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PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
www.marcosjosedeoliveira.com.br 
 
 
 
 
MATERIAL DIDÁTICO DE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CIVIL III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROF: MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
VERSÃO 2020-1 
 
 
PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
www.marcosjosedeoliveira.com.br 
 
 
DIREITO CIVIL III 
 
 “Nem tudo que é legal é legítimo” 
Emir Sader 
I – DOS CONTRATOS 
 
- “Contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem 
jurídica, destinado à regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo 
(objetivo) de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza 
patrimonial”. 
 
- REQUISITOS DE VALIDADE: (art. 104, CC). 
 
1. Subjetivos, inciso I, art. 104 
 
a) Capacidade de fato (genérica): denominada de capacidade de exercício ou 
de ação 
 - Capacidade de direito ou de gozo: 
 - necessária à assistência ou a representação 
 
b) Aptidão específica (limitadora da capacidade genérica). 
 - capacidade especial, legitimação. 
 - poder de disposição das coisas 
 Ex.: 1. Alienação de imóvel 
 2. Doação, transação 
 3. Venda de bens de ascendentes para descendentes. 
 
c) Consentimento 
 - recíproco em relação a: (acordo entre as partes) 
 a) existência e natureza do contrato; 
 b) objeto do contrato; 
 c) cláusulas. 
OBS: deve ser livre e espontâneo, sob pena de invalidade (erro dolo, coação, estado 
de perigo, lesão e fraude a credor). 
OBS: Manifestação da vontade: 
 - Expressa: exteriorizada de forma inequívoca: 
 - verbalmente 
 - por escrito 
 - por gesto ou mímica 
 - Tácita: é a que se infere da conduta do agente 
 - p.ex.: na doação pura o uso, posse e guarda, sem 
declaração de vontade, traduz aceitação pelo donatário. 
 
- Silêncio como manifestação de vontade tácita 
 - pode ser interpretado como manifestação tácita de vontade quando as 
circunstâncias ou os usos o autorizarem e não for necessária a declaração de 
vontade expressa (CC, art. 111), quando a lei o autorizar – doação pura (CC, art. 
539), venda a contento (CC, art. 512), ou havendo praxe comercial (CC, art. 432), 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
www.marcosjosedeoliveira.com.br 2 
ou, ainda, quando referido efeito for convencionado em um pré-contrato. 
 
 Temos ai o silêncio qualificado ou circunstanciado. 
 
- Autocontrato ou contrato consigo mesmo 
 - OBS: regra geral, não se admite. 
 - Exceção: CC, art. 117 
 
 
2. Objetivos, inciso II, art. 104. 
 
a) Licitude do objeto: 
 - objeto lícito é o não contrário a lei, moral e bons costumes. 
 
b) Possibilidade do objeto: 
 - Impossibilidade: Diz-se impossível o objeto quando insuscetível de 
realização. 
 -- Impossibilidade: física ou jurídica: 
 -- Impossibilidade: física 
 - absoluta: (por ninguém realizável) 
 - relativa: (é aquela que pode ser removida pela parte no futuro ou por 
terceiro). 
 -- Impossibilidade: jurídica: (obstáculo imposto pela norma – art. 426, CC). 
 
c) Determinação do objeto: 
 - Determinado: (coisa certa, já existente). 
 - Determinável: (indeterminado relativamente ou suscetível de determinação no 
momento da execução) 
 - Coisa incerta: (CC, art. 243) 
 - a indicação deve dar-se pelo menos pelo gênero e quantidade. 
 - venda alternativa: (CC, art.252) 
 - a indeterminação cessa com a concentração. 
 
Considerações: Nem sempre basta o gênero e quantidade. Alguns objetos 
requerem, pela sua natureza, a espécie e as qualidades individuais. 
 
d) Economicidade do objeto: OBS: não mencionado no art. 104. 
 - Segundo a doutrina, é requisito de validade. 
 
3. Formais, inciso III, art.104: 
 
- Forma é o meio de revelação da vontade. 
 - Sistemas universais: 
 - o consensualismo, da liberdade da forma; 
 - do formalismo ou da forma obrigatória. 
 
- Espécies de formas: 
 - forma livre: qualquer meio de manifestação da vontade não imposto pela lei; 
 - forma especial ou solene: é a exigida pela lei; 
 - forma contratual: é a convencionada pelas partes (CC, art. 109) 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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 “A força do direito deve superar o direito da força” 
Rui Barbosa. 
- FORMAÇÃO DOS CONTRATOS 
a) Manifestação da vontade: 
 - primeiro e mais importante requisito de existência do negócio jurídico. 
 
b) Negociações preliminares: 
 - fase pré-contratual 
 - conhecida por fase de puntuação; 
 - fase de sondagens; pesquisas; orçamentos; 
 - não há vinculação (obrigatoriedade) entre as partes; 
 - minuta (projeto). 
 - OBS: pode existir prática de ato Ilícito? (CC, art. 187) 
 - dever de lealdade e correção, de informação, de proteção e de 
cuidado e de sigilo (decorrente da boa-fé). 
 - culpa aquiliana. 
 
c) Proposta ou policitação (oferta ou oblação) 
 
 “é uma declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra por 
força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se 
a outra parte aceitar”. 
 
- Características: 
 
- Negócio jurídico unilateral 
- Força vinculante: (CC, art. 427) 
- Negócio jurídico receptício: (receptício de vontade dirigida) 
 
- Deve conter todos os elementos essenciais do negócio proposto. (séria, 
consciente, clara, completa, precisa e inequívoca). 
 
- Revogação da proposta: 
 - CC, parágrafo único, art. 429 – pela mesma via de sua publicação, desde 
que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 
 
- Proposta não obrigatória: 
 
 -Cláusula expressa: quando há declaração de não ser definitiva e pode ser 
retirada a qualquer momento; 
 - Natureza do negócio: (CC, art. 429), oferta aberta ao público; 
 - Hipóteses do art. 428, C.C. 
 
- Contratos entre presentes e contratos entre ausentes 
 
 - Presentes – todas as vezes que as partes podem manifestar sua vontade ao 
mesmo tempo (concomitantemente). Ex.: Internet – on line, etc. 
 
 - Ausentes – não se dá ao mesmo tempo. Ex. Correspondência epistolar; e-mail; 
fax, etc. 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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 “Ser bom é fácil, o difícil é ser justo”. 
 
Victor Hugo. 
d) Aceitação 
 
 - “é uma adesão integral à proposta”. 
 - A aceitação pura e simples é a que tem o poder de aperfeiçoar o contrato. 
- Aceitação fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, importa nova 
proposta (CC, art. 431), comumente denominada de contraproposta. 
 
- Espécies: 
-Expressa 
-Tácita 
 - CC, art. 432 (praxe comercial, dispensa de aceitação) 
 
- Inexistência da força vinculante 
 - CC, art. 430 (motivos imprevistos) 
 - CC, art. 433 (retratação do oblato) 
 
- Momento da conclusão do contrato 
 - inter praesentes: 
 - inter absentes: 
 - teoria da informação ou da cognição: 
 - é o da chegada da resposta, quando toma conhecimento. 
 - teoria da declaração: 
 - declaração propriamente dita: 
 - coincide com a redação da aceitação 
 - da expedição: 
 - momento da expedição. 
 - da recepção: 
 - exige que a resposta tenha sido entregue. 
 - Teoria adotada pelo CC 2002, art. 434: 
 - teoria da expedição, com três exceções: 
 - caso do art. 
 - retratação oportuna pelo oblato; 
 - se o proponente se houver comprometido a esperar a resposta; 
 - se a resposta não chegar no prazo convencionado. 
- OBS: desfiguração da teoria da expedição, filiando-se à teoria 
da recepção. 
 
- Local de celebração dos contratos 
- Regras Supletivas = aquelas aplicáveis na ausência de convenção em 
contrário. 
 
- C.C, art. 435. 
- § 2º do art. 9º da LINDB 
 
* Foro de eleição: é o local eleito pelas partes para definir os conflitos do contrato. 
 
* Na relação de consumo (CDC) a eleição é nula. O consumidor escolhe o foro 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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competente. 
 - MP 2200 de 28/06/2001, instituiu a ICP-Brasil. 
 
- Direito de arrependimento 
- Tem de ser convencionado. 
 - O arrependimento convencionado pode ser: 
 
 Com ônus Sem ônus 
 - sinal ou arras, ou por convenção - convencionado em contrato 
 
 
 - Arrependimento sem prazo = até antes do início da execução do contrato. 
 
- Direito de arrependimento no C.D.C. – exceção 
 
 - legal – prazo de reflexão ou prazo moral 
 7 dias 
 
 fora do estabelecimento 
 por telefone. 
 
- Proibição do pacto sucessório 
- Art. 426, C.C. 
- Art. 2018, C.C. 
 
- Forma e prova dos contratos 
 
- Forma: envoltório que reveste a manifestação da vontade. 
- Prova: serve para demonstrar a existência do ato. 
 - características da prova no Direito Civil. 
 
 
 “O poder não corrompe, o medo corrompe. Talvez o medo de perder o poder”. 
 
John Steibeck. 
 
INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
Interpretar: precisar o alcance do conteúdo da declaração de vontade. (art. 112, 
C.C.). 
 
Espécies 
 
Declaratória: visa a intenção comum das partes no momento da celebração do 
contrato – art. 112, C.C. 
 
Constitutiva ou declarativa: objetiva o aproveitamento do contrato suprindo suas 
lacunas e omissões (através do princípio da conservação). 
 
- Princípios: 
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 * Boa-fé (objetiva) -> A honestidade, lealdade, dever de informação. 
 * Conservação: (deve o intérprete buscar a conservação do contrato, 
suprindo as lacunas). 
Outras regras: 
 
1. Adesão: em favor do aderente (aquele que não pode discutir as cláusulas do 
contrato) – art. 423, C.C. 
 
2. Transação: restritivamente – art. 843, CC. 
 
3. Fiança: não admite interpretação extensiva – art. 819 
 
4. Testamento: assegurar a vontade do testador – art. 1.899, C.C. 
 
5. CDC: art. 47. 
 
Critérios de Interpretação: 
 
a) Intenção: pelo modo de execução; 
 
b) Dúvida: maneira menos onerosa para o devedor (desde que não dê prejuízo ao 
credor). 
 
c) Cláusulas em conjunto: não pode ser interpretada isolada. Não avalia cláusula 
em separado. 
 
d) Obscuridade: deve ser imputada a quem redigiu o contrato. 
 
