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VIDA E CARÁTER DO MISSIONÁRIO

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VIDA E CARÁTER DO MISSIONÁRIO
Pr. John Hayes
Embora seja uma matéria difícil de se ensinar e de compreender, esta talvez, seja a matéria de maior importância no preparo para o campo transcultural. Ainda que uma pessoas saiba tudo sobre o campo transcultural e mesmo que tenha experiência ministerial e até transcultural, tudo isto de nada valeria se seu caráter não fosse formado de acordo com a Palavra de Deus e os requisitos básicos para ministrar no campo transcultural. Seu caráter fala muito mais alto do que seu conhecimento teórico e sua experiência ministerial, especialmente numa situação transcultural.
A base de todo o ministério não é o que você sabe ou o que você faz, mas o que você é. Não é suficiente apenas cumprir uma função ou ter apenas um conhecimento teórico, se não tiver a essência do caráter necessário para enfrentar os desafios da obra transcultural.
Ao tratar do assunto da formação do caráter, entendemos que estamos falando sobre integridade e da vida integral do missionário. O ensejo dessa matéria é que cada um analise a realidade da obra missionária, examine seu caráter, procure melhorar seus defeitos e pontos fracos e também crescer de uma maneira integral para ter um ministério equilibrado, maduro e sadio.
É importante saber que a formação do caráter do missionário é um processo. Essa formação não é automática ou instantânea, mas acontece através do tempo e provas que passamos. Missionários realmente são formados. Eles não nascem assim. São formados num processo que Deus e o Espírito Santo desenvolvem para cada um. É um processo que dura a vida toda. Ninguém “chega” ou alcança a perfeição de caráter, pois todos estão neste processo de aperfeiçoamento, incluindo seu professor. A maravilha é que mesmo com nossos defeitos Cristo pode nos usar para proclamar sua Palavra e trazer fruto para o Reino.
David Livingston disse: “Deus só teve um Filho, e fez dele um missionário”. A base de toda a obra missionária transcultural é a encarnação da Palavra em carne e cultura humana. Assim é a nossa missão: encarnar a Palavra de Deus em nossas vidas, em nossa carne e caráter, para que esta Palavra possa ser proclamada em toda cultura e para todos os povos.
A. O QUE É UM MISSIONÁRIO
A palavra “missionário” vem da palavra latina “mitto” que significa “enviado”. Esta palavra latina tem o mesmo significado da palavra grega apostello que também significa “enviado”. No sentido acadêmico, específico e histórico, a palavra missionário se refere aos que ministram e servem o Senhor no campo transcultural. Podemos definir a palavra missionário a ser uma pessoa enviada por Deus e pela igreja, que atravessa barreiras geográficas, culturais, lingüísticas e sociais para pregar o Evangelho. O missiólogo Herbert Kane tem definido assim o missionário: “Os chamados por Deus ao ministério da Palavra e oração (At 6.4), atravessando barreiras geográficas e/ou culturais para pregar o Evangelho em áreas onde Jesus é quase desconhecido (Rm 15.20)”.
Em Atos 13.1-4, vimos duas características do missionário que são de alta importância. Primeiro, ele é chamado e enviado pelo Espírito Santo. Ele não é chamado por si mesmo, mas pela vontade de Deus. O missionário precisa, ter certeza absoluta de sua chamada divina para enfrentar os problemas no campo transcultural. É bom observar nesta passagem que o Espírito escolheu homens que eram (1) ativos na obra, sendo profetas de jejum e oração, e (2) homens experimentados e preparados por Deus. Não eram crentes que estavam de braços cruzados, e tampouco eram neófitos inexperientes na obra. Deus escolheu os melhores da igreja para ser enviados ao campo transcultural – não os obreiros que sobraram ou que não serviram em outro lugar. Veja também o papel do espírito Santo no envio de obreiros ao campo transcultural em Atos 8.26, 29, 39 e 16.6-7.
A Segunda característica de igual importância é que estes primeiros missionários foram enviados pela igreja. A igreja confirmou os dons e a chamada que Deus outorgou para eles, e separou e enviou Paulo e Barnabé para a obra transcultural. O verdadeiro missionário não vai ao campo em sua própria autoridade, mas vai na autoridade e sob a responsabilidade da igreja (ou igrejas) local. Tanto a igreja se responsabiliza por ele, como ele também é responsável perante a igreja local. Isto é simbolizado na imposição de mãos (v. 3). É bom lembrar que esta confirmação e envio da parte da igreja é um processo, e que nem sempre vai acontecer imediatamente depois da chamada. Paulo foi chamado para a obra transcultural ao se converter no caminho de Damasco (At 26.16-20, 9.15; Gl 1.14-2.2), e não foi enviado ao campo transcultural até mais ou menos treze anos depois. Estes anos foram muito importantes para a preparação tanto de Paulo como também das igrejas locais. Ainda que o processo leve algum tempo, o envio do missionário do ponto de vista bíblico tem que ter a participação do espírito Santo e da igreja ou igrejas locais.
Sendo que a palavra missionário trata os que têm ministério em outra cultura, não podemos dizer que todos os crentes são missionários. A Bíblia ensina que todos são testemunhas, e que todos tem uma parte ativa e uma responsabilidade espiritual para anunciar a Palavra até os confins da terra (At 1.8). Porém, no sentido específico da palavra, nem todos os crentes são missionários porque os missionários são os que ministram em uma outra cultura.
Podemos observar que tem degraus diferentes na obra missionário. Usamos os termos “M1, M2 e M3” na missiologia para descrever estes graus diferentes. O “M1” é um missionário que atravessa uma barreira, ou que trabalha numa cultura similar. Por exemplo, um missionário brasileiro que trabalha com nordestinos, atravessa apenas a barreira cultural, sem ter as dificuldades maiores em termos de barreiras geográficas ou lingüísticas. O missionário “M2” já atravessa mais barreiras, como, por exemplo, um argentino ministrando no Brasil, que atravessa barreiras lingüísticas e geográficas, e algumas barreiras culturais. O missionário “M3” atravessa todas as barreiras: culturais, geográficas e lingüísticas para trabalhar numa cultura bastante diferente. Alguns exemplos seriam um missionário norte americano trabalhando com grupos indígenas no Amazonas, ou um chileno trabalhando na China.
