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Apostila Raciocínio, linguagem e inteligência

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Raciocin
Habilidades de ra-
cioclnio ex€®Ientos. Aos 15 anos,
Phiona Mutesi (lado esquerdo a
frente) se tornou a mais jovem
campea de xadrez africana de
todos os tempos. Essa conquista
demonstrou suas habilidades
not5veis pare raciocinar, resolver
problemas e `tomar decis6es.
Violino
FIGURA 8.3 Representa§6es aha-
169icas e representa§6es siml)6li-
\cas. [a} Representag6es anal6gicas,
como esta imagem de urn violino,
tom algumas caracteristicas dos obje-
tos que representam. (b) F3epresenta-
§6es simb6licas, como a palavra v/.a//.-
no, sac,abstratas e nao tern rela€6es
comobjetQLSL 120° . ii5o
Calif6rnia
4-.
fnio, Ifnguagerr}ainTeligencia
que 6\ pensamento?
• Ao explorar a natureza do pensamento, este capitulo se baseia mos achados 1
psicologla cognitiva. Conforme deflnido no Capitulo 1, a psicologla cognitive
o estudo das func6es mentais. como a intengencia, o raciocinio, a linguagem
mem6rla e a tomada de decisao. Em suma, csse rano da psicologla
a cognigao. A cogDlcao pode ser amplamente definida como a atiwldade
que mclui a ra¢iocinio e os entendimentos que resultam do raciocinio.
iset±tlc>,
A psicologla cognltiva foi originalmente baseada em duas ideias sobr€
~ raclocinlo: ( 1 ) o conhectmento sobre o mundo 6 armazenado no cerebro em 7
presenfng6es e (2) o raciocinio e a manipulacao mental dessas representac6es.
Bin outras palavras, usamos representac6es para entender os objetos que e
contramos em nossos ambientes. 0 raciocinio nos possibilita captar as lnformac6i
considera-1as e usa-las para constniir modelos do mundo. defimr metas e planej
nossas ap6es em conformidade.
.ro raciocinio envolve dois tipos de repres8ntag6es mentais
As representac6es estao ao nosso r€dor. Por exemplo, urn mapa representa ruas. I
igd€a£°orpe:r:Soesn:s]=6]°oE::ecsodfi°v¥¥;oAmf:i%gn¥earrae::e£::Z=tisof:smn¥p:
seuta€6es mentais diarias. guando elas sao similares a mapas ou fotograflas e qu€
do sao puramente provenientes de nossas mentes? E quando sao mais abstrat{
como a llnguagrm? ®
No raciocinlo. usamos dois tipos bisicos de representap6es mentais: anal6
cas e simb6licas. Juntos. os dois tipos de representac6es formam a base do pen
mento, inteligencia e capacldade humana de resolver os complexos problemas
vida cotidiama.
Uma analogLa compara duas colsas que .sao sirnilares de alguma maneira: "ts
esfa para aqullo asslm como aquilo esta para isso. . .". Do mesmo modo, as repres(
tae6es anal69icas ten a|gumas caracteristicas de objetos reals. Essas representap€
geralmente sao imagens. For exemplo, os mapas sac representap6es anal6glcas q
XjIToerse¥gne:e£6a;:±°:etspr8ees°e¥£°rs:Lg§¥e:9:ig%:°arITeens£:#madpe=e¥5¥eifst:cmot
uni violino € uma tentativa de mostrar esse instrumento musical a partir de ur
determinada perspectiva ( FIG. 8.3A}.
Por sua vez, as representa§6es simb6Iicas sao abstraLtas. Essas represen
e6es geralmente sao palavras. ndmeros ou ideias. Elas nfo tom rela€ao com qus
dades fisicas dos objetos do mundo. For exemplo, a palaVIa tJ!o[ino representaL I
I instrumento musical (FIG. 8.38). Nao ha corTespond€ncias entre a apar€ncla
urn violino. com a que ele se parece, e as letras ou sons que comp6em a paler
utol.ino.
Em chln€s, a.palavra para viollno 6
•JEr
FIGUFIA 8.4 Mapas mentai§ e limits-
goes simb6licas. Quando questiona-
do se San Diego ou Beno esta mais a
leste, voce provavelmente formou urn
mapa mental -uma representagao
anal6gica, No entanto, o conhecimen-
to simb6lico, provavelmente, infor-
mou que a California esta mais a oes-
te do que Nevada. Em razao desse
conhecimento, seu mapa mental o fez
pensar que San Diego estava a oeste
de Beno. Voce nao estava levando
em conta a forma como o norte de
Nevada se projeta a oeste e o sul da
Calif6rnia se projeta a leste. Mas esse
mapa real, mostrando a localiza§ao
em rela?ao as linhas uniformes de
longitude, mostra que o conhecimen-
to simb6lico era inadequado nesse
Caso.
•J,j€¥
Em mandarin. e pronunciada rdfotr'qin ou sh!auj £{ chin. Como na palavra u
I!no. trata-se de rna representaeao simbonca, pois nao ten qualquer relaeao sis
matica entre o objeto e seus nomes. As caracteristicas individuals que comp6em a I
laVIa representam diferentes partes do que faz urn violino, mas elas sao arbitrfri
voce nao pode `lyer" parte alguma de urn violino em suas formas.
Os mapas mentals dependem tanto das representap6es anal6gicas
}!F=tt:s:¥bd6onsc=o.n¥:n::E:Lfrfc¥:regmieqdueenn6:ira¥Ear=tg|oa:
i-.{omos reais com os pr6prios olhos. Mac para ver a dlferenga entre
sea dois tlpos de representac6es mentais, considere a seguinte per-
ta sobre dues cidades dos Estados Unidos: gual cidade esta mals a
a, San Diego (Califomfa) ou Reno (Nevada}?
Se voc€ for como a maior parte das pessoas (pelo memos a malor
e dos norte-amerlcanos}, voce respondeu que Rcno esta mais a leste
que San Diego. Na verdade. porem. San Dlego esfa mais a leste do
} Reno. Mesmo que voce tenha formado uma representacao anal6-
de urn mapa do sudoeste dos Estados Unidos. seu conhecimento
b6lico provavelmente lhe dlsse que uma cidade na costa do Pacffico
a sempre mals a oeste do que uma cldade em urn Estado que nao fez
nteira com o Oceano Pacfflco (FIG. 8.4).
OS Sac
Co8ni§ao
Atividade mental que inclui o
raciocinio e os entendimentos qiie
resultam dele.
haciocinio
Manipula§ao mental de
representag6es do conhecinento
sobre o mundo.
Representa§desanal69icas
Flepresentac6es mentais que t6m
algumas das caracteristicas ffsicas
dos objetos; sao an5logas aos
chjetos.
Rei)resenta§6es sifwh6Ii¢as
Bepresentag6es mentais abstratas
que nfro correspondem as
caracteristicas ffsicas de objetos ou
ideias.
c;,J
I=lGURA 8'.10 Teoria de
roteiro dos osqLi®mas. De
acordo com essa teoria,
tendemos a seguir rotei-,
ros gerais de como nos
comportar em ambientes
especificos. |a} No cinema,
esperamos comprar urn
ingresso ou imprimi-lQ se
comprado on-/7.ne. 0 Gusto
do ingresso pode depender
da idade do espectador e
da hora do dia. (b) Em se-
guida, podemos comprar
urn lanche antes de esco-
lher urn assento. A pipoca
6 urn petisco tradicional em
salas de cinema. 0 caviar
nao. |c) Se somos parte de
urn casal ou grupo, espe-
ramos sentar com a outra
pessoa do casal ou com as
pessoas do grupo. Embora
a conversa baixa possa ser
apropriada antes da sessao,
a maior parte de n6s espera
que as conversas cessem
quando o filme comeear.
i5FTesentag6es simb6Iicas
mo o exemplo aLnterlor mostra, o raciocinio reflete tamb6m o conheci-
nto geral de uma pessoa sobre o mundo. Digamos que foi mostrado a
urn desenho de urn pequeno objeto amarelo com covinhas que voce
ngria ldentificar. Scu c6rebro forma uma imagem mental (representa-
anal6glca) de urn limao e lhe fomece a palavra {{mdo (representapao
b6lica). For enquanto, tudo ben.
No entanto, no mundo real, sua informacao seria incompleta. Re-
ar urn lmao e saber o seu none nao lhe diz o que fazer com ele. Mag
Er que partes de urn liniao sao comestiveis ajuda a decldir como
r a fruta. For exemplo, voce poderia fazer limonada. Como sabe que
fry suco de limao ten gosto forte e azedo, pode dnuir com agua e adlcio-
Ear acticar. Em suma, a maneira como voc€ ractocina sabre urn limao
uencla o que voc6 faz com ele.
Uma questao interessante para os psic61ogos cognitivos e o modo
o usamos o conhecimento sobre os objetos de modo eflclente. Como
utido no Capitulo 7, nossos sistemas de mem6rla sao organlzados
e modo que podemos evocar informac6es rapidamente quando pre-
os delas. 0 mesmo principio se aplica quando pensamos sobre
9etos. For exemplo, se for solicitado dlzer o que 6 urn viollno, a maior
e das pessoas provavelmente comeca defimndo-o genericamente
o urn instrumento musical.
Agrupar coisas com base em sues propriedades comuns 6 chamado
ca€egoriza€do. Essa atividade mental reduz a quantidade de conhe-
ento que se preclsa manter na mem6ria e €, portanto, uma manel-
eficiente de pensar. Podemos automatlcamente aplicar uma categoria
Smo "instrumentos muslcais.' - objetos queproduzem mtisica quando
cados - a todos os membros dessa categoria. Apncar uma categorla
Eos poupa o trabalho de armazenar repetldamente esse mesmo conjuntr\€
de conhecimento para cada instrumento musical. Contudo, temof
armazenar o conhecimento especfflco de cada membro de uma
T+Tin violmo "ten quatro cordas": urn violao "ten seis cordas"
Urn concoito 6 uma categoria, ou classe, de ltens relactonados (como
anstrumentos muslcals ou frutas}. Urn conceito consiste em representa-
¥des mentais desses ltens. Ao possibilitar organlzar representap6es inen-
cais em torno de urn tema comum, urn conceito assegura que nao temos
ique armazenar lndividualmente cada circunstancia de urn objeto. Em vez
disso, armazenamos uma representapao abstrata com base nas proprle-
dades especfficas dos items ou ideias particulares compartllhadas.
Os pslc6logos cognltivos descreveram uma s€rle de maneiras que
as pcssoas utilLzam para formar conceltos, mas exlstem dois mode-
fos principals. 0 modelo de prot6tipo, desenvolvldo por Eleanor Ros-
ch ( 1975). e baseado no "melhor exemplo". Isto €. quando voce pensa
em uma categoria, tende a procurar urn melhor exemplo,
Conceito
Categoria, ou classe, de itens .
relacionados; consiste em
representa§6es menta is desses
itens.
Mod®Io d® i]rof6tipo
Maneira de pensar sabre conceitos:
dentro de cada categoria, ha urn
melhor exemplo - urn prot6tipo -
para essa categoria.
Modelo de exemplar
Maneira de pensar sobre conceitos:
todososmembrosde'umacat?go fa
sao exemplos (exemplares);
juntos, eles formam o concerto
e deteminam a associa§ao da
categoria.
Ou prot6tipo,
para essa categorla. Voce faz uma media de todos
os membros de uma categoria especial para che-
gar ao prot6tlpo. Asslm que tiver o prot6tipo, voce
categoriza novos objetos com base em como eles
` sao semelhantes ao prot6tlpo. Nesse modelo, cada
membro de uma categorla varia em quanto ele cor-
responde ao prot6tlpo (FIG. 8.6).