 
“A consciência avisa-nos como amiga antes de nos julgar como juiz”. 
Starislaw 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
1. QUANTO A NATUREZA DAS OBRIGAÇÕES 
1.1 
a) Contrato Unilateral -> quando da sua formação (aperfeiçoamento, celebração) 
geram obrigações para apenas uma parte. 
Ex. doação, comodato, depósito gratuito. 
 
b) Contrato Bilateral -> quando da sua formação geram obrigações para ambas as 
partes. Sinalagmáticos. 
Ex. compra e venda, locação, prestação de serviços, etc. 
 
1.2 
a) Contratos Onerosos -> Ambas as partes sofrem um sacrifício patrimonial que 
corresponde a uma vantagem mútua (contraprestação). 
Ex.: Compra e venda, locação, prestação de serviços. etc. 
 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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b) Contratos Gratuitos -> São os que geram um sacrifício patrimonial somente para 
uma parte, enquanto a outra só se beneficia. 
Ex. Depósito gratuito, mandato gratuito etc. 
 
1.3 
a) Contratos Comutativos -> São aqueles que no momento da celebração ambas 
as partes conhecem a sua respectiva prestação. 
Ex.: locação, comodato, outros. 
 
b) Contratos Aleatórios -> São aqueles que no momento da celebração, pelo 
menos uma parte desconhece a sua prestação. Álea = risco (desconhecido da 
prestação). 
Ex.: Contrato de seguro, compra e venda de safra futura, etc. 
 
1.4 
a) Paritários -> As partes estão em pé de igualdade e discutem na fase de 
puntuação (negociações preliminares) as cláusulas do contrato. 
Ex.: venda de um semovente. 
 
b) Por Adesão -> São aqueles em que todas as cláusulas estão pré-estabelecidas 
por uma das partes. A outra parte somente adere ao contrato. Lei 8.078/90, art. 54, I, 
CDC. 
Ex. Contrato de locação de carro; CELG, consórcio, 
 
 
 “Quando os homens são puros as leis são desnecessárias; quanto corruptos as leis 
são inúteis”. 
Disraelli 
2) QUANTO A FORMA: 
 
a) Consensuais -> São aqueles que se aperfeiçoam (celebram) com o simples 
acordo de vontades. 
Ex.: Locação, prestação de serviços, compra e venda de coisa móvel, etc. 
 
Obs: Nos contratos consensuais a entrega da coisa está na fase de execução. 
Compra e venda de móvel é tipo de contrato consensual. 
 
b) Reais -> Se aperfeiçoam com a entrega da coisa. O simples acordo de vontades 
é insuficiente para a sua celebração. 
Ex. contrato de depósito, comodato (só existe com a entrega da coisa). 
OBS: Nos contratos reais a entrega da coisa está na fase de celebração. 
OBS: Não existe contrato de compra e venda real. 
 
c) Formais -> São aqueles que a exteriorização da vontade deve se dar mediante a 
utilização de uma forma especial. 
Ex: compra e venda de imóveis 
 
Obs: -> Compra e venda de imóvel é tipo de contrato formal. 
Fases importantes que devem ser identificadas nestes contratos: 
- momento da celebração 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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- momento da execução 
 
3) QUANTO À SUA DENOMINAÇÃO 
 
a) Nominados (típicos) -> São aqueles que têm “nomem iuris”. Recebem da ordem 
jurídica uma regulamentação e uma denominação. 
Ex.: Todos os contratos na parte especial do C.C. 
 
b) Inonimados (atípicos) -> São os que não recebem da ordem jurídica uma 
regulamentação e uma denominação. (criados pela autonomia da vontade das 
partes) Ex.: cessão de clientela. 
 
4) QUANTO AO TEMPO DE SUA EXECUÇÃO 
 
a) Execução instantânea -> São os contratos que se cumprem imediatamente após 
terem sido celebrados. Ex.: compra e venda à vista. 
 
b) Execução diferida -> São os contratos que se cumprem num só ato no futuro. O 
que caracteriza essa execução é a existência de um só ato no futuro. 
 
c) Execução continuada -> São aqueles que se cumprem através de vários atos 
para o futuro. Ex.: compra e venda à prazo, contrato de consórcio, etc. 
 
OUTROS 
 
a) Principais -> São aqueles que não dependem de outro contrato para existir e 
gerar efeitos. 
Ex.: Compra e venda, locação, mútuo etc. 
b) Acessórios -> Os que dependem de outros para existir e gerar efeitos. 
Ex.: Fiança. 
c) Civis: São aqueles cujas partes são pessoas físicas ou jurídicas. 
 
De consumo -> quando uma das partes é consumidor. 
Eletrônicos -> aqueles celebrados por meio eletrônico. 
 
 
‘“As leis que não protegem os nossos adversários não podem proteger-nos” 
Rui Barbosa 
 
PRINCÍPIOS DE DIREITO CONTRATUAL 
 
a) Autonomia da vontade: 
 Expresso no art. 421 do CCB: “A liberdade de contratar será exercida em 
razão e nos limites da função social do contrato”. 
- Liberdade de: 
 - Contratar ou não: nem sempre temos esta liberdade. Ex. CDC art. 39, II. 
 - Fixar o conteúdo: Determinar as cláusulas. 
 - Escolher a outra parte: relativa. 
 - Criação de novo contrato: quando nãoo existe o tipo legal 
 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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- Limitações: Ordem pública, bons costumes e a revisão judicial: 
 
b) Princípio da supremacia da ordem pública: 
 O princípio da supremacia da ordem pública nasceu no início do século XX, 
com a industrialização crescente, quando se verificou a necessidade de proteção do 
economicamente mais fraco, provocado pelo desequilíbrio que a liberdade em 
contratar gera. Várias leis foram editadas sob os auspícios deste princípio: lei do 
inquilinato, o Código de defesa do Consumidor, lei da Usura etc. 
 Preceitua o parágrafo único do art. 2035 do CCB: 
“Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais 
como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da 
propriedade e dos contratos” 
 Cita-se o princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva 
como instrumento de intervenção para regular as relações entre os mais fracos e os 
que detêm o poder econômico em mãos. 
 
c) Consensualismo: na gênese de todo contrato háum acordo de vontades. 
 Orienta acerca do acordo de vontades entre as partes como instrumento de 
celebração dos contratos, em oposição ao formalismo e simbolismo do Direito 
Romano que vigorou. 
 A forma livre é a regra no direito brasileiro e o formalismo a exceção. 
 
d) Relatividade dos efeitos dos contratos: 
 Os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, não vinculando 
terceiros nem seu patrimônio. 
 
Exceções: 
1. Estipulações em favor de terceiros: Ex. Seguro de vida. O terceiro não participa do 
contrato e é quem recebe os efeitos deste. 
2. Herdeiros: Só responde até a força da herança. OBS: a obrigação personalíssima 
sofre exceção. 
3. Convenções coletivas de trabalho. 
 
 Jornada de Direito Civil: “A função social do contrato, prevista no art. 421 do 
novo Código Civil, constitui cláusula geral, a impor a revisão do princípio da 
relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela 
externa do crédito” 
 
e) Obrigatoriedade dos contratos: 
 Também é conhecido por princípio da intangibilidade e por princípio da força 
vinculante dos contratos, busca a vinculação das partes no contrato, 
compreendendo a irreversibilidade da palavra empenhada. 
 Tem por fundamento: 
a) A intangibilidade ou imutabilidade dos contratos em face do pacta sunt 
servanda (os pactos devem ser cumpridos) 
b) A necessidade de gerar segurança jurídica à sociedade 
 OBS: o caso fortuito e a força maior (CC, 393 e parágrafo único) são tidos como 
limites a este princípio. 
 
f) Revisão dos contratos ou da Onerosidade Excessiva 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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 Faz oposição ao princípio da Obrigatoriedade dos contratos possibilitando a 
sua revisão quando ocorrer as hipóteses de aplicação da rebus sic stantibus – 
teoria da imprevisão (CC, art.478) 
 
g) Boa-fé e da probidade 
 CC, Art. 422: “Os contraentes são obrigados a guardar, assim na conclusão 
do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e da boa-fé.” 
 A boa-fé objetiva está fundada no dever de conduta das partes em todas as 
fases contratuais, pré-contratual e pós –contratual. Consiste no dever de lealdade, 
honestidade, retidão, e na consideração para com os interesses do outro 
contratante, resultando no dever de informação. 
 - Proibição do venire contra factum proprium: proibição de conduta atual 
contraditória com conduta anterior. Enunciado 362, IV Jornada de Direito Civil do 
Conselho da Justiça Federal - CJF: “A vedação do comportamento contraditório 
(venire contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança tal como se extrai 
dos artigos 187 e 422 do Código Civil”. 
 - Suppessio: um direito que deixa de ser exercido por um determinado lapso 
temporal não pode mais sê-lo. 
 - Surrectio: a prática reiterada de certos atos acarreta o nascimento de 
direito. Ex. distribuição de lucros de uma empresa em desacordo com os estatutos, 
pode gerar o direito de recebimentos futuros. 
 - Tu quoque: proíbe que se exija de outrem o que não se cumpriu. Aplicação 
do mesmo princípio da exceptio non adimpleti contractus (o que não cumpriu a lei ou 
obrigação contratual não pode exigir o cumprimento da do outro). 
 
h) Função social dos contratos: 
 CC, Art. 421: “A liberdade em contratar será exercida em razão e nos limites 
da função social dos contratos” 
 Os contratos devem ser concebidos hodiernamente com vistas a atender a 
sua função social, que se pauta em realizar uma justiça comutativa, impedindo 
desigualdades substanciais entre os contraentes. 
 Limita a autonomia da vontade das partes quando esta está em 
desconformidade com o interesse social. 
 Possibilita que terceiros possam influir na economia dos contratos. 
 Enfoque da função social no contrato: 
a) individual: na análise dos interesses das partes. 
b) público: distribuição de riquezas de forma justa (o contrato deve 
representar uma fonte de equilíbrio social). 
 
