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3º Congresso Ibéroamericano sobre betão auto-compactável Avanços e opórtunidades Madrid, 3 e 4 de Dezembro de 2012 161 Concretos autoadensáveis com incorporação de resíduos de britagem de rochas: desempenho no estado fresco E. Bacarji Escola de engenharia civil da UFG - Praça Universitária s/n. Setor Universitário. CEP 74605-220 - Goiânia - Goiás – Brasil.edgarbacarji@hotmail.com. R.D. Toledo Filho Departamento de Engenharia Civil, COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, P.O. Box 68506, CEP 21941-972, Rio de Janeiro – RJ, Brasil. toledo@coc.ufrj.br RESUMO Na indústria brasileira de britagem, para a geração de 1t de brita, são geradas 0,3t de areia artificial e 0,03t de materiais finos residuais. A areia artificial já é utilizada na fabricação de diversos artefatos. Os materiais finos constituem-se num problema ainda a ser solucionado. O presente estudo avalia o desempenho destes materiais em Concretos Auto Adensáveis (CAA) no estado fresco. Foram estudadas seis famílias com dois tipos litológicos de agregados: Granito e Micaxisto; como referências, foram produzidas duas famílias com areia natural de rio. Duas famílias estudadas tiveram substituição parcial de 5% do cimento (em massa) pela sílica ativa. O método de dosagem utilizado foi o de Tutikian (2004). Por consequência, cada família de concreto apresentou uma estrutura granular distinta e tem por base semelhantes condições de trabalhabilidade. Caracterizados os materiais, procedeu-se a dosagem dos concretos, estabelecendo-se uma relação aglomerante:agregados totais secos de 1:3. As propriedades analisadas foram o teor de ar incorporado e a densidade dos concretos. Os ensaios realizados foram os estabelecidos pela norma brasileira ABNT NBR 15823 que prescreve os ensaios para verificação das propriedades do CAA. Os ensaios foram: Espalhamento e Tempo de Escoamento pelo Cone de Abrams, Anel J, Teste da Coluna de segregação, Funil V e Caixa L. Verificou-se que estes materiais provenientes da britagem têm potencial para utilização em concretos auto adensáveis; quanto ao tipo litológico, o Granito apresentou melhor desempenho. A substituição parcial do cimento pela sílica ativa mostrou-se benéfica, promovendo uma melhor coesão, reduzindo a segregação. A utilização dos materiais aqui estudados coopera para preservação ambiental, posto que permite a destinação adequada para os resíduos que permanecem estocados nos pátios das empresas de britagem. PALAVRAS-CHAVE: Concretos autoadensáveis. Resíduos britagem. Sustentabilidade. 1.- INTRODUÇÃO A sustentabilidade na construção civil e a preservação ambiental são as principais razões da busca por materiais alternativos de baixo impacto ambiental. Vários tipos de Concretos auto adens. com incorporação de resíduos: desempenho estado fresco 162 materiais têm sido testados como agregados na confecção de concretos e argamassas: Vidros reciclados [1], agregados reciclados de concreto [2], [3], [4], [5], resíduos de espuma de poliuretano rígido[6], resíduos de cerâmica [7], areias artificiais [8], [9], [10], dentre outros. O uso de materiais finos como fíleres provenientes da britagem de rochas em concretos autoadensáveis (CAA) também tem sido pesquisado [11], [12]. Tais aplicações constituem-se numa estratégia importante para a redução da extração das areias de rio e para uma destinação adequada dos resíduos