo com a American Society 
of Mechanical Engineers (ASME). Em temperaturas superiores ocorre a 
precipitação de fases intermetálicas, como a fase sigma, que fragilizam o 
material. 3 
Os aços inoxidáveis podem ser classificados quanto a sua resistência a 
corrosão por pite através do número de resistência equivalente a pite (PRE, do 
inglês “pitting resistance equivalence”), através da relação PRE = %Cr + 
3,3.%Mo + 16.%N, de forma que quanto maior o valor de PRE, maior a 
resistência à corrosão por pite. Os aços inoxidáveis com PRE entre 40 e 50 têm 
adicionados a sua classificação o prefixo super e para valores de PRE 
superiores a 48 tem-se adicionado o sufixo hiper, como pode ser visto na 
tabela 3. 
Tabela 3 – Classe de resistência a corrosão por pite 
Material PRE Classificação 
AISI 316 24 Austenítico 
UNS S31254 43 Superaustenítico 
UNS S32205 35 Duplex 
UNS S32750 42,5 Super duplex 
UNS S32707 49 Hiper duplex 
 
Dentre os diversos mecanismos de corrosão, a corrosão por pite é uma das 
formas mais temidas, pois nem sempre sua identificação pode ser efetuada por 
inspeção visual. Ela é caracterizada por um ataque corrosivo localizado e 
inicia-se pela quebra da película passiva, principalmente através de soluções 
contendo íons halogênio, que devido a sua alta eletronegatividade, atraem os 
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cátions do filme passivo, rompendo-o e formando cátions metálicos. Dentre os 
halogênios o cloreto é notadamente a causa mais comum de corrosão por pite. 
Para balancear as cargas elétricas envolvidas, uma vez que houve a 
formação de cátions metálicos, ânions cloreto migram para a região interna do 
pite, onde novamente atacam a camada passiva. O aumento da concentração 
local de cloretos também leva à hidrólise da água, resultando na formação de 
ácido clorídrico e diminuindo o pH local, fatores que aumentam a taxa de 
corrosão levando a aumento da concentração de cloretos, fazendo da corrosão 
por pite um processo autocatalítico. Na figura 1 pode ser observado um 
desenho esquemático da corrosão por pite. 
 
 
Figura 1 – Desenho esquemático de corrosão por pite 10 
 
Uma forma de se medir a resistência a nucleação de pites, é através da 
determinação do potencial de pite (Ep), usualmente determinado em ensaios 
de polarização potenciodinâmica a temperatura ambiente em solução 0,6 M 
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NaCl. Nesse ensaio o aumento brusco da densidade de corrente, que no trecho 
passivo apresenta valores da ordem de 10-6 A/cm², é determinado como sendo 
o potencial de quebra da camada passiva (Epb), ou seja, o potencial 
necessário para a nucleação e crescimento de pite na superfície do eletrodo de 
trabalho. Nestas condições assume-se que Epb é o potencial de pite do 
material. 
A temperatura é notadamente11 um dos fatores que influenciam a corrosão 
por pite, de forma de quanto maior a temperatura menor é a estabilidade da 
película passiva dos aços inoxidáveis. Sabendo disso Brigham e Tozer 12 
desenvolveram nos anos 1970s o critério de temperatura crítica de pite (CPT 
do inglês “critical pitting temperature”), ou seja, a temperatura a partir da qual 
poderia haver corrosão por pite no material. 
A norma ASTM G4813 apresenta dois métodos distintos para a determinação 
de CPT de acordo com o material, sendo o método E utilizado para aços 
inoxidável e o método C para ligas a base de Níquel. O método E indica que as 
amostras devem ser imersas em solução de cloreto férrico por um período de 
24 h, e caso pites não sejam observados, um novo teste deve ser conduzido 
em temperatura 5 °C superior ao teste anterior, até que se observe corrosão 
por pite, sendo a CPT então determinada. O método C é similar ao método E, 
porém os testes tem duração de 72h. As técnicas descritas na ASTM G48 são 
simples de serem executadas, porém têm como principais desvantagens um 
longo tempo de ensaio e a necessidade de diversos experimentos em paralelo. 
A empresa Sandvik Materials Technology utiliza a ASTM G48 em seu 
método A modificado 8,9 para a obtenção da CTP de aços inoxidáveis e 
algumas ligas de Níquel. Para elaboração dos testes as amostras do material 
devem ser imersas em solução de 6% cloreto férrico por 24 h, quando são 
observados pites e uma perda de massa significativa (superior a 5 mg) o teste 
é interrompido. Caso contrário um novo teste deve ser conduzido em 
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temperatura 5 °C superior ao teste anterior utilizando a mesma amostra, até 
que se observe corrosão por pite, sendo a CPT então determinada. A figura 2 
mostra valores de CTP obtidos a partir dessa técnica. A ASTM G48 é de fácil 
execução, mas demanda um grande tempo de ensaio para a determinação de 
CPT. 
 
