Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1FísicaDinâmica I Avenida Presidente Kennedy, 2295 – Tel.: (16) 3238·6300 CEP 14095-210 – Lagoinha – Ribeirão Preto-SP www.sistemacoc.com.br SISTEMA COC DE ENSINO Direção-Geral: Sandro Bonás Direção Pedagógica: Zelci C. de Oliveira Direção Editorial: Roger Trimer Gerência pedagógica: Juliano de Melo Costa Gerência Editorial: Osvaldo Govone Gerência de Relacionamento: Giovanna Tofano Ouvidoria: Regina Gimenes Conselho Editorial: Juliano de Melo Costa, Osvaldo Govone, Sandro Bonás e Zelci C. de Oliveira PRODUÇÃO EDITORIAL Autoria: Shirlei N. Dezidério Editoria: Naylor F. de Oliveira e Tiago C. Leme Assistente editorial: Luzia H. Fávero F. López Assistente administrativo: George R. Baldim Projeto gráfico e direção de arte: Matheus C. Sisdeli Preparação de originais: Marisa A. dos Santos e Silva e Sebastião S. Rodrigues Neto Iconografia e licenciamento de texto: Marcela Pelizaro, Paula de Oliveira Quirino e Cristian N. Zaramella Diagramação: BFS bureau digital Ilustração: BFS bureau digital Revisão: Flávia P. Cruz, Flávio R. Santos, José S. Lara, Leda G. de Almeida, Maria Cecília R. D. B. Ribeiro, Milena C. Lotto e Paula G. de Barros Rodrigues Capa: Pedro Gentile Conferência e Fechamento: Edgar M. de Oliveira Su m ár io CAPÍTULO 01 INTRODUÇÃO À DINÂMICA 7 1. Conceito de força 7 2. Efeitos da força 7 3. Tipos de forças 8 4. Resultante das forças 9 CAPÍTULO 02 LEIS DE NEWTON 10 1. Introdução 10 2. Conceito de inércia 10 3. Princípio da inércia ou primeira lei de Newton 11 4. Situações de equilíbrio para uma partícula 11 5. Referencial inercial 15 6. Princípio fundamental ou segunda lei de Newton 15 7. Lei da ação e reação ou terceira lei de Newton 17 8. Componentes da força resultante 19 CAPÍTULO 03 APLICAÇÕES DAS LEIS DE NEWTON 32 1. Introdução 32 2. Sistemas de blocos 32 3. Elevadores 39 4. Resistência do ar 42 CAPÍTULO 04 DINÂMICA DO MOVIMENTO CIRCULAR 44 1. Introdução 44 2. Aplicações 44 CAPÍTULO 05 EQUILÍBRIO DE CORPO EXTENSO 50 1. Introdução 50 CAPÍTULO 06 GRAVITAÇÃO UNIVERSAL 54 1. Introdução 54 2. Satélite em orbita circular 59 3. Teorias planetárias 60 4. Leis de Kepler 61 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 65 Capítulo 1 65 Capítulo 2 72 Capítulo 3 103 Capítulo 4 119 Capítulo 5 128 Capítulo 6 139 GABARITO 157 Teoria PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 7 Física Iniciamos agora o estudo da dinâmica, que é o ramo da mecânica que estuda os movimentos dos corpos considerando a causa destes movi- mentos. O fato de ocorrer variação de posição ou de velocidade devido à atração ou repul- são entre sistemas, ou partes de um sistema, é atribuído às resultantes de forças que atuam sobre eles. 1. Conceito de força Um corpo não exerce força sobre si mesmo. Assim, para um corpo em repouso entrar em movimento, é preciso que ele interaja com ou- tro elemento (corpo) e receba a ação de uma força convenientemente aplicada. A partir desse fato, podemos concluir que: Força é o fruto da interação entre dois corpos. É importante lembrar que a grandeza física força é uma grandeza vetorial, isto é, para caracterizá-la precisamos definir sua intensi- dade, sua direção e seu sentido. A figura se- guinte ilustra o caráter vetorial de uma força. Direção Sentido Intensidade FF 2. Efeitos da força Podemos reconhecer a existência de forças pe- los efeitos que produzem quando aplicadas a um corpo. A. Deformação A deformação é um dos efeitos causados por uma força. Por exemplo, quando se chuta uma CAPÍTULO 01 INTRODUÇÃO À DINÂMICA bola, no ponto de contato entre o pé e a bola ocorre uma deformação. Deformação Bola restituída B. Alteração da velocidade Outro efeito que a força pode produzir em um corpo é modificar sua velocidade. Esse é um ponto muito importante a ser com- preendido, pois modificar a velocidade de um corpo refere-se a alterar qualquer um dos três atributos do vetor velocidade: a intensidade, a direção ou o sentido. No exemplo anterior, além de o pé do jogador deformar a bola, si- multaneamente, o chute altera a velocidade da bola. Observa-se que, mesmo que a intensidade da velocidade de um corpo permaneça inaltera- da, o simples fato de a direção do movimento mudar implica a existência de uma resultante de forças não nula agindo sobre o corpo. C. Equilíbrio O equilíbrio é outro efeito que resulta da atu- ação de forças. Por exemplo, ao se prender um corpo por meio de um fio em um suporte, a força que o fio aplica no corpo produz equilí- brio, evitando que ele caia sob a ação da gravi- dade terrestre, conforme ilustra a figura. Terra Fio Ação do fio Equilíbrio Ação da Terra Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 8 Física 3. Tipos de forças Todas as transformações no universo derivam de quatro tipos de interações básicas: gravita- cionais, eletromagnéticas, fracas e fortes. As duas últimas referem-se basicamente a intera- ções que ocorrem no íntimo da matéria, en- quanto que as duas primeiras podem explicar praticamente tudo o que ocorre no universo que enxergamos. Essas interações de campo, a gravitacional e a eletromagnética, são conhecidas como de ação à distância, pois ocorrem inclusive quando não há contato entre os corpos que interagem. Na sequência, faz-se uma breve classificação das forças para que possamos, a partir dela, identificar e representar as forças envolvi- das nos estados de repouso ou movimento dos corpos. A. Força peso Dentre as forças de ação a distância, o exem- plo mais simples e comum de interação é a força gravitacional, denominada peso (P). Ela é a força que a Terra troca com qualquer mas- sa que esteja em seu campo de atuação; tem direção perpendicular à superfície esférica do planeta e sentido, no corpo e no planeta, re- presentados na figura: Terra P P Outras forças podem ser classificadas como forças de contato. Dentre as forças de contato, vamos destacar as forças de tração e elástica – contato em um ponto – e as forças normal e de atrito – contato entre superfícies, a seguir. B. Força de tração Um exemplo de força de contato é a força de tração (T), que aparece num fio, cabo ou bar- ra, usado para puxar ou segurar um corpo. A direção da força é a mesma do fio ou cabo, e o sentido está mostrado na figura. T C. Força elástica Outro exemplo de força de contato é a força que surge do contato entre uma mola defor- mada e um corpo preso a ela. Essa não é uma força de contato entre superfícies, mas de contato pontual entre a mola e o corpo, assim como a força de tração, vista no item anterior. Considere, por exemplo, um bloco em equilí- brio sobre uma superfície horizontal e encos- tado em uma mola presa à parede, conforme mostra a figura. m F À medida que o bloco é empurrado contra a parede por uma força externa ao sistema, a mola é comprimida e reage aplicando no bloco uma força conhecida como força elástica. Fe D. Força normal A força normal (N) é outro exemplo de força de contato, que surge da interação entre su- perfícies em contato, e têm direção perpendi- cular às superfícies. N E. Força de atrito A força de atrito (Fa) também é dita de conta- to, mas a direção dela é paralela às superfícies que se tocam. fa PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 9 Física 4. Resultante das forças Na maioria das situações práticas, os corpos em estudo ficam sujeitos a várias forças que agem simultaneamente. No entanto, é conveniente substituir todas as forças aplicadas em um corpo por uma única, chamada de resultante das forças ou força re- sultante (FR). Na realidade, não substituímos as forças que agem no corpo, mas representa- mos todas elas, matematicamente, por meio de um vetor que representa a adição vetorial das forças individuais. No caso do exemplo a seguir, se n forças agem simultaneamente sobre um corpo, represen- tamos a resultante das forças pelo vetor soma dessas forças, ou seja: F1 F2 F3Fn FR F FR i i n = ⇒ = ∑ 1 F F F FR nF FR nF F F FR nF F= +F F= +F FF FR nF F= +F FR nF F F F+ +F FF FR nF F+ +F FR nF F1 2FF1 2F FR n1 2R nF FR nF F1 2F FR nF F F FR nF F1 2F FR nF F= +1 2= +F F= +F F1 2F F= +F FR n= +R n1 2R n= +R nF FR nF F= +F FR nF F1 2F FR nF F= +F FR nF FR n...R nF FR nF F...F FR nF FF FR nF F+ +F FR nF F...F FR nF F+ +F FR nF F EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. Sobre um corpo de dimensões desprezíveis, atuam duas forças, cujas intensidades são F1 = 8,0 N e F2 = 6,0 N. Entre quais valores se situa a intensidade da força resultante? Resolução A resultante terá intensidade máxima, quando as duas forças tiverem a mesma direção e o mesmo sentido. F1 F2 F2F1 FR FR = F1 + F2 FR = F1 + F2 = 8,0 + 6,0 FR = 14 N Ou intensidade mínima quando as duas forças tiverem sentidos opostos: F1 F1F2 FR F2 FR = F1 + F2 FR = F1 – F2 = 8,0 – 6,0 FR = 2,0 N 2,0 N ≤ FR ≤ 14 N 02. Uma partícula encontra-se sob a ação exclusi- va de três forças, como indica a figura em es- cala. Qual a intensidade, a direção e o sentido da resultante dessas forças atuantes? Escala: 1 N 1 N F 1 F2 F3 Resolução Usando-se a regra da poligonal para adição ve- torial das forças atuantes, temos: FR = F1 + F2 + F3 F1 F2 F3 Pela figura acima, vem: FR = 6 N , horizontal e para a direita. Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 10 Física CAPÍTULO 02 LEIS DE NEWTON 1. Introdução Durante séculos, o estudo do movimento e suas causas tornou-se o tema central da filo- sofia natural. Entretanto, nas épocas de Gali- leu e Newton foram realizados extraordinários progressos na solução dos movimentos. © 1 Ge or gi os K ol lid as / Sh ut te rs to ck ©2 Ge or gi os K ol lid as / Sh ut te rs to ck Galileu Galilei Isaac Newton O inglês Isaac Newton (1642-1727), nascido no natal do ano da morte de Galileu, foi o princi- pal arquiteto da mecânica clássica. Ele conse- guiu sintetizar as ideias de Galileu e de outros que o precederam, reunindo-as em três leis, publicadas pela primeira vez em 1686, no livro Principia Mathematica Philosophiae Naturalis. Para que possamos entender a essência de tais leis, necessitamos antes conhecer algu- mas ideias de Galileu sobre o movimento. 