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2 Siqueira, Maria Isabel Dantas de Curso de capacitação em APPCC Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle / Maria Isabel Dantas de Siqueira – Goiânia: 2017 3 SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................4 2- PERIGO NOS ALIMENTOS ....................................................................................................................6 3- O SISTEMA APPCC ................................................................................................................................7 3.1 PRÉ-REQUISITOS DO SISTEMA APPCC ........................................................................... 7 3.2 BPF X APPCC ................................................................................................................... 9 3.3 ETAPAS ANTERIORES À IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA APPCC. ........................................... 10 3.3.1 Comprometimento da alta direção: .......................................................................................10 3.3.2 Avaliação dos pré-requisitos .................................................................................................10 3.3.3 Criação da equipe APPCC para implantação; ......................................................................10 3.3.4 Capacitação (Educação e treinamento) das pessoas envolvidas. .......................................10 3.3.5 Descrição do alimento ..........................................................................................................11 3.3.6 Identificação do uso e dos consumidores .............................................................................11 3.3.7 Desenvolvimento do fluxograma e descrição das etapas .....................................................11 3.3.8 Verificação do fluxograma de produção in loco ....................................................................11 3.3.9 Aplicação dos sete princípios APPCC ..................................................................................11 3.4 PRINCÍPIOS DO SISTEMA APPCC ......................................................................................... 11 3.4.1 Análise de perigos e estabelecimento das medidas preventivas/controle ...........................11 3.4.1.1 Análise de perigos ........................................................................................................................11 3.4.1.2 Estabelecimento das medidas preventiva/controle ........................................................................13 3.4.2 Determinação dos pontos críticos de controle ......................................................................13 3.4.2.1 Determinação de matéria-prima e ingredientes críticos .................................................................13 3.4.2.2 Determinação dos Pontos críticos de controle ...............................................................................14 3.4.3 Estabelecimento dos limites críticos e de segurança ............................................................15 3.4.4 Estabelecimento dos procedimentos de monitorização ........................................................15 3.4.5 Estabelecimento de correções e ações corretivas ................................................................16 3.4.6 Estabelecimento dos procedimentos de verificação .............................................................17 3.4.7 Estabelecimento do sistema de registros..............................................................................17 3.4.7.1 Elaboração de registros de monitorização: ....................................................................................18 3.4.7.2 Elaboração dos registros de verificação ........................................................................................18 4 APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle 1 - INTRODUÇÃO As doenças transmitidas pelos alimentos representam um grau considerável de internações hospitalares e de mortalidade. Muitos esforços têm sido empregados pelos órgãos do governo responsáveis pela ficalização das indústrias de alimentos - Ministério da Saúde e Ministério da Agricultura- com o objetivo de evitar a ocorrência dessas doenças. Tradicionalmente o controle de qualidade em indústrias de alimentos era através de visitas de inspeção sanitária e análises dos alimentos produzidos. Entretanto, os