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Direito Administrativo para PGM-Fortaleza 
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Olá pessoal! 
Na aula de hoje estudaremos o assunto “responsabilidade civil do 
Estado”. 
Seguiremos o seguinte sumário: 
SUMÁRIO 
Responsabilidade civil do Estado .......................................................................................................................... 3 
Evolução ............................................................................................................................................................................... 5 
Irresponsabilidade do Estado .................................................................................................................................. 5 
Teoria da responsabilidade com culpa comum ................................................................................................ 5 
Teoria da culpa administrativa ............................................................................................................................... 6 
Teoria do risco administrativo ................................................................................................................................ 7 
Teoria do risco integral .............................................................................................................................................. 9 
Responsabilidade objetiva: art. 37, §6º da CF .............................................................................................. 13 
Responsabilidade civil das empresas estatais ............................................................................................... 20 
Responsabilidade civil das prestadoras de serviços públicos ................................................................. 20 
Responsabilidade civil por omissão da Administração .......................................................................... 23 
Excludentes de responsabilidade ....................................................................................................................... 27 
Ação de reparação do dano: particular x Administração ...................................................................... 33 
Ação regressiva: Administração x agente público ..................................................................................... 37 
Denunciação à lide ..................................................................................................................................................... 42 
Responsabilidade por atos legislativos e judiciais .................................................................................... 44 
Atos legislativos .......................................................................................................................................................... 45 
Atos judiciais ................................................................................................................................................................ 47 
Casos especiais .............................................................................................................................................................. 49 
Responsabilidade por danos de obras públicas ............................................................................................ 49 
Responsabilidade civil dos notários ................................................................................................................... 51 
Responsabilidade por atentados terroristas .................................................................................................. 53 
Questões de prova ....................................................................................................................................................... 54 
Jurisprudência ............................................................................................................................................................... 80 
RESUMÃO DA AULA ..................................................................................................................................................... 87 
Questões comentadas na aula ............................................................................................................................... 89 
Gabarito ........................................................................................................................................................................... 102 
 
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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 
O vocábulo “responsabilidade” é utilizado para qualquer situação 
em que alguém deva responder pelas consequências dos seus atos. Esse 
“alguém”, no nosso tema de estudo, é o próprio Estado que, por possuir 
personalidade jurídica, também é titular de direitos e obrigações na ordem 
civil. 
No campo do Direito, verifica-se a existência de uma tríplice 
responsabilidade: a administrativa, a penal e a civil, inconfundíveis, 
independentes entre si e, eventualmente, cumuláveis. 
Em apertada síntese, a responsabilidade administrativa resulta de 
infração a normas administrativas; a responsabilidade penal decorre da 
prática de crimes e contravenções tipificados na lei penal; já a 
responsabilidade civil decorre de infrações a normas de direito civil, 
gerando para o infrator a obrigação de reparar o dano ou de ressarcir o 
prejuízo causado a outrem. 
A reponsabilidade do Estado, como pessoa jurídica, é sempre 
civil1. A responsabilidade civil tem como pressuposto a ocorrência de um 
dano (prejuízo). Significa que o sujeito só é civilmente responsável se sua 
conduta ou omissão provocar dano ao terceiro, dano que pode ser de 
ordem material (patrimonial) ou moral. 
A sanção aplicável no caso de responsabilidade civil é a indenização, 
que é o montante pecuniário necessário para reparar os prejuízos 
causados pelo responsável. 
Na maioria das relações entre particulares, o direito civil reconhece a 
chamada responsabilidade contratual. A responsabilidade contratual, 
como o próprio nome sugere, se funda no descumprimento de cláusulas 
estabelecidas em contratos prévios firmados entre as partes. 
Diversamente, a responsabilidade civil do Estado constitui 
modalidade extracontratual, por inexistir um contrato que sustente o 
dever de reparar. Para caracterizar a responsabilidade civil ou 
extracontratual do Estado, basta que haja um dano (patrimonial e/ou 
moral) causado a terceiro por comportamento omissivo ou comissivo 
de agente público. A responsabilidade civil impõe ao Estado a obrigação 
de reparar (indenizar) esse dano. 
 
1 Não confunda com a responsabilidade dos agentes públicos (pessoas físicas), que pode ser 
administrativa, penal e civil, como vimos na aula sobre o regime jurídico dos servidores públicos. 
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forma coercitiva e unilateral. Distinguia-se, dessa forma, a pessoa do Rei(insuscetível de errar), que praticaria os atos de império, da pessoa do 
Estado, que praticaria atos de gestão através de seus agentes. 
Portanto, pela teoria civilista, o Estado respondia pelos danos 
causados por seus agentes ao praticarem atos de gestão, porém só no 
caso de culpa destes. Ademais, cabia ao particular prejudicado o ônus de 
identificar o agente estatal causador do dano, além de demonstrar que ele 
teria agido com culpa. 
O problema dessa teoria (que vigorou no Brasil desde o Império até a 
Constituição de 1946) é que, na prática, nem sempre era fácil distinguir 
se o ato era de império ou de gestão, o que causava uma série de dúvidas 
e confusões. 
TEORIA DA CULPA ADMINISTRATIVA 
Evoluindo mais um pouco, chegamos à teoria da culpa 
administrativa. O principal acréscimo na construção teórica foi quanto à 
desnecessidade de se fazer diferença entre os atos de império e os atos 
de gestão. 
Ademais, a teoria da culpa administrativa procurava desvincular a 
responsabilidade do Estado da ideia de culpa do agente estatal. Passou-se 
a falar em culpa do serviço público, em que o terceiro lesado não 
precisava identificar o agente estatal causador do dano. Para caracterizar 
a responsabilidade do Estado, bastava-lhe comprovar que o serviço 
público não funcionou ou funcionou de forma insatisfatória, mesmo que 
fosse impossível apontar o agente responsável pela falha. 
Perceba que a teoria também exige uma espécie de culpa, mas não a 
culpa subjetiva do agente, e sim uma culpa atribuída ao Estado (pela má 
prestação do serviço), denominada pela doutrina de 
culpa administrativa ou culpa anônima (haja vista a desnecessidade 
de individualizar a conduta do agente). 
A culpa administrativa ocorre quando: 
 O serviço não existe (inexistência do serviço); 
 Mau funcionamento do serviço (o serviço existe, porém não funcionou 
bem); ou 
 Retardamento do serviço (o serviço existe, funciona bem, porém atrasou-
se). 
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concomitantemente – sua obrigação de indenizar será proporcionalmente 
atenuada. Mais que isso, se a Administração conseguir provar que a culpa 
tenha sido exclusivamente do motorista particular, restaria excluída a 
obrigação de indenizar por parte da Administração. Essa é a fundamental 
diferença com relação ao risco integral, como veremos a seguir. 
TEORIA DO RISCO INTEGRAL 
Vimos que, na teoria do risco administrativo, o Estado é responsável 
pelas condutas danosas de seus agentes públicos, independentemente de 
prova de culpa, mas há situações que afastam o dever de o Estado 
reparar o eventual prejuízo (são as excludentes de responsabilidade, 
como a culpa da vítima). 
Por sua vez, pela teoria do risco integral, o Estado funciona como 
“segurador universal”, sendo obrigado a indenizar os prejuízos suportados 
por terceiros, ainda que resultantes da culpa exclusiva da vítima ou de 
caso fortuito ou força maior. 
Segundo essa teoria, basta a existência do evento danoso e do nexo 
de causalidade para que surja a obrigação de indenizar para o Estado, 
sem a possibilidade de que este alegue excludentes de sua 
responsabilidade. 
Por ser o risco integral modalidade de risco administrativo 
extremamente exagerada, a doutrina majoritária sustenta não ser 
aplicável em nosso ordenamento jurídico. A regra geral, portanto, é a 
não aplicabilidade da teoria do risco integral. 
Porém, há na doutrina quem defenda serem os danos causados por 
acidentes nucleares uma aplicação da teoria do risco integral (CF, 
art.21, XXIII, “d” 4 ), uma vez que, nessa hipótese, ficaria afastada 
qualquer possibilidade de alegações de excludentes pelo Estado5. 
Outra hipótese de aplicação da teoria do risco integral aceita pela 
doutrina e pela jurisprudência é a responsabilidade por 
 
