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Alcoolismo - da fisiopatologia ao tratamento

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José Eduardo Palacio Soares – Bloco Vida Adulta – GT6 – ABUSO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL 
DEFINIÇÃO 
Alcoolismo: é uma doença primária crônica com fatores genéticos, psicossociais e ambientais; frequentemente 
progressiva e fatal; caracterizada por dificuldade em controlar o consumo de bebida (apesar das consequências 
futuras) e distorções do pensamento, especialmente negação. 
 
Em virtude do termo alcoolismo ser muito amplo, este também não é suficientemente preciso para definir todo o 
espectro dos problemas relacionados ao álcool. 
 
Abstinentes: são indivíduos que não consomem álcool. 
 
Beber com moderação: é definido como o número médio de doses consumidas diariamente que caracterizam um 
adulto em uma faixa de baixo risco para problemas com álcool. 
 
Beber em níveis de risco: significa um consumo de álcool que impõe riscos à saúde. 
 
Beber em níveis de risco é definido de forma diferente para homens com menos de 65 anos do que para mulheres de 
todas as idades, em função dos pesos corporais, em geral mais baixos, e das menores taxas de metabolismo do álcool 
das mulheres. 
 
A definição para homens acima de 65 anos é igual à das mulheres, em função do aumento de risco de problemas com 
álcool relacionado à idade, devido, em parte, a mudanças no metabolismo do álcool em indivíduos mais velhos. 
 
Beber compulsivamente ou beber pesado(beber em “binge”): corresponde ao consumo episódico de grandes 
quantidades de álcool, em geral de 5 ou mais doses por ocasião para homens e de quatro ou mais para mulheres. 
 
Uma dose padrão contém 12 gramas de álcool puro, quantidade que equivale ao contido em 150 mL de vinho, 350 
mlL de cerveja ou 45 mL de destilado 46 graus. 
 
 Problema com bebida: se refere a um nível de consumo de álcool que causa problemas ao paciente 
(médicos,psiquiátricos, comportamentais ou sociais – problemas com álcool). 
 
Abuso de álcool e dependência ao álcool são transtornos do uso de álcool e exigem a presença de fenômenos 
sociais ou clínicos específicos. 
 
I)Abuso de álcool inclui critérios que indicam disfunção social ou uso em situações de alto risco (p.ex., ao dirigir 
veículo). 
II)Dependência ao álcool inclui consequências sociais juntamente com critérios relacionados aos aspectos 
físicos de dependência (p. ex., tolerância, perda de controle) e uso apesar de problemas físicos ou psicológicos. 
 
A distinção entre abuso de álcool e dependência ao álcool é importante, dada a necessidade de tratamento mais 
intensivos para os pacientes que são dependentes ao álcool. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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José Eduardo Palacio Soares – Bloco Vida Adulta – GT6 – ABUSO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL 
 
EPIDEMIOLOGIA 
No Brasil, o álcool é a primeira droga usada, a droga de entrada na carreira daqueles que desenvolvem dependências. 
Entre os anos de 2001 e 2004, houve uma evolução de 48,3% para 54,3% de jovens consumidores de bebidas alcoólicas 
entre 12 e 17 anos. 
A taxa de dependência nessa população aumentou de 5,2 para 7,0%, sendo que as meninas bebem de forma 
semelhante aos meninos. 
O beber do jovem brasileiro é tipicamente em “binges”, ou seja, após passar a semana sem ingerir álcool, às sextas 
e/ou aos sábados, 18% bebem de forma pesada, que significa mais que 5 doses na mesma situação. 
Na população geral, 48% se declaram abstêmios de álcool. 
FATORES DE RISCO PARA O INÍCIO DO CONSUMO DO ÁCOOL. 
SOCIOCULTURAIS 
 Maior disponibilidade de bebidas alcóolicas 
 Alto grau de estresse coletivo 
 Estímulo/pressão social 
 Postura ética ambivalente frente ao álcool 
 Inexistência de sanções sociais contra a embriaguez e contra o abuso de álcool 
 Costumes tradicionais que incluem frequência de álcool 
 
BIOLÓGICOS 
 
 Predisposição genética: diferenças nas composições enzimáticas e algumas características da personalidade; 
genes “facilitadores” que são herdados (muitas vezes eles podem não se expressar na ausência de fatores 
ambientais “provocadores”). 
 