 
Figura 2 – CPT determinada a partir da ASTM G48 prática A modificada. Figura adaptada da 
literatura. 8,9 
 
Em um trabalho do grupo de pesquisa do proponente14, foi proposta uma 
metodologia para determinação de CPT a partir de valores de Epb obtidos em 
diferentes temperaturas. A curva obtida para os valores de Epb em função da 
temperatura tem formato sigmoidal e no ponto de inflexão da curva deve ser 
determinado a CPT, como pode ser observado na figura 3. Essa técnica 
potenciodinâmica é trabalhosa e tem como desvantagem a necessidade de 
inúmeros ensaios válidos para a obtenção da CPT. 
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Figura 3 - Epb em solução 0,6 M NaCl de amostra de aço UNS S31803 solubilizada em função 
da temperatura da solução, indicando que CPT, é 49 °C. 14 
 
Outra técnica de determinação da CPT é através de polarização 
potenciostática, descrita na norma ASTM G150. Os ensaios devem ser 
realizados a 700 mVECS em solução 1 M NaCl, variando a temperatura da 
solução de 0 a 100 °C a uma taxa de 1 °C/min. Nesta técnica, é feita a medição 
da densidade de corrente durante a polarização potenciostática em função da 
temperatura, e a CPT é determinada a densidade de corrente apresenta um 
aumento com valores superiores a 100 μA/cm², assim como pode ser visto na 
figura 4. 15 
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Figura 4 - Determinação de CPT usando a técnica potenciostática seguindo a ASTM G150. 15 
 
Nessa técnica a temperatura é continuamente alterada durante o ensaio, 
tornando o processo mais ágil e flexível quando comparado com os ensaios de 
imersão realizados de acordo com a ASTM G48. Dessa forma, essa técnica 
permite caracterizar diferenças mais sutis de CPT com melhor acurácia. 
A ASTM G150 é restrita para q medição de CPT em materiais como os aços 
hiper dúplex, aços inoxidáveis superausteníticos e ligas de Níquel devido a alta 
resistência a corrosão por pite desses materiais. Para determinar a CPT 
desses materiais é necessário uma temperatura de teste acima da temperatura 
de ebulição da solução de NaCl (100°C), solução aquosa utilizada segundo a 
ASTM G150, pois os mesmos possuem CPT acima ou muito próximas de 
100°C. 11 
Utilizando uma solução de MgCl2 para as medições de CPT, uma 
temperatura maior de ebulição pode ser alcançada e, portanto, pode ser feita a 
determinação de CPT para ligas com maior resistência a corrosão. No entanto, 
não é possível correlacionar medidas de CPT feitas pelos dois diferentes 
meios, portanto para comparar diferentes materiais os ensaios devem ser 
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realizados nas mesmas condições. 11 
São poucos são os trabalhos11,16 encontrados na literatura que seguem 
estritamente a norma ASTM G15015, não existindo definição sobre os 
parâmetros utilizados na determinação de CPT por técnicas potenciostáticas 
para diferentes materiais e, portanto, não permitindo concluir se diferenças nos 
valores encontrados de CPT se devem a diferenças entre os materiais em 
estudo, ou se são devidas a diferenças dos métodos de ensaios. 
Baseado nas informações anteriores, observa-se uma lacuna de 
conhecimento no que se refere a comparação de materiais com alto teor de Cr 
com relação a resistência a pite, visto que não há um mesmo ensaio que seja 
aplicado a todos os materiais mencionados. Tal tema é de grande relevância 
científica e tecnológica, visto que é uma necessidade da indústria, podendo 
auxiliar na seleção do material mais adequado para cada condição. 
 