Em contrasts, o modelo de exemplar propde
que urn conceito nao ten uma melhor representa-
t`' eao rfuica (Medin & Schaffer, 1978). Em vez disso,
=,i todos os exemplos, ou exemplares, de membros da
categoria que voce efetivamente encontrou formam
o conceito. Por exemplo, a sua representacao de
caes 6 composta por todos os caes que voce ja viu
em sua vida. Se voce v€ urn animal em seu quin-
ta], voce compara esse animal com suas mem6rlas
de outros animals que encontrou. Se ele se parece
mats com os caes que encontrou (em vez de gates,
esquilos. camundongos e outros animals). voce
conclul que ele 6 urn cao (FIG. 8.7).
Como voce expllcarla a diferenga entre urn cao e urn gate para algu6m que nun-
ca viu nenhum dos dois? A malor parte dos caes late, mas urn cao a:Lnda e uni cao se
ele nao latir. Ele alnda € urn cao se perder seu rabo ou uma pata. 0 modelo de exem-
plar assume que, com a experiencla, as pessoas formam uma representapao difusa de
urn conceito, porque nao ha uma representacao rfuica de urn conceito. E o modelo
de exemplar e responsgivtl pela observacao de que a|guns membros da categoria sao
mals prototiplcos do que outros: os prot6tlpos slmplesmente sao membros que uma
pessoa encontra com mats frequencfa. Esse modelo aponta para uma forma em que
os pensamentos das pessoas sao tinicos e formados pela experlencia pessoal.iiiiiii-
2liiiiiiii-
lGURA 8.7 Modelo de ex®mplar d
H,=
]OS Laranjas Uvas Tomates Azeitonas
'oamn'§\§Ostas1ta-lu.8.6tipo.al Sementes/caroeosComestivel / / / v,
/ / v,
\-oce /
mod®lo d® prot6t!po dos conceitos. De acordo com o modelogunsitensdentrodeurngrupoouclassesaoprot6tipos.Ouseja,
mais representatiiressarazao,umavos dessa categoria do qiie outros concelaranjapareceseroprot6tipodacategor itos na cate-ia"fruto".Em
e, as azeitonas nao parecem ser muito representatlvas da categoria.
For exemplo,
mold-ado pela cultura. A semelhanca de outros esquemas, os rotelros
raclocinlo 6 que eles podem lnconsclentcmente mos lever a pcliEiur-. put
exemplo, que as mulheres nao ten assertlvldade e, portanto. em geral
sao lnadequadas para posic6es de llderanca.
Esses estere6tlpos de pap6ls de genero podem llmltar as oportuL-
nidades das mulheres. No passado, os regentes de orquestra sempre
escolhrm homens para os cargos prlnclpals, porque acredltavam que
asmulheresnaotcoavamtaobemquantooshomens.0esquemademu-
lheres como muslcistas lnferlores interferlu na capacldade dos regentes
de avaliar objetlvapente os candldatos quapdo sabiam seus nomes e se-
xos.Depoisdereconheceressevl6s.asmelhoresorqu€strasdaAm€rlca
do Norte comecaram a reallzar audic6es com os mdslcos cscondldos
atras de telas e seus nomes ocultados dos regentes'\: , Jma vez
mstlfuidos esses metodos, a quantidade de mulheres em orqucstras au-
mentou conslderavelmente (Goldln & Rouse, 2000).
Umtlpocomurndeesquemaajudaaentenderasequencladeeven-
tos em determlindas situae6es. Roger Schank e Robert Abelsop ( 1977)
se referem a esses esquemas sobre as sequencias como rotelros. Urn ro.
telro 6 un esquema que direciona o comportamento ao longo do tempo
em uma sltuacao. fror exemplo, !r co ctruema e urn roteiro com o qual a
malor parte de n6s esfa famlliarizeda `
Os rotelros ditan os comportamentos adequados e a sequencla
em que sao suscetivels de ocorrer. 0 que e visto como apropriado e
Os esquemas e roteiros que as criancas aprendem podem afetar o seu compSF-
tamentoquandotiveremmalsldade.Emunestudo.120criancascomldadesentr€£
a6anosforanconwldadasausaraderecosebonecospaLraencenarumanoltesocial
paraadultos(Daltonetal..2005}.Comopartedaatuacao.caudacrlancaseleclonaE¥,'
ltensdeumsupermercadoemnrfuaturaabastecldocom73produtos,lnclulndoce.-~
:e:%£rnohs°(2:!%:TEScrD£:=°:;;:¥pEg£:=eonjcc:::£disa°:o#ealrc£°'#::t:I
vezes mats propensos a escolher esses ltens. guando foram questlonadas sobre cA'5
ltens que escolheran, alcool e cngarros foram claranente incluidos na malor par=&
dos roteiros das crlancas para a vlda soclal dos ad_ultos. Uma menina de 4 anos qu€\-,,, _ _ I_ _ ----- ~^ -Urn homem precl-
onceitos, Besponda rapido:
ais voce esta'vendo? De acordo
modelo de exemplar, quando
esponde "cao" e "gato" suas respo
5o baseadas em todas as represen
6es de caes e gatos que voce ja
FlduRA
de prot6
eles sao
Esquemas organizam as~informag6es dteis sobre ambientes
0 prot6tipo e os modelos de exemplares expllcam como classlflcar objetos que en-
contramos e como representamos os objetos em nossas mentes. Mas como podemos
usar essas claLsslficac6es e representac6es?
guando pensamos sobre aspectos do mundo. nosso conhecimento se estende mul-
to alin de uma simples llsta de fatos sobre os ltens especfficos que encontramos. Em
vez dlsso, uma classe diferente de conhecimento mos posslbmta interagrr com as com-
plexas reandades de nossos amblentes. A medlda que passamos por virlos contextos
do mundo real, aglmos adequadanente com base no conhecimento de quals objetos,
comportamentos e eventos se apllcan a cada conflguracao. 0 conheclmento de como se
comportar em cada conflguracao depende de esquemas. Como discutido no Capitulo 7,
os esquemas mos ajudam-a pcrceber, organlzar e processar informac6es.
em uma mesa de b(cLck/ack em urn cassino, e adequado se espremer
entre as pessoas ja sentadas. Contudo, se urn estranho tentar se espre-
mer entre urn grupo de pessoas que jantam juntas em urn restaurants, a
reacao do grupo provavelmente serla bastante negrtlva.
Podenos utlllzar esquemas por, duas raz6es. Em prlmetro lugar,
sltuacdes comuns ten regras consistentes (p. ex.. as bibllotecas sao
tranqullas e contem llwos}. Bin segundo lugar, as pessoas ten fung6es
especfflcas dentro de contextos sltuacionals (p. cx. , urn blbnotecario se
comporta de maneira diferente em uma bibnoteca do que urn leltor),
Infellzmente, os esquemas sao como prot6tlpos em que as vezes
ten consequenclas lnesperadas. como o reforeo de crencas machistas
ou raclstas ou outros ost®re6tipos (FIG. 8.8). Par exemplo, quando as
crianeas e os adolescentes sao convidadosa desenhar urn cientlsta,
pouquisslmos deles retratam mulheres, porque. inconsclentemente,
associam ser urn clentlsta a ser homem (Chambers, 1983). Os pap6is
de gGriero sao os comportamentos prescritos para homens e mulhe-
res. Representam urn tlpo de esquema que opera no nivel lnconsclente.
Em outras palavras, segulmos os pap6ts de genera inconsclentemente,
sem saber que o estamos fazendo. Urn motivo pelo qual prectsamos
mos tomar consclentes do modo como os esquemas controlam nosso
Estere6tipos
esquemas cognitivos qLie
possibilitam o processamento facjl e
r5pjdo de informag6es sabre pessoas
com base em sua participa§ao em
determinados grupos.
FTiiiiE
eu clgarros expllcou: .`Eu preclso disso
cigarros" (ver "Pensamento
Gas em ldade pr6-escolar enquanto a
Sam a necessidade de pensarlnos criti
cas refletem os valores que desejamos in
e 65TETsquemas e rotetros sao
? Seu valor adaptativo € que, c
am a quantidade de atengao
ara men
afros e.). Esses
flcool pop
exemplos
ncas e a€6es auto-
9, por que eles per-
bem, esses atalhos
por anblentes frmia-
Eles tamb-em mos possirmltam reeonhfcer e evitar sltuae6es lnusitadas ou pcrl-
As representapdes menta±s de todas, as formas ajudan a usar as informac6es
re objetos e eventos de manetras adaptativas.
faculdnde frequentar, se devemos comprar uma caLsa e com quem casar - tin mui-
to mats consequchcias e requerem malor reflexao. Tinb6m resolvemos problemas;+ i
comochegaremcasaseocarroquebrou,comoganhardlnheiroextraparagastarnas+
ferias, como lidar com mas noticlas. e asslm por diante. Pensar posslbmta utlllzar
lnformae6es para tomar decis6es e resolver problemas.
Na tomada de decisao, escolhemos entre alternativas. Em geral, identlficalnos
gas:asngrT=#¥£tL;g::::L#°£°oEL¥iitLifeig£:i#=t=pc*ri*Tj
sa escolher entre esses destinos. gue cr±terios voce usa para tomar essa dectsao (I=lG`..i
8.11 Ar? Na resolugao de problemas, superamos obstaculos para passar de urn estado
atul para uni estado da meta desQjada. nor exemplo. se decidr ir para furls, mas nao
fiver dinheiro suficiente para comprar a passagem de aviao, voce tern urn problemaL.
Em geral. voce ten urn problema quando ha uma barreira ou uma lacuna entre onde
voc€ esfa e onde quer estar (FIG. 8.118).
A tomada de decisao muitas vezes envolve a heun'stica
Multas decls6es, se nao a maior parte delas, sao tomadas sob algum grau de risco: ou
seja.aincertezaschreospossivetsdesfecbos.0calculoderlscodaspessoaspodelevar
a a]gunas decls6es questlohaveis. For que as pessoas pagan para precaver-se contra
Come tomamos decis6es e resolvemos problemas?
A secao anterior discutiu como representamos e organizamos o conheclmento
mundo. Mas como podemos usar esse conhecimento para guiar nossas ac6es dial]
Ao longo de cada dia, tomamos decls6es: o que comer no care da manna, qual roi
vestir, qual caminho tomar para o trabalho ou escola, e asslm por diante. N6s qu
nem percebemos estar tomando muitas dessas decis6es. Outras decis6es ~ coma c
Ou
Itouristicas
Atalhos (regras de ouro ou diretrizes
informais) utilizados para reduzir a
;;a quantidade de raciocinio necess6rio
para tomar decis6es.
FIGURA 8.11 Tomada de decisao versus resolu§ao de probl®ma. (a) Se voce tern duas
opc6es, precisa escolher entre elas, tomando uma decisao. Talvez voce se encontre na
posieao bastante agradavel de ter de escolher entre Paris e Cancun. (b) Uma vez tomada a
sua decisao, voce deve lidar com as circunstancias. Se surgir urn problema, precisa resol-
ve-lo. Talvez voce esteja tentando imaginar como pagar sua passagem de aviao.
aLs ocorrencias de baixo risco (seguro contra incendlo) e, enfao, pagarn para as-
gnmir ac6es de alto rlsco (bilhetes de loteria)? For que os individuos que querem
\perder peso as vezes optam por lngerlr/cLst/ood de alto teor cal6rlco? Por que
`rfi*¢j€e vai ao cinema com urn amlgo quando deveria estar estudando para a prova
±8 meio de periodo? Urn observador racional, aquele que se baseia na 16gica,
gede concluir que as pessoas tomam decis6cs de modo bastante confuso.