Há um risco quatro vezes maior de uso abusivo de álcool e dependência em filhos de alcoolistas. 
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Nota
homens acima de 65 anos também
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Nota
homens abaixo de 65 anos
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Vida Adulta – GT6 – ABUSO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL 
FISIOPATOLOGIA 
Bebidas alcoólicas contêm etanol, que atua como uma droga sedativo-hipnótica. 
 
O álcool é rapidamente absorvido para a corrente sanguínea a partir do estômago e do trato intestinal. 
 
Como as mulheres têm níveis menores de álcool-desidrogenase no estômago (a enzima responsável pelo metabolismo 
inicial do álcool), apresentam maior concentração sanguínea de álcool do que homens que consomem quantidades 
semelhantes de álcool por quilograma de peso corporal. 
 
A absorção de álcool pode ser afetada por outros fatores, como pela presença de alimentos no estômago e pela 
velocidade de consumo do álcool. 
 
Por meio do metabolismo hepático, o álcool é convertido em acetaldeído e acetato. 
 
O metabolismo é proporcional ao peso corporal do indivíduo, mas diversos outros fatores podem afetá-lo. 
 
NO CÉREBRO: o álcool parece afetar diversos receptores, incluindo receptores de ácido γ- aminobutírico (GABA), N-
metil-D-aspartato e dos opioides. 
 
Receptores glicinúricos e serotoninérgicos também parecem estar envolvidos na interação entre álcool e cérebro. 
 
Os fenômenos de recompensa e de adaptação celular são considerados no mínimo parcialmente responsáveis por 
influenciar comportamentos de dependência de álcool. 
 
Sabe-se que o álcool tem propriedades de reforço, uma vez que a abstinência do etanol, assim como sua própria 
ingestão comprovadamente promovem consumo subsequente de álcool. 
 
Após a exposição crônica ao álcool, alguns neurônios cerebrais aparentemente se adaptam a essa exposição, ajustando 
sua resposta aos estímulos normais. Acredita-se que essa adaptação seja responsável pelo fenômeno de tolerância, 
em que as quantidades cada vez maiores de álcool são necessárias para atingir os efeitos desejados. 
 
Embora muito já se saiba sobre os diversos efeitos do álcool nos vários receptores cerebrais, não foi identificado um 
local de ação exclusivo. 
 
Diversos transtornos neuropsicológicos são observados em associação com o uso crônico de etanol, como o 
comprometimento da memória de curto prazo, disfunção cognitiva e alteração da percepção. 
 
Embora o cérebro seja o alvo primário do álcool, vários outros tecidos desempenham um papel importante em como 
o álcool afeta o corpo humano. 
 
A TOXICIDADE HEPÁTICA DIRETA: pode estar entre as consequências mais importantes do consumo de álcool agudo 
e crônico. 
 
Diversas anormalidades histológicas foram descritas, desde inflamação até fibrose e cirrose. 
 
Os mecanismos fisiopatológicos desses efeitos provavelmente incluem liberação direta de toxinas e a formação de 
radicais livres, capazes de interagir de modo negativo com proteínas, lipídios e DNA hepáticos. 
 
CORAÇÃO E SISTEMA CARDIOVASCULAR:O álcool também tem efeitos negativos substanciais no coração e sistema 
cardiovascular. 
 
A toxicidade direta às células do miocárdico frequentemente leva a insuficiência cardíaca, e o consumo crônico pesado 
de álcool é considerado como um fator importante para hipertensão arterial sistêmica. 
 