2. OBJETIVO 
 
O presente projeto tem por objetivo comparar a resistência à corrosão por 
pite de aços inoxidáveis dúplex, super-dúplex, hiper-dúplex, superaustenícos, e 
ligas de níquel, todos com teor de Cr superior a 20%, através do 
desenvolvimento de ensaios para determinação potenciostática da temperatura 
crítica de pite. 
 
3. METODOLOGIA 
 
Para a realização desse trabalho serão utilizadas amostra de produtos 
tubulares nas ligas UNS S32205, UNS S32750, UNS S32207, UNS S31254 e 
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UNS N06625 cedidos pela empresa Sandvik Materials Technology. Na tabela 4 
pode ser vista a composição química no material UNS N06625, a composição 
dos demais materiais são apresentadas nas tabelas 1 e 2. A pesquisa será 
conduzida segundo as 5 frentes principais descritas a seguir. 
 
Tabela 4 – Composição química nominal da liga UNS N06625. 17 
Material C Cr Ni Mo Fe Nb 
UNS N06625 0,025 21,5 61 8,7 4 3,5 
 
A. Revisão da literatura: revisão crítica da literatura se faz necessária para a 
compreensão do fenômeno de corrosão por pite, especialmente em aços 
inoxidáveis super austeníticos, dúplex, super dúplex, hiper dúplex e ligas de 
Níquel, para contextualização de valores de CPT para estes aços. Também se 
faz necessário estudo aprofundado da técnica de polarização potenciostática, e 
do resultado esperado frente ao fenômeno de corrosão por pite. 
B. Preparação de amostras e caracterização microestrutural: amostras dos 
materiais em estudo na condição de fornecimento deverão ser cortadas e 
embutidas em resina termofixa de cura a quente para obtenção de corpos de 
prova onde a seção de trabalho corresponda a seção longitudinal de tubos, 
com relação ao sentido de laminação, com área exposta de aproximadamente 
0,5 cm². Quando estes estiverem com acabamento superficial propiciado por 
lixamento em granulometria #600, serão utilizados como eletrodos de trabalho 
nos ensaios eletroquímicos que serão descritos no próximo item. Para a 
caracterização microestrutural, corpos de prova semelhantes, polidos com 
acabamento propiciado por diamante de 1 μm de granulometria, serão 
utilizados para caracterização por microscopia óptica após ataque 
metalográfico e microscopia eletrônica de varredura (MEV) com elétrons 
secundários e/ou retroespalhados de superfícies polidas para completa 
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caracterização microestrutural, permitindo a comparação dos dados aqui 
obtidos com trabalhos futuros. 
C. Ensaios Eletroquímicos: Os eletrodos de trabalho descritos no item 
anterior passarão por ensaios de polarização potenciodinâmica e 
potenciostática. Os eletrólitos serão constituídos por soluções de cloreto de 
magnésio. Será utilizado um potenciostato Autolab 20, controlado pelo software 
NOVA 1.1 para controle do potencial aplicado e registro de densidade de 
corrente. A célula eletroquímica tem dupla parede, para que banho termostático 
possa controlar a temperatura dos ensaios. Na célula eletroquímica, o contra 
eletrodo será um fio de platina enrolado em espiral, com área pelo menos 10 
vezes superior ao do eletrodo de trabalho, e o eletrodo de referência será o 
prata-cloreto de prata (Ag/AgCl). Curvas de polarização potenciodinâmica 
serão obtidas para cada material em estudo, a temperatura ambiente (23 °C), 
partindo do potencial de circuito aberto estabelecido após 5 min de imersão, 
em varredura ascendente de potencial a taxa de 1 mV/s, até que a densidade 
de corrente atinja 1 mA/cm², permitindo definir a faixa de potencial do trecho 
passivo de cada material. Pelo menos 5 curvas por material serão levantadas. 
A seguir, em cada material, serão conduzidos ensaios de polarização 
potenciostática variando-se a temperatura entre 23°C e 130°C a taxa de 1 
°C/min, nos potenciais das regiões passivas determinados nas curvas de 
polarização anteriormente descritas. A polarização potenciostática iniciará 5 
minutos após a imersão, para se ter a mesma condição da película passiva que 
se tinha nas curvas potenciodinâmicas, e para permitir a estabilização da 
temperatura inicial. Será registrada durante o ensaio potenciostático a variação 
da densidade de corrente em função da temperatura, sendo a CPT 
determinada quando a densidade de corrente atingir o mínimo de 100 μA/cm². 
Após os ensaios eletroquímicos, as superfícies dos eletrodos de trabalho serão 
examinadas por microscopia eletrônica e MEV para avaliação da extensão da 
corrosão por pite, e para assegurar a inexistência de corrosão em fresta nas 
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bordas do eletrodo de trabalho, o que poderia alterar os resultados obtidos. 
D. Obtenção de créditos: a candidata deverá obter os créditos em disciplinas 
do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica do Centro 
Universitário FEI (PPGEM-FEI), podendo inclusive obter 1/3 dos créditos 
necessários em instituições congêneres no país, conforme regulamento do 
PPGEM-FEI. As disciplinas trarão o embasamento teórico, e trabalharão o 
espírito crítico e a aplicação da metodologia científica na resolução de 
problemas, fundamentais à condução do projeto de pesquisa aqui proposto e à 
elaboração dadissertação de mestrado. 
E. Elaboração de dissertação: concomitantemente às atividades descritas 
anteriormente, a candidata elaborará, sob a orientação do proponente desta 
proposta, sua dissertação de mestrado, gerando revisão crítica da literatura 
aplicada ao tema e objetivos aqui propostos, análise e discussão dos 
resultados, e produção dos textos referentes ao exame de qualificação 
(previsto para o período indicado por # no cronograma da tabela 5) e 
dissertação final, cuja defesa deve ocorrer no período indicado por § no 
cronograma da Tabela 4. Além disso, prevê a elaboração de pelo menos um 
artigo em periódico científico renomado, a ser concluído no mesmo período de 
apresentação final da dissertação. 
 