As teoria§ para expllcar os processos de tomada de dectsao tendem a calr
rfum dois grupos: teorlas normativas e teorlas descrltlvas. As teori@s de decisao
cormativa deflnem como as pessoas devem tomar decls6es. De acordo com as
:aerias normativas, os individuos sempre escolhem a opeao que produz o maior
>grTino. 0 problema com esses modelos e que as pessoas nem sempre tomam decl-
•mrires racionais e nem sempre tomam a decisao "ideal'.. Muitas vezes. as teorias
marmativas nfro conseguem prever o que as pessoas vao efetlvamente escolher.
As tedrias de decisao descritiva visaln fazer exatamente isso, focando em
't'£sgrg6es reais, em vez de ldeais. De acordo com as teorias descritivas, as pessoas
m*ditas vezes mostram tendencias na tomada de decisao. Mesmo quando enten~
ffigm as probabilidades. elas ten o potencial de tomar decls6es lrracionais.
Uma teoria normativa de como as pessoas devem tomar decis6es € a feorici
ife as€I!idade esperadr (von Neumann & Morgenstern, 1947}. De acordo com esse
REendelo, as pessoas tomam decis6es considerando as possiveis alternativas e es-
=endo a caminho mals desejavel. For exemplo. elas podem classificar as alter-
i.as em ordem de preferencia: uma determlnada alternativa e mais desejavel,
Eos desejavel ou igualmente desejavel em comparapao a alternativa concorren-
Se voc€ estivesse decidindo o que fazer depots da formatura, listarla as alter-
Suponha que estejai pensando em consegiiir urn emprego como instmtor
€squi (diversao, liVIe acesso ao teleferico. trabalhar fora. baixa renda, nao e
trabalho permanente), ir para a faculdade de direlto (continuar estudando,
xpi!ssivelmente chato, futuro com urn possivel born trabalho, com born rendimen-
.,i Len tentar ganhar a vida como mtisico (amor pela mrislca. mercado de traba-
futuro questiohavel,1ucro questionavel). A maneira ractonal de decidir seria
tear cssas altemativas e escolher aquela com a malor utilidade ou valor para
Mac as pessoas sempre escolhem a altemativa mais desejavel?
Desde que a teorla da utilldade esperada fol proposta, forarn observados
)a padr6es de comportamento intrigantes e inconslstentes com ela. Na de-
de 1970, os pesquisadores Daniel Kahneman e Amos Tverslry I 1979} per-
ram que eles pr6prios Cram culpados por decls6es que nao foram previstas
€eoria da utilidade esperada e que nao foram, ap6s analise, racionais. Es-
aem curiosos sobre por que. se apresentados a essas mesmas escolhas no-
mte. amt3os lriam-tom-ar as me-smas decis6es aqu6m do racional. Passaram a
ar uma pesqulsa descritiva sobrc a tomada de decls6es, e essa pesquisa ganhou
mio Nobel de 2002 em Cienclas Econ6mlcas.
Ao exaninar como as pessoas tomam decis6es dialias. Kahneman e Tversky
fficaram vdrios atalhos mentals comuns (regras de ouro ou diretrizes lnformals).
aeidas como heuristicas, que sao estrat6glas rapidas e eflcientes que as pessoas
ralmente usam para tomar decls6es.
a raciocinio heurfstlco multas vezes ocorre inconsclentemente: nao
os cientes de tomar esses atalhos mentais. Com efelto. uma vez que
ctdade de processamento da mente consciente 6 llmitada, o proces-
to heuristico 6 titil, em parte porque exige recursos cognitivos mini-
€ mos possibinta focar a aten€ao em outras colsas. 0 raclocinio heu-
® pode ser adapfavel ao que, sob algumas circunstincias, e ben6flco
tomar decis6es rapidas, em vez de pesar todas as evld€ncias antes de
iferfu. Per que algurnas pessoas sempre querem comprar o itemibm\=>,a\fe=;-.:-I. -`'- i---a -------.
Erg:e::s:a;e:s:tr:=¥#::.g:.:gqfj¥*g:::a:::::;::toeEgro:cEep:eiun¥fi:¥_.i__ _--_^-. t^--nrr` a Aa^{eF`ac!
aeaFca. Essas regras de ouro r-apldas in-ultas vezes levam a declsdes
\Ag(g+a=|^J I,-`,_--__ I_-__ _ _
_ -.,. _ __ __ I_+JIJ,-,I ,,--L|-I+I .-`,-'-_ -_a___ _
relmente boas. com desfechos que sao aceitavels para os individuos.
entanto. a heuristica
pode resultar em vieses. e estes podem lcvar a erros ou decls6es
.:`, ` `.-_--J ----___
^ ,_ _I__f_]_ L^...€~H^^ f^i iAar`+ifiraT]n nn r,anitulo I como uln
€rmo Tversky e Kahneman demonstraram, no
0 raclocinio heuristico fol identiflcado no Capitulo
raciocinlo pslcol6gico quedos princtpais vieses no
FIGURA 8.13 Ancoragem. Suponha
que voce esteja comprando urn carro
usado. (a) 0 vendedor descreve esse
carro como tendo uma elevada quilo-
metragem e sendo urn pouco enfer-
rujado, confiavel, eficiente no uso de
combustivel e limpo. (b| 0 mesmo
vendedor descreve esse carro como
limpo-, eficiente no uso de combusti-
vel, confiavel e urn pouco enferrujado
e com alta quilometragem. Qual carro
voce escolheria? A major parte das
pessoas opta por (b}, embora ambas
as descrie6es consistam em palavras
identicas em ordens diferentes.
Ancorag8m
A tendencia. na tomada de dBcisao,
cle confiar na primeira parts da
informa§ao com a qual se depara ou
com a informagao que chega mais
rapidamente a mente.
Enquadrameflto
Na tomada de deeisao, a tendencia
a enfatizar as potenciais perdas ou
potenciais ganhos de pelo menos
uma altemativa.
pode levar as pessoas a_-_ r-____\= __
cre{icas errcheas. Aqui, consideramas quino heuristicas comuns que levan
aL vies na tomada de decisao: comparac6es relativas (ancoragem e enquadra-
mento), disponibtlidade, representatMdade e afeto. Tamb€m consideramos o
queacontecequandoaspessoastemmuitasalternativasparaescolher.
CoMPARAe6ES RELAi-ivAs (ANcoRAGEM E ENQUADRAMENTo} As pes-
soas costumam usar comparae6es para julgar urn valor. Por exemplo, voce
vai se senur muito melhor com uma nota 85 em urn exame se voce desco-
brir que a media da classe foi de 75 do que se descobrlr que foi de 95. Ao
fazer comparap6es relativas, as pessoas sao influenciadas pela ancoragem e
pelo enquadramento.
Uma dricora serve como urn ponto de referencia na tomada de decl-
s6es. A ancoragem ocorre quando, na tomada de decis6es, as pessoas con-
fiam na prlmeira parte da informacao com a qual se deparam ou com a
informapao que chega mais rapidamente a mente {Epley e Gilovich, 2001 ).
Porexemplo,suponhaqueaspessoassaoconvidadasaestimprquantosha-
bltantes ha em Chicago. As respostas dependem de como a pergunta € for-
mulada. Se for perguntado se a populacio 6 superior ou inferior a 200 mfl,
elas fornecem un ninero menor de moradores que se perguntados se a
populacao€superiorouinferiora5mim6es(Jacowltz&Kahneman.1995).
Depois de fazer un julgamento inicial baseado em uma ancora, as pes-
soas comparam a informaeao subsequente a essa ancora e se ajustam em
relapao a ch ate chegarem a urn ponto em que a lnformacao parece razoavel.
As pessoas multas vezes sc ajustam de modo insuflciente. Ievando a decis6es.-,. 1 _ __ |____.-1_I.-_ A-€
err6neas. Suponda que lhe digan que-Scott € inteligente, trabalhador. mpulslvo, cri-
..+. r-_--_ _-_ _ __
tlco, temoso e invejoso. Em contrapartida, Chris e invejoso, teimoso, critlco, impul-
slvo. trabalhador e inteligente. Voce lria gostar mats de Scott ou de Chris? As pessoas
geralmente veem Scott mais favoravelmente do que Chris (Asch. 1946}. Mesmo que as
descrie6es sejam identlcas. as pessoas sao lnfluenciadas pela ordem de apresentacao
e ajustan suas impress6es com base nas ancoras iniclals de que Scott e intengente e
Chris 6 invejoso. Os efeitos da ancorngem podem ser encontrados en muitos tipos de
decis6es (FIG. 8.13).
0modocomoainformngao€apresentadapodealteraramaneiracomoaspessoas
percebem suas escolhas. Voc€ prefere fazer un curso onde ten uma chance de 70%
de passar ou un em que ten uma chance de 30% de falhar? Mesmo que as chances_ ` . . `^ I_.___ _.--a+--^^+..r]r--+.E]a aa_
de passar (ou nao) sejam identicas, muitos estudantes es-
colheriam o primeiro curso. Essa dectsao € urn exemplo de
enquadramento.Essetermoserefereatendenctaaenfatizar
as potencials perdas ou potenclais ganhos de pelo memos
uma alternativa na tomada de decisao. As pesquisas sobre
o enquadramento indicam que, quando as pessoas fazem
escolhas, elas podem pesar as perdas e ganhes de modo
diferente. Elas geralmente se preocupaln muito mals com
os custos do que com os benericios. uma €nfase conhecida
como auersdo dperda (Kahneman, 2007; FIG. 8.14).
Considere o seguinte problema: imagine que os Bs-
tados Unidos estejam se preparando para urn surto de
doenca com projecao de cerca de 600 mortes. Dols progra-
mas alternativos sao propostos para combater a doenca.
De acordo com estimativas cientfficas, se o Programa A for
escolhido, 200 das 600 pessoas serao salvas. Se o Progra-
rna a for escolhido, hi uma probal3ilidade de urn tereo de
que todas as 600 pessoas sejan salvas e uma probabili-
dade de dois tercos de que ningrfem seja salvo. Aribes os
progranas poderlam salvar 200 pessoas. mas qual deles
voc€ escolheria? ©uando fol feita uma pergunta semelhante
a essa, 72% dos inquiridos escolberam o Hograna A (Kah-
neman & rversky, 1984). As pcssoas claramente preferiram
a certeza de ganho do Programa A em comparacao a possi-
bllldade de un ganho malor. mas com uma possibilidade
adicional de nenhum ganho do Programa 8.
Iemum;obrebido... ValIIOr
J$1.000'i
\§:dt;3qc::3£nho,
FIGURA 8.14 Aversao a perda. Suponha que voce
comprou a§6es. (Inferior esquerdo) Quao mal voce se
sentiria se o valor tivesse caido e voc6 vendesse as
ac6es com uma perda de U$1.000? (Superior direito)
Em contrapartida, o quao bern voce se sentiria se o va-
lor das ae6es tivesse subido e voce vendesse as a€6es
com urn lucro de U$ 1.000? Para a maior parte das
pessoas, as potenciais perdas afetam mais a tomada. , ~ _ _I_ _.._ __ __+^-A:-:,, -ar\h^ode desisao do que os potenciai§ ganhos. _LE
Agora, corisldere estas alternatlvas: Se o Programa A for escolhido, 400 pessoas
vao morrer. Se o Programa 8 for escolhido, ha uma probabilidade de urn terco de que
nlngutm morra e de que dols tercos das 600 pessoas morram. guando questionados
com uma pergunta como essa. 78% dos inqulridos escolheram o Programa a. Nesse
caso, a malor parte das pessoas sentiu que a certeza de morte de 400 individuos do
Progralna A era uma alternativa plor do que a morte provavel, mas incerta, de 600
pessoas do nograma 8. A perda cer€a era memos atraente do que uma perda incerta,
mas possivelmente major. Contudo, as probabilidades e os desfechos desse segundo
cendrio sao identlcos aos do prlmeiro. Parece que as perdas pesam mats do que os
ganhos na tomada de decisao.