finos que permanecem nos pátios de muitas indústrias. Tal medida influencia em questões como a emissão de CO2, uso de energia, custos de transporte, preservação dos leitos dos rios, etc. O Brasil é um dos mais importantes países emergentes do mundo. Em função do rápido desenvolvimento econômico observado, gera-se uma grande quantidade de resíduos. No ramo da construção civil há uma grande variedade de materiais residuais com potencial de utilização (Bacarji et al. [13]). Segundo os autores, em 2010 foram geradas mais de 5 milhões de toneladas de resíduos finos provenientes da produção de brita. A continuar no mesmo ritmo de crescimento, a espectativa é da geração de mais de 20 milhões de toneladas destes resíduos por ano em 2020, e de mais de 290 milhões de toneladas de areia artificial, também subproduto da britagem das rochas, no mesmo ano. Isto significa que, se não se encontrar uma aplicação tecnicamente viável para estes materiais, o Brasil terá sérios problemas ambientais com este setor num futuro próximo. O presente trabalho tem por objetivo avaliar o desempenho dos materiais residuais citados no parágrafo anterior nas propriedades do CAA no estado fresco. Para tanto, foram utilizados agregados e finos provenientes de rochas granítica e de micaxisto; como concretos de referências, para avaliar o desempenho das areias artificiais, foram produzidos dois tipos de concretos com areia natural de rio: um com finos e agregados graúdos de granito e outro com agregados graúdos e finos de micaxisto. Avaliou-se ainda o efeito da substituição de 5% do cimento utilizado nos concretos com areias artificiais por sílica ativa. 2.-MATERIAIS E MÉTODOS 2.1.- Materiais O cimento utilizado foi o CP-V-ARI. Trata-se de um cimento de alta resistência inicial, cujo uso é muito frequente nas indústrias de pré-moldados no Brasil. Seguem-se suas principais características: finura Blaine de 515,7 m2/kg, densidade de 3110 kg/m3, resistência média à compressão de 24,49; 32,15; 36,75 e 43,64 MPa aos 1, 3, 7 e 28 dias, respectivamente, para uma relação água/aglomerante (w/aglom) = 0,48. A sílica ativa apresentou densidade de 2.280kg/m3. Os materiais finos, subprodutos da britagem, foram o fino de granito, com densidade de 2.735 kg/m3 e o fino de micaxisto, com densidade de 2.840kg/m3. As curvas granulométricas do cimento, da sílica ativa e dos finos estão apresentadas na Fig. 1. No quadro 1 são apresentados os diâmetros d10, d50, d90, que são os diâmetros abaixo dos quais se encontram 10%, 50% e 90% dos volumes analisados. E. Bacarji, R.D. Toledo Filho 163 Figura 1. Curvas granulométricas dos aglomerantes e finos Quadro 1. Diâmetros d10, d50, d90 dos aglomerantes e finos Os três tipos de areias utilizadas foram: areia quartzosa de rio com densidade de 2.620 kg/m3, Módulo de Finura (MF) de 1,94 e Diâmetro Máximo (Dmax) de 2,36mm. Areia artificial de granito com densidade de 2.650 kg/m3, MF de 3,16 Dmáx.de 4,75 mm, areia artificial de micaxisto com densidade de 2.750 kg/m3, MF de 2,88 e Dmáx. de 6,3 mm. Os agregados graúdos apresentaram as seguintes propriedades: Agregado de granito: densidade de 2.630 kg/m3, Dmax = 12.5 mm, e MF de 5.63; agregado de micaxisto: densidade de 2.750 kg/m3, Dmax = 12.5 mm, e MF de 6,17. As curvas granulométricas das areias, dos agregados e os limites estabelecidos pela Norma brasileira NBR 7211 [16] estão representadas na fig. 2. Foi utilizado um dispersante do tipo Poliacrilato, com teor de sólidos de 31,2 %, massa específica de 1.073 kg/m³ e pH 6,2. 