Em resumo, o missionário é um servo de Deus, chamado pelo Espírito e enviado pela Igreja para atravessar barreiras culturais, geográficas e lingüísticas para pregar o Evangelho. O missionário é o obreiro transcultural que alcança outros povos étnicos com o Evangelho.
1. A Chamada do Missionário
A chamada do missionário é difícil de se definir e também para explicar a outras pessoas. Porém, é absolutamente essencial que o missionário tenha convicção da sua chamada divina.
Existe uma chamada geral para todos os crentes para exercer seus dons espirituais e cumprir o ministério que Deus tem para cada um. Também existe a chamada específica para o serviço cristão (At 6.1-4), onde a pessoa dará consagração total ao ministério da Palavra. A chamada do missionário é uma chamada específica a ser um “apóstolo aos gentios” para trabalhar no campo transcultural e na obra ministerial. Este chamado específico e ministerial é essencial mesmo se o missionário vai para o campo para exercer sua profissão como “fazedor de tendas” (i.é: médico, enfermeira, engenheiro, professor, etc.).
Alguns missionários recebem um chamado para um país ou povo específico, e outros não. Alguns sentiram a chamada através da necessidade e convicção da Palavra de Deus. Atualmente, são poucos os que têm uma chamada para um povo, país, ou obra específica.
O modo ou maneira que o Senhor chama cada um é variado. Deus fala com cada pessoa de um modo particular que às vezes é difícil explicar a outros. O mais importante é que cada um tenha a certeza absoluta, a convicção plena de que esta seja a vontade de Deus (Gl 1.1; II Co 1.1).
Alguns esperam por uma visão, profecias, uma voz audível, sonhos ou outras manifestações sobrenaturais. Alguns esperamuma chamada especial como a conhecida “chamada para a Macedônia” em Atos 16.9-10. Porém, neste caso citado, Paulo já era missionário, e esta não é especificamente uma chamada missionária. Esta escritura é um caso de direção espiritual na obra missionária, e não de uma chamada missionária.
Às vezes, Deus usa profecias, visões e outras manifestações para falar conosco. Quando se trata da obra transcultural, não se pode usar estes sinais como a base para a chamada. O Espírito usa a profecia, visões, sonhos, etc... para confirmar a chamada. As visões e manifestações nunca devem ser aceitas como um chamado em si, sem primeiro haver uma convicção particular da vontade divina. A chamada é em primeiro lugar uma convicção permanente no coração que Deus tem revelado sua vontade em sua vida, para se tornar um ministro da Palavra numa outra cultura. Isto não é emoção e não pode ser somente baseado nas visões ou profecias, mas depois de ter colocado no coração da pessoa, Deus confirma muitas vezes por outras pessoas, por sinais e pela própria igreja.
Para receber este chamado, o indivíduo pode se preparar através de: (1) uma mente aberta e sensível ao Espírito Santo, (2) um coração puro, (3) estar ativo na obra, e (4) ter prontidão para servir. Deve reconhecer a vontade geral e específica de Deus para você. Como foi citado anteriormente, deve se esperar a confirmação da igreja local dos seus dons espirituais.
Ao receber o chamado a tendência é sentir-se incapaz de cumprir a obra. Assim foi com os grandes profetas e missionários da Bíblia, como Moisés, Jeremias, Jonas, João Marcos, Paulo, etc... Esta chamada é acompanhada por humildade e quebrantamento da pessoa. Caso a pessoa sinta-se capaz, e crê que merece esta chamada, é sinal de que ela está enganada. O verdadeiro chamado é seguido por um sentimento da grandeza de Deus e a insuficiência do homem em cumprir a vontade divina. Assim, o chamado não é algo que nós alcançamos, que seja uma iniciativa nossa ou nosso desejo, senão que é revelado e concedido por Deus.
Ainda que não mereçamos o chamado de Deus, e ainda que saibamos que somos ineficientes para o cumprimento da obra, nossa fé está no Deus que nos chamou. Se Deus realmente chama o indivíduo, ele também concede a capacitação para realizar a obra. Deus chama e concede o Dom de missionário, que é a habilidade espiritual necessária para o cumprimento do chamado espiritual. O Dom espiritual sempre irá acompanhar a chamada, se esta chamada vier realmente de Deus.
Para as famílias missionárias, surge uma pergunta e uma preocupação: é necessário que a esposa (ou o esposo) e os filhos tenham uma chamada específica para a obra transcultural? Através de muitos exemplos e testemunhos de missionários no campo, podemos responder que ainda que os membros da família não sintam uma chamada específica para o campo transcultural, todos precisam sentir uma chamada específica para o ministério. Todos com mais de doze anos de idade precisam ter uma convicção absoluta que é a vontade de Deus ir ao campo missionário. Sem esta convicção, a família irá sofrer muito, e é melhor não partir para o campo até que todos tenham um comum acordo.
Se um indivíduo tem dúvidas sobre seu chamado, a melhor solução é participar de uma experiência transcultural a curto prazo (3 meses). Geralmente esta experiência transcultural prática no campo ajuda a confirmar ou não a chamada do indivíduo. Podemos sugerir o mesmo para a família que dúvidas. Ainda se descobrir que realmente não tem a chamada, a experiência vai enriquecer o ministério da pessoa ou da família.
2. Os Dons Espirituais
O candidato ao ministério transcultural precisa entender os dons espirituais e saber quais são os dons que o Espírito Santo tem concedido a cada um (I Co 12.1). Sem este conhecimento, o ministério do indivíduo pode sofrer por estar fora do plano e obra que Deus tem a realizar através dele. Tem que conhecer seus dons e sua “esfera de ação” no ministério (II Co 10.13).
