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1 DISCIPLINA ECONOMIA E NEGÓCIOS PARTE I - MICROECONOMIA E MACROECONOMIA “O sucesso de uma empresa está ligado à sua interação bem-sucedida com o mercado, o qual é composto, de um lado, pela demanda, representada pelas necessidades e pelos desejos dos consumidores, e, de outro, pela oferta, que reflete o esforço dos produtores de bens e serviços, necessários para satisfazer as necessidades humanas... Na realidade, a maior parte dos fatores que influenciam as decisões empresariais situa-se fora de seus limites: decisões de política pública nas áreas fiscal, monetária, cambial e de renda, que influenciam e determinam as taxas de câmbio, de juros, o chamado custo Brasil e as condições de competitividade de cada empresa e até de sua sobrevivência e seu crescimento”. (MENDES, J.T.G. Economia - Fundamentos e Aplicações - 2a. edição, Prefácio. São Paulo, Pearson, 2009). A mídia (jornais, revistas, Internet, rádio, televisão, etc.), está sempre recheada com assuntos atinentes à Economia, como, por exemplo, as mudanças nas taxas de juros e de câmbio, as diferentes e oscilantes cotações dos papéis que compõem as Bolsas de Valores e de Mercadorias, os acréscimos e decréscimos do PIB (Produto Interno Bruto), a situação e as perspectiva dos índices de desemprego da população. Tudo isso influencia decisivamente os diferentes aspectos da sociedade. Conhecer a Economia, ao menos nos seus aspectos gerais, é fundamental para o entendimento da realidade que vivemos, dado que seus assuntos fazem parte do cotidiano da vida privada e dos negócios. Considera-se que foi Adam Smith com a sua A Riqueza das Nações (publicada em 1776) que deu o início efetivo ao estudo sistemático da ciência econômica. A Economia pode ser definida como a ciência que trata das leis que governam a produção, a circulação e o consumo das riquezas. Sinteticamente, podemos entender que se trata da ciência que estuda a atividade produtiva, focalizando, estritamente, os problemas referentes ao uso mais eficiente de recursos materiais escassos para a produção de bens e serviços desejados pela coletividade. Ela procura analisar as variações e combinações na alocação dos fatores de produção (terra, capital, trabalho, tecnologia e capacidade empresarial), na distribuição da renda, na oferta e demanda e nos preços das mercadorias. Recorre, para isso, a conhecimentos matemáticos, estatísticos e econométricos. Como, porém, é eminentemente social, lida com fatores humanos não só racionais, mas, também, 2 emocionais, recebendo forte influência de um grande conjunto de aspectos psicológicos, culturais, etc. A escassez se deve ao confronto entre as necessidades ilimitadas e a restrição de recursos, capaz de supri-las. Se não houvesse escassez de recursos, isto é, se todos os bens fossem disponíveis de forma ilimitada, não haveria necessidade de se estudar questões como as relacionadas com inflação, crescimento econômico, déficit no balanço de pagamentos ou desemprego em um país. De forma geral, esse estudo pode ter por objeto a unidade de produção (empresa), a unidade de consumo (família) ou, então, a atividade econômica de toda a sociedade. No primeiro caso, os estudos pertencem ao campo da microeconomia e, no segundo, ao da macroeconomia. Assim, a Microeconomia está preocupada com o comportamento de consumidores e de produtores e com a determinação de preços e quantidades em mercados específicos. A Macroeconomia estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados como PIB, consumo nacional, exportação, nível geral dos preços, etc. Modernamente, de acordo com os objetivos teóricos ou práticos, a economia se divide em várias áreas: economia privada, pura, social, coletiva, livre, nacional, internacional, estatal, mista, agrícola, industrial, etc. Exercícios 1. Podemos definir Economia como sendo: I. Uma ciência cujas conclusões somente podem ser obtidas com base em estudos e métodos estatísticos e matemáticos. (também comportamento humano) II. É a ciência que estuda a atividade produtiva, tentando equacionar o uso mais eficiente de recursos materiais escassos para a produção de bens e serviços desejados pela coletividade. III. A combinação dos estudos desenvolvidos desde a Antiguidade, aplicados somente a sistemas baseados no livre funcionamento dos mercados. (também mercados controlados pelo governo) Com base nessas alternativas, podemos considerar: 3 A Somente II está correta. X B Apenas III está correta. C Apenas I está correta. D Apenas I está errada. E Todas estão erradas. 2. Um grande economista inglês, John Maynard Keynes, em 1936, publicou seu livro Teoria Geral do Emprego, da Moeda e do Juro, iniciando o que ficou conhecido como Teoria Keynesiana. Com essa teoria, começaram a ser estudados os grandes agregados econômicos de uma nação. Podemos entender que foi a partir daí, que surgiu: I. O ramo da economia que foi denominado Microeconomia. II. O estudo do segmento classificado como Macroeconomia. III. A Teoria que focaliza a formação de preços que são sempre respeitados pelas empresas, nas suas transações no mercado. (formação poupança, em função da renda. Intervenção do Estado?) Com base nessas assertivas, podemos entender que: A Apenas I está errada. B Apenas I está correta. C Todas estão corretas. D I e III estão erradas. X E I e III estão corretas. 3. Além dos aspectos históricos, culturais e sociais, importantes na análise dos assuntos econômicos, os economistas recorrem a métodos quantitativos: I. Compostos por equações e formulações matemáticas e estatísticas. II. Que permitem a quantificação de variáveis econômicas, que afetam o cotidiano das empresas e países. III. Visando estudar apenas a formação de preços nos diferentes mercados. (Não somente) Com base nisso, podemos considerar que: A I e II estão corretas. X 4 B III está correta. C II está errada. D I e II estão erradas. E Todas estão corretas. 4. Assuntos relacionados com diferenças de produção entre regiões de um país são objeto de preocupação da economia. Podemos entender que esta frase é correta, considerando que: I. A Economia está presente na mídia somente nas ocasiões em que ocorrem graves crises financeiras nos mercados mundiais. II. Os tópicos da economia são subordinados aos sociais, nas notícias da mídia, em geral. III. Os tópicos da economia não estão relacionados aos de natureza política, no cotidiano do país. Com base nessas assertivas, podemos considerar que: A Todas estão corretas. B Apenas III está correta. C Apenas II está errada. D I e II estão corretas. E Todas estão erradas. X 5. O problema econômico fundamental é o da escassez. Esse conceito implica que: I. Há sempre mais recursos do que necessidades econômicas a serem satisfeitas por uma coletividade. (necessidades do que recursos) II. As necessidades humanas são ilimitadas e incapazes de serem atendidas com os poucos recursos comparativos disponíveis pela sociedade para a geração de bens e serviços. III. Há sempre menos recursos disponíveis do que os necessários para o atendimento a alguns, mas não todos, tipos de necessidades humanas. (alguns?) Podemos, então, considerar que: A II está errada. B I e III estão corretas. C I está correta. 5 D II está correta. X E I e II estão corretas. 6. Existem correntes de pensamentos que atribuem grande importância ao estudo dos métodos matemáticos para a análise dos fatos econômicos. Esse estudo é, de fato, muito importante, visto que I. A Matemática é um instrumental de grande importância para a quantificação dos dados da economia. II. A Matemática consegue explicar de forma mais clara que a História os resultados obtidos pelas diferentes sociedades III. Não há possibilidade de se estudar Economia sema utilização de métodos matemáticos. Considerando as assertivas acima: A I e III estão corretas. B III está correta. C I está correta. X D I e II estão incorretas. E Todas estão corretas. 7. Com relação aos aspectos relacionados com a diferenciação entre micro e macroeconomia, podemos considerar: I. A macroeconomia analisa mercados específicos, sendo reservado à microeconomia o estudo dos grandes agregados. (contrário) II. A macroeconomia está relacionada com os estudos envolvendo os grandes agregados da economia, como consumo, renda, poupança, etc.. III. A microeconomia se ocupa da análise dos impactos da economia em agentes individuais. Com base nessas assertivas, podemos considerar: A I e II estão corretas. B Todas estão erradas. 6 C I e III estão corretas. D II e III estão corretas. X E Todas estão corretas. 8. Há uma citação em latim, chamada condição coeteris paribus, que possui um significado importante quando se explica a relação entre vários fatos econômicos. (coeteris paribus: todo o mais é constante, mantidas inalteradas todas as demais coisas) Esta expressão considera a premissa de que: A Significa mantidos normais todos os demais elementos, ou então, permanecendo estáveis todos os demais fatores. X B Significa mantidos sem efeito os demais fatores, ou então, permanecendo diferentes todos os demais elementos. C Significa mantidos alterados todos os demais fatores, ou então, permanecendo diferentes todos os demais elementos. D Significa mantidos inalterados todos os demais fatores, ou então, permanecendo iguais todos os demais elementos. E Significa mantidas constantes as demais variáveis, ou então, e inconstantes os outros fatores. 