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Bases Bíblicas Para o Aconselhamento

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Delvacyr Bastos Costa
Apresenta:
BASES BÍBLICAS PARA O ACONSELHAMENTO
Somente quando aprendermos a ver nossas relações pastorais como uma fonte vital de contemplação teológica poderemos receber as recompensas do ministério por parte daqueles de quem cuidamos. 
Henri Nouwen 
Falar de aconselhamento pastoral é referir-se a um ministério que vai muito mais além de meras técnicas de entrevista ou de um receituário de coisas que se deve realizar. Diz respeito a uma abordagem interdisciplinar na qual também está presente a Bíblia e a Teologia. 
Até que ponto a Palavra e a Teologia são importantes no aconselhamento pastoral? Quais são os fundamentos bíblicos e teológicos aos quais não se pode renunciar e que todo pastor ou conselheiro deve levar sempre em conta em sua tarefa de aconselhar pessoas? Como nossos conceitos teológicos influenciam na maneira como tratamos as pessoas quando vêm pedir orientação para suas vidas? 
O tema é importante porque do tipo de bases bíblicas e teológicas que tenhamos dependerá nossa forma de tratamento, aconselhamento e, por fim, a orientação ou desorientação definitiva que daremos aos nossos aconselhados. 
Em um sentido global, podemos dizer que todos os temas da teologia cristã entram em jogo no aconselhamento cristão: Deus, Cristo, humanidade, pecado, Cristologia, Soteriologia, santificação e até mesmo a Escatologia. Existem, no entanto, certos temas e perspectivas que sempre estarão presentes, consciente ou não, na tarefa do aconselhamento. Esses temas são: nossa idéia de Deus, a dignidade da pessoa humana e a salvação como plenitude humana. Abordaremos esses temas em uma perspectiva pastoral. 
NOSSA IDÉIA DE DEUS
O que é Deus, como é Deus, como atua Deus, são algumas das perguntas que um cristão não pode ignorar. Mas, elas lhe interessam? Não somente aos demais. Por si mesmas, parecem-lhe importantes?". 
A maneira como concebemos e entendemos Deus e, inclusive, das imagens que vamos forjando acerca dele, depende em grande parte nosso modo de viver e de ministrar às pessoas. 
Pensemos nas idéias que as pessoas em nossa cultura latino-americana têm em comum a respeito de Deus. Uma dessas imagens, abundantes na narrativa latino-americana, é a de um Deus cruel e algoz. 
Outra imagem ou idéia equivocada de Deus é a de uma espécie de "Papai Noel", um velhinho bondoso que está disposto a atender nossos pedidos mais estranhos e extravagantes. É o pólo oposto da imagem anterior. Neste caso, trata-se de um Deus que está a serviço dos seres humanos para ser manipulado segundo seus caprichos. 
Esta idéia está muito presente em alguns dos cenários evangélicos de hoje, sobretudo entre os chamados neopentecostais, que se expandem com suas ofertas de prosperidade, saúde e bem ­estar para os fiéis. Suas mensagens centram-se nas necessidades humanas: de afetividade, saúde corporal, familiar, profissional e econômica. 
Prometem a satisfação instantânea para esses problemas, com a condição de que aceitem a fórmula do sucesso baseada numa relação de troca (é preciso "dar para receber"). É outra imagem que está longe de representar o Deus revelado em Jesus Cristo. 
Precisamente, aqui é que devemos nos perguntar: qual é a correta idéia de Deus que devemos conhecer, cultivar e transmitir em nosso aconselhamento pastoral? 
1. Um Deus Trino 
Invocar a Deus como Pai, Filho e Espírito Santo é evocar a forma cristã de falar sobre Deus. Com efeito, assim como no Antigo Testamento se chama a Deus de Santo, Todo-Poderoso, Eterno e, sobretudo, como Yahvé (Senhor), o Deus do pacto com Israel (Ex 3), o Novo Testamento o apresenta como uma espécie de novo nome de Deus: Pai, Filho e Espírito (Mt 28.19). 
Abaixo do nome de Deus a fé cristã vê ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo em eterna correlação, interpenetração em amor, de tal maneira que todos são somente um Deus. A unidade significa a comunhão das pessoas divinas. Por isso, no princípio não está a solidão de um, mas a comunhão das três pessoas divinas.