O estudo dos dons espirituais envolve uma exegese e análise destas e outras passagens: Rm 12.3-8; Ef 4.11-12; I Co 12.4-12;27-31. Precisa se estudar as definições de cada dom, estudar os exemplos bíblicos de pessoas que viveram estes dons. Deve-se entender como é o uso desses dons, e saber como descobrir seus dons.
3. O Dom do Missionário
O dom de missionário descrito em várias passagens escritas pelo apóstolo Paulo: Ef 3.1-9; Gl 2.7-9; I Co 9.22; Rm 15.15-16 e outros. Nestas passagens Paulo explica sua chamada e seus ministérios aos gentios, aos povos de uma outra cultura. Dom de missionário pode ser definido como: “A capacidade espiritual de usar os seus dons espirituais numa outra cultura, na obra transcultural”.
O missionário pode ter uma variedade de dons espirituais: apóstolo (plantador de igrejas), mestre, evangelista, pastor, etc. Geralmente tem um ou vários dos “dons ministeriais” de Efésios 4.11-12, que são dados à liderança para equipar outros crentes. Porém, o Dom de missionário capacita o obreiro a usar estes outros dons num contexto transcultural.
O dom de missionário não deve ser confundido com o Dom de apóstolo ainda que ambos venham da mesma raiz e tenham um mesmo significado, isto é: “enviado”. Apóstolo é o que é enviado ao novo campo para estabelecer e plantar uma igreja onde não há igrejas. Em Gálatas 2.8, Paulo diferencia entre o dom de apóstolo e dom de missionário. Ele diz que Pedro era apóstolo aos judeus, mas que ele não era missionário. Paulo era “apóstolo aos gentios”, um plantador de igrejas cujo ministério era transcultural.
O dom de missionário, então, não é idêntico ao de apóstolo, evangelista ou qualquer outro dom. O missionário pode ter estes ou outros dons, mas estes dons não são idênticos ao dom de ministério transcultural.
4. O Envio do Missionário
A base do envio missionário é a igreja local. No livro de Romanos, Paulo está preparando a igreja através do ensino para ser uma base missionária. Foi seu desejo que a igreja em Roma se tornasse uma base missionária como a igreja em Antioquia. Através da igreja em Roma, Paulo esperava ser enviado, junto com sua equipe missionária para a Espanha (Rm 15.28). Em estabelecer a base teológica deste envio, a epístola aos Romanos inclui muitas passagens “missionárias” como em 10.12-17. No livro de Romanos encontramos a base teológica e prática para o envio missionário através da igreja local.
A igreja de Antioquia também é um exemplo bíblico deste envio. Esta igreja gentia se tornou a base missionária da igreja primitiva, enviando obreiros e estabelecendo novas obras na Europa e Ásia Menor. Vimos algumas características desta igreja em Atos 11.19-30 e 13.1-4. Veja esboço abaixo:
I. Igreja Evangelística (v. 19-21)
A. Ministério dos leigos como testemunhas (8.1-4; 11.19)
B. Quebrando as barreiras (v.20)
C. Mensagem real; anunciar Jesus Cristo (v.20)
II. Igreja edificada (v.22-30)
A. Liderança dinâmica e com visão (v.22-24)
B. Trabalho em equipe ministerial (v.25)
C. Ensino - exortação, discipulado, etc. – até se tornarem “cristãos” (v.23-26)
D. Aprenderam a doar – primeiro com ofertas e depois com obreiros (v.27-30)
III. Igreja Enviando (13.1-4)
A. Sensível ao Espírito Santo (v. 13) – oração, jejum, serviço
B. Selecionaram homens chamados, , experientes e preparados (v. 1-3)
C. Se responsabilizaram no envio de obreiros – “impondo sobre eles as mãos” (v.3)
D. A volta dos missionários com os relatórios (14.26-28; 5.30-35; 18.22-23).
Podemos ver a responsabilidade mútua entre a igreja local e o missionário no envio da igreja em Antioquia. Tanto a igreja se responsabilizou pelo missionário, como também o missionário se responsabilizou pela igreja: com informações, visitas, discipulado e ensino sobre missões, tempo junto para reintegração, etc.
Em Filipenses 4.10-19, vimos como a igreja em Filipos enviou e sustentou Paulo durante suas viagens missionárias. Esta passagem merece uma exegese para ver a atitude de Paulo e o valor do sustento da igreja local. Há outras passagens que falam do sustento do apóstoloPaulo e sua equipe: II Co 11.8-9; III João, etc.
As igrejas locais às vezes justificam sua falta de participação na obra missionária com várias desculpas. Algumas dizem: “Há tantas necessidades na igreja e na comunidade, por que devemos nos preocupar com os demais?” A verdade é que toda a igreja local e toda a comunidade sempre terão necessidades. E é no meio destas necessidades que Deus nos comissionou para sermos testemunhas em Jerusalém, como também ao mesmo tempo, em Samaria, Judéia e até aos confins da terra. O mandato do Senhor é mais importante do que as nossas próprias necessidades. Outras igrejas alegam que: “A obra missionária não traz frutos para a igreja local”. Porém, a obra missionária é fruto da maturidade da igreja local, e tem fruto eterno. As almas ganhas pelos missionários são apenas uma extensão da igreja local e o crédito vai para a igreja (II Co 9.10). Outras igrejas tem medo que o sustento missionário irá diminuir as finanças na igreja local. Porém, ao aprender a doar, as finanças da igreja serão abençoadas e multiplicarão. Estas finanças não saem do dízimo, mas são ofertas mensais assumidas pelos membros que se comprometem a fazê-lo mensalmente. Toda a igreja local que se envolve no enviou e sustento missionário é uma igreja abençoada por Deus.