9. São vários os participantes de uma economia, seja ela fechada, isto é, sem contato com o exterior ou aberta, no caso contrário. Os economistas classificam os agentes econômicos em grupos fundamentais, visando compreender os desdobramentos dos fenômenos econômicos. Desta forma, são considerados agentes econômicos: A As pessoas físicas, as pessoas jurídicas formalizadas e o governo. B As pessoas físicas, as empresas formalizadas e o governo municipal, estadual e federal. C As pessoas físicas, as empresas em dia com os impostos e o governo em suas diversas esferas. D As pessoas físicas, as empresas constituídas segundo a Lei das S/A e o governo federal. E As unidades familiares, as empresas e o governo. X 7 10. Em relação ao estudo da Microeconomia, assinale a alternativa falsa: A A Microeconomia analisa variáveis agregadas. X B A Microeconomia é muito mais abstrata que a Macroeconomia. C A Microeconomia possui uma visão microscópica dos fenômenos econômicos, ao contrário da Macroeconomia, que possui uma visão telescópica. D A Microeconomia se preocupa com os preços relativos e não com os preços absolutos. E A teoria do consumidor e a teoria da firma fazem parte da Microeconomia. 11. Numa economia mista (feudalismo, capitalismo, socialismo) de mercado, as imperfeições de concorrência podem ser solucionadas pela intervenção de um dos agentes econômicos abaixo listados: A Estado X B Empresas C Consumidores D Sindicatos E Órgãos internacionais 12. Muitos classificam a Economia como sendo uma ciência preocupada, fundamentalmente, com a Lei da Escassez – há sempre pouco para muitos. Esses pensadores admitem que: A Os recursos existentes na natureza, apesar de abundantes e sempre renováveis, não conseguem, muitas vezes, saciar os desejos humanos. B Os recursos somente permitem a obtenção do indicado na alternativa (a), anterior, quando se referem a fatores de produção utilizados pelos agentes econômicos. C Mesmo nas modernas sociedades, a Lei da Escassez está presente, independentemente do avanço da tecnologia dos povos. X D Entre os fatores de produção, requeridos para o atendimento às necessidades dos agentes econômicos, a maior preocupação é com o trabalho, em função da diminuição da população mundial nas últimas décadas. E Não existiriam recursos escassos, se a terra fosse de propriedade comum aos agentes econômicos. 8 PARTE II - A NATUREZA DO PROBLEMA ECONÔMICO – NECESSIDADES ILIMITADAS As necessidades humanas constituem o ponto de partida para a atividade econômica. O objetivo fundamental da atividade econômica é o de poder criar bens que satisfaçam essas necessidades. Mas, elas são ilimitadas e crescem com o próprio desenvolvimento humano, demandando, cada vez mais, o auxílio de meios externos para a sua satisfação. Essa realidade pode ser observada nas visitas a mercados e centros de consumo. Os desejos se multiplicam, enquanto os recursos não conseguem acompanhar essa evolução. As necessidades, que nascem dos impulsos e desejos do ser humano, se apresentam sob diferentes formas. Há aquelas que demandam uma satisfação praticamente imediata, como é o caso das relacionadas com alimentação, vestuário, etc. Outras, porém, podem ter sua satisfação adiada. Muitas necessidades não conseguem ser suprimidas pela própria iniciativa privada, determinando a existência dos chamados bens públicos, produzidos sob a égide do Estado, Podemos classificar essas necessidades humanas em: a) Coletivas São as relacionadas com a segurança, defesa, educação, saneamento básico, saúde etc.. b) Individuais São as necessidades básicas (absolutas ou biológicas), como dormir, respirar, comer, habitar, procriar, vestir etc., por sinal, nem sempre atendidas por processos econômicos, Neste grupo, encontramos, também, as relativas ou sociais, isto é, as que não são as mesmas para todos os indivíduos (hábitos, normas, costumes e valores - uso de talheres e pratos, cama para dormir, hábito da leitura e outros). No quadro representado abaixo, estão resumidas as categorias que refletem as várias necessidades dos indivíduos. 9 Na outra figura abaixo, há a representação da chamada Hierarquia de Necessidades de Maslow. As necessidades tendem a se reproduzir com regularidade e são influenciadas não apenas pelas diferenças de clima, topografia ou recursos naturais, mas, também, de padrões culturais. O atendimento dessas necessidades, muitas vezes, somente será conseguido com a aplicação dos escassos fatores de produção, que irão gerar os bens e serviços desejados pela sociedade. TIPOS DE NECESSIDADES COLETIVAS INDIVIDUAIS Absolutas Relativas Segurança, defesa, educação, saneamento básico, saúde etc. Dormir, respirar, comer, habitar, procriar, vestir etc. Hábitos, normas, costumes e valores Necessidades biológicas ou básicas Segurança Associação Auto-estima Auto-realização 10 Abraham Maslow, psicólogo norte-americano (1908/1970) desenvolveu uma teoria em que as necessidades humanas são hierarquizadas, partindo das mais básicas (biológicas) às mais específicas, como as de valorização individual e cultural. Resolvidas as necessidades da base (iniciais/básicas), o indivíduo procura segurança, na sua própria residência e no seu emprego e coletividade. A seguir, objetiva atender ao sentimento de viver em comunidade, ser aceito pelo grupo, de relacionar-se com outros. Depois, procura por reconhecimento, status, poder. Finalmente, preocupa-se com a sua auto-realização, oferecendo-se, por exemplo, para participar de projetos arrojados ou experimentais. Os grupos de necessidades só serão atendidos, após o atingimento das anteriores, devendo ser considerado que o indivíduo ocupa diferentes degraus nessa pirâmide, ao longo do tempo. EXERCÍCIOS 1. “Sempre o homem experimentou novas necessidades ou descobriu maneiras diferentes de atender a necessidades antigas. Quando as comunidades humanas eram pequenas, acanhadas e, sobretudo, isoladas, a força da tradiçãode cada uma delas se fazia sentir com maior vigor, os costumes cristalizavam-se e as inovações eram tão lentas a ponto de poderem passar quase despercebidas ao longo de uma geração” – NUSDEO, Fabio – Curso de Economia – Introdução ao Direito Econômico – 2ª. edição, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2000, pg. 24. São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2000, pg. 24. Esse texto procura demonstrar que: A Só é possível falarmos, adequadamente, das necessidades humanas como sendo ilimitadas, a partir da época moderna, iniciada com a Revolução Industrial inglesa do século XVIII. B As necessidades humanas sempre foram infinitas, apenas mudando de ritmo e de características ao longo do tempo. X C Sempre houve uma imposição das necessidades dos vencedores às dos vencidos, e os povos, devido às guerras. D A tecnologia tem eliminado a dependência dos homens às suas variadas necessidades. E Estão corretas as alternativas (a) e (d). 11 2. No que tange às necessidades humanas, uma classificação usualmente adotada as separa em: I. Coletivas ou individuais e, estas últimas, em absolutas ou relativas. II. Individuais ou coletivas e, estas últimas, em de interesse geral ou particular. III. Coletivas ou individuais e, estas últimas em boas ou más, com relação à distribuição da renda entre os agentes econômicos. IV. Individuais ou coletivas e, estas últimas, em eficientes e não-eficientes. Considerando as assertivas acima: A I está errada. B II está errada. C I, II e IV estão erradas. D II está correta. E I está correta. X 3. A segurança pública tem sido apontada como um objetivo que deve ser perseguido com prioridade pelos políticos, ao assumirem os cargos públicos para os quais foram eleitos. Esse tipo de necessidade: I. Pode ser enquadrado como Individual, pelo que representa para cada pessoa da sociedade. II. É do tipo Coletiva, seguindo a mesma linha da biológica. III. É Individual, tais como as relacionadas com a educação e a saúde. IV. É Coletiva, por afetarem um grande grupo de agentes econômicos. Considerando as assertivas acima: A Somente I está correta. B Apenas II está errada. C I e IV estão erradas. 12 D Apenas IV está correta. X E Todas estão corretas. 4. As necessidades básicas dos indivíduos referem-se a aspectos de natureza biológica como, por exemplo, dormir, respirar, habitar. Nesse sentido, elas: A Somente podem ser atendidas com o fornecimento de bens econômicos para a sociedade. B Somente podem ser atendidas com o fornecimento à sociedade de bens livremente disponíveis na natureza C Muitas vezes, dependem de ações econômicas, direta ou indiretamente a elas relacionadas. X D Dependem da força-de-vontade de cada indivíduo. E Definitivamente, não preocupam os condutores de políticas econômicas, mas, sim, os cientistas sociais 5. As necessidades hierárquicas, estudadas por Maslow (psicólogo norte-americano), podem ser visualizadas com base em uma pirâmide que: I. Na base, apresenta as necessidades mais complexas. (básicas) II.Na base, apresenta as necessidades de auto-estima de cada indivíduo. III.Os indivíduos procuram satisfazê-las, partindo da base para atingir o topo. IV.Os indivíduos procuram satisfazê-las, partindo do topo para chegar à base. Considerando as assertivas acima: A Todas estão erradas. B II está correta. C Todas estão corretas. D I está correta. E Apenas III está correta. X 6. As necessidades humanas fundamentais são muito representadas pelas biológicas, como dormir, respirar, etc. Nesse sentido, é razoável admitir que elas: I. Dependem, por completo, da produção de bens econômicos pela respectiva sociedade. (Respirar?) II. Nunca demandam bens econômicos para a sua satisfação. (comer?) 