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José Eduardo Palacio Soares – Bloco Vida Adulta – GT6 – ABUSO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL 
OUTROS SISTEMAS ORGÂNICOS que evidenciam toxicidade direta significativa pelo álcool incluem o trato 
gastrointestinal(esôfago, estômago), sistema imunológico (medula óssea, função das células imunes) e o sistema 
endócrino (pâncreas e gônadas). 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
O álcool tem diversos efeitos agudos e crônicos específicos. 
 
Os efeitos agudos mais observados são a intoxicação alcoólica e a abstinência.Os efeitos clínicos crônicos do álcool afetam praticamente todos os sistemas orgânicos. 
 
EFEITOS AGUDOS 
INTOXICAÇÃO ALCOÓLICA: Após entrar na corrente sanguínea, o álcool atravessa rapidamente a barreira 
hematoencefálica. 
 As manifestações clínicas da intoxicação pelo álcool têm relação direta com o nível sanguíneo de álcool. 
Em função do fenômeno de tolerância, os indivíduos cronicamente expostos ao álcool costumam apresentar efeitos 
menos intensos para os mesmos níveis de álcool sanguíneo do que indivíduos que não são expostos cronicamente à 
substância. 
Os SINTOMAS DE INTOXICAÇÃO LEVE pelo álcool em indivíduos sem tolerância costumam ocorrer com níveis 
sanguíneos de álcool entre 20 e 100 mg/dL e incluem euforia, discreta falta de coordenação muscular e leve disfunção 
cognitiva. 
 
Quando os NÍVEIS DE ÁLCOOL NO SANGUE FICAM MAIS ALTOS (100 a 200 mg/dL) ocorrem disfunções neurológicas 
mais substanciais, como comprometimento mental mais grave, ataxia e prolongamento do tempo de reação. 
Indivíduos com níveis de álcool sanguíneo nessas faixas podem ficar obviamente alcoolizados, com fala arrastada e 
perda da coordenação. 
 
Esses efeitos progridem à medida que o nível sanguíneo de álcool ascende para NÍVEIS MAIORES, até o ponto onde 
podem ocorrer torpor (sentimento de mal-estar caracterizado pela diminuição da sensibilidade e do movimento), 
coma e óbito (quando os níveis são superiores a 300 a 400 mg/dL), especialmente em indivíduos sem tolerância aos 
efeitos do álcool. 
 
Depressão respiratória e hipotensão são as causas mais comuns de óbito em indivíduos com níveis sanguíneos de 
álcool muito elevados. 
 
SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA ALCOÓLICA: A abstinência alcoólica pode ocorrer quando os indivíduos reduzem a 
quantidade de álcool ou interrompem totalmente o consumo. 
 
A gravidade dos sintomas pode variar muito. Muitas pessoas apresentam abstinência de álcool sem precisar procurar 
atendimento médico, enquanto outras exigem internação por sintomas graves. 
 
Como o álcool é um depressor do sistema nervoso central, a resposta natural do corpo à abstinência da substância é 
um estado neurológico de hiperexcitabilidade. Acredita-se que esse estado resulte de mecanismos neurológicos 
adaptativos não mais inibidos pelo álcool, com uma liberação subsequente de diversas substâncias neuro-humorais 
(inclusive noradrenalina). 
 
Além disso, a exposição crônica ao álcool resulta em uma diminuição do número de receptores GABA e prejudica sua 
função. 
 
Manifestações clínicas da abstinência do álcool: 
 
I)hiperatividade, que provoca taquicardia e diaforese (transpiração intensa). 
 
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Nota
piora do reflexo
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Nota
até 100 mg/dL, manter em ambiente calmo, monitorar vias aereas e observar riscos com relação a ataxia.

até 150 -->precisa as vezes de internação com cuidados com vias aéreas.