HEURisTICA DA bT5F5inB!LIDADETrieuristica da disponibilidade
e a tendencia geral de tomar uma decisao com base na resposta que
vein male facflmente a mente. Em outras palavras. quando pensamos
a:r:ueev:nfgcsfl°duetr°c¥u¥e::?££i9bers;.:een£::sos:oC::gr=:ial¥a°i:a;
discutido no Cap. 7, "Mem6ria''. Alguns participantes leram em voz
alta uma lista de nomes. No dia seguinte, esses nomes estavam dis-
poniveis nas mem6rias deles, mesmo que eles nao fossem capazes
de dizer onde os ouviram. Com base em sua familiaridade com os
nomes. os participantes decidlram que as pessoas Cram famosas.
Considere esta pergunta: Na maior parts dos paises industria-
lizados. ha mais agricultores ou mais bibllotecanos? Se voce mora
em uma area agricola, provavelmente disse agricultores. Se voce
nao mora em urna irea agricola, provavelmente disse blbliotecirlos.
A malor parte das pessoas que responde a essa pergunta pensa mos
blbliotecarios que conhece {ou dos quals ouviu falar) e nos agriculto-
res que conhece (ou dos quais ouviu falar). Se conseguirem se lem-
brar-de muito mais casos em uma categoria, eles assumem que essa
categoria 6 maior. Na verdade, exlstem muito mais agricultores do
queblbllotecatiosnamalorpartei±±±Lp±!jsesin_9±±±=|alizados.Comai__ ______
as pessoas que vivem em clda-des -eTi5ti5Fbios terid€iri- a nao conhecer multos agricul-
tores, elas sao propensas a acreditar que ha mats blbliotecarios. A informacao que
esta prontamente disponi'vel confunde a tomada de decisao (FIG. 8.16).
HEURisTICA DA REPRESENTATIVIDADE A haul.istica da repre§entatividade e a ten-
dencfa de colocar uma pessoa ou objetoem uma categorla caso seja semelhante ao nos-
soprot6tlpoparatalcategorla.Usamosessaheuristicaquandobaseamosumadecisao
sobre a medida em que cada opcao reflete o que ja acreditalnos sobre uma situacao.
Por exemplo, diganos que Helena seja inteligente, ambiciosa e ctentlficamente dotada.
Ela gosta de trabalhar em enigmas matematicos, falar com outras pessoas, ler e culdar
do jardin. Voce imediatamente imagina que ela € uma psic61oga cognitiva ou uma fun-
cloniria dos correios? A maior parte das pessoas usa a heuristica da representatlvlda-
de - como suas caracteristicas parecem mais representativas de psic6logos do que de.
funciondrios dos correios. elas diriam que Helena € uma psic61oga cognitiva.
Mas a heuristica da representatividade pode levar a urn raciocinio falho se nao
considerarmos outras informac6es. Uma parte muito importante da informacao 6 a
fa)fa de base. Esse termo se refere a frequencla com que acorre urn evento. As pessoas
prestam atengao insuflciente nas taxas de base no ractocinio. Bin vez disso. concentran-
-se em saber se a inforrnaeao apresentada 6 representativa de uma conclusao ou de ou-
tra. For exemplo, ha muito mats functonirlos dos correios do que psic6logos cogritivos.
de modo que a tan de base para os primeiros e maior do que para os fltlmos. tortanto.
uma pessoa qualquer, incluindo Helena, ten uma probabilldade muito maior de ser
uma funcionaria dos correios. Bmbora os tracos de Helena possam ser mais represen-
tati`vos de pslc6logos cognitivos como urn todo, eles provavelmente tamb€m se aplicam
a uma grande parcela de funcioharlos dos correlos.
HEURis"CA DO AFETO As pessoas multas vezes decldem fazer colsas que acredi-
tam quc irao torna-las fellzes, enquanto evitam aquelas que as farao se arrepender.
As expectativas de como as decis6es mudarao os estados afetivos (ou emoclonals) no
futuro sao foreas poderosas na tomada de decisao. Infelizmente, as pessoas sao ruins
na predig5o afetiva - prever como vfo se sentir em relacao as coisas no futuro (Gil-
bert & Wilson. 2007). Ainda mals lmportante, as pessoas geralmente nao percebem o
quao ruins sfro em predizer seus sentimentos futuros.
As pessoas superestimam o quao felizes as farao os eventos positlvos. como se
casar. ter filhos ou ter seu 6andidato vltorloso na eleicao ou sua equipe vencedora em
urn campeonato (Dolan & Metcalfe. 2010: FIG. 8.17). Do mesmo modo, elas superes-
tlmam o gran em que os eventos negatlvos - como romper com urn parceiro romfntl-
co. perder urn emprego ou ser diagnosticado com uma doenga grave - ira afefa-las no
futuro (Gilbert, Pinel, Wnson. Blumberg, & Wheatley , 1998: Wilson e Gilbert, 2003).
Pareee que. quando pensamos em casar, nos concentramos no amor que sentlmos
por nosso parceiro no inomento. guando pensamos sobre a morte de urn ente que-
rido. consideralnos apenas a dor imediata e intensa. Ao longo do tempo. no entanto,
a vlda continua, com as suas alegrias
a tristezas diarlas. 0 prazer do ganho
ou a dor da perda se tornam memos
proeminentes contra o pano de fundo
dos eventos dldrios.
Depols de urn evento negativo,
as pessoas se envolvem em estrat6gias
que as ajudam a se sentir memor (Gil-
hert & Wuson, 2007). Por exemplo,
raclonalizam por que o evento aeon-
%€ceu e mininlzam a importancia do
€4'ento. Essas estrategias geralmen-
?e sao adaptativas, pois protegem a
§adde mental dos sofredores. Afinal,
atribuir urn sentido a urn evento ajuda
a reduzir as suas consequencias emo-
Sionals negativas. Mesmo depols de
softer angdstia por causa de urn even-
fr® negativo, a maior parts das pessoas
`-ai se adaptar e voltar ao seu ponto de
Etsta positivo tiplco.
As pessoas t€m uma incrivel ca-
pacidade de fabricar fellciqade. Urn
estudo descobriu que as pessoas que
0 F 6 majs comumente a prjmeira ou a terceira
letra de uma palavra?
r ---.- ? __r__?
Como voce determina a resposta?
FIGURA 8.16 Houristica da disponibili-
dado. Se voc6 6 como a maior parte das
pessoas, pensou nas palavras que comeea-
vain com r (coma r7.cos e red;a). Entao, pen-
sou em palavras com r como a terceira letra
(como care ese^5). Como as palavras com r
no inicio vein mais facilmente a mente, voce
concluiu que com frequencia r 6 a primeira
letra de uma palavra. Contudo, a letra r tern
uma probabilidade muito maior de ser a
terceira.
havlam perdldo os movimentos de parte do___---_-'-_-I--`.`., +^\,corpo eran mais otmtstas em relapao ao seu rituro do que aquelas que havlam ga-
cho na loterla (Brickman, Coates, & Janoff-Bulman, 1978). Em geral. no entanto. as
naDEI-^^ ------..- _ _= _ _ _1_pessoas parecem nao saber que podem ter desfechos posltivos a°bin--d;-;=n-:
aeclmentos tragicos. guando lhe pediran para prever como iriam se sentir apds
rmcventotraglco,aspessoassuperestinavamasuadoresubestimavano.quao
hem lrlam lidar com o caso (Gilbert, Morewedge, RIsen, & Wilson, 2004).
3 PARADOXO DA ESCOLHA Na sociedade moderna, muitas pessoas acredltan
que, quamto mats opedes elas ten, melhor. Mag quando muitas. ope6es estao dis-
ponivels, especlalmente quando todas sao atraentes, as pessoas experinentam
conflitos e lndeclsao. Embora ter alguna escolha seja memor do que nao ter
menhuna, alguns estudiosos notan que ter multas escolhas pode ser rfustrante,
3nsatisfat6rlo e. por fin. debilltante (Schwartz, 2004).
Anto§ Predigao foita Ap6§
doevento ap6soevento oovento
FIGURA 8.17 Predigao afetiva falha. Nesse estudo, fas obstinados de futebol
foram convidados a prever sua felicidade se sua eqiiipe ganhasse ou perdesse
a disputa entre Manchester United e Chelsea na final da UEFA Champions Lea-
gue de 2008. Antes da partida, n5o houve diferengas na felicidade. Os fas do
Manchester Unitecl esperavam ficar muito mais.felizes do que os fas do Chel-
sea se seu time ganhasse o jogo. Sete dias ap6s o Manchester ter ganhado,
no entanto. seus fas estavam menos felizes do que o esperado, enquanto os
torcedores do Chelsea estavam muito mais felizes do que esperavam estar.
Em un estuclo realizad6i55Fffi€Eha Iye-n-gar e Mark Lepper (2000}, os eon~
sumldores de urn supermercado foram apresentados a 6 ou 24 variedades de
geleias para testar. Os compradores tambin receberam urn cupom de desconto
para qualquer varledade de geleia. A maior variedade atraiu mats compradores,
zrms nao consegulu produzir mais vendas: 30% das pessoas com escolha limltada
€ompraram gelela, enquanto apenas 3% daquelas com a maior variedade o flze~
rani (B=BG. S.18). Em urn segundo estudo. os pesquisadores descobriram que as
pessoas que escolheram entre uma pequena variedade de chocolates se sentlram
mats satisfeltas com sua escolha do que aquelas que haviam escolhido a partir de
qana varledade mais ampla.
A reso!u§ao de problemas at©nde a um@ meta
A resolueao de problemas consiste em utillzar as lnformac6es dlsponiveis para
alcancar uma meta. Os problemas vein em duas formas. Alguns sao definldos fa-
clinente: Como voce faz para entrar no carro {meta) se tiver trancado suas chaves
dentro (problema)? Como vco€ pode ganhar dinheiro suficiente {problema) para
passar suas ferlas em algum lugar agradavel (meta)? Outros problemas. talvez
com mals frequencia, sao memos facilmente deflnidos: gue tlpo de trabalho voce
obj etiva encontrar?
Essa se§ao exarfua algtrmas das melhores maneiras de resolver proble-
mas. Para os fins dessa dlscussao, uma pessoa tern urn problema quando nao
tom melos slmples e dlretos para alcancar uma meta especfflca. rtra resolver o
:#no9nvlvt::\-tracar estrateglas para superar os obsfaculos para levar o plano a cabo. monlto+
ran 0 Progresso para manter.se na direeao certa e avaliar os resultados Para Vcr Se a
meta foi alcancada. 0 modo como a pessoa pensa sobre o problema Pode ajudar ou
PreJudicar sua capacidade de encontrar soluc6es.
problema, a pessoa deve elaborar urn plano para alcancar uma meta
EEE`,
F!GURA 8.fig Muitas opg6es
de escolha. Como parte do
estudo de lyengar e Lepper,
demonstradores apresenta-
ram |a} 6 e |b) 24 geleias. As
etiquetas de c6djgo de barras
sobreos f rascos indicavam se
as pessoas compraram mais de
urn grupo de geleias 6u de ou-
tro. Os resultados indicaram que
ter muitas possibilidades pode
dificultar a escolha de urn item.
Reestrutura€ao
Uma nova maneira de pensar sobre
iim problema que auxilia em sda
resolu§ao.
Ceniuntos mentais
Estrat6gias de resolugao de
problemas que funcionaram no
passado.