 
 “Não basta arrepender-se do mal que se causou, mas também do bem que não se 
fez”. 
Sarial Duban. 
 
REVISÃO DOS CONTRATOS ou ONEROSIDADE EXCESSIVA – art. 478. 
 
-> Cláusulas “Rebus Sic Stantibus” e a Teoria da Imprevisão. 
 
-> Origem: idade média: constatado que fatores externos podem gerar, no momento 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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da execução dos contratos, uma situação diversa da que se deu no momento de sua 
celebração, trazendo onerosidade excessiva ao devedor da obrigação. 
 - Recebeu o nome de “Rebus Sic Stantibus”, que consiste em presumir que 
nos contratos com característica comutativa, de trato sucessivo ou de execução 
diferida, existe uma cláusula implícita, de que o contrato é obrigatório desde que a 
situação de fato originada no momento de sua celebração, não sofra alterações. 
 _ desapareceu nos movimentos do séc. XVIII reapareceu nos idos da I 
Grande Guerra Mundial (1914 a 1918). 
 - No Brasil: teoria da imprevisão, adaptada por Arnoldo de Medeiros, que 
incluiu o requisito da imprevisibilidade, fazendo-a aceita em nosso ordenamento. 
 - Codificada em primeira face no CDC, art. 6º, V. 
 - No CCB dispõe o Art. 317: “Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier 
desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o momento de sua 
execução, poderá o Juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, 
quando possível, o valor real da prestação”. 
 - Também no CCB, Art. 478: “Nos contrato de execução diferida ou 
continuada, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, 
com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimento extraordinário e 
imprevisível, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença 
que a decretar retroagirão à data da citação”. 
 
- Requisitos para resolução do contrato por onerosidade excessiva: 
 
a) Vigência: de contrato comutativo de execução diferida ou continuada. 
 
b) Ocorrência de fato extraordinário e imprevisível: 
 - que seja posterior à celebração e antes da sua execução; 
 - pode-se ingressar em Juízo no curso de contrato, mas sem cessar 
pagamentos. Discutir-se-á as obrigações que ainda estão em curso. 
 
c) Considerável alteração da situação de fato existente no momento da execução, 
em confronto com a que existia no momento da celebração: 
 - exigência de cumprimento da avença de modo oneroso, como no caso de se 
querer obrigar o transportador que convencionou entregar a coisa por barco, que o 
faça por transporte aéreo, por motivo de impedimento de circulação do barco, por 
causa de condições adversas do mar, no momento demarcado para o cumprimento 
da obrigação. 
 
d) Nexo causal entre o evento superveniente e a consequente excessiva 
onerosidade: decorre de uma mutação da situação objetiva, que o cumprimento do 
contrato cause o empobrecimento do devedor (OBS: só será resolvido o contrato se 
ultrapassar a sua álea normal). 
 
- Fundamento: 
 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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a) A imprevisão refoge totalmente à possibilidade de previsão. 
 
b) Fenômeno global (fato extraordinário / imprevisível que atinge toda sociedade 
brasileira ou um segmento palpável). 
 
c) A onerosidade não pode advir da culpa de um dos contratantes. 
 
- Modificação equitativa pelo Réu das condições do contrato. 
 - Art. 479. “A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar 
equitativamente as condições do contrato” 
- Obrigações impostas a apenas uma das partes. 
 - Art. 480. “Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, 
poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterada o modo de 
executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva”. 
 
 
“A primeira e a pior de todas as fraudes é enganar-se a si mesmo” 
P.J.Bailey 
ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO – Art.s 436 a 438, CCB 
 
“Dá-se estipulação em favor de terceiro, pois, quando, no contratocelebrado entre 
duas pessoas, denominadas de estipulante e promitente, convenciona-se que a 
vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de terceira pessoa, alheia à 
formação do vínculo contratual” Silvio Rodrigues. 
 - Personagens: 
 - o estipulante; 
 - o promitente; e 
 - o beneficiário (estranho à avença) 
OBS: a capacidade em contratar somente é exigida dos dois primeiros, que são 
partes no contrato. 
 - Peculiaridade desta convenção: a de que terceiro possa exigir a avença. 
 - Não é necessário o consentimento do beneficiário, que tem a faculdade de 
recusar a estipulação em seu favor, pois a triangulação só se completa com a sua 
aceitação. A sua aceitação não é requisito de validade mas de eficácia do contrato.- 
 
NATUREZA JURÍDICA DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO 
 - Contrato sui generis;(gera efeito para o terceiro) 
 - consensual e de forma livre; 
 - o terceiro pode ser determinado ou determinável. 
Ex. de estipulação em favor de terceiro: contrato de seguro (de vida, contra 
acidentes pessoais e contra acidentes de trabalho); divórcio consensual; doações 
onerosas com encargo em favor de terceiro; constituição de rendas. 
 
PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO – art.s 439 e 440, CCB 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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 - Conhecido contrato por outrem ou promessa de fato de terceiro. 
 - características: execução por terceiro; credor sempre o mesmo; devedores: 
primário e secundário – sucessivos e não simultâneos; consentimento do 
terceiro é a obrigação do promitente. 
 - Personagens: promitente, promissário e o terceiro. 
 - único vinculado: promitente que tem obrigação de fazer e de resultado. 
 - inadimplemento da obrigação do promitente: perdas e danos em favor do 
promissário. 
 - semelhanças com: fiança (contrato acessório); mandato (existe 
representação); gestão de negócios (coloca-se na defesa de interesse de 
terceiro). 
 - terceiro cônjuge do promitente: parágrafo único, art. 439, CCB. 
 “Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, 
dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo 
regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre 
os seus bens”. 
 
EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO, arts. 476 e 477 CCB 
 
 - “exceptio non adimpleti contractus”: 
 - matéria de defesa que, em obrigações bilaterais e simultâneas, uma parte 
não pode exigir o implemento da obrigação do outro, sem cumprir a sua. 
 - aplicável aos contratos bilaterais; 
 - “non rite adimplete contractus”: descumprimento parcial. 
 - “solve et repete”: renúncia à exceção de contrato não cumprido. 
 
“Todos pedimos que se aplique a lei, e todos tratamos de fugir ao cumprimento de 
algumas” 
 
Emille A. Chartir. 
 
VÍCIOS REDIBITÓRIOS, arts. 441 a 446, CCB 
“São defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de contrato comutativo, que a 
tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem o valor”. 
 
Requisitos para configuração da garantia: 
a) coisa recebida em virtude de contrato comutativo ou de doação (onerosa ou 
remuneratória); 
b) que os defeitos sejam ocultos; 
c) que existam ao tempo da alienação; 
d) que sejam desconhecidos do adquirente; 
e) que sejam graves (prejudique o uso ou lhe diminuam o valor). 
 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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Fundamento jurídico: 
Teorias: 
 - do erro: não distinguindo o defeito oculto do erro essencial. 
 - dos riscos: o alienante deve suportar os riscos da coisa alienada. 
 - da equidade: necessidade de manutenção do justo equilíbrio das 
prestações. 
 - do inadimplemento contratual (mais aceita) 
 - encontra-se fundada no princípio da garantia, segundo o qual 
todo aquele que aliena deve assegurar ao adquirente, quando a título oneroso, o uso 
da coisa adquirida e para os fins a que se destina. 
 
Ações edilícias (edis curalis): art. 442, CCB. 
 - Ação redibitória: tem por objeto rejeitar a coisa, desfazendo o contrato; 
 - Ação quanti minoris ou estimatória: tem por objeto conservar a coisa e 
buscar o abatimento no preço. 
 - opção pelo adquirente, salvo na hipótese de perecimento da coisa. OBS: 
após escolha ocorre uma espécie de concentração, não permitindo recuo. 
 
Prazos decadenciais para ajuizamento das ações edilícias: 
 - trinta dias (coisa móvel); 
 - um ano (imóvel). 
 - OBS: em ambos os casos contados da tradição da coisa. 
 - OBS: sofre redução pela metade se o adquirente estava na posse da 
coisa por ocasião da alienação. 
 - OBS: podem as partes ampliar os prazos, mas não diminuir ou 
suprimir. 
 - OBS: não correrão os prazos estando em curso a garantia 
convencional, desde que o adquirente denuncie o contrato ao alienante em trinta 
dias do conhecimento do vício. 
 - exceções à contagem dos prazos a partir da tradição (180 dias 
para coisa móvel; um ano para imóvel): 
 - máquinas sujeitas à experimentação; 
 - venda de animais. 
 
Hipóteses de descabimento das ações edilícias: 
 - coisa vendidas separadamente: o defeito oculto de uma não autoriza a 
rejeição de todas (art. 503), salvo se formarem um todo inseparável (ex. coleção de 
livros raros) 
 - quando ocorrer inadimplemento contratual (entrega de uma coisa por outra). 
 - nas de erro quanto às qualidades essencial do objeto (natureza subjetiva). 
 
Coisa vendida em Hasta Pública: 
 - em virtude de não haver exclusão no atual Código Civil, como havia no CCB 
de 1916, a garantia existe. 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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Efeitos: 
 - a ignorância dos vícios não exime o alienante da responsabilidade. Ocorre 
apenas tratamento diferente em face daquele que conhecia. Se conhecia arca com a 
devolução do preço mais perdas e danos; se não conhecia devolve o preço mais 
despesas do contrato. (art. 443) 
 - perda da coisa em poder do adquirente: subsiste a responsabilidade do 
alienante se o perecimento se der em virtude do defeito oculto pré-existente 
(art.444). 
 
EVICCÃO, arts. 447 a 457, CCB 
“Evicção vem a ser a perda da coisa, por força de decisão judicial, fundada em 
motivo jurídico anterior, que a confere a outrem, seu verdadeiro dono, com o 
reconhecimento em juízo da existência de ônus sobre a mesma coisa, não 
denunciado oportunamente no contrato”. Maria Helena Diniz. 
 