Até 300 tem que inernar

acima de 400 -->cuidado de manutençao de vida por causa de risco de bloqueio do centro respiratório.
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Vida Adulta – GT6 – ABUSO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL 
 
 
II)Os pacientes também apresentam tremores, ansiedade e insônia. 
 
-Os tremores estão tipicamente entre os primeiros sintomas, e podem iniciar até oito horas após a última 
bebida. 
 
-Os sintomas de tremores e hiperatividade motora tipicamente atingem um pico em 24 a 48 horas. 
 
Embora os tremores leves tipicamente envolvam as mãos, tremores mais graves podem acometer todo o corpo e 
prejudicar muito diversas funções motoras básicas. 
 
III)A abstinência alcoólica mais grave pode resultar em náuseas e vômitos, que podem exacerbar os distúrbios 
metabólicos. 
 
IV)Anormalidades da percepção, incluindo alucinações visuais e auditivas e agitação psicomotora, são manifestações 
comuns da abstinência moderada a grave do álcool. 
 
- As alterações da percepção costumam iniciar-se entre 24 e 36 horas após a última bebida e regridem em 
alguns dias. 
 
V)Crises convulsivas do tipo “grande mal” são comuns na síndrome de abstinência alcoólica, embora não costumem 
exigir tratamento depois da fase aguda da abstinência. 
 
- Quando ocorrem convulsões associadas à abstinência, tipicamente são tônico-clônicas generalizadas e 
costumam ocorrer 12 a 24 horas após a redução do consumo de álcool. Entretanto, também podem ocorrer 
convulsões em períodos posteriores. 
 
A manifestação mais grave da síndrome de abstinência do álcool é o DELIRIUM TREMENS. Este complexo 
sintomático inclui desorientação, confusão, alucinação, diaforese, febre e taquicardia. 
 
O DELIRIUM TREMENS inicia-se tipicamente após dois a quatro dias de abstinência, e suas formas mais graves 
podem provocar óbito. 
 
 
 
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José Eduardo Palacio Soares – Bloco Vida Adulta – GT6 – ABUSO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL 
EFEITOS CRÔNICOS 
As manifestações crônicas tendem a ser mais variadas. 
Muitos pacientes com dependência alcoólica podem não apresentar evidência alguma de manifestações clínicas 
crônicas durante muitos anos. Entretanto, com o decorrer do tempo aumenta consideravelmente a probabilidade de 
ocorrerem uma ou mais dessas manifestações. 
 
Todos os sistemas orgânicos podem ser afetados, mas os principais sistemas envolvidos são sistema nervoso, sistema 
cardiovascular, fígado, sistema gastrointestinal, pâncreas, sistema hematopoético e sistema endócrino. 
 
Os pacientes que bebem têm maior risco para diversas neoplasias malignas, como cânceres de cabeça e pescoço, 
esôfago e fígado. 
 
SISTEMA NERVOSO: No sistema nervoso central, o principal efeito é a disfunção cognitiva. 
 
Os pacientes podem exibir problemas leves a moderados na memória de curto ou de longo prazo ou apresentar um 
quadro de demência grave, semelhante a doença de Alzheimer. 
 
O álcool também provoca uma polineuropatia, que se expressa por parestesias, dormência, fraqueza e dor crônica, 
 
Uma parcela pequena (< 1%) dos pacientes dependentes de álcool pode desenvolver degeneração da linha média 
cerebelar, que se manifesta por instabilidade da marcha. 
 
SISTEMA CARDIOVASCULAR: complicações mais comuns nesse sistema decorrente do uso crônico: miocardiopatia, 
hipertensão e arritmias supraventriculares. 
 
As arritmias mais comuns associadas ao uso crônico do álcool incluem fibrilação atrial e taquicardia supraventricular; 
esses quadros são comumente observados na intoxicação aguda e na abstinência. 
 
