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Karl Marx e a luta de classes

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ECONOMIA 
POLÍTICA
Filipe Prado 
Macedo da Silva
Karl Marx e a luta de classes
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar a influência de Karl Marx na sociologia.
  Relacionar as mudanças ocorridas, decorrentes da Revolução Industrial, 
com o surgimento do capitalismo, na visão de Marx.
  Analisar a teoria da luta de classes enquanto força motriz da história.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar as principais contribuições teóricas de 
Karl Marx, um importante intelectual social e econômico que analisou 
e criticou as transformações produzidas pelo domínio do sistema de 
produção capitalista. Karl Marx influenciou fortemente os arcabouços 
teóricos da sociologia e a forma de enxergar as lutas de classes. Para 
isso, construiu uma teoria da luta de classes e um conjunto de reflexões 
acerca das mudanças ocorridasem decorrência da Revolução Industrial 
e de como isso mudaria para sempre as relações sociais entre as classes 
dominantes (burgueses) e dominadas (trabalhadores).
A influência de Karl Marx na sociologia
Não há dúvidas de que Karl Marx foi um importante teórico para o campo da 
sociologia (NETTO, 2006). Isso porque, até hoje, as contribuições teóricas de 
Karl Marx ajudam a explicar a sociedade atual — pelo menos, nos últimos 150 
anos. Foi nesse mesmo período — a partir da Revolução Industrial — que a 
sociedade capitalista se consolidou como forma de organização social e material.
Em outras palavras, as obras literárias de Karl Marx, em especial o livro O 
Capital, em que ele analisou profundamente as raízes do capitalismo, trouxeram 
“novas formas de enxergar o mundo e a sociedade que nascia”, e que perdura 
até hoje — a sociedade capitalista. 
E o que está envolvido na análise de Karl Marx? Nesse sentido, a grande 
influência de Karl Marx está em seus profundos conhecimentos e/ou reflexões 
sobre o modo de produção capitalista (NETTO, 2006). É nesse momento 
histórico que as contribuições sociológicas de Karl Marx ganham o mundo 
cientifico e político, a partir de uma nova visão acerca do “novo mundo de 
prosperidade material e econômica”.
 Esse “novo mundo de prosperidade material e econômica” surgia ao 
mesmo tempo em conexão com uma “nova sociedade ou civilização”, com 
características predominantemente urbanas e industriais. Assim, a sociedade 
pós-Revolução Industrial baseava-se em uma “nova razão de vida individual e 
coletiva moderna”, e estruturava-se em “novas relações sociais”, com “novas 
classes sociais” (SILVA, 2010).
Sendo assim, a análise sociológica de Karl Marx tinha como “núcleo duro” 
o capital e a sua reprodução social. Isso incluiu entender o seu entorno e o seu 
funcionamento, a fim de compreender como a sociedade tratava a mercadoria, 
as relações de trabalho, as relações entre nações, os meios de produção, a 
relação com a moeda, entre outros (MARX, 2008).
Por exemplo, ao iniciar seus pressupostos sobre a produção de mercado-
rias, Karl Marx buscou entender como as ferramentas e o trabalhador eram 
utilizados na produção e na reprodução de mercadorias, e como as relações 
sociais evoluem ou se transformam. Além disso, ele escreveu fortemente 
sobre o “mundo burguês” que nascia em torno ao capitalismo, adquirindo 
protagonismo social, político e econômico — ou seja, um sistema econômico 
de ordem burguesa (MANDEL, 1968; NETTO, 2006).
Paralelamente ao “mundo burguês”, nascia ainda, com a urbanização e a 
industrialização em massa, um “mundo do proletariado”, com a massificação 
dos trabalhadores urbanos industriais. Já, no século XIX, eram visíveis as 
transformações da sociedade inglesa, que passava de um “plano rural rudi-
mentar” para um “plano urbano mecanizado”, em que os padrões da sociedade 
tradicional (mais socializada e religiosa) davam lugar a novos padrões seculares 
e econômicos (mais racionais e pragmáticos) (SILVA, 2010).