2. Conceito de inércia Antes de Galileu, a maioria dos pensadores acreditava que um corpo em movimento se encontraria num estado forçado, enquanto o repouso seria o seu estado natural. A experiência diária parece confirmar essa afirmativa. Quando depositamos um livro so- bre uma mesa, é fácil constatar seu estado natural de repouso. Se colocarmos o livro em movimento, dando-lhe apenas um rápido em- purrão, notaremos que ele não se moverá in- definidamente: o livro deslizará sobre a mesa até parar. Ou seja, é fácil observar que cessada a força de empurrão da mão, o livro retorna ao seu estado natural de repouso. Logo, para que o livro se mantenha em movimento retilíneo uniforme, pensava-se ser necessária a ação contínua de uma força. Galileu, entretanto, foi contra essa ideia de o movimento ser um estado necessariamente for- çado, argumentando que o livro só interrompeu seu deslizamento (vindo a parar) em razão da existência de atrito com a mesa. Isto é, se o livro fosse lançado sobre uma mesa menos áspera, haveria menos resistência ao seu deslizamento. Se o seu lançamento ocorresse sobre uma mesa perfeitamente polida, livre de atritos, o livro manter-se-ia em movimento retilíneo uniforme indefinidamente, sem a necessidade de estar sendo continuamente empurrado. Em virtude disso, Galileu concluiu ser uma ten- dência natural dos corpos a manutenção de seu estado de repouso ou de seu estado de movimento uniforme, promovendo aos corpos uma propriedade denominada inércia. Inércia consiste na tendência natural que os cor- pos possuem de manter velocidade constante. Assim, todo corpo em repouso tende a per- manecer em repouso, e todo corpo em mo- vimento tende a permanecer em movimento retilíneo uniforme. No cotidiano, notamos essas tendências ao observar uma pessoa de pé no interior de um ônibus. Quando o ônibus arranca, o passagei- ro, por inércia, tende a permanecer em repou- so em relação ao solo terrestre. Como o ôni- bus vai para a frente, a pessoa que não estava se segurando cai para trás no ônibus. Agora, se o ônibus estivesse em movimento e de repente freasse, a pessoa cairia para a fren- te. Graças à inércia, o passageiro exibe, nesse caso, sua tendência de continuar em movi- mento em relação ao solo terrestre: o ônibus para, o passageiro não. Por isso, o cinto de segurança nos automóveis tem a função de proteger o passageiro da inér- cia de seu movimento, no caso de uma freada brusca ou colisão. PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 11 Física 3. Princípio da inércia ou primeira lei de Newton Sintetizando a ideia de inércia de Galileu, Newton enunciou sua primeira lei nestas palavras: Todo corpo continua no estado de repouso ou de movimento retilíneo uniforme, a menos que seja obrigado a mudá-lo por forças a ele aplicadas. Tradução do Principia Notamos, no enunciado acima, a clara intenção de se definir força como o agente que altera a velocidade vetorial do corpo, vencendo assim a inércia (tendência natural de manter veloci- dade vetorial constante). Podemos concluir, en- tão, que um corpo livre de ação de forças, ou com resultante de forças nula, conservará (por inércia) sua velocidade vetorial constante. Ou seja: Todo corpo em equilíbrio mantém, por inércia, sua velocidade vetorial constante. Em resumo, podemos esquematizar o princí- pio da inércia assim: F v F v pouso ou MRUR F vRF v equilíbri = ⇔F v= ⇔F v = 0F v0F v= ⇔0= ⇔F v= ⇔F v0F v= ⇔F v ( )equilíbri( )equilíbrio( )o constante Re Um corpo (ponto material) em equilíbrio apre- senta variação de velocidade nula, ou seja, ele não possui aceleração. O equilíbrio pode ser estático ou dinâmico. O equilíbrio estático ocorre quando o corpo se encontra em repouso, e o equilíbrio dinâmico ocorre quando o corpo está em movimento sem aceleração. Isso só acontece no movi- mento retilíneo uniforme (MRU). Um corpo em repouso tende a permanecer em repouso, e um corpo em movimento tende a permanecer em movimento. A tendência de um corpo de permanecer em equilíbrio (re- pouso ou MRU) é denominada inércia. Con- cluímos da primeira lei de Newton que: Se a resultante das forças aplicadas em um corpo for nula, então ele estará em equilíbrio estático ou dinâmico. F F equilíbrio estático ou dinâmico R∑ = = ⇒ 0 4. Situações de equilíbrio para uma partí cula A. Equilíbrio básico Se apenas duas forças agem em um corpo, seu equilíbrio ocorre quando as forças pos- suem mesma intensidade, mesma direção e sentidos opostos, isto é, quando essas forças são opostas. FR = F1 + F2 = 0 ⇒ F1 = –F2 F2 F1 Sendo que, em módulo: F1 = F2 B. Equilíbrio de partí cula sob a ação de três ou mais forças Consideremos, por exemplo, uma partícula sob a ação de três forças coplanares e não co- lineares, conforme mostra a figura. F1 F2 F3 Podemos observar que qualquer uma das for- ças é a equilibrante do sistema formado pelas outras duas forças. R23 F2 F1 F3 F1 = –F23 De modo geral, a resultante das forças será nula quando a linha poligonal formada pelos vetores que representam as forças for fechada. Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 12 Física F1 F2 F3 F1 F2F3 Equilíbrio ⇒ FR = F1 + F2 + F3 = 0 Se escolhermos dois eixos (x;y) perpendiculares entre si e efetuarmos as projeções de todas as forças nos dois eixos, no plano, a condição de equilíbrio ocorrerá quando a resultante das forças, tanto em x quanto em y, forem nulas. Veja um exemplo no quadro a seguir. Situação de mais de três forças β α F1 F2 F3 F4 Etapas de resolução de problemas com mais de 3 forças 1ª Nesse caso, iniciamos a resolução por meio da decomposição de todas as forças que se encontram inclinadas em relação aos eixos x e y. 2ª y xβ α F1y F2y F2x F1 F1x F4 F3 F2 Assim, temos: F1x = F1 · cos a F1y = F1 ·sen a F2x = F2 · cos β F2y = F2 · sen β 3ª Em seguida, determinamos as expressões que nos dão o equilíbrio da partícula. Lembrando que o somatório das forças deve ser igual a zero, escrevemos: F1x + F2x – F3 = 0 e F1y – F2y – F4 = 0 Ou seja: as resultantes, tanto no eixo x como no eixo y, devem ser iguais a zero. Portanto, o equilíbrio de uma partícula sujeita a um número qualquer de forças pode ser expresso pelas relações: Σ Σ F eΣ ΣF eΣ Σx yF ex yF eΣ ΣF eΣ Σx yΣ ΣF eΣ ΣΣ ΣF eΣ Σ= =Σ ΣF eΣ Σ0 0Σ Σ0 0Σ ΣΣ ΣF eΣ Σ0 0Σ ΣF eΣ ΣF0 0Fx y0 0x yΣ Σx yΣ Σ0 0Σ Σx yΣ ΣF ex yF e0 0F ex yF eΣ ΣF eΣ Σx yΣ ΣF eΣ Σ0 0Σ ΣF eΣ Σx yΣ ΣF eΣ ΣFx yF0 0Fx yF= =0 0= =Σ Σ= =Σ Σ0 0Σ Σ= =Σ ΣΣ ΣF eΣ Σ= =Σ ΣF eΣ Σ0 0Σ ΣF eΣ Σ= =Σ ΣF eΣ ΣF= =F0 0F= =F Observe que forças nos sentidos contrários às orientações dos eixos são negativas. PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 13 Física EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. ITA-SP Um bloco de peso P é sustentado por fios, como indica a figura. Calcular o módulo da força horizontal F . FC P Resolução O esquema de forças no ponto C é: C F T θ P Para que o ponto C esteja em equilíbrio, a re- sultante no ponto C deve ser nula. FR = P + T + F = 0 Portanto, o polígono das forças P, T e F deve ser um triângulo retângulo. F T θ P Da figura: tg FP F P tgθ θ= ⇒ = ⋅ 02. Um objeto de peso 50 N é equilibrado por duas cordas, que formam 30° com a horizontal. 30° 30°C 50 N A tração em cada corda tem módulo, em newtons, de: a. 25 b. 50 c. 70 d. 100 e. 200 Resolução O esquema de forças no ponto C é: C T T P 30° 30° 50 N Projetando todas as forças na direção verti- cal, vem: P T · sen 30° T · sen 30° Para o equilíbrio na direção vertical, temos: 2 30 50 2 1 2 50 T sen T · ° = ⋅ = T = 50 N Resposta B Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 14 Física 03. UFS-SE A figura abaixo representa um carro de massa igual a M, submetido à força de atrito fa , à for- ça peso P e à força normal N, subindo uma la- deira com velocidade constante, v, de módulo igual a 60 km/h. fa F N P Desprezando a resistência do ar, é correto afir- mar que: a. a soma das forças que agem sobre o carro é igual à soma P + fa . b. a soma das forças que agem sobre o carro é igual ao peso do carro, P. c. a soma das forças que agem sobre o carro é igual à força normal ao plano. d. a soma das forças que agem sobre o carro é igual à força de atrito, fa . e. a soma das forças que agem sobre o carro é igual a zero. Resolução Força é grandeza vetorial, assim: FR = P + fa + N Como a velocidade é constante, tem-se: FR = 0 Resposta E 04. Um ponto material está em equilíbrio sob a ação de três forças, conforme mostra a figura. Dados: sen 37° = cos 53° = 0,60 e sen 53° = cos 37° = 0,80 F1 y x 37o53o F2 F3 a. Sendo F3 = 200 N, determine F1 e F2. b. O ponto material está em repouso ou em movimento? Justifique. Resolução a. Se o corpo está em equilíbrio, temos: FR = 0 . Assim: FRX = 0 ⇒ F1 · cos 37° = F2 · cos 53° 0,80 · F1 = 0,60 · F2 (1) FRY = 0 ⇒ F1 · sen 37° + F2 · sen 53°= F3 0,60 · F1 + 0,80 · F2 = 200 (2) Em (1): F2 = 4 3 · F1 Substituindo em (2), obtemos: 0,60 · F1 + 0,80 · 4 3 · F1 = 200 ⇒ F1 = 120 N Sendo F2 = 4 3 · F1 ⇒ F2 = 4 3 · 120 ⇒ F2 = 160 N b. O equilíbrio pode ser estático ou dinâmi- co. Assim, o corpo pode estar em repouso ou em movimento retilíneo uniforme. 05. O filósofo grego Aristóteles (384 a.C.- 322 a.C.) afirmava aos seus discípulos: “Para manter um corpo em movimento, é neces- sária a ação contínua de uma força sobre ele.” Esta proposição é verdadeira ou falsa? Resolução Falsa; se o corpo em movimento estiver livre da ação de forças (ou a resultante das forças atuantes for nula), ele se manterá em movi- mento retilíneo uniforme indefinidamente, de acordo com o princípio da inércia. 