4 Art. 21. Compete à União: 
(...) 
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a 
pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares 
e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: 
(...) 
 d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; 
5 O tema, porém, não é pacífico. Existem autores que pensam não existir distinção entre a 
responsabilidade por dano nuclear e as demais hipóteses de responsabilidade civil do Estado, ou seja, o 
dano nuclear também ensejaria a responsabilidade civil objetiva na modalidade risco administrativo. 
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2. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) A teoria que impera atualmente no 
direito administrativo para a responsabilidade civil do Estado é a do risco integral, 
segundo a qual a comprovação do ato, do dano e do nexo causal é suficiente para 
determinar a condenação do Estado Entretanto, tal teoria reconhece a existência de 
excludentes ao dever de indenizar. 
 Comentário: A teoria que impera atualmente no direito administrativo para 
a responsabilidade civil do Estado é a do risco administrativo , segundo a qual 
a comprovação do ato, do dano e do nexo causal é suficiente para determinar 
a condenação do Estado. A teoria do risco administrativo reconhece a 
existência de excludentes ao dever de indenizar (ex: culpa exclusiva da vítima 
e ocorrência de caso fortuito e força maior). A teoria do risco integral , por sua 
vez, obriga o Estado a reparar todo e qualquer dano, não admiti ndo 
excludentes de responsabilidade. No nosso ordenamento jurídico, a teoria do 
risco integral só é aplicada em hipóteses restritas, como exceção, quais sejam: 
danos nucleares, danos ambientais e ataques terroristas a aeronaves 
brasileiras. 
 Gabarito: Erra do 
3. (Cespe – Bacen 2013) De acordo com a teoria da culpa administrativa, 
existindo o fato do serviço e o nexo de causalidade entre esse fato e o dano sofrido 
pelo administrado, presume-se a culpa da administração. 
 Comentário: De acordo com a teoria objetiva (risco administrativo e risco 
integral, e não da culpa administrativa) , existindo o fato do serviço e o nexo de 
causalidade entre esse fato e o dano sofrido pelo administrado, presume-se a 
culpa da Administração, afinal, a pessoa que sofreu o dano não precisa prova-
la (a responsabilidade é objetiva). Na teoria da culpa administrativa, ao 
contrário, a culpa da Administração não é presumida, e sim precisa ser 
demonstrada pela parte lesada (é o que ocorre nos casos de omissão do Poder 
Público). 
 Gabarito: Errado 
 
 
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RESPONSABILIDADE OBJETIVA: ART. 37, §6º DA CF 
O art. 37, §6º da Constituição Federal assim dispõe: 
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de 
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. 
A doutrina ensina que esse dispositivo constitucional consagra no 
Brasil a responsabilidade extracontratual objetiva da Administração 
Pública, na modalidade risco administrativo. 
Sendo assim, a Administração Pública tem a obrigação de indenizar o 
dano causado a terceiros por seus agentes, independentemente da 
prova de culpa no cometimento da lesão (e independentemente da 
existência de contrato entre ela e o terceiro prejudicado). 
A responsabilidade objetiva prevista no art. 37, §6º da CF alcança: 
 Todas as pessoas jurídicas de direito público (administração direta, 
autarquias e fundações de direito público),independentemente das 
atividades que exerçam; 
 As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços 
públicos (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações 
públicas de direito privado que prestem serviços públicos); 
 As pessoas privadas, não integrantes da Administração Pública, que 
prestem serviços públicos mediante delegação (concessionárias, 
permissionárias e detentoras de autorização de serviços públicos). 
 
4. (Cespe – DP/DF 2013) Segundo o ordenamento jurídico brasileiro, todas as 
pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado que integrem a 
administração pública responderão objetivamente pelos danos que seus agentes, 
nessa qualidade, causarem a terceiros. 
 Comentário: A responsabilidade civil objetiva abrange (i) todas as 
pessoas jurídicas de direito público e (ii) as pessoas jurídicas de direito 
priv ado prestadoras de serviço público, mas não as pessoas jurídicas de 
direito privado exploradoras de atividade econômica. Portanto, a palavra 
“todas” macula o quesito. 
 Gabarito: Errado 
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exercendo. Não importa se a atuação do agente foi lícita ou ilícita7; o 
que interessa é exclusivamente ele agir na qualidade de agente 
público, e não como pessoa comum. 
Dessa forma, se um policial fardado, agindo em nome do Estado (o 
que, no caso, presume-se pelo só fato de o agente estar fardado e 
integrar efetivamente os quadros da corporação policial), ainda que em 
dia de folga, causar dano ao particular, a obrigação de indenizar compete 
ao Poder Público, independentemente da existência de irregularidade na 
conduta do agente. 
 
5. (FGV – OAB 2011) Um policial militar, de nome Norberto, no dia de folga, 
quando estava na frente da sua casa, de bermuda e sem camisa, discute com um 
transeunte e acaba desferindo tiros de uma arma antiga, que seu avô lhe dera. 
Com base no relatado acima, é correto afirmar que o Estado 
(A) será responsabilizado, pois Norberto é agente público pertencente a seus 
quadros. 
(B) será responsabilizado, com base na teoria do risco integral. 
(C) somente será responsabilizado de forma subsidiária, ou seja, caso Norberto não 
tenha condições financeiras. 
(D) não será responsabilizado, pois Norberto, apesar de ser agente público, não 
atuou nessa qualidade; sua conduta não pode, pois, ser imputada ao Ente Público. 
 Comentários : Não haverá responsabilidade do Estado nos casos em que 
o agente causador do dano seja realmente um agente público , mas não esteja 
atuando na sua condição de agente público (nem parecendo estar). 
Assim , na situação narrada no comando da questão, o Estado não será 
responsabilizado, pois o policial, apesar de ser agente público, não atuou 
nessa qualidade; seu comportamento derivou de interesse privado, motivado 
por sentimento pessoal. Dessa forma, sua conduta não poderá ser imputada 
ao Estado , daí o gabarito (alternativa “d”). 
Sobre esse assunto, cabe ressaltar que existe uma polêmica na 
jurisprudência. Caso, na mesma situação, o disparo tivesse sido efetuado com 
uma arma da corporação , não há consenso sobre se haveria ou não 
 
7 Conforme ensina Hely Lopes Meirelles, a atuação ilícita do servidor não exclui a responsabilidade 
objetiva da Administração. Antes, a agrava, porque tal atuação traz ínsita a presunção de má escolha do 
agente público para a missão que lhe fora atribuída. 
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responsabilidade civil do Estado. Existem várias decisões dos Tribunais 
Superiores no sentido de que caberia sim a responsabilidade civil do Estado, 
pois o policial somente detinha a posse da referida arma por causa da sua 
situação funcional, ou seja, o simples uso da arma, ainda que em dia de folga 
(o que é vedado), configura atuação na condição de agente público, atraindo a 
responsabilidade do Estado 8. Mas também existem várias decisões em sentido 
contrário, ou seja, de que não haveria responsabilidade civil do Estado mesmo 
que o disparo tenha sido efetuado com arma da corporação, pois, no dia de 
fo lga, o policial não atua na qualidade de agente público 9. 
Aliás, pela impossibilidade de se fazer um julgamento objetivo a respeito 
do tema envolvendo disparo com arma da corporação, o Cespe, recentemente, 
anulou uma questão que cobrava o assunto na prova do STJ/2015. 
Não obstante, na situação em análise, a arma utilizada não era da 
corporação (era do avô), de modo que não há dúvida acerca da 
irresponsabilidade do Estado. 
 Gabarito: alternativa “d” 
É oportuno conhecermos também o alcance do conceito de 
“terceiros”, constante do art. 37, §6º da CF. A expressão tem 
abrangência ampla, incluindo todas as pessoas físicas e jurídicas, 
públicas ou privadas. Em outras palavras, o Estado deve responder 
pelos danos causados por seus agentes a qualquer que seja a vítima10. 
Continuando no art. 37, §6º, percebe-se que, na sua parte final, é 
feita referência à possibilidade de a pessoa jurídica cobrar do agente 
público o valor da indenização que foi obrigada a pagar. Assim, a pessoa 
jurídica deverá ajuizar ação regressiva contra o seu agente a fim de 
obter o ressarcimento da indenização que foi obrigada a pagar. 
Todavia, o agente somente será responsabilizado se for comprovado 
que ele atuou com dolo ou culpa, ou seja, a responsabilidade do 
agente é subjetiva, na modalidade culpa comum. O ônus da prova da 
culpa do agente é da pessoa jurídica em nome da qual ele atuou e que 
já foi condenada a indenizar o terceiro lesado. 
 