Em suma, Karl Marx destacou que a sociedade capitalista era formada por: 
burgueses e trabalhadores. Os burgueses estabeleciam-se em torno dos meios 
de produção — terra, matérias-primas, máquinas, etc. Já os trabalhadores, 
alienados dos meios de produção, estruturavam-se em torno da sua força de 
trabalho. Ambas são distintas, mas são necessárias uma para a existência da 
outra, de acordo com Karl Marx (MARX, 1983).
Em outras palavras, “a sociedade burguesa não pode existir sem os traba-
lhadores”, e o capitalismo não pode prosperar sem a evidente divisão social 
Karl Marx e a luta de classes2
entre essas duas classes sociais (MARX, 1983; NETTO, 2006). Além do 
mais, a lógica da sociedade capitalista não existe sem alguns dos mecanismos 
predominantes nas relações produtivas como, por exemplo, a alienação do 
trabalhador e o “fetichismo da mercadoria”.
Em todas as suas obras, Karl Marx trabalhou bastante as distinções entre 
as classes sociais do capitalismo e suas novas relações — moldando novos 
paradigmas sociais. Por exemplo, na Antiguidade, a luta de classe acontecia 
pelo permanente confronto entre os senhores e os escravos — enquanto, na 
Idade Média, esse conflito evidenciava-se no esforço dos servos contra os 
senhores feudais. Ou seja, em qualquer momento da história, inclusive do 
capitalismo, existem relações sociais de opressão (MARX, 2008).
Essas relações sociais de opressão — segundo Karl Marx — produzem con-
flitos e geram a possibilidade de uma revolução social com a perspectiva de novas 
relações produtivas. Foi no Manifesto Comunista que Karl Marx escreveu que “os 
proletários nada têm a perder a não ser seus grilhões, tendo um mundo a ganhar 
[sob outras perspectivas]”. Essa foi a recomendação de Karl Marx em 1848.
É claro que existem inúmeras interpretações sobre a obra de Karl Marx, e 
análises conflitantes entre os próprios marxistas sobre essas questões teóricas 
e metodológicas. Em geral, Karl Marx tinha até uma visão otimista com 
relação à luta de classes, acreditando que, no final desse processo histórico, 
os trabalhadores construiriam uma nova sociedade dos proletários. 
Nessa sociedade dos proletários, a grande maioria da sociedade definiria os 
objetivos dessa nova sociedade — comunista ou socialista; esse seria o curso 
natural da história. Como frisou Karl Marx, assim como aconteceu no escravismo 
e no feudalismo, o capitalismo chegaria ao fim com uma grande crise interna, que 
colapsaria a economia, as instituições e as relações sociais de produção. Dessa 
forma, as crises seriam cada vez mais constantes nas economias industrializadas, 
revelando as contradições internas em que o sistema econômico capitalista se 
estrutura, e logo, “se autodestrói estruturalmente” (NETTO, 2006).
Do ponto de vista econômico e sociológico, as crises capitalistas poderiam, em 
geral, se resumir às crises de acumulação, ou crises da mais-valia (SILVA, 2010). 
Isso significa que — economicamente — quando os burgueses não conseguem 
mais aumentar a mais-valia, seja em termos absolutos ou em termos relativos, 
entram socialmente em crise, pressionando a outra classe social a aumentar a 
mais-valia. Isso quer dizer que, nas crises capitalistas, os burgueses são obri-
gados a explorarem cada vez mais os trabalhadores — em busca de melhores 
resultados econômicos, ou seja, da produção de mais-valia absoluta e relativa.
Consequentemente, as relações sociais de produção capitalista não ficam 
apenas restritas aos efeitos do campo econômico. Também produzem fortes 
3Karl Marx e a luta de classes
efeitos sobre o campo social e o campo político. Logo, Karl Marx percebeu 
e influenciou não somente as relações de produção, mas também as relações 
sociais (ou da sociedade) e as relações políticas — como fundamentais para 
a compreensão da dinâmica das lutas de classes (KISHTAINY et al., 2013; 
MARX, 1983; SILVA, 2010).