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Tabela 5 - Cronograma de atividades do projeto 
 
 
 
4. FOMENTO SOLICITADO 
 
Nesta proposta, solicita-se bolsa de mestrado para a aluna recém aceita no 
PPGEM-FEI Ivy Frazão, orientada pelo proponente deste projeto, Prof. Dr. 
Rodrigo Magnabosco, pelo período de 24 meses. 
 
REFERÊNCIAS 
1. ZEEMANN, G. Corrosão em aços inoxidáveis. Rio de Janeiro, Brasil: 
TECMETAL Soluções Tecnológicas em Materiais, 2016. 70 p. 
 
2. TOMASELLI, A.C. Corrosão por via úmida – seleção de aços 
inoxidáveis. São Paulo, Brasil: Sandvik do Brasil. 28 p. 
 
3. DILLON, C.P. Materila Selection for the Chemical Process Industries. 
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USA: Materials Technology Institute, 2004. 326 p. 
 
4. SANDVIK 3R12: Tube and pipe, seamless - datasheet. Disponível em: 
<http://smt.sandvik.com/en/materials-center/material-datasheets/tube-and-
pipe-seamless/sandvik-3r12/ > Acesso em: 04.fev. 2017 
 
5. SANDVIK 3R65: Tube and pipe, seamless - datasheet. Disponível em: 
<http://smt.sandvik.com/en/materials-center/material-datasheets/tube-and-
pipe-seamless/sandvik-3r65/ > Acesso em: 04.fev. 2017 
 
6. SANDVIK 254SMO: Tube and pipe, seamless - datasheet. Disponível em: 
<http://smt.sandvik.com/en/materials-center/material-datasheets/tube-and-
pipe-seamless/sandvik-254-smo/ > Acesso em: 04.fev. 2017. 
 
7. SANDVIK SAF 2205: Tube and pipe, seamless - datasheet. Disponível em: 
<http://smt.sandvik.com/en/materials-center/material-datasheets/tube-and-
pipe-seamless/sandvik-saf-2205/ > Acesso em: 04.fev. 2017 
 
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11. LUND, Kristina, DELBLANC, Anna, IVERSEN, Anna, Comparing critical 
COMPARATIVO DA RESISTÊNCIA A CORROSÃO POR PITE DE LIGAS DE ALTO CROMO 
Proponente: Rodrigo Magnabosco 
Candidata: Ivy Frazão 
14 de fevereiro de 2017 
 
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datasheets/tube-and-pipe-seamless/sanicro-60/ > Acesso em: 04 fev.2017

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