13 III. Podem ser, muitas vezes, resolvidas com a própria disponibilidade de bens livres, na natureza. Com base nessas opções, podemos considerar: A I está correta. B III está correta. X C Todas estão erradas. D II está correta. E Todas estão corretas. PARTE III - A NATUREZA DO PROBLEMA ECONÔMICO – RECURSOS ESCASSOS A natureza do problema econômico reside na constatação de que os recursos que a coletividade dispõe para a produção dos bens e serviços que irão satisfazer as necessidades dos seus membros são limitados em relação ao volume dessas exigências. Para os economistas, a escassez implica em restrição ao consumo, via mecanismos de preços e pesquisas de materiais e de bens e serviços alternativos. Os indivíduos necessitam de certos bens – roupas, alimentos, um lugar para morar, um veículo para se locomover – e também de serviços – educação, lazer, saúde – que são escassos, isto é, existem em quantidades limitadas. Em contrapartida, as aspirações humanas são ilimitadas, superando o volume de bens e serviços disponíveis para a satisfação destes desejos. Caracteriza-se, dessa forma, o problema fundamental da Economia: a escassez. Se não podemos ter tudo o que desejamos, já que os recursos ou os fatores de produção: capital, terra, trabalho, tecnologia e capacidade empresarial – são escassos, é preciso escolher entre os bens que serão produzidos e oferecidos à coletividade. Capital, terra e trabalho, ao lado do conhecimento tecnológico e capacidade empresarial constituem os fatores de produção, isto é, os recursos de produção escassos. O capital É representado por todo bem que é destinado à produção de outro bem, como, por exemplo, a infra-estrutura produtiva: edifícios industriais, máquinas e equipamentos, ferramentas e os computadores. O capital engloba também o próprio fluxo de remuneração (salários, lucros, juros) e os pagamentos de bens e serviços adquiridos das empresas. É, pois, um conjunto de recursos de natureza econômica, distintos e passíveis de reprodução, que possibilita a 14 obtenção de um rendimento em períodos determinados. Sua utilização de forma eficiente propicia a elevação do rendimento do trabalho humano e da produtividade real do sistema econômico. Os recursos necessários à formação de capital podem ser de origem interna ou procedentes de outros países. Os primeiros são garantidos pela poupança, isto é, a renda gerada que não é destinada ao consumo imediato. Esta poupança nem sempre é espontânea, ou seja, nem sempre é resultado do desejo das pessoas. Em sistemas econômicos afetados por uma inflação persistente, tem-se, por vezes, a formação de poupança compulsória (ou obrigatória, forçada) para fazer frente à necessidade tanto de investimento como de redução da demanda e, portanto, como elemento de combate à inflação. A poupança pode ser originada pelos indivíduos, empresas e até pelo setor público. Para complementá-la, os países podem recorrer a empréstimos e investimentos de agentes econômicos (indivíduos, empresas, órgãos internacionais e até governos) não-residentes no país. A terra Os chamados recursos naturais compreendem a base de um sistema sobre a qual se assentará o capital técnico, podendo ser renováveis (de natureza biológica, como os vegetais ou animais), ou não renováveis (como o petróleo). Durante muito tempo prevaleceu a idéia de que a verdadeira riqueza de uma nação seria aquela resultante da utilização indireta do fator terra, ou seja, a produção agrícola, enquanto os outros bens seriam apenas derivados de uma transformação dos produtos primários, não acrescentando, portanto, mais riqueza à coletividade. O trabalho O trabalho humano, quando aplicado aos instrumentos – o fator capital –, num dado espaço físico – o fator terra –, promove a transformação do meio e a produção de bens segundo as suas próprias necessidades. O ser humano procura criar, desenvolver e enriquecer novos meios de produção, com vistas ao progresso e evolução da técnica. Para os economistas da escolaclássica, o trabalho é o determinante do valor econômico e a fonte única de todo o progresso humano. A tecnologia Tecnologia significa o estudo das técnicas, isto é, da maneira correta de executar qualquer tarefa, definindo formas, instrumentos, equipamentos, métodos, características físicas de materiais intermediários e outros insumos para a obtenção de um bem econômico. A tecnologia pode ser definida como o conhecimento humano aplicado à produção. Alguns autores consideram a tecnologia como uma mercadoria que tem um 15 preço no mercado e que pode se tornar ultrapassada com o advento de outra, mais recente. As nações em desenvolvimento são potencialmente compradoras de tecnologia originária de nações desenvolvidas e, portanto, as empresas estrangeiras assumem papel preponderante na transferência de tecnologia, como resultado de uma licença de produção por firmas nacionais, por exemplo, mediante o pagamento de royalties. (Royal: aquilo que pertence ou é relativo ao Rei, monarca ou nobre. Importância para pela exploração recurso natural, produto, marca, patente de produto para uso, exploração, distribuição ...) A descoberta de novas matérias-primas, de modernos métodos de produção, o surgimento de novos produtos modifica a divisão social eleva a produtividade do trabalho. Essas mudanças se manifestam como inovação de processo e inovação e de produto. A inovação tecnológica de processo atinge o processo de fabricação, sem mudanças nas características do produto, como, por exemplo, a diminuições no tempo de obtenção do produto, a reduções no número de operações, à racionalização no uso de matérias-primas etc. A capacidade empresarial A função empresarial é vital para a condução da ordem capitalista. Nas economias onde a livre iniciativa impera, compete aos empresários explorar uma invenção ou introduzir uma inovação de produto ou de processo. Também serão os empreendedores que abrirão nova frente de oferta de bens e serviços, novos usos para produtos conhecidos, reativação e reorganização de indústrias etc.. Trata-se, portanto, de uma aglutinação de um conjunto de fatores e funções, ou seja, da obtenção e da ação conjunta de capital, terra, trabalho e tecnologia. Estes fatores, organizados em funções industriais, comerciais, administrativas, financeiras e de pesquisa & desenvolvimento, serão vitais para a execução física de um projeto e sua transformação em uma realidade duradoura, em prol da geração de bens e serviços que satisfaçam alguma necessidade humana. A capacidade empresarial se resume, portanto, em conseguir que as coisas sejam feitas. Exercícios 1. O capital, além das características físicas, engloba a remuneração, sob a forma de juros, lucros, etc. Entre as características desse importante fator de produção, podemos considerar: I. Pode ser considerado como um conjunto de recursos diferenciados e possíveis de serem reproduzidos. 16 II. Seu uso permite, com eficiência, o aumento do rendimento do trabalho e, como consequência, da produtividade total da economia. III. Para que ocorra a sua eficiente reprodução, o capital demanda a constituição de uma poupança baseada somente nas restrições internas de consumo dos agentes econômicos do país. Com respeito a essas alternativas, podemos considerar: A I está errada. B Apenas III está errada. X C Todas estão corretas. D Todas estão erradas. E II está errada. 2. A formação de capital de uma sociedade depende da geração de poupança, que por seu turno, equivale à restrição ou adiamento do consumo pelos agentes econômicos. Entre as características que determinam a constituição dessa poupança, temos: A Ela pode ser obtida com recursos externos, em função do país haver realizado mais exportações do que importações, em suas transações com o exterior. B Ela, nem sempre, é determinada pelo ato compulsório das pessoas, mas podem, também, ser originadas de forma obrigatória, via incentivos gerados no próprio mercado. C A poupança pode ser feita por todos os agentes econômicos, com exceção das entidades governamentais. D Ela, nem sempre, é determinada pelo ato voluntário das pessoas, mas podem, também, ser originadas de forma obrigatória, via incentivos e políticas governamentais. X E A poupança somente pode ser originada apenas pelos indivíduos, sem a participação das empresas e do setor público. 3. "O Capitalismo de hoje é um sistema orientado pelos dirigentes de empresas"- Luis Fernando Vitagliano - jornal Valor Econômico, edição de 04/08/2009, A8. O autor comenta, em seu artigo, a questão relacionada com as mudanças que podem ocorrer no sistema capitalista, a partir da eclosão da crise iniciada em 2007/2008, envolvendo as relações entre acionistas e diretores/gerentes (empregados) nas empresas. Esta frase revela mudanças fundamentais com o emprego dos fatores de produção nas empresas, notadamente com relação ao capital e ao trabalho. 17 O assunto em questão, por outro lado, nos leva à lembrança de que o capital (dentro do capitalismo) pode se apresentar de diferentes formas, entre as quais cumpre destacar: I. O físico, caracterizado, por exemplo, pela adoção de ferramentas e meios de produção. II. O humano, revelado pela disponibilidade de talentos e competências pessoais e profissionais para o desempenho das várias atividades da empresa. III. O contábil, expresso nas participações dos cotistas e acionistas, conforme o modelo de organização da empresa, registradas no balanço patrimonial da empresa. Com base nessas alternativas, podemos indicar: A I está correto. B II está errada. C III está errada. D Todas estão corretas. X E Todas estão erradas. 