FÍGADO: A amplitude das manifestações clínicas inclui esteatose hepática aguda, hepatite alcoólica e cirrose. 
 
A esteatose hepática associada à ingestão de álcool pode ser assintomática ou causar apenas desconforto 
abdominal inespecífico; costuma melhorar com a abstinência de álcool. 
 
A hepatite alcoólica pode manifestar-se como um quadro assintomático identificado por anormalidades das 
enzimas hepáticas ou como um episódio agudo de dor abdominal, náuseas, vômitos e febre 
 
Embora os pacientes muitas vezes sejam assintomáticos, aqueles com cirrose mais avançada podem apresentar 
diversos sinais e sintomas, como icterícia, ascite e coagulopatia. 
 
DOENÇA GASTROINTESTINAL: O uso crônico de álcool está associado a diversos problemas de esôfago, como varizes 
esofagianas, lacerações de Mallory-Weiss e carcinoma de células escamosas do esôfago. 
 
PÂNCREAS: O risco de pancreatite em indivíduos dependentes de álcool é aproximadamente quatro vezes maior do 
que o da população geral. 
 
A pancreatite alcoólica aguda, que pode se manifestar por dor abdominal intensa, náuseas, vômitos, febre e 
hipotensão, pode ser fatal. 
 
Indivíduos que apresentam pancreatite aguda recorrente podem desenvolver pancreatite crônica, que tipicamente se 
expressa como dor abdominalcrônica, má absorção, perda de peso e desnutrição. 
 
SISTEMA HEMATOPOÉTICO: A anemia comumente observada em pacientes com problemas crônicos por álcool pode 
ser multifatorial (p. ex., perda sanguínea, deficiência de nutrientes, secundária à hepatopatia e ao hiperesplenismo). 
 
 
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Nota
a alteração hepática impede de tranformar amonia em ureia, gerando excesso de amonia que leva a lesão cerebral.
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Nota
principais, hepatopatia e pancreatopatia.

além da miocardiopatia e lesão cerebrais

cancer de fígado e pancreas, TGI.
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Nota
sindrome de wernickie korsakoff, polineuropatia periferica e sensitva. É uma sindrome cerebelar.

associada a carencia de vitamina B1 devido o uso do alcool

confusão mental, ataxia, alucinação
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Nota
gravidez, leva a síndrome fetal alcoolica, afentando na formação da fenda palatina e labio leporino, além de alteração cerebral no feto e defeito cardíaco. O feto nasce com a síndrome de abstinência.
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Vida Adulta – GT6 – ABUSO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL 
NEOPLASIAS MALIGNAS: O consumo de álcool está associado a neoplasias malignas das vias digestórias superiores, 
respiratórias e hepáticas. 
 
O uso de álcool está associado a carcinomas de células escamosas do esôfago e da cabeça e do pescoço. 
 
O uso crônico de álcool também foi associado a neoplasias malignas de mama, próstata, pâncreas, colo do útero, 
pulmão e cólon. 
 
Mulheres que consomem mais de uma a duas doses alcoólicas por dia podem aumentar seu risco de câncer de mama 
em 1,5 vez ou mais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Nota
Alcool e direção. Afeta o cerebelo, afetando equilibrio. aumenta 10x o risco de acidente.
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Vida Adulta – GT6 – ABUSO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL 
DIAGNÓSTICO 
 
 
I)QUESTIONÁRIO CAGE: inclui quatro perguntas e é pontuado atribuindo-se um ponto a cada resposta positiva. 
 
Tendo em vista que a expressão “em algum momento” é usada em todas a perguntas do CAGE, este instrumento foi, 
por definição, elaborado para detectar problemas com álcool ao longo da vida, e não diferencia problemas ao longo 
da vida de problemas atuais. 
 
A resposta afirmativa em 2 ou mais é um indicativo diagnóstico de dependência do álcool. 
 