altos índices de ocorrência de surtos de toxinfecção alimentar indicavam a ausência de controles sistemáticos que garantissem permanentemente a segurança sanitária desejável. Reconhecendo as limitações dessas abordagens tradicionais, as empresas e o governo têm buscado desenvolver sistemas de controle, capazes de garantir qualidade de seus produtos, com o objetivo de atender a um consumidor cada vez mais exigente e consciente de seus direitos. Os programas de gerenciamento da qualidade total vem de encontro à essa necessidade e têm sido adotados com sucesso por várias empresas. Em consonância com a filosofia da qualidade total, o sistema Hazard Analysis Critical Control Point (HACCP),ou em português APPCC – Análise de perigos e Pontos Críticos de Controle, representa importante ferramenta no controle da qualidade higiênico- sanitária dos alimentos. A adoção do sistema APPCC e a instituição de Manual de Boas Práticas foram normatizadas, pela primeira vez no Brasil, em 1993, através da Portaria nº 1428/93, do Ministério da Saúde, a partir da Resolução nº 58, em atendimento às exigências internacionais de normatização do Mercosul . O grande desafio da regulamentação legal está em ser aplicável às diferentes categorias e características de empresas distribuídas nas várias regiões. Isso dificulta o estabelecimento de critérios, que se tornam ou excessivamente brandos, ou totalmente inatingíveis, de acordo com a realidade encontrada em cada situação analisada. Cabe aos profissionais, empresários e agentes fiscais o uso do bom senso na tomada de decisões relativas à questão. Os aspectos estruturais, mais priorizados pela legislação tradicional, cedem importância para os aspectos operacionais, envolvendo técnicas, procedimentos e controle de parâmetros como a composição química, temperatura, pH, atividade de água, presença de antibióticos, defensivos agrícolas, metais pesados, situações essas que, comprovadamente, influenciam em maior grau a ocorrência de doenças transmitidas pelos alimentos. O APPCC é uma ferramenta que trata de uma análise de perigos e sua probabilidade de ocorrência, desde a obtenção da matéria-prima no campo até sua recepção na indústria, durante todo o processo e ainda na distribuição e comercialização até o momento d epreparo e consumo do alimento. Através desta análise estabelece medidas de controle que reduzam a probabilidade de ocorrência dos possíveis perigos.. As indústrias, às vezes, até utilizando procedimentos inoperantes, acreditam que sejam eficazes na prevenção de perigos, em busca de preservar a qualidade e imagem da empresa. É preciso ajustar estas condições de produção e de gestão da qualidade, fundamentadas numa 5 análise crítica dos processos e procedimentos de toda a cadeia de produção, desde a origem da matéria-prima até o consumidor final, traçando uma estratégia de ação conjunta com toda a equipe de produção, liderada por técnicos de conhecimento e vivência dos processos e assessorada por consultores do ramo, com domínio do conhecimento na aplicação e implementação do APPCC. A aplicação do APPCC depende de uma visão empresarial: qualidade é um investimento estratégico, que deve gerar oportunidades de negócios e aumentar a competitividade no mercado. Diferente de uma despesa para a empresa trata-se de um investimento em capacitação e treinamento do pessoal da empresa em busca da melhoria contínua Esta ferramenta de gestão da qualidade da produção asseguraa organização e planejamento do sistema produtivo, integrado dentro de um sistema de qualidade da produção, todos os departamentos de apoio e a cadeia de suprimentos (Supply Chain), liberando seus executivos e diretoria para aplicação da energia disponível para os negócios estratégicos com o mercado, que exigem cada vez mais a presença, empenho intelectual e agilidade nas soluções de investimentos: compra, venda e outras oportunidades que garantam o sucesso do negócio e do empresário do ramo. 6 2- PERIGOS NOS ALIMENTOS Os alimentos podem apresentar perigos que têm origem nas matérias-primas e insumos utilizados, bem como serem inseridos e/ ou sobreviverem e/ou até mesmo alcançarem níveis elevados durante o processamento . A produção de um alimento de qualidade necessita de controle destes perigos que podem ser classificados quanto a origem em perigos biológicos, químico ou físicos e quanto a sua ação em perigos à saúde ( provocam doenças ou danos ao organismo) e perigos