06. Observe a figura a seguir. I. . . . Sobre uma mesa horizontal lisa, uma esfera deixa de executar seu movimento circular uni- forme e sai tangente à curva, após o rompi- mento do fio que garantia sua circulação. Qual o tipo de movimento que a esfera realiza após o rompimento do fio? Justifique. Resolução Após estar livre da força de tração do fio, que a obrigava a alterar a direção de sua velocida- de, a esfera segue, por inércia, em movimento retilíneo uniforme. PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 15 Física 5. Referencial inercial Os referenciais definidos com base na primeira lei de Newton (lei da inércia) são chamados de referenciais inerciais. Assim, qualquer referen- cial que se move com velocidade vetorial cons- tante, em relação a um referencial inercial, tam- bém é classificado como um referencial inercial. Sistema de referência inercial é aquele relativo a um corpo que permanece em repouso ou em movimento retilíneo uniforme, quando nenhu- ma força (ou resultante) atua sobre ele. Isto é, um referencial inercial é aquele em que a pri- meira lei de Newton descreve corretamente o movimento de um corpo em equilíbrio. Normalmente, adota-se como sistema de referência inercial todo sistema de referên- cia em repouso ou em translação retilínea e uniforme em relação às estrelas fixas, que são estrelas que aparentam manter fixas suas posições no céu após muitos séculos de ob- servações astronômicas. Referencial inercial é aquele que torna válida a lei da inércia, ou seja, sistema de referên- cia que não possui aceleração em relação às estrelas fixas. Para a grande parte dos problemas de dinâmi- ca, envolvendo movimentos de curta duração na superfície terrestre, podemos considerar um sistema de referência fixo na superfície da Terra como inercial, apesar de a Terra não ser um perfeito referencial inercial por causa da sua rotação e translação curvilínea. Quando um ônibus arranca, freia ou executa uma curva, ele possui aceleração em relação ao solo. Nessas situações, os passageiros não podem justificar seus comportamentos pela dinâmica newtoniana, quando tomam o ônibus como referencial. Em tais casos, cada passageiro deve ter seu movimento analisado em relação ao solo terrestre (refe- rencial inercial). EXERCÍCIO RESOLVIDO 01. UEPG-PR O movimento de um corpo visto por um observa- dor depende do referencial no qual está situado. Sobre esse assunto, assinale o que for correto. 01. Um referencial é totalmente inercial quando está completamente imóvel em relação ao universo como um todo. 02. Um corpo que se desloca junto com o referencial está em repouso em relação ao mesmo. 04. De um referencial que se desloca com velocidade constante, a uma determi- nada altura, é solto um corpo. A traje- tória por ele descrita, vista desse refe- rencial, é retilínea. 08. As leis de Newton são válidas para qual- quer referencial, sejam eles inerciais ou não inerciais. Resolução 01. Correta, ele pode estar em movimento junto com o universo, vrelativa = 0 02. Correta 04. Correta 08. Incorreta. As leis de Newton somente são válidas para os referenciais inerciais. Resposta 07 (01 + 02 + 04) 6. Princípio fundamental ou segunda lei de Newton Enquanto a primeira lei de Newton está relacionada ao equilíbrio de um corpo (força resultante nula), a segunda lei de Newton está relacionada aos corpos acelerados (força resultante não nula). Para a segunda lei de Newton, precisamos do conceito de massa de um corpo: A massa de um corpo é uma medida quantitativa da inércia desse corpo. Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 16 Física A segunda lei de Newton estabelece que a razão entre a resultante das forças aplicadas em um corpo e a aceleração que o corpo adquire resul- ta em uma constante que é a massa do corpo: F a F a F a mR R R1 2 1 2 = = = =... constante FR = m · a Note que, como a massa é constante e sem- pre positiva, a aceleração de um corpo está na mesma direção e sentido que a resultante das forças que agem sobre ele: RF a Isso significa que, sendo a massa do corpo constante, a força resultante e a aceleração produzida possuem intensidades diretamente proporcionais. Ou seja, quantomais intensa for a força resultante, maior será a aceleração adquirida pelo corpo. Daí, pode-se enunciar a segunda lei de Newton como: A resultante das forças que agem num corpo é igual ao produto de sua massa pela aceleração adquirida. FR = m · a No caso da figura anterior, a resultante das forças está na direção horizontal e aponta para a direita. O vetor aceleração também tem a mesma direção e sentido da força: ho- rizontal e para a direita. No caso da resultan- te das forças estar numa direção qualquer, significa que a aceleração pode também ser obtida a partir de suas componentes que es- tarão cada uma na mesma direção e sentido de cada componente da resultante. Vejamos um exemplo escrito de forma vetorial, nas componentes dos vetores força e aceleração no espaço tridimensional: FR = Fx + Fy + Fz ou ainda, FR = Fx î + Fy ĵ + Fzĸ^ FR = m · ax î + m · ay ĵ + m · az ĸ^ FR = m · (ax î + ay ĵ + az ĸ^ ) aR = ax î + ay ĵ + az ĸ^ Voltando à forma de se expressar a resultan- te como o produto da massa e da aceleração, tem-se que a relação entre intensidades de FR e a constitui uma relação linear, em que a massa é numericamente igual à declividade da semirreta do gráfico FR versus a, ou seja, tan θ =N m. A. Massa: medida da inércia Os gráficos a seguir representam a relação for- ça resultante x aceleração adquirida para dois corpos A e B de massas diferentes (gráficos com declividades diferentes). FR F 0 a aA aB B A FR Observe que, para um mesmo valor (F) de força resultante, a intensidade da aceleração adquirida pelo corpo A é menor que a adqui- rida por B, ou seja, o corpo A tende a variar menos a sua velocidade que B. Isso evidencia que o corpo A oferece maior resistência à al- teração de sua velocidade, isto é, o corpo A possui maior inércia. A partir do gráfico aci- ma, temos: m Fa m Fa a a A A B B A B = = < ⇒ mA > mB Portanto, a massa de um corpo deve ser vista como uma propriedade da matéria que indica a resistência do corpo à alteração de sua ve- locidade. A unidade de medida de massa no SI é o quilo- grama (kg) e a de força, o newton (N), como o produto de 1 kg por 1 m/s2. Ou seja: Um newton (1 N) é a intensidade de força que produziria, numa massa de um quilograma (1 kg), uma aceleração de módulo um metro por segundo (1 m/s2). PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 17 Física 7. Lei da ação e reação ou terceira lei de Newton Como as forças representam a interação entre corpos, elas sempre serão representadas por pares, com características comuns, de forma que ambos os corpos ficam sujeitos a uma das forças do par, denominado ação e reação. O princípio da ação e reação constitui a tercei- ra lei de Newton e pode ser enunciado assim: Se um corpo A aplicar uma força sobre um corpo B, aquele receberá deste uma força de mesma intensidade, mesma direção e sentido oposto à força que aplicou em B. Dois fatos importantes a serem observados: 01. Ambas as forças do par ação e reação têm sempre a mesma natureza, ou seja, se uma for de atração gravita- cional, a outra também será; se uma for força de contato, perpendicular à superfície, N, a outra também será de contato e normal à superfície, e assim por diante, sempre com mesma inten- EXERCÍCIOS RESOLVIDOS sidade, mesma direção, mas sentidos contrários. 02. As forças de ação e reação sempre es- tão aplicadas em corpos distintos, ou seja, nunca a ação e a reação aparecem no mesmo corpo, de forma que jamais poderão se equilibrar. Além disso, em- bora o nome do par possa sugerir que uma anteceda a outra, a interação é sempre simultânea. Podemos observar essa troca de forças entre dois corpos, por exemplo, na colisão abaixo. A B Par ação-reação FABFBA A força que o corpo A exerce em B (FAB) e a correspondente força que B exerce em A (FBA) constituem o par ação-reação dessa interação. FABFABF = –FBA 01. Um caminhão trafega em uma avenida com ve- locidade constante de 20 m/s e transporta, em sua carroceria, uma caixa de 30 kg. Ao avistar um sinal de "pare" a 100 m, o motorista aciona os freios uniformemente e para junto ao sinal. Sabendo-se que a caixa não se desloca sobre a carroceria, o módulo da força resultante sobre ela é, em newton: 02. Um corpo de massa 5,0 kg, inicialmente em re- pouso, sofre a ação de uma força resultante du- rante 20 s e adquire uma velocidade de 30 m/s. O módulo da força resultante é: a. 5,0 N b. 7,5 N c. 10 N d. 12 N e. 15 N Resolução A aceleração do corpo é dada por: a v t a a m s= ⇒ = − ⇒ =∆∆ 30 0 20 1 5, E, de acordo com a 2ª lei de Newton, o módulo da força resultante é: FR = m · a ⇒ FR = 5,0 · 1,5 ⇒ FR = 7,5 N Resposta B a. 30 b. 50 c. 60 d. 80 e. 100 Resolução Durante o período de frenagem, a aceleração do caminhão é dada por: v2 = v02 + 2 · a · ∆s ⇒ 0 = 202 + 2 · a · 100 a = –20 m/s2 Como a caixa não se movimenta sobre a carro- ceria, ela possui a mesma aceleração do cami- nhão. Portanto, o módulo da força resultante sobre a caixa é: FR = m · a ⇒ FR = 30 · |–2,0| ⇒ FR = 60 N Resposta C Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 18 Física 03. Três forças, de módulos iguais a 50 N, agem em um ponto material de massa 2,0 kg, con- forme mostra a figura. Determine: a. o módulo da força resultante das três forças dadas; b. o módulo da aceleração do ponto ma- terial. Resolução a. Na horizontal (eixo x), temos: FRX = 50 – 30 FRX = 20 N (da esquerda para a direita). E na vertical (eixo y), temos: FRY = 50 – 40 FRY = 10 N (para cima). Portanto, o módulo da força resultante é dado por: F F F F F N R RX RY R R = + ⇒ = + = 2 2 2 220 10 10 5 ( ) ( ) b. De acordo com a 2ª lei de Newton, o mó- dulo da aceleração do ponto material é: FR = m · a ⇒ 10 5 = 2,0 · a ⇒ a = 5 5 m/s² 04. O cinto de segurança é um equipamento de uso obrigatório para todos os ocupantes de um veículo, pois ele tem contribuído para evitar tanto acidentes graves quanto mortes. Com base nas três