O modo de produção é um conceito elaborado por Karl Marx (e utilizado pelos seus 
seguidores, os marxistas) para definir o conjunto das forças produtivas e das relações de 
produção em seu entorno.Às vezes, o modo de produção pode se confundir, de certa 
maneira, com a estrutura econômica de uma sociedade qualquer — incluindo assim a 
produção, a distribuição, a circulação e o consumo. Historicamente, distinguem-se vários 
modos de produção: o comunista primitivo, o escravista, o feudal, o capitalista e o socialista. 
De acordo com Karl Marx, pelo menos na visão teórica, numa formação social concreta, 
podem estar presentes diferentes modos de produção, tendo ao menos um como domi-
nante (SANDRONI, 2005). Por exemplo, recentemente, o modo de produção que é mais 
dominante é o capitalista. Logo, cabe destacar que Karl Marx, em sua obra mais importante, 
O Capital, ocupa-se fundamentalmente em analisar e teorizar sobre o modo de produção 
capitalista. Em outras palavras, ele busca entender como ocorre a produção capitalista, a 
distribuição capitalista entre as classes sociais e a circulação capitalista nas sociedades, e 
como o consumo se organiza entre os agentes socioeconômicos e as instituições. 
As mudanças ocorridas em decorrência 
da Revolução Industrial
Com a ascensão do mercado e dos processos industriais, o período feudal 
chegou categoricamente ao seu fi m, dando lugar ao sistema de produção 
capitalista (MARX, 1983). Assim, a visão de Karl Marx surgiu num período 
extremamente turbulento da história europeia (BELL, 1961). A Revolução 
Industrial já havia encontrado seu rumo na Europa, deixando em seu rastro 
grande riqueza material e muita pobreza social.
Na prática, Karl Marx e seu companheiro intelectual Friedrich Engels 
tiveram a grande oportunidade de presenciar o novo conjunto de inovações 
técnicas que surgem com a Revolução Industrial. Essas novas técnicas pro-
dutivas produziram diferentes custos sociais no desenvolvimento capitalista, 
surgindo em toda a sociedade fenômenos e problemas sociais em larga escala.
Karl Marx e a luta de classes4
Tudo isso era fruto das mudanças geradas pela Revolução Industrial — que 
foi o principal fenômeno da história humana na consolidação do sistema capi-
talista como regime produtivo. Por exemplo, na Inglaterra, registros revelam 
que a Revolução Industrial causou profundas transformações sociais — como 
exploração e alienação extrema do trabalhador, ampliação da pobreza, aumento 
do desemprego e, ainda, concentração do capital e da produção (SILVA, 2010).
Na realidade, Karl Marx, em O Capital, detalha minuciosamente o funcio-
namento do sistema capitalista de maneira magistral. É por isso que muitos 
acham a leitura de O Capital complexa e densa — e com níveis elevados de 
abstração (intelectual). 
Nessa sua obra seminal, Karl Marx analisou inicialmente o processo de 
produção do capital, ressaltando o quanto a sociedade industrial passou a va-
lorizar a mercadoria e o dinheiro como importantes elementos do processo de 
troca social. Daí, a mudança percebida por Karl Marx: no sistema capitalista, 
a perspectiva era transformar dinheiro/capital em mercadoria e, depois, em 
mais dinheiro/capital (D — M — D’). 
Para isso, novas lógicas de trabalho e novos mecanismos de valorização 
do capital passaram a ser gerados no seio da sociedade capitalista. Aqui cabe 
destacar a diferença que Karl Marx apontou entre capital constante e capital 
variável — além de diferenciar a mais-valia absoluta da mais-valia relativa. 
Esses conceitos fundamentais da economia marxista revelaram uma profunda 
alteração na lógica produtiva da sociedade.