2.2. -Métodos Para a obtenção dos CAA seguiu-se a metodologia proposta por Tutikian [14] que, por sua vez, tem como ponto de partida os Concretos Convencionais (CC) obtidos segundo a metodologia proposta por Helene [15]. Em sua metodologia de dosagem, Helene [15] estabelece três relações aglomerante:agregados totais secos (aglom:agreg): uma relação rica em cimento, geralmente 1:3; uma relação pobre em cimento, geralmente 1:6, e uma relação intermediária, geralmente 1:4,5. Para se alcançar o objetivo do presente trabalho, bastou a adoção de uma relação aglom:agreg. No caso, optou-se pela relação 1:3 para a obtenção de concretos com resistências mais elevadas, geralmente superiores a 40MPa, a 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,05 0,5 5 50 500 (% ) p as sa Diâmetro (µm) Cimento F. Micaxisto F. Granito Sílica Ativa Diâmetros Diâmetros (µm) S. Ativa Cimento Micaxisto Granito d (10) 0,28 1,92 9,88 13,06 d (50) 0,42 11,66 51,29 80,92 d (90) 3,1538,04 133,28 291,09 Concretos auto adens. com incorporação de resíduos: desempenho estado fresco 164 depender dos materiais utilizados. De forma sucinta, uma vez adotada a relação aglom:agreg, a metodologia proposta por Helene [15] consiste em se proceder a substituição parcial do agregado graúdo por agregado miúdo, em incrementos de 5%, até a obtenção de um concreto com boas condições de trabalhabilidade. Figura 2. Curvas granulométricas dos agregados Estas condições são verificadas de forma experimental, por meio do teste de abatimento do tronco de cone (Slumptest). No presente estudo adotou-se um abatimento de 80 ± 20mm e uma relação água/aglomerante (w/aglom) inicial de 0,45 para todos os concretos analisados. Feito tal procedimento, obteve-se o teor ideal de argamassa, targ, dado pela Eq. (1): 𝑡𝑎𝑟𝑔 = 𝑎 𝑎 + 𝑎𝑔𝑙𝑜𝑚 𝑥100 (1) Sendo a a massa de agregado miúdo; Os concretos convencionais foram identificados conforme a Tab. 2. Quadro 2. Identificação dos CC Identificação Agreg. graúdo Agreg. miúdo Sílica ativa(%) C-REF1 Micaxisto Areia de rio - C-MX Micaxisto Micaxisto - C-MX5 Micaxisto Micaxisto 5 C-REF2 Granito Areia de rio - C-GN Granito Granito C-GN5 Granito Granito 5 Assim, obtiveram-se os traços unitários dos CC dados na Tab.3. 0 20 40 60 80 100 0 1,5 3 4,5 6 7,5 9 10,5 12 (% ) P as sa Diâmetro (mm) areia Micaxisto areia granito areia natural Lim. ótimo Inf. NBR 7211 Lim. ótimo sup. NBR 7211 Lim. util.Inf. NBR 7211 Lim. util. Sup. NBR 7211 brita Granito Lim. Sup. brita NBR 7211 Lim. Inf. Brita NBR 7211 Brita Micaxisto E. Bacarji, R.D. Toledo Filho 165 Quadro 3. Traços dos CC Concretos Traços (aglom:a:b*) targ (%) w/aglom Slump (mm) C-REF 1 1:1,16:1,84 54 0,45 80 C-MX 1:1,24:1,76 56 0,49 60 C-MX 5 1:1,24:1,76 56 0,54 70 C-REF 2 1:1,00:2,00 50 0,45 80 C-GN 1:1,08:1.92 52 0,49 65 C-GN5 1:1,08:1,92 52 0,53 60 * b=agregado graúdo. Na metodologia proposta por Tutikian [14], a partir dos traços obtidos segundo a metodologia de Helene [15], procede-se a substituição parcial dos agregados miúdos pelos finos até a obtenção do CAA com as propriedades desejadas, uma vez fixado o teor de aditivo superplastificante; a verificação preliminar destas propriedades é feita de forma visual procedendo-se ao ensaio de espalhamento do concreto. Posteriormente, quando da realização dos demais ensaios, como a do funil V e da Coluna de segregação, procedem-se novos ajustes, caso necessários. Finalizada a metodologia de dosagem dos CAA obteve-se o teor de substituição de finos, tsub dado pela eq.