A chave do envio da parte da igreja local é o pastor. Se o pastor tiver a visão missionária e se tiver um compromisso com o envio e o sustento do missionário, a igreja terá a mesma visão. “Tal pastor, tal igreja”. Devemos informar e educar os pastores sobre missões, para que transmitam esta visão para a igreja.
Como iniciar um programa de envio? Primeiro, estabelecer um comitê ou grupo informativo na igreja para orar e informar a igreja local sobre missões. Segundo, motivar a congregação através de informações, drama, filmes, visitas de missionários, viagens ao campo missionário, etc. Terceiro, estabelecer um alvo e um orçamento missionário (exemplo: 20% dos dízimos para missões). Quarto, arrecadar o dinheiro – através do orçamento geral, ofertas ou promessas de fé. Quinto, manter comunicação com os missionários para estar informado das atividades e necessidades. A igreja precisa saber que está fazendo um investimento eterno.
5. O Servo
Paulo foi antes de qualquer coisa um servo do Senhor (I Co 3.5; Fl 1.1). Em todas as suas epístolas ele demonstra sua atitude de servo. O missionário também deve ser revestido deste espírito de humildade e submissão à vontade do Mestre.
Há várias características de um servo que podemos enumerar. (1) O servo cumpre a vontade de uma terceira pessoa, e não a sua própria vontade. (2) Ele faz o pior trabalho – os trabalhos mais degradantes, humildes, difíceis – tudo sem receber elogios ou reconhecimento de outros. (3) Ele faz o trabalho mais difícil para facilitar a vida de outras pessoas. (4) O servo não tem atitude de mestre, autoritário, sabe-tudo e com aparência de ser um super santo. Ele reconhece os limites de sua autoridade e entende a sua posição humilde. (5) Ele vive uma vida de simplicidade. (6) Também, seu estilo de vida demonstra domínio próprio e a negação de si mesmo.
Estas características devem ser parte da atitude espiritual do missionário transcultural. É de suma importância que ele esteja no campo para servir o Senhor e seu corpo, a igreja.
6. O Espírito Missionário
O “espírito missionário” é uma integração de atitudes, comportamentos, pensamentos e ações que revelam o coração do servo. É um estilo de vida que é demonstrado espontaneamente, que não é aprendido ou forçado obrigatoriamente pela situação. É amor em ação e motivação. Este espírito envolve a habilidade de aprender do irmão mais simples e do irmão mais capacitado, de toda cultura e povo, valorizando e apreciando as coisas positivas de cada um (Rm 1.14; I Co 1.27-31). É adaptar-se aos fortes e aos fracos, sem esperar que eles se adaptem às suas idéias, cultura, comportamento, etc... É a aceitação das diferenças culturais com amor e respeito, relacionando-se e identificando-se com o povo em amor (I Co 9.19-27; 10.23; 11.1; At 10.10-22).É amar todos os povos de todos os tipos com o amor ágape, sem revolta ou menosprezo àquele que tiver cultura diferente. Este espírito se demonstra no sofrimento quando o indivíduo puder sofrer privações e dificuldades sem desanimar e sem reclamar (II Co 1.5-11; 4.7-18; 11.23-33; 16.25). É viver contente em qualquer situação (Fl 4.11-13). Também significa que o obreiro passa críticas e perseguições mesmo dentro do corpo ministerial, sem guardar mágoas (At 13.50-52; At 15).
Este espírito é um estilo de vida em que o indivíduo vive o mais simples possível, sem complicações para dedicar-se à pregação do Evangelho (Lc 10.4-12; 9.1-6; Mc 6.7-13). Esta pessoa se alimenta do que for servido para comer, dorme onde puder, etc... (Lc 10.7), sem exigir do povo e da igreja. É identificar-se o máximo possível com o povo com humildade, sinceridade e simplicidade. É saber chegar ao nível de cada povo sem perder sua identidade própria.
Aquele que tem este “espírito missionário” faz o que for necessário, ainda que seja o trabalho mais árduo e difícil que houver (I Co 4.9-14). Ele trabalha sem reconhecimento e sem a honra e elogios dos homens, com perseverança e a esperança nas promessas do Senhor. Significa que ele pode trabalhar sozinho ou em equipe, na solidão ou junto com o corpo ministerial, usando somente os recursos que tiver em mãos (At 17.16).
O missionário nega seus próprios direitos para servir outros e para evitar todos os escândalos para os fracos (Rm 14.1-15.3; I Co 8.1-9.27). É viver aproveitando cada momento para servir e ministrar aos outros, mesmo quando não sente a vontade ou desejo, quando estiver cansado, quando estiver passando as piores necessidades e angústias de sua vida (At 28.3; 20.18-38). Ele tem a capacidade de ver e reconhecer a graça e o ministério que Deus tem dado aos outros povos e obreiros (At 11.1-18, 22-26). É discipular e preparar outros obreiros que o ultrapassem ministerialmente, sem sentir-se ameaçado com o fruto do ministério do outro (At 9.27; 11.25). É a capacidade de admitir seus erros e fraquezas, humilhar-se e mudar-se em submissão (At 13.5; 15.36-41, II Tm 4.11). É humilhar-se diante de terceiros com o “espinho na carne”, aceitando a disciplina própria e a disciplina das autoridades espirituais (II Co 12.1-10). É reconhecer seus limites e esfera de ação de seu ministério e do ministério dos outros (I Co 3.5-8; 10.12-18; Rm 15.15-20). Aquele que tem este espírito no seu caráter reconhece sua dependência total em deus, sem ter que auto-elogiar, se justificar, se honrar (Rm 1.1). Ele dá sem receber, dando de si mesmo para a obra sem esperar recompensas neste mundo (At 20.35). Ele se preocupa em nunca ser pesado para ninguém, para ser bênção, nunca pensando que as pessoas são obrigadas a ajudá-lo e servi-lo (II Co 12.16; 11.9). Ele tem a mente de Cristo e disciplina, corrige, defende e protege a igreja, sofrendo dores de parto até Cristo ser formado em cada crente, sendo agente da reconciliação entre Deus e o homem. Aquele que tem este espírito tem a fé em Deus, e somente em Deus, mesmo quando tudo indica que a tarefa e a vitória são impossíveis (At 18.9-10).