Leonardo Boff
Que importância tem a dimensão trinitária de Deus no aconselhamento pastoral? Entendo que, enquanto pastores, "representamos" a Deus perante as pessoas; não refletimos um Deus solitário, que vive em um individualismo doentio, mas, sim, refletimos uma comunidade em si, que desde a eternidade tem sido Pai, Filho e Espírito Santo. 
Quando falamos de Deus às pessoas em suas necessidades e crises, não nos referimos a um Deus criador e Todo-Poderoso que nada sabe de relações interpessoais. Precisamente o contrário, falamos do Deus que, sendo Um, é também Trino, já que vive e se expressa como Pai, Filho e Espírito. Convidamos as pessoas a adentrar em relações interpessoais pré-existentes na Divindade, tal como entende o cristianismo através da revelação do Pai, em Jesus Cristo e pelo Espírito. É, em síntese, um Deus de relacionamentos. 
Da qualidade da vida devocional que o pastor for capaz de desenvolver em sua experiência diária com o Deus Trino, dependerá a maneira como refletirá a dimensão trinitária em sua atenção às pessoas, as quais ele ajudará a alcançar a harmonia entre o personagem e a pessoa. 
Um Deus Solidário 
O segundo aspecto ou idéia que o ministro deve primar no cuidado pastoral consiste em mostrar a atividade solidária de Deus. Em aberta oposição às perspectivas aristotélicas de Deus, que concebem a divindade como uma espécie de "motor imóvel", alheio às realidades humanas no tempo, o Deus da Bíblia é um Deus solidário. 
O exemplo mais rico da solidariedade de Deus está dado na encarnação em Jesus Cristo. Porque o Deus Eterno, Criador dos céus e da terra, dispôs-se a encarnar no Verbo para colocar-se na dimensão do tempo e do espaço e experimentar nossa debilidade, nossa dor, nosso sofrimento. 
A história do sofrimento de Deus, que alcança seu maior peso e profundidade na cruz de Cristo, pode, então, ajudar a dar voz àqueles que são golpeados pelo sofrimento, pode ajuda-Ios a começar a falar acerca do que estão sentindo e suportando, ainda que, antes, estejam gritando em protesto. Aqueles que são pastores não devem reagir às acusações; ao menos devem guardar segredo quando falam de Deus a outros.
Um Deus Vulnerável 
Estreitamente vinculado ao anterior está o conceito de Deus vulnerável, outro modo de falar sobre o sofrimento de Deus ou, quiçá, de sua causa. Temos recebido tanta influência aristotélica em nossa teologia ocidental que nos custa falar do sofrimento de Deus. 
Deus é amor e o amor implica abertura para o sofrimento. Amar não deixa de ser um risco e possibilidade de dor. 
Em última instância, o amor criador é o amor sofredor, porque somente mediante o sofrimento resulta a redenção para a liberdade do amado. A liberdade somente é possível por meio do amor paciente. Os sofrimentos de Deus com o mundo, no mundo e para o mundo constituem a forma suprema de seu amor criador, que almeja a livre comunhão com o mundo e a livre resposta deste. 
Por ser um Deus de amor e, portanto, exposto ao sofrimento, Ele pode consolar àqueles que sofrem. Por isso Paulo escreve: "Louvado seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pai misericordioso e Deus de toda consolação, que consola todas as nossas tribulações para que, com o mesmo consolo que de Deus temos recebido, também possamos consolar a todos os que sofrem" (2 Co 1.3-4). A pastoral de consolação somente pode ser desenvolvida quando compreendermos e conhecermos o Deus que sofre pela gente e com a gente. 
Um Deus Fiel 
Outro aspecto do caráter de Deus, decisivo para o aconselhamento, é a Sua fidelidade. Seu caráter é verdadeiro, porque não pode mentir. Portanto, a Sua fidelidade é fonte de confiança para todo crente. 
Devemos insistir em que, apesar das circunstâncias, a fidelidade de Deus nos assegura que o paciente tem todos os recursos que necessita para aprender a agir biblicamente em sua situação atual. Deus nunca permitirá que uma situação na vida de um crente atinja tal ponto que lhe impossibilite de responder de forma bíblica.Lawrence Crabb Jr
É a fidelidade de Deus que estabelece o fundamento de nossa fé e não o contrário. Não é nossa fé que sustém a fidelidade do Pai, mas é a última que ampara a nossa fé. Podemos exercer fé em Deus, crer em sua palavra, em suas promessas, confiar Nele em definitivo porque Ele é fiel e tem se revelado como tal, tanto na história da salvação como em nossa própria história. A Sua fidelidade é o fundamento que nos permite aconselhar as pessoas, garantindo a elas que o Senhor nunca irá abandona-Ias, independentemente da circunstância e de sua situação. 