 
8 STF Ȃ RE 291.035/SP 
9 STF Ȃ RE 363.423. 
10 STF Ȃ AI 473.381/AP 
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público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço 
públic o, responsabilidade objetiva , com base no risco administrativo , ocorre 
diante dos seguintes requisitos: 
a) Dano a terceiro; 
b) Ação administrativa; 
c) Nexo causal entre o dano e a ação administrativa. 
Essa responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, admite 
pesquisa em torno da culpa da vítima, para o fim de abrandar ou mesmo 
excluir a responsabilidade da pessoa jurídica de direito público ou da pessoa 
jurídica de direito privado prestadora de serviço público. 
 Gabarito: Certo 
8. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) Para a configuração da 
responsabilidade civil do Estado, é irrelevante licitude ou a ilicitude do ato lesivo. 
Embora a regra seja a de que os danos indenizáveis derivam de condutas contrárias 
ao ordenamento jurídico, há situações em que a administração pública atua em 
conformidade com o direito e, ainda assim, produz o dever de indenizar. 
 Comentário: Para configurar a responsabilidade civil do Estado, o agente 
causador do prejuízo a terceiros deve ter agido na qualidade de agente 
públic o, sendo irrelevante o fato de ele atuar dentro, fora ou além de sua 
competência legal, nem mesmo se o ato foi culposo ou doloso. Não importa , 
portanto, perquirir se a atuação do agente foi líc ita ou ilícita , uma vez que essa 
atuação – legal ou ilegal – é imputada ao órgão ou entidade cujos quadros ele 
integra. 
Por exemplo, o agente da Administração, ao realizar a manutenção dos 
bueiros da cidade, pode esquecer a tampa de um deles aberta e, com isso, 
provocar estragos num veículo particular que transitar sobre o local. Nessa 
hipótese, mesmo que o fato de deixar a tampa do bueiro aberta não caracterize 
um ato ilícito do agente público, ainda assim a Administração deverá indenizar 
o particular.Gabarito: Certo 
 
 
 
 
 
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9. (Cespe – CADE 2014) No direito pátrio, as empresas privadas delegatárias de 
serviço público não se submetem à regra da responsabilidade civil objetiva do 
Estado. 
 Comentário: Conforme expressamente previsto no art. 37, §6º da CF, as 
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público, entre as 
quai s se incluem as empresas privadas delegatárias de serviço público, se 
submetem sim à regra da responsabilidade civil objetiva do Estado. 
 Gabarito: Errado 
10. (Cespe – TCE/ES 2012) De acordo com o entendimento do STF, empresa 
concessionária de serviço público de transporte responde objetivamente pelos danos 
causados aos usuários de transporte coletivo. 
 Comentário: Na verdade, de acordo com o entendimento do STF, empresa 
concessionária de serviço público de transporte responde objetivamente pelos 
danos causados aos usuários e aos não-usuários de transporte coletivo. Não 
obstante, embora incompleto, o quesito pode ser considerado correto. 
 Gabarito: Certo 
11. (Cespe – PC/BA 2013) O corte de energia elétrica por parte da concessionária 
de serviço público presume a existência de dano moral, sendo desnecessária a 
comprovação dos prejuízos sofridos à honra objetiva de empresa ou usuário afetado 
pela interrupção do serviço. 
 Comentário: Para restar configurada a responsabilidade civil objetiva da 
concessionária de serviço público, é necessário que se demonstre a existência 
do dano, do ato da empresa e do nexo causal entre um e outro. Portanto, ao 
contrário do que afirma o quesito, é necessária a comprovação dos prejuízos 
sofridos. 
 Gabarito: Errado 
 
 
 
 
 
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RESPONSABILIDADE CIVIL POR OMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO 
Como já foi afirmado, o Estado pode causar dano a particulares por 
ação ou omissão. 
Quando há ação, os danos podem ser gerados por conduta culposa 
ou não do agente público. Em ambos os casos incide a responsabilidade 
civil objetiva, desde que presentes os seus pressupostos – o fato do 
serviço, o dano e o nexo causal. 
Todavia, quando há omissão, em regra existe a necessidade da 
presença do elemento culpa para a responsabilização do Estado. Em 
outras palavras, nas hipóteses de danos provocados por omissão do Poder 
Público, a sua responsabilidade civil passa ser de natureza subjetiva, na 
modalidade culpa administrativa. Nesses casos, a pessoa que sofreu o 
dano, para ter direito à indenização do Estado, tem que provar (o ônus da 
prova é dela) a culpa da Administração Pública. 
A culpa administrativa, no caso, origina-se do descumprimento do 
dever legal, atribuído ao Poder Público, de impedir a consumação do dano. 
Ou seja, decorre de falta no serviço que o Estado deveria ter prestado 
(abrangendo a inexistência, a deficiência ou o atraso do serviço) e que, se 
tivesse sido prestado de forma adequada, o dano não teria ocorrido. 
 Tal “culpa administrativa”, no entanto, não precisa ser 
individualizada, isto é, não precisa ser provada negligência, imprudência 
ou imperícia de um agente público determinado. Basta ao lesado provar o 
nexo causal entre o dano e a omissão estatal. 
A responsabilidade subjetiva do Estado usualmente se aplica a 
situações em que há dano a um particular em decorrência de atos de 
terceiros, não agentes públicos (ex: delinquentes ou multidões) ou de 
fenômenos da natureza (ex: enchente ou vendaval). 
Por exemplo, na hipótese de ocorrência de uma enchente que 
provoque estragos na residência de um particular, este terá direito à 
indenização do Estado caso consiga provar que os bueiros e as galerias 
pluviais, cuja manutenção é dever do Poder Público, estavam entupidos. 
Nesse exemplo, como o dano foi causado por um evento da natureza, e 
não por um ato de um agente público atuando nessa qualidade, para se 
atribuir ao Estado a responsabilidade civil pelo prejuízo, há necessidade de 
se provar a culpa administrativa (a responsabilidade é subjetiva, 
portanto). A culpa, na situação, está caracterizada pela ausência ou 
deficiência no serviço de manutenção, que contribuiu para o dano causado 
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ao patrimônio do particular; não há, contudo, necessidade de provar qual 
foi o agente público responsável pela omissão13. 
Por outro lado, caso se verifique que o dano decorreu 
exclusivamente de atos de terceiros ou fenômenos da natureza, sem 
qualquer omissão culposa da Administração, esta não terá a obrigação de 
indenizar. 
No mesmo exemplo anterior, caso todo o sistema de escoamento 
estivesse em perfeitas condições e, mesmo assim, por conta de uma 
chuva de intensidade excepcional e imprevisível, não tenha sido suficiente 
para evitar a enchente, a responsabilidade do Estado será afastada, 
porque o dano terá ocorrido exclusiva e diretamente de situação de força 
maior, sem qualquer culpa da Administração. A responsabilidade pela falta 
do serviço só existe quando o dano era evitável. 
Assim, podemos concluir que a regra da responsabilidade objetiva da 
Administração Pública não vale para os casos de omissão estatal. A 
responsabilidade passa a ser subjetiva. Este é o entendimento tanto 
doutrinário como jurisprudencial dominante14, e que deve ser tomado 
como regra geral. 
Disse que deve ser tomado como regra geral porque há situações em 
que os atos omissivos acarretarão a responsabilidade objetiva do 
Estado, nos termos do §6º do art. 37 da CF. 
Segundo a jurisprudência do STF15, quando o Estado tem o dever 
legal de garantir a integridade de pessoas ou coisas que estejam sob 
sua proteção direta (ex: presidiários e internados em hospitais públicos) 
ou a ele ligadas por alguma condição específica (ex: estudantes de 
escolas públicas) o Poder Público responderá civilmente, por danos 
ocasionados a essas pessoas ou coisas, com base na responsabilidade 
objetiva prevista no art. 37, §6º, mesmo que os danos não tenham sido 
diretamente causados por atuação de seus agentes. Nesse caso, de forma 
excepcional, o Estado responderá objetivamente pela sua omissão no 
dever de custódia dessas pessoas ou coisas. 
Como exemplo, pode-se citar um presidiário que seja assassinado por 
outro condenado dentro da penitenciária ou um aluno de escola pública 
 