(2): 𝑡𝑠𝑢𝑏 = 𝑓 𝑓 + 𝑎 𝑥100 (2) Sendo f a massa de finos utilizada. Os dados relativos aos traços dos CAA produzidos são dados na Tab. 4. Determinados os traços unitários, o consumo de cimento, C, por m3 de concreto pode ser obtido pela eq. (3). 𝐶 = γ𝑐𝑜𝑛 𝑎𝑔𝑙𝑜𝑚 + 𝑓 + 𝑎 + 𝑏 + 𝑤/𝑎𝑔𝑙𝑜𝑚 (3) Onde γcon é a densidade do concreto no estado fresco. Para a produção dos concretos utilizou-se uma betoneira com capacidade de 80 litros, colocando-se os materiais na seguinte ordem: Agregado graúdo e agregado miúdo e mistura por 3 min.; adição de 50% da água de amassamento e mistura por 3min.; acréscimo dos finos de granito ou micaxisto e aglomerantes com mistura de 3min.; acréscimo da água restante; mistura por 3min. e acréscimo do aditivo superplastificante com mistura de 12min. No presente trabalho, haja vista a variedade de finos utilizados (cimento, sílica ativa e os resíduos), não se procedeu ao ensaio para a determinação do ponto de saturação do Concretos auto adens. com incorporação de resíduos: desempenho estado fresco 166 superplastificante e o seu correspondente teor; antes, visando à adoção de uma relação w/aglom baixa e, por consequência, boas propriedades mecânicas, adotou-se um teor inicial de superplastificante de 1,5% em relação à massa de cimento. Quadro 4. Traços dos CAA Concretos Traços (aglom:f:a:b) tsub (%) SPPF. (%) w/aglom S. Ativa (%) REF1 1:0,38:0,78:1,84 33 1,50 0,36 - MX 1:0,74:0,50*:1,76 60 1,50 0,50 - MX5 1:0,54:0,70:1,76 44 1,80 0,50 5 REF2 1:0,34:0,66:2,00 34 1,50 0,38 - GN 1:0,53:0,55:1,92 49 1,50 0,45 - GN5i 1:0,51:0,57:1,92 47 1,80 0,45 5 *80% A. rio; 20% A. Micax. 3.- RESULTADOS E DISCUSSÕES. 3.1.- Quanto à caracterização dos materiais. Quanto à granulometria dos aglomerantes e materiais finos (Fig.1 e Tab.1), observa-se que o fino de micaxisto apresentou granulometria um pouco inferior à do granito e que ambos têm granulometria superior à do cimento. Quanto aos agregados miúdos, verifica- se que nenhum deles se enquadrou dentro dos limites ótimos especificados pela NBR 7211 [16]; todavia, todos se enquadraram dentro dos limites utilizáveis. Da mesma figura, verifica-se que os agregados graúdos não se enquadraram dentro dos limites da NBR 7211 [16] para agregados até 12.5mm; a brita de granito ficou acima do limite inferior (muito fina) até o diâmetro aproximado de 5mm; a partir do diâmetro de 6,3mm apresentou-se dentro dos limites; já a brita de micaxisto apresentou comportamento oposto, ficando dentro dos limites até o diâmetro aproximado de 5mm e saindo destes limites a partir do diâmetro de 6,3mm. 3.2.- Quanto à dosagem dos concretos Observou-se da Tab. 3 que os CC obtidos com a areia de rio apresentaram menor teor ideal de argamassa (54% dentre os concretos com agregados graúdos de micaxisto e 50% dentre os concretos com agregados graúdos de granito). A demanda de água também foi menor para estes concretos (w/aglom=0,45) e a trabalhabilidade, medida pelo slumptest, foi melhor (80 mm para os dois concretos). Tais fatos podem ser explicados pela distribuição granulométrica da areia de rio, mais fina que as demais areias e pela sua forma mais arredondada. Os concretos com a substituição parcial de 5% de cimento por sílica ativa (C-MX 5 e C-GN5) demandaram uma maior relação w/aglom