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
Outro conteúdo teológico que determina nosso aconselhamento é o da dignidade da pessoa humana. Essa dignidade parte da grande afirmação da Bíblia de que o homem e a mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27). 
Tradicionalmente, a teologia cristã reduziu a imagem de Deus às questões intelectuais e espirituais do ser humano. Somente essas dimensões eram expressões da imagem de Deus na pessoa humana. É possível que esse tipo de reducionismo seja herdeiro do pensamento grego, para o qual o que importa é a alma, o espírito ou o intelecto da pessoa ("Penso, logo existo", diria Descartes). 
Não queremos nem um pouco limitar a semelhança entre o homem e Deus à sua capacidade de pensar, nem restringimos-na ao que resta de uma perfeição original, um certo número de qualidades essenciais (conhecimento, justiça e santidade). Muito menos diríamos que apenas o que o homem é constitui a imagem. Tanto as ações do homem como sua natureza constituem a imagem. Sua estrutura e sua ação se encontram inseparavelmente unidas. O homem integral é a imagem de Deus.
 Paul Schrotenboer 
O fato de o ser humano ser pecador não deve conduzir o conselheiro a menosprezar quem vier consultá-lo. Por mais corrompida que a pessoa possa ser nunca perde a imagem de Deus e merece nosso respeito. Nesse sentido, é importante levar em conta a atitude de reconhecimento do outro, quer dizer, a "alteridade". O outro merece meu respeito porque também foi criado à imagem e semelhança de Deus. 
O pastor que compreende e internaliza essa dimensão da alteridade, respeitará a quem vier procurá-Io em busca de solução para seus problemas e crises e, por sua vez, essa pessoa logo perceberá a aceitação do pastor em relação à sua pessoa. 
A aceitação convém esclarecer, não significa estar de acordo com a conduta e os valores inerentes a cada um, mas está no reconhecimento do outro em amor, o mesmo amor com que Jesus tratou aqueles que lhe cercaram, sem preconceitos, discriminações nem julgamentos. Nele, como diz Paulo, "já não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher, pois todos são um em Cristo Jesus" (GI 3.28). 
Outra vez Jesus é o modelo de como devemos acolher e aceitar as pessoas. Como afirma Howard Clinebell, "Jesus era uma pessoa surpreendentemente aberta e íntegra, que teve condutas contraculturais em seu trato inclusivo e igualitário com as mulheres e com outras pessoas consideradas inferiores em sua sociedade (por exemplo, os samaritanos e os coletores de impostos). Em nosso estilo de aconselhamento, cabe-nos imitá-Io". 
SALVAÇÃO COMO PLENITUDE HUMANA 
Como entendemos a salvação? De que somos salvos? Como somos salvos? Estas são perguntas muito importantes quando falamos sobre a obra de Deus em Cristo a favor da humanidade. Do conceito de salvação dependerá em muito o aconselhamento e a terapia pastoral. Assim, é muito importante fazer uma referência ampla a esse tema.
Em muitos círculos evangélicos da América Latina, foi consolidando-se uma compreensão falsa e errônea da salvação. Com efeito, esta é apresentada como uma panacéia de todos os males humanos, como a porta de entrada para uma vida sem problemas, cheia de êxitos e realizações. 
Idéias equivocadas que se expressam em frases como: "o crente foi chamado para o êxito", "o cristão deve viver uma vida de vitória contínua', "não pode haver tristezas nem angústias na vida de um crente", têm se instalado com tanta força no inconsciente coletivo dos evangélicos que se considera pouco menos que impossível tratar temas próprios da natureza humana, tais como debilidade, fraqueza, angústia, depressão, dúvidas, lutas, e assim por diante. Por isso é tão importante que definamos corretamente o que significa "salvação".
Há três perguntas fundamentais das quais devemos nos cercar quanto falamos de salvação: De que somos salvos? Como somos salvos? Para que somos salvos? A bíblia nos diz que somos salvos tanto no sentido transcendente, isto é, salvos da morte eterna, assim como somos salvos no sentido histórico do aqui e agora. 
