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Fato Típico, Ilicitude e Culpabilidade Unip

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AULA 01 – DIREITO PENAL – FATO TÍPICO E TEORIA DO TIPO
DR. RAFAEL DA COSTA E SILVA
PROFESSOR DE DIREITO PENAL – UNIVERSIDADE PAULISTA
1. Fato Típico: fato humano que se enquadra com perfeição aos elementos descritos no tipo penal. Ex: conduta de subtrair para si coisa alheia móvel. Art. 155 do CP caracteriza o furto. 
- Fato atípico: a conduta não encontra correspondência a nenhum tipo penal, como, por exemplo, o pai que tem relação sexual com a filha maior de idade. O incesto é imoral, mas não é crime.
1.2. Elementos do fato típico: são 04 elementos, sendo eles a conduta, o resultado naturalístico, a relação e causalidade (nexo causal) e a tipicidade. Todos elementos estão presentes nos crimes materiais, que exigem resultado naturalístico. Ex: homicídio (matar alguém), art. 121 do CP.
- Nos crimes formais, tentados e de mera conduta só estão presentes a conduta e a tipicidade, pois não se exige resultado naturalístico, mesmo podendo tê-lo. 
- A ameaça (art. 147 do CP) é um exemplo de crime formal: ”Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave”. Pouco importa se aquele mal vai ocorrer ou se o sujeito se sentiu intimidado. 
- O crime de mera conduta dispensa resultado. Nele o resultado não há. Podemos citar como exemplo o porte de arma de fogo de uso permitido. O perigo abstrato de portar arma já se enquadra como crime de mera conduta. Se o sujeito emprega arma e atira em alguém, já passa a responder por outro crime, como a lesão corporal ou homicídio. 
1. Elementos do Fato Típico – Conduta: 
	- Teoria Clássica, Naturalística ou Causal da Conduta:	 essa teoria avalia somente o resultado, não importando se o agente agiu com dolo e culpa. Ex: fulano trafega com seu carro na velocidade da via, quando de repente uma criança se solta da mãe e vai em direção à pista, sendo atropelada e morta. Nesse caso, fulano responderia por homicídio, pois causou a morte de um terceiro. Trata-se de mera relação de causa e efeito. 
	- Nessa teoria crime = fato típico + ilícito + culpabilidade 
				 - Conduta 		 - Imputabilidade
				 - Resultado Naturalístico - (dolo ou culpa)
				 - Relação de Causalidade	 
				 - Tipicidade
O erro dessa teoria é separar a conduta praticada no mundo exterior da relação psíquica do agente (conteúdo volitivo), deixando de analisar sua vontade.
	- Teoria Final ou finalista: Nessa o direito penal não deve ordenar meros processos causais, mas apenas atos dirigidos com uma finalidade, ainda que seja uma omissão. A conduta é o comportamento humano, consciente e voluntário, dirigido a um fim. Dolo e culpa saíram da culpabilidade e passaram a fazer parte do interior da conduta. 
	- Nessa teoria crime = fato típico + ilícito + culpabilidade 
				 - Conduta (dolo ou culpa) - Imputabilidade
				 - Resultado Naturalístico - Pot. Consc. Ilicitude
				 - Relação de Causalidade	 - Exig. Cond. Div.
				 - Tipicidade
	- Teoria Final ou finalista: Nessa o direito penal não deve ordenar meros processos causais, mas apenas atos dirigidos com uma finalidade, ainda que seja uma omissão. A conduta é o comportamento humano, consciente e voluntário, dirigido a um fim. Dolo e culpa saíram da culpabilidade e passaram a fazer parte do interior da conduta. Teoria adotada em provas!
	
1.2.2. Formas de Conduta: A conduta pode se exteriorizar por ação ou omissão. Ex: Omissão de Socorro (art. 135 do CP): “deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”.