Personagens: 
 - alienante: que responde pelos riscos da evicção; 
 - evicto: adquirente e perdedor da demanda; 
 - evictor: terceiro reivindicante e vencedor da demanda. 
 
Requisitos da evicção: 
a) perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada; 
b) onerosidade da aquisição; 
c) ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa (art. 457); 
d) anterioridade do direito do evictor; 
e) denunciação da lide ao alienante (art. 456). 
 
Fundamento Jurídico: 
 - princípio da garantia em face de defeito de direito. 
 
Aquisição em hasta pública (art. 447): 
 - subsiste o direito à garantia. 
 
Reforço, diminuição ou exclusão da garantia (art. 448): 
 - de comum acordo em as partes, por cláusula expressa. 
 - OBS: cláusula de exclusão: mesmo havendo terá o adquirente direito a 
receber o preço se: não soube do risco ou, dele informado, não o assumiu (art. 449). 
 
Extensão da garantia (art. 450): 
 - indenização dos frutos que o adquirente tiver que restituir; 
 - despesas dos contratos e prejuízos que resultarem diretamente da evicção; 
 - custas e honorários advocatícios. 
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Valor da indenização da coisa: 
 - ao tempo em que se evenceu (o alienante responde pela plus valia) 
 
Subsistência da garantia: 
 - ainda que a coisa esteja deteriorada (exceto se houve dolo do adquirente – 
art. 451). 
 - OBS: adquirente que obteve vantagens das deteriorações: serão deduzidas 
dos valores a que tem direitoa receber (art.452). 
 
Benfeitorias úteis e necessárias feitas pelo adquirente: 
 - serão indenizadas pelo alienante (art. 453) 
 
Benfeitorias abonadas ao evicto, feitas pelo alienante: 
 - deverão ser compensadas quando da restituição da coisa (art. 454) 
 - OBS: a finalidade da regra é evitar o enriquecimento sem causa. 
 
Evicção parcial (art. 455): 
 - restituição do desfalque sofrido 
 - Evicção parcial considerável (é a perda que, atentando-se para a 
finalidade da coisa, faça presumir que o contrato não teria se aperfeiçoado se 
o adquirente conhecesse a verdadeira situação): 
 - gera opção ao adquirente de desfazer o contrato e retomar todo o preço. 
 
 
“O covarde nunca tenta, o fracassado nunca termina, e o vencedor nunca desiste” 
Anônimo 
Da extinção dos contratos 
“Ao contrário dos direitos reais, que tendem à perpetuidade, os direitos obrigacionais 
gerados pelo contrato caracterizam-se pela temporalidade. Não há contrato eterno. 
O vínculo contratual é, por natureza, passageiro e deve desaparecer, naturalmente, 
tão logo o devedor cumpra a prestação prometida ao credor”. Humberto Theodoro 
Júnior. 
 
Extinção: 
 - modo normal: pelo cumprimento (comprovado pela quitação art. 320 
CCB) 
 - modo anormal: sem cumprimento. 
Extinção sem cumprimento: 
a) causas anteriores ou contemporâneas: 
 - nulidade absoluta ou relativa; 
 - cláusula resolutiva; 
 - direito de arrependimento. 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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b) causas supervenientes: 
 - resolução: 
 - inexecução voluntária; 
 - inexecução involuntária; 
 - onerosidade excessiva. 
 - resilição: 
 - bilateral; 
 - unilateral. 
 - mortes de um dos contratantes. 
 - rescisão: 
I) Causas anteriores ou contemporâneas: 
1) nulidade absoluta e nulidade relativa: 
- nulidade absoluta: ausência de elemento essencial do ato, com transgressão a 
preceito de ordem pública, impedindo que o contrato produza efeitos desde a sua 
formação (ex tunc). 
- nulidade relativa: advém da imperfeição da vontade, por incapaz, ou com vício de 
consentimento como erro, dolo, coação etc. (ex nunc). 
2) Cláusula resolutiva: 
 - resultante de convenção: cláusula resolutiva expressa ou pacto 
comissório expresso); 
 - resultante de presunção legal: cláusula resolutiva tácita ou implícita. 
 
Cláusula resolutiva expressa (CC, art. 474, 1ª parte): 
 - opera de pleno direito; mas a resolução deve ser sempre 
pronunciada judicialmente (sentença, com efeito, meramente declaratório e ex 
tunc – retroagindo no momento do inadimplemento). Não se exige notificação do 
devedor para efetivação dos efeitos (CC, art. 397). OBS: Decreto-Lei nº 745/69 
promessa de venda de imóvel não loteado, é indispensável à prévia notificação, 
mesmo que presente cláusula resolutiva, tendo o devedor 15 dias para purgar a 
mora; no mesmo sentido na alienação fiduciária em garantia (Lei nº 4.728/65; 
Decreto-Lei 911/69); e no arrendamento mercantil (Lei 6.099/74). 
 - OBS: não se aplica a compromissos relativos a imóveis loteados ou 
não. STJ, Resp. 237.539-SP, 4ª T. Min Rosado de Aguiar, DJU, 8.3.200. “A cláusula 
de resolução expressa não dispensa, em princípio, a ação judicial” 
 
Cláusula resolutiva tácita (CC, art. 474, 2ª parte): 
 Presumida em todo contrato bilateral e sinalagmático, autorizando o 
lesado pelo inadimplemento a pleitear a resolução do contrato, com perdas e danos. 
Necessita de interpelação judicial (pronunciamento judicial) e a sentença tem efeito 
desconstitutivo e ex nunc. 
 Diante do inadimplemento da outra parte, tem o lesado a seguinte 
alternativa (CC, art. 475): resolver o contrato; e execução específica (CPC, art. 461). 
OBS: em qualquer das hipóteses terá direito à indenização por perdas e danos: 
Teoria do adimplemento substancial: com base na boa-fé objetiva e na função 
social do contrato, não é razoável a resolução unilateral do contrato 
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substancialmente adimplido (teoria da substancial performance). STJ aduziu que a 
atitude do credor, de desprezar o fato do cumprimento quase integral do contrato, 
“não atende à exigência da boa-fé objetiva”. 
3) direito de arrependimento: 
 Quando expressamente previsto, mediante declaração unilateral de 
vontade. OBS: arras penitenciais. 
 Deve ser exercido dentro do prazo ou antes da execução do contrato 
se nada foi estipulado a esse respeito (ocorrendo ato de execução, verifica-se a 
renúncia tácita ao direito de arrependimento). 
 O CDC possibilita arrependimento em sete dias (CDC, art. 49) 
 
II) Causas supervenientes à formação do contrato: 
a) resolução: voluntária, involuntária ou por onerosidade excessiva: 
- voluntária: decorre de comportamento culposo (efeito ex tunc – extinguindo o que 
foi executado); sujeita o inadimplente ao pagamento de perdas e danos e da 
cláusula penal quando pactuada (compensatória: quando em garantia de alguma 
cláusula especial; moratória: para evitar o retardamento). 
 OBS: se o contrato for de execução continuada (ex. locação, 
transporte) a resolução não produz efeitos para o passado, e, portanto, terá efeito ex 
nunc. 
 - exceptio nom adimpleti contractus (exceção de contrato não 
cumprido) 
 - garantia de execução da obrigação à prazo: CC, art.477 
 
- involuntária: decorre de fato não imputável às partes (ação de terceiro, caso 
fortuito ou de força maior). 
 - Requisitos: 
 - objetivo: não advir de ato da própria pessoa do devedor. 
 - impossibilidade total (porque na parcial o credor pode ter 
interesse na prestação); 
 - definitiva: se temporária gera apenas suspensão do contrato. 
 A inexecução involuntária não gera perdas e danos em favor do 
credor, salvo se: expressamente obrigou-se, ou estiver em mora (CC, art. 393 e 
399). 
- Resolução por onerosidade excessiva: cláusula rebus sic stantibus – teoria 
da imprevisão (CC, art. 478). 
 
b) resilição: deriva da manifestação de vontade das partes. 
 - Bilateral: denominada de distrato; aplicável a todo contrato, desde 
que os efeitos não estejam exauridos. 
 - Unilateral: denominada de denúncia e exercida por apenas uma 
parte; ocorre apenas em determinados contratos. Independe de pronunciamento 
judicial e produz efeitos ex nunc. Mas para valer, deve ser notificada à outra parte. 
Distrato: 
 - conceito: “é a declaração de vontade das partes contratantes, no 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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sentido oposto ao que havia gerado o vínculo. Algumas vezes é chamado de mútuo 
dissenso” Caio Mário da Silva Pereira. 
 -“O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato” (CC, 
art.472): tal preceito legal não deve ser interpretado de forma literal. Deve obedecer 
à mesma forma do contrato, quando este tiver forma especial. Os efeitos são ex 
nunc. 
Denúncia, revogação, renúncia e resgate: 
 - o fundamento para a resilição se baseia na vontade presumida, 
outras vezes na perda da confiança, e ainda na reserva ao direito de 
arrependimento. 
 - o exercício é suscetível de ser realizado: 
 - nos contratos por prazo determinado; 
 - nos contratos de execução continuada; 
 - nos contratos em geral, antes do início de suas execução; 
 - nos contratos benéficos. 
 
c) Morte de um dos contratantes: 
 - acarreta a dissolução dos contratos personalíssimos (intuitu 
personae), que não poderão ser cumpridos por ocasião da morte daquele em razão 
da qual foi celebrado, operando efeitos ex nunc. 
 
d) Rescisão: 
 - É usado como sinônimo de resolução e de resilição. Todavia, deve 
ser empregado nas hipóteses em que ocorreu lesão (CC. art. 157) e estado de 
perigo (CC, art. 156). Gera efeitos ex tunc (data da celebração do contrato). 
 
 
“Os dias talvez sejam os mesmos para um relógio, mas não para um homem” 
 
Marcel Proust. 
 