leis de Newton, julgue as afirmativas seguintes relacionadas ao uso do cinto de segurança. I. De acordo com a 2ª lei de Newton, o cin- to de segurança, de massa m, exerce so- bre o corpo de um ocupante do veículo uma força dada por F = m · a, no sentido contrário ao movimento do veículo. II. O cinto de segurança é um dispositivo usado para neutralizar a lei da inércia, evitando que os ocupantes do veículo continuem deslocando-se para frente, quando o carro diminui sua velocidade bruscamente. III. O cinto de segurança funciona com base na 3ª lei de Newton, pois o veículo exerce uma força no cinto e ele reage, aplicando na pessoa uma força igual e de sentido contrário. Assim: a. somente a afirmativa I é correta. b. somente a afirmativa II é correta. c. somente a afirmativa III é correta. d. somente as afirmativas I e II são corretas. e. somente as afirmativas II e III são corretas. Resolução I. Incorreta. Não é a massa do cinto de segu- rança. II. Correta III. Incorreta. As forças citadas não formam um par ação-reação. Resposta B 05. Em uma avenida, ocorre um choque frontal entre um caminhão de 5,0 toneladas e um car- ro de 1,0 tonelada. a. Em qual deles atua uma força mais in- tensa? b. Para um mesmo intervalo de tempo, qual deles sofre a maior variação de velocidade? Resolução a. De acordo com a 3ª lei de Newton (ação e reação), a intensidade da força é a mesma tanto no caminhão quanto no carro. b. De acordo com a 2ª lei de Newton: F m a m v t = ⋅ = ⋅ ∆∆ . Portanto: ∆ ∆v F tm= ⋅ Sendo F e ∆t iguais para os dois móveis, temos que a variação de velocidade é inversa- mente proporcional à massa do veículo. Como o carro possui massa menor que a do cami- nhão, ele sofrerá maior variação de velocidade. PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 19 Física 8. Componentes da força resultante Sabemos que a aceleração (a) de um móvel pode ser definida pela composição vetorial da aceleração tangencial (at) com a aceleração centrípeta (ac), isto é: a = at + ac. Substituindo-se essa relaçãona expressão da segunda lei de Newton, temos: FR = m · a FR = m · (at + ac) ⇒ FR = m · at + m · ac Ao produto m · at denominamos componente tangencial (Ft) da força resultante, e ao produto m · ac, componente centrípeta (Fc) dessa força. Isso significa que podemos aplicar o princípio fundamental em duas direções, separada- mente: na direção tangente à trajetória (Ft produz at) e na direção normal à trajetória (Fc produz ac). Ou seja: Quando o movimento é acelerado, a acelera- ção e a resultante tangencial se orientam no mesmo sentido da velocidade do móvel; quan- do retardado, orientam-se em sentido oposto ao da velocidade do móvel. Retardado Acelerado v FR ar vFR ar B. Resultante centrípeta Nos movimentos curvilíneos uniformes, a for- ça resultante é centrípeta (perpendicular à ve- locidade), pois nesses movimentos há apenas aceleração centrípeta (a = ac). Ou seja: FR = Fc ⇒ FR = m · ac em que ac = v2/R (R: raio instantâneo da curva). No MCU, os vetores força resultante e acele- ração centrípeta mantêm-se perpendiculares à velocidade do móvel, ambos com sentido voltado para o centro da curva. MCU R v FR FR v ac ac FR = Ft + Fc Ft = m · at FC = m · ac Ft FR at ac Fc A. Resultante tangencial Nos movimentos retilíneos acelerados ou retardados, a força resultante é tangencial (mesma direção da velocidade), já que esses movimentos possuem apenas aceleração tan- gencial (a = at). Ou seja: FR = Ft ⇒ FR = m · at em que at = |a|(módulo da aceleração escalar). No MRUV: at = |a|=|∆v/∆t| EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. Um veículo de massa 1.200 kg freia brusca- mente quando se movia a 90 km/h (ou seja, 25 m/s) numa pista horizontal. Devido ao tra- vamento de suas rodas, nota-se que o carro deslizou retilineamente por 62,5 m até pa- rar. Admitindo-se que sua desaceleração seja constante, calcule a intensidade da força de atrito responsável pela sua frenagem. Resolução Usando-se a equação de Torricelli, vem: v2 = v02 + 2 · a · ∆s 02 = 252 + 2 · a · (62,5) ⇒ a = –5,0 m/s2 Como o movimento é retilíneo retardado, a re- sultante das forças (atrito) é tangencial. Logo, pela segunda lei de Newton, temos: FR = m · at (onde at = |a|) Fa = 1.200 · 5 = 6.000 N ⇒ Fa = 60 kN Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 20 Física 02. A figura a seguir mostra uma mesa horizontal lisa (vista de cima) sobre a qual uma pequena esfera de massa 0,50 kg, presa a um barban- te horizontal, executa movimento uniforme numa trajetória circular de raio igual a 1,0 m. Barbante1,0 m a. Faça um esquema, desenhando numa posição qualquer da trajetória circular os vetores velocidade (v), aceleração (a) e força resultante (FR) pertinentes à esfera. b. Determine a intensidade da força de tração que o barbante exerce na esfera, considerando que ela se mova a 2,0 m/s. Resolução a. v: tangente à trajetória a = ac: aceleração centrípeta FR: resultante centrípeta v FRac b. A força resultante centrípeta desse MCU é a força de tração do barbante. Logo, por meio da segunda lei de Newton, temos: F m a em que a vR T m vR T N R c c= ⋅ = = ⋅ = ⋅ ⇒ = 2 2 2 0 50 2 01 0 2 0, , , , C. Resumo das interações Vimos que as forças trocadas entre os corpos podem ser de contato ou de campo. Nos dois casos, elas sempre ocorrem aos pares como enunciado pela terceira lei. Os exemplos a seguir mostram, para algumas interações básicas, a representação das duas forças de cada par. Interações de campo Interações de contato ++ Par de forças gravitacionais Par de forças elétricas Par de forças magnéticas P –P –Fe Fm –Fm Fe m S S N N Par de forças de tração Par de forças normais Par de forças de atrito –T –N –fa T N fa Note que elas sempre estão aplicadas a corpos distintos. Vamos agora entender um pouco mais sobre cada uma das forças tratadas anteriormente, em contextos nos quais a identificação de cada uma delas assim como as implicações das leis de Newton são imprescindíveis na resolução de problemas. D. Força peso Denomina-se força peso (P) a força de campo gravitacional que a Terra exerce sobre qualquer objeto colocado próximo à sua superfície. Ela tem direção vertical e sentido para baixo. Quando a força peso é a única força presente em um corpo (numa queda livre, por exemplo), este adquire uma aceleração vertical (para baixo) denominada aceleração da gravidade (g). Logo, pela relação causa-efeito contida na segunda lei de Newton, podemos obter a intensidade P da força peso sobre um corpo de massa m , assim: PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 21 Física P Terra g (m) P = m · g Para facilidade de cálculo, é usual adotarmos o valor 10 m/s2 para a intensidade da aceleração gravitacional (g) próximo da superfície da Ter- ra. Assim, um corpo de massa m kg teria peso P = m · 10 N. Por exemplo, um corpo de massa 2,0 kg pesa 20 N. D.1. Diferença entre massa e peso No cotidiano, é comum observarmos uma pes- soa utilizar o verbo “pesar” quando se refere ao ato de medir a massa (em kg) por meio de uma balança. Esse erro conceitual, difundido há muito tempo, pode ser explicado por dois motivos: 01. as balanças comuns avaliam a massa de uma pessoa por meio de seu peso apa- rente (m = P/g), ou seja, normalmente são dinamômetros (medidores de for- ça) adaptados como balança; 02. uma antiga unidade de força denomi- nada quilograma-força (kgf) associava o valor numérico do peso de um corpo na Terra ao valor numérico de sua mas- sa, ou seja, um corpo de massa 1 kg pe- sava, na Terra, 1 kgf. Dessa forma, uma pessoa de massa 60 kg teria peso de 60 kgf, fato que permitia, facilmente, a confusão verbal entre massa e peso. No entanto, é importante lembrar que essas duas grandezas físicas, massa e peso, se rela- cionam por meio da aceleração da gravidade do local onde um corpo está, P = m · g, e g, por sua vez, é uma característica do astro, enquan- to a massa é característica do corpo. Assim, um corpo de massa m terá um peso P se estiver próximo da superfície da Terra, e um peso P’ = P/6 se for levado para a Lua, por exemplo, que tem cerca de 1/6 da aceleração da gravidade do nosso planeta. E. Força normal Partindo de uma situação de equilíbrio, vamos estudar um pouco mais um tipo de interação que aparece entre corpos apoiados uns sobre os outros: a força normal. A figura a seguir mostra um bloco de massa m em repouso sobre uma rampa com inclinação θ, em relação à horizontal. No bloco agem duas forças: a força peso (P), pelo fato de o bloco ser atraído pela Terra, e a força de contato (C), que impede que o bloco penetre na rampa. C P θ Como o bloco encontra-se em uma rampa, a força peso, além de pressionar a rampa, age no sentido de fazer o bloco deslizar rampa abaixo. Mas o bloco está em repouso e diz-se, nesse caso, que a força peso é equilibrada pela força de contato, ou seja: C = P. Essa é uma forma de escrever o equilíbrio de forças no bloco e envolve somente a intensi- dade de cada uma das forças que atuam nele. No entanto, veja que foram omitidas as forças “de reação” de ambas: peso e contato. Veja a figura a seguir que mostra também as forças que foram omitidas na primeira figura: C P θ – C – P θ Terra Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 22 Física Recordando o que foi estudado anteriormen- te: forças de ação e reação nunca se equili- bram, pois embora sejam de mesma natureza, intensidade e direção, e com sentidos contrá- rios, sempre estão aplicadas a corpos distintos. É importante compreender que, para facilitar a nossa visualização das forças aplicadas no corpo que se deseja estudar e poder “ope- rar” matematicamente com os vetores que as representam, muitas vezes omitem-se nas figuras as reações delas. Isso, no entanto, não pode absolutamente implicar no erro de se considerar que duas forças de naturezas dis- tintas, como peso e contato, formariam um par ação e reação. Embora, nas situações de equilíbrio, essas for- ças tenham a mesma intensidade, mesma di- reção e sentidos contrários,como no exemplo dado, uma das forças é de campo – ou seja, de ação à distância já que o bloco nem está em contato com a superfície do planeta, onde se representaria a reação desta força –, e outra surge da interação de contato entre o bloco e o plano inclinado, onde se representa a reação dela, vista na segunda figura. Agora, para entender como o bloco permane- ce em repouso e não escorrega rampa abaixo, vamos decompor a força de contato em duas: 01. uma, (Cy), perpendicular à superfície de contato (rampa), impede a penetração do bloco na rampa; 02. outra, (Cx), paralela à superfície de con- tato, impede o bloco de deslizar rampa abaixo. C Cx Cy P x θ θ A componente Cy recebe o nome de força nor- mal (N) e é sempre perpendicular à superfície de contato; a componente Cx recebe o nome de força de atrito e será estudada num tópico que trata exclusivamente das componentes pa- ralelas às superfícies de contato, mais adiante. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. Uma pedra lunar de massa 2,0 kg, encontrada por astronautas americanos do projeto Apollo, foi transportada para a Terra. Admitindo-se a aceleração da gravidade terrestre com intensi- dade gT = 10 m/s2, e a lunar, com intensidade gL = 1,6 m/s2, explique o que ocorreu com a massa e o peso da pedra, devido a essa mu- dança de lugar. Resolução A massa da pedra não depende do local. As- sim, ao chegar à Terra, a sua massa continua a mesma (2,0 kg). O peso da pedra, aqui na Terra, é maior (a acelera- ção da gravidade terrestre é mais intensa). Isto é: PL = m · gL = 2,0 · 1,6 ⇒ PL = 3,2 N PT = m · gT = 2,0 · 10 ⇒ PT = 20 N Nota-se que o peso da pedra aqui na Ter- ra é mais de seis vezes o valor de seu peso na Lua. Ou seja, o peso da pedra aumentou. 02. UFTM-MG Em 1971, no final da última caminhada na su- perfície da Lua, o comandante da Apollo 15, astronauta David Scott, realizou uma demons- tração ao vivo para as câmeras de televisão, deixando cair uma pena de falcão de 0,03 kg e um martelo de alumínio de 1,32 kg. Assim ele descreveu o experimento: Bem, na minha mão esquerda eu tenho uma pena, na minha mão direita, um mar- telo. Há muito tempo atrás Galileu fez uma descoberta muito significativa sobre obje- tos em queda em campos gravitacionais, e nós pensamos: que lugar seria melhor para confirmar suas descobertas do que na Lua? Eu deixarei cair a pena e o martelo (...) Depois de abandonados simultaneamente e da mesma altura a pena e o martelo, Scott co- mentou: O que acham disso? Isso mostra que o Sr. Galileu estava correto em sua des- coberta. PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 23 Física A descoberta de Galileu, comprovada pelo as- tronauta David Scott na superfície da Lua, foi de que: a. na Lua não há gravidade e, portanto, a pena e o martelo flutuaram. b. em queda livre, um corpo mais pesado, como o martelo, chega ao solo em me- nos tempo do que um mais leve, como a pena. c. ambos os objetos chegam juntos ao solo, pois como a gravidade lunar é desprezível, não importa qual objeto tem maior massa. d. na ausência de resistência do ar, o cor- po mais pesado (martelo) chega pri- meiro ao solo, pois a gravidade de um planeta é diretamente proporcional à massa do corpo que cai. e. na ausência de resistência do ar, mes- mo com massas diferentes, eles levam o mesmo intervalo de tempo para che- gar ao solo, pois caem com a mesma aceleração. Resolução Livres da resistência do ar, a força que acelera os objetos é a força peso, P = m · g, de modo que Pmartelo ≠ Ppena ,mas a aceleração de ambos é a mesma. Resposta E 03. Uma caixa de 10 kg encontra-se em repouso so- bre uma mesa horizontal. Considere g = 10 m/s2. a. Quais forças agem na caixa? Quais os seus módulos? b. Explique a interação que dá origem a cada uma delas. Resolução a. Na caixa agem duas forças: peso e normal, conforme mostra a figura. P N Em módulos, temos: P = m · g = 10 · 10 ⇒ P = 100 N Como a caixa está em repouso: FR = 0 ⇒ N = P = 100 N b. A força peso é uma força de ação à distân- cia, fruto da interação entre a caixa e a Terra. A força normal é uma força de contato, fruto da interação da caixa com a mesa. 04. PUC-RJ Três objetos são acelerados de modo que o pri- meiro (a1) faz um movimento circular uniforme de raio R = 2,0 m e velocidade v = 4,0 m/s. O segundo objeto (a2) desce um plano inclinado sem atrito de inclinação a = 30°. O terceiro ob- jeto (a3) cai em queda livre. Considerando g = 10 m/s2, encontre a com- paração correta para os módulos das acele- rações acima. a. a3 > a2 = a1 b. a3 > a2 > a1 c. a3 > a1 > a2 d. a1 > a2 = a1 e. a2 > a3 = a1 Resolução 1. MCU a v R a ⇒ = = = 1 2 2 1 4 2 8 0, m/s2 2. Plano inclinado sem atrito: a2 = g · sen 30° = 10 · 0,50 a2 = 5,0 m/s2 3. Queda livre: a3 = g = 10 m/s2 Portanto: a3 > a1 > a2 Resposta C 05. Um bloco de 10 kg desloca-se em movimento retilíneo uniformemente acelerado, apoiado em uma superfície horizontal totalmente lisa, devido à ação de uma força F, conforme figura. F α Sabe-se que a intensidade da reação normal da superfície de apoio sobre o bloco é 40 N. Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 24 Física Sendo g = 10 m/s², sen a = 0,60 e cos a = 0,80, a aceleração escalar do bloco é: Sendo P = m · g = 10 · 10 = 100 N e N = 40 N, temos: Na vertical: N + F · sen a = P 40 + F · 0,60 = 100 F = 100 N Na horizontal: FR = F · cos a m · a = F · cos a 10 · a = 100 · 0,80 ⇒ a = 8,0 m/s² Resposta C F. Força de tração Como vimos, uma das forças que surge da interação entre corpos recebe o nome de tração. Assim como a força elástica, a seguir, ela pode ser vista como uma força de contato entre partes pon- tuais de cabos e corpos suspensos por eles ou que estão sendo puxados por uma corda ou fio, geralmente considerados ideais (com massas desprezíveis e inextensíveis). É comum, também, que esses cabos passem por polias, consideradas ideais, de modo que o tra- tamento de sistemas de várias forças possa ser resolvido de forma simplificada. Isso nos dá uma ideia bastante boa de como polias e cabos podem ser utilizados para reduzir a força necessária a ser aplicada a um sistema, como veremos nos próximos exemplos. G. Força elásti ca Outra força de contato, considerada pontual, é a força de mola, ou elástica. O cientista inglês Robert Hooke (1635-1703) empresta seu nome à relação entre a força e o deslo- camento sofrido pela massa, F = – k · x, em que k é a constante de proporcionalidade que depen- de basicamente das características da mola e x é a variação do comprimento da mola. O sinal negativo significa que as grandezas força e deslocamento possuem sempre sentidos opos- tos. Se a força externa forçar a compressão da mola, a força elástica aparecerá no sentido contrá- rio a essa compressão e, se a força externa tentar distender a mola, a força elástica será, também neste caso, contrária a essa ação. No sistema internacional (SI), a deformação da mola é medida em metros e a constante elástica em newton por metro. H. Medidores de força Os dinamômetros são aparelhos constituídos por uma mola que, no intervalo em que atuam, obedecem à lei de Hooke e servem para medir a intensidade de uma força. A mola do dinamômetro, ao receber a ação de uma força, é deformada, possibilitando que a intensidade da força aplicada seja associada à essa deformação. newton (N) F = 1 N 10 2 3 4 newton (N) 10 2 3 4 a. 4,0 m/s² b. 6,0 m/s² c. 8,0 m/s² d. 10 m/s² e. 12 m/s² Resolução A figura mostra o diagrama de forças no bloco. P FN α PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 25 Física H.1. Dinamômetro de tração Denomina-se dinamômetro de tração o apa- relho utilizado para medir a intensidade de forças de tração. Em situações de equilíbrio, o peso do corpo é equilibrado pela força de tra- ção do cabo que o sustenta e a mola interna ao dinamômetro permite a medida dessa força, de acordo com a lei da ação e reação. Intensidade da tração –T P P T H.2. Dinamômetro de compressão Denomina-se dinamômetro de compressão o instrumentoutilizado para medir a intensida- de da força normal (compressão). Nesse caso, o elemento elástico (mola) do aparelho será comprimido pela força que se pretende medir. Quando um corpo é apoiado sobre tal tipo de instrumento, este indica a intensidade da força normal trocada entre ele e o corpo apoiado, segundo o mesmo princípio da ação e reação. Intensidade da normal P –N N P EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. Uma mola apresenta um comprimento de 20 cm quando tracionada por uma força de 20 N e um comprimento de 25 cm quando tracionada por uma força de 40 N. A constante elástica da mola, em N/m, é: a. 100 b. 160 c. 200 d. 400 e. 500 Resolução Sendo L0 o comprimento inicial da mola (sem deformação) e F = k · x, escrevemos: 20 = k · x1 ⇒ 20 = k · (0,20 – L0) (1) 40 = k · x2 ⇒ 40 = k · (0,25 – L0) (2) Efetuando (2) – (1), obtemos: 40 – 20 = k · (0,25 – 0,20) ⇒ k = 20 0 05, k = 400 N/m Resposta D Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 26 Física 02. Para levantar uma caixa de 20 kg que se en- contra no solo, uma pessoa utiliza uma rolda- na e um cabo, conforme figura. Considere g = 10 m/s² e despreze a massa do cabo. Se a pessoa puxar o cabo verticalmente para baixo, com uma força de 120 N, o valor da força que o solo aplicará na caixa será: a. 320 N b. 200 N c. 160 N d. 120 N e. 80 N Resolução Como a força de tração que o cabo transmite do homem para a caixa é menor que o peso da caixa, o homem não consegue levantá-la. Nessas condições, de acordo com o diagra- ma de forças da caixa mostrado na figura se- guinte, temos: P N T N + T = P ⇒ N = m · g – T N = 20 · 10 – 120 ⇒ N = 80 N A força de contato entre o solo e a caixa possui módulo de 80 N. Resposta E 03. EEAR-SP A figura representa uma placa de propagan- da, homogênea e uniforme, pesando 108 kgf, suspensa por