13 Não obstante, a detecção do agente causador da omissão é importante para o Estado, para que possa 
apurar as devidas responsabilidades, e, assim, acionar o agente público em sede de ação regressiva, mas 
essa é outra história, que veremos daqui a pouco. 
14 STF Ȃ RE 695.887/PB; STJ Ȃ RE 602.102 
15 RE 633.138/DF 
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Por exemplo: um motorista, servidor público, vem dirigindo em 
serviço de forma cautelosa quando, de repente, um particular avança o 
sinal vermelho e colide com o veículo oficial. Nesse caso, o Estado não 
teria o dever de indenizar o proprietário do automóvel particular, pois o 
dano foi causado exclusivamente por ato do próprio particular. Em outras 
palavras, não houve nexo de causalidade entre alguma ação do agente 
público e o dano, daí o fundamento para a exclusão da responsabilidade 
civil do Estado. 
Detalhe é que a responsabilidade do Poder Público, em razão de culpa 
atribuível à própria vítima, pode ser totalmente excluída como também 
pode ser reduzida proporcionalmente. No exemplo dado, a 
responsabilidade foi totalmente excluída,pois a culpa pelo acidente foi 
exclusiva do particular. 
Por outro lado, se alguma ação do servidor público, de alguma forma, 
tivesse contribuído para o acidente, haveria aquilo que a doutrina chama 
de culpa concorrente (do agente público e da vítima). Nesse caso, a 
responsabilidade civil da Administração seria afastada apenas 
parcialmente, ou seja, o Estado teria o dever de indenizar o particular, só 
que o valor da indenização seria reduzido proporcionalmente. 
Outra excludente de responsabilidade se verifica na hipótese de 
caso fortuito ou força maior. 
Não há consenso na doutrina acerca do que vem a ser caso fortuito e 
do que vem a ser força maior. Alguns autores dizem que caso fortuito 
decorre de eventos da natureza e força maior da conduta humana; outros 
autores afirmam exatamente o contrário. Entretanto, não nos interessa 
aqui fazer distinção entre os conceitos. Para o nosso objetivo, vamos 
adotar a posição majoritária da doutrina e da jurisprudência que considera 
“caso fortuito” e “força maior” como se fossem a mesma coisa. 
Nesse sentido, tanto o caso fortuito como a força maior 
constituem fatos imprevisíveis, não imputáveis à Administração e 
que podem romper a necessária causalidade entre a ação do Estado e o 
dano causado. 
Os eventos de caso fortuito e força maior só podem ser considerados 
excludentes de responsabilidade nas situações em que o dano decorrer 
exclusivamente dos efeitos do evento imprevisível. Isso é necessário 
para caracterizar a necessária quebra do nexo de causalidade entre o 
dano e alguma ação ou omissão estatal. 
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14. (Cespe – TJDFT 2013) Se um particular sofrer dano quando da prestação de 
serviço público, e restar demonstrada a culpa exclusiva desse particular, ficará 
afastada a responsabilidade da administração. Nesse tipo de situação, o ônus da 
prova, contudo, caberá à administração. 
 Comentário: A responsabilidade civil objetiva na modalidade risco 
administrativo admite excludente de responsabilidade para afastar o dever de 
inde nizar do Estado. Entre os excludentes de responsabilidade, está a culpa 
exclusiva da vítima, o caso fortuito e a força maior. Detalhe é que o ônus da 
prova em relação à presença do excludente de responsabilidade é da própria 
Administração (afinal, ela é que será beneficiada com a exclusão). 
 Gabarito: Certo 
15. (Cespe – MIN 2013) Considere que um particular, ao avançar o sinal vermelho 
do semáforo, tenha colidido seu veículo contra veículo oficial pertencente a uma 
autarquia que trafegava na contramão. Nessa situação, o Estado deverá ser 
integralmente responsabilizado pelo dano causado ao particular, dado que, no 
Brasil, se adota a teoria da responsabilidade objetiva e, de acordo com ela, a culpa 
concorrente não elide nem atenua a responsabilidade do Estado de indenizar. 
 Comentário: De acordo com a teoria da responsabilidade objetiva, na 
hipótese de culpa concorrente , a responsabilidade do Estado será atenuada , 
ou seja, o valor da indenização que terá de pagar será reduzido 
propo rcionalmente , na medida de sua culpa. Como o particular também teve 
culpa, parte do prejuízo será suportado por ele. 
 Gabarito: Errado 
16. (Cespe – DP/AC 2012) Um paciente internado em hospital público de 
determinado estado da Federação cometeu suicídio, atirando-se de uma janela 
próxima a seu leito, localizado no quinto andar do hospital. Com base nessa 
situação hipotética, fica excluída a responsabilidade do Estado, por ter sido a culpa 
exclusiva da vítima, sem possibilidade de interferência do referido ente público. 
 Comentário: O entendimento acerca da responsabilidade civil pelo 
suicídio de pessoas sob a guarda do Estado não é uniforme na jurisprudência . 
As decisões variam a depender do caso concreto. Afinal, o suicídio é ou não é 
um caso de culpa exclusiva da vítima?? 
 No caso de suicídio envolvendo paciente internado em hospital público , o 
STF já se manifestou que a responsabilidade extracontratual do Estado fica 
excluída pela culpa exclusiva da vítima . Veja, por exemplo, a decisão do 
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Supremo no RE 318.725/RJ: 
DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE 
EXTRACONTRATUAL DO ESTADO. SUICÍDIO DE PACIENTE EM HOSPITAL 
PÚBLICO. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO CAUSAL ENTRE O EVENTO E A 
ATUAÇÃO DO ENTE PÚBLICO. 1. A discussão relativa à responsabilidade 
extracontratual do Estado, referente ao sui cídio de paciente internado em hospital 
público , no ca o, foi e cluída pela culpa exclusiva da vítima , sem possibilidade de 
interferência do ente público . 2. Agravo regimental improvido. 
Daí, portanto, o gabarito da questão. Diversa, a meu ver, seria a situação 
em que a tendência suicida do paciente pudesse ser diagnosticada a priori , 
caso em que caberia ao Estado se acautelar das providências necessárias, 
para impedir que o internado lograsse tirar a própria vida. Mas esse não foi o 
caso. 
Quanto ao suicídio de detento em estabelecimento prisional , o STF 
possui outra posição, reconhecendo a responsabilidade civil objetiva do 
Estado. Foi a decisão adotada, por exemplo, no ARE 700.927/GO: 
Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. 2. Direito Administrativo. 3. 
Responsabilidade civil do Estado . Indenização por danos morais . Morte de preso 
em estabelecimento prisional . Suic ídio . 4. Acórdão recorrido em consonância com a 
jurisprudência desta Corte. Incidência da Súmula 279. Precedentes. 5. Ausência de 
argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 6. Agravo regimental a que se 
nega provimento. 
Em geral, quando se trata do suicídio de detentos , a jurisprudência tem 
reconhecido a responsabilidade objetiva do Estado, não admitindo a exclusão 
da responsabilidade por culpa exclusiva da vítima. 
Enfim, percebe-se que existem na jurisprudência posições diversas e 
exatamente opostas em relação à responsabilidade civil do Estado na hipótese 
de suicídio de pessoas sujeitas à sua guarda. Por isso, considero que é 
possível afirmar que o suicídio, por si só, não caracteriza culpa exclusiva da 
vítima; deve-se analisar as demais circunstâncias que envolvem o caso, 
especialmente a previsibilidade da conduta do suicida, para concluir se há ou 
não responsabilidade do Estado. A não ser no caso dos detentos , em que a 
orie ntação jurisprudencial tende a ser pela responsabilidade objetiva do 
Estado, não existe uma regra única a ser seguida na prova. Cabe ao candidato 
analisar todas as informações presentes na questão – especialmente os 
elementos subjacentes, e não apenas o suicídio em si – para decidir qual a 
melhor resposta. 
 Gabarito: Certo 
 
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17. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) Caso ocorra o suicídio de um detento 
dentro de estabelecimento prisional mantido pelo Estado, a administração pública, 
segundo entendimento recente do STJ, estará, em regra, obrigada ao pagamento de 
indenização por danos morais 
 Comentário: A questão aborda a responsabilidade civil do Estado na 
hipótese de suicídio de detentos . Nesse caso específico, a jurisprudência vem 
se consolidando no sentido de que a responsabilidade do Estado é objetiva , e 
que o suicídio em ambiente prisional não é culpa exclusiva vítima . Segundo a 
jurisprudência do STJ (Resp 1.305.259/SC), “a responsabilidade civil estatal 
pela integridade dos presidiários é objetiva em face dos riscos inerentes ao 
meio e m que eles estão inseridos por uma conduta do próprio Estado”. 
 Gabarito: Certo 
***** 
Vamos agora aprender como ocorre a reparaçãodo dano causado 
pelo agente público ao particular, e como a pessoa jurídica poderá exercer 
o seu direito de regresso contra o agente. 
Em frente! 
AÇÃO DE REPARAÇÃO DO DANO: PARTICULAR X ADMINISTRAÇÃO 
Caso a Administração e o terceiro lesado não consigam entrar em 
acordo para reaver o prejuízo de forma amigável, na via administrativa, o 
particular que sofreu o dano praticado por agente público deverá intentar 
a ação judicial de reparação em face da Administração Pública, 
pleiteando indenização pelo prejuízo. 
 