1.2.3. Exclusão da Conduta: 
A) Caso Fortuito e Força Maior: são acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis, que fogem do domínio da vontade do ser humano. Não havendo vontade, não há dolo ou culpa. Caso fortuito é o acontecimento imprevisível e inevitável provocado pelo homem (ex: greve de ônibus). Força maior o evento decorrente da natureza (inundação, maremoto, terremoto). 
B) Atos ou Movimentos Reflexos: consistem em reação motora em consequência da excitação dos sentidos. O movimento corpóreo não se deve ao elemento volitivo, mas sim ao fisiológico. Ausente a vontade estará ausente a conduta. Ex: ortopedista que bate martelinho no joelho do paciente. 
C) Coação Física Irresistível: também chamada de vis absulota, ocorre quando o coagido não tem liberdade para agir, não restando outra opção senão aquela de praticar o ato em conformidade com a vontade do coator. Ex: um sujeito bastante forte pega a arma e coloca na mão de uma pessoa magrinha, apertando o gatilho com o dedo do magro, vindo a causar a morte de uma pessoa atingida. Não se pode falar em concurso de agentes. 
- Já a coação moral irresistível também chamada de vis compulsiva o coagido pode escolher o caminho a seguir, obedecendo ou não a ordem do coator. Como existe a vontade, teremos fato típico. Porém, a culpabilidade será afastada pela inexigibilidade de conduta diversa. Portanto, a coação física irresistível exclui a conduta, portanto, o fato típico, e a coação moral irresistível exclui a culpabilidade pela inexigibilidade de conduta diversa. 
D) Sonambulismo e Hipnose: também não há conduta, por falta de vontade nos comportamentos práticos em completo estado de inconsciência. 
2. Elementos do Fato Típico – Resultado:
	- É a consequência provocada pelo agente.
- O resultado pode ser: a) jurídico / normativo, que é a lesão ou exposição de perito ao bem jurídico protegido pela lei penal; b) naturalístico / material, que é a modificação do mundo exterior provocada pela conduta do agente. 
- Existe crime sem resultado? Depende. Todo crime tem resultado jurídico / normativo, mas os crimes formais não tem necessariamente resultado naturalístico / material. 
3. Elementos do Fato Típico - Relação de Causalidade ou Nexo Causal:
	- É a ligação entre a conduta e o resultado. O art. 13 do Código Penal chama de relação de causalidade. Se a causa estiver presente, estaremos então diante da tipicidade, com o preenchimento de todos os elementos do fato típico. 
	- Teoria da Equivalência dos Antecedentes: adotada pelo CP, conforme se extrai do art. 13 do CP, “considera-se causa toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”.
	- Para se constatar se um acontecimento insere-se no contexto de causa, emprega-se o processo hipotético de eliminação, ou seja, suprime-se mentalmente determinado fato no histórico do crime, se desaparecer o resultado naturalístico é porque era também sua causa; se permanecer o resultado, não se pode falar que aquele acontecimento atuou como causa. Lembrando que essa causalidade é psíquica, ou seja, precisa da presença do dolo ou culpa por parte do agente em relação ao resultado. 
	- Excepcionalmente, o CP adota no §1º do art. 13 a teoria da causalidade adequada: “a superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou” = Estudo da concausas.
3.1. Concausas:
	- Significa a concorrência de causas, há mais de uma causa contribuindo para o resultado final. É a convergência de uma causa externa à vontade do autor da conduta e que influi na produção do resultado naturalístico por ele desejado. 
	3.1.1. Causas Dependentes e Independentes: a causa dependente precisa da conduta do agente para provocar o resultado, razão pela qual não exclui a relação de causalidade. Ex: Semprônio tem intenção de matar Morpheus e após espancá-lo, coloca uma corda em seu pescoço, amarra no carro e puxa, provocando sua morte. A estrada, a corda e o carro não são capazes de matar a vítima, se isoladamente consideradas. Já a causa independente é aquela capaz de produzir por si só o resultado, podendoser de natureza absoluta ou relativa, dependendo da sua origem. 