No capitalismo, de acordo com Karl Marx (1983), a mais-valia consiste no 
valor do trabalho não pago ao trabalhador. Cabe pontuar que, na sociedade 
capitalista, diferentemente do escravismo ou feudalismo, o preço da força de 
trabalho é medido mediante o salário. O salário é a remuneração pela compra da 
força de trabalho por parte dos proprietários do meio de produção — criando um 
sistema social em que as relações, portanto, são mediadas pelo salário (monetá-
rio). Karl Marx destacou que, ainda que o salário seja a nova forma das relações 
sócio-produtiva, existe cada vez mais aquela parte do esforço do trabalho de que 
o trabalhador não pode se apropriar, pois é a parte com a qual o proprietário do 
meio de produção executa a sua acumulação de capital (MARX, 1983, 2008).
Além do mais, a partir da Revolução Industrial, a lei geral da acumulação 
capitalista passou “a reinar como a lógica dominante do sistema capitalista” 
(SILVA, 2010). Em poucas palavras, a produção passou a ser apenas uma etapa 
para a acumulação do capital — sendo que o capital passa a ser a riqueza 
mais desejada da economia. A acumulação em termos absolutos e relativos 
tornou-se a pedra de toque da sociedade.
5Karl Marx e a luta de classes
Aquelas relações de troca simplistas (ou seja, o escambo) e relações de 
trabalho não assalariadas ficaram para trás nas estruturas sociais predomi-
nantemente capitalistas (SILVA, 2010). Assim, no capitalismo, a monetização 
da economia passou a ser a palavra de ordem, em uma lógica econômica, social 
e política em que o poder passou a ser do capital (BELL, 1961).
Do outro lado, o progresso capitalista fez surgir as primeiras manifestações 
dos trabalhadores contra a nova estrutura social e econômica da sociedade. 
Na segunda década do século XIX, começaram a surgir as primeiras ideias 
socialistas, sobretudo na França e na Inglaterra, que tornavam claro que a 
classe operária teria que tomar consciência de sua exploração, das péssimas 
condições de trabalho, da falta de unidade [...] de classe, e da falta de uma 
doutrina alternativa que servisse de bandeira para a luta [...]” (SILVA, 2010).
Portanto, a exploração dos trabalhadores, agora em massa, foi outro marco 
estrutural introduzido pela Revolução Industrial e ampliado pela consolidação 
do sistema capitalista de produção. Karl Marx revelou em suas análises que “o 
valor de uma mercadoria se baseava no trabalho necessário para produzi-lo, 
e que os capitalistas (ou proprietários dos meios de produção) organizavam 
os preços dos bens finais somando o preço do trabalho ao custo inicial do 
produto e depois adicionavam o lucro” (KISHTAINY et al., 2013).
Logo, para elevar os lucros ou a mais-valia, os proprietários dos meios 
de produção mantêm os salários baixos, introduzem novas tecnologias para 
aumentar a eficiência produtiva e, portanto, condenam grandes contingentes 
de trabalhadores a condições degradantes de trabalho, monotonia e, por fim, 
desemprego. Ou seja, a Revolução Industrial trouxe “progresso econômico 
com deterioração social” (SILVA, 2010).
Outra mudança importante observada por Karl Marx foi no campo da 
concorrência entre os capitalistas (SANDRONI, 2005). A tendência — se-
gundo Karl Marx — é que cada vez menos produtores controlem os meios de 
produção, e uma burguesia cada mais restrita concentre cada vez mais riqueza.
No longo prazo, isso criaria monopólios que poderiam explorar não somente 
os trabalhadores, mas também os consumidores (KISHTAINY et al., 2013). 
Assim sendo, as fileiras do exército industrial de reserva crescem/incham 
com os ex-burgueses excluídos e com os desempregados. Esse movimento 
levaria a uma maior complexidade da sociedade e dos mercados, revelando 
e ampliando cada vez mais as contradições internas do sistema capitalista de 
produção mercantil (SILVA, 2010).
Em síntese, sob o capitalismo, Karl Marx notou que os meios de produção 
pertencem cada vez mais a uma minoria, que explora o trabalho da maioria 
e obtém lucro. Paralelamente, essa ganância pelo lucro leva a uma super-
Karl Marx e a luta de classes6
produção dos bens procurados, causando uma crise produtiva na economia. 