4. Os recursos de produção ou fatores de produção, são reconhecidos pelas seguintes denominações: I – Terra, Trabalho, Capital, Tecnologia e Capacidade Empresarial. II – Terra, Trabalho, Capital, Tecnologia, Capacidade Empresarial e Recursos Externos. III – Terra, Trabalho, Capital. Tecnologia, Capacidade Empresarial, Recursos Externos e Recursos Fiscais. Com base nessas assertivas, podemos considerar que: A As alternativas I e II estão corretas e a III está errada. B As alternativas I, II e III estão corretas. C As alternativas I, II e III estão erradas. D A alternativa I está correta e a II e a III estão erradas. X E As alternativas I e II estão erradas e a III está correta. 18 5. O Fator Capital é um dos fatores de produção da sociedade. Representa A O conjunto de riquezas geradas pela sociedade, e é com o emprego delas que a população economicamente ativa se equipa para o exercício das atividades de produção. B O conjunto de riquezas acumuladas pela sociedade, e é com o emprego delas que a população ativa se equipa para o exercício das atividades de produção. X C O conjunto de riquezas da sociedade que com seu emprego gera mais riqueza para distribuição entre a população da sociedade. D O conjunto de riquezas da população economicamente ativa que as aplica em negócios que geram riqueza para a sociedade. E O conjunto de riquezas naturais de uma sociedade que as utiliza em beneficio de toda a população. 6. Pode-se definir como problema econômico: A o processo de elaboração dos bens para o consumo da sociedade; B o processo de manutenção das sociedades por meio dos fatores de produção. C o processo de prover o bem estar material da sociedade; X D o conflito entre a escassez dos fatores de produção e as limitadas necessidades do ser humano. E o dilema consubstanciado nas limitações da oferta e da demanda de bens e serviços; 7. O capital, um dos fatores de produção, é constituído A pela técnica de aumentar a produtividade dentro da economia. B pela força produtiva representada pelos operários na indústria. C pela quantidade de dinheiro à disposição do sistema econômico. D pela infra-estrutura produtivarepresentada pelas máquinas, ferramentas, edifícios, equipamentos etc. X E pelo aporte de recursos financeiros, qualquer que seja sua destinação e uso. 19 8. A capacidade tecnológica é um dos fatores de produção mais importantes, já que dele derivam multiplicadores que otimizam a produção. Na tipologia deste fator de produção pode-se constatar I – Capacitação para atividades de P&D = Talento, conhecimentos, habilidades, etc. que resultam em invenções. II – Capacitação para desenvolver e implantar novos projetos = Conhecimentos e habilidades para formatar projetos de novos processos e de novos produtos, é a passagem da invenção para a inovação. III – Capacitação para operar as atividades de produção = Operação do processo produtivo. IV – Capacitação para o aumento da produtividade = Melhoria no nível de renda agregada do país. (não necessariamente Produtividade é igual a rentabilidade. Capacidade Empresarial=Lucro) A A alternativa I está correta e a II, III, e a IV estão erradas. B As alternativas I, II e III estão corretas e a IV está errada. X C As alternativas I e II estão corretas e a III e a IV estão erradas. D As alternativas I, II, III e a IV estão corretas. E As alternativas I, II estão erradas e a III e a IV estão corretas. 9. Capital, Recursos Naturais e Força de Trabalho representam: A Os meios de produção de bens e serviços que se dirigem ao atendimento das necessidades humanas X B A capacidade empresarial para suprir a sociedade de bens e serviços C Serviços produzidos em larga escala dirigidos ao mercado consumidor D As necessidades humanas atendidas pela produção empresarial E Os benefícios da produção de bens e serviços dirigidos à sociedade 10. De forma global, o fator de produção que se vale e explora adequadamente os demais, para que se obtenha uma produção eficiente, é: A Capital. 20 B Capacidade empresarial. X C Terra. D Trabalho. E Mão-de-obra. 11. Cada fator de produção recebe o seu particular tipo de remuneração. Entre as alternativas a seguir, indique aquela cujos pares não se combinam: A Trabalho e salário. B Terra e renda fundiária. C Capacidade empresarial e lucro. D Capital físico e lucro. E Capital humano e juros. X PARTE IV - A NATUREZA DO PROBLEMA ECONÔMICO – BENS LIVRES E ECONÔMICOS As necessidades são satisfeitas por determinado tipo de bem.Quando este é abundante, como, por exemplo, a água do mar e a luz do sol, é considerado bem livre. Todavia, a maioria das necessidades dos indivíduos será satisfeita por bens escassos, ditos econômicos, que irão demandar outros fatores de produção. Esses bens podem ser subdivididos em tangíveis, isto é, materiais, e intangíveis, como é o caso dos serviços. Os tangíveis podem ser: bens finais São os bens de consumo, não-duráveis, assim denominados porque possuem existência muito limitada no tempo e geralmente desaparecem ao satisfazer a necessidade, como é o caso dos alimentos. Há, também os bens de consumo duráveis, cuja utilização é substancialmente prolongada, como, por exemplo, eletrodomésticos, automóveis etc. São estes bens que, como regra geral, promovem a atividade econômica, porque na sua produção são utilizados produtos intermediários, máquinas, fornecimentos de terceiros e um contingente considerável de pessoas direta ou indiretamente ocupadas que, auferindo rendimento, poderão adquirir bens econômicos, realimentando o processo de produção agregada de toda a sociedade. Há, também, os bens de capital, destinados à produção de novos bens e, por isso mesmo, também conhecidos por “bens de produção”, como as máquinas industriais, ferramentas etc.. É de se notar, ademais, que um mesmo bem pode ser classificado em grupo distinto, segundo a categoria uso. Assim sendo, um automóvel pode ser um bem de consumo durável e, para aquele que o utiliza como forma de prestação de um serviço – táxi, por exemplo, ele é considerado um bem de capital ou bem de produção. 21 b) bens intermediários Certos bens, como o aço, o cimento, a cal e uma infinidade de outras mercadorias, requerem transformações antes de se converterem num bem de consumo ou bem de capital. São, portanto, considerados bens intermediários. CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS BENS Bens Econômicos Bens Livres (água do mar, luz do sol etc.) Bens Tangíveis Bens Intangíveis (serviços) Bens Finais Bens Intermediários (a cal, o cimento, o ferro, o aço, alumínio etc.) Bens de Consumo Bens de Capital (máquinas, ferramentas etc.) Bens de Consumo Não- duráveis (alimentos, artigos de vestuário etc.) Bens de Consumo Duráveis (eletrodomésticos, automóveis etc.) 22 EXERCÍCIOS 1. Dentre as alternativas a seguir, aponte a que considera falsa. A Os bens são procurados por serem raros. B Os bens são demandados por serem escassos. C Os bens econômicos são, antes de mais nada, livres para uso pelos agentes econômicos. X D Os bens econômicos são demandados pelo fato de poderem ser produzidos. E Os bens são demandados para o atendimento às necessidades humanas. 2. Entre os aspectos relacionados com a CPP (Curva de Possibilidades de Produção), podemos indicar que: I. Ela existe tanto numa economia de mercado como numa baseada em planejamento centralizado. II. Na construção de uma CPP, supõe-se a existência de recursos limitados, pleno emprego dos recursos e tecnologia dada. III. Quanto menores forem as disponibilidades de recursos na economia, mais afastada da origem (gráfico cartesiano - XY) estará a CPP (Curva de Possibilidades de Produção). (quanto mais se produz de um, menos se produz de outro). No que tange a essas alternativas, podemos entender que: A I e II estão corretas. X B Todas estão corretas. C I e II estão erradas. D Todas estão erradas. E Apenas I está correta. 3. Qual seria a classificação adequada para os bens econômicos? A De consumo, duráveis e não-duráveis. B Livres e de produção. C De consumo e livres. D De consumo duráveis e de produção. E Tangíveis e intangíveis. X 23 4. Os bens exclusivos são os aptos a atenderem às necessidades de um único indivíduo, como ocorre com os alimentos e o vestuário. Podemos afirmar: A Vigora o chamado princípio da exclusão, indicando que o consumo por um agente impede o de outro. X B Vigora o chamado princípio da exclusão relativa, indicando que o consumo por um agente dificulta o de outro. C Não vigora o chamado princípio da exclusão, indicando que o consumo por um agente impede o de outro. D Não vigora o chamado princípio da exclusão relativa, indicando que o consumo por um agente dificulta o de outro. E Há a possibilidade de atendimento a um grupo mais ou menos amplo de pessoas, dentro de uma coletividade. 5. Os bens de consumo, não-duráveis são, assim denominados porque possuem existência muito limitada no tempo e geralmente desaparecem ao satisfazer a necessidade, como é o caso dos alimentos. Há, também os bens de consumo duráveis, cuja utilização é substancialmente prolongada, como, por exemplo, eletrodomésticos, automóveis etc. Entre esses dois, podemos considerar que os que, usualmente, mais contribuem para a promoção do crescimento da atividade econômica são: A Os bens não-duráveis dado que requerem o emprego de um grande contingente considerável de pessoas na sua produção. B Os bens não duráveis, que são, por natureza, mais imprescindíveis do que os outros. C Os bens duráveis, dado que na sua produção são utilizados produtos intermediários, máquinas, fornecimentos de terceiros. X D São os bens duráveis que permitem a aquisição de outros bens pelos diferentes agentes econômicos. E Nenhum deles, pois o que importa, efetivamente, é o preço que atingem no mercado. 