afim de manterem condições semelhantes de trabalhabilidade; isso deveu-se à granulometria bem inferior da sílica ativa (fig. 1) e sua elevada área superficial. Na obtenção dos CAA foi observado que o teor de substituição de finos foi menor para os concretos com areia de rio (33% dentre os concretos com agregados graúdos de micaxisto e 34% dentre os concretos com agregados graúdos de granito, conforme Tab. 4). À semelhança dos CC, estes concretos também demandaram uma menor relação w/aglom. Quanto ao teor de SPPF, demandaram as quantidades estabelecidas no início da análise, 1,5%. Os concretos MX e GN, para este mesmo teor de SPPF, demandaram uma maior relação w/aglom (0,50 e 0,45, respectivamente). Os concretos MX5 e GN5, E. Bacarji, R.D. Toledo Filho 167 para manterem as mesmas condições de trabalhabilidade e mesma relação w/aglom dos concretos MX e GN, necessitaram de um maior teor de SPPF (1,8%). Observa-se ainda que, para o concreto MX, não foi possível a substituição total da areia de rio; nas diversas tentativas de obtenção deste concreto com a areia de micaxisto, percebeu-se uma grande segregação. A quantidade máxima de substituição foi de 20%. Todavia, ao se substituir 5% de cimento por sílica ativa (MX5), conseguiu-se a substituição total da areia de rio pela areia de micaxisto. 3.3.- Quanto às propriedades no estado fresco A Quadro 5 apresenta os resultados dos ensaios realizados no estado fresco, bem como as resistências médias aos 28 dias, fc28. Estas resistências são aqui apresentadas para dar uma noção da ordem de grandeza destas variáveis, mas não são aqui discutidas. A Figura 3 ilustra os aspectos dos espalhamentos e Anel J dos concretos em estudo. A Norma NBR 15823-1 [17] estabelece os seguintes limites: Espalhamento a um mínimo de 550 mm e a um máximo de 850 mm;Segregação a um máximo de 20%, tempo de fluxo do funil V a um máximo de 25 s; a relação entre as Alturas h2/h1 da caixa L a um mínimo de 0,80e a diferença entre o espalhamento sem o anel j e o espalhamento com o anel a um máximo de 50mm; Pela análise dos resultados verifica-se que todos os concretos satisfizeram a normalização quanto aos ensaios de espalhamento (Esp.), segregação (Segr.) e Coluna (h2/h1). Os concretos MX5 e GN5 tiveram segregação nula. Segundo a mesma norma, os concretos com t500 acima de 2s podem ser aplicados nos casos gerais, onde não há concentrações de armaduras. Gomes e Barros [18] apresentam o limite superior de 7s. Os concretos REF1, MX, MX5 E GN5 não satisfizeram às condições do Funil V e os concretos MX, MX5 e GN5 não satisfizeram a condição do Anel J, indicando baixa capacidade de atravessar obstáculos. Poderiam ser feitos ajustes na dosagem; todavia, como há determinadas aplicações em que estas variáveis não são exigidas, como em placas ou painéis de pequena extensão, preferiu-se não se proceder tais ajustes. Pode-se inferir de Alencar [19] que valores altos do Funil V e Anel J podem ocorrer como particularidade do Método de Tutikian [14], que não faz a correção do teor de argamassa e consequente redução dos agregados graúdos. O consumo de materiais por m3 de concreto para cada mistura está apresentado na Tab.6. Quadro 5. Resultados no estado fresco e fc28 Concr etos fc28 MPa Esp. [mm] Segr. [%] h2/h1 t500 [s] Funil V [s] Anel J [mm] Ar [%] Dens. [kg/m3] REF1 40,38 680 5,45 0,89 5,7 31 50 1,9 2.365 MX 31,66 660 7,12 0,83 6,0 31 53 2,0 2.353 MX5 32,96 680 0 