OFiGAiM!ZASA® DE SUBMETAS Uma abordagem para o estudo da resolucao de
problemas e identificar os passos do indlviduo na resolucao de problemas especi-
flcos. Os pesquisadores examinam como as pessoas avancam de urn passo ao se-
guinte, os erros tipicos que cometem na negociacao de passos complicados ou nao
intultivos e como decidem sobre as soluc6es mais eflclentes (ou, em alguns casos.
menos eflcientes). For exemplo, no cldssico problema da Torre de Han6i, os partlcl-
pantes recebem urna placa que ten uma flleira de tres plnos nela. 0 plno em uma
extremidade ten tres discos empilhados sobre ele por ordem de tamanho: pequenos
em cima, medios no melo, grandes na parte inferior. A taLrefa e mover os discos, urn
de cada vez. para a pino na outra extremidade, sem colocar urn disco maior sobre
uni disco menor. Resolver o problema requer quebrar a tarefa em submetas, que sao
mostradas na ffEGuffiaA 8.2®.
Usar submetas 6 importante para muitos problemas. Suponha que' uma aluna
do ultimo ilo do ensino m6dio decidiu que gostaria de se tornar m6dlca. Para alcan-
gar€Tsse objetivo, ela prlri€if5i5Trectsa alcanear a submeta mais imediata de ser ad-
mltlda em uma boa faculdade. Para entrar em uma boa faculdade, ela precisa conse-
gutr boas notas na escola. Bssas submetas adicionals ernglrlani o desenvolvimento de
froas habllidades de estudo € de ateneao em aula. guando voc€ esta enfrentando urn
problema complexo e o pr6rfuo passo nao 6 6bvlo, identlflcar os passos ou submetas
apropriados e sua ordem pode ser urn desaflo. Como voce supera os obstaculos para
a resolu€ao de problemas?
MUDANDo As REmESENTA€6Es PARA supERAR os oBSTAcuLos vocejd ou-
ulufaidr sobre o nouo restauTante que abriu na tua? Hem boa comidc., mas
rienhuma atmos/era/ A premlssa dessa piada e que a atmosfera signiflca uma
colsa quando interpretada a luz do esquema de restaurants, mas algo mais no
contexto da lua. 0 humor muitas vezes viola uma expectativa. de modo que "en-
tender" a piada signlfica repensar alguma representacao comum. Na resolucao
de problemas, muitas vezes preclsamos tamb€m rever uma representacao mental
para superar urn obstaculo. Essa habllidade € exatamente o que 6 necessarlo para
resolver palavIas cruzadas.
A torefa 6 mover os discos pare a pino
na outra extromidade. Voc8 pods
mover apenas urn disco de cada vez.
Nao 6 possfvel colocar iim disco maior
sobre urn disco manor.
A solu§ao 6 apres®ntada a seguir.
Antes de olhar para ola, simule a tarefa
de empilhar tres moedas de tamanho
desigual.
F+r\®?a
~I,,q~
EE
0 A soiu§ao e
quebrar a tarefa em
submetas.
©A primeira §ubmeta
a::.a:i;.,;;8.Cfa.!aiT
menoi. 6 movido
primeiro para a pino
mais distante.
+_.in..en;o:i:i;oFa6rg.::]no
® 0 disco menor 6
i-ul- y I:°#:c::Pe::6a5irp:n°
. . -u ` ®3:tis: Faariaoro6pinoii mai§ distante.a A pr6xima submeta
6 passar o disco
. m6dio pare a pine® mais distante. 0 discorapt T-L"
menor 6 movido para
o prim©iro pino.
00 disco m6dio 6~i- ::l:j&?stpaanrtae° Plno
a Par tim, o disco
menor 6 movido pare
o pino mai§ distante.
:lGURA 8,20 Probloma da Torre de
lanoi.
©
Uma estrategia que os soluclonadores de problemas usaln comu-
mente para superar os obsfaculos e reestruturar o problema. Essa t€cni-
ca consiste em representar a problema de uma manelra nova. De modo
ideal, a nova visao revela uma solucao que nao era visivel sob a veHia es-
trutura do problema. Em urn estudo agora famoso, Scheerer ( 1963} den
a cada participante uma foma de papel que tinha urn quadrado com move
pontos. A tarefa era ligar todos os move pontos usando no ma2rmo quatro
linhas retas, sem levantar o lapis da p6gina (FIG. 8A21 ).
Na tentatlva de resolver urn problema, € comum pensar no modo
como resolvemos problemas semelhantes no passado. Tendemos a per-
slstlr em estrateglas anteriores, ou conjuntos mentais. Essas maneiras
estabelecldas de pensar muitas vezes sao hteis, mas as vezes dfficultam
encontrar a melhor solueao.
Em 1942, o peic6logo da Gestalt Abraham Luchins mostrou urn exem-
plo classlco de urn conjunto mental. Ele pediu aos participantes que me-
dissem quantidades especlficadas de agua, como cem copos, usando tres
jarras de tamanhos diferentes. Dlgamos que o contehdo da jarra A coubes-
se em 21 copos, dajarra 8 coubesse em 127 copos e da jarra C coubesse
em tr€s copos. A solueao para esse problema foi encher aL jarra 8, utllizar
a jarra A para remover 21 copos dos 127 copos da jarra 8, entao usaf a
jarra C para remover tr€s copos de agua duaLs vezes, deixando loo copos no
frasco 8. A estrutura da solu§ao e (8 -A) -2(C). Os partlcipantes receberam
multos desses problemas. Em cada urn. os tamanhos das jarras e as metas
de medicao dlferiam, mas a f6rmula aplicada era a mesma.
Em segulda, os partictpantes receberam outro problema: eles rece-
beram a jarra A. em que cabiam 23 copos; a jarra 8, em que cabiam 49
copos. e ajarra C, em que cabiam tres copos. Foram convidados a medir
20 copos. Mesmo que a solucao mats simples fosse encher a jarra A e usar
a jarra C para remover tres copos dos 23 da jarra A, os participantes ge~
ralmente vinham com uma solucao muito mais complicada envolvendo as
tres jarras. Tendo desenvolvido urn conjunto mental de usar tres jarras em
combinacao para resolver esse tipo de problema. eles tinham problemas
em decldir sobre a solucao mats simples de usar apenas duas jarras. Sur-
preendentemente. quando recebiam urn problema com uma solucao sin-
ples para o qual a formula original nao functonava, multos participante
nao conseguiam resolve-lo de modo mais eficiente (FIG. 8.22).
®®®
®®®
®®®
FIGURA 8.21 Problema dos
nova pantos de Sche®ror. Tente
ligar os pontos usando no rna-
ximo quatro li`nhas retas, sem
levantar o lapis da pagina. As
solue6es aparecem na Figura
8.21 b, na p. 326.
A
Fixid®z fu licio nal
Na resolu§6o de problemas, ter
ideiasfixassobreasfun§6estipicas
d8 0bjetos.
I,
Urn tipo de conjunto mental resulta de ter ideias nxas sobre as fu
c6es tiplcas de objetos. Bssa fixidez funcjonal tamb6m pode criar difi-
culdades na resolucao de problemas. 0 ficticio personagem de televi-
sao MacGyver era famoso por superar a fl]ddez funcional realizando
proezas incriveis com objetos do cotidlano, coma o seu canivete
suieo de estimaeao. Talvez voce tenha usado flta adesiva para urn
fin nao previsto injctalmente par seus criadores
Para superar a fufidez functonal, o solucionador de proble-
mas preclsa reinterpretar a potencial funcao de urn objeto. Urn
exemplo de pesquisa envolve o problema da vela, desenvolvido
por Karl Duncker ( 1945). Os partlcipantes estao em uma sala
com urn quadro de avisos na parede. Bles recebem uma vela,
uma caixa de fosforos, uma catxa de tachinhas e o seguinte de-
safto.. Usando apenas esses obuetos, pregar a uela ro quadro
de ou>tsos de modo que possa ser acesa e quetmar corretanen-
€e. A maior parte das pessoas ten dificuldade em chegar a uma
solucao adequada
Contudo, se as pessoas reinterpretam a funeao da calxa,
emerge uma solucao. 0 lado da caixa pode ser pregado na placa
de avisos para crlar urn apoio. A vela 6 entao colocada na caixa
e acendida (FIG. 3.25). Em geral, os participantes tern dmculda-
de para visualizar a caixa como urn possivel suporte quando ela
esfa sendo usada como urn r€ciplente para os fosforos. guando se
mostra esse problema com uma caixa vaLzia e os fosforos na mesa
ao lado. eles resolvem o problema urn pouco mais facilmente.
:SeET!:EGJ:::=Nei:,:#o::deAd:::::ou,ge:a=°!=e!grhefpsr::::taa::ieus;\o\
de urn problema. Alnda assim, muitas vezes temos dificuldade para aprovar essa
estrategia consclentemente quando estamos com dificuldade para resolver certo pro-
blema.Felizmente, podemos sempre apllcar outras estrat6gias que podem ajudar a
levar a uma solngao.
Uma dessas estrateglas consiste em usaf urn algoritmo. Urn algorltmo 6 uma di-
retriz que, se seguida corretanente, sempre leva a resposta corrcta. Se voce qutser co-
nhecer a flea de urn retangulo, por exemplo. podena obter a resposta certa multipli-
cando seu comprimento pela largura. Essa formula € urn a|goritmo porque sempre vat
funclonar. Do mesmo modo, se voce seguir exatamente uma r-eceita, Cia se-mpre pfoduzi-
fapraticanenteomesmodesfecho.Contudo,suponhaquevocesubstituauniingredlen-
te por outro: voce usa 6leo no lugar da manteiga que a receita pede. Aqui, voce esta usan-
do uma heurisfica que urn tipo de gordura e igua] a outro. Seu resultado provavelmente
sera born. mas nao ha qualquer garantia.
Tentativa 1
Tent8tiva 2
Tentative 3
Tentativa 4
Tentative 5
Tentativa 6
Tentativa 7
FIGURA 8.22 Jogo mental do Luchins.
FIGUF]A 8.218 Solu§6®s para o proble-
ma dos nov® pontos de Scheerer.
A maior parte dos participantes conside-
ra apenas as solue6es que se encaixam
no quadrado formado pelos pontos.
Tendem a pensar que a problema inclui
essa restrieao. No entanto, uma solueao
6 efetivamente pensar fora da caixa: ver
que manter as linhas dentro da caixa nao
e uma exigencia. Outra solu§ao e utilizar
uma linha mu/.fo grossa que abranja todo
os nove pontos. Besolver o problema re-
quer a reestruturaeao da representaeao,
eliminando restri§6es assumidas.
Em 1925, o psic6logo da
pensar refrogrndamerrfe. ©uando os~i wi", in .di lequados para resolver I ?`XeppIOS mais famosos na psicologia da pesq-ulsE sobre a {ustg/i£. co=;ie=;i:
Outra boa estrategla consclente |i.I " niii.Tar obstaculos esta em
urn problema nao sao claros, passar dli .`I|ii||fi .alvo para o estado lni-
clal pode ajudar a produzir uma solu¢ti I `. iimillere o problema do lirio
d.agua (Flxx, 1978, p. 50):
uma onazog{a cLproprtada (Reeves & W«t,vhcrg, 1994), conheclda como
resolngao anal6gica de problemas. Digan Lt iN I Ill(. uma clmrgla precise uti-
1lzar urn laser de alta lntensldade para dt.H|i'i`|r t) tumor de urn paciente.
Eta precisa apontar o laser de modo a evltiii ii {|mtruicao do tecido saudi-
vel clrcundante. Ela se lembra de ler urriii li|Ht6i la sobre uln general que
queria capturar uma fortaleza. 0 general I ir.:I.|tii|va deslocar uma grande
quantldade de soldados ate a fortaleza. imm ({il fas as estradas estavam
plantadas com minas. Urn grande grupo {|t` tio|di|dos terla que detonar as
minas. mas urn pequeno grupo poderla v|(i`|ar liom seguranea. Enfao, ®
general dividiu os soldados em pequeno.g Ai.lip(tr} e fez com que cada urn
tomasse urn caminho diferente ate a for|f`|t./.£L, iinde todos converglrlam
e atacariam juntos. Como seu problema |t`i|| I.t`,`ltrle6es andzogas ao pro-
blema do general. a m6dlca ten a ideia de apontar vai.|l iN /c].vers ao tumor a partir de
angulos diferentes. Por sl s6, cada laser sera fraco a s`il]{ii..iit® para evitar a destrulcao
do tecldo vivo em seu caminho, mas a intensidade coii|| il|i||t|il de todos sera suficiente
para destrulr o froor.