à qualidade ( quando afeta as características sensoriais ou o rendimento), o que diretamente afetam as características nutricionais e de custo do produto. Como exemplo de perigos nos alimentos temos: Perigos Saúde Qualidade Biológicos Bactérias Vírus Parasitas Bactérias Fungos Leveduras Químicos Toxina de fungos, algas e de vegetais Defensivos agrícolas Lubrificantes, produtos de limpeza, antibióticos, metais pesados e aditivos como os sulfitos e o glutamato monossódico, alergênicos Compostos químicos formados durante o processo a partir de compostos do próprio alimento que interferem na cor, sabor, odor e aparência Físicos Pedras, Ferpas de madeira, Espinhos,Metais Plásticos Insetos, Pêlos de animais Cabelo,Terra,Plásticos No milho e seus produtos podemos encontrar vários microrganismos patogênicos que podem estar em quantidades pequenas pois as condições de atividade d eágua não permitem o desenvolvimento destes. Assim cuidados devem ser tomados para que a atividade de água não chegue ou ultrapasse os valores mínimos pois poderá haver desenvolvimento e/ou produção de toxinas. Além dos microrganismos de importância para saúde pública, especial atenção deve ser dada aos microrganismos que podem deteriorar o produto (alteram sabor e/ou coloração) e aos indicadores de condições higiênicas. Tais microrganismos podem contaminar o produto, seja no processamento,no armazenamento, no transporte. O sistema APPCC prioriza o controle de perigos à saúde, mas pode ser utilizado para a prevenção de perigos à qualidade e mesmo prevenção de fraudes nos alimentos, que podem não causar doenças nos consumidores mas podem causar prejuízos às empresas do ponto de vista econômico e judicial. Os perigos biológicos são os mais ressaltados devido à possibilidade de multiplicação, mas em compensação podem ser eliminados através de processos adequados, como os que utilizam altas temperaturas, radiações, aditivos ou altas pressões ou a sua multiplicação evitada ou minimizada através de controle de quantidade de água disponível, acidez, oxigênio,aditivos e baixas temperaturas 7 Os perigos químicos são muitas vezes ignorados seja pela não percepção visual, dificuldade de detecção (análises ociosas e não rotineiras), mas são preocupantes devido à resistência à maioria dos processos. Os perigos físicos são os mais fáceis de detecção pelo consumidor, pois na maioria das vezes são visíveis e por isto são a principal causa de ações judiciais e reclamações dos clientes. A presença de perigos nos alimentos reflete falhas nas Boas Práticas de Fabricação e falta de controle nas operações de processamento. 3- O SISTEMA APPCC O Sistema APPCC foi desenvolvido pela Pillsbury Company, a partir de necessidades da NASA em garantir segurança aos alimentos fornecidos nas primeiras viagens tripuladas ao espaço. Baseou-se no conceito “Modos de Falha”, onde perigos potenciais são identificados e controlados, antes de ocorrerem ou seja é um sistema preventivo baseado em em três princípios: 1 – A identificação e avaliação dos perigos associados com a criação / cultivo, abate/ordenha/colheita/extração, industrialização e distribuição dos alimentos 2 – A determinação dos PCCs para controlar qualquer perigo identificado. 3 – O estabelecimento de sistemas para monitorar os PCCs. O sistema APPCC é formado por várias etapas inter-relacionadas desde a produção até o consumo do alimento, que devem ser seguidas sistematicamente em qualquer estabelecimento. O conceito APPCC é racional e lógico, pois é baseado no estudo das causas de enfermidades e de deterioração dos alimentos e na prevenção destas causas. Ele enfatiza a atenção em operações críticas, onde o controle é essencial, O sistema APPCC é compreensível porque analisa os ingredientes, processos e uso subseqüente dos produtos e cada etapa é justificada. É contínuo, porque os problemas são detectados quando ocorrem ou imediatamente após sua ocorrência, podendo ser adotada uma correção imediata. É sistemático, porque compreende um plano completo, abrangendo passo a passo cada operação, procedimento e medida de controle.. 3.1 PRÉ-REQUISITOS DO SISTEMA APPCC Através do sistema APPCC, os riscos de ocorrência de doenças transmitidas por alimentos serão bastante reduzidos, e para que seja eficaz e eficiente é necessário que a empresa tenha as Boas Práticas de Fabricação implementadas o que inclui os Procedimentos Operacionais Padrão A Portaria n.