Isso produz, de maneira cíclica e cada vez mais profunda, crises econômicas 
que geram instabilidade social e econômica, gerando agitação social. É essa 
“agitação social” que torna os trabalhadores cada vez mais conscientes de 
sua exploração e mais instruídos para derrubarem as classes dominantes que 
controlam a produção. É isso que leva a uma revolução segundo Karl Marx, 
alterando mais uma vez alógica da sociedade.
É importante destacar que Karl Marx é uma coisa, e o Marxismo é outra coisa. O que 
isso quer dizer? Enquanto o primeiro trata-se do autor e de suas obras, sobretudo, o 
Manifesto Comunista (de 1848), a Contribuição à Crítica da Economia Política (de 1858) 
e O Capital (de 1867, 1885 e 1894), o segundo — o Marxismo — é uma denominação 
consagrada para a obra teórica de Karl Marx e Friedrich Engels e de seus seguidores. Em 
poucas palavras, o Marxismo “constitui uma fundamentação ideológica do moderno 
comunismo” (SANDRONI, 2005). Essa também chamada Escola do Pensamento Marxista 
baseia-se, principalmente, na obra O Capital, defendendo uma teoria da mais-valia e o 
capitalismo como um sistema transitório, sujeito a crises cíclicas, e que por efeito do 
agravamento de suas contradições internas, cairá a partir da revolução.
A teoria da luta de classes enquanto 
força motriz da história
Karl Marx elaborou também uma teoria da luta de classes, buscando explicar 
melhor os confl itos existentes no sistema capitalista. Segundo ele, “as desi-
gualdades sociais observadas no seu tempo eram provocadas, em sua análise, 
pelas relações de produção do capitalismo, que dividem toda a sociedade em 
proprietários (burgueses) e não proprietários (proletariado)” (SILVA, 2010). São 
essas desigualdades que constituem as bases das classes sociais (MARX, 1983).
Logo, as relações entre a sociedade no capitalismo se caracterizam por 
relações antagônicas, de oposição, incompatibilidade, exploração e complemen-
taridade entre as classes sociais (BELL, 1961; MARX, 1983). Daí a percepção 
de que o conceito de luta de classes é inseparável do conceito materialista da 
história (MARX, 2008). Porém, o que isso quer dizer?
De acordo com Karl Marx, “a história não passa de um registro cruel dos 
esforços do homem para ganhar ascendência material”. Ele acreditava que 
todos os conflitos repousavam em questões econômicas, e tais lutas eram 
7Karl Marx e a luta de classes
entre os que tinham e os que não tinham (MARX, 1983). Essas lutas eram a 
força motriz das sociedades capitalistas, e a razão inevitável e absoluta dos 
conflitos internacionais (SILVA, 2010).
Novamente cabe observar que, no sistema capitalista, Karl Marx identificou 
relações de exploração da classe dos proprietários (a burguesia) sobre os traba-
lhadores (o proletariado). Isso porque a posse dos meios de produção, sob a forma 
legal de propriedade privada, faz com que os trabalhadores, a fim de assegurar 
a sobrevivência, tenham que vender sua força de trabalho ao capitalista, “[...] 
o qual se apropria do produto do trabalho de seus operários” (MARX, 1983).
Em termos práticos, essas relações são de obstinação e antagonismo, 
na medida em que os interesses de cada classe são inconciliáveis e, muitas 
vezes, inegociáveis (SILVA, 2010). O burguês deseja preservar seu direito 
à propriedade dos meios de produção e das mercadorias, além da máxima 
exploração do trabalhador, seja reduzindo os salários, seja ampliando a jor-
nada de trabalho. Por sua vez, o trabalhador procura diminuir a exploração 
ao batalhar por uma jornada de trabalho menor, além de melhores salários e 
participação nos lucros do empresário.