DOS CONTRATOS EM ESPÉCIE 
DA COMPRA E VENDA 
 
 Da leitura do art. 481,ressalta-se o caráter obrigacional (pessoal) do aludido 
contrato, não conferindo poderes de proprietário aquele que não obteve a entrega do 
bem adquirido. A transferência do domínio depende de outro ato, a tradição, para os 
moveis (CC, arts. 1.226 e 1,267), e o registro, para os imóveis (CC, arts. 1.227 e 
1.245). Por ele, os contraentes obrigam-se reciprocamente. 
 Conceito: (...) é o contrato em que uma pessoa (vendedor) se obriga a 
transferir a outra (comprador) o domínio de uma coisa corpórea ou incorpórea, 
mediante o pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário 
correspondente” (Caio Mário da Silva Pereira). 
 
 
Natureza jurídica da compra e venda 
1. bilateral ou sinalagmático: gera obrigações para ambos os contraentes; 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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2. consensual: se aperfeiçoa com o acordo de vontades, independente da 
entrega da coisa (art. 482 CC). 
3. oneroso: ambos os contratantes tem proveito próprio, correspondente a um 
sacrifício. 
4. em regra comutativo: prestações são certas, e as partes podem ver as 
vantagens e os sacrifícios. Obs: pode ser aleatório quando o seu objeto é 
coisas futuras ou coisas inexistentes, mas sujeitas a risco. 
5. em regra não solene: de forma livre. Obs: pode ser solene, no caso de 
imóveis, quando há exigência de escritura publica (art. 108 CC) 
6. translativo do domínio: não opera sua transferência, mas serve de ato causal 
da transmissão da propriedade gerador de uma obrigação de entregar a coisa 
alienada e o fundamento da tradição ou do registro. 
 
 
Elementos da compra e venda: (elementos constitutivos) 
 
São: coisa, preço e consentimento (res, pretium et consensus). 
 
I – A coisa: 
 
1. ter existência: é nula a venda de coisa inexistente 
obs.: Admite-se a existência potencial da coisa (safra futura) 
obs.: Coisas atuais e futuras (art. 483) 
Obs: Coisas corpóreas e incorpóreas. A venda de coisas incorpóreas (credito, 
sucessão aberta) é denominada cessão: de credito e de direitos hereditários, 
respectivamente. 
 
2. ser individualizada: o objeto da venda deve ser determinado ou suscetível de 
determinação no momento da execução 
Obs: Admite-se a venda de coisa incerta, indicada ao menos pela quantidade e 
gênero (art. 243) 
Obs: Admite-se também a venda alternativa (art. 252), em que a escolha cabe ao 
vendedor, não havendo estipulação em contrario. 
 
3. Ser disponível: Não deve estar fora do comercio. A indisponibilidade pode ser 
natural (ar, o mar, a luz solar); legal (bens do estado art. 100 CC e bens de família 
CC, art. 1.717 e ainda voluntária (por doação ou testamento). 
 
4. ter disponibilidade de ser transferida para o comprador: 1º) não deve 
pertencer ao próprio comprador; 2º) não deve pertencer a terceiro, salvo se agiu de 
boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade. 
 
 
II – O consentimento: Deve ser livre e espontâneo (caso contrario poderá ocorrer a 
anulabilidade do negocio jurídico) e recair sobre os outros dois elementos: coisa e 
preço. 
 OBS: será também anulável a compra e venda se houver erro sobre o objeto 
principal da declaração ou sobre as suas qualidades pessoais (CC art. 139, I). 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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 OBS: Requer capacidade das partes (art. 3º e 4º CC) que podem ser supridas 
pela representação (art. 3º) e pela assistência (art. 4º) e pela autorização do juiz 
(CC, arts. 1.634 V, 1.691, 1.748 e 1.774). 
 OBS: A compra e venda feita por menor, sem capacidade, mas para consumo 
pessoal, não se considera nula pela doutrina (conduta social atípica). 
 
 
III – Preço: sem a sua fixação a venda é nula. OBS: O preço devera ser pago em 
pecúnia (dinheiro art. 481, in fine). 
OBS: Admite-se o pagamento por titulo de credito. 
OBS: Se for pago com outro objeto, temos a troca ou permuta. 
OBS: se for pago com prestação de serviços, temos contrato inominado. 
OBS: Deve ser serio e real, correspondente ao valor de coisa, e não vil ou fictício 
(irrisório). 
OBS: Não se exige exata correspondência entre o valor real e o pago. O que não se 
admite é o erro (art. 138), nem a lesão (art. 157), que se dá quando alguém obtém 
lucro exagerado, desproporcional, valendo-se da premente necessidade ou 
inexperiência da outra parte. 
OBS: A fixação pode se dar pela taxa do mercado ou de bolsa. 
OBS: “Pagarás o que lhe aprouver” gera a nulidade (CC, art. 489) 
OBS: O preço pode ser fixado por terceiro – espécie de árbitro. (art. 485). Caso não 
aceite a incumbência, ficará sem efeito o contrato, se não acordaram em designar 
outra pessoa. 
OBS: Pode ser determinável, mediante índices ou parâmetros objetivos 
estabelecidos pelos contratantes (art. 487 CC). 
OBS: Venda sem fixação de preço ou de critérios objetivos pode se dar quando o 
vendedor for habitual, visa preservar a avença nos casos de não fixação do preço; 
tem caráter supletivo. Neste caso o preço será o preço corrente das vendas, se não 
houver tabelamento oficial (art. 488). Se não houver acordo prevalecerá o termo 
médio para o preço (parágrafo único do art. 488). 
OBS: Outros modos de determinação futura do preço: preço de custo; preço em 
vigor no dia da expedição: a melhor oferta; e o preço de costume. 
 
 
Efeitos da compra e venda 
 
I – Principais efeitos: 
a) Gerar obrigações recíprocas (transferir o domínio e pagar o preço). 
b) Acarretar a responsabilidade do vendedor pelos vícios redibitórios e pela evicção. 
 
II – Efeitos secundários 
a) A responsabilidade pelos riscos: até o momento da tradição dos moveis (Art. 
492 CC) e o registro dos imóveis, a coisa pertence ao vendedor, e o preço ao 
comprador, salvo pactuado diferentemente. OBS: havendo culpa responde o 
culposo por perdas e danos, no caso vertente o vendedor. 
 OBS: a tradição é marco divisor na responsabilidade pela perda ou 
deterioração da coisa. 
 Tipos de Tradição: a) Real: entrega efetiva e material da coisa; b) simbólica 
(virtual) representada por ato que traduz a alienação; c) ficta: constituto possessório. 
 
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Exceções da responsabilidade do vendedor 
 
1º tradição simbólica: (presumida): “casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, 
marcar ou assinalar coisas” à disposição do comprador, correrão por sua conta. 
 
2º Salvo estipulação expressa, a coisa deve ser entregue no local em que se 
encontrava no tempo da venda (art. 493). Se for expedida para lugar diverso, por 
ordem do comprador, a responsabilidade será sua, salvo se o vendedor se afastou 
das suas instruções (art. 494). 
 
3º Quando a coisa for posta à sua disposição do comprador, pelo modo ajustado, e 
este estiver em mora de recebê-las (§ 2º, art. 492), no tempo, lugar e modo ajustado, 
os riscos são seus. 
 
b) Repartição das despesas: (art. 490) 
- escritura e registro (comprador) 
- tradição (vendedor) 
- OBS: salvo estipulação em contrario (principio da autonomia da vontade). 
 
c) Direito de reter a coisa e o preço: 
- não sendo a venda de credito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa 
antes de receber o preço (art. 491). 
- se o vendedor não está em condições de entregar a coisa, ou cair em 
insolvência, antes da tradição, deve o comprador sobrestar a entrega da coisa, 
até que cumpra a obrigação ou ofereça garantia do cumprimento (art. 495). 
Aplicação do principio da exceção de contrato não cumprido. 
 
Limitações à compra e venda 
 
1. Venda de ascendente a descendente 
– Art. 496. é anulável a venda de ascendente a descendente, se não houver 
consentimento do cônjuge e dos demais descendentes. A exigência subsiste 
mesmo na venda de avô a neto, bisnetos, etc., pois a lei se referiu a todos os 
descendentes (separação obrigatória – dispensa). 
OBS: A colação é dispensada na compra e venda a descendente (art. 2.002). 
OBS: prescrição de dois anos. Art. 179 CC. 
 
2. Aquisição de bens por pessoa encarregada de zelar pelos interessesdo 
vendedor: 
- Art. 497. O objetivo é manter a isenção de animo naqueles que por dever de 
oficio ou profissão tem de zelar por interesses alheios, como o tutor, o curador, o 
administrador, o empregado publico, o juiz e outros, que foram impedidos de 
comprar vens de seus tutelados, curatelados, etc. 
 
3. Venda da parte indivisa em condomínio 
- Art. 504 CC. O condômino não pode alienar a sua parte indivisa a estranho, se 
outro consorte a quiser, tanto por tanto. Pode o condômino preterido exercer o 
seu direito de preferência em 180 dias contados da data em que teve ciência da 
alienação, e na qual efetuará o deposito do preço pago. Se mais de um 
condômino se interessar, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor, e se 
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não existir, o que tiver maior quinhão. Se as partes forem iguais, poderão exercer 
os seus direitos os demais condôminos em grupo. 
É de natureza real, não se resolvendo em perdas e danos. 
OBS: até a partilha o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da 
herança é indivisível e regula-se pelas normas relativas ao condomínio (art. 
1.791, § único CC). 
 
4. Venda entre cônjuges 
- O art. 499 do CC considera “lícita compra entre cônjuges, com relação a bens 
excluídos da comunhão”. No regime da comunhão universal a compra entre 
cônjuges se mostra inócua. Nos demais regimes a Lei não impõe proibição. 
 