º 1428/93 do Minsitério da Saúde, define Boas Práticas de Fabricação como “normas e procedimentos que visam atender a um determinado padrão de identidade e qualidade de um produto ou serviço” e que consiste na apresentação de informações referentes aos seguintes aspectos básicos, que podem estar descritos na forma de um Manual de Boas Práticas que descreve os seguintes aspectos 8 Projetos e instalações Condições Ambientais. Instalações e Saneamento. Equipamentos e Utensílios. Recursos humanos e treinamento Higiene pessoal Saúde Comportamento Limpeza e sanitização Instalações Equipamentos Controle integrado de pragas Manejo dos resíduos Desinfecção / Desinfestação Utilização de barreiras Fabricação Aquisição de matéria-prima, insumos e embalagens Tecnologia Empregada. Padrão de Identidade e Qualidade - PIQ Armazenagem. Controle de Qualidade Análises dos produtos intermediários e final Informações ao Consumidor. Transporte Veículos Controles Exposição / Comercialização. Rastreabilidade Recolhimento do produto Dentro destes aspectos alguns devem ser estabelecidos como procedimentos que são documentos que definem as responsabilidades de quem, quando, porque, como e onde devem ser executadas as atividades e indicam também os registros utilizados que asseguram o cumprimento das operações 9 Procedimento Operacional Padronizado são portanto procedimentos escritos de forma objetiva que estabelecem instruções seqüenciais para a realização de operações rotineiras e específicas na produção, armazenamento e transporte de alimentos. Os procedimentos operacionais padrão exigidos pela ANVISA através da Resolução RDC 275 são - Higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios. - Controle da potabilidade da água. - Higiene e saúde dos manipuladores. - Manejo dos resíduos. - Manutenção preventiva e calibração de equipamentos. - Controle integrado de vetores e pragas urbanas. - Seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens. - Programa de recolhimento de alimentos Os procedimentos operacionais são itens das Boas Práticas que devem ser monitorados, outras abordagens utilizadas são o PPHO’s – Procedimentos Padrões de Higiene Operacional , recomendados pelo Codex Alimentarius e no Brasil, pelo Ministério da Agricultura que são definidos como Procedimentos de limpeza e sanitização estabelecidose aplicados em todas as áreas da indústria de alimentos com o objetivo de padronizar as práticas de higienização essenciais no controle e prevenção de contaminações dos ingredientes e produtos finais por bactérias, fungos e demais microorganismos causadores de doenças. Segundo o Codex os PPHO’s que devem ser implantados e implementados nas indústrias de alimentos são - PPHO - 01 - Segurança da Água; - PPHO - 02 - Higienização de Superfícies; - PPHO - 03 - Contaminação Cruzada; - PPHO - 04 - Higiene dos Empregados; - PPHO - 05 - Contaminantes e Adulterantes; - PPHO - 06 - Substâncias Tóxicas; - PPHO - 07 - Saúde dos Empregados; - PPHO - 08 - Controle Integrado de Pragas; O MAPA inclui o 9º como sendo - PPHO - 09 - Registros. A ISO 22000: 2005 – Norma que especifica os requisitos para o sistema de gestão da segurança de alimentos, denomina as Boas Práticas como PPR – Programa de Pré Requisitos e utiliza o termo PPR Operacionais para os procedimentos que devem ser monitorados para controlar : A probabilidade de introduzir perigos nos alimentos, e no ambiente de processo e/ou A proliferação dos perigos nos produtos ou no ambiente de processo. 3.2 BPF X APPCC Sempre ocorrem dúvidas quanto aos controles das Boas Práticas de Fabricação e do sistema APPCC, pela definição temos: 10 BPF – Condições básicas e atividades necessárias para manter um ambiente higiênico ao longo da cadeia produtiva de alimentos, adequadas para a produção, manipulação e suprimento de produtos finais seguros para o consumo humano. APPCC estabelece a(s) etapa(s) na(s) qual (is) o(s) controle(s) pode(m) ser aplicado(s) e é essencial para prevenir , eliminar ou reduzir a um nível aceitável um perigo no produto. BPF APPCC PROCEDIMENTOS E CONDUTA ANTES DURANTE E DEPOIS DO PROCESSO NO AMBIENTE E NO PRODUTO • Prevenção de perigos no produto • Prevenção,eliminação, redução de perigos no ambiente CONTROLES NO PRODUTO DURANTE O PROCESSO • Prevenção de aumento de perigos no produto • Eliminação , redução de perigos no produto 3.3 ETAPAS ANTERIORES À IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA APPCC. 