6. "A escassez só existeporque há procura pelo bem, em razão da existência de uma utilidade suscetível de atender a uma determinada necessidade humana...A Economia, como Ciência, não entra em considerações éticas ou juízos de valor."- SOUZA, Nali de Jesus de. Economia Básica. São Paulo, Atlas, 2007 (pg. 7). 24 Nesse sentido, podemos considerar que: A O produto é um bem ainda que não satisfaça uma necessidade de um agente econômico. B A poluição, por paradoxal que pareça, pode ser considerada um bem como qualquer outro. C O fumo, embora faça mal à saúde, é considerado um bem econômico, dado que satisfaz a necessidade de determinados agentes econômicos. X D A Economia acaba sempre determinando as transações que devem ou não ser efetuadas pelos variados agentes econômicos. E (B) e (C) estão corretas. 7. Um aspecto que foi muito mencionado na mídia foi a presença de bares, em várias grandes cidades do mundo, que oferecem, de forma gratuita, aos seus clientes, oxigênio com 95% de pureza. Podemos classificar esse particular bem, como sendo: A Um bem livre, disponível para toda a coletividade. B Um bem econômico, dado que é disponibilizado de forma gratuita. C Um bem econômico, visto que é disponibilizado de forma gratuita. D Um bem econômico, dada a não exigência de preço e sua limitada produção. E Um bem econômico, pois, apesar de não ser precificado é encontrado em quantidade limitada, em relação às necessidades dos agentes econômicos. X 8. Os bens de produção são importantes para o desenvolvimento de uma determinada economia e rivalizam com os outros na designação de recursos para a sua fabricação. Entre esse tipo de bens, podemos enquadrar: A Os bens de consumo intermediário e os bens de capital, utilizados pelos agentes econômicos. X B Os bens de consumo final e os bens de capital, utilizados pelos agentes econômicos. C Os bens de consumo intermediário e os bens de consumo, utilizados pelos agentes econômicos. D As máquinas e os alimentos consumidos individualmente pelos empregados de uma companhia. 25 E Apenas os bens de consumo final, que entram na composição dos demais bens da economia. PARTE V - A NATUREZA DO PROBLEMA ECONÔMICO – QUESTÕES CENTRAIS DA ECONOMIA O que produzir? Em sociedades baseadas no livre funcionamento dos mercados, essa questão refere-se às escolhas feitas pela sociedade para a produção de bens e serviços alternativos, com base na disponibilidade de recursos e na tecnologia existente na sociedade. Os modelos que caracterizam esse atendimento são estudados pela CPP (Curva de Possibilidades de Produção) de uma determinada economia. Esse modelo é apoiado em conceitos como a Lei dos Rendimentos Decrescentes e Custos de Oportunidade, cujos conceitos são informados no arquivo em anexo. Em economias baseadas no livre funcionamento dos mercados são os consumidores os que sinalizam o que produzir (a soberania do consumidor). Em economias planificadas, como era o caso da antiga União Soviética, a decisão é determinada por unidades centrais, normalmente ligadas às esferas governamentais. Quanto produzir? Neste caso, a quantidade a ser produzida é determinada pela curva de oferta de um determinado bem ou serviço. Como produzir? Os aspectos aqui indicados relacionam-se com a eficiência da produção econômica, no sentido de serem empregadas diferentes quantidades de fatores, com mais intensidade de capital ou de trabalho, por exemplo. Para quem produzir? (Classe alta, média, baixa – todas) Neste caso, devem ser feitas escolhas a respeito de quem e quais classes sociais serão favorecidas durante o processo de distribuição do produto, isto é, trata das questões relacionadas com a distribuição da renda entre os diferentes agentes e classes sociais e econômicas. 26 CURVA OU FRONTEIRA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO Trata-se de um conceito muito utilizado para demonstrar a escassez e as necessidades de escolhas na produção de bens ou serviços alternativos. Imagine que, em dada região ou país, a utilização dos recursos disponíveis – capital, terra, trabalho, tecnologia e capacidade empresarial – para a produção de dois bens, que chamaremos de alfa e beta, possibilitaria as seguintes quantidades: Tabela 1 - Possibilidades de Produção, conhecidos os fatores. Alternativa Quando a produção do bem alfa é... ...a produção do bem beta é... A 0 20 B 1 19 C 2 17 D 3 13 E 4 8 F 5 0 A representação gráfica em duas dimensões – eixos x e y, com os dados econômicos observados ou idealizados, será um instrumento de apoio de fundamental importância na apresentação das questões econômicas. Se dispusermos os dados da Tabela 1 numa representação gráfica desse tipo as quantidades do bem beta estejam demonstradas no eixo dos y e as quantidades do bem alfa no dos x. Unindo-se os pontos A a F, que representam as alternativas da Tabela 1, obtem-se a Curva de Possibilidades de Produção (CPP), que demonstra as escolhas máximas que são oferecidas à sociedade, dada a limitação dos recursos. Pode ser constatado um decréscimo na produção do bem beta, à medida que aumenta a produção do alfa. No ponto A, todos os fatores são utilizados para a produção do bem beta. No outro extremo, quando todos os fatores são alocados para a produção 27 do bem alfa, nenhuma unidade de beta pode ser produzida. Entre estes dois extremos, existem pontos intermediários que revelam a escassez dos recursos e, como conseqüência, a imperiosidade de sacrifício de unidades de produção de um bem quando se aumenta a produção de outro bem. Gráfico 1 - Traçado da curva de possibilidades de produção A CPP revela os limites máximos de produção possível de dois bens. No ponto U não estão sendo empregados todos os recursos disponíveis, havendo, portanto, desemprego de fatores.O pleno-emprego ocorre sobre a CPP e os pontos localizados “dentro” da curva representam situações em que os recursos não estão sendo administrados de forma eficiente. Observa-se, no Gráfico 2, que, se a economia estiver operando no ponto U – e, portanto, com ociosidade de fatores - é possível expandir a produção do bem beta, ou do bem alfa ou, ainda, uma combinação de ambos, até os limites das possibilidades de produção, indicado pela CPP. Bem beta Bem alfa 5 0 10 15 20 1 2 3 4 5 A B C F D E 28 Gráfico 2 - Curva de possibilidades de produção e o desemprego de fatores. Um deslocamento da CPP para cima e para a direita – gráfico 3 - denota crescimento da produção devido a alterações positivas na composição e no volume dos fatores de produção, como decorrência, por exemplo, de um aumento na quantidade do fator capital, uma melhoria qualitativa na força de trabalho, e, ainda, do progresso tecnológico, responsável por novos métodos de produção. Uma diminuição de fatores de produção pode levar a um deslocamento da CPP para a esquerda, o que constitui uma anormalidade no funcionamento de todo o sistema econômico, devido, por exemplo, a uma guerra ou uma epidemia, afetando a quantidade e qualidade do fator mão-de-obra. Bem beta Bem alfa 5 0 10 15 20 1 2 3 4 5 A B C F D E U 29 Gráfico 3 - Deslocamento da CPP em função de alterações nos fatores de produção. O custo de oportunidade. A análise da CPP conduz a duas importantes constatações: a primeira delas diz respeito ao custo de oportunidade, isto é, à renúncia ou sacrifício de um bem em prol da obtenção de outro. Assim, o custo de oportunidade para a obtenção da primeira unidade do bem alfa é uma unidade do bem beta, conforme se pode deduzir da Tabela 2 A obtenção da segunda unidade de alfa leva ao sacrifício de mais duas unidades de beta; a terceiraunidade de alfa exige um custo de oportunidade de mais quatro unidades de beta, e assim por diante. Ao final, para a produção da quinta unidade de alfa, deverão ser sacrificadas mais oito unidades de beta. Este custo de oportunidade no caso específico de opções entre cada alternativa de produção de alfa e beta está demonstrado no Gráfico 4. Bem beta Bem alfa 5 0 10 15 20 1 2 3 4 5 30 Tabela 2 - Custo de oportunidade. Alternativa Quando a produção do bem alfa é... ...a produção do bem beta é... ... e o custo de oportunidade (em unidades de beta) é... A 0 20 B 1 19 1 C 2 17 2 D 3 13 4 E 4 8 5 F 5 0 8 Gráfico 4 - Custo de oportunidade. Bem beta Bem alfa 5 0 10 15 20 1 2 3 4 5 1 2 5 4 8 31 A Lei dos Rendimentos Decrescentes. Conforme foi visto, uma expansão dos fatores de produção leva a deslocamentos positivos da CPP. Se, no entanto, se mantiver constante um ou mais recursos físicos, os aumentos nas possibilidades de produção serão menos que proporcionais, tornando-se decrescentes ou mesmo nulos a partir de certo nível. Em outras palavras, a lei dos rendimentos decrescentes baseia-se na impossibilidade de uma expansão de todos os fatores de produção na mesma intensidade. Se apenas um dos fatores permanecer constante, aumentando-se os demais, a produção apresentará menor taxa de crescimento a cada estágio. Suponhamos, num primeiro momento, que, como resultado da utilização de 100 unidades do fator terra 300 unidades do fator capital 50 unidades do fator trabalho obtém-se 30 unidades do bem alfa e 40 unidades do bem beta. Num segundo momento, mantendo-se constante a quantidade do fator terra e incrementando-se o capital e a mão-de-obra para 360 e 60 unidades, respectivamente, a possibilidade de produção passa para 35 e 45 unidades de alfa e beta. Observa-se que, para um aumento de 20% nos fatores, a possibilidade de produção cresce aproximadamente 17%. Num terceiro momento, utilizando-se 100 unidades do fator terra 430 unidades do fator capital 70 unidades do fator trabalho a possibilidade de produção atinge 38 unidades do bem alfa e 48 unidades do bem beta. Nesta simulação, a um novo aumento de 20% nos fatores capital e trabalho, mantendo constante o fator terra, as possibilidades de produção aumentam em menos de 9%. (plantação de 1 há produz 90 sacas de milho com utilização de: 1 pessoa, 10 sacos de adubo, 2 l herbicida... aumentando para 20 sacos de adubo vai para 95 sacas colhidas. Rendimento não segue a mesma proporção). 