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A criança e as múltiplas linguagens
UNIDADE III
Assim que a criança nasce já começa a se comunicar: seja através do choro, sorriso, pedido de colo, da calma diante da canção de ninar ou mesmo através da birra infantil.
A medida que a criança vai crescendo essa comunicação torna-se mais ampla e as crianças passa a demonstrar através da fala, dos olhares, dos desenhos, imitações ou gesto, o que sabe, o que pensa, o que conhece e o que pretende conhecer do mundo. E dessa forma a comunicação vai ampliando.
Reggio Emília é o nome de uma cidade de aproximadamente 130.000 habitantes, no nordeste da Itália.
Esta cidade tornou-se conhecida e valorizada por ter um dos melhores sistemas de educação do mundo para a primeira infância. 
Abordagem de Reggio Emília na Educação da primeira Infância 
O que torna a cidade um fenômeno em termos de educação, é o fato de que a proposta pedagógica não ocorre num contexto de elite ou de educação particular e sim em nível municipal de ensino. 
As crianças pequenas são desafiadas o tempo todo a explorarem o ambiente e manifestarem as suas linguagens verbais e não verbais. No uso de palavras, gestos, movimentos,brincadeiras,músicas,artes visuais, ciências.
Por meio destas manifestações desenvolvem a criatividade, a curiosidade, o espírito de investigativo e por consequência muitas habilidades e competências. 
O principal professor e organizador desta proposta pedagógica desenvolvida em Reggio Emília foi Loris Malaguezzi que apresentava duas constantes: projetar e ter confiança no futuro.
Malaguzzi tinha um lema que era: 
“PARA AS CRIANÇAS É PRECISO OFERECER O MELHOR.”
 
E o que é esse melhor?
Para Malaguzzi esse melhor é ter um espaço onde as crianças são acolhidas, ouvidas, desafiadas, estimuladas de todas as formas e nas mais diferentes linguagens, levando-as a se tornarem autônomas em todos os sentidos.
Modelo de Malaguzzi na pág. 203 e 204. 
Desde que nasce a criança inicia o processo de aquisição de diferentes aprendizagens. O ambiente possibilita todos os recursos necessários às primeiras descobertas, cheiros, gostos e sensações.
Aprender a Ensinar na Educação Infantil
Aprender e ensinar são palavras que se inter-relacionam e se completam.
Quanto mais eu aprendo, melhor eu ensino. Quanto mais eu ensino, mais eu aprendo. O aprendizado transcende os espaços de uma escola, de uma sala de aula com horários preestabelecidos de aprendizagem ou rotina. A aprendizagem está em todos os lugares fazendo-nos companhia do primeiro ao último dia de nossas vidas.
O educador que tem essa concepção de que aprende enquanto ensina, também é capaz de enxergar com outros olhos suas crianças, valorizando-as compreendendo-as em suas diferenças e dificuldades. Preocupa-se em ofertar para elas um ambiente escolar rico e desafiador que realmente as “prepare para a vida” em todos os níveis do comportamento humano, biológico, psicológico e social. 
No mundo contemporânea, as informações circulam numa velocidade surpreendente e o educador precisa sentir-se desafiado o tempo todo para buscar novos conhecimentos, viabilizando outras formas de repassá-los e apropriando-se de recursos que sejam capazes de atrair as crianças.
O professor de Educação Infantil necessita ter uma postura pedagógica que articule as múltiplas linguagens com o objetivo de atingir suas metas educativas. É fundamental que ele desperte nas crianças o desejo de aprender, de contribuir e de vivenciar o conhecimento em todas as suas vertentes, através da música, da arte, da dança,da escrita,da fala,do teatro, do raciocínio lógico-matemático, da relação com a natureza, da inventividade, da criatividade, da autonomia, da interação com os colegas e professores e especialmente da ALEGRIA no mais amplo sentido da palavra. 
A criança aprende muito enquanto brinca e interage com os colegas. 
Por meio das brincadeiras, as crianças vivem situações do mundo real e aprendem a elaborar o seu imaginário, a buscar a realização de seus desejos e portanto a estruturar o pensamento.
Entender as brincadeiras das crianças é fundamental para possibilitar-lhes que representem papéis que escolheram para brincar, pode ser: de casinha, de mamãe, papai, futebol, saltar, correr, pular, brincar de herói e levando para a brincadeira um pouco do seu cotidiano e da sua imagem de sociedade.