Transferir uma estrategia de resolueao de prob|ri"m r`lgnmca usar uma estra-
t€ga que funclona.em urn contexto para resolver urn I w . .I ilriita que e estruturalmente
semelhante. Fbra realfaar esse tlpo de transferencla. ||.`vrllios prestar atengao a es-
trutura de cada problema. For essa radzao, os problt.i|inn iiiiflogos podem melhorar
a nossa capacldade de resolver cada problema. Alg`ui. I miiuisadores descobrlraln
que os partlcipantes que resolvem dois ou mais problt`i I iii- |uialogos desenvolvem urn
esquema que os ajuda a resolver problemas semelhiiiili.,` (Gick & Holyoak, 1983}.
Contudo, as soluc6es analogas funcionam somente sr. i .|I.I i||hecermos as semelhan-
Caixa de f6sforo
Gas entre o problema que enfrentamos e aquele liu.` I-molvemos e se a analogia
estiver correta {Keane, 1987: Reeves & Weisberg. I ! 11)4 ).
/WS/G#7. REPENTIN0 Muitas vezes, urn proble|i|n |iilt) 6 ldentlficado como urn
problema ate que parece lnsoltivel e o soluciona{|t tr t|t: problemas se sente pre-
::dop°qru¥::c:)=fc:::i:teet::an£°;:o¥lec::TeANH"j:}.#¥n°qd=Steouvco¥:strta¥;
ponderando o problema, uma solueao surge em Hull ciLbeea -o momento "Aha".
0 /.Asf-gAf € a metaforica luz mental que passa na Him cobeca quando voce repen-
tlnamente encontra a solucao para urn problema .
•.\`-3
Gestalt Wolfgang K6hler conduziu urn dos
do de que alguns animals nao hum-anos ioddriam se comporar-de-ri-;ri;;-i;;
inteligente. Kaner estudou se os chlmpanzes poderlam resolver problemas.
Ele colocava uma banana fora da jaula de urn chimpanz6. urn pouco al6m do
alcance do animal, e fornecfa vatlas varetas que o chimpanz6 poderia user.
Ele descobriria como mover a banana ate uma dlstancla em que pudesse,
pegs-la?
Em< outro estudo ,classico de !rLsrtyh£, Norman Maler ( 1931 ) conduziu par-
andes. urn de cada vez, ate uni quarto que tmha duas cordas penduradas no•to c uma mesa no canto. Na mesa havia dlversos objetos aleatorios, incluindo
n par de allcates. Cada partlclpante fol convldado a amarrar as cordas uma
i outra. No entanto. era impossivel segurar as duas cordas de uma s6 vez: se o
LrtLcipante estava segurando uma corda, a outra corda ficava mutto longf papa
I altrmcada (FOG. 8.27A). A solu€ao era anarrar o alicatc sobre uma corda e
5a-la coma urn pendulo. 0 partictpante podia, entao, segurar a prineira corda
agrrrar a corda-pendulo enquanto ela balangava (FIG. 8.278).
Embora alguns particlpantes por fin tenhan descoberto essa solucao por
intapr6prla.amorpartedaspessoasficouperplcacomoproblema.Depois
!dctxa-lasrefletiremsobreoproblemapor10minutos,Maiercasualmenteatra-
ssou a sala e rocou contra a corda. fazendo-a balapar para trfs e para frente.
in vez que os partlclpantes viram a corda balaneando, inedlatamente resolve-
moproblema,comosetivessemexperinentadoumnovo!ns!gJit.Contudo.eles
io disseran que Maler lhes tinha dado a solucao. E possivel que nem sequer
chanpercebldoconscientementeasap6esdeMatcr.Todosacreditavanquetl-
iam chegado sozinhos a solucao.
0 esfudo de Maler tamb€m fomece un exemplo de como o {rLs!ght pode
`r alcaLnGado quando urn problema parece lnlcialmente insomvcl. Ne§se caso.
mator parte dan pessoas nao rna conseguido vcr o allcate como un peso
Ira ^^riah..I-` ..--. `±_A._1_ _1 _ _ ,Ira construir urn pendulo - elas estavam s-ofrendo de fixidez funclonal. Para_ __-_--____ _-`. \,\,\,\,
`solver o problema, preclsavan reconsiderar as possiveis fun€6es dos alicates
das cordas. Como mencionado anteriormente. a maneira coma vemos ou re-
ieesseoivTm::.¥vperz°et],e=a{P#¥:o:esc±e8negscftin¥=nst:I:ef6a:smp¥:es:°p¥r:u:
ddez funcional.
Heuristic@ da disponibi!idade
Tomar uma #ecis5o com base na
resposta que mais facilmente vein
a mente.
Heuristica da rei}resenfatividad©
Colocar uma pessoa ou objeto em
uma categoria se essa pessoa ou
objeto 6 semelhante a urn prot6tipo
para essa categoria.
Predi§ao atedva
Tend6ncia das pessoas a
superestimar como os eventos irao
faze-las se sentir no futuro.
Ljnguagem
Sistema de comunicacao utilizando
sons e simbolos de acordo com
regras gramatica is.
Morfomas
Menores unidades linguisticas que
t6m urn significado, incluindo sufixos
e prefixos.
Fonemas
Sons b6sicos da fala, os blocos de
construgao da linguagem.
uRA8.27EstudodeMaiolsobreoJ.usl.gfifSdbito.(alNestasituaeao,comovoc6-fazparapeg'ar
]uascordasparaquepossaamarrarumanaoutra?(blASolucao6tornarumacorda.maispesada
noa`icatee,emseguida,balancaraCordaesticadacomoumpenduloparaquevocepossapega.ia
0 que 6 Iinguagem?
Allnguagempodeseramalscoriplexamaravilhadocerebrohumano.Emboramui-
£Sue£P:iios::ggc¥alq6ufmdec:=a¥ivoedsalpt%ragees}°d:°c:=i:'{caagg,emmalr.eEi:S:om§
dlferencia de outras especles. Em mats de quatro mll ldiomas, os seres humanos
podemfalar.escrevereler.comunlcandotudo-desdelnformac6esbdslcasat€emo-
§6escomplexasenuancessutlsdagrandeliteratura.Alinguagemposslbllltavlverem_1______ _ Lj_+ii..A^ a--,a~ac` a ^e
socledadescomplexas. porque por-meio dela aprendemos a hist6rla, as regras e os
\S--I ---- _-F_______ _
valores da nossa ou de outras culturas.
Comoaprendemo-salinguagem?Algunsaspectospodemserensinadosformal-_ I _ I____A_--- Aa --aln^ f^r.u`JLIJ.`/ qullll`*`~lJ.V*P .--'-|O ------ I - g
mente. como as regras gramaticals. Outros aspectos dao dependem de ensino for-
mal,comoquandoascrfancasquesaoexpostasavaliosidiomasdealgunarnanelra
aprendem todos eles e nao os mlsturan. Elas sabem que un conjunto de palavras
6 o lnges, un e o espanhol e outro e o frances. Considere. atnda. que cada pessoa
que tale fluentemente urn ldloma depende de un amplo conhecimento lmpliclto de
granatlca,mesmoqueelanaosejacapazdeexplicarasregras.Osbebescomecama
falar sem uma grande quantldade de ensino formal. Lembre-se de Alexls Martin, da
abertura do capitulo. a menlna que, aos 2 anos, enquanto alnda estava aprendendo
inges.aprendeuespanholsozinha.Elaconseguiasepararfacllmenteosdoisidiomas
e nunca usava as palavras de modo lncorreto, uma vez as tendo aprendido. 0 que
expllca a capacidade humana para a linguagem?
A linguagem 6 urn sistema de comunicaeao utilizando sons e sinbolos
AIinguagemeunsistemadecomulcapaoutilizandosonsesinbolosdeacordocom
regrasgranatlcals.Esseslstemapodeservlstocomounaestruturahierfrqulca.Isto
e,orap6espodemserdivldidasemunidadesmenores.oujrases.Asfrasespodemser
divididas em palavras. As palavras podem ser dlvididas em sons.
Cada palavra e constltuida por un ou mals morfemas. Os morfemas sao as
menores unldades que ten signiflcado, incluindo sufixos e preflxos. Como exemplo,
considereaspalavIasjTost,de/rostede/roster.Araizdapalavra,/rost,eunmorfe-
rna. 0 significado desse morfema 6 alterado pela adicao do prefixo cle, que tamb6m €
urn morfema. Adicionar urn terceiro morfema, o sufixo €r. muda o sentido mais uma
vez (Gazzanlga, Ivry, & Mangun, 2014).
Cada morfema consiste em urn ou mals fonemas. Os fonemas sao os sons basi-
cos da Gala, os blocos de construcao da llnguagem. For exemplo, a palavra kissed ten
dots morfemas ("kiss" e ..ed") e quatro fonemas (os sons que voc€ faz quando voce diz
a palavra).
A sir[touce de uma llnguagem e o sistema de regras que governa como as pala-
VIas sao comblnadas em frases e come as frases sac combinadas de modo a formar
orae6es. A semanttca 6 o estudo do sistema de signlflcados subjacentes as palavras,
frases e orae6es.
Para esclarecer sua compreensao de todos esses termos. considere a frase Ste-
phante kissed the crying boy {Stephante betuou o menino chorando). A seman:ttoa
mos diz por que essa frase ten urn significado diferente do que Chorarrdo, Stepha-
nle bezjou a rnertlno. A sintaxe dita que a senten§a nao pode ser Be[jou o mertino
chorando SfepJtarite. Como mostrado na FIGURA 8.28, a sentenca pode ser dividi-
da em frases. as frases podem ser divididas em palavras ou morfemas. e as palavras
ou morfemas podem ser divididos em fonemas.
OS SONS DA LINGUAGEM Toda linguagem e d€rivada de urn conjunto muito restri-
to de fonemas. Esse fato e lntrigante, porque o trato vocal humano tern a capacidade
de emltlr multo mats sons do que quatsquer linguagens usam. As pessoas falam for-
cando ®, ar ao longo das cordas vocais. As cordas vocals sao pregas de mucosa que
fazem parte da larlnge, urn 6rgao no pescoco, muitas vezes chamado de caixa de voz
(FIG. 8.29). 0 ar passa das cordas vocals a cavidade bucal (a parte da boca atras
dos dentes e por cima da lingua). Li, movimentos da mandfoula, do labio e da lingua
alteram a forma da boca e o fluxo do ar, alterando os sons produzidos pelas cordas
vgcalsL=_Alguns desses sons sao fonemas.
Os fonemas slnallzam diferen¢-as- sigivficativas entre as palavIas. Per exemplo,
os fonemas /p/ e fo/ nao carregam nenhum signlficado em sl, mas mos posslbnltam
reconhecer pat e bat como tendo slgnificados diferentes. Embora ambos os fonemas
sejam consoantes formadas pelo abrlr e fechar dos lfroios, a laringe vibra para produ-
zlr fo/, mas nao para produzir fo/.