32 EXERCÍCIOS 1. A Curva de Possibilidades de Produção (CPP) é requerida para a ilustração de um dos problemas fundamentais de economia, refletidos no confronto entre as necessidades ilimitadas e os recursos finitos,determinando a necessidade de escolhas pelos agentes econômicos. Essa curva mostra, comparativamente, para dois bens quaisquer: A Os desejos dos indivíduos e famílias quanto à produção total dos referidos bens. B A quantidade total produzida para cada um desses bens, em função do completo emprego de mão-de-obra. C A quantidade disponível desses dois bens, considerando apenas as necessidades dos indivíduos da referida coletividade. D Quanto se pode produzir dos citados bens, levando-se em conta as quantidades de trabalho, capital e terra existentes e a tecnologia disponível na coletividade. X E A impossibilidade de atender às necessidades dessa sociedade, dado que os recursos, como vimos, são escassos. 2. Os três problemas econômicos relativos a o que, como e para quem produzir, existem: A Apenas nas sociedades de planejamento centralizado. B Apenas nas sociedades de livre iniciativa ou capitalista, onde é mais agudo o problema da escolha entre alternativas de bens e serviços. C Em todas as sociedades, não importando o seu grau de desenvolvimento ou a sua forma de organização política X D Apenas nas sociedades subdesenvolvidas. E Todas as respostas anteriores estão corretas. 3. Em uma economia de mercado, os problemas do o que, quanto, como e para quem produzir são resolvidos: A Pelos representantes do povo, eleitos através do voto. B Pelos preços dos serviços econômicos. C Pelo mecanismo de preços. X D Pelos preços dos recursos econômicos. E Pela quantidade dos fatores utilizados na produção dos bens e serviços. 33 4. Com relação à CPP (Curva de Possibilidades de Produção) de uma economia hipotética, podemos considerar: I. Os pontos situados entre a Curva e os eixos, horizontal e vertical, indicam desemprego de recursos disponíveis para a produção, conforme a tecnologia em vigor na economia. II. Esses pontos indicam desemprego de recursos disponíveis para a produção, conforme a tecnologia em fase de implantação na economia. III. Esses pontos indicam desemprego de recursos disponíveis para a produção, conforme o maior emprego da tecnologia na produção de um dos dois bens. A Apenas I está errada. B I e II estão corretas. C Todas estão corretas. D Apenas I está correta. X E I e III estão erradas. 5. Entre os aspectos relacionados com a CPP (Curva de Possibilidades de Produção, podemos indicar que: I. Ela existe tanto numa economia de mercado como numa baseada em planejamento centralizado. II. Na construção de uma CPP, supõe-se a existência de recursos limitados, pleno emprego dos recursos e tecnologia dada. III. Quanto menores forem as disponibilidades de recursos na economia, mais afastada da origem (gráfico cartesiano - XY) estará a CPP (Curva de Possibilidades de Produção). No que tange à essas alternativas, podemos entender que: A I e II estão corretas. X B Todas estão certas. C I e II estão erradas. D Todas estão erradas. E Apenas I está correta. 6. A escolha entre bens e serviços alternativos é uma condição absolutamente necessária em qualquer sociedade e, assim, podemos afirmar que: 34 I Isso se deve à escassez que afeta somente as classes sociais menos favorecidas; II A escassez de recursos se verifica somente nas comunidades atuais, ricas ou pobres; (passado também) III A escassez é um fenômeno que, hoje ou no passado, sempre direcionou a busca de alternativas para a condução da vida econômica; IV A escassez não ocorria na Idade Média, visto que o servo era amparado pelo senhor feudal, em todas as suas necessidades. Considerando as assertivas acima: A I , III e IV estão erradas. B II e III estão corretas. C I, II e IV estão erradas. X D I, II e IV estão corretas. E IV está correta. 7. A questão como produzir diz respeito: A à procura de uma combinação ótima para a plena alocação dos recursos disponíveis; X B à determinação do padrão de qualidade dos bens e serviços finais que serão levados ao mercado; (também relacionada, mas não o mais importante) C à eliminação dos problemas do desemprego que atingem uma parte da população incorporável ao processo produtivo; D à fixação das parcelas da produção corrente que devem ser destinadas ao consumo e à acumulação; E à determinação dos produtos e serviços que podem ser oferecidos, dadas as características específicas do mercado de atuação; (relacionado) 8. Com o aumento dos fatores de produção disponíveis de um sistema econômico, A a fronteira teórica das possibilidades de produção permanece no mesmo nível; B torna-se possível a elevação do volume da produção, mesmo não havendo capacidade ociosa anterior; X 35 C só seria possível aumentar a produção de determinado bem econômico, sacrificando-se os níveis atuais de produção de outros bens; D a taxa de ociosidade necessariamente deve expandir-se; E ocorrerá um processo inflacionário decorrente de uma expansão da demanda pelos novos insumos; 9. O Gráfico P1.1 aponta um deslocamento da curva de possibilidades de produção,da posição 1 para a posição 2, em virtude da modificação de um dos fatores de produção. Esta modificação permite A produzir bens de capital a um custo menor; B permite produzir bens de consumo a um custo menor; X C permite reduzir o nível de desemprego; D aumenta automaticamente a produção total de bens de capital; E implica em maior ociosidade de fatores de produção de per si. 10. A questão quê e quanto produzir refere-se: A à identificação das necessidades materiais que já se encontram teoricamente satisfeitas; B à determinação do limitado conjunto de bens e serviços que devem ser produzidos para a máxima satisfação das necessidades manifestadas pela sociedade; X C à combinação mais adequada das técnicas de produção, para absorção dos recursos disponíveis; D à promoção do máximo crescimento econômico possível; E ao equilíbrio entre a oferta e a procura conjugadas; 36 11. A curva de possibilidades de produção representa: A O que pode ser produzido por uma economia, tendo como base o fator de produção capital. B As combinações possíveis de produção entre dois bens alternativos, A e B. X C As combinações possíveis de produção dos dez bens mais vendidos em uma economia. D O que pode ser produzido por uma economia, tendo como base os fatores de produção capital e trabalho. E As combinações possíveis de produção dos vinte bens de maior valor em uma economia. 12. Define-se a tecnologia de produto como: A A técnica e os processos que permitem a conservação das características de produção do bem fabricado pela empresa. B A técnica e os processos que propiciam a melhora no processo de produção dos bens. C A técnica e os processos que propiciam a redução do uso de matérias-primas, na fabricação dos diferentes produtos. D A técnica e os processos voltados à obtenção de novo produto, diferenciado dos que estavam sendo comercializados. X E A técnica e os processos que permitem a redução da quantidade de trabalho necessário à produção dos vários bens econômicos. 13. Um ponto, dentro do espaço compreendido entre a curva de possibilidades de produção e os eixos X (abcissa) e Y (ordenada) do gráfico que a representa indica: A Aumento da produção de um dos dois bens possíveis de serem produzidos na economia. B Redução da produção de um dos dois bens possíveis de serem produzidos na economia. C Ociosidade ou má utilização dos fatores compartilhados para a produção dos dois bens. X D Eficiência ou boa utilização dos fatores compartilhados para a produção dos dois bens. E Produção máxima dos dois bens, com a atual disponibilidade de fatores de produção, na economia. 37 14. A lei dos rendimentos decrescentes está relacionada com a impossibilidade de se obter uma expansão continuada e a taxas crescentes da produção, à medida que se aumenta o uso de determinado fator de produção, enquanto os outros permanecem constantes. Segundo essa Lei: A A diminuição do uso dos fatores conduz à elevação da produção dos bens que estão sendo comparados. B O crescimento do uso dos fatores sempre conduz à diminuição da produção dos bens que estão sendo comparados. C O crescimento da utilização dos fatores sempre conduz ao aumento mais do que proporcional da produção dos bens que estão sendo comparados. D O crescimento da utilização dos fatores em todos os casos conduz à menor intensidade da elevação da produção dos bens que estão sendo comparados. E O crescimento da utilização dos fatores não conduz, obrigatoriamente, à mesma intensidade de elevação da produção dos bens que estão sendo comparados. X 15. Os bens de produção são importantes para o desenvolvimento de uma determinada economia e rivalizam com os outros na designação de recursos para a sua fabricação. Entre esse tipo de bens, podemos enquadrar: A Os bens de consumo intermediário e os bens de capital, utilizados pelos agentes econômicos. X B Os bens de consumo final e os bens de capital, utilizados pelos agentes econômicos. C Os bens de consumo intermediário e os bens de consumo, utilizados pelos agentes econômicos. D As máquinas e os alimentos consumidos individualmente pelos empregados de uma companhia. E Apenas os bens de consumo final, que entram na composição dos demais bens da economia. 