	3.1.2. Causas Absolutamente Independentes: são aquelas que não se originam da conduta do agente, sendo absolutamente desvinculadas de sua ação ou omissão. Por serem independentes produzem por si só o resultado naturalístico, e são chamadas de “causalidade antecipadora”, pois rompem o nexo causal. Essas causas se dividem em preexistentes, concomitantes e supervenientes. 
	3.1.2.1. Preexistente ou Estado Anterior: aquela causa que existe anteriormente à prática da conduta, de modo que o resultado naturalístico teria ocorrido da mesma forma sem o comportamento ilícito do agente. Ex: Tião Dedo Leve efetua disparos contra Zé Medonho, atingindo-o em regiões vitais. Porém, o exame necroscópico concluiu ter sido Zé Medonho envenenado por Beto Mão de Fada. 
3.1.2.2. Concomitante: causa que incide simultaneamente à prática da conduta, no mesmo instante que o agente realiza o comportamento criminoso. Tião Dedo Leve efetua disparos de arma de fogo contra Zé Medonho no momento em que o teto da casa desaba sobre sua cabeça. 
3.1.2.3. Superveniente: é a causa que se concretiza posteriormente à conduta praticada pelo agente. Ex: Joe Seringa ministra dose letal de veneno em Mévio, mas antes de produzir o efeito desejado, aparece Morpheu e efetua disparos de arma de fogo, matando-o. 
Obs: Efeitos Jurídicos das Causas Absolutamente Independentes: em todos os momentos (preexistentes, concomitantes e supervenientes), o resultado naturalístico ocorre independente da conduta do agente, e por si só produzem o resultado material. Em decorrência disso, são imputados ao agente somente os atos até então praticados, e não o resultado naturalística, em face da quebra de relação de causalidade. Ou seja, suprimindo sua conduta o resultado teria ocorrido. Respeita-se a teoria da equivalência dos antecedentes ou conditio sine qua non, adotada pelo artigo 13 caput do CP. Responderia por tentativa de homicídio, e não por homicídio consumado. 
3.1.3. Causas Relativamente Independentes: aqui as causas originam-se da própria conduta efetuada pelo agente. Por isso são relativas, pois não existiriam sem a atuação criminosa. Classificam-se em preexistentes, concomitantes e supervenientes.
3.1.3.1. Preexistente ou Estado Anterior: causa prévia à conduta praticada pelo agente, ou seja, antes de seu agir a causa já estava presente. Ex: Tião Dedo Leve, com ânimo homicida, atira contra João Carapanã e o atinge de raspão. Os ferimentos são agravados com a diabete o João em a falecer. 
3.1.3.2. Concomitante: causa que ocorre simultaneamente à prática da conduta do agente. Ex: Mário Medonho aponta uma arma para Zé Caninha, o qual, assustado, corre em direção à movimentada via pública, e no momento em que é alvejado é atropelado por um caminhão. 
Obs: Efeitos jurídicos das causas preexistentes e concomitantes relativamente independentes: em obediência à teoria da equivalência dos antecedentes prevista no artigo 13, caput, CP, nas duas hipóteses o agente responde pelo resultado naturalístico. 
3.1.3.3. A questão das causas supervenientes relativamente independentes: em razão do artigo 13, §1º, CP, as causas supervenientes relativamente independentes podem ser divididas em dois grupos: (1) as que por si só produzem o resultado; (2) as que não produzem por si só o resultado. 
	3.1.3.3.1. Causas Supervenientes Relativamente Independentes que não produzem o resultado por si só: o agente responde pelo resultado naturalístico, pois, suprimindo-se mentalmente sua conduta, o resultado não teria acontecido quando e como ocorreu. Ex: Tião Dedo Leve com intenção de matar dispara contra Morpheu, porém atinge sua perna. Ao ser atendido no hospital Morpheu vem a morrer por imperícia médica. Nesse caso, Morpheu não teria morrido pela imperícia médica se não fosse a conduta de Tião. O agente então responderá pelo resultado naturalístico.