Paulo diz aos tessalonicenses: "pois eles mesmos relatam de que maneira vocês nos receberam, e como se voltaram para Deus, deixando os ídolos a fim de servir ao Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos: Jesus, que nos livra da ira que há de vir" (l Ts 1.9-10). Aqui, a salvação é vista como libertação do castigo eterno, portanto, trata-se de uma salvação no sentido escatológico, salvação da condenação final. 
Esta mesma dimensão está na epístola aos Romanos, onde Paulo afirma: "Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo" (5.1); "Como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda, por meio dele, seremos salvos da ira de Deus!" (5.9). Aqui se relacionam os três tempos: passado, presente e futuro. Pressupõe um fato do passado ("fomos justificados") que, todavia, exerce influência no presente ("temos paz com Deus") e se estende ao futuro ("seremos salvos"). 
Somos salvos, disso não há dúvida. Essa salvação, porém, ainda não alcançou sua plenitude. Aguardamos com esperança essa plenitude, quando nossos corpos, hoje enfermos e mortais, serão revestidos de imortalidade na ressurreição. Toda esta reflexão sobre a salvação, tem como intenção mostrar que o Novo Testamento não conhece tal fato como "salvação instantânea". 
É certo que, ao confiar em Jesus Cristo, somos justificados pela fé e perdoados por nossos pecados. Mas a salvação, longe de se esgotar em um momento pontual, é algo dinâmico que se estende ao longo de nossa vida. Em termos teológicos, o presente da salvação que experimentamos em Jesus se denomina "santificação". Além das diversas posições e interpretações desta doutrina, uma coisa é certa: nós, os crentes em Jesus Cristo, justificados Nele pela fé, entramos, no próprio ato de justificação, em um caminho de santificação. 
Há duas realidades que são decisivas para se alcançar a salvação como plenitude humana: a obra do Espírito Santo e a renovação da mente. O Espírito Santo provê os recursos para a transformação através dos mecanismos naturais da personalidade humana. O Espírito traz à mente receptiva a verdade das Escrituras especialmente adequadas às circunstancias imediatas. Então o indivíduo reconhece que nenhum sucesso pode resgatar seu valor pessoal, e que é uma pessoa integrada com significância e segurança, aconteça o que acontecer. 
Mesmo que não haja receitas fixas e pré-elaboradas para o aconselhamento pastoral, já que este depende da situação vivenciada pela pessoa que vem consultar-nos, quase não há nenhuma terapia pastoral em que estejam ausentes os temas e conteúdos teológicos. 
Esses temas ou marcos principais, como vimos, são: nossa idéia de Deus, a dignidade da pessoa humana e a salvação entendida como plenitude humana em Cristo. A primeira implica em expressarmos, em nossos conselhos ou até em nosso silêncio, que confiamos e adoramos um Deus Trino, um Deus-Comunidade. O Deus trinitário que nos convida a participar Nele para, logo, refletir relações respeitosas em direção aos nossos irmãos e irmãs da igreja e fora dela. 
Além disso, é também um Deus que, mesmo sendo Soberano, se fez frágil e débil em Jesus Cristo, para fazer-se solidário com os pobres, necessitados, marginalizados, em suma: os pecadores. Um pastor que não tem uma idéia correta de Deus e simplesmente crê etransmite um Deus castigador, sem misericórdia, não está em condições de ajudar as pessoas em seus dilemas e angústias. 
Somente uma compreensão adequada de Deus nos ajudará a ajudar os que nos chamam e nos procuram para ser orientados. Por outro lado, como pastores do rebanho do Senhor, devemos sempre considerar as pessoas em sua dignidade como seres à imagem de Deus. Nenhuma pessoa, por mais corrompida que possa ser, deixa de merecer nosso respeito e compreensão. 
Finalmente, nossa idéia da salvação em Cristo é decisiva tanto para compreender as pessoas em seu crescimento espiritual, como para expressar-lhes a esperança real que há em Cristo. Isso nos permitirá ter paciência com as pessoas que Deus tem colocado debaixo de nosso cuidado e orientação. Devemos, também, semear a esperança tanto em palavras como em ações .
AS PESSOAS ENVOLVIDAS NO ACONSELHAMENTO:
No aconselhamento realmente bíblico, sempre que um conselheiro e um aconselhado se reunirem em nome de Jesus Cristo, poderão esperar a presença mesma de Cristo como Conselheiro-Mor (Mt 18.20).
Jesus assegurou aos seus discípulos que o Pai lhes enviou “outro Consolador... o Espírito da verdade”, Jo 14.16,17.