dois fios idênticos, inextensíveis e de massas desprezíveis, presos ao teto ho- rizontal de um supermercado. Cada fio tem 2 metros de comprimento, e a vertical (h), entre os extremos dos fios presos na placa e o teto, mede 1,8 metros. A tração (T), em kgf, que cada fio suporta para o equilíbrio do sistema, vale: a. 48,6 b. 54,0 c. 60,0 d. 80,0 h h θ θ T T Resolução Do equilíbrio, tem-se que: 2 2 2 108 2 1 82 60 · , , T cos P T P cos com cos h T T kgf ⋅ = = ⋅ = = ⋅ = θ θ θ Resposta C 04. PUC-RJ Alberto (A) desafiou seu colega Cabral (C) para uma competição de cabo de guerra, de uma maneira especial, conforme mostrada na figu- ra. Alberto segurou no pedaço de corda que passava ao redor da polia enquanto Cabral segurou no pedaço atado ao centro da polia. Apesar de mais forte, Cabral não conseguiu puxar Alberto, que lentamente foi arrastando PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 27 Física o seu adversário até ganhar o jogo. Sabendo que a força com que Alberto puxa a corda é de 200 N e que a polia não tem massa nem atritos: A C a. especifique a tensão na corda que Al- berto está segurando; b. desenhe as forças que agem sobre a po- lia, fazendo um diagrama de corpo livre; c. calcule a força exercida por Cabral so- bre a corda que ele puxava; d. considerando que Cabral foi puxado 2,0 m para a frente, indique quanto Alberto andou para trás. Resolução a. A tensão na corda corresponde à força que Alberto fez, T = 200 N. b. T T Fc c. A polia está sendo arrastada quase esta- ticamente, ou seja, em equilíbrio, portanto: FC = 2 · FA ⇒ FC = 400 N Isto pode ser visto de outro modo, dado que a massa da polia é: mp = 0: FC – 2 · T = FC – 2 · FA = mp · ap = 0 FC = 2 · FA = 400 N. Na prática, o valor da força exercida por Cabral é ligeiramente me- nor que 400 N, devido às massas finitas de po- lias e cordas reais. d. A polia se move de uma distância d = 2,0 m, a mesma percorrida por Cabral, corresponden- te à metade da corda desenrolada por Alberto. Assim, a distância que Alberto percorre é o do- bro daquela percorrida por Cabral: 4,0 m. 05. FEI-SP Nos portos, para carregar navios, os guindas- tes possuem um sistema de polias móveis para multiplicar a força, visto que as cargas a serem elevadas são muito pesadas. Um guindaste simples possui o esquema abaixo. Qual é a for- ça que o motor deverá fazer para elevar uma carga de 1 tonelada? Carga F a. 200 kgf b. 100 kgf c. 500 kgf d. 750 kgf e. 250 kgf Resolução Do equilíbrio das forças em cada fio, temos: P 4 P 4 P 4 P 4 P 2 P 2 P P 2 Assim, com F P F kgf F kgf = = = 4 1000 4 250 Resposta E Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 28 Física 06. A mola ideal da figura varia seu comprimento de 12 cm para 17 cm quando penduramos em sua extremidade um corpo A (em repouso) de peso 10 N. 10 N 12 cm 17 cm a. Qual a constante elástica da mola, em N/m? b. Qual o comprimento dessa mola, quan- do ela sustentar em equilíbrio um cor- po B de peso 20 N? Resolução a. A deformação ocorrida na mola vale: x = L − L0 = 17 − 12 = 5 cm = 0,05 m Pelo fato de o bloco A estar em equilíbrio, vem: F P k x P k Px N m k N m = ⋅ = = = ⇒ = 10 0 05 200, / b. Como o peso do corpo B é o dobro do peso de A, a mola terá sua deformação du- plicada (de 5 cm para 10 cm). Logo, o compri- mento da mola, quando ela sustenta o corpo B, será: L = L0 + x = 12 + 10 ⇒ L = 22 cm 07. A figura mostra um dinamômetro sendo usado para medir o peso de um bloco. a. Faça o diagrama de forças que agem no bloco. b. Quais as forças que agem no dinamô- metro? Resolução a. No bloco agem duas forças: tração do fio e peso. A tração do fio é igual, em módulo, à força elástica do dinamômetro. P T b. No dinamômetro agem três forças: peso (vertical para baixo), tração do fio superior de- vido ao teto (vertical para cima) e tração do fio inferior devido ao bloco (vertical para baixo). 08. Um automóvel é rebocado por um caminhão numa pista horizontal, com aceleração de 1,0 m/s², por meio de um cabo de aço que contém um dinamômetro, conforme figura. Considere a massa do automóvel igual a 1.000 kg e as massas do cabo de aço e do dina- mômetro desprezíveis. Sabendo que no auto- móvel age uma força F, contrária ao movimen- to, de 2.000 N: PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 29 Física a. faça os diagramas de forças no automó- vel e no dinamômetro; b. determine a indicação do dinamômetro. Resolução a. As figuras a seguir mostram os diagramas de forças no automóvel e no dinamômetro. T P F N T1 T2 b. O automóvel está acelerado. Assim, te- mos: FR = T – F ⇒ T = m · a + F T = 1.000 · 1,0 + 2.000 ⇒ T = 3.000 N T = T1 (ação e reação). Portanto: T1 = 3.000 N Como a massa do dinamômetro é despre- zível, temos: T1 = T2 = 3.000 N Portanto, o dinamômetro está tracionado por uma força de 3.000 N. I. Força de atrito Como visto anteriormente, uma das formas de interação de contato é denominada força de atri- to. Essas forças aparecem quando existe contato entre superfícies e são sempre paralelas a elas. Às vezes, essas forças impedem um corpo de se movimentar sobre o outro, e, neste caso, as forças são chamadas de forças de atrito estático. Do contrário, mesmo na presença da força de atrito o movimento entre as superfícies acontece, ela é denominada força de atrito dinâmico. Na realidade sempre existe esse tipo de interação entre duas superfícies em contato, mas quando ela representa uma fração muito pequena das forças envolvidas, pode-se desprezá-la. I.1. Força de atrito estáti co A força de atrito estático é devida às interações do corpo e da superfície de apoio, que impedem o deslizamento do bloco. De modo geral, a força de atrito estático ocorre quando o corpo é soli- citado por uma força que não consegue colocá-lo em movimento. No caso de um bloco em equilíbrio em um plano horizontal, sendo puxado por uma força Fhorizontal, a força de atrito estático Fae é horizontal e se opõe à tendência de movimento do bloco, conforme figura. F Fae v = 0 Como o bloco está em equilíbrio, a intensidade da força de atrito estático é igual à intensidade da força aplicada no corpo. Fae = F A intensidade da força de atrito estáticovaria de zero até um valor máximo, que é proporcional ao módulo da força normal (N) de contato. Assim, temos: Fae ≤ μe · N Nessa expressão, μe é o coeficiente de atrito estático, um número sem unidades, associado a interações das superfícies atritadas. Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 30 Física Se a intensidade da força aplicada for igual à do atrito estático máximo, o corpo está na imi- nência de movimento. Se a intensidade da for- ça aplicada for maior do que a intensidade da força de atrito estático máximo, o corpo entra em movimento. Nesse caso, a força de atrito deixa de ser estática e passa a ser cinética ou dinâmica. I.2. Força de atrito cinéti co Notamos que quando uma caixa, apoiada num piso horizontal, recebe um impulso, à medida que se movimenta, ela perde velocidade até parar. Isso acontece em razão do atrito exis- tente entre a caixa e o piso. À força de atrito entre a caixa e o piso, enquanto a caixa está em movimento, damos o nome de força de atrito cinético (Fac ) v Fac v ≠ 0 A força de atrito cinético é constante e não de- pende da velocidade do corpo. Sua intensida- de é diretamente proporcional à intensidade da força normal (N) de compressão entre o corpo e a superfície: Fac = μc · N Nessa expressão, μc é o coeficiente de atrito cinético. De modo análogo ao atrito estático, o coeficiente de atrito cinético é um número sem unidades, associado às superfícies atrita- das. Na prática, o coeficiente de atrito cinético é menor do que o coeficiente de atrito estático, ou seja: μc < μe. Isso significa dizer que é mais fácil manter um corpo em movimento do que colocá-lo em movimento. Para um corpo em repouso, solicitado por uma força F crescente, o gráfico do módulo da for- ça de atrito Fa, em função do módulo da força F, é dado na figura a seguir. Fa Fae(máx.) 0 Fac F Devemos observar que: • enquanto o módulo da força de atrito não atingir o valor máximo, ele será igual ao módulo da força F; • a partir do instante em que o bloco entra em movimento, a força de atrito passa a ser cinética e seu módulo per- manece constante. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. Um bloco com 50 kg de massa encontra-se em repouso sobre uma superfície horizontal. Os coeficientes de atrito estático e cinético, entre o bloco e a superfície, valem, respectivamen- te, 0,30 e 0,25. Uma força horizontal F é aplica- da no bloco. Considere g = 10 m/s². Determine o módulo da força de atrito no bloco nos se- guintes casos: a. F = 120 N; b. F = 150 N. Resolução A força de atrito estático máxima é dada por: Fae(máx.) = μe · N = μe · m · g ⇒ Fae(máx.) = 0,30 · 50 · 10 Fae(máx.) = 150 N E a força de atrito cinético é: Fac = μc · N = μc · m · g ⇒ Fac = 0,25 · 50 · 10 Fac = 125 N a. Sendo a força aplicada (120 N) menor que a força de atrito estático máxima, o bloco con- tinua em repouso. Portanto: Fa = F = 120 N b. Sendo F = 150 N, maior que a força de atrito estático máxima, o bloco entra em mo- vimento. Nessas condições, a força de atrito é cinética. Portanto: Fa = Fac = 125 N PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 31 Física 02. Um corpo de massa 10 kg desliza sobre uma superfície horizontal em movimento acelerado com a = 2,0 m/s², sob a ação de uma força hori- zontal F = 50 N. Sendo g = 10 m/s², o coeficiente de atrito cinético entre o corpo e a superfície horizontal é: a. 0,10 b. 0,20 c. 0,25 d. 0,30 e. 0,35 Resolução N = P = m · g ⇒ N = 10 · 10 = 100 N Movimento acelerado: FR = F – Fa ⇒ m · a = F – μc · N 10 · 2,0 = 50 – μc ·100 ⇒ μc = 0,30 Resposta D 03. Um automóvel de massa 980 kg e velocidade de 90 km/h é brecado e percorre 50 m até pa- rar. Determine o coeficiente de atrito entre os pneus do automóvel e a pista horizontal. Con- sidere g = 10 m/s² e que no momento da fre- nagem as rodas ficam travadas. Resolução Durante a fase de frenagem, a aceleração do automóvel é: v2 = v02 + 2 · a · ∆s 0 90 3 6 2 50 6 25 2 = + ⋅ ⋅ ⇒ = −, ,a a m/s 2 Sendo FR = Fa = μc · N e N = P = m · g, temos: m · a = μc · m · g ⇒ µ µc c a g = = ⇒ =6 25 10 0 625, , 04. Um bloco de massa 20 kg, em repouso sobre uma superfície horizontal, recebe a ação de uma força horizontal F. A figura seguinte mos- tra a relação entre a intensidade da força de atrito e a intensidade da força F aplicada. Fatrito(N) 100 100 80 0 Faplicada(N) Com base nesses dados e considerando g = 10 m/s², julgue as afirmativas seguintes. I. A intensidade máxima da força de atri- to estático é 100 N, e o coeficiente de atrito estático entre o bloco e a superfí- cie horizontal é 0,50. II. Sendo Faplic. > 100 N, então o coeficiente de atrito entre o bloco e a superfície é cinético e vale 0,40. III. O bloco entra em movimento desde que Faplic. > 80 N. Resolução I. Correta. De acordo com o gráfico: Fae(máx.) = 100 N Sendo Fae(máx.) = μe · N e N = P = m · g, temos: Fae(máx.) = μe · m · g ⇒ 100 = μe · 20 · 10 μe = 0,50 II. Correta. Sendo Faplic. > 100 N, o bloco entra em movimento. Nesse caso, a força de atrito é cinética. Assim: Fac = μc · N = μc · m · g. Substi- tuindo os valores: 80 = μc · 20 · 10 ⇒ μc = 0,40 III. Incorreta. Para o bloco entrar em movi- mento, devemos ter: Faplic. > 100 N. Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 32 Física 1. Introdução Neste módulo, será analisado o movimento re- tilíneo de sistemas de blocos sobre superfícies horizontais e sobre superfícies inclinadas, além do movimento vertical de blocos suspensos. Para isso, usaremos as três leis de Newton. De modo geral, o método de análise desses sistemas consiste, basicamente, dos procedi- mentos que se seguem: 01. Assinalamos em cada bloco todas as forças atuantes, lembrando que for- ças trocadas internamente entre dois blocos do sistema constituem um par ação-reação, ou seja, possuem as mes- mas intensidades. 02. Em movimentos em planos horizontais, as forças verticais se equilibram. Assim, se houver resultante de forças em cada bloco do sistema, ela será uma força horizontal, o que impõe a existência de uma aceleração na mesma direção do movimento, ou seja, horizontal. 03. Se a resultante das forças for igual a zero, o bloco em estudo está em equi- líbrio, repouso ou MRU, mas se a resul- tante das forças for diferente de zero, o bloco apresenta movimento com velo- cidade variável. Nesse caso, aplicando a segunda lei de Newton, pode-se cal- cular a taxa de variação da velocidade. Antes, porém, de analisarmos as dife- rentes situações de aplicações das leis de Newton na resolução de problemas, vamos conhecer instrumentos capazes de medir a intensidade das forças. 2. Sistemas de blocos A. Blocos tracionados em superfí cie horizontal A figura a seguir mostra dois blocos, A e B, de massas iguais a 3,0 kg e 2,0 kg, respectiva- mente, apoiados numa superfície horizontal isenta de atritos. O fio que liga A em B é ideal (massa desprezível e inextensível). Sendo o módulo da força horizontal, que puxa o siste- CAPÍTULO 03 APLICAÇÕES DAS LEIS DE NEWTON ma, igual a 20 N, qual é a aceleração de cada bloco e a tração no fio que une os blocos? A figura ilustra as forças atuantes em cada blo- co e no fio, bem como os pares ação-reação: B A 3,0 kg2,0 kg Fio a F Observando o equilíbrio das forças verticais, identifiquemos a intensidade da resultante horizontal em cada bloco: Ação e reação Ação e reação F PA PB NB NA T1 T1Fio –T2 T2– AB • Bloco A : FRA = F – T1 ⇒ mA · a = F – T1 (1) • Fio ideal : FR(F) = T1 – T2 mF · a = T1 – T2 (2) • Bloco B : FRB = T2 ⇒ mB · a = T2 (3) Como o fio é ideal, (mF = 0), T1 = T2. Assim, soman- do as expressões acima, obtemos: ( )m m a F a F m mA B A B + ⋅ = ⇒ = + Substituindo os valores numéricos, obtemos: a a m s= + ⇒ = 20 3 0 2 0 4 0 2 , , , / A intensidade da força de tração que o fio exer- ce nos blocos pode ser obtida, por exemplo, pela equação (3): T = T1 = T2 = mB · a ⇒ T = 2,0 · 4,0 ⇒ T = 8,0 N B. Blocos empurrados em superfí cie horizontal Consideremos um sistema formado por trêsblo- cos, A, B e C, de massas mA = 3,0 kg, mB = 2,0 kg PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 33 Física e mC = 1,0 kg, em repouso, encostados entre si e apoiados sobre uma superfície horizontal. O con- junto é empurrado por meio de uma força hori- zontal F = 24 N, conforme mostra a figura. Sendo o coeficiente de atrito cinético entre cada bloco e a superfície horizontal igual a 0,20, qual é a acelera- ção de cada bloco? Utilize g = 10 m/s². a F B C A 3,0 kg 2,0 kg 1,0 kg Inicialmente, assinalamos as forças atuantes em cada bloco, conforme mostra a figura. F FaA FaB FaC A B C F1–F1 F2 NC NB PB PC NA PA –F2 Em cada bloco, na vertical temos o equilíbrio das forças, ou seja, N = P = m · g. Na horizon- tal, o sistema de blocos acelera para a direita. Assim, aplicando a 2ª lei de Newton para cada bloco, obtemos: • Bloco A: FRA = F – F1 – FaA mA · a = F – F1 – μc · NA (1) • Bloco B: FRB = F1 – F2 – FaB mB · a = F1 – F2 – μc · NB (2) • Bloco C: FRC = F2 – FaC • mC · a = F2 – μc · NC (3) • Somando as equações (1), (2) e (3), ob- temos: • mA · a + mB · a + mC · a = = F – μc · NA – μc · NB – μc · NC • Isolando a aceleração a, temos: a F N N N m m m a F g m m m m m m c A B C A B C c A B C A B C = − ⋅ + ++ + = − ⋅ ⋅ + + + + µ µ ( ) ( ) Substituindo os valores numéricos, obtemos o valor da aceleração do sistema de blocos: a a m s = − ⋅ ⋅ + ++ + = 24 0 20 10 3 0 2 0 1 0 3 0 2 0 1 0 2 0 2 , ( , , , ) , , , , / Observação Se o atrito entre os blocos e a superfície hori- zontal for desprezível (μC = 0), a aceleração dos blocos é dada por: a F m m m a m s A B C = + + = + + = 24 3 0 2 0 1 0 4 0 2 , , , , / EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. A figura ilustra um avião ligado a um planador por um cabo de aço, acelerando ao longo de uma pista para levantar voo. FA aA aP T T Sendo FA a intensidade da força que impulsiona o avião; T a intensidade da força de tração no cabo de aço; aA a aceleração do avião e aP a aceleração do planador, assinale a alternativa correta que relaciona essas grandezas. Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 34 Física a. FA = T e aA = aP b. FA > T e aA > aP c. FA < T e aA = aP d. FA > T e aA = aP e. FA = T e aA < aP Resolução Para o conjunto avião + planador, temos: F F F m m a a F m mA R A A p A A p = ⇒ = +( )⋅ ⇒ = + A aceleração é a mesma para os dois: avião e planador. A tração no cabo que interliga o avião com o planador é dada por: T = mp · a Portanto: T < FA Resposta D 02. Dois carrinhos de supermercado, A e B, de massas 18 kg e 12 kg, respectivamente, inter- ligados por um cabo, são puxados horizontal- mente por uma pessoa que aplica uma força F de intensidade 30 N. F Cabo B A Devido a existência de rodas nos carrinhos, o atrito pode ser desprezado. Nessas condições, determine: a. a aceleração de cada carrinho; b. a tração no cabo que interliga os car- rinhos. Resolução a. Na vertical, em cada carrinho, as forças peso e normal equilibram-se. Na horizontal, como não existe atrito, a força F é a força re- sultante do sistema formado pelos dois carri- nhos. Assim, a aceleração de cada carrinho, que é igual à aceleração do conjunto, vale: F = FR ⇒ F = (mA + mB) · a ⇒ 30 = (18 + 12) · a a = 1,0 m/s2 b. Observe na figura dada que a tração no cabo que interliga os carrinhos é a força resul- tante no carrinho B. Assim, temos: T = FRB ⇒ T = mB · a ⇒ T = 12 · 1,0 ⇒ T = 12 N Obs.: para calcular a tração no cabo, podemos usar o bloco A no lugar de B. Nesse caso, a for- ça resultante é dada por: FRA = F – T ⇒ mA · a = F – T ⇒ T = F – mA · a T = 30 – 18 · 1,0 ⇒ T = 12 N 03. Dois blocos, A e B, sendo mA > mB, estão em repouso sobre uma mesa horizontal. Uma for- ça, de modulo F, é aplicada em A, conforme figura I. Em seguida, a força é aplicada em B, conforme figura II. F B A Figura IIFigura I F B A Desprezando os atritos, podemos afirmar que: a. a aceleração do conjunto em I é menor que em II. b. graças à 3a lei de Newton (ação e rea- ção), a intensidade da força de contato entre os blocos é a mesma nas situa- ções I e II. c. a intensidade da força de contato entre os blocos é maior na situação I. d. a aceleração dos blocos é a mesma nas duas situações. e. a aceleração do bloco A é maior em I que em II. Resolução Nas duas situações, temos: F F m m a a F m mR A B A B = = + ⋅ ⇒ = +( ) Portanto, a aceleração dos blocos é a mesma nas duas situações. Em relação à força de contato entre os blo- cos, temos: Em I: FAB = mB · a Em II: FBA = mA · a Como mA > mB ⇒ FBA > FAB. A intensidade da força de contato entre os blocos é maior na situação II. Resposta D PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 35 Física C. Blocos em plano verti cal: máquina de Atwood A figura abaixo representa a montagem realiza- da pelo físico inglês George Atwood (1745-1807) para estudar corpos em queda. B A mA > mB Supondo que a roldana apresente massa des- prezível em relação às demais do sistema, te- mos os seguintes esquemas de forças atuan- tes, após o sistema ser liberado: Bloco A Bloco B Roldana T T T T PA PB T1 A BAa Ba Como o peso do bloco A é maior que o do blo- co B, o bloco A desce em movimento acelera- do e o bloco B sobe em movimento acelerado, tal que aA = aB = a. Assim, temos: • Bloco A: FR(A) = PA – T mA · a = mA · g – T (1) • Bloco B: FR(B) = T – PB mB · a = T – mB · g (2) Somando-se as equações (1) e (2) e isolando a aceleração a, obtemos: a m m m m gA Bm mA Bm m A Bm mA Bm m = m m−m m+m m+m mm mA Bm m+m mA Bm m ⋅ A intensidade da tração no fio que une os blo- cos é dada por: T = mA · (g – a) ou T = mB · (g + a) D. Sistemas de blocos horizontal-verti cal A figura a seguir apresenta um bloco A apoia- do numa superfície horizontal perfeitamente lisa e