Afosia
Distdrbio de linguagem que resulta
em deficits narcompreensao e
produc5o da linguagem.
maRotokiasdePapuaNavaduine).oumalsde110(oidiomalx66usadoemBotswana(
\,+,-+,,`,`__ __ ---__-__ _
e na Namfola}. Os ldlomas tamb€m dlferem nos padr6es de morfemas dentro das fra-
ses.Essespadr6esinosajudaniasepararaspalavrasqueouvmosnaconversa.Osmor-4_ ______ I_ __I_ ,EI^ a qA\
Os ldlomas dlferem uns dos outros nao apenas pelas palavras que sao utlllzadas,
mastamb€mpelaquantidadedefonemasepadr6esdemorfemas.0lnaes€composto
porcercade40fonemas.enquantooutrosidiomasusantfropoucosquantoll(oidio-.--- ^ . ,_1._____ .`ril£ .._^J^ A-B^+cttratia
separados ocorrem em un fluxo coitinuo, ou-en forma de onda (FIG. 8.30).
D+\J Jr,+`-. `,`,I, --y_ _J__-_-__ _ _ , _
_ -____.I_ _---^_^^ A^ lan
i"al-in-a--JLL;-a~;ai;; de cerca de 15 fonemas por segundo. ou cerca de 18o
palavras por mlnuto. De-alguma maneira, Como dlscn- Area de
tido na prdrina se€ao. as reg|6es dlferentes do cerebro Broca
trabalhan em conjunto para separar os sons relevantes
emsegmentosquepossibmtamainterpreta§ao.0slgni-i
ficado desempenha urn papel importante nessa percep-
cao.guandovoc€ouveumidlomanoqualnao6fluente,
pode ser dificn separar o fluxo em segmentos.
LINGUAGEM NO CEREBRO As les6es em determlna-
das dreas do c€rebro podem levar a afasia. Esse trans-
tomo rm linguagem resulta em deficits na compreen-
pessoas
FIGURA 8.29 Trato vocal humano. A fala 6 produzida pelo
movimentodoaraolongoda§cordasvocats,partedalarin-_ _,_ I,.._ ,,-- ^r,_Ill\JV''''\,I,,\, --_. __ _ -
ge,at6aboca.Osmovimentosdoslabiosedal{nguacon-
trolamoformatodacavidadeoraleofliixodoar,resultand
FIGURA 8.30 Forma de onda da fala. Essa 6 a
forma de onda para a pergunta "0 que voce quer
dizer?" em ingl8s, Nao ha espa§os entre as palavras,
mas o c6rebro normalmente 6 capaz de segmentar
a forma de onda de modo que as palavras possam
ser entendidas.
Area de
Wernicke
F]GUFtA 8.31 Ftogi6es do h®mlsf6rlo ®squerdo ®nvolvides
lulJlu lJa ull5Lla5-iJ.A . `~L7.--`^-~+ --------------- L
sao e producao da lingungem. Cerca de 40% de todos na fala. A area de Broca 6 importante para a produ§ao da
os acidentes vasculares cerebrais produzem algunl fala. A area de Wernicke 6 importante para sua compreen-
grau de afasla, que pode ser permanente p_u _,t:Tp_:-, sao.
;aria (Pedersen at al-.. 1995). A maior parte dos acl-
dentes vasculares cerebrais que causa afasia ocorre
no hemisferio esquerdo.
Lembre-se do Capitulo 3 que o medico e anato-
Inista Paul Broca estudou urn paclente que era caper
de dizer apenas a palavra tan. Ao examinar o cere-
bro do paclente, Broca descobrlu uma lesao no lobo
frontal esquerdo (vcr Fig. 3.15). Depols de estudar ou-
tros paclentes, Broca conclutu que a area do cerebra
que produz a fala. agora chamada de irea de Broca\.
deve estar locallzada no hemisferlo esquerdo. guande
i area de Broca esta danlflcada, os paclentes descn-
volvem afasla expressiva (tamb6m chamada de afasla
de Broca), que lnterrompe a sua capacidade de falar.
Essas Dessoas geralmente entendem a clue lhes e dlto
Desde o trabalho dc Broca e Wernlcke. os pesqulsadores
onstraram que uma rede de regL6es do c€rcbro trabalha
conjunto para possibllitar a llnguagem (Gazzanlga. Ivry.
angun, 2014). Para cerca de 90% das pessoas, o hemls-
o esquerdo 6 o mais lmportante para a linguagem. Danos
ensos a esse hemisferio podem causar afasla givbal, em qtle a pessoa nao e capaz
produzir nem compreender a llnguagem. 0 hemisferio direito tanb6m contribu
ra a linguagem em aspectos lmportantes. como processar o rltmo da fala (Lindell
e interpretar o que e dito, especlalmente compreender metfforas (Yang, 2014)
Area do W®mick8
Area do hemisferio esciuerdo em
que se encontram os lobos temporal
e parietal. Esfa envolvida na
compreensao da fala.
Tooria da relativid@de liiiguistica
A afirmaGao de que a linguagem
determina o pensamento.
{FIG. 8.31}. gu~ando a-area de Wernicke esta danfficada, os
pacientes desenvolvemafasfa de recepeao (tamb6m chamada
de afasia de Wernicke), em que tern dmculdade para entender
osignlflcadodaspalaLVIas.Aquelescomafasiareceptivamuitas
vezes sao altamente verbals, mas o que dlzem nao segue as re-
oras gramatlcals nem faz sentldo.
epodemmoverlabioelingiia,masnaosaocapazesdeformar
palavras ou colocar uma palavra em conjunto com outras de
modo aL formar uma `frase.
Na decada de 1870, o medico Carl Wernicke identlficou
outra area do c6rebro envolvida na lingragem. Wernlcke tinha
dois paclentes que. apds terem sofrido urn actdente vascular
cerebral. tinham dificuldade para entender a linguagem falada.
Bsses pacientes Cram capazes de falar fluentemente, mas o que
diriam nao tlnha sentido. Depois que morreram. Wemlcke rea-
llzou neles uma necropsia. Encontrou danos em uma regao do
hemisferio esquerdo em que se encontram os lobos temporal e
parletal. Essa reorao 6 agora conheclda como area de Wornicko
(b'
FIGURA 8.32 lmportancia re-
Iativa da neve. De acordo com
Whorf, |a) os lnuit podem ter
desenvolvido muitas palavras
para neve porque os diferentes
tipos de neve desempenham
uma parte importante em suas
vidas diarias. (b} As pessoas que
moram em locais de clima mais
quente nao precisam detal vo-,
cabulario intrincado relacionado/I
com esse t6pico.
LINGUAGEM E COGNl?AO gual e a relaeao entre a linguagem e a cognlcao? Benja-
mln Whorf ( 1956) hlpotetlzou que a linguagem reflete como as pessoas pensam. Mais
especmcamente. que a cultura determinaL a linguagem, a qual. por sua vez. determi-
na como as pessoas formain conceitos e categorizam objetos e experienclas. Whorf
observou que o povo Inuit, do Artlco. usa mats palavras para descfever variac6es na
neve do que o fazem os individuos que falam ln8l€s. De acordo com Wharf, a maior
quantldade de palavIas para descrever a neve era valiosa porque as sutilezas na neve
tLnham lmpllcacdes pritlcas e importantes para a vida dlfria (FIG. 8.32).
sane:?o:Sour::I:?:o:et::rd::::::¥i::::g::uiset]j:adaa]H#¥e=.dNe:eernm£:o:g:=
versao posterior e mais forte da hip6tese de Whorf
nao parece ser verdadeira (Gctman & Galllstel, 2004;
Hunt & Agnoll, 1991). Por exemplo, a teoria impllca
que aqueles sem llnguagem sao incapazes de pensar.
Uma quantldade consideravel de pesqulsas mostrfl
que animals e crlancas pr6-1lnguisticos Cram capazes
de tor pensamentos complexos (Keil. 2011 ; Newman,
Keil. Kuhlmeler. & W3mn. 2010: Paulson, Chalmers.
Kahneman, Santos, & Schlff, 2013).
Uma versao mals fraca da teorla e que a lin-
glragrm lnfluencla, e nao determina, o pensamento.
Esse panto permanece controverso, mas algumas
pesquisas indlcam que a llnguagem influencfa o pen-
salnento em vallos dominios. como o mode como as
pessoas pensam sobre tempo. espaco e quantidades
(Boroditsky, Fuhrman. & Mccormick, 2011 ; Gordon,
2004; Levinson, 2003). AI€m disso, o use da lingua-
gem sexlsta pode influenciar os pensamentos das
pessoas em relaeao a homcns e mulheres. Lembre-
-se da dlscussao pr€via em relacao ao csquema de
ser urn clentlsta estar assoclado ao sexo masculino.
A linguagem com urn vies masculino pods reforcar
crengas sobre os papeis de genero (Gastil, 1990).
A linguagem se IIesenvolve die mameira orfienada
fala tolngrffica
Tendencfadascriancasafalar
usando frases rudimentares co
faltadepalavrasepontua§ao,
mas com uma sintaxe 16gjca
e transmitindo uma riqueza de
significado.
A medida que o c6rebro se desenvolve, o mesmo acontece com a capacldade de
falar e formar frases. Asslm. conforme as crlangas desenvolvem habnldades so-
cials, elas tambem melhoraln as suas habilidades linggrsticas. Hi a}guma varia~
cao na velocldade em que a llnguagem se desenvolve, mas em geral os esfagios
de desenvolwimento da linguagem sao muito sanelhantes entre os individuos.
De acordo com Michael Tomasello { 1999), as prlmeiras intera?6es socials entre
a crlanca e a cuidador sao essenclals para entender outras pessoas e ser capac
de se comunicar com elas por melo da linguagem. Pesqulsas mostraram que
criangas e cuidadores veem os objetos em seu ambiente em conjunto e que essa
atencao conjunta promove a aprendizagem da fala (Baldwln.1991 ; FIG. 8.33).
As criangas entendem que os falantes geralmente estao pensando naquilo para
que estao omando (Bloom, 2002).
APRENDIZAGEM DE FONEMAS Os recem-naseidos ja nascem aprendendo
a usaf a llnguagem (Kuhl, 2004; Werker, Gilbert, Humphrey, & Tees.1981).
Janet Werker e calaboradores {Byers-Heiulein+ Burns. & Worker. 2010) des-
cobriram que o ldioma ou os idiomas falados pela mac durante a gestaeao
influenciam as prefer€ncias de audicao no rec€m-nascido. Os recem-nascldos
cujas macs canadenses s6 falavam in8les durante a gestaeao mostraram uma fiiEi
de acordo. com as regras convencionais (Brown: 1973}.
SOBREGENERALIZAG6ES Conforme as crianeas comegam a usar a llnguagem
forte preferencia por frases em lngles em comparacao a frases em tagalog, o
idioma principal dos filipinos. Os rec6m-nascidos de macs que falavam taga-
log e lnges durante a gestacao prestaram atencao a ambas as linguas. Os dltl-
mos achados lmplicam que esses bebes tiveram exposlcao bllingue suficlente
quando fetos para aprender sobre ambos os ldiomas antes do nascimento.
Patrlcia Kuhl e colaboradores [Kubl. 2006; Kinhl, T§ao, & Llu, 2003; Kuhl
et al., 2006) descobriram que, ate os 6 meses de idade, urn bebe 6 capaz de
dlscriminar todos os fonemas que ocorrem em todos os ldiomas. mesmo que
o sons nao ocorram no idioma falado em sua casa. Por exemplo, a dlstineao
entre os sons tr/ e AV e importante no inges: R!uer ten urn signlflcado dlferente
de LILler. 0 idioma japones nao distingue esses sons, mas faz distlnc6es que o
in8les nao faz. Ap6s vanos meses de exposlcao ao seu pr6prto idioma, as crian-
Gas perdem a capacidade de distinguir entre sons que nao lmportam nele (Kuhl,
2004). Crlangas japonesas por fin perdem a capacidade de diferenclar /r/ de A
/. o que torna dificfl para eles aprender o inges como segundo idioma, pois prectsam
aprender a detectar as diferencas entre esses fonemas (Bradlow, Pisoni. Akahane-
•Yamada. & Tohkura, 1997).