3.1.3.3.2. Causas Supervenientes Relativamente Independentes que produzem o resultado por si só: é a previsão contida no artigo 13, §1º do CP: “a superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou”. Nesse caso estamos diante da teoria da causalidade adequada. Ex: pessoa leva tiros e ao ser internada no hospital ocorre um incêndio e ela morre queimada. Ex: baleado morre a caminho do hospital em razão da ambulância se envolver em acidente de trânsito. 
- Obs: pela teoria da equivalência dos antecedentes se excluíssemos a conduta do agente, o resultado não teria ocorrido. No entanto, pela teoria da causalidade adequada do §1º do art. 13, CP, a expressão “por si só” revela autonomia da causa superveniente, que mesmo relativa não encontra no mesmo curso de desenvolvimento causal da conduta praticada pelo autor. A concausa produz o resultado por si só, por sua própria força. Nos exemplos, qualquer pessoa que estivesse na área da enfermaria do hospital, ou na ambulância, poderia morrer em razão do acontecimento inesperado e imprevisível. O agente então responde pelos atos até então praticados. 
4. Elementos do Fato Típico – Tipicidade
	- A tipicidade divide-se em formal e material. A formal é o juízo de subsunção entre a conduta praticada pelo agente no mundo real e o modelo descrito no Código Penal. A conduta de matar alguém encontra amparo no artigo 121 do CP. 
	- A tipicidade material é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente tutelado em razão da prática da conduta. Essa tipicidade relaciona-se com o princípio da lesividade (ofensividade) do Direito Penal, pois nem todas as condutas que se encaixam nos crimes, acarretam dano ao bem jurídico tutelado. Ex: princípio da insignificância, onde há a tipicidade formal, porém não há a material. 
	- A presença da tipicidade formal e da tipicidade material caracteriza a tipicidade penal. 
5. Teoria da Tipicidade Conglobante
	- Criada pelo penalista argentino Eugenio Raúl Zaffaroni, o nome “conglobante” deriva da necessidade de que a conduta seja contrária ao ordenamento jurídico em geral, conglobado, e não apenas ao Direito Penal. 
	- Sustenta que todo fato típico reveste-se de antinormatividade, ou seja, ou o fato praticado pelo agente é contrário à lei e desrespeita todo ordenamento normativo e há tipicidade; ou ainda em desconformidade com a lei penal esteja em consonância com a ordem normativa e ausente a tipicidade. 
	- Ex: um oficial de justiça que recebe de um juiz um mandado de penhora e sequestro de para garantir o pagamento de uma dívida cobrada judicialmente de um credor contra o devedor. O fato de subtrair o quadro seria o estrito cumprimento de um dever legal. Uma ordem normativa não pode ordenar e outra proibir, pois deixaria de ser ordem normativa e torna-se desordem arbitrária. 
	- Essa teoria sofre resistência no Brasil, apesar de já ter sido acolhida em um julgado do STJ. 
6. Adequação Típica: Conceito e Espécies
	- A adequação típica é o procedimento pelo qual se enquadra uma conduta individual e concreta na descrição genérica e abstrata da lei penal. A adequação típica pode ser imediata ou mediata. 
	- Imediata nos casos em que a conduta humana se enquadra diretamente na lei penal incriminadora, sem necessidade de interposição de qualquer outro dispositivo legal, a exemplo do furto: subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel. 
	- Mediata nos casos em que a conduta humana não se enquadra prontamente na lei penal incriminadora, necessitando para completar a tipicidade, a interposição de algum dispositivo contido na parte geral do código penal, ex: tentativa (art. 14, II, CP); da participação (art. 29, caput do CP); da omissão nos casos em que o agente não cumpriu o seu dever jurídico de agir (art. 13, §2º, do CP). Esses artigos são conhecidos como normas de integrativas, de extensão ou complementares de tipicidade. 