II)AUDIT- Teste para Identificação de Problemas Relacionados ao Uso de Álcool: As dez perguntas do AUDIT cobrem 
quantidade e frequência de uso de álcool, comportamentos de consumo de bebida, sintomas psicológicos adversos e 
problemas relacionados ao álcool. 
 
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José Eduardo Palacio Soares – Bloco Vida Adulta – GT6 – ABUSO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL 
O instrumento foi desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde para identificar consumo perigoso (p. ex., de risco) 
e nocivo (p. ex., uso de álcool que gera danos físico e psicológico). 
 
Ao contrário do questionário CAGE, o AUDIT enfoca comportamento recente com relação à bebida (atual e até o ano 
anterior). 
 
Cada pergunta recebe pontuações de 0 a 4 (a pontuação total varia de 0 a 40), e uma pontuação de 8 ou mais é 
considerada resultado positivo. 
 
Orientação para o início da entrevista: “Agora vou fazer algumas perguntas sobre seu consumo de álcool ao longo 
dos últimos 12 meses”. 
 
1. Com que frequência você consome bebidas alcoólicas? 
(0) Nunca [vá para as questões 9-10] (1) Mensalmente ou menos (2) De 2 a 4 vezes por mês (3) De 2 a 3 vezes por 
semana (4) 4 ou mais vezes por semana 
 
2. Quantas doses alcoólicas você consome tipicamente ao beber? 
(0) 0 ou 1 (1) 2 ou 3 (2) 4 ou 5 (3) 6 ou 7 (4) 8 ou mais 
 
3. Com que frequência você consome cinco ou mais doses de uma vez? 
(0) Nunca (1) Menos do que uma vez ao mês (2) Mensalmente (3) Semanalmente (4) Todos ou quase todos os dias. 
 
Se a soma das questões 2 e 3 for 0, avance para as questões 9 e 10 
 
4. Quantas vezes ao longo dos últimos 12 meses você achou que não conseguiria parar de beber uma vez tendo 
começado? 
(0) Nunca (1) Menos do que uma vez ao mês (2) Mensalmente (3) Semanalmente (4) Todos ou quase todos os dias 
 
5. Quantas vezes ao longo dos últimos 12 meses você, por causa do álcool, não conseguiu fazer o que era esperado 
de você? 
(0) Nunca (1) Menos do que uma vez ao mês (2) Mensalmente (3) Semanalmente (4) Todos ou quase todos os dias 
 
6. Quantas vezes ao longo dos últimos 12 meses você precisou beber pela manhã para poder se sentir bem ao longo 
do dia após ter bebido bastante no dia anterior? 
(0) Nunca (1) Menos do que uma vez ao mês (2) Mensalmente (3) Semanalmente (4) Todos ou quase todos os dias 
 
7. Quantas vezes ao longo dos últimos 12 meses você se sentiu culpado ou com remorso depois de ter bebido? 
(0) Nunca (1) Menos do que uma vez ao mês (2) Mensalmente (3) Semanalmente (4) Todos ou quase todos os dias 
 
8. Quantas vezes ao longo dos últimos 12 meses você foi incapaz de lembrar o que aconteceu devido à bebida? 
(0) Nunca (1) Menos do que uma vez ao mês (2) Mensalmente (3) Semanalmente (4) Todos ou quase todos os dias 
 
9. Você já causou ferimentos ou prejuízos a você mesmo ou a o utra pessoa após ter bebido? 
(0) Não (2) Sim, mas não nos últimos 12 meses (4) Sim, nos últimos 12 meses 
 
10. Algum parente, amigo ou médico já se preocupou com o fato de você beber ou sugeriu que você parasse? 
(0) Não (2) Sim, mas não nos últimos 12 meses (4) Sim, nos últimos 12 meses 
 
Anote o resultado. 
 
Se igual ou maior que 8, indica uso nocivo. 
 