A ação de reparação deve ser movida contra a 
Administração (pessoa jurídica), e não contra o 
agente que causou o dano. 
Isso porque, conforme o art. 37, §6º da CF, é a própria pessoa 
jurídica (de direito público ou de direito privado prestadora de serviço 
público) que responderá objetivamente pela reparação dos danos 
causados a terceiros por seus agentes. Portanto, quem deve figurar no 
polo passivo (respondendo, sendo processado) da ação de indenização 
movida pelo particular é a pessoa jurídica, e não o agente público; este 
tampouco poderá figurar em conjunto com a pessoa jurídica, na posição 
de litisconsorte. 
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20. (Cespe – GDF 2013) Aplica-se a prescrição quinquenal no caso de ação 
regressiva ajuizada por autarquia estadual contra servidor público cuja conduta 
comissiva tenha resultado no dever do Estado de indenizar as perdas e danos 
materiais e morais sofridos por terceiro. 
 Comentário: As ações de ressarcimento ao erário, como é o caso das 
ações regressivas, são imprescritíveis . Sobre o tema, o doutrinador Carvalho 
Filho ensina que a imprescritibilidade alcança apenas as pessoas jurídicas de 
dire ito público , ou seja, as pessoas federativas, as autarquias e fundações 
autárquicas, não atingindo as empresas estatais, pessoas de direito privado. 
Também não atinge as delegatárias de serviço público, pois o dispositivo 
constitucional trata das ações de ressarcimento ao erário . Para essas 
entidades, aplica-se o prazo prescricional de três anos do Código Civil. 
 Gabarito: Errado 
21. (Cespe – MDIC 2014) Considere que o motorista de um veículo oficial de 
determinado ministério, ao trafegar em velocidade acima do limite legal, tenha 
colidido contra um veículo de particular que estava devidamente estacionado. Nessa 
situação, embora o Estado seja obrigado a indenizar o dano, somente haverá o 
direito de regresso do Estado caso se comprove o dolo específico na conduta do 
servidor. 
 Comentário: Nos termos do art. 37, §6º da CF, direito de regresso do 
Estado existe em caso de dolo ou culpa (e não apenas em caso de dolo). 
 Gabarito: Errado 
22. (Cespe – TCDF 2014) De acordo com o sistema da responsabilidade civil 
objetiva adotado no Brasil, a administração pública pode, a seu juízo discricionário, 
decidir se intenta ou não ação regressiva contra o agente causador do dano, ainda 
que este tenha agido com culpa ou dolo. 
 Comentário: A doutrina majoritária é no sentido de que a ação regressiva 
é obrigatória . Afinal, é a integridade do erário que está jogo, não podendo o 
agente público abrir mão, a seu critério, de um patrimônio que é de todos. 
Tanto é assim que a Lei 4.619/1965 estipula o prazo de 60 dias para 
ajuizamento da ação regressiva, a contar da data em que transitar em julgado a 
condenação imposta ao Estado. O não cumprimento desse prazo pelos 
procuradores responsáveis por impetrar a ação constitui falta no exercício do 
dever. Lembrando que a ação de regresso é imprescritível . 
 Gabarito: Errado 
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23. (Cespe – MTE 2014) O servidor que, por descumprimento de seus deveres 
funcionais, causar dano ao erário, ficará obrigado ao ressarcimento, em ação 
regressiva. 
 Comentário: O servidor responde civil , penal e administrativamente pelo 
exercício irregular de suas atribuições . Nos termos do art. 122 da Lei 
8.112/1990, “a responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, 
doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros ”. Assim, na 
hipótese de um ato do servidor causar dano ao erário, ele responderá na 
esfera civil diretamente, ficando obrigado ao ressarcimento. A ação regressiva 
ocorre para os casos de danos a terceiros, daí o erro. 
 Gabarito: Errado 
DENUNCIAÇÃO À LIDE 
Antes de encerrar esse tópico, cabe abordar a (in)aplicabilidade da 
“denunciação à lide” aos processos judiciais fundados na 
responsabilidade civil objetiva do Estado. 
Primeiro, vamos ver o que significa essa expressão. Lide quer dizer 
litígio, uma questão a ser resolvida, normalmente, em processo de 
natureza judicial. Assim, “denunciar à lide” significa, de maneira simples, 
trazer para um processo judicial alguém que pode (ou deve, em 
algumas situações) ser trazido. 
O art. 125, II, do Código de Processo Civil prevê que “é admissível a 
denunciação da lide, promovida por qualquer das partes àquele que 
estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, 
o prejuízo de quem for vencido no processo”. Isso significa que, na esfera 
do direito privado, se uma empresa é alvo de ação civil por prejuízo 
causado por um de seus empregados, poderá ser feita a “denunciação da 
lide” ao funcionário, ou seja, aquele funcionário poderá ser chamado a 
responder na mesma ação judicial. 
Existem divergências doutrinárias e jurisprudenciais a respeito da 
aplicação ou não do instituto da denunciação à lide às ações civis contra o 
Estado. Não obstante, a posição majoritária da doutrina e da 
jurisprudência é no sentido da inaplicabilidade da denunciação à lide 
pela Administração a seus agentes. 
Em outras palavras, a Administração não pode, já na primeira ação 
(isto é, na ação de indenização movida pela pessoa que sofreu o dano), 
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trazer para o processo (denunciar à lide) seu agente cuja atuação 
ocasionou o dano. 
O argumento é: a responsabilidade do agente é subjetiva; a do 
Poder Público, objetiva. Admitir a denunciação pelo Poder Público ao 
agente importaria trazer, já para a ação de indenização, a discussão 
acerca da existência de dolo ou culpa na conduta do agente público, o que 
certamente traria prejuízos ao particular interessado; primeiro porque 
atrasaria o recebimento da indenização (afinal, enquanto a 
responsabilidade da Administração é objetiva, não demandando análise de 
culpa, denunciar o agente à lide tornaria a ação dependente da 
demonstração da sua culpa, ou seja, seria gasto mais tempo com análise 
de provas, atrasando a solução final do litígio), e segundo porque, se 
ficasse comprovada a culpa do agente já na ação de reparação, este é que 
seria o responsável por indenizar o particular, e não a Administração, 
gerando o risco de o agente não dispor de recursos financeiros suficientes 
para arcar com a despesa. 
Assim, se fosse cabível a denunciação da lide, ocorreria, dentro do 
processo do particular contra a Administração, uma discussão relativa à 
existência ou não de culpa do agente, e essa discussão, a princípio, em 
nada interessa o particular (presume-se que o único interesse do 
particular é ver o seu dano ressarcido, objetivamente). 
Na esfera federal, o art. 122, §2º da Lei 8.112/1990 estabelece que 
“tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a 
Fazenda Pública, em ação regressiva”. O significado desse dispositivo é 
que o exercício do direito de regresso previsto no art. 37, §6º da CF 
deverá ser exercido pela Administração mediante ação própria, a ação 
regressiva, e não chamando o agentepúblico para a ação de indenização 
movida pelo particular lesado contra o Estado. 
Portanto, na esfera federal, pode-se dizer que o instituto da 
denunciação à lide, por expressa disposição legal, não é aplicável nos 
processos em que se discute a responsabilidade civil objetiva do Estado 
por danos causados a terceiros. 
 
 
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(por possuírem destinatários certos e determinados), proporcionando, 
portanto, os mesmos efeitos de atos desta natureza (administrativos). 
São exemplos as leis que aprovam planos de urbanização, as leis que 
concedem isenções fiscais a determinado setor ou pessoa, etc. 
Em relação à edição de leis inconstitucionais, parte-se da 
premissa de que o Poder Legislativo, embora possua soberania para editar 
leis, deve elaborá-las em conformidade com a Constituição. Assim, caso o 
Legislativo não observe essa condição e venha a elaborar leis 
inconstitucionais, poderá surgir a responsabilidade extracontratual do 
Estado. 
Ressalte-se que a responsabilização do Estado, nessa hipótese, 
depende da declaração de inconstitucionalidade da lei pelo 
Supremo Tribunal Federal (STF), tanto no controle concentrado como 
no difuso. Sem a declaração da Suprema Corte, não há que se cogitar a 
responsabilidade estatal. 
Ademais, é necessário que a lei tenha efetivamente causado dano 
ao particular. Dessa forma, havendo a declaração de inconstitucionalidade 
da lei, a pessoa que tenha sofrido danos oriundos da sua incidência terá 
que ajuizar uma ação específica pleiteando a indenização, a fim de 
demonstrar o dano sofrido. 
Para a autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o entendimento quanto 
às leis inconstitucionais pode ser estendido aos regulamentos do Poder 
Executivo e às normas das agências reguladoras, com a 
peculiaridade de que a indenização poderá ser pleiteada com 
fundamento na simples ilegalidade do ato, dispensando-se a prévia 
apreciação judicial. 
 
24. (Cespe – MPTCDF 2013) O Estado só responderá pela indenização ao indivíduo 
prejudicado por ato legislativo quando este for declarado inconstitucional pelo STF. 
 Comentário: O Estado responderá pela indenização ao indivíduo prejudicado 
por ato legislativo quando este for declarado inconstituc ional pelo STF e também 
quando este for um ato legislativo de efeitos concretos. Portanto, a palavra “só” 
restringe indevidamente o item. Sobre o tema, ressalte-se que alguns autores 
também apontam que a omissão legislativa pode gerar a responsabilidade civil do 
Estado, especialmente quando a mora do legislador é reconhecida por meio d e 
decisão judicial (ex: mandado de injunção). 
 Gabarito: Errado 
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Por fim, é importante mencionar que, por força do que dispõe o 
art. 143 do novo Código de Processo Civil, o magistrado responderá 
“civil e regressivamente” por perdas e danos quando, no exercício de 
suas atribuições, proceder dolosamente, inclusive com fraude, assim 
como quando recusar, omitir ou retardar, sem motivo justo, 
providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte. 
Nessas situações, em que o juiz pratica atos jurisdicionais com o intuito 
deliberado de causar prejuízo à parte ou a terceiro (conduta dolosa), 
também incide a responsabilidade civil objetiva do Estado, 
assegurado o direito de regresso contra o juiz. 
 