Por outro lado, as relações entre as classes são complementares, pois uma só 
existe em relação à outra (MARX, 1983). Karl Marx observou que só existem 
proprietários porque há uma massa de despossuídos, cuja única propriedade é 
sua força de trabalho. Em suma, as classes sociais são, apesar “de sua oposição”, 
complementares e interdependentes
Mesmo assim, para Karl Marx a luta de classes deve, necessariamente, 
acarretar a vitória do proletariado sobre a burguesia, e, uma vez conseguida esta 
vitória e desaparecido o antagonismo entre capital e trabalho, a luta de classes 
deixará de existir para sempre. Esse é o avanço histórico previsto por Karl Marx.
Além do mais, Karl Marx ampliou, na teoria da luta de classes, o conceito 
de alienação do trabalhador, mostrando que a industrialização, a propriedade 
privada e o salário afastaram o trabalhador dos meios de produção — ferra-
mentas, matérias-primas, terras e máquinas —, que estavam sob o controle 
dos capitalistas (MARX, 2008; SILVA, 2010).
Karl Marx (1983) destaca que essa é a base da alienação econômica do 
homem sob o capital. Do ponto de vista político, o homem também ficou 
alienado, pois o liberalismo criou a lógica de um Estado como um órgão 
político imparcial, capaz de representar toda a sociedade — e todas as suas 
classes — e dirigi-la pelo poder delegado pelos indivíduos.
No entanto, Karl Marx mostrou que, na sociedade de classes, esse Estado 
representava apenas as classes dominantes, e agia conforme seus interesses e 
objetivos. Em outras palavras, no capitalismo, o Estado é um Estado burguês, a 
Karl Marx e a luta de classes8
serviço dos interesses do capital. Dessa maneira, essa questão estatal maximiza a 
luta de classes como “motor de transformação da história humana” (SILVA, 2010).
É comum associar sempre os escritos de Karl Marx aos movimentos dos 
trabalhadores e aos conflitos ou às negociações perpetradas pelos sindicatos. 
Isso porque é importante lembrar que os trabalhadores são, em qualquer país, a 
maioria da população. Foi, neste sentido, que Karl Marx destacou a importância 
da luta de classes: sempre os trabalhadores seriam maioria, e logo, precisavam 
de consciência para se organizarem e romperem os paradoxos da história.
1. Marx não tinha a mesma 
compreensão dos cientistas sociais 
sobre o papel da ciência. Se para Max 
Weber, por exemplo, a ciência social 
deveria se afastar da esfera moral 
e política, para Durkheim e Marx, 
pelo menos nesse ponto os dois 
concordavam, cabia a ela produzir um 
conhecimento capaz de conduzir os 
homens a uma vida melhor e a uma 
sociedade mais justa. Embora tenha 
escrito sobre várias fases da história, 
Marx concentrou-se principalmente:
a) na Revolução Francesa.
b) no positivismo de Augusto Comte.
c) nas mudanças ocorridas devido ao 
desenvolvimento do capitalismo.
d) nas ideias de Émile Durkheim 
e nos fatos sociais.
e) nas grandes navegações.
2. É uma ideologia política e 
socioeconômica, sem divisão 
de grande escala entre ricos e 
pobres, ou seja, a ausência de uma 
pequena classe monopolizando 
as riquezas e a grande maioria 
das pessoas recebendo poucos 
benefícios que seu trabalho gera. 
Seria uma sociedade mais humana 
do que a que conhecemos. 
Assinale abaixo a alternativa que 
identifica essa nova ordem:
a) Comunismo.
b) Feudalismo.
c) Escravismo.
d) Primitivo.
e) Indústria.
3. Sobre as mudanças sociais, Marx 
tinha um ponto de vista que 
chamou de concepção materialista 
da história. Assinale a alternativa 
que descreve essa visão:
a) Não são os valores ou as ideias que 
os homens detêm que promovem 
as principais mudanças sociais, 
essas mudanças são induzidas 
por influências econômicas.
b) O estudo dos fatos sociais é 
que levariam a uma maior 
compreensão da sociedade.
c) Conforme essa visão, o capitalismo 
era muito parecido com os modos 
de produção que o antecederam.
d) Conforme essa visão, o capitalismo 
era uma fase passageira e a 
sociedade logo voltaria ao 
modo de produção feudal.
e) Conforme essa visão, o 
capitalismo era a última fase 
de evolução da sociedade.