ligado, através de um fio, a um bloco B, que se encontra dependurado. A B Graças à inexistência de atrito entre o bloco A e o plano horizontal, podemos afirmar que, qualquer que seja a massa do bloco B, os blo- cos entrarão em movimento acelerado, sendo a aceleração de módulo igual para os dois blocos. As figuras abaixo apresentam os diagramas das forças atuantes nos dois blocos: PB NA aA aB PA A BT T De acordo com as figuras acima, as equações para os dois blocos são as seguintes: • bloco A: FR(A) = T = mA · a • bloco B: FR(B) = PB – T= mB · a Somando as duas equações correspondentes às forças resultantes, temos: PB = mA · a + mB · a mB · g = (mA + mB) · a ⇒ a m g m m Bm gBm g A Bm mA Bm m = m g⋅m g+m m+m mm mA Bm m+m mA Bm m A tração no fio que une os dois blocos é dada por: T = mA · a Como exemplo numérico, consideramos mA = 8,0 kg, mB = 2,0 kg e g = 10 m/s2. Nessas condições, temos: a. a m g m m a a m s B A B = ⋅ + = ⋅ + ⇒ = 2 0 10 8 0 2 0 2 0 2 , , , , / b. T = mA · a T = 8,0 · 2,0 ⇒ T = 16 N Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 36 Física 02. Mackenzie-SP modificado No esquema a seguir, a polia e o fio são conside- rados ideais e os corpos A e B se deslocam com velocidade escalar constante e igual a 2,0 m/s. A B Sabendo-se que a massa do corpo A é 1,5 kg e que a massa do corpo B é 10 kg, o coeficiente de atrito dinâmico entre sua base de apoio e o plano horizontal de deslocamento é: 01. Dois blocos, A e B, de massas 7,0 kg e 3,0 kg, respectivamente, partem do repouso, confor- me indicado na figura seguinte. A B 8,0 m Considerando g = 10 m/s2, determine a veloci- dade do bloco A ao atingir o solo. Resolução Nos dois blocos agem as forças peso e tração. Sendo PA > PB, temos: • Bloco A: FR(A) = PA – T mA · a = mA · g – T (1) • Bloco B: FR(B) = T – PB mB · a = T – mB · g (2) Dessas duas relações, obtemos: a m m m m g a a A B A B = −+ ⋅ = −+ ⋅ ⇒ = 7 0 3 0 7 0 3 0 10 4 0 2, , , , , m/s Como o bloco A parte do repouso, sua veloci- dade após percorrer8,0 m com aceleração de 4,0 m/s2 é dada por: v2 = v02 + 2 · a · h ⇒ v2 = 0 + 2 · 4,0 · 8,0 ⇒ v = 8,0 m/s EXERCÍCIOS RESOLVIDOS E. Plano inclinado Vamos considerar agora um bloco de massa m apoiado num plano inclinado de um ângulo a em relação à horizontal, de modo que ele possa deslizar em movimento acelerado. O coeficiente de atrito cinético entre o bloco e o plano inclinado é μc. A figura seguinte ilustra as forças que atuam no bloco: a força peso e as componentes da força de contato (normal e atrito). Considerando um sistema cartesiano (x, y), de modo que um dos eixos seja paralelo ao plano inclinado (eixo x) e o outro perpendicular (eixo y), podemos decompor a força peso nos dois eixos: Px = P · sen a e Py = P · cos a. a. 0,10 b. 0,15 c. 0,20 d. 0,25 e. 0,30 Resolução A B T PA Fa T Velocidade constante: T = PA e T = Fa Portanto: F P m g m ga A B A= ⇒ ⋅ ⋅ = ⋅ = ⇒ = µ µ µ1 5 10 0 15, , Resposta B PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 37 Física EXERCÍCIOS RESOLVIDOS N P x y Px Py Fa Como há equilíbrio no eixo y, então: N = Py = P · cos a No eixo x, como o bloco acelera para baixo, temos: FR = Px – Fa ⇒ m · a = m · g · sen a – μc · N Sendo N = m · g · cos a, a aceleração do bloco é dada por: a = g · (sen a – μc · cos a) Observações No caso de não existir atrito entre o bloco e o pla- no inclinado, a aceleração do bloco é dada por: a = g · sen a Se o bloco está em repouso no plano (a = 0), mas na iminência de deslizar, então o coeficiente de atrito é estático e o ângulo α é tal que: Px = Fae m · g · sen a = μe · m · g · cos a tg a = μe, ou seja, esse resultado também mostra que o coeficiente de atrito, que de- pende basicamente da interação entre as superfícies do bloco e do plano inclinado, depende também da inclinação do plano. 01. Um bloco de massa 10 kg é colocado no alto de uma rampa inclinada 37° com a horizontal. Os coeficientes de atrito estático e cinético, entre o bloco e a rampa, são, respectivamente, 0,25 e 0,20. O bloco permanece em repouso ou entra em movimento? Justifique. Dados: g = 10 m/s2, sen 37° = 0,60 e cos 37° = 0,80 Resolução A figura mostra o diagrama de forças no bloco colocado na rampa. N P37o 37o Fa Com base na figura, temos: N = P · cos 37° ⇒ N = m · g · cos 37° = 10 · 10 · 0,80 N = 80 N Fae (máx.) = µe · N = 0,25 · 80 ⇒ Fae = 20 N Fac = µc · N = 0,20 · 80 ⇒ Fac = 16 N Px = P · sen 37° ⇒ Px = m · g · sen 37° Px = 10 · 10 · 0,60 Px = 60 N Sendo Px > Fae (máx.), o bloco entra em movimen- to acelerado, com aceleração igual a: FR = Px – Fac ⇒ 10 · a = 60 – 16 ⇒ a = 4,4 m/s2 02. Dois blocos, A e B, estão dispostos conforme mostra a figura. O coeficiente de atrito entre o bloco A, de 10 kg de massa, e o plano inclinado é 0,15. 30o A B Determine a massa do bloco B, sabendo- se que ele se movimenta para baixo com a = 2,0 m/s2. Adote g = 10 m/s2, sen 30° = 0,50 e cos 30° = 0,87. Resolução A figura mostra os diagramas de forças nos dois blocos. 30o A B NA TA PA TB PB FaA Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 38 Física Sendo TA = TB = T, para o sistema (A + B) acele- rado, temos: FR(AB) = PB – (PA · sen 30° + Fa(A)) (mA + mB) · a = mB · g – (mA · g · sen 30° + + µ · mA · g · cos 30°) (10 + mB) · 2,0 = mB · 10 – (10 · 10 · 0,50 + + 0,15 · 10 · 10 · 0,87) 20 + 50 + 13 = mB · (10 – 2,0) ⇒ mB = 10,4 kg 03. Um bloco A de massa 2,0 kg, que desliza sem atrito sobre um plano inclinado de 30° com a ho- rizontal, está ligado através de um fio, que passa por uma polia, a um bloco B de mesma massa, que desliza sobre um plano horizontal liso. A B 30° Sendo 10 m/s2 o módulo da aceleração da gra- vidade local e considerando ideais a polia e o fio, pede-se: a. o módulo da aceleração do sistema; b. o módulo da força de tração no fio. Resolução a. Apliquemos a 2a lei de Newton nos blocos. B P A · sen θ A 30° a a T T • No bloco A: PA · sen 30° – T = mA · a 20 · 0,5 – T = 2 · a 10 – T = 2 · a • No bloco B: T = mB · a T = 2 · a Resolvendo o sistema de equações, por subs- tituição, temos: 10 – (2 · a) = 2 · a 10 = 4 · a ⇒ a = 2,5 m/s2 b. T = 2 · a T = 2 · 2,5 ⇒ T = 5,0 N 04. O sistema montado na figura, formado pelos blocos A e B de 2,0 kg cada um, apresenta-se em movimento uniforme, com o bloco B em movimento descendente. Considere o fio e a polia como ideais e adote g = 10 m/s2. Determine: a. o módulo da força de tração do fio; b. o módulo da força de atrito em A; c. o coeficiente de atrito dinâmico entre o bloco A e o plano inclinado. A B 30° Resolução a. Analisando o equilíbrio dinâmico (MRU) do bloco B, temos: T = P = m · g = 2 · 10 T = 20 N B T P b. Como o bloco A também se encontra em equilíbrio (MRU), vem: T = PA · sen 30° + fa PV 2D -1 4- 21 Dinâmica I 39 Física 20 = 20 · 0,5 + fa fa = 10 N P·se n 30 ° 30° T A f a c. No bloco A: N = P · cos 30° = 20 · 3 2 10 3= N Logo: fa = μd · N 10 = μd · 10 3 3 3 ⇒ =µd 05. Um bloco de peso 10 N está na iminência de deslizar sobre o plano inclinado mostrado na figura abaixo. Nessas condições, determine: a. o coeficiente de atrito estático entre o bloco e a superfície do plano; b. o módulo da força total que o plano in- clinado exerce sobre o bloco. 2,0 m 1,0 m θ Resolução a. Analisando as forças em equilíbrio sobre o bloco, temos: P · s en θ ƒ a N P · cos θ θ famáx = P · sen θ μe · N = P · sen θ μe · P · cos θ = P · sen θ µ θ θ θ µ θ µ e e e sen tg tg m m = = = = ⇒ = cos , , , 1 0 2 0 0 50 b. A força total (F) que o plano exerce no blo- co corresponde à resultante das forças normal e de atrito. Isto é: F = N + fa. Como o bloco encontra-se em equilíbrio, F deve neutralizar o peso do bloco. Logo, ela deve ser oposta ao peso e de mesma intensidade, ou seja: F = 10 N. N f a P F 3. Elevadores Para estudar a resultante das forças em situações de não equilíbrio, pode-se recorrer a um sis- tema que se move acelerado na vertical, como, por exemplo, um corpo dentro de um elevador. Nesse caso, dependendo do estado de movimento de um corpo suspenso por um dinamômetro de tração, a indicação do dinamômetro pode ser uma força de intensidade maior, menor, ou igual à intensidade do peso (P) do corpo. Dinâmica I PV 2D -1 4- 21 40 Física T P Se o elevador estiver em repouso ou em mo- vimento uniforme (subindo ou descendo), o corpo suspenso, acompanhando estes estados do elevador, estará em equilíbrio. Nesses casos, a leitura no dinamômetro (valor da tração) será igual ao valor do peso do corpo suspenso. Se o elevador possuir aceleração vertical (a) , a in- dicação do dinamô metro poderá ser maior que o valor do peso do corpo (no caso da aceleração ser ascendente) ou menor que o valor do peso do corpo (quando a aceleração for descenden- te), de acordo com a segunda lei de Newton. Isso ocorre independentemente do sentido de movimento do elevador. T = P P T P a a P T > P T < P T T Analogamente ao que ocorreu no estudo ante- rior, a leitura de um dinamômetro de pressão (valor da normal) pode ser maior, menor ou igual ao valor do peso do corpo apoiado sobre ele. Isso dependerá do estado cinemático do corpo. • Vulgarmente, tais dinamômetros são co- nhecidos como balanças de mola, já que podem ter suas escalas mudadas para in- formar a massa de corpos (em equilíbrio). Observações • A leitura dos dinamômetros (valor da força de tração ou da força normal) é, eventualmente, denominada peso aparente do corpo que se encontra suspenso ou apoiado neles. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 01. Num local onde g = 10 m/s2, um pacote de massa 2,0 kg encontra-se apoiado sobre um di- namômetro (graduado em newtons), no interior de um elevador, como mostra a figura. 2,0 kg Determine a indicação do dinamômetro nos seguintes casos: a. o elevador está em equilíbrio; b. o elevador despenca em queda livre; c. o elevador sobe acelerado, com acele- ração de 2,0 m/s2. Resolução A indicação do dinamômetro corresponde à in- tensidade da força normal trocada entre ele e o
Compartilhar