B. O PODER DO MISSIONÁRIO
Para cumprir a obra espiritual, o servo tem que ter o poder espiritual. Todo o conhecimento, preparo, experiência passada, métodos, técnicas, recursos ou dinheiro é insuficiente para cumprir a obra espiritual. É essencial que o missionário tenha a unção divina sobre seu ministério.
1. De onde vem o poder?
O poder espiritual não é nosso. Para cumprir a obra transcultural, exige uma dependência total em Deus e no seu poder. Este fato elimina toda tentação de glória em nós mesmos – em nossa capacidade, intelecto, talentos ou habilidades. Elimina também a tendência de comparar-nos com outras pessoas.
Todas as passagens da Grande Comissão, são acompanhadas com promessas de poder divino (Mt 28.18-20; Mc 16.15-18; Lc 24.47-49; Jo 20.21-22; At 1.8). As manifestações do poder divino acontecemquando obedecemos o “Ide” do Senhor. Não encontramos nenhuma passagem onde alguém foi curado dentro do templo – (na porta sim, mas não dentro). Se queremos ver o poder de Deus em nossas vidas e na igreja, devemos obedecer a Grande Comissão.
2. A. Vida Devocional
A vida devocional é a fonte espiritual do missionário. Seu ministério é baseado em seu relacionamento com Deus. Produzimos fruto da maneira que permanecemos na videira (Jo 15.1-16). ª comunhão constante com Deus é uma prática básica da vida cristã e do ministro de Deus. Sem esta fonte espiritual fluindo cada dia, o ministério do indivíduo será superficial, fraco e de pouca duração. Facilmente será vencido na batalha espiritual que irá enfrentar ao entrar no território de Satanás para pregar o Evangelho. Há muitos exemplos de ministros e missionários que foram derrotados devido à preguiça e a negligência com a vida devocional. É durante sua vida devocional, com a leitura da Palavra e oração que Deusa irá formar e moldar seu caráter e comportamento.
3. Integridade
A vida integral é a vida baseada na Palavra de Deus, que permite que a Palavra de Deus e o Espírito Santo aperfeiçoem o indivíduo. Esta maturidade em caráter, comportamento e ministério são essenciais para qualquer líder e missionário. Sem esta maturidade, o indivíduo terá dificuldades no campo transcultural, como o jovem João Marcos (At 13.5; 15.30-40). Um neófito, ou uma esposa inexperiente, ou até mesmo um novo convertido não estará preparado para enfrentar a batalha espiritual no território de Satanás.
No campo transcultural todo defeito no caráter da pessoas será revelado. Devido ao stress e ao choque cultural, os problemas, defeitos, complexos, imaturidade, atitudes erradas e motivos pessoais virão à luz. Em sua cultura o indivíduo pode esconder estes defeitos, mas numa outra cultura, todo seu comportamento e caráter serão revelados. Por esta razão é importante que examine bem os seus motivos. Conheço pessoas que foram para o campo missionário devido morte na família, ou como meio de escapar dos seus problemas pessoais ou uma afirmação pessoal. Conheço outros que foram sabendo que não estavam preparados, mas pensando que no campo tudo iria se acertar. Conheço um casal que teve problemas matrimoniais e foram ao campo missionário, pensando que a experiência iria uni-los. Estes e outros exemplos mostram o perigo deste pensamento, e certamente estas pessoas têm causado escândalos para o Evangelho. Os motivos têm que ser cuidadosamente examinados para evitar estes escândalos.
Integridade também significa ser transparente. O que você fala deve combinar com seu caráter e suas ações. Deve também ser aberto à inspeção pela Palavra, ao Espírito Santo e às autoridades espirituais que Deus usa para avaliar e corrigir estes defeitos. Tem que se abrir para que o Espírito possa revelar seus erros e que você possa corrigi-los antes de chegar ao campo transcultural. Fechar-se e tentar esconder-se deste processo do Espírito somente dará prejuízo porque é através destas provações que você alcança a maturidade e a integridade espiritual (Tg 1.2-5). Esta autenticidade e simplicidade são essenciais no caráter do missionário. Sua vida tem que ser uma demonstração viva do fruto do Espírito Santo (Gl 5.22-23).
4. Poder Espiritual e a Autoridade Natural
O poder e autoridade espiritual são baseados em várias fontes. O poder espiritual, o poder natural e o relacionamento do indivíduo produzem esta autoridade espiritual. O indivíduo deve crescer de maneira equilibrada em todas as áreas, e nunca deve confundir o poder natural com o poder espiritual. Da medida em que o indivíduo cresça, deve crescer em todas as áreas com uma área de influência ou respaldo cada vez maior.
5. Sinais e Milagres
O ministério dos apóstolos e missionários no Novo Testamento foi acompanhado por sinais e milagres (At 5.12). estes sinais e milagres confirmam a pregação do Evangelho. Não que devemos buscar sinais e milagres, mas devemos esperar estas obras divinas e orar para que Deus confirme a pregação com estes sinais de poder (At 4.29-31). Devemos buscar um ministério poderoso através do poder do Espírito Santo. Para que haja estes sinais e milagres, é necessário que vivamos em comunhão com Deus.
Oração, jejum e estudo bíblico deve ser um hábito diário e contínuo em nossas vidas. Nunca devemos estar contentes em apenas ocupar uma posição ou cargo na igreja. Devemos sempre buscar um ministério cheio de poder.