5. Vendas especiais 
 
a) venda por amostra 
- Art. 484 CC. “Se a venda se realize à vista de amostrar, protótipos ou modelos, 
entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas 
correspondem”. Se a mercadoria entregue não for igual à amostra, caracteriza-se 
inadimplemento contratual. Deve o comprador se manifestar imediatamente ao 
recebimento da mercadoria, sob pena de caracterizar definitiva a entrega. 
Prevalece a amostra, o protótipo ou modelo em relação ao descrito no contrato (§ 
único, art. 484 CC). 
 
b) Venda “ad corpus” e venda “ad mensuram” 
 
 Venda “ad mensuram”: (art. 500 CC, caput) é aquela relativa a 
imóvel, em que o preço é estipulado com base nas dimensões do imóvel (ex. 
preço por alqueire, por hectare). 
 Na venda “ad mensuram”, se se verificar que a área não corresponde às 
dimensões dadas, abre-se ao comprador duas possibilidades: 1ª direito a exigir a 
complementação da área; 2ª direito a reclamar a resolução do contrato ou 
abatimento proporcional do preço. 
OBS: não pode ser pleiteada a resolução do contrato se puder ser feita a 
complementação. 
OBS: não havendo a possibilidade de complementação é que se abre a 
alternativa para o comprador de : ajuizar a ação “ex empto” ou “ex vendito” com 
prazo de decadência 1 ano, a contar do registro do titulo, e não da efetiva 
entrega da coisa (art. 501), salvo se houver atraso na imissão de posse, por 
culpa do alienante. 
OBS: se em vez de falta houver excesso da área e for provado que o vendedor 
não sabia, devera o comprador, à sua escolha, complementar o valor ou devolver 
o excesso. Há presunção de que a venda, para o alienante, é “ad corpus”. 
Decadência: 1 ano a contar do registro do titulo. 
OBS: o § primeiro do art. 500, demonstra que se a diferença for de 1/20 (5%) da 
área, e não tiver sido convencionado o contrário, as dimensões demonstradas 
terão caráter meramente enunciativos. Presunção “juris tantum” (não prevalecera 
quando comprovada intenção diversa das partes). 
OBS: se houver excesso de área e o vendedor provar que não sabia, caberá ao 
comprador à sua escolha, complementar o preço ou devolver o excesso. (§ 2º do 
art. 500). 
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 A venda “ad corpus” encontra-se estatuída no § 3º do art. 500. Nesta 
espécie de venda o imóvel é vendido como um todo (ex. fazenda Barreiros), 
caracterizado por suas confrontações, não tendo nenhuma influência na fixação 
do preço, as suas dimensões. Há a presunção de que o adquirente comprou o 
imóvel pelo conjunto que lhe foi mostrado e não pela área. Ex. a expressão 
“tantos alqueires mais ou menos”, “aproximadamente tantos alqueires”, e “um 
imóvel urbano totalmente murado e cercado”. 
 
 
Cláusulas especiais à Compra e Venda 
 
“O contrato de compra e venda, desde que as partes o consintam, vem, muitas 
vezes, acompanhado de cláusulas especiais que, embora não lhe retirem seus 
caracteres essenciais, alteram sua fisionomia, exigindo a observância de normas 
particulares, visto que, esses pactos subordinam os efeitos do contrato a evento 
futuro e incerto, tornando condicional o negocio”. Maria Helena Diniz, Curso de 
Direito Civil Brasileiro, vol. III. 
 
Da Retrovenda: (“pactum de retrovendendo”) 
 
Conceito: constituem um pacto adjeto, pelo qual o vendedor reserva-se o direito de 
reaver o imóvel que está sendo alienado em certo prazo, restituindo o preço, mais as 
despesas do comprador (art. 505 CC). 
 
Natureza jurídica: “pacto acessório, adjeto ao contrato de compra e venda. 
 
Características: condição resolutiva expressa (tem o condão de conduzir as partes 
ao status quo ante). O adquirente, unilateralmente, exercer o seu direito de reaver o 
bem. 
Consequência: o desfazimento da venda, retornando as partes ao estado anterior, 
com a restituição do preço recebido e das despesas do comprador, incluindo as que 
se fizeram com a autorização escrita do vendedor e as benfeitorias necessárias. 
OBS: não constitui nova alienação e, por isso, não incide o imposto de transmissão 
inter vivos. 
OBS: Somente pode se dar com imóveis. 
OBS: O prazo máximo de resgate é de 3 anos (decadencial - insuscetível de 
interrupção ou suspensão). Reputa-se não escrito o prazo excedente. 
 O vendedor poderá efetuar deposito judicial quando houver recusa de 
recebimento pelo comprador a fim de exercer o seu direito de resgate (art. 506 CC). 
 O direito de resgate pode ser cedido e transmitido a herdeiros e 
legatários e ser exercido contra o terceiro adquirente (art. 507 CC). 
 O direito de retrato de mais de uma pessoa: prevalecera o pacto em 
favor daquele que haja feito o depósito, desde que integral (art. 508).Trata-se de 
direito pessoal, devendo ser averbado em cartório, atribuindo eficácia real, a esse 
pacto pessoal. 
 
 Extingue-se a retrovenda: pelo exercício do direito potestativo (que 
pode ser utilizado pelo titular, a qualquer tempo dentro do lapso permitido) do 
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vendedor; pela preclusão do prazo decadencial; pelo perecimento do imóvel e pela 
renúncia. 
 
Da venda a contento e da venda sujeita a prova: 
 
 A venda a contento do comprado constitui pacto adjeto a contratos de 
compra e venda relativos, em geral a gênero alimentícios, bebidas finas e roupas 
sob medida. 
 A cláusula que a institui denomina-se “ad gustum”. 
 É venda realizada sob condição suspensiva. O domínio permanece 
com o vendedor, enquanto o comprador não manifesta o seu agrado (art. 509 CC). 
 O comprador é mero comodatário enquanto não aceitar (art. 511 CC). 
 Como regra geral, não pode o vendedor opor-se ao desagrado 
manifestado pelo comprador, visto que a rejeição não decorre de vício na coisa ou 
de sua má qualidade. OBS: eventual abuso de direito na recusa deve merecer 
exame no caso concreto. 
 Trata-se de condição potestativa simples, pois o arbítrio do comprador 
fica sujeito ao fato de a coisa experimentada agradar-lhe. 
 OBS: trata-se de exceção ao art. 122 CC. O aperfeiçoamento do 
negócio depende exclusivamente do gosto do comprador. 
 Vencido o prazo sem manifestar-se o comprador, reputa-se perfeita a 
venda. 
 Não havendo prazo, terá o vendedor direito a intimar o comprador (art. 
512 CC). 
 A venda sujeita a prova presume-se feita sob condição suspensiva de 
que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o 
fim que se destina (art. 510) 
 A cláusula deve ser expressa.Da preempção ou preferência: 
 
 “Pelo direito de preferência, o comprador, ao vender a coisa ou dar em pagamento o 
imóvel adquirido, obriga-se a oferecê-lo ao primitivo vendedor para que este adquira 
a coisa se assim desejar, tanto por tanto” S. Salvo Venosa, Direito Civil, vol. III. 
 Características: ser intransferível (art. 520 CC); indivisível e com prazo 
de caducidade; decorre da vontade das partes; é direito pessoal sendo irrelevante 
sua presença na escritura imobiliária e no registro competente para ciência de 
terceiros. 
 A venda é definitiva não havendo nenhuma condição, nem tampouco a 
obrigação do comprador de vender. 
 Trata-se da preferência convencional, resultante de acordo de 
vontades. Ex: A vende a B um objeto de estimação e estabelece, no contrato, com a 
anuência do comprador, que terá preferência na compra quando este for alienar a 
coisa. 
 O direito de preferência somente será exercido quando o comprador 
vier a revender a coisa comprada, não podendo ser obrigado a tanto. 
 O vendedor pode também exercer seu direito de prelação, intimando o 
comprador, quando vier a saber que este vai alienar a coisa (art. 514 CC). 
 OBS: peculiar ao contrato de compra e venda e na dação em 
pagamento. Se utilizado em outros contratos, quando compatível, não está sujeito 
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ao dispositivo do código para essa matéria. Aplica-se aos bens móveis, imóveis, 
corpóreos e incorpóreos. 
 O preferente marginalizado no negócio não pode anular a venda feita a 
terceiro, porque seu direito não é real, nem impedir que ela ocorra. Resolve-se em 
perdas e danos (art. 518 CC). 
 O prazo pode ser convencionado, desde que não ultrapasse: 180 dias 
para móvel, ou dois anos se imóvel (art. 513, § único). O prazo é decadencial. 
Inexistindo prazo este será de: 3 dias para móvel e de 60 dias para imóvel. 
 Responde o comprador por perdas e danos se não cumpriu a avença, 
não dando ciência ao vendedor, do preço e das condições da proposta de venda 
(art. 518 CC). Há responsabilidade solidária com o adquirente, se houver má fé (art. 
518 CC) 
 O direito de preferência é pessoal. Não se pode ceder a terceiros nem 
passar aos herdeiros (art. 520). 
 
Preempção decorrente da lei (Retrocessão): O art. 519 CC trata do direito de 
preempção no caso de desapropriação pelo poder publico, quando o imóvel não 
teve o destino pelo qual se desapropriou, prescrição em cinco anos (decreto nº 
20.910/32) 
 
DA VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO 
 “Trata-se de modalidade especial de venda de coisa móvel, e que o vendedor tem a 
própria coisa vendida como garantia do recebimento do preço. Só a posse é 
transferida ao adquirente. A propriedade permanece com o alienante e só passa 
àquele após o recebimento integral do preço (CC, art. 521)”. Carlos Roberto 
Gonçalves. OBS: inexiste regra que proíba a sua aplicação a venda de imóveis. 
 Não se confunde com a alienação fiduciária em garantia. Esta visa 
garantir instituições financeiras enquanto que a venda com reserva de domínio é 
pacto adjeto ao contrato de compra e venda, objetiva dar maior garantia aos 
comerciantes. 
 Natureza jurídica: venda sob condição suspensiva (subordinada ao 
pagamento da última prestação). 
 Constituído o adquirente em mora pelo protesto ou interpelação 
judicial, poderá ser cobrado pelas prestações vencidas e vincendas; ou poderá o 
alienante recuperar a posse da coisa vendida (CC, arts. 525 e 526). 
 Os riscos da coisa são de responsabilidade do adquirente que tem a 
posse direta da coisa (CC, art. 524, 2ª parte) 
 Para gerar efeito erga ominis deve o contrato ser levado a registro no 
Cartório de títulos e Documentos, do domicílio do comprador (CC, art. 522) 
 
DA VENDA SOBRE DOCUMENTOS 
 Seu uso tem sido em grande escala no comércio marítimo, na venda 
de praça em praça e entre países distantes. De posse dos documentos que 
representam a coisa, o adquirente pode exigir do transportador a entrega da 
mercadoria. A tradição da coisa é substituída pela entrega de seu título 
representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, 
pelos usos (CC, art. 529); “achando-se a documentação em ordem, não pode o 
comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da 
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coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado” (CC, art. 529, 
parágrafo único). 
 