38 PARTE VI - A NATUREZA DO PROBLEMA ECONÔMICO – SISTEMAS DE MERCADO E COM PLANEJAMENTOS CENTRAIS Na Antiguidade não existiram teorias e escolas econômicas. Os fatos econômicos eram tratados pelas ciências filosóficas, religiosas, jurídicas, moral e política. Devemos ter em mente as condições sociais e econômicas daquelas épocas. O trabalho era considerado desprezível pelos homens livres. Com o advento da Era Medieval (período que vai da queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C. até a Era das Descobertas (séculos XIV e XV), perdurou a economia agrária. A vida econômica estava ferreamente submetida à disciplina religiosa e social e prevalecia a troca natural, pelo aproveitamento dos pequenos e eventuais excedentes. Com a proliferação das vilas e cidades, a segunda fase da economia medieval transformou-se em urbana, com o consequente incremento das trocas entre os agentes econômicos. Sabemos que a ciência econômica somente passou a fixar os seus contornos definitivos a partir da segunda metade do século XVIII, a partir dos estudos de Adam Smith, refletidos em A Riqueza das Nações (1776). Foi o início da chamada Escola Clássica, que considerava o trabalho como a verdadeira fonte de riqueza de uma sociedade, pregando a iniciativa individual como base do progresso e da evolução, social e econômica. Seu princípio regulador é a livre concorrência, que conduz à divisão mais eficiente do trabalho. Quatro grandes princípios dominam a teoria liberal econômica: liberdade de empresa, propriedade privada, liberdade de contrato e de câmbio (troca), regidos pelas leis fundamentais da oferta e da procura. Assim, no decorrer do tempo, o homem tem recorrido a variadas alternativas de organização da sociedade econômica, de forma a enfrentar os problemas relacionados com o que, quanto, como e para quem produzir os diferentes bens e serviços, conforme as disponibilidades dos fatores de produção e o status da tecnologia. As primeiras sociedades eram baseadas na tradição, em que as tarefas eram transferidas de pai para filho, de acordo com o costume e leis largamente estabelecidas no passado. Tivemos a seguir, as sociedades baseadas no mando, cujas escolhas de produção de bens e serviços eram ditadas por um dirigente ou um corpo de líderes que, com base em planejamentos centrais e setoriais determinavam quais bens seriam produzidos. Os países socialistas, como era o caso da ex-União Soviética, operam segundo essas características. 39 As sociedades baseadas no livre funcionamento dos mercados surgiram a partir da dissolução do Feudalismo, em torno do século XIV, XV na Europa Ocidental e são, na atualidade, o regime econômico e político dominante. Nelas, não há um poder centralizador, sendo as escolhas feitas pelo próprio mecanismo de preços no mercado. Das três alternativas, é importante caracterizar que, comparativamente, o sistema baseado na tradição não favorecia o crescimento da sociedade. Por outro lado,aquele que é fundamentado no mando, apesar de não apresentar, geralmente, o inconveniente dessa restrição ao crescimento, apresenta o grande inconveniente da restrição à liberdade de atuação e de idéias dos agentes políticos e econômicos. O socialismo, que pode ser enquadrado nessa categoria e advoga a socialização dos meios de produção, surgiu visando corrigir os abusos da situação econômica e social, do início da Época Liberal, bem caracterizado com as más condições de trabalho e sociais da Revolução Industrial, iniciada a partir do século XVIII. E o sistema fundamentado nos livresmercados, não obstante as suas grandes vantagens em termos de crescimento econômico, não trata de forma adequada muitas questões importantes, como é o caso do desemprego e da distribuição justa e equitativa da renda gerada na sociedade. Na atualidade, podemos distinguir entre duas modalidades fundamentais de organização econômica: a economia de mercado (descentralizada, capitalista) e a planificada (centralizada, socialista). As economias de mercado podem ser classificadas em: concorrência pura (sem que ocorra a interferência do governo) e as mistas (que contam com essa participação). O diagrama constante do arquivo em anexo ilustra os processos relacionados com um sistema atuando em concorrência perfeita. (antes: tradição (pai para filho); mando (decisões centralizada); livre funcionamento dos mercados. Hoje: -economia de mercado que pode ser descentralizada ou capitalista. A capitalista pode ser pura (sem interferência) ou mista (com interferência do estado); -planificada que pode ser centralizada ou socialista.) 40 SISTEMA DE CONCORRÊNCIA PERFEITA VASCONSCELLOS, Marco Antonio s.; TROSTNER, Roberto Luis. Economia Básica – Resumo da teoria e exercícios – 2ª. edição, pg. 19. São Paulo, Atlas, 1994 41 EXERCÍCIOS 1. As economias socialistas, como era o caso das antigas repúblicas que compunham a União Soviética, também reconhecidas como sendo do tipo centralizado, defrontam-se com os mesmos problemas econômicos fundamentais das sociedades baseadas no livre funcionamento dos mercados. Porém, procuram resolver esses problemas: A Pela produção em larga escala de bens de consumo. B Via sistema de preços. C Pelo controle da CPP (Curva de Possibilidades de Produção). D Pelo planejamento da atividade econômica. X E Pela diferença de preços entre todos os bens e serviços disponíveis na respectiva sociedade. 2. Foram três as soluções adotadas, ao longo do tempo, pelos agentes econômicos para tentar equacionar as questões centrais relacionadas com as atividades econômicas O quê, Quanto, Como e Para Quem produzir. Entre elas, é importante salientar que, as que mais favorecem o crescimento da nação são as baseadas em: I. Herança e mando. II. Mando e mercados livres. III. Mando e mercados regulamentados estritamente pelos governos. IV. Mercados livres e os baseados em planejamentos elaborados e controlados centralmente. Considerando as assertivas acima: A II e IV estão corretas. X B I e II estão corretas. C Apenas II está correta. D I está correta. E I e IV estão corretas. 42 3. O sistema em que vivemos, baseados no livre funcionamento dos mercados, se distingue dos anteriormente adotados pela sociedade (tradição e mando) à medida que os seus movimentos são determinados pelo sistema de preços dos vários bens e serviços. Esse preços, porém, dependem: I. Da .manutenção de um esquema produtivo eficiente e com planejamento detalhado das atividades. II. Apenas da interação (trocas) entre os agentes econômicos, que procuram maximizar suas preferências e lucros. III. Da interação (trocas) entre os agentes econômicos, desde que isso reflita uma equitativa distribuição da renda global, gerada no período, entre todos Considerando as assertivas acima: A Todas estão corretas. B Apenas II está errada. C II está correta. X D Todas estão erradas. E III está correta. 4. O capitalismo criou, no âmbito da organização industrial, a divisão do trabalho na produção onde cada atividade, ofício ou tarefa foi parcelada de tal modo que tornou o trabalhador: A capaz de acompanhar todo o processo de produção B capaz de realizar o trabalho através da divisão social C incapaz de acompanhar qualquer processo completo de produção X D capaz de realizar e transmitir seu conhecimento aos subordinados E capaz de realizar a maior distribuição das riquezas 5. Nos dias de hoje, os sistemas econômicos fundamentam-se A em concepções mistas, que buscam se afastar, em graus variáveis, dos extremos do laissez-faire e da planificação inflexível e integral; X 43 B em concepções que visam a total eliminação da iniciativa privada, porque o Estado ocupou todo o espaço no aparelho produtivo; C em concepções de total liberdade econômica, porque o Estado mostrou sua ineficiência e não vem impedindo a livre iniciativa empresarial; D nas proposições radicais do laissez-faire e da planificação global sob comando do Estado, sem quaisquer concessões que impliquem a adoção de concepções mistas; E em concepções que visam a parcial eliminação da iniciativa privada, com o Estado convivendo harmoniosamente no processo produtivo e, em especial, na definição dos programas de financiamento e expansão do aparelho produtivo, configurando o que se convencionou chamar de "socialização do prejuízo" e "privatização do lucro", notadamente nas nações mais desenvolvidas; 6. Em termos econômicos, excedentes caracterizam A Um excesso de produção em relação ao consumo. X B Um excesso de consumo em relação à produção. C Um contingente adicional de trabalhadores. D Um excesso de recursos de produção. E Um excesso de arrecadação fiscal. 7. Aponte as características que correspondem à sociedade de mercado: A Pouca liberdade para aumentar o lucro e buscar a melhora do padrão de vida. A mobilidade dos trabalhadores entre diferentes atividades produtivas também era baixa. B A troca entre moeda e mercadorias é a principal forma dos indivíduos terem acesso aos bens necessários para sua sobrevivência. Na medida em que as pessoas possuem moeda, cria-se um mercado consumidor que supre a necessidade da produção de mercadorias, nesta etapa da história da sociedade, de ser voltada para troca. X C Sociedade baseada no mando e na tradição. D Base agrícola, com produção não voltada para troca entre mercadorias e moeda, buscando-se sempre a auto-suficiência. E Recompensas não monetárias para os diferentes trabalhos, como, por exemplo, o pagamento com uma parte da produção. 