Se maior que 13, em mulheres, ou maior que 15, em homens, dependência. 
 
 
 
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José Eduardo Palacio Soares – Bloco Vida Adulta – GT6 – ABUSO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL 
 
PREVENÇÃO E TRATAMENTO 
O tratamento dos transtornos do uso do álcool deve basear-se na gravidade dos problemas potenciais ou reais com 
álcool e ser ajustado individualmente para atender às necessidades do paciente. 
 
Para pacientes que consomem excessivamente álcool mas ainda não são dependentes, são sugeridas estratégias de 
orientação e conduta distintas daquelas usadas em indivíduos dependentes de álcool (Tabela 32-4). 
 
 
TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL 
A maioria dos pacientes pode ser tratada em ambulatórios, mas pacientes com dependência mais grave de álcool ou 
comorbidades podem, de início, necessitar de tratamento em regime de internação, programas de aconselhamento 
específicos e tratamento farmacológico. 
 
GESTÃO NA ABSTINÊNCIA DE ÁLCOOL 
Pacientes com abstinências leves a moderadas em geral podem ser tratados com segurança no ambulatório com um 
acompanhamento de perto. 
 
Pacientes com abstinência moderada a grave, expressa por hipertensão, tremores e quaisquer alterações das funções 
mentais, principalmente pacientes com doenças médicas e psiquiátricas concomitantes, em geral são melhor 
tratados em regime de internação. 
 
Pacientes com histórico de abstinência grave no passado (p. ex., delirium tremens) ou de convulsões por abstinência 
de álcool também devem ser internados. 
 
José Eduardo Palacio Soares – Bloco Vida Adulta – GT6 – ABUSO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL 
Os três principais objetivos da condução clínica na abstinência são: minimizar a intensidade dos sintomas relacionados 
à abstinência, prevenir complicações específicas relacionadas à abstinência (como convulsões e delirium tremens) e 
garantir encaminhamento a tratamentos de prevenção da recaída. 
 
Foi avaliada a efetividade de um amplo acervo de medicamentos para controle da síndrome de abstinência do álcool 
(Tabela 31-5). 
 
Benzodiazepínicos de duração mais longa são os preferidos, pois tornam a abstinência mais suave. 
 
Benzodiazepínicos de ação mais curta, como oxazepam, podem ser indicados em indivíduos com hepatopatia grave. 
 
A estratégia mais comum é administrar uma dose-padrãode benzodiazepínicos com doses adicionais “conforme 
necessidade”, com base nos sintomas de abstinência. 
 
METABOLISMO DO ÁLCOOL 
O álcool é rapidamente absorvido na boca, esôfago, estômago, intestino grosso e intestino delgado (80%). 
 
FATORES QUE AUMENTAM A ABSORÇÃO DO ÁLCOOL: 
 
- Esvaziamento gástrico acelerado 
- Ausência de alimentos no TGI 
- Ingestão de bebidas gaseificadas 
 
O etanol se distribui rapidamente por quase todos os tecidos do corpo, atravessando rapidamente barreiras 
placentária e hematoencefálica. 
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José Eduardo Palacio Soares – Bloco Vida Adulta – GT6 – ABUSO E DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL 
 
Entre 2% e 10% de etanol são excretados diretamente através dos pulmões, urina e suor; porém, a maior parte é 
metabolizada em acetaldeído, principalmente no fígado. 
 
A via mais importante ocorre no citosol celular, onde a álcool desidrogenase (ADH) produz acetaldeído, em seguida 
rapidamente destruído pela aldeído desidrogenase (ALDH) no citosol e nas mitocôndrias. 
 
Uma segunda via nos microssomos do retículo endoplasmático liso (o sistema microssômico de oxidação do etanol 
ou MEOS) é responsável por 10% ou mais da oxidação do etanol em concentrações sanguíneas de álcool elevadas. 
 
dupal
Nota
convertido em acetil-Coa e acetato.

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