DE 0 A 60.000 Ao ouvir dlferengas entre os sons imediatamente ap6s o nasctmento
e, em seguida, aprender os sons de seu pr6prio idioma. as crlan€as passaLm a desen-
volver a capacldade de falar. Os seres humanos passam de balbuclos enquanto beb€s
a urn vocabuldrlo de cerca de 60 mll palavras quando adultos, sem trabalhar muito
arduanente para isso.
A produeao da fala segue urn caminho distinto. Durante os primeiros meses
de vida, cada apao do recem-nascido - chorar. agltar-se, comer e respirar - produz
seus pr6prios sons. Em outras palavras, os primeiros sons verbals dos bebes sao
choros, murmtirlos, grunhldos e respirap6es. De 3 a 5 meses de vida, comeeam a
murmurar e a rir. De 5 a 7 meses, comecam a balbuciar, usando consoantes e vogals.
De 7 a 8 mcses. balbuciam silabas (ba-ba-ba, bee-dee-dee). Ate o primeiro ano,
crlancas de todo o mundo estao dizendo suas primeiras palaVIas. Essas primeiras
maneiras mats sofisticadas, urn erro relativamente raro, mas revelador, e fazer
sobreaplicacao das novas regras gramaticals que aprenderam. As criancas pode:
comecar a cometer erros aos 3 a 5 de ldade com palavras que usavam corretalnen
aos 2 ou 3 anos. Por exemplo, quando criancas ang6fonas aprendem que a adicao
de -ed coloca urn verbo no passado, elas comeeam a adiclonar -ec! a todos os ver-
bps, incluingQ+2sLvlrbos_lELegulares que nao seguem essa regra. Assin, eles podem
dizer "runried'. ou "hozded" mesmo que dlsessem "rari" ou--held" em uma idade
mats jovem. Do mesmo modo, podem sobreapllcar a regra para adicionar -s para
formar urn plural. dizendo "mouses" e `.maus", mesmo que antes diziam .`m!ce" e"men" em uma idade mais jovem.
Como as multas habilldades ``lmaturas" que as crlancas exibem enquanto se
desenfolvem, as generalisac6es refletem urn aspecto importante da aquisicao da lin-
guagem. As crianeas nao simplesmente repetem o que ouviram os outros dizer - elas
provavelmente nao ouviram ningu€m dizer "rLirmed... Em vezdisso, esses erros ocor-
rem porque elas sao capazes de usar a linguagem efetivamente percebendo padr6es
na gramatica falada e depois aplicando as regras para novas frases que nunca tinhaln
ouvido antes (Marcus.1996 ; Marcus et al.,1992). Cometem mais erros com palavIas
usadas com memos frequencla (como drank e kneuj), porque ouvlram formas irregu-
lares de palavras com memos frequencia. Os adultos tendem a fazer a mesma coisa,
mas sao mais propensos a cometer erros mos tempos preteritos que nao utilizam
comumente, como trod, stroue ou sleLo (dlzendo "freadec!", "striued" ou "s[aged.';
Pinker 1994).
&;Hi.,..,,.j*;)
q?
'bl
a ao dizer o novo nome, a crianea nao vat atribuir o nome "dax" ao brinquedo.
Ha uma capacidade inata ba-ra a -Iinguagem
Behavioristas como 8. F: Skinner ( 1957) propuseram que as crian
easaprendemalinguagemdamesmamaneiracomouniratoapren
Estrufuradesiipcrffcie
Nalinguagem,osomeaordemdas
palavras.
Eswhra profunda
Nalinguagem,ossignificados
implfcjtosdesentencas.
At®ngao conjunta. As interag6es iniciais com cuidadores estabelecem as bases para\
aquisigao da linguagem das crianeas. (a) Se a mae esta olhando para o brinquedo ao dizer urn novo
ome, "dax", a crianea ira atribuir o nome "dax" ao brinquedo. (b) Se a mae esta olhando para outra ci
de a presslonar uma alavanca para obter alimento: por me`io de
urn slstema de reforco operante. De acordo com Skimer. as crian-
cas sao reforcadas para repetir corretamente o que os pals dizem.
A fala que nao 6 reforcadaL pelos pals se e"ng=ie. Os pals usam
principios de aprendizagem, como a modelagem. para ajudar as
crian§as a reflnar seu uso da linguagem.
Mas a aquislcao de idlomas nao funciona dessa maneira
(Pinper & Bloom, 1990). Estudos revelam que os pals nao corrl- rfa_I
gem os erros gramaticais das criancas, nem repetem constante
mente palavras e frases para seus fflhos. Bles corrigem as crian€
pequenas se o conteddo do que elas dizem esta errado, mas na
;e a gramatica €sta incorreta (Brown & Hanlon, 1970; FIG. 8.34).
Alem-disso, as pessoas nao precisam vcr ou ouvir urn idioma para
:aprende-lo. For exemplo. as crianeas surdas e ccgas ainda podem
adquirir a linguagem. As criancas tamb€m aprendem idiomas de maneira demasia-
damente rapida para que as teorias behavioristas facam sentido.
0 linguista Noarn Chomsky ( 1959} transformou o campo da linguistlca ao hlpo-
tetlzar que a lingLiagem deve ser regulamentada pela gramatlca universal. Em outras
palavIas, de acordo com Chomsky. todos os idlomas sao baseados no conheclmento
inato dos seres humanos de urn conjunto de elementos e relaedes universais e espe-
cificamente linguisticas.
Ate que Chomslii:y entrasse em cena, os lingutstas se concentraram em analisar
a linguagem e ldentiflcar os componentes bdsicos da grainatica. Todos os ldlomas
incluem elementos semelhantes. como substantivos e verbos, mas a manelra como
esses elementos estao di§postos varia conslderavelmente entre os idiomas. Em seus
prmelros trabalhos, Chomsky argumentou que a modo como as pessoas combinam
esses elementos para formar sentencas e transmitir signiflcado 6 somente a estrutura
de superficie de urn idioma: o son e a ordem das palavras. Ele introduziu o concelto
de estrutura profunda: os significados implfcltos das sentencas. For, exemplo, a gate
gordo persegLi!u o rato implica que ha urn gato, que ele e gordo e que ele perseguiu
o rato. a rato/oi persegu{do pelo gato gordo lmplica as mesmas ideias, embora na
superficle seja uma sentenca diferente.
Chomsky acredlta que as pessoas automatica e inconscientemente transfer-
man a estrutura de superficie na estrutura profunda - o significado que esth sendo
transmitido. As pessoas se lembram do significado subjacente de uma sentenca, nao
de sua estrutura de superficle. For exemplo, voce pode nao se lembrar das palavIas
exatas de alguem que o insuttou, mas voce certamente vat se lembrar da estrutura
profunda por tras do §lgniflcado do que essa pessoa disse. De acordo com Chomsky.
os seres hurrianos nascem com urn c!lsposlt!uo de aqutst€fio da !{nguagem que con-
ten a gramatica universal. Essa estrutura neurol6gica hipot€tica no c€rebro pos-
slbilita que todos os seres humanos venham ao mundo preparados para aprender
alguma lin8uLa8em. Com a exposieao a urn contexto cultural especffico. as conexpes
sinaptlcas no c€rebro comecam a se estreltar em direcao a uma compreensao pro-
funda e rica do idioma dominante sobre todos os outros idlomas desse contexto
cultural (Kuhl, 2000}.
AQUISICAO DA LINGUAGEM COM AS MAOS Suponha que a percepcao e a pro-
ducao do son sejam a chave para a aqulslcao da lingiiagem. Nesse caso, os bebes
expostos a lingua de sinais devem adqulrir idlomas de modo diferente daqueles que
adquirem idiomas falados. Agora, suponha que. em vez daquela lingua. de sinais
ou falada, esteja uma forma especial de comunicaeao em razao de seus padr6es
altanente sistemfticos e a seusibnidade do cerebro humano a elas. Nesse caso, os
bebes devem aprender linguas de sinais e faladas de maneira muito semelhante.
Para testar essa hip6tese, Laura Ann Petitto e seus alunos filmaram bebes sur-
dos de pais surdos em domlcilios que utilizavam duas linguas de sinais complcta-
mente diferentes: a Hngua de sinais norte-americana (ASL, American Sign Language)
e a lingun de sinais de ©uebec (Lsg, langue des signes queb€coise}. Eles descobriram
que os bebes surdos expostos as linguas de sinais de nascenca adquirem linguas em
ririri65==iriEEFF¥Fos nao surdos adquirem
~£aladas{Petitto.2000;FIG.8.3§}.Porexemplo,osbeb€ssurdos__ _ __ __i^_^^ ,-.- =^ oil-Hoe rf>nf--"balbuciarao.. com as maos. Assim como as crlan€as nao surdas repe-JJJawJ,++, ,t^+--- \_ _ -__ _ _ .
ttrao sons como da da c{a, que efetlvamente nao sao palaVIas faladas,
as crlan€as surdas repetirao movimentos mltatives das maos que nao
de sinais.
FirF-LffNCIAS SOCIAIS E CuLTURAIS 0 anbiente obviamente lnfluen-
L IJ,A \-|J\,I+.-_-_--_ _ -_.__ _ _ _
ciagrandementeaaqutsIcaod_:_ap,¥:¥api:rri¥€:Fh¥]C:.d¥=Vfaadde:
sinals reais narepresentan
ofatodevocefalaringesemvezde{oual6mde)Swahin6determinado
cia granQciiit;LLit; a au`+|O.`r-v --~ .---a .
intetramenteporseuambiente.Ainteracaoentreculturastanb6mmoI-I
daalinguagem.0termocrloutodescreveumalinguagemqueevoluiao
longodotempoapartrdeunamlsturadehiquagensexistentes(Flo.
8.36).Porexemplo.unalmguagemcrloulapodesedesenvolverquando'',
umaculturacolonizaumlugar.comoquindoosfrancesesseestabelece-\
ramnosuldaLoulsiamaeadquirtramescravosquenaofalavrmfrances
desde o nascimento. 0 crloulo se desenvolve a partr da comunicapao
rudimentar.comoquandopopulap6esquefalanvatosidlomastentam
se entender entre si. Muitas vezes, os colonos e os nativos misturavan
palavrasdosidiomasunsdosoutrosemumpidgiri.uncrlouloinformal
quecarecederegrasgranaticalsconsistentes.
0 ungulsta Derck Blckerton (1998) descobriu que os filhos dos
colonosimpdemregrassobreopldgindeseuspais,desenvolvendo-oem
un crioulo. Bickerton argunenta que essa e uma evidencia pan a gra-
matlcaconstruida,universal.Emoutraspalavras,ocerebromudauna
llnguagemnaoadaptadaapllcandoaelaasmesmasregrasbdsicas.Bi-
ckertontanbemdescobriuqueoscrioulosforTnadosnasdiferentespar-
te§ do mundo, com distlntas combmap6es de ldiomas, sao mais seme-
mantesentresiemestruftyagranaticaldoqueosldiomasmaisantlgos.
FIGURA 8.34 Ensino d® idiomas. Os pais in-
troduzem as crian§as as palavras e as ajudam
a entender a linguagem, mas n5o ensinam
APRENDENDO A LER No mundo que fala ingres, ha duas grandes escolas de ra-
clocinio a respeito de como ensinar a her. Os m€todos tradicionals usam a fonctica,
que ensina a assoclacao entre as letras e seus fonemas. As criancas aprendem a
fazer os sons aproprlados para as letras e, enfao, a soletrar palavIas como elas
soon (Fie. 8.38). Aprendem uma pequena quantidade de palavras slmples que
ensinam os sons das letras na malor parte das palavras do ldioma. Per causa das I
irregularldades no inges, por exemplo. as crlancas primeiro aprendem as regras
gerals e, em seguida, aprendem

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