3.3.1 Comprometimento da alta direção: Para que qualquer sistema de qualidade tenha sucesso é necessário o envolvimento de todos da empresa, que inclui todos os colaboradores e a direção. A alta direção deve estar comprometida, pois há necessidade de decisões do nível gerencial para implantação e implementação do sistema 3.3.2 Avaliação dos pré-requisitos Os pré requisitos para o sistema APPCC são os procedimentos das Boas Práticas. A confirmação da implementação das Boas Práticas é essencial para que o sistema APPCC seja viável .Pois a probabilidade de ocorrência de um dado perigo pode ser reduzida em função da implementação destas. 3.3.3 Criação da equipe APPCC para implantação; Uma equipe multidisciplinar formada por profissionais da empresa com conhecimento diversificado das diferentes áreas deverá ser formada. Caso necessário profissionais independentes com conhecimentos específicos podem ser contratados para auxílio na implantação do sistema. Um coordenador deve ser designado entre os componentes da equipe, e atribuições a cada componente definidas. 3.3.4 Capacitação (Educação e treinamento) das pessoas envolvidas. Todos os colaboradores devem ter conhecimento nos princípios do sistema APPCC, e na implementação dos procedimentos, principalmente os responsáveis pela monitorização e verificação dos pontos críticos. 11 3.3.5 Descrição do alimento Como o sistema é produto específico, deve-se descrever a composição, e características inerentes que são importantes para a conservação do produto, como o pH, atividade de água, presença de aditivos conservantes e antioxidantes entre outros. 3.3.6 Identificação do uso e dos consumidores O nome do produto, formas de utilização ou de consumo, prováveis grupos de consumidores, tipo de embalagem, informações aos consumidores descritos na embalagem, controles no armazenamento e distribuição devem estar descritos no plano, pois algumas destas informações podem interferir nas análises e conclusões. 3.3.7 Desenvolvimento do fluxograma e descrição das etapas Fluxograma é a representação gráfica da seqüência das etapas de produção. Inicia com a recepção de matéria-prima, insumos e embalagens, armazenamento destes, finalizando na expedição do produto final. A descrição deve ser detalhada contendo no mínimo as informações : equipamentos e instrumentos utilizados, parâmetros controlados e critérios e características dos produtos que entram e que saem em cada etapa. 3.3.8 Verificação do fluxograma de produção in loco A equipe APPCC deve confirmar o fluxograma e a descrição através do acompanhamento do processamento, realizando as correções necessárias. 3.3.9 Aplicação dos sete princípios APPCC A implantação da metodologia APPCC requer o desenvolvimento de várias etapas, que serão aplicadas a todas as fases produtivas do alimento, desde a aquisição da matéria- prima, insumos e embalagens, passando pelo recebimento e armazenamento destes, pela fabricação, armazenamento do produto final, transporte, distribuição, comercialização e consumo. 3.4 PRINCÍPIOS DO SISTEMA APPCC 3.4.1 Análise de perigos e estabelecimento das medidas preventivas/controle 3.4.1.1 Análise de perigos A análise de perigos constitui o primeiro passo do sistema APPCC. Seu propósito é identificar perigos reais e potenciais associados aos ingredientes, processos, forma de comercialização do produto e seu uso final. Analisar um perigo é além de listar os prováveis perigos em cada matéria-prima e em cada etapa do processo , avaliar a severidade e o risco de ocorrência na situação em estudo. 12 Perigo é uma contaminação inaceitável de natureza biológica, química ou física, e/ou sobrevivência ou multiplicação de microrganismos que comprometam a segurança ou deterioração do alimento, e/ou produção ou persistência inaceitável de toxinas ou outros produtos indesejáveis do metabolismo microbiano em alimentos Em qualquer operação de produção, processamento ou preparação de alimentos, existem perigos específicos associados aos ingredientes e aos processos nos quais serão utilizados, ao armazenamento e manipulação do produto finalizado. A natureza dos perigos varia de acordo com a) fonte de ingredientes, b) formulações do produto, c) equipamentos para processamento, d) métodos de processamento, e) duração dos processos e do armazenamento ; f) experiência, conhecimento e atitudes dos funcionários. Gravidade é o grau das conseqüências que podem ser resultantes de um determinado perigo. A maioria dos agentes causa