7. Teoria do Tipo Penal
	- É o modelo genérico e abstrato formulado pela lei penal, descritivo da condutacriminosa ou da conduta permitida. Não se confunde tipo com tipicidade, pois o primeiro é uma figura que resulta da imaginação do legislador, enquanto o segundo é a averiguação que se efetua sobre uma conduta para saber se apesenta os caracteres do legislador. 
	7.1. Espécies de tipo penal: são divididos em tipos penais incriminadores e tipos penais permissivos. Os incriminadores ou legais são aqueles propriamente ditos, consistentes na síntese legal da definição de conduta criminosa. Os permissivos ou justificadores são aqueles que contem uma descrição legal da conduta permitida, situações em que a lei considera lícito o cometimento de um fato típico (parte especial do código penal). São as causas de exclusão de ilicitude, chamadas também de eximentes ou justificativas. 
	7.2. Funções do Tipo Penal:
		7.2.1. Função de Garantia: é aquela decorrente da prisão constitucional da reserva legal ou da estrita legalidade, ou seja, somente a lei em sentido material e formal pode criar um tipo penal incriminador. Trata-se de uma garantia ao indivíduo de conhecer as condutas ilícitas descritas pelo Direito Penal, e sobra-lhe liberdade para praticar livremente todas as demais condutas para gerir sua vida. 
		7.2.2. Função Fundamentadora: a previsão de uma conduta criminosa fundamenta o direito de punir do Estado quando o indivíduo viola a lei penal. É o fundamento da persecução penal exercida pelo Estado. 
		7.2.3. Função Indiciária da Ilicitude: decorre da presunção relativa de que todo fato típico é ilícito, até prova em contrário. Portanto, através da inversão do ônus da prova, o autor pode alegar alguma excludente de ilicitude. 
		7.2.4. Função Diferenciado do Erro: o agente deverá conhecer todas as elementares do tipo legal, razão pela qual o autor somente poderá ser responsabilizado pela prática de crime doloso se conhecer as circunstâncias do fato. Ex: subtrair bagagem em esteira de aeroporto, pensando tratar-se de sua bagagem. Isso afasta o dolo, artigo 20 do CP. O erro de tipo descaracteriza o dolo, elemento da conduta. 
		7.2.5. Função Seletiva: Cabe ao direito penal a tarefa de selecionar as condutas que deverão ser proibidas, levando em conta os princípios vetores do direito penal em um Estado Democrático de Direito. 
	7.3. Estrutura do Tipo Penal
		- O tipo penal é composto por um núcleo (verbo) + elementos (objetivos, subjetivos, normativos e os modais que não são aceitos de forma unânime pela doutrina). 
		- Núcleo: representado pelo verbo, é a primeira etapa para a construção de um tipo penal incriminador. No furto, é subtrair, no estupro constranger, no homicídio matar, e assim por diante. 
		- Elementares: em torno do núcleo se agregam elementares que visam proporcionar a prefeita descrição da conduta criminosa. Essas elementares podem ser objetivas, subjetivas e normativas. 
		- Elementares objetivas ou descritivas são os dados da conduta criminosa que não pertencem ao mundo anímico do agente, e podem ser constatadas por qualquer pessoa, dispensando apreciação cultural ou jurídica, ex: “alguém” no crime de homicídio.
		- Elementares subjetivas dizem respeito à esfera anímica do agente, além do dolo, sua especial finalidade de agir e às demais tendências e intenções. Ex: não basta a subtração da coisa alheia móvel (art. 155 do CP), esta deve ser realizada para si ou para outrem, exigindo ânimo de assenhoramento definitivo. 
		- Elementares normativas são aquelas para cuja compreensão não pode o sujeito limitar-se à mesa atividade cognitiva, sendo necessária uma interpretação valorativa jurídica, moral, cultural acerca da situação de fato. Os termos: “indevidamente, sem justa causa, ato obsceno, ato libidinoso, arte”.

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