6. Fruto Permanente
Deus tem nos chamado para ter fruto permanente (Jo 15.16). A obra de cada obreiro será provada pelo fogo e pelo tempo e devemos cuidar para edificar sobre o único fundamento – Jesus Cristo (I Co 3.5-17). Cada obreiro tem que fazer um bom investimento espiritual para que haja resultados permanentes e eternos. Uma maneira de conhecer a verdadeira chamada é que se a obra produz fruto (Jo 15.2; Mt 7.15-23). Todos temos que avaliar se o ministério está produzindo este fruto. Um grande problema na obra missionária é que muitas obras param e desaparecem depois da saída do missionário do campo. Lembre-se que Deus deseja fruto permanente, almas e líderes discipulados, que vão continuar a obra sem depender do missionário. Esta avaliação tem que ser contínua. Nossas desculpas e auto-justificações não são suficientes ao comparar-se com o que Deus deseja produzir em nossas vidas. A obra missionária tem que ter fruto permanente.
7. A soberania de Deus
O missionário deve reconhecer a soberania de Deus sob a obra missionária. Encontramos esta soberania:
a. Na escolha do obreiro (Jo 15.16). É Deus que escolhe e não a vontade própria do obreiro.
b. No tipo de ministério – que é determinado pelos dons espirituais concedidos pelo Espírito Santo.
c. Na esfera e plano de ação – determinado pelo Espírito que abre e fecha portas de acordo com sua vontade (At 16.6).
d. Com o tempo da duração da missão – reconhecer quando é o tempo certo de ir ao campo, e ter a paciência para esperar este tempo de Deus. Também o Espírito vai determinar se o ministério transcultural será por um tempo breve (Felipe e Pedro), ou por toda a vida do obreiro (Paulo).
e. Em determinar o sucesso da missão – Deus vai avaliar cada um – (I Co 3.6-9) e devemos estar preparados para este julgamento feito por Deus e não pelo homem (I Co 4.1-6, II Co 10.18).
8. Intercessão e Oração
O missionário deve ter uma vida de oração e intercessão constante, conhecendo o ensino e em prática a batalha espiritual. Para saber como orar pelos missionários consulte as seguintes passagens : Romanos 15.30-33; Efésios 6.18-20 e Colossenses 4.2-6.
C. PERSONALIDADE DO MISSIONÁRIO
Como cada pessoa é diferente, assim também o é cada missionário. Cada um tem uma personalidade diferente. Esta personalidade pode ajudá-lo no campo transcultural ou pode complicar a adaptação. A personalidade de um missionário pode entrar em conflito com a personalidade de outros missionários ou com outro indígenas. Por esta razão, o missionário deve conhecer sua personalidade, aproveitar os pontos fortes e melhorar os defeitos de cada tipo de personalidade e deve aprender a lidar com outros tipos de personalidade.
O missionário deve conhecer bem a si mesmo – tanto os pontos fortes como também os pontos fracos. Deve desenvolver autoconfiança e auto-estima com equilíbrio com a finalidade de ter uma personalidade sadia, agradável e equilibrada. ª sua personalidade pode mudar e espera-se que mude para melhor. Devemos estar abertos para que Deus forme e molde nossa personalidade também. 
D. CARACTERÍSTICAS
Há várias qualificações a serem analisadas no caráter do missionário: físicas, acadêmicas, profissionais, psicológicas e espirituais. 
Ao fazer uma lista das características espirituais do missionário, deve-se incluir estes aspectos positivos (que se espera encontrar) e negativos (que não deve haver):
Características Espirituais
POSITIVAS
NEGATIVAS
Conversão genuína
Falta de treinamento bíblico
Conhecimento das Escrituras
Falta de experiência prática
Confiança na chamada
Falta de definiçãoe firmeza
Vida devocional
Apatia espiritual
Disciplina própria
Profissionalismo
Amor e compaixão
Fruto no serviço cristão
Equilíbrio
Fé e oração
Outras características que podemos enumerar incluem características psicológicas, físicas, acadêmicas e profissionais.
Outras Características
POSITIVAS
NEGATIVAS
Bom relacionamento pessoal
Racismo
Estabilidade emocional
Preconceitos
Flexibilidade e adaptabilidade
Dogmatismo e rigidez
Senso de humor
Superioridade
Espírito de cooperação
Intelectualismo
Submissão à liderança
Dívidas financeiras
Habilidade para enfrentar dificuldades
Medo de errar
Paciência e perseverança
Automotivação e iniciativa própria
Disciplina pessoal
Criatividade
Habilidade de delegar responsabilidades
Habilidades em tomar decisões
Acessibilidade
Valorizar cada pessoa
Capacidade lingüística
1, Obstáculos Para o Serviço Missionário
Existem vários obstáculos que dificultam a possibilidade de servir no campo transcultural. Estes são os maiores:
a. Amor e casamento – aquele que tem uma chamada missionária precisa esperar para se casar com alguém que tenha a mesma chamada. Enquanto espera a vontade de Deus, deve estar ativo na obra missionária. Há muitos exemplos de pessoas que não esperaram a pessoa certa e confessam com lágrimas que estão fora da vontade de Deus e que vivem frustradas em não cumprir esta chamada.
b. Oposição da família – (Pais e parentes) – quando a família estiver contra a participação na obra missionária o indivíduo deve procurar o “por que” com sinceridade e oração. Caso for a própria família (cônjuge e filhos), não deve sair para o campo até que todos tenham convicção plena da vontade de Deus. Caso for os seus pais ou mesmo parentes, deve analisar seus argumentos para ver se eles passam a ver a situação com mais clareza. Eles conhecem seus defeitos e podem talvez perceber que você não esteja preparado no momento. Pode ser também que eles estejam pensando que o campo missionário seja um local terrível de sofrimento, ou que tenham outras falsas imagens do campo. Em qualquer circunstância, lembre-se que o apoio da família é muito importante e deve reagir com muita paciência e consideração.
c. Dívidas, finanças e sustento – as dívidas financeiras e o sustento financeiro podem ser as maiores barreiras enfrentadas. A pessoa deve ter muito cuidado em fazer dívidas e compromissos financeiros caso esteja planejando ir para o campo transcultural. Sobre o sustento, ao não conseguir este sustento o obreiro tem que considerar que Deus tenha fechado a porta. O respaldo e a confirmação da igreja local é importantíssimo e o obreiro precisa evitar a tentação de ir por seus próprios meios e sob sua própria autoridade. A igreja local é o agente de envio e o instrumento que Deus para confirmar os dons espirituais do missionário. Ao ultrapassar este meio e ir pelos próprios meios, o indivíduo está negando o caráter verdadeiro e bíblico do envio missionário. Deus certamente provará a fé de cada um e se for sua vontade ele providenciará todos os meios necessários para enviar e sustentar o missionário verdadeiramente chamado. De nossa parte exige-se fé, paciência, perseverança e esperança na vontade e soberania de Deus.