25. (Cespe – DP/DF 2013) Considere que o Poder Judiciário tenha determinado 
prisão cautelar no curso de regular processo criminal e que, posteriormente, o 
cidadão aprisionado tenha sido absolvido pelo júri popular. Nessa situação 
hipotética, segundo entendimento do STF, não se pode alegar responsabilidade civil 
do Estado, com relação ao aprisionado, apenas pelo fato de ter ocorrido prisão 
cautelar, visto que a posterior absolvição do réu pelo júri popular não caracteriza, por 
si só, erro judiciário. 
 Comentário: A questão apresenta corretamente o entendimento do STF 
acerca do assunto, no sentido de que a prisão preventiva , por si só, não é 
suficiente para atrair a responsabilidade civil objetiva do Estado nos casos em 
que o réu, ao final da ação penal, venha a ser absolvido ou tenha sua sentença 
condenatória reformada na instância superior. 
 Gabarito: Certo 
26. (Cespe – TCDF 2014) Incidirá a responsabilidade civil objetiva do Estado 
quando, em processo judicial, o juiz, dolosamente, retardar providência requerida 
pela parte. 
 Comentário : À época da prova, vigorava o CPC antigo, o qual estabelecia 
que, quando o juiz, dolosamente, retarda sse providência requerida pela parte, 
incidir ia a responsabilidade pessoal subjetiva do magistrado, ou seja, não 
seria o Estado quem dever ia pagar a indenização ao prejudicado, e sim o 
próprio juiz. Porém, o novo CPC modificou essa regra : a partir de agora, na 
hipótese de conduta dolosa do magistrado que venha a causar prejuízo à parte 
ou a terceiro, incide a responsabilidade civil objetiva do Estado , assegurado o 
direito de regresso contra o juiz. Assim, vamos atualizar o gabarito original da 
ques tão. 
 Gabarito: Certo 
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27. (Cespe – TJDFT 2013) Suponha que o TJDFT, por intermédio de um oficial de 
justiça, no exercício de sua função pública, pratique ato administrativo que cause 
dano a terceiros. Nessa situação, não se aplicam as regras relativas à 
responsabilidade civil do Estado, já que os atos praticados pelos juízes e pelos 
auxiliares do Poder Judiciário não geram responsabilidade do Estado. 
 Comentário: No que concerne aos atos administrativos praticados pelos 
agentes do Poder Judiciário, incide normalmente a responsabilidade civil 
obj etiva do Estado, desde que, é lógico, presentes os pressupostos de sua 
configuração. Portanto, não se deve confundir os atos jurisdicionais típicos 
(que, em regra, não geram responsabilidade civil para o Estado) com os atos 
administrativos praticados pelos agentes do Poder Judiciário (que, como visto, 
não se diferenciam dos atos administrativos praticados pelo Executivo e 
demais Poderes). 
 Gabarito: Errado 
CASOS ESPECIAIS 
Em seguida, vamos abordar alguns tópicos especiais relativos ao 
tema responsabilidade civil do Estado. 
RESPONSABILIDADE POR DANOS DE OBRAS PÚBLICAS 
Na aferição da responsabilidade civil por danos decorrentes de obras 
públicas interessa indagar, a priori, se o dano foi causado: 
 Pela própria natureza da obra, ou seja, pelo só fato da obra; 
 Pela má execução da obra. 
Quando o dano decorre da própria natureza da obra ou, em outras 
palavras, pelo só fato da obra, sem que tenha havido culpa de alguém, a 
responsabilidade da Administração é do tipo objetiva, na modalidade 
risco administrativo. 
Nesta situação, o dano resulta da obra em si mesma, por sua 
localização, extensão ou duração prejudicial ao particular, sem relação 
direta com alguma falha na execução propriamente dita. 
A ideia subjacente é que, como o resultado da obra pública, em tese, 
irá beneficiar a todos, é justo que os danos decorrentes da própria 
natureza da obra também sejam repartidos, através da indenização 
arcada pelo erário. 
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Nessa hipótese (dano causado pelo só fato da obra), a 
responsabilidade da Administração independe de quem estava 
executando a obra (se a própria Administração ou algum particular 
contratado). 
Como exemplo de dano provocado pelo só fato da obra, Marcelo 
Alexandrino e Vicente Paulo trazem as rachaduras nas paredesdas casas 
próximas a uma obra para ampliação do metrô, provocadas pelas 
explosões necessárias à perfuração e abertura de galerias, apesar de 
todas as precauções e cuidados técnicos tomados. Nesse caso, o dano a 
essas casas é ocasionado pelo só fato da obra, sem que haja culpa de 
alguém, e quem responde pelo dano é a Administração Pública 
(responsabilidade civil objetiva), mesmo que a obra esteja sendo 
executada por um particular por ela contratado. 
De outra parte, danos também podem ser causados pela 
má execução da obra, ou seja, pela falha na adoção das técnicas 
construtivas ou pela não observância dos procedimentos corretos por 
parte do executor da obra. 
Nessa hipótese, já interessa saber quem está executando a 
obra. 
Se a obra estiver sendo executada pela própria Administração, 
diretamente, ela responderá pelo dano objetivamente, com base no 
art. 37, §6º da CF. Vale dizer, a reparação do dano causado a terceiros 
pela má execução de obra pública, quando o executor é a própria 
Administração, constitui hipótese de incidência da responsabilidade civil 
objetiva do Estado. 
Diversamente, se o executor da obra for um particular contratado 
pela Administração (uma empreiteira, por exemplo), quem responderá 
civilmente pelo dano é esse particular; porém, sua responsabilidade será 
do tipo subjetiva, ou seja, o executor contratado só responderá se tiver 
atuado com dolo ou culpa. É o que prevê o art. 70 da Lei 8.666/1993: 
Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à 
Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do 
contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o 
acompanhamento pelo órgão interessado. 
Nessa hipótese, se for o caso, o Estado responderá de forma 
subsidiária. É dizer, sua responsabilidade só estará configurada se o 
executor não for capaz de promover a reparação dos danos que causou ao 
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Uma das diferenças é que a delegação dos serviços notariais e 
registrais não é feita mediante licitação e sim por meio de concurso 
público de provas e títulos. 
Ademais, essa delegação é feita pelo Poder Judiciário, cabendo-lhe, 
ainda, competência exclusiva para a fiscalização; esta, vista como poder 
de polícia, permite a cobrança de taxa. 
O delegatário, também chamado de notário ou tabelião, é uma 
pessoa física. É considerado um agente público em sentido amplo 
(mas não é um servidor público detentor de cargo efetivo, é só agente 
público). 
A serventia (cartório) não é uma pessoa jurídica, sendo o próprio 
particular, para o qual foi conferida a outorga da delegação, o responsável 
pela prestação do serviço. Como dito, ele exerce a atividade em caráter 
privado, e é responsável por todos os atos praticados na serventia. 
O tabelião pode causar dano a terceiros quando, por exemplo, 
reconhecer uma firma falsa ou registrar erroneamente um protesto, 
causando restrições cadastrais indevidas. Sendo assim, qual seria a 
responsabilidade civil do tabelião nesses casos? 
A responsabilidade civil dos tabeliães é de natureza subjetiva, 
conforme expressamente previsto no art. 22 da Lei 13.286/2016: 
Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis 
por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo, 
pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que 
autorizarem, assegurado o direito de regresso. 
Parágrafo único. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, 
contado o prazo da data de lavratura do ato registral ou notarial. 
Assim, o terceiro lesado terá que provar dolo ou culpa do tabelião 
para que este venha a responder civilmente pelo dano causado. 
Ressalte-se que a responsabilidade é pessoal do tabelião (em caso 
de dolo ou culpa), e não do Estado. E a ação prescreve em três anos, 
diferente, portanto, da prescrição em cinco anos das ações de reparação 
propostas contra o Estado. 
 
 
 
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RESPONSABILIDADE POR ATENTADOS TERRORISTAS 
A Lei 10.744/2003 autorizou a União, na forma e critérios 
estabelecidos pelo Poder Executivo, a assumir despesas de 
responsabilidades civis perante terceiros na hipótese da ocorrência de 
danos a bens e pessoas, passageiros ou não, provocados por atentados 
terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos25, ocorridos no 
Brasil ou no exterior, contra aeronaves de matrícula brasileira 
operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público, 
excluídas as empresas de táxi aéreo. 
Perceba que, nesse caso, o Estado responderá civilmente pelos danos 
provocados por terceiros, ou seja, será responsabilizado por evento alheio 
ao organismo estatal. E, na referida lei, não houve qualquer previsão de 
excludente de responsabilidade. Por isso, a doutrina sustenta tratar-se de 
hipótese de risco integral. 
 