9Karl Marx e a luta de classes
4. A teoria dos modos de produção 
sucessivos, que se iniciou pela análise 
estruturada das sociedades humanas, 
teve início com o que Marx chamou 
de "comunismo primitivo", a partir 
de estudos de pequenos grupos 
do passado remoto. Nesses grupos, 
tudo o que era adquirido era de 
propriedade comum, e não havia 
divisões de classe. Mas esses grupos 
evoluíram e a propriedade privada 
surgiu, inclusive a escravidão, como 
na Grécia e Roma antiga. A partir daí, 
as sociedades desenvolveram-se com 
base na agricultura e em relações 
de propriedade feudal, que era 
dividida entre proprietários de terra, 
camponeses e arrendatários, forçados 
a trabalhar para os proprietáriospara 
sobreviver. Esse modo de produção 
também chegou aos seus limites.
A partir desses estudos, Marx 
concluiu que o capitalismo:
a) nunca chegaria ao fim. Como 
era um sistema novo, totalmente 
diferente dos modos de produção 
que o antecederam, ele sempre 
encontraria formas de se renovar.
b) também chegaria ao fim, abrindo 
espaço para outro modo de 
produção, gerado a partir de 
trabalhadores descontentes, que 
desenvolveriam uma consciência 
de classe, pondo fim à propriedade 
privada e estabelecendo 
as relações comunais.
c) chegaria ao fim e, como era 
um sistema novo, sucumbiria, 
e a sociedade retornaria 
ao sistema feudal.
d) também chegaria ao fim, abrindo 
espaço para outro modo de 
produção, fruto de decisões 
políticas, que quisessem o 
melhor para a sociedade.
e) também chegaria ao fim, abrindo 
espaço para outro modo de 
produção, gerado a partir de 
decisões da classe burguesa.
5. Ao contrário do comunismo primitivo, 
Marx previa um comunismo 
moderno, que teria a sua disposição 
todos os benefícios do sistema 
capitalista altamente produtivo.
Assinale a alternativa que 
melhor descreve essa forma 
de comunismo moderno.
a) Seria uma forma avançada e 
sofisticada de comunismo, capaz 
de cumprir o princípio comunista 
que diz “de cada um conforme 
sua capacidade, a cada um, 
conforme sua necessidade”.
b) Seria uma forma avançada e 
sofisticada de comunismo, capaz 
de cumprir o princípio comunista 
que diz que a propriedade 
privada é a base da sociedade.
c) Seria uma forma primitiva 
de comunismo, conforme o 
modelo dos tempos remotos, 
estudados por marx.
d) Seria uma forma avançada e 
sofisticada de comunismo, 
porém, serviria de retorno 
ao sistema feudal.
e) Seria uma forma avançada e 
sofisticada de comunismo, mas 
que levaria a um novo modo 
de produção, o primitivo.
Karl Marx e a luta de classes10
BELL, J. F. História do pensamento econômico. Rio de Janeiro: Zahar, 1961.
KISHTAINY, N. et al. O livro da economia. São Paulo: Globo, 2013.
MANDEL, E. A formação do pensamento econômico de Karl Marx: de 1843 até a redação 
de O Capital. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1968.
MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular, 
2008.
MARX, K. O capital: critica da economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
NETTO, J. P. O que é marxismo. São Paulo: Brasiliense, 2006.
SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005.
SILVA, F. P. M. O fator trabalho na teoria econômica. Lauro de Freitas, BA: Editorial FPMS, 
2010.
Leituras recomendadas
CARCANHOLO, R. A. Marx, Ricardo e Smith: sobre a teoria do valor trabalho. Vitória: 
Edufes, 2012.
RÍO, H. Marx para principiantes. Buenos Aires: Era Naciente, 2004.
11Karl Marx e a luta de classes
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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