2. Mitos Missionários
Existem vários mitos a respeito da obra missionária que devemos evitar. Uma lista parcial destes mitos é:
a. O mito que a obra missionária está ultrapassada – que já terminou ou que já está cumprida a tarefa.
b. O mito do missionário estrangeiro – que missionário é só aquele que vai aos campos estrangeiros.
c. O mito do missionário mercenário – que só vai ao campo para receber dinheiro ou ocupar uma posição maior na igreja.
d. O mito do estereotipo – que todos tem que ter certas qualidades: ser jovem, casado com até três filhos, sem dívidas, educados, etc.
e. O mito do missionário super-espiritual – aquele que é isento das tentações, imperfeições e derrota na batalha espiritual.
f. Omito do missionário especializado – que trabalha em um só campo ou ministério e que não tem versatilidade.
g. O mito dos famintos espirituais – onde os “pagãos” facilmente e imediatamente se convertem ao chegar o missionário.
h. O mito da vida primitiva – que toda obra missionária é realizada no campo primitivo e que não inclui as cidades ou centros urbanos.
i. O mito das portas fechadas – que nunca irão se abrir devido à situação política ou religiosa.
j. O mito do sacrifício e do sofrimento – que deve sentir pena do missionário e sentir-se culpado porque não está sofrendo o mesmo. Este mito diz que toda obra missionária é de extremo sofrimento e alto sacrifício pessoal.
k. O mito dos obreiros que sobram – onde enviamos os obreiros para o campo missionário porque não servem em qualquer outro lugar.
l. O mito da aventura e emoção –em que o campo missionário é lugar de honra e glória para o missionário.
m. O mito do despreparo – onde o missionário só precisa de uma chamada mas não necessita de uma preparação. Este mito diz que se Deus chamou a responsabilidade de qualificar o obreiro pertence a ele e, quando ele estiver no campo, Deus mesmo o capacitará.
n. O mito do clube dos ianques – que Deus somente chama os norte-americanos para o campo missionário. O Brasil, os países do Terceiro Mundo são campo missionário e não podem enviar.
o. O mito do mendigo – que o missionário precisa contar histórias e situações tristes para conseguir mais dinheiro e sustento.
3. Medos e Desculpas Usados como Pretextos
Certamente a chamada missionária dá alguns medos e preocupações para o missionário. Estes medos precisam ser superados para não se tornarem barreiras para a obediência à sua chamada. É bom lembrar que estes medos não são pecados, mas são normais, sendo que o indivíduo pode e deve superá-los e vencê-los. Alguns dos maiores medos são:
a. Arrecadar o sustento financeiro.
b. Que a entrega total à vontade de Deus vai contra o desejo do indivíduo – que não irá gostar da obra que Deus tem para ele.
c. Perda de identidade, personalidade ou liberdade própria do indivíduo.
d. Assumir um compromisso que destinará a família à pobreza financeira.
e. Preocupação com os filhos – que podem sofrer ou ter que viver separados devido aos estudos.
f. Saúde.
g. As necessidades do seu próprio país ou igreja.
h. Medo de permanecer solteiro – não terá oportunidade para casar-se.
i. Medo de falhar.
j. De não ser qualificado – em comparação com o estereótipo do missionário.
k. Preocupação demasiada com a reação da família – ou em pensar que a família nunca deve ter que enfrentar problemas.
l. Que o cônjuge que não se sinta chamado.
m. Ter uma família grande demais para levar ao campo.
n. Medo que os filhos não se adaptem.
4. Complexos ou Síndromes Missionários
Há vários complexos que influem a motivação de alguns missionários transculturais. Se não são tratados e curado, este complexos podem até destruir a família, ministério e a espiritualidade do missionário, causando muitos escândalos e criando mais barreiras para o Evangelho.
a. A busca do espiritual – este indivíduo pensa que ao ir ao campo missionário, ele vai chegar mais perto de Deus e será mais firme no Evangelho. Talvez ele vai ao campo tentando escapar de sues problemas – sua família, sua igreja, problemas conjugais ou matrimoniais, problemas com os filhos, provações e tentações etc. Ele pensa que vai chegar à maturidade e a um nível espiritual maior do que já tenha experimentado. Porém se a pessoas não tem espiritualidade, maturidade e a vitória sobre seus problemas antes de ir ao campo o seu ministério transcultural será um desastre e uma vergonha para o Evangelho.
b. O salvador do mundo – este indivíduo tem uma atitude de superioridade e um ego que tem de ser alimentado. Ele pensa que é o único chamado para salvar o mundo. Ele não valoriza os “nativos” porque são “ignorantes”, e não tem a preparação teológica que ele tem. O Espírito Santo opera somente através dele, e só ele tem as soluções para a igreja e para o mundo. Ele é superior em tudo e irá transformar o mundo e todasas culturas com seu próprio esforço. Ele sabe de tudo e tenta fazer tudo, mesmo sem o dom espiritual. Quando Deus opera e abençoa, ele recebe a honra para si mesmo. Deus é apenas um auxiliar dele.