28. (ESAF – PGFN 2007) Caberá ao Ministro de Estado da Fazenda definir as 
normas para a operacionalização da assunção, pela União, de responsabilidades 
civis perante terceiros no caso de atentados terroristas, atos de guerra ou eventos 
correlatos. 
Comentário: O quesito está correto, de acordo com o art. 2º da 
Lei 10.744/2003: 
Art. 2o Caberá ao Ministro de Estado da Fazenda definir as normas para a 
operacionalização da assunção de que trata esta Lei, segundo disposições a serem 
estabelecidas pelo Poder Executivo. 
Gabarito: Certo 
**** 
É isso pessoal. Terminamos aqui a parte teórica. Como já é de praxe, 
vamos resolver mais algumas questões de prova  
 
 
 
 
25 Os eventos correlatos incluem greves, tumultos, comoções civis, distúrbios trabalhistas, ato malicioso, 
ato de sabotagem, confisco, nacionalização, apreensão, sujeição, detenção, apropriação, seqüestro ou 
qualquer apreensão ilegal ou exercício indevido de controle da aeronave ou da tripulação em vôo por 
parte de qualquer pessoa ou pessoas a bordo da aeronave sem consentimento do explorador. 
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QUESTÕES DE PROVA 
29. (FCC – TRT15 2015) Os princípios que informam a atuação da Administração 
pública, embora possam ser isoladamente identificados como parâmetros para 
controle das funções executivas, na maior parte das vezes expressam-se por meio 
de normas que não lhes fazem alusão direta. Como exemplo da presença implícita 
do princípio que se destaca nas diversas atribuições e obrigações da Administração 
pública pode-se mencionar a 
a) responsabilidade civil do Estado sob a modalidade objetiva, em decorrência da 
prática de atos lícitos, que bem representa o conteúdo do princípio da isonomia, de 
forma a evitar a distribuição desigual dos ônus entre os administrados. 
b) responsabilidade civil do Estado sob a modalidade objetiva, como forma de 
expressão do princípio da moralidade, na medida em que seria excessivo exigir do 
administrado demonstrar culpa do agente público em determinado evento. 
c) ação regressiva cabível em face dos agentes públicos causadores de danos que 
tenham sido ressarcidos pelo Estado sob a modalidade da responsabilidade 
objetiva, como forma de manifestação do princípio da eficiência, na medida em que 
permite o atingimento de dupla finalidade, financeira e disciplinar. 
d) modalidade objetiva de responsabilização do Estado, em que não há culpa nem é 
necessário demonstrar o nexo causal, como expressão do princípio da 
impessoalidade, visto que independe da identificação do agente público. 
e) ação regressiva em face do agente público causador dos danos, sob a 
modalidade objetiva,como expressão do princípio da legalidade, na medida em que 
a atuação ilícita deve ser sancionada e o prejuízo reparado. 
 Comentários: vamos analisar cada alternativa: 
 a) CERTA. Segundo ensina Maria Sylvia Di Pietro, a responsabilidade civil 
obj etiva do Estado possui fundamento na chamada teoria do risco . Essa 
dout rina baseia-se no princípio da igualdade de todos perante os encargos 
sociais e encontra raízes no artigo 13 da Declaração dos Direitos do Homem, 
de 1789, segundo o qual “para a manutenção da força pública e para as 
despesas de administração é indispensável uma contribuição comum que 
deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com a s suas possibilidades”. O 
princípio significa que, assim como os benefícios decorrentes da atuação 
estatal repartem-se por todos, também os prejuízos sofridos por alguns 
membros da sociedade devem ser repartidos. Quando uma pessoa sofre um 
ônus maior do que o suportado pelas demais, rompe-se o equilíbrio que 
necessariamente deve haver entre os encargos sociais; para restabelecer esse 
equilíbrio, o Estado deve indenizar o prejudicado, utilizando recursos do 
erário. 
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 b) ERRADA. Como visto acima, a responsabilidade objetivo do Estado 
baseia-se no princípio da igualdade , e não da moralidade. 
 c) ERRADA. A responsabilidade dos agentes públicos, a ser demonstrada 
na ação regressiva, é de natureza subjetiva , e não objetiva. 
 d) ERRADA. Para a caracterização da responsabilidade objetiva do Estado 
é sim necessário demonstrar o nexo causal entre a ação do agente público e o 
dano suportado pelo terceiro. 
 e) ERRADA. A ação regressiva em face do agente público causador dos 
danos se dá sob a modalidade subjetiva . 
 Gabarito: alternativa “a” 
30. (FCC – Defensor Público SP 2015) Considere as assertivas abaixo acerca do 
tema Responsabilidade Civil do Estado. 
I. A Constituição Federal define, em seu artigo 37, § 6º, o instituto da 
responsabilidade extracontratual objetiva às pessoas jurídicas de direito público 
interno e, com relação às pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de 
serviços públicos, a responsabilidade subjetiva, facultando, em ambos os casos, 
ação de regresso em face do funcionário responsável pela ocorrência. 
II. Para configurar a hipótese de responsabilidade objetiva do Estado deverão 
concorrer requisitos, quais sejam o fato administrativo, assim compreendido o 
comportamento de agente do Poder Público, independentemente de culpa ou dolo, 
ainda que fora de suas funções, mas a título de realizá-las, o dano, patrimonial ou 
moral, que acarrete um prejuízo ao administrado e a relação de causalidade entre o 
fato e o dano percebido. 
III. Em princípio, os atos judiciais, aqueles praticados por membros do Poder 
Judiciário como exercício típico da função jurisdicional, não acarretam a 
responsabilização objetiva do Estado em indenizar o jurisdicionado, salvo nas 
hipóteses de erro judiciário, prisão além do período definido em sentença e em 
outros casos expressos em lei. 
 Está correto o que se afirma APENAS em 
a) I e III. 
b) I e II. 
c) II e III. 
d) I. 
e) III. 
 Comentários: vamos analisar cada assertiva: 
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 I) ERRADA. A responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado 
prestadoras de serviço público também é obj etiva , nos termos do art. 37, §6º 
da CF: 
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras 
de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, 
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos 
casos de dolo ou culpa. 
 II) CERTA. Em suma, os elementos da responsabilidade objetiva são: 
ato lesivo causado pelo agente público , nessa qualidade; ocorrência de um 
dano patrimonial ou moral a terceiro ; nexo de causalidade entre o dano e a 
atuação do agente. 
 III) CERTA. A própria Constituição Federal estabeleceu hipóteses de 
responsabilidade objetiva do Estado em razão de atos judiciais ao dispor que 
“o Estado indenizará o condenado por erro judiciário , assim como o que ficar 
preso além do tempo fixado na sentença ” (CF, art. 5º, LXXV). Detalhe é que, a 
partir da vigência do novo Código de Processo Civil, também incide a 
responsabilidade civil objetiva do Estado nos casos em que o juiz pratica atos 
jurisdicionais com o intuito deliberado de causar prejuízo à parte ou a terceiro 
(conduta dolosa), assegurado o direito de regresso contra o juiz. 
 Gabarito: alt ernativa “c” 
31. (FCC – Sefaz/PI 2015) Determinado servidor da Secretaria da Fazenda inseriu 
informações falsas sobre cidadão, seu desafeto, no cadastro de contribuintes do 
Estado, fazendo com que o referido cidadão passasse a figurar no cadastro de 
inadimplentes. Diante dessa situação, o cidadão, que é um pequeno empresário, 
sofreu diversos prejuízos morais e patrimoniais, especialmente em decorrência de 
restrições de crédito. A responsabilidade do Estado pelos danos sofridos pelo 
cidadão é 
a) afastada, se comprovada culpa exclusiva do agente público, o qual responde 
civilmente perante o cidadão prejudicado e administrativamente por falta disciplinar. 
b) condicionada à comprovação de dolo do servidor, circunstância que, se presente, 
obriga o Estado a indenizar os danos patrimoniais e morais sofridos pelo cidadão. 
c) decorrente da prestação do serviço público, não estando presente na situação 
narrada em face da conduta dolosa do agente público. 
d) subjetiva, dependendo, pois, da prévia responsabilização do agente público em 
processo disciplinar ou administrativo. 
e) objetiva, dependendo, para efeito do dever de indenizar o cidadão, da 
comprovação do nexo de causalidade entre a conduta do servidor e os danos 
sofridos. 
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 Comentários : Na situação descrita, estão presentes os elementos que 
atraem a responsabilidade objetiva do Estado . Vejamos: 
1) Ato lesivo causado pelo agente público, nessa qualidade : ato do 
servidor da Secretaria da Fazenda que inseriu informações falsas 
sobre cidadão, seu desafeto, no cadastro de contribuintes do Estado, 
fazendo com que o referido cidadão passasse a figurar no cadastro de 
inadimplentes. 
2) Ocorrência de um dano patrimonial ou moral a terceiro : o cidadão, que 