Juntamente com o brincar outra importante linguagem que se manifesta na brincadeira é a linguagem corporal. É através do corpo que a criança estabelece contato com o mundo e com as pessoas que a rodeiam. É com o próprio corpo que ela experimenta as mais diversas emoções e sensações. 
Linguagem corporal 
As crianças adoram aliar os movimentos (gestos, dança, faz de conta) desta forma surge a linguagem musical. 
Através dela, as sensações e sentimentos podem ser experimentados, laços afetivos, culturais e sociais.
Linguagem musical 
Essa é uma linguagem que pode ser considerada uma das mais significativas, quando o assunto é Educação Infantil. É através das emoções que a criança manifesta seus desejos ou angústias. 
Linguagem afetiva 
Afetividade, interação caminham juntas.
Na educação infantil não temos como
 separá-las.
A importância da afetividade e das interações na Educação Infantil 
Quando uma criança vai à escola, jardim ou creche pela primeira vez, normalmente chora.
Ela não chora porque é manhosa ou medrosa, mas por não perceber no novo espaço vínculos afetivos. Ela não reconhece ninguém e por mais simpáticos que sejam os professores ou funcionários é necessário estabelecer confiança.
Relações de afetividade nas interações do dia -a - dia
A criança rompe naquele momento o “segundo cordão umbilical” que liga a família. É como se estivesse nascendo novamente num mundo completamente diferente daquele habitado por ela até então. 
Aos poucos esse “novo espaço” vai ficando mais amistoso, acolhedor e menos estranho. A criança mesmo que de maneira tímida passa a trocar olhares com outros colegas, começa a confiar na professora e nos profissionais.
Para chegar nesta fase pode demorar um dia, uma semana, um mês. Cada criança tem seu tempo para adaptar-se. Cabe a instituição e aos pais respeitarem esse tempo.
As crianças sentem necessidade do toque, do olhar carinhoso, do ouvido atento e do sorriso acolhedor do professor, pois devido as tecnologias e a correria da atualidade, as relações estão cada vez mais distantes, as famílias cada vez menores, os pais cada vez mais envolvidos com seus compromissos profissionais e muitas vezes ausentes no lar, o que leva muitas famílias a comporem um cenário contraditório. Onde elas tem tudo em termos materiais mas são carentes de afeto.
Os profissionais precisam estar afetiva e profissionalmente preparadas para receber estas crianças, num espaço acolhedor e diversificado para que possam ser atendidas também em suas necessidades básicas.
Na roda de conversa com os alunos os professores conseguem ter bastante entrosamento e acabam criando mais afetividade por seus alunos. Por este é um momento importantíssimo na Educação Infantil. 
Observem na página 219 o esquema de tudo que pode ser explorado na roda de conversa.
Feliz é o Educador que tem os pais ao seu lado formando assim uma parceria entre escola e família em prol da criança.
Pais e Educadores: uma importante parceria na Educação das Crianças
Mas nem sempre ter o apoio e o carinho dos pais é uma tarefa fácil.
Na página 224 temos algumas dicas.
Estabelecer parcerias com as famílias pressupõe aceitá-las em suas individualidades e características próprias. Hoje sabemos que as famílias são compostas de diferentes maneiras. Não é apenas um padrão de família nuclear onde o pai é o chefe, a mãe cuida dos filhos.
 Atualmente as famílias apresentam formações como: pais separados, netos criados por avós, mães que criam filhos sozinhos. 
O professor necessita de informações e preparação para lidar com todos os tipos de famílias, despindo-secompletamente de qualquer preconceito ou pudor.
Quando pais percebem que são acolhidos, juntamente com a criança quando chegam na instituição passam a ver que o professor é alguém com quem pode contar, com alguém que pode acrescentar, aprender e ensinar o filho tanto no âmbito educacional, quanto psicológico, social e afetivo. 
Como educadores devemos ficar atentas e cumprir com os quatro pilares da educação que são:
Aprender a conhecer.
Aprender a fazer.
Aprender a viver junto.
Aprender a ser.
Nas páginas 228 e 229 tem quadros com sugestões de atividades.
Os quatro pilares da Educação 
A sociedade atual encontra-se mais globalizada e informatizada do que nunca. 