DA TROCA OU PERMUTA 
Conceito: “É o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra, 
que não seja dinheiro”. Beviláqua 
 
 Sob a denominação de troca, permuta ou escambo, configura-se um 
contrato tão semelhante ao de compra e venda que o código civil manda aplicar-lhe 
as disposições referentes a este (CC, art. 533). 
 
Há duas exceções: 
- 1ª salvo disposição em contrario, cada contratante pagará por metade as despesas 
com o instrumento da troca; 
- 2ª é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes sem 
consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante. 
 
Natureza jurídica: 
 - bilateral; oneroso; comutativo e consensual. 
 OBS: se houver reposição parcial em dinheiro de mais de 50%, teremos compra e 
venda. 
OBS: se a troca for de moedas, havendo ágio, o contrato será de compra e venda 
(O. Gomes, 2001). 
 Se a troca for desigual, com o bem recebido a menor pelo ascendente, 
deverá haver a autorização (art. 496 CC); se maior ou igual será dispensável. 
 
 
DOAÇÃO 
 
“ É o contrato em que uma pessoa, por liberalidade transfere do seu patrimônio bens 
ou vantagens para o de outra” (CC art. 538). 
 
Características: 
a) natureza contratual; 
b) animus donandi: (intenção de fazer uma liberalidade), elemento subjetivo; 
c) transferência de bens do doador para o patrimônio do donatário; elemento 
objetivo; 
d) aceitação do donatário; 
 
 
Natureza jurídica 
- em regra gratuito: gera beneficio ou vantagem apenas para o donatário. 
- unilateral: cria obrigações unicamente para o doador. 
- formal: deve obedecer a forma prescrita em lei (CC, art. 541). Será real 
quando a doação for de coisa móvel de pequeno valor (CC, art. 541 § único). 
 
 
Aceitação na doação 
 A aceitação é indispensável para o aperfeiçoamento da doação e pode ser: 
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- expressa: em geral no próprio instrumento da doação; 
- tácita: revelada pelo comportamento do donatário; 
 - presumida pela lei: a) quando é fixado o prazo ao donatário para declarar a 
sua aceitação. O silêncio atua como manifestação da vontade. OBS: tal presunção 
só se aplica às doações puras; b) quando a doação é feita em contemplação de 
casamento futuro com certa e determinada pessoa, e o casamento se realiza (CC, 
art. 546) 
 
OBS: dispensa da aceitação: aplicável às doações feitas a incapaz absolutamente e 
a doação for pura. 
 
 
Promessa de doação: 
 Há grande controvérsia acerca da exigibilidade do seu cumprimento. 
 - se for doação com encargo: há exigibilidade quando o encargo foi 
cumprido. 
 - se a doação for pura: grande controvérsia. 
 
Espécie de doação: 
 
Pura e simples: conhecida também como típica, se da quando o doador não impõe 
nenhuma restrição ou encargo ao beneficiário, nem subordina sua eficácia a 
qualquer condição. 
 
Onerosa (modal, com encargo ou gravada): é aquela em que o doador impõe ao 
donatário uma incumbência ou dever. 
 O encargo (geralmente representado pela locução “com a obrigação de”), não 
suspende a aquisição, nem o exercício do direito (CC art. 136). Enquanto o encargo 
não se verificar, o donatário não adquirirá o direito. 
 O encargo pode ser proposto: CC art. 533: a) em beneficio do doador; b) em 
beneficio de terceiro; c) do interesse geral; d) do donatário (vale como mero 
conselho) 
 
Remuneratória: é a doação feita em retribuição a serviçosprestados, cujo 
pagamento não pode ser exigido pelo donatário. 
 OBS: se a doação remuneratória exceder o valor dos serviços, o excesso 
constitui doação pura. 
 
Mista: decorre da inserção de liberalidade em alguma modalidade diversa de 
contrato (p.ex., venda a preço vil; venda acima do valor – o sobrepreço caracteriza 
intenção de doar). 
 
 
Outros tipos de doação 
1) Em contemplação do merecimento do donatário (contemplativa) (CC, art. 540) 
trata-se de doação pura feita em razão de determinada virtude ou qualidade 
do donatário, mencionada expressamente pelo doador. 
2) Feita a nascituro: o art. 2ª do CC Poe a salvo os direitos do nascituro desde a 
concepção. É valida a doação ao nascituro (art. 542 CC), desde que aceita 
por seu representante, ou por seu curador (com autorização judicial). É direito 
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eventual, sob condição suspensiva (se não nascer com vida caduca a 
liberalidade) 
3) Em forma de subvenção periódica: trata-se de uma pensão. O pagamento 
termina com a morte do doador, salvo se este convencionou ao contrário. 
Todavia não pode ultrapassar a vida do donatário (art. 545 CC) 
4) Em contemplação a casamento futuro (propter nuptias): CC, art. 546. 
Configura-se como um presente de casamento, tendo em vista as núpcias 
próximas do donatário com certa e determinada pessoa. A sua eficácia se 
subordina a uma condição suspensiva. A aceitação é tácita quando da 
realização do casamento. Podem doar ainda: os nubentes entre si; terceiro a 
um deles ou a ambos ou aos filhos futuros (prole eventual). 
5) Entre cônjuges: CC art. 544. Na hipótese em que um dos cônjuges participa 
da sucessão do outro, implica adiantamento do que lhe cabe. Se o regime for 
o da comunhão universal ou da separação total, é vedada a doação. Se a 
comunhão universal ou da separação total (OBS), é vedado a doação. Se a 
comunhão for parcial, só se houver bens reservados. 
6) Em comum a mais de uma pessoa (conjuntiva): CC art. 551. Entende-se a 
distribuída entre os benefícios por igual, salvo disposição em contrario. Se 
marido e mulher e morto um dos cônjuges a parte deste acrescerá à do outro 
não passando aos herdeiros (§ único, art. 551). 
7) De ascendente a descendente: CC, art. 544. Importa em adiantamento do que 
lhe couber por herança. Devem os donatários conferir na colação, os bens 
recebidos do doador ascendente, pelo valor que lhe atribuir o ato de 
liberalidade ou pela estimativa feita naquela época (CC, art. 2.004, § 1º) salvo 
se o ascendente os dispensou dessa exigência, quando os bens doados 
saírem da sua parte disponível (50% sua parte). 
8) Inoficiosa: é a que excede o limite que o doador no momento da liberalidade 
poderia dispor em testamento. O artigo 549 declara nula não toda a doação, 
mas a parte excedente. 
9) Com cláusula do retorno ou reversão: O art. 547 CC permite que o doador 
estipule o retorno ao seu patrimônio, dos bens doados, se sobreviver ao 
donatário. Esta cláusula configura “cláusula resolutiva expressa”. Somente 
terá eficácia se o donatário morrer antes que o doador. A reversão não pode 
se dar em benefício de terceiro, somente em relação ao doador (§ único, art. 
547 CC). 
10) Manual: doação verbal de bens móveis de pequeno valor (CC, art. 541, § 
único). 
11) Feita a entidade futura: caducará em dois anos se a entidade não se 
construir regularmente (CC art. 554). 
 
 
Restrições à liberdade de doar 
a) Doação de todos os bens do doador (doação universal): O art. 548 considera 
nula a doação de todos os bens se reserva de parte, ou renda suficiente para 
a subsistência do doador. A nulidade da doação recai em todos os bens 
doados e não em parte. 
b) Doação da parte inoficiosa: O art. 549 prescreve ser nula a doação quanto à 
parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia 
dispor em testamento. A liberdade de testar vai até a metade dos bens do 
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doador, a outra metade constitui a reserva ou legitima de seus descendentes 
e ascendentes e do cônjuge sobrevivente. (CC art. 1.845). 
c) Doação que resulte prejuízo aos credores do doador: Se já insolvente ou se 
tornou pela doação, pode-se configurar fraude contra credores (CC art. 158). 
Podem os credores valer-se da ação Pauliana. 
d) Doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice: A regra estatuída no art. 550 tem 
pó escopo proteger a família, na repulsa ao adultério, que não só a ameaça, 
mas também constitui afronta à moral social e aos bons costumes. Pode ser 
anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, em até dois 
anos da dissolução conjugal. 
 Enquanto estiver vivo, o cônjuge enganado é o único legitimado 
a propor a ação. Os herdeiros necessários somente poderão propô-la após seu 
falecimento, desde que esteja em vigor o prazo. A ação pode ser interposta na 
constância da relação conjugal. 
 
Da revogação da doação 
 
1) Por motivos comuns a todos os contratos: 
- erro, dolo, coação, simulação, fraude. 
- agente absolutamente incapaz, objeto ilícito, impossível ou indeterminável ou 
ausência de forma prescrita, quando necessário ao ato. 
- quando for: inoficiosa; de todos os bens; ao cúmplice de adultério; entre 
cônjuges casados por separação legal. 
- de comum acordo, ou quando se resolver, revertendo os bens para o doador. 
 
2) Por descumprimento do encargo: O art. 562 estabelece a hipótese “A doação 
onerosa pode se revogar por inexecução do encargo se o donatário incorrer 
em mora”. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar 
judicialmente o donatário...”“. 
 OBS: a notificação poderá ser judicial ou extrajudicial, quando não 
houver termo (CC art. 397). 
 OBS: a expressão revogação é inadequada, pois se trata de caso de 
anulação, rescisão ou resolução. 
 OBS: a revogação deve ser judicial e é ato personalíssimo. Se vários 
são os donatários, mas o encargo é um só, o inadimplemento atinge a todos, se 
for divisível o encargo, atinge somente quem não o cumpriu é aqueles em que o 
doador queira perdoar a falta. 
 