uma diversidade de doenças que variam desde a colonização assintomática (sem sintomas) até a enfermidade grave ou a morte. Normalmente a gravidade é considerada baseando na conseqüência mais grave que determinado perigo provoca. Ë classificada em baixa, média ou alta. Porém alguns agentes pertencem a mais de uma categoria. Alguns fatores podem ocasionar a passagem de determinados agentes a categorias diferentes. A gravidade varia segundo a carga de contaminação e a condição do indivíduo. Geralmente, quanto mais alta a carga de contaminação, menor o período de incubação e mais graves os efeitos. Os grupos mais susceptíveis aos perigos microbiológicos são: gestantes, crianças, pessoas imunodeprimidas (câncer, AIDS), pessoas internadas e idosas, nas quais, as enfermidades resultarão em uma maior gravidade de conseqüências. Risco é uma estimativa da probabilidade da ocorrência de um perigo. Dados epidemiológicos indicam que os perigos microbiológicos representam maior risco para grupos de pessoas, do que os perigos físicos, em geral, que afetam mais a indivíduos do que a grupos. A probabilidade de ocorrência de alguns perigos vai depender da implementação das Boas Práticasde Fabricação. Também o risco é classificado em baixo, médio e alto. Na análise de perigos de um processo deve-se analisar individualmente cada matéria- prima, cada insumo e cada etapa do processo, listando os prováveis perigos, justificando porque é um perigo ou seja o que causa e porque ele pode ocorrer na matéria-prima/etapa em análise. 13 Baseando na justificativa (o que causa) classifica-se a severidade do perigo. Baseando na justificativa (porque pode ocorrer) determina-se as medidas preventivas /controle que podem ser implementadas. Analisando as medidas preventivas/controle levantadas, e quais destas já são efetivas no processo em estudo classifica-se o risco, ou seja, a probabilidade de ocorrência do perigo em análise. Exemplo no armazenamento de produtos de milho 3.4.1.2 Estabelecimento das medidas preventiva/controle As medidas preventivas ou de controle são normalmente os procedimentos das Boas Práticas de Fabricação (PPHO’s/POP’s) e os controles no produto realizados durante o processo, que servirão de referência para a eliminação, prevenção ou redução dos perigos ou da redução da probabilidade de ocorrência. Nesta análise devem ser citadas todas a possíveis medidas para evitar a inserção e multiplicação e/ou eliminar ou reduzir os perigos, mesmo as que a empresa ainda não utiliza. A partir desta análise determina-se o risco (a probabilidade de ocorrência), ou seja se as medidas que a empresa possui implementadas asseguram um risco baixo para o perigo em estudo ou se há necessidade de implementação de outras medidas ( processo de melhoria contínua). 3.4.2 Determinação dos pontos críticos de controle 3.4.2.1 Determinação de matéria-prima e ingredientes críticos Nesta etapa determina-se a partir da análise realizada se as matéria-primas e insumos são críticas ou não, utilizando para cada perigo levantado, a árvore decisória mostrada acima. Caso se chegue à conclusão que a matéria-prima ou algum insumo é crítico, deve-se rever o processo, ou seja, inserir uma etapa no processo que elimine o perigo ou na impossibilidade mudar de insumo ou de fornecedor. 14 3.4.2.2 Determinação dos Pontos críticos de controle Pontos críticos de controle (PCC) são etapas no processo a partir da recepção das matéria-primas e insumos. Normalmente a recepção da matéria-prima /insumos é um ponto crítico, pois é a etapa na qual se tem a chance de evitar que um perigo que não é eliminado pelo processo “entre” para o processamento e permaneça no produto final. Seleciona-se os pontos críticos de controle (PCCs) baseando-se nos perigos identificados, nas operações a que o alimento é submetido e na utilização posterior do produto. Para determinação de PCC´s utiliza-se a árvore decisória abaixo. Ë necessário a avaliação individual para cada perigo levantado na análise de perigos,e em cada etapa. PCC etapa na qual uma medida de prevenção ou controle deve ser adotada para eliminar, prevenir ou minimizar um ou vários perigos. O controle de perigos em um PCC varia do parcial ao total. Um ponto crítico de controle deve ser diferenciado de outras atividades de controle. O PCC será a última etapa no processo cujo controle previnirá , evitará que aumente ,eliminará ou reduzirá o perigo a um nível aceitável O perigo é totalmente