44 8. Um equilíbrio de mercado é considerado eficiente quando não se consegue, com alterações, por exemplo, determinadas por políticas governamentais, melhorar a situação de um agente econômico, sem prejudicar a de outros. Com relação isso, podemos considerar que: I. Este conceito não se relaciona, porém, com o de equidade ou justiça social, pois, mesmo uma economia que tivesse toda a sua renda destinada a um único agente seria considerada eficiente. II. Trata-se de um conceito estreitamente ligado ao de distribuição de renda entre os agentes econômicos de uma determinada sociedade. III. Quando sempre se consegue atender a procura dos consumidores. Com base nessas alternativas, podemos entender: A I e III estão erradas. B II e III estão certas. C II e III estão erradas. X D I e II estão corretas. E I e II estão erradas 9. Entre os desafios enfrentados por um sistema de mercado está a dificuldade em atender a: A A incapacidade de cobrar impostos de forma a impedir que o governo mantenha uma alta dívida com o exterior. B A possibilidade de detectar, com precisão, os custos decorrentes de problemas ao meio-ambiente, como é o caso, por exemplo, da poluição. C A impossibilidade de estabelecer um sistema de preços que oriente as decisões de produtores e de consumidores nos variados mercados. D A impossibilidade de utilizar de forma adequada os recursos econômicos à sua disposição. E Permitir uma justa e adequada distribuição de renda entre os agente econômicos. X 10. A propriedade privada dos recursos de produção é uma característica dos sistemas: A Socialistas. 45 B Baseados no livre funcionamento dos mercados. X C Apenas nos paísescom grande desenvolvimento industrial. D Exclusivo dos países que utilizam de forma mais intensiva a Tecnologia de Informações. E Nenhuma das respostas anteriores está correta. 11. Qualquer que seja a forma de organização da atividade econômica, seja com base no livre funcionamento dos mercados ou fundamentada em planejamentos centrais do governo, podem ser identificadas as necessidades: I. Procura pela máxima eficiência de produção dos variados bens e serviços. II. Otimização da satisfação dos agentes econômicos. III. Omitização dos lucros das empresas públicas, componentes do sistema. Com base nessas alternativas, podemos entender que: A I está errada. B II está errada. C III está errada. X D I e III estão corretas. E todas estão corretas. PARTE VII - A NATUREZA DO PROBLEMA ECONÔMICO – FLUXOS FUNDAMENTAIS DA ECONOMIA No funcionamento do sistema econômico caracterizam-se dois mercados: o de fatores de produção e o de bens e serviços finais. O lado real da economia é identificado pelas transações entre os proprietários (famílias) e os usuários (empresas) dos fatores de produção. Por outro lado, as empresas remuneram as famílias sob a forma de salários (no caso de mão-de-obra), juros (para capital de empréstimo para as empresas), lucros (quando o capital é cedido sob a forma de participação no empreendimento) e aluguéis (quando se cede imóvel, terreno ou mesmo máquinas para o exercício da atividade empresarial). Com estes recursos, os indivíduos pagam às empresas pelos bens e serviços finais adquiridos. Este processo de remuneração e pagamento caracteriza o lado monetário da economia. A Figura 1, apresenta a interdependência dos fluxos real e monetário; e a caracterização dos dois grandes mercados em que se fundamenta a organização 46 econômica: o mercado de fatores – ou recursos – de produção e o de bens e serviços, nas partes superior e inferior dos fluxos, respectivamente. Vazamentos e injeções no fluxo circular da renda. Uma parte dos rendimentos da economia pode ficar retida sob a forma de poupança, que é, na verdade, um vazamento de recursos financeiros do sistema, já que haverá produção que não será adquirida. Além das famílias, as empresas também são poupadoras, na medida em que não utilizam todo o seu lucro para a aquisição de novos fatores de produção. Ademais, uma parcela importante dos bens e serviços produzidos é adquirida pelas próprias empresas, identificada como investimentos no sentido econômico, isto é uma injeção, ou uma entrada de recursos no fluxo circular da renda. Diz-se que o sistema econômico está equilibrado quando os montantes dos vazamentos são iguais aos das injeções, isto é, quando a poupança S é igual ao investimento I, como indicado na figura 2, também inserida no arquivo em anexo. 47 FLUXOS FUNDAMENTAIS DA ECONOMIA Figura 1 Os fluxos real e monetário e os mercados de fatores de produção e de bens e serviços finais A linha cheia identifica o fluxo real e a pontilhada o monetário, isto é, a remuneração pelos fatores e o pagamento dos bens e serviços adquiridos. Unidades Produtoras (ou Empresas) Unidades Consumidoras (ou Indivíduos) Fornecimento de Fatores de Produção (capital, terra, trabalho, tecnologia, capacidade empresarial) Suprimento de Bens e Serviços Finais Remuneração pelos Fatores de Produção (salários, juros, lucros, aluguéis) Pagamento pelos Bens e Serviços MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO MERCADO DE BENS E SERVIÇOS FINAIS 48 Figura 2 Os fluxos real e monetário e os mercados de fatores de produção e de bens e serviços finais, com incorporação da poupança (S) e dos investimentos (I). Unidades Consumidoras (ou Indivíduos) Fornecimento de Fatores de Produção (capital, terra, trabalho, tecnologia, capacidade empresarial) Suprimento de Bens e Serviços Finais Remuneração pelos Fatores de Produção (salários, juros, lucros, aluguéis) Pagamento pelos Bens e Serviços MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO MERCADO DE BENS E SERVIÇOS FINAIS S Unidades Produtoras (ou Empresas) I 49 EXERCÍCIOS 1. No que tange aos fluxos que movimentam uma economia, podemos considerar como válido que: I. Um modelo simplificado da economia classifica as unidades econômicas em famílias e empresas, que interagem em dois tipos de mercado: de bens de consumo e de fatores de produção. II. Os serviços dos fatores de produção fluem das famílias para as empresas, enquanto o fluxo contrário de moeda destina-se ao pagamento de salários, aluguéis, dividendos e juros. III. O fluxo relacionado com os bens produzidos pelas empresas dirige-se 'as famílias, enquanto o fluxo contrário de moeda destina-se aos pagamentos desses produtos. Com base nessas assertivas, podemos considerar: A Todas estão erradas. B Apenas I está correta. C Apenas II está correta. D Apenas III está correta. E Todas estão corretas. X 2. O modelo com os fluxos fundamentais de uma economia demonstra as transações, num certo período, realizadas pelos agentes produtores e consumidores, e as contrapartidas de suas remunerações e pagamentos. A analise desse modelo, nos permite observar que: A Sempre são iguais os fluxos reais (de bens e serviços) e monetários, constituídos somente pelos fatores de produção, utilizados na economia. B Pode haver diferença, entre os montantes desses dois fluxos, dada a possibilidade de investimentos no período, os quais superam a poupança disponível. C Pode haver diferença, entre os montantes desses dois fluxos, dada a possibilidade de poupanças no período, os quais superam a quantidade de bens e serviços que foram produzidos. D Sempre são iguais os fluxos reais (de bens e serviços) e monetários (constituídos somente pelos pagamentos pelas compras dos bens e serviços produzidos na economia) E Pode haver diferença entre os montantes desses dois fluxos, dada a possibilidade de vazamentos da renda poupada pelos agentes econômicos. X 50 3. A remuneração dos fatores de produção e o pagamento dos bens e serviços adquiridos das empresas produtoras é componente do fluxo fundamental da economia, pelo lado: A Do mercado que revela a movimentação dos fatores de produção B Do mercado que demonstra a movimentação dos bens e serviços intermediários produzidos na economia C Do mercado que apresenta a movimentação real da economia. D Do mercado que revela a movimentação monetária da economia. X E Do mercado que revela a movimentação dos bens e serviços finais produzidos na economia 4. As contrapartidas de suas remunerações e pagamentos monetários também estão indicadas nesse modelo bastante simplificado,denominado Fluxo Circular da Renda, extraído da página 195 de ROSSETTI, José Paschoal, Introdução à Economia, 9ª. edição, São Paulo, Atlas, 1982. A analise desse modelo, permite-nos observar que: A Sempre são iguais os fluxos reais (de bens e serviços) e monetários, os quais são constituídos pelos movimentos dos fatores de produção, utilizados na economia. B As diferenças entre os montantes desses dois fluxos são devidas às injeções (investimentos dos agentes econômicos) efetivadas nesse período, as quais dependem completamente da poupança total disponível na economia. C As diferenças entre os montantes desses dois fluxos é devida à geração de poupanças no período, que superam a quantidade de bens e serviços que foram produzidos. D Sempre são iguais os fluxos reais (de bens e serviços) e monetários, os quais são constituídos pelos pagamentos das compras dos bens e serviços produzidos na economia. E As diferenças entre os montantes desses dois fluxos é devida aos vazamentos e às injeções da renda naquele determinado período. X
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