3) Por ingratidão do donatário: trata-se de medida excepcional, pois a doação é 
um contrato e em tese somente poderia ser desfeita pela declaração de 
vontade das partes ou por inadimplemento contratual. Da leitura do Art. 564 
se infere que somente podem ser revogadas as doações puras e simples, por 
ato unilateral de vontade. Todavia, temos no artigo 557 o rol das revogações 
por ingratidão, que é taxativo não se admitindo a inclusão de novas figuras. 
 
 Hipóteses do Art. 557 do CC: 
 Inciso I: atentado contra a vida do doador ou de seu cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão. Abrange tentativa e o homicídio consumado. O 
homicídio culposo fica excluído. Se for absolvido por ausência de imputabilidade 
(legitima defesa, estado de necessidade, etc.) não se pode revogar a doação. 
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 Inciso II: ofensas físicas contra o doador ou de seu cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão. É necessário que a agressão tenha se 
consumado e havido um dolo. 
 Inciso III: injúria grave ou calúnia contra o doador ou de seu cônjuge, 
descendente, ascendente ou irmão. 
 Inciso IV: negativa de alimentos ao doador. São necessários três 
requisitos: a) poder o donatário ministrá-los; b) ser devedor o donatário por faltar o 
parente mais próximo do doador; c) e a recusa do donatário após solicitação. 
 OBS: O prazo decadencial para a propositura da ação revocatória, segundo o 
artigo 559 do CC é de 1 (um) ano da data do conhecimento da autoria e do fato 
passível de revogação. 
 O direito de revogação é personalíssimo, pois não se transmite aos 
herdeiros do doador, nem prejudica os do donatário. Mas se o doador falecer após 
ter ajuizado a revocatória, podem os herdeiros continuar, assim também contra os 
herdeiros dodonatário se este morreu após ajuizamento. 
 
 OBS: Contra os herdeiros do donatário a ação somente pode ser 
continuada. 
 
 Há uma exceção ao caráter personalíssimo de ajuizamento da 
revocatória pelo doador: no caso de homicídio doloso do doador, quando ele não 
houver perdoado o ingrato donatário. Neste caso pode a revocatória ser proposta 
por seus herdeiros. 
 Pela leitura do art. 563 se verifica que os direitos adquiridos de 
terceiros não são prejudicados pela revogação. Os frutos percebidos pelo donatário 
antes da citação válida lhes pertence, pois é considerado de boa-fé. Todavia, 
aqueles frutos percebidos após a citação válida devem ser condições de restituir em 
espécie as coisas doadas, devem indenizar o doador, pagando-lhe o valor médio. 
 
 
LOCAÇÃO 
Legislação atual: 
- Código Civil 2002: 
 - arts. 565 a 578 – coisa móvel 
- Lei nº 8.245/91: 
 - Locação imobiliária 
- Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64): 
 - locação de prédio rural. 
 
Conceito de locação de coisas: 
É o contrato pelo qual “uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo 
determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição” 
(CC, art. 565) 
 
NATUREZA JURÍDICA 
- bilateral (gera obrigações para ambas as partes); 
- comutativo (as partes conhecem as prestações); 
DIREITO CIVIL III – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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- oneroso (ambas as partes obtém proveito); 
- consensual (aperfeiçoam com o simples acordo de vontades); 
- não solene (forma livre); 
- trato sucessivo (prolonga-se no tempo). 
 
Elementos: 
Objeto: 
- coisa móvel (infungível) ou imóvel. 
 
Preço: 
- aluguel ou remuneração pode ser: 
- fixado pelas partes ou por arbitramento judicial. 
OBS: ação revisional da Locação – para fixar os valores atuais dos aluguéis; 
- deve ser sério e real; 
- não pode ser fixado de maneira potestativa; 
- deve ser determinado ou determinável; 
- deve ser periódico 
- não pode: ser fixado em moeda estrangeira, vinculado à variação cambial, nem 
fixado com base no salário mínimo; 
- a falta de pagamento gera, no mínimo, o desfazimento do contrato (Resolução – 
forma de desfazimento pelo inadimplemento); 
- vedado antecipação, salvo se faltar garantia da locação ou no caso de locação por 
temporada. 
 
Consentimento: 
- expresso ou tácito. 
- quem pode alugar? - tutor, curador, proprietário, quem tem a posse, todo aquele 
que tem poderes de administração sobre a coisa, condômino (com autorização dos 
demais), pessoa casada (com outorga uxória). 
 
Obrigações do locador: 
- entregar a coisa em estado de servir ao uso a que se destina; 
- manter a coisa no mesmo estado; 
- garantir o uso pacífico da coisa. 
 
Obrigações do locatário: 
- servir-se da coisa para os usos convencionados e cuidar como se fosse sua; 
- pagar o aluguel convencionado nos prazos ajustados; 
- levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, fundadas em direito; 
- restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvo as 
deteriorações naturais. 
 
 
 “Quem olha demais para as coisas dos outros não usufrui das próprias” 
 
LOCAÇÃO IMOBILIÁRIA 
(Lei 8245/91, alterada pela Lei 12.112, de 09/12/2009) 
Aplicação da Lei do Inquilinato: art. 1º. 
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Imóvel urbano. 
OBS: não se aplica: 
 - alínea “a”, art. 1º. 
Prazo na locação: art. 3º. 
- acima de dez anos é necessário a vênia conjugal quando o locador for casado. 
Retomada do imóvel pelo locador: art. 4º. 
a) – na vigência do prazo determinado – não pode retomar – tem termo inicial e final 
pré-determinado; 
b) – na vigência do prazo indeterminado – o contrato desfaz-se por resilição; tem 
termo inicial determinado e final indeterminado; pode ser retomado o imóvel, se o 
locador denunciar à outra parte, através de notificação. 
 
Devolução pelo locatário: art. 4º. 
a) – na vigência de prazo determinado (§ único) – poderá retomar o imóvel, pagando 
multa proporcional; só há a dispensa da multa se for transferência; 
b) – na vigência de prazo indeterminado (art.6º) – o locatário deve denunciar 
(resilindo o contrato); mínimo de 30 dias para notificar o locador; na ausência de 
aviso (um mês de aluguel de multa). 
 
Ação para retomada do imóvel: art.5º. 
- ação de despejo. 
 
Alienação do imóvel durante a locação: (Prazo determinado), art. 8º. 
- o adquirente pode denunciar o contrato em 90 dias, exceto se: 1) a locação for por 
tempo determinado e, 2) contiver cláusula de vigência do contrato em caso de 
alienação, 3) contrato devidamente averbado no CRI. 
 
Desfazimento do contrato: art. 9º. 
 - mútuo acordo 
 - infração legal ou convencional (desvirtuamento dos fins do contrato) 
 - falta de pagamento 
 - reparos urgentes determinados pelo poder público 
 
Cessão, sublocação ou empréstimo: art. 13 
- pode se dar mediante autorização escrita do locador. 
 
Fixação do aluguel: art. 17. 
- é livre a sua fixação, vedado: em moeda estrangeira e a sua vinculação à variação 
cambial ou ao salário mínimo. 
 
Ação de revisão judicial: art. 19. 
- serve para fixar o valor do aluguel, ao preço de mercado, com preço defasado ou 
onerado. Requisito: 3 anos de vigência do contrato ou acordo realizado. 
Aluguel Antecipado (até sexto dia útil do mês vincendo - art. 42): art. 20. 
 – só pode ser cobrado em duas hipóteses: 
 – se a locação for por temporada; 
 - se o locatário não prestar nenhuma das garantias da locação. (art. 37, 
garantias: caução, fiança, seguro defiança locatícia, cessão fiduciária de quotas de 
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fundo de investimentos. OBS: se estendem até a efetiva entrega do imóvel - art. 39). 
 
Direito de Preferência: art. 27. 
– pode haver, desde que o locatário seja NOTIFICADO em 30 dias, oferecendo-lhe 
as mesmas condições de venda do imóvel oferecidas por terceiro. Caduca em trinta 
dias caso o locatário não se manifeste (art. 28). 
 
Locatário preterido – (art. 33) 
- aquele que não foi notificado para exercitar o direito de preferência pode cobrar: 
 - perdas e danos, ou; 
 - anulação da venda: depósito judicial do preço mais despesas do ato de 
transferência, em seis meses do registro da venda; desde que o contrato esteja 
averbado há no mínimo 30 dias antes da alienação junto à matrícula do imóvel. 
 
Extensão das garantias da locação: art. 39 
- até a efetiva devolução do imóvel. 
OBS: se for fiança o fiador poderá exonera-se da obrigação desde que notifique o 
locador, quando prorrogada a locação por prazo indeterminado, ficando obrigado 
por 120 dias. (inciso X, art. 40). 
 
Retomada do imóvel na locação residencial: art. 46. 
- hipótese do art. 46: 
 - contrato por escrito, 
 - prazo igual ou maior que 30 meses: resolve-se 
 
 + 30 
 determinado dias passa a indeterminado 
 
 denúncia vazia 
- hipótese do art. 47: 
 - contrato verbal, ou; 
 - escrito com prazo menor que 30 meses: 
 
 Determinado prorroga indeterminado 
 
 1 ano 
 
 “Quem pede justiça deve praticá-la” 
Thomaz Jefferson 
EMPRÉSTIMO: COMODATO 
 
“É o empréstimo gratuito de coisa infungível que se perfaz com a tradição” 
 
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Elementos: 
- gratuidade; 
- infungibilidade; 
- tradição. 
Natureza jurídica: 
 - unilateral 
 - gratuito 
 - temporário (prazo determinado/indeterminado; presumido) 
 - real 
 - não solene (forma livre) 
 - em regra: intuitu personae (tem exceções) 
Capacidade das partes 
 - comodante: proprietário; possuidor; enfiteuta; usufrutuário; usuário e locatário. 
 - subcomodato: (2 contratos). Necessita de autorização do comodante, sob pena 
de desfazimento do contrato, perdas

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