controlado pelo programa de pré-requisitos? SIM NÃO Existem medidas preventivas para o perigo no processo? SIM NÃO É UM PC O controle desta etapa é necessário para a segurança? Esta etapa elimina ou reduz o perigo a níveis aceitáveis? DIAGRAMA DECISÓRIO PARA IDENTIFICAÇÃO DE PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE DE PROCESSO SIM Modificar etapa, processo ou produto NÃO SIM NÃO O perigo pode ocorrer ou aumentar a níveis inaceitáveis? SIM NÃO NÃO É UM PCC Uma etapa subseqüente eliminará ou reduzirá o perigo a níveis aceitáveis? NÃO SIM É UM PCC 15 Ponto de controle (PC) é uma operação na qual todas as medidas preventivas e/ou de controle são adotadas, visando obedecer a Boas Práticas de Fabricação, normas e padrões, especificação do produto, regulamento interno da empresa. 3.4.3 Estabelecimento dos limites críticos e de segurança Os limites críticos são estabelecidos dentre os parâmetros das medidas preventivas/controle. Critérios são limites ou características de natureza física (tempo e temperatura), química (quantidade de sal e ácido acético), ou biológica (sensorial e microbiológica). Para cada ponto crítico de controle deverão ser especificados os critérios Por exemplo, se a medida de controle de uma etapa de processo térmico for utilizar temperatura /tempo adequados, os limites críticos serão a temperatura mínima e/ou máxima e tempo mínimo e/ou máximo que devem ser utilizados. Devem ser estabelecidos critérios possíveis de serem avaliados nas condições reais. Limites de segurança são limites que podem ser estabelecidos pela empresa para trabalhar com uma margem de segurança do limite crítico. É utilizado como alerta. Dependendo do processo deve-se ter cuidado para não estabelecer limite de segurança para perigo à saúde que afete a qualidade do produto, por exemplo em um tratamento térmico utilizar temperaturas e/ou tempo acima do limite crítico provocando reações de escurecimento afetando aspecto sensorial do produto 3.4.4 Estabelecimento dos procedimentos de monitorização Monitoramento consiste em verificar se o processamento está sob controle, ou seja, obedece aos critérios estabelecidos (limites) em cada ponto crítico de controle. Deve ser estabelecido no plano APPCC: O que monitorar? Parâmetros dos limites críticos das medidas preventivas/controle Como monitorar? Utilizando instrumentos ou visualmente e registrando os valores, comparando com os critérios de cada parâmetro monitorado. Quando monitorar? A freqüência da observação depende de cada parâmetro a ser monitorado e dos instrumentos de monitorização. Existem parâmetros monitorados cujos registros são continuos (instrumentos automáticos). Monitorizações visuais e com instrumentos não automáticos são realizadas com freqüências variáveis dependendo de cada parâmetro. 16 Quem monitora? Normalmente quem monitora é a pessoa que executa a tarefa. O monitor deve ser responsável, comprometido e atento. Todo o sistema depende do seu trabalho ele deve observar, registrar as observações normais ( atende aos critérios) e as anormais ( não atendem aos critérios). Deve executar as correções ou avisar imediatamente a seus superiores ou a responsáveis pelas correções. Desta forma além de ser capacitado para observar, medir e registrar, o monitor deve ser capacitado para a execução das correções. Importância dos registros de monitorização Os registros de monitorização são documentos de grande importância para a manutenção do sistema. Os dados resultantes da monitorização são utilizados para estabelecer as melhorias no processo, comprovar a eficácia e eficiência do processo, evitar desperdícios e retrocessos, além se representarem a principal ferramenta para a rastreabilidade do produto e do processo A monitorização na freqüência adequada permite correções nos produtos intermediários evitando que este produto continue no processo resultando em produto final não conforme. Permite também ações corretivas nas causas do problema evitando que o processo continue produzindo produtos não-conforme. Para atender a sua função devem ser preenchidos com fidelidade, não omitindo a realidade. 