0,83 6,5 36 60 2,0 2.371 REF2 51,01 700 2,55 0,89 3,8 14 35 2,0 2.350 GN 47,42 670 4,25 0,88 4,2 18 41 1,9 2.355 GN5 55,53 670 0 0,85 5,8 30 54 1,9 2.347 Concretos auto adens. com incorporação de resíduos: desempenho estado fresco 168 Figura 3. Aspectos dos espalhamentos e do anel J dos CAA Quadro 6. Consumo de materiais por m3 concreto (kg/m3) Materiais REF1 MX MX5 REF2 GN GN5 Cimento 542 523 501 537 529 501 Síl. ativa - - 26 - - 26 Finos 206 387 285 183 280 269 Areia 423 262 369 354 291 300 Brita 997 920 928 1.074 1.016 1012 Água 195 262 264 204 238 237 SPPF 8,1 7,8 9,5 8,1 7,9 9,5 Da Quadro 6 podem-se observar pequenas variações no consumo de aglomerante entre os diversos concretos. A maior variação ocorreu no concreto MX em relação ao concreto REF1. Da eq.(3) pode-se inferir que, posto que a soma (𝑎𝑔𝑙𝑜𝑚 + 𝑓 + 𝑎 + 𝑏) é a mesma para todos os concretos, tal variação se deveu pelo fato de que o concreto MX apresentou a maior relação w/aglom e o concreto REF1 apresentou a menor relação. Sob a ótica da preservação ambiental, os concretos onde se utilizaram areias artificiais são preferíveis em relação aos concretos REF1 e REF2, uma vez que os primeiros consomem maiores quantidades da soma (areias e finos); já os últimos consomem maior quantidade de areia de rio e menor quantidade de finos. 4.- CONCLUSÕES O presente trabalho avaliou o desempenho no estado fresco de CAA com a incorporação de resíduos de britagem de rochas. Foram estudados concretos com agregados e finos de origem granítica e de micaxisto. De forma geral, os materiais de ambas as rochas se mostraram adequados à produção dos CAA, sendo que os concretos onde se utilizou o granito obtiveram melhor desempenho. Os concretos com a areia artificial (MX, MX5, GN e GN5) apresentaram desempenho inferior quando comparado aos concretos de referência (REF1 e REF2). Tal fato pode ser atribuído às formas das areias artificiais, mais lamelares e angulosas, quando comparadas à areia de rio. Quanto aos finos, proporcionaram coesão suficiente, podendo ser utilizados na substituição parcial das E. Bacarji, R.D. Toledo Filho 169 areias. Quanto à capacidade de atravessar obstáculos, medida pelo ensaio do funil V, os concretos REF2 e GN apresentaram melhores resultados, satisfazendo à normalização brasileira. A substituição de 5% do cimento pela sílica ativa eliminou a segregação, reduziu a capacidade de atravessar obstáculos e demandou um maior consumo de aditivo superplastificante. Importante ainda ressaltar é o fato de que as areias artificiais e os finos estudados são resíduos ainda sem uma destinação adequada na construção civil brasileira; sua utilização na produção de CAA é tecnicamente viável e coopera com o desenvolvimento sustentável. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq) pelo suporte financeiro e à Holcim Brasil pela doação do cimento. REFERÊNCIAS [1] KOU, S.C., POON, C.S. - Properties of self-compacting concrete prepared with recycled glass aggregate. Cement & Concrete Composites, v.31, p.107-113. 2009. [2] EVANGELISTA, L; BRITO, J. - Durability performance of concrete made with fine recycled concrete aggregates. Cement & Concrete Composites, v. 32. p. 9-14. 2010. [3] ACHTEMICHUK, S; HUBBARD, J; SLUCE, R; SHEHATA, M. H. - The utilization of recycled concrete aggregate to produce controlled low-strength materials without using Portland cement. 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