c. O culpado – este indivíduo tem um complexo de culpa em que ele é culpado pelo estado do povo no campo missionário. Ele sente pena dos pobres coitados, mas que não é a verdadeira compaixão. Sente-se culpado devido à riqueza ou materialismo de seu país, sua cultura ou sua família e sua reação a este sentimento de culpa o leva a outro extremo. Assume a responsabilidade pelo condição econômica e social do povo, sem perceber que as raízes destes problemas são o pecado, e que a solução deste problema espiritual é uma obra espiritual. Pode dar tudo o que tiver, pode assumir uma vida de pobreza voluntária, pode chegar a fazer muitas obras sociais como abrir orfanatos, escolas, programas de saúde e higiene, etc., porém, como diz Paulo aos Coríntios (13.1-3), sua motivação não é o verdadeiro amor.
d. O missionário espacial – este missionário vive nas nuvens e nas estrelas. Ele está tão distante do povo que parece um astronauta. Vive separado e isolado das pessoas, dos ministros e das igrejas da cultura adotiva e de si mesmo. Não tem amigos naquela cultura e não se identifica ou entrosa com o povo, mesmo após muitos anos de trabalho naquela cultura. Geralmente este complexo é devido a um complexo de inferioridade. Para manter sua auto-estima o indivíduo sente que tem que se mostrar superior aos demais. Cria a distância para parecer superior, educado e misterioso. Às vezes, o indivíduo pode não ter esta atitude de superioridade, mas tenta evitar o contato com o povo com o medo de se abrir, de mexer com seu caráter, comportamento ou estilo de vida. Este indivíduo tem dificuldade de humilhar-se e se tornar criança diante dos outros. Não tem segurança em si mesmo e sua auto-imagem e auto-estima são ameaçadas ao identificar-se e adaptar-se ao nível do “povão”.
e. O supercrente – este missionário é como o super-homem que faz tudo sozinho. Ele recusa o apoio e sustento da igreja local e não aceita nenhuma autoridade superior. É um rebelde espiritual, revoltado com seus problemas ou falta de maturidade nas igrejas ou na sua denominação (e todas as igrejas locais e denominações tem seus problemas). Ele vai ao campo com seu próprio sustento, sua própria autoridade e seu próprio poder espiritual. Não precisa das orações de ninguém e muito menos da ajuda de ninguém. Não tem paciência com as igrejas ou os outros ministros e vai ao campo, pelo seu próprio jeito. Para ele o chamado é suficiente, portanto, ele não precisa de mais nada. É o mais espiritual e o mais santificado e certamente vai colocar a igreja nativa ou indígena em ordem (assim ele pensa). Ele é na verdade um rebelde e vai levar este espírito de rebeldia e criticismo ao campo missionário.
E. O PAPEL DO MISSIONÁRIO
Queremos examinar o papel e o trabalho do missionário com a finalidade de conhecer melhor a realidade que o missionário irá enfrentar.
1. O Processo de Preparação
Os missionários não nascem missionários, mas são formados através de um processo que o Espírito Santo designa especificamente para cada indivíduo. Vimos este processo atuando nas vidas de todos os grandes ministros de Deus. Os quarenta anos de Moisés no deserto, Davi como pastor e protetor do rebanho de seu pai, os treze anos de preparo do apóstolo e missionário Paulo, e até a tentação de Jesus no deserto ao iniciar o seu ministério. A preparação e a formação de caráter leva tempo e o obreiro deve ter a paciência e ser flexível para que o Espírito atue nesta formação.
J. Robert Clinton em no seu livro The Making of a Leader tem estudo as vidas de centenas de líderes cristãos com o propósito de entender as várias maneiras que Deus usa para formar o indivíduo. Algumas destas maneiras são: formação familiar, vida devocional, um mentor ou líder cristã, estudos acadêmicos e teológicos, livros ou literatura, a própria chamada e outras experiências espirituais, enfermidades, provações e dificuldades, perseguição e oposição, amizades e aconselhamento, casamento e filhos, experiências ministeriais, etc. Ele coloca a vida de cada líder num gráfico linear para mostrar o processo de Deus em cada vida através do tempo. Por exemplo, um missionário “normal” teria um gráfico semelhante ao que se segue:
Formação Familiar
Formação Teológica
Experiência de curto prazo
Experiência inicial
Provação do Ministério
18 anos
5 anos
2 anos
4 anos
2 anos
Depois de ter estudo muitas vidas de líderes cristãos, Clinton concluiu que a primeira metade do ministério do indivíduo é primariamente Deus operando no obreiro, e não através do obreiro. A primeira metade é Deus formando o indivíduo em caráter e comportamento para que possa produzir fruto no futuro. Durante este tempo, Deus também opera através do indivíduo produzindo fruto, mas não é da medida futura que Deus opera através dele. ª Segunda metade do seu ministério é quando Deus opera principalmente através do indivíduo, produzindo fruto com a maturidade formada no ministro. É o tempo de colher o fruto, mas só depois de passar por este processo de formação espiritual.
Para o missionário isto é muito importante. Às vezes, ele sonha com um sucesso imediato ao chegar no campo, só para chegar e descobrir que é um mito. Deve-se lembra que Deus tem que formar seu caráter primeiro e que a identificação e o entendimento de uma outra cultura é um processo, que não acontece automaticamente. 
Num estudo de crescimento da igreja, foi observado que o pastor de uma igreja local tem seu maior desempenho depois de sete anos de pastorado da igreja. É o tempo necessário para conhecer o povo, ganhar a confiança dele, desenvolver seu estilo de ministério de acordo com as necessidades, preparar os recursos e pessoas necessários, etc. Se o melhor desenvolvimento de um pastor local na sua própria cultura demora sete anos, imagine o missionário que ministre numa outra cultura! O fruto da obra missionária tem que ser plantado, crescido e amadurecido antes de produzir o fruto eterno na vida e ministério do missionário. Todos os missionários estão neste processo de formação. Certamente cometem erros e falhas, como você também fará, mas o importante é aprender destes fracassos para crescer e amadurecer no Senhor. Quebrantamento é difícil, mas o fim é um vaso de honra útil nas mãos do Mestre.

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