O que não se pode aceitar é que os adultos pensem que apenas eles evoluíram dentro desse processo. As crianças também evoluíram e muito.
Projetos pedagógicos 
na Educação Infantil
Dessa forma a escola também precisa evoluir. Precisa atentar-se as novas maneiras de ensinar e aprender, respeitando as múltiplas linguagens, as experiências socioculturais, a individualidade das crianças com as próprias histórias e as diferentes maneiras de organizar o conhecimento. 
“Projetar” significa visualizar o que está à frente, planejar adiante, isto é pensar ou executar uma ação direcionando-a para o futuro.
Um projeto nasce de uma intenção, necessidade ou desejo e vai sendo construído à medida que se fortalece, embasado na curiosidade das crianças, no objetivo dos educadores e no interesse em “descobri” de ambos.
A pedagogia de projetos pode dar conta de tudo isso
Trabalhar projetos exige do professor uma postura diferente. É preciso buscar novos conhecimentos, interligando as disciplinas e contextualizando os conteúdos ao tema, ou seja o professor precisa pesquisar muito para que o projeto tenha os objetivos alcançados.
Organizar estratégias e materiais, colocando as crianças em contato com diferentes objetos de cultura.
Apontar vários caminhos que as crianças poderão seguir, adotando uma atitude de escuta e diálogo. 
Cabe ao prfessor:
Planejar atividade, organizá-las e definir os materiais e recursos que serão utilizados.
Considerar o que as crianças já sabem sobre o tema em discussão.
Favorecer um estudo multidisciplinar, entendendo que o conhecimento não é algo fragmentado e que não aprendemos a partir de um único enfoque ou tema.
Permitir que o mundo entre na sala de aula.
Ser um articulador, um membro mediador que oferece os apoios indispensáveis para que as crianças os utilizem na construção de seu processo.
Intermediar as ações das crianças e os objetos do conhecimento.
Avaliação sempre foi e sempre será um tema de muitas discussões.
Cada profissional tem sua opinião , sua forma de fazer.
Então as instituições tem um modelo que deve ser seguido por todos os profissionais.
Avaliação e registro na 
Educação Infantil
Para fazer uma avaliação é necessário responder questionamentos como:
De que forma fazemos a avaliação?
Será que somos justos?
Será que utilizamos os instrumentos necessários e coerentes com cada faixa etária?
Este ou aquele conteúdo melhora nossa prática?
Avaliação na Educação Infantil 
Quem sabe nós enquanto educadores não estamos encontrando a melhor forma de ensinar?
Talvez não estamos sendo criativos, então há necessidade de mudar.
Desta forma o educador também faz a sua auto avaliação.
Avaliar portanto não é uma tarefa fácil, envolve comportamento com a Educação, respeito à profissão e especialmente amor à criança.
É interessante observar as crianças enquanto brinca, interagem com o grupo ou desenvolvem atividades é uma excelente maneira de avaliá-las.
Nestes momentos podemos perceber:
Expressões ou reações.
Analisar como resolvem os pequenos conflitos.
Observar a interação das crianças com o grupo.
Verificar atitudes de valorização ou baixa estima.
Observação, Registro e Avaliação formativa
Medir o tempo de ação, reação e concentração.
Melhorar comportamentos sociais, excludentes ou agressivos.
Trabalhar situações de desconforto ou preconceito entre as crianças.
Observar os papeis que defendem perante o grupo, ou seja identificar lideranças ou subordinações.
Qualificar suas produções ou pequenas conquistas.
Muitos professores são maravilhosos, competentes e criativos, mas falham por não realizar corretamente seus registros. Sem registro perde-se a memória, não há provas não há comprovação histórica. 
Sem registro não há conhecimento “palpável” para as pessoas que não vivenciaram a aprendizagem da criança.
Porque e para que registrar?
Quando um professor registra está exercitando também profunda reflexão e avaliação de sua própria prática pedagógica.
O registro pode ser feito diariamente (o que seria o ideal), pois é quando temos tudo em nossa memória.
Pode ser feito de maneira rápida com palavras chaves, frases curtas só para o professor lembrar na hora de fazer a avaliação ou registro do aluno.
Através de filmagens ou gravações de voz.
E as atividades podem ser organizadas através de :
Portfólio
Dossiê
Ou arquivo biográfico.