“Durante três anos e meio, cumprindo a predição de Isaías de que Ele seria chamado ‘Conselheiro’, Jesus guiou, instruiu, repreendeu, encorajou e ensinou a Seus discípulos. Ele era, verdadeiramente, o conselheiro deles. A palavra grega parakletos pode ser traduzida como ‘conselheiro’. 
(JAY ADAMS)
“No centro de toda a ajuda cristã acha-se a influência do Espírito Santo. Ele é consolador e ajudador que nos ensina todas as coisas, nos faz lembrar as palavras de Jesus, convence as pessoas do pecado e nos guia a toda a verdade. Devemos nos colocar à disposição como instrumentos mediante os quais o Espírito Santo pode operar ajudar, ensinar, convencer ou guiar outro ser humano.” 
(GARY COLLINS)
Embora Deus tenha distribuído diversos dons para o perfeito funcionamento do corpo de Cristo: Apostolos, profetas, evangelistas, mestres, pastores, conselheiros, etc., todos os crentes em Cristo são chamados para o serviço cristão nos diversos setores do Reino de Deus mediante a unção e capacitação do Espírito Santo. Portanto, todos os crentes devem dedicar-se à importante obra do aconselhamento, ajuda espiritual e emocional à pessoas.
Deus oferece os recursos necessários para a obra de aconselhamento: a Palavra, o Espírito Santo e a Igreja, como comunidade terapêutica.
Jay Adams cita 4 qualificações ou requisitos de um conselheiro cristão:
1) Amplo conhecimento das Escrituras – Rm 15.4; Cl 3.16
2) A sabedoria divina no relacionamento com outros, Cl 3.16.
3) Boa vontade e interesse pelos demais membros do Corpo de Cristo, Rm 15.14.
4) Homem de fé e de esperança. Aquele que, absolutamente, crê nas promessas divinas.
A BIBLIA E O CONSELHEIRO:
O Conselheiro Cristão e seu aconselhamento estão sujeitos, sempre, às normas bíblicas. É aconselhamento que usa, mas não ultrapassa a autoridade de Deus.
O Conselheiro Cristão deve conhecer o conteúdo prático das Escrituras Sagradas, e tê-los como princípios básicos em seu trabalho de aconselhamento, ou seja, comparar a vida pratica do aconselhando com os princípios bíblicos práticos, num paralelo em que os caminhos que levam à solução de cada caso sejam expressão da orientação divina.
O Conselheiro precisa lembrar-se de que, da mesma maneira que não existe problema desconhecido pelas Escrituras Sagradas, existe uma orientação bíblica para cada problema (I Co 10.13). II Timóteo 3.16, 17 afirma que Deus revelou à Sua igreja todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, e que Deus doou a Sua Palavra em forma escrita, a fim de capacitar o Seu povo a atarefar-se em “toda a boa obra”, habilitando-o perfeitamente para cada exigência da vida (Hb 13.20,21).
O CONSELHEIRO E SUA PERSONALIDADE:
O Conselheiro deverá desenvolver seu próprio estilo de trabalho.
Nossa personalidade, trabalhada pelo Espírito de Deus, determinará nosso estilo de abordagem e acompanhamento das pessoas que Deus envia a nós.
Coragem para confrontar, misericórdia, empatia, envolvimento dosado, equilíbrio, maturidade emocional, compreensão, domínio próprio, senso de justiça, etc., são resultado de uma personalidade trabalhada pelo Espírito de Deus, são os frutos do Espírito.
AS QUALIFICAÇÕES DO CONSELHEIRO:
Num estudo de 4 anos com pacientes hospitalizados e vários conselheiros, foi descoberto que os pacientes melhoravam quando seus terapeutas mostravam um nível elevado de cordialidade, sinceridade e compreensão empática correta. Quando faltavam essas qualidades ao conselheiro, os pacientes pioravam.
As Qualificações do Conselheiro em detalhes:
1) Cordialidade: Este termo implica em cuidado, respeito e preocupação sincera, sem excessos, pelo aconselhado, sem levar em conta seus atos ou atitudes.
Jesus mostrou isso quando encontrou-se com a mulher junto ao poço de Jacó em Samaria.
2) Sinceridade: O conselheiro sincero é “real” – uma pessoa aberta, franca, que evita o fingimento ou uma atitude de superioridade. A sinceridade implica em espontaneidade e honestidade. Isso significa que o ajudador é sempre ele ou ela mesmo – não sendo aquele que pensa ou sente uma coisa e diz algo diferente.