é um pequeno empresário, sofreu diversos prejuízos morais e 
patrimoniais, especialmente em decorrência de restrições de crédito. 
3) Nexo de causalidade entre o dano e a atuação do agente : se o servidor 
não tivesse inserido informações falsas no cadastro de contribuintes 
do Estado, o cidadão não teria restrições de crédito e, 
consequentemente, não teria sofrido prejuízos morais e patrimoniais. 
Logo, configurada a responsabilidade objetiva, o Estado tem o dever de 
indenizar o cidadão. Correta, portanto, a alternativa “e”. 
Quanto às demais alternativas, na opção “a” o erro é que a 
responsabilidade do Estado é afastada se comprovada a culpa exclusiva do 
particular, e não do agente público. 
Na opção “b”, o erro é que, na situação descrita, é irrelevante para 
caracterizar a responsabilidade objetiva do Estado se o servidor inseriu as 
informações falsas intencionalmente ou não, eis que a presença de dolo ou 
culpa somente será avaliada na ação de regresso. 
 Na opção “c”, o erro é que a responsabilidade do Estado está sim 
presente na situação narrada, ainda que o agente público tenha agido com 
dolo. 
 Por fim, na opção “d”, o erro é que a responsabilidade do Estado pelos 
danos sofridos pelo cidadão, na situação narrada, é objetiva, e independeda 
prévia responsabilização do agente público em processo disciplinar ou 
administrativo. 
 Gabarito: alternativa “e” 
32. (FCC – Sefaz/PI 2015) Autoridades policiais efetuaram a prisão de 
determinado cidadão, sob a acusação de prática de ilícito penal qualificado. Durante 
a tramitação da ação penal, o réu persistia alegando sua inocência, afirmando que 
jamais estivera no local dos fatos. Dois anos após o início da ação penal, em 
atendimento de urgência, as autoridades policiais locais efetuaram a prisão em 
flagrante de outro cidadão pela prática de crime da mesma natureza daquele que 
motivou a condenação acima mencionada, ocasião em que se constatou homonímia 
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em relação às duas pessoas. Checados os documentos de identificação, restou 
apurado que coincidiam, não só o nome dos homônimos, mas também de suas 
genitoras. O primeiro cidadão mencionado terminou por ser absolvido e posto em 
liberdade. Em relação a este, considerando o período em que foi injustamente 
privado de sua liberdade 
a) responde civilmente o Estado, sob a modalidade subjetiva, na medida em que os 
atos de determinar e efetuar a prisão são de natureza comissiva e, como tal, 
prescindem da demonstração de culpa dos agentes públicos. 
b) responde civilmente o Estado em razão da ação ou omissão das autoridades 
policiais, não se podendo imputar responsabilidade baseada na atuação do 
magistrado da ação penal, tendo em vista que não pode ser considerado servidor 
público e, portanto, agente público para fins de responsabilização. 
c) não responde civilmente o Estado, em razão dos agentes públicos terem agido em 
estrito cumprimento do dever legal, o que exclui a responsabilidade ainda que seja 
identificado nexo de causalidade entre a ação estatal e os danos causados. 
d) responde civilmente o Estado no caso de ser demonstrada ação ou omissão dos 
agentes públicos ou mesmo do serviço, incluído o magistrado que atuou na ação 
penal, que forme nexo de causalidade com os danos experimentados pelo cidadão 
que ficou preso indevidamente. 
e) não responde civilmente, salvo se ficar comprovada culpa do magistrado, ou seja, 
que tinha como identificar a homonímia, não se estendendo a responsabilização à 
atuação dos agentes policiais, em razão do ato ser escopo de sua atuação. 
 Comentário: A situação narrada mostra um claro exemplo de 
erro judiciário na esfera penal. Nesta hipótese, incide a responsabilidade 
objetiva do Estado, que deverá indenizar o cidadão condenado injustamente, 
nos termos do art. 5º, LXXV da Constituição Federal: 
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário , assim como o que 
ficar preso além do tempo fixado na sentença; 
 Além disso, também é correto afirmar que o Estado pode responder 
obj etivamente pelas condutas das autoridades policiais ou, ainda, pela 
omissão de algum serviço público, sendo que, nesta última hipótese, a 
responsabilidade seria subjetiva. Das alternativas da questão, a que está mais 
condizente com esse raciocínio é a opção “d”. 
 Gabarito: alternativa “d” 
33. (FCC – Sefaz/PE 2015) Um servidor da Secretaria da Fazenda lançou, 
equivocadamente, dados de uma determinada empresa no sistema de informações 
de dívidas tributárias, fazendo com que a mesma figurasse como devedora. 
Necessitando de uma certidão negativa de débitos, o contribuinte deparou-se com o 
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apontamento errôneo e solicitou a correção, a qual, contudo, demorou um 
considerável período de tempo. A referida empresa acionou judicialmente a Fazenda 
Estadual, pleiteando indenização pelos prejuízos sofridos em decorrência do erro, 
notadamente em função de sua inabilitação em licitação da qual estava participando. 
Na hipotética situação narrada, a Fazenda 
a) terá, se condenada judicialmente a indenizar o contribuinte, direito de regresso em 
face do servidor, independentemente de comprovação de dolo ou culpa do mesmo. 
b) somente estará obrigada a indenizar o contribuinte se comprovada culpa do 
servidor. 
c) deverá indenizar o contribuinte com base na sua responsabilidade subjetiva, 
decorrente da omissão do dever de fiscalizar a atuação de seus agentes. 
d) não está obrigada a indenizar o contribuinte, que, contudo, poderá acionar o 
servidor que cometeu o erro. 
e) deverá indenizar o contribuinte pelos prejuízos suportados, desde que 
comprovado o nexo de causalidade com a conduta do agente público, 
independentemente de comprovação de culpa do mesmo. 
 Comentário: Na situação narrada, a empresa sofreu um prejuízo em 
decorrência de um ato de agente público, no caso, do servidor da Secretaria da 
Fazenda que lançou equivocadamente dados errados no sistema. Logo, estão 
presentes os elementos caracterizadores da responsabilidade civil objetiva do 
Estado , quais sejam: ato de agente público, dano sofrido por terceiro e nexo 
de causalidade entre o ato do agente e o dano. 
Sendo assim, é correto afirmar que a Fazenda deverá indenizar o 
contribuinte pelos prejuízos suportados, desde que comprovado o nexo de 
causalidade com a conduta do agente público, independentemente de 
comprovação de culpa do mesmo (alternativa “e”). Detalhe é que a Fazenda 
poderá entrar com ação regressiva contra o servidor, que responderá somente 
se tiver agido com dolo ou culpa. 
 Gabarito: alternativa “e” 
34. (FCC – Manausprev 2015) Determinado município iniciou programa de 
canalização de córregos, a fim de implementar parte do programa de governo 
pertinente a saneamento. Além do mau cheiro causado pelas obras, houve 
interrupção da avenida que margeava o córrego, impedindo acesso por alternados, 
mas sucessivos e extensos períodos. Determinado empresário, inconformado com o 
tempo de duração das obras e diante da relevante queda de faturamento de sua 
empresa viu-se obrigado a reduzir seu quadro de funcionários, gerando insatisfação 
também para os demitidos. Em função desse cenário, ajuizou medida judicial para 
buscar ressarcimento do município. A medida 
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a) possuiria chance de êxito caso tivesse sido ajuizada em face da empreiteira 
responsável pela obra, tendo em vista que os danos foram causados pela mesma. 
b) deve ser improcedente, posto que incide hipótese de excludente de 
responsabilidade, na medida em que se configura o exercício regular das 
competências do município, que somente responderia diante de comprovada culpa 
ou dolo. 
c) pode ser procedente, comprovados os danos excepcionais e extraordinários 
impostos à empresa, ensejando a responsabilidade objetiva do município. 
d) pode ser procedente se for comprovada culpa do município, tendo em vista que a 
causa de pedir reside em ato omissivo do ente público. 
e) não possui chances de êxito, tendo em vista que inexistiu ilicitude na conduta do 
ente público, que estava regular e licitamente implementando política pública de 
inegável interesse público. 
 Comentários : Na situação narrada, a banca não deixa claro se houve 
alguma má execução da obra por parte da empreiteira, informação que seria 
relevante para determinar a responsabilidade pelos danos a terceiros 
decorrentes da obra. De qualquer forma, pelo gabarito, foi considerado que os 
serviços foram executados normalmente, e os danos ocorreram pela própria 
natureza da obra. Sendo assim, a responsabilidade do Município pelos danos 
causados à empresa é do tipo objetiva , na modalidade risco administrativo , ou 
seja, independentemente de comprovação de dolo ou culpa. Das alternativas 
da questão, a que melhor se enquadra neste raciocínio é a

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