3.4.5 Estabelecimento de correções e ações corretivas Adotam-se correções e/ou ações corretivas sempre que os resultados do monitoramento indicarem que os critérios não estejam sendo cumpridos Correção e Ações corretivas referem-se à(s) medida(s) específica(s) que deve(m) ser adotada(s), quando os critérios não estejam sendo cumpridos. O termo correção é utilizado para ações imediatasà detecção dos desvios, ação corretiva são ações nas causas dos desvios. A resposta rápida diante da identificação de um processo fora do controle é uma das principais vantagens da filosofia do APPCC. As ações corretivas poderão ser adotadas, no momento, ou imediatamente após à identificação de ocorrências que causem não conformidades na qualidade sanitária ou de identidade dos produtos. 17 3.4.6 Estabelecimento dos procedimentos de verificação Com objetivo de verificar a eficácia do sistema APPCC e do monitoramento deve-se estabelecer o que verificar, como realizar a verificação, a freqüência das verificações e os responsáveis. Verificação consiste no uso de testes complementares e/ou revisão dos registros de monitoramento para determinar se o sistema APPCC está adequadamente implantado e se funciona conforme planejado. Também tem o objetivo de assegurar que o monitoramento está sendo conduzido de maneira eficaz e eficiente. O sistema APPCC será modificado, através da correção de critérios ou reforço de instruções para o monitoramento dos pontos críticos de controle, que se fizerem necessários, detectados na verificação São considerados procedimentos de verificação : Verificação das planilhas do monitoramento Resultados de análises Auditorias internas e externas Confirmação de análises realizadas por laboratórios terceirizados Calibração dos instrumentos Os padrões microbiológicos para água mineral são especificados pela Resolução RDC nº 274, de 22 de setembro de 2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária Os microrganismos indicadores são rotineiramente empregados para avaliar a qualidade do produto final e a higiene empregada no seu processamento. O isolamento e identificação de patógenos específicos é adequado para investigação e controle de surtos, não sendo prática a sua aplicação em outras circunstâncias, já que muitas vezes envolvem técnicas demoradas e caras. Os microrganismos considerados indicadores de contaminação em águas minerais, são: coliformes totais, coliformes fecais e/ou Escherichia coli, clostrídios sulfito redutores a 46ºC, enterococos, Pseudomonas aeruginosa . Os padrões de identidade e qualidade da água mineral e natural, são regulamentados pela Resolução RDC nº 54, de 15 de junho de 2000 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e estabelece os limites da composiçao química 3.4.7 Estabelecimento do sistema de registros Deve ser estabelecido um sistema para registro de todos os controles do sistema APPCC. Esta etapa consiste em elaborar os registros e uma lista mestra com todos os registros do Sistema , estabelecendo: A distribuição : responsável por disponibilizar os documento nas áreas pertinentes Disposição : como armazenar os registros, onde são armazenados, ordem para localização( cronológica, alfabética), quanto tempo armazenar, o que será feito com o 18 registro após o tempo de armazenamento, responsáveis pela disposição de cada documento. 3.4.7.1 Elaboração de registros de monitorização: As planilhas de controle devem ser elaboradas de forma que permitam registros fáceis e rápidos ,que não interfiram na execução das tarefas. Devem conter no mínimo as seguintes informações: Identificação do registro O que monitorar Frequência Data/lote Responsáveis pela monitorização e verificação Ações corretivas Observações Data da verificação 3.4.7.2 Elaboração dos registros de verificação Os registros de verificação são normalmente na forma de Check-list (Lista de verificação) . São utilizados como ferramenta de verificação comprovando a execução dos procedimentos. Devem ser elaborados com os quesitos importantes de verificação, seja para adequação à legislação ou da comprovação da execução de um procedimento. Na elaboração deve-se ter cautela em não elaborar perguntas múltiplas ou seja com mais de um quesito. Normalmente se utilizam as respostas ➢ Conforme / sim ➢ não conforme / não ➢ não aplicável ➢ não observado O formato das listas de verificações não é padronizado . É utilizado, normalmente, no formato de tabela como mostrado na figura abaixo Perguntas Conforme Não conforme Não aplicável Não observado Observações Deve conter além dos itens a ser verificados Identificação do registro Data Responsáveis pela verificação 19 Ainda podem conter campo para determinar as ações corretivas, quando conveniente
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