3) Empatia: Como o aconselhado pensa? Como se sente por dentro? Quais os valores, crenças, conflitos íntimos e mágoas? O bom conselheiro mostra-se sempre sensível a essas questões. É capaz de entendê-las e demonstrar sua compreensão ao aconselhado. Esta capacidade de “sentir com” o aconselhado é o que queremos dizer com compreensão empática correta.
O Conselheiro e Suas Convicções:
Conversação é a atividade mais importante no aconselhamento. Palavras são usadas e trocadas, problemas e sentimentos são descritos, entendimento é procurado, conselho e sugestões dados e às vezes recebidos.
Por trás da feição dominante de conversação, existe um modelo do homem, e a metodologia usada por ele. O modelo mostra por que as pessoas se comportam da maneira que se comportam, e a metodologia diz como facilitar a mudança.
Muitos escritores e pesquisadores admitem que ninguém pode aconselhar se não tiver um sistema de valores.
A maneira como uma pessoa encara a vida e estabelece seus valores, vai determinar sua própria vida e comportamento.
É extremamente importante para o conselheiro estabelecer suas próprias convicções mediante o ensino bíblico sobre o homem e sua natureza. Isso vai determinar a qualidade e direção de seu trabalho de aconselhamento. 
Modelos maiores de psicoterapia:
	O Modelo Psicanalítico
	O Modelo Humanistico
	O Modelo Comportamentalistico
	O Modelo Transpessoal ou Existencial
	O Modelo Biblico
O modelo bíblico do homem é baseado na premissa de que Deus criou a humanidade pra viver em relacionamento consigo mesmo e refletir Seu caráter. Ele compartilhou vida espiritual bem como vida física para que pudesse haver comunicação profunda entre Criador e criatura. Mas através de descrença, obstinação e orgulho, o homem caiu daquele relacionamento numa condição pecaminosa da qual somente Jesus pode redimi-lo.
Cada individuo nasce à imagem de Deus no sentido de possuir mente, emoção e livre escolha, junto com a capacidade, liberdade e oportunidade de viver de acordo com os propósitos de Deus. Pessoas não têm sido criadas para viver independentemente de Deus. Em vez disso, foram criadas para viver em dependência ativa, cooperativa e obediente de Deus.
A Bíblia Propõe Esperança Para o Homem:
	Psicanálise: Esperança falsa que centraliza-se em Egoísmo, e nega as conseqüências do pecado, conduzindo ao desespero.
2) Existencialismo: Esperança falsa que propõe a imortalidade mediante à reencarnação, negando assim a morte e o julgamento para o pecado não salvo.
3) Humanismo: Esperança falsa que propõe a auto-suficiência, colocando o homem como juiz final do certo e do errado.
 
4) Comportamentalismo: Esperança falsa que propõe uma mudança programada das pessoas, negando a responsabilidadediante do pecado e as características de ser criado à imagem e semelhança de Deus.
5) Modelo Bíblico: Oferece a Verdadeira Esperança, porque o aconselhamento bíblico está baseado na redenção do homem mediante a Cruz de Cristo. No Novo Nascimento (Jo. 3:3-7), o crente recebe o Espírito Santo, que habita dentro dele e o guia e capacita para fazer a vontade de Deus (Rm 8.9; Gl 4.4-6).
A Importância da Esperança na Vida Humana:
Numa entrevista a estudantes universitários, diante da pergunta: “Qual é a questão mais crucial para os jovens maduros hoje?”, 90% responderam: “Qual é o sentido ou significado da vida?”.
Se uma pessoa não tem propósito e a vida não tem sentido, por que ser responsável? Por que mudar? Por que viver?
O Conselheiro Cristão pode contar com essa grande arma; ele tem respostas que o mundo não pode dar!
O modelo bíblico do homem é completo porque apresenta uma descrição precisa do homem, uma revelação verdadeira do por que ele se comporta como se comporta, e como pode fazer para viver num padrão perfeito. Além disso, o modelo bíblico apresenta o homem na perspectiva de Deus, esclarecendo que Deus tem um propósito para ele.
O alvo bíblico é que todo homem seja conformado à imagem de Cristo (Rm 8.29), e, todo o aconselhamento bíblico dever ser voltado para esta direção.
Pr Delvacyr Bastos Costa, ThM
 Contato: prdelvacyr@hotmail.com

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