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A Indisciplina na Educação Infantil - Glaucia Oliveira Santos

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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO FILADÉLFIA- IEF
Glaucia Oliveira Santos
A Indisciplina na Educação Infantil
ÁGUAS LINDAS, 2019.
Glaucia Oliveira Santos
A Indisciplina na Educação Infantil
Trabalho de Curso submetido à Instituição de Educação Filadélfia (IEF) como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de graduação em Pedagogia. Sob a orientação do Professor José Carlos Martins Júnior.
ÁGUAS LINDAS, 2019
Glaucia Oliveira Santos
A Indisciplina na Educação Infantil
Trabalho de Curso submetido à Faculdade Instituição de Educação Filadélfia (IEF), como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de graduação em Pedagogia.
___________________________
José Carlos Martins Júnior
Especialista, Docente do Ensino Superior
___________________________
Examinador
Título/Instituição
___________________________
Examinador
Título/Instituição
Águas Lindas, 20 de novembro de 2019.
“Dedico este trabalho a Deus, o maior orientador da minha vida. Ele nunca me abandonou nos momentos de necessidade.”
	
Agradecimentos
Esta fase da minha vida é muito especial e não posso deixar de agradecer a Deus por toda força, ânimo e coragem que me ofereceu para ter alcançado minha meta.
À Universidade quero deixar uma palavra de gratidão por ter me recebido de braços abertos e com todas as condições que me proporcionaram dias de aprendizagem muito ricos.
Aos professores reconheço um esforço gigante com muita paciência e sabedoria. Foram eles que me deram recursos e ferramentas para evoluir um pouco mais todos os dias.
É claro que não posso esquecer-me da minha família e amigos, porque foram eles que me incentivaram e inspiraram através de gestos e palavras a superar todas as dificuldades.
A todas as pessoas que de uma alguma forma me ajudaram a acreditar em mim eu quero deixar um agradecimento eterno, porque sem elas não teria sido possível.
“Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.”
Paulo Freire
RESUMO
A indisciplina é um dos problemas mais frequentes nos espaços escolares atualmente. Sua elevada incidência tem suscitado constantes inquietações na sociedade contemporânea, mobilizando tanto as famílias quanto as escolas a buscarem meios para lidar com o problema em questão. Nesta perspectiva, o referente estudo possui como objetivo analisar as possíveis práticas pedagógicas utilizadas pelos profissionais de educação. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica sobre conceitos e questões pertinentes ao ensino-aprendizagem. Falar de indisciplina requer muito estudo e reflexão em torno do assunto, pois é um tema que vem sendo discutido nas escolas quando se trata da aprendizagem de nossos alunos. Refletir sobre como agir diante da indisciplina hoje é uma necessidadeimprescindível retomar nossas decisões, rever nossa prática pedagógica na sala deaula se torna essencial na busca da construção do conhecimento, a disciplina passaa ser fundamental, pois a escola precisa de regras e normas para garantir seufuncionamento e a ordem por assim dizer.Várias são as indagações sobre quem faz a disciplina, quem provoca aindisciplina, no entanto o problema continua, a nós educadores cabe o papel derepensar a nossa prática, as nossas atitudes numa perspectiva não só idealizadoramas transformadora, que a indisciplina não seja algo de motivação dos conflitos eviolência na sala de aula e na escola.
Palavras-chave:Educação Infantil; Família; Indisciplina.
	ABSTRACT
Indiscipline is one of the most frequent problems in school spaces today. Its high incidence has raised constant concerns in contemporary society, mobi-lising both families and schools to seek ways to deal with the problem in question. In this perspective, the referring study aims to analyze the possible pedagogical practices used by education professionals. This is a bibliographic research on concepts and issues relevant to teaching-learning. Talking about indiscipline requires a lot of study and reflection around the subject, as it is a topic that has been discussed in schools when it comes to learning our students. Reflecting on how to act in the face of indiscipline today is an indispensable need to resume our decisions, reviewing our pedagogical practice in the classroom becomes essential in the search for the construction of knowledge, discipline becomes fundamental, because the school needs rules and standards to ensure its operation and order so to speak. There are several questions about who makes the disci-plina, who causes indiscipline, however the problem continues, to us educators it is the role of rethinking our practice, our attitudes in a perspective not only idealizing but transformative, that the indiscipline is not something of motivation of conflicts and violence in the classroom and in school.
Keywords: Early Childhood Education; Family; Indiscipline.
.
Lista de abreviaturas e siglas
mec – Ministério da Educação e Cultura.
PROINFO – Programa Nacional de Tecnologia Educacional
TICS – Tecnologia das Informações e Comunicações.
TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Sumário
INTRODUÇÃO	11
1.	DESENVOLVIMENTO	13
1.1	Disciplina e indisciplina – Conceitos e definições	13
1.2. Indisciplina na educação – um desafio na atualidade	13
1.3. Causas da indisciplina	14
1.4. Indisciplina do aluno......................................................................................................15
2.	FATORES QUE INFLUENCIAM A INDISCIPLINA DOS ALUNOS NO AMBIENTE ESCOLAR	18
2.1	Entendendo a indisciplina escolar infantil na escola	19
3.	INDISCIPLINA DA FAMÍLIA	22
3.1	A escola	24
3.2. ESCOLA e FAMÍLIA: um interagir para o bem comum de alunos e professores na resolução dos conflitos indisciplinares	25
3.3.	A indisciplina na escola e na educação infantil	27
3.4. Determinantes da indisciplina	30
4. 	CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA E INDISCIPLINA ESCOLAR PARA O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM	33
4.1. Quais as ações devem ser adotadas para lidar com a indisciplina na escola?..................34
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS	36
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	37
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos a inserção de crianças nas escolas de Educação Infantil no Brasil obteve uma crescente mudança encadeada por diversos motivos, sendo alguns deles: o ingresso da mulher no mercado de trabalho e a considerada conquista social, onde as creches e escolas destinadas ao público infantil não são mais vistas apenas com caráter assistencialista, mas também como instituições capazes de auxiliar o indivíduo no processo educacional. 
Com a crescente demanda de crianças nas escolas de Educação Infantil, um fator que tem gerado conflito e improdutividade nas salas de aula, são as questões relacionadas ao comportamento dessas crianças, pois muitas ainda não desenvolveram habilidades para o convívio social, apresentando muitas vezes um comportamento agressivo, onde o professor precisa promover ações diárias para a solução desses problemas. 
Neste cenário o professor se depara com grandes desafios e se perde na busca de mecanismos que o auxiliem a lidar com as situações comportamentais conflitantes. Compreendendo a relevância desse assunto.
Tendo em vista que a indisciplina na Educação Infantil é hoje um dos grandes desafios para os docentes e que pode interferir negativamente na vida escolar das crianças, afetando não somente a construção das relações interpessoais como também o processo de ensino e da aprendizagem, o presente artigo tem como objetivo apresentar formas de lidar com a indisciplina na sala de aula.
Este estudo se justifica pela relevância em apresentar o papel dos professores aliados à família, bem como a importância e influência que eles exercem na vida de seus alunos, sendo corresponsáveis no processo de formação dos pequenos. 
O presente trabalho foi realizado por meio de um estudo bibliográfico em sites especializados na internet, com temas relacionados àárea da Educação Infantil e também por meio da leitura de livros escritos. A pesquisa é classificada como bibliográfica, pois “é elaborada com base em material já publicado” (GIL, 2010, p. 29). 
Ainda sobre o pensamento de Gil, “tradicionalmente esta modalidade de pesquisa inclui material impresso como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e artigos de eventos científicos”. Caracteriza-se, como uma pesquisa de caráter exploratório e comparativo, visto que foi a partir desse olhar comparativo que possibilitou para as pesquisadoras um olhar mais amplo sobre o tema em discussão na ótica de duas escolas "procede pela investigação de indivíduos, classes, fenômenos ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e similaridades entre eles" e o exploratório que "tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias" (GIL, 1999, p. 27).
1. DESENVOLVIMENTO 
1.1. Disciplina e indisciplina: conceitos e definições 
De acordo com a maioria dos dicionários da Língua Portuguesa, atuais, a disciplina é conceituada como sendo um regime de ordem imposta, ordem que convém ao bom funcionamento regular de uma organização (militar, escolar, entre outras). Relações de subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor. Conjunto de leis ou ordens que regem certas coletividades. Disciplinar é o ato de sujeitar ou submeter à disciplina: disciplinar uma tropa. Fazer obedecer ou ceder, acomodar, sujeitar, corrigir. 
No campo pedagógico Vasconcellos (2009, p. 23), conceitua “disciplina” como organização do ambiente de trabalho escolar, comportamento, postura, atitude.
 Garcia (2013, p. 96), define indisciplina: “Como uma instabilidade e ruptura no contrato social da aprendizagem. Ela é, assim, uma força que atua no tecido da relação entre educadores e alunos, que sustenta o desdobrar do currículo”. 
A disciplina é uma das maiores exigências dos docentes como temática para as capacitações que constituem a formação continuada, assim como uma das maiores reclamações relativa ao trabalho em sala de aula. 
Tendo em vista o trabalho pedagógico, sendo este elaborado de forma mediada, sistemática, intencional e coletiva, caso o docente não apresente domínio sobre a disciplina, ou até mesmo, não busque meios e instrumentos para construí-la em sala de aula, todo o seu trabalho pode ficar comprometido (VASCONCELLOS, 2009, p. 24).
1.2. Indisciplina na educação – um desafio na atualidade
O avançar dos tempos e da sociedade, fez com que o homem sistematiza-se o seu meio de vida e o ambiente em que se encontra. Diante desta perspectiva criaram-se várias instituições dentro da sociedade com diferentes funções e posição dentro da sociedade. 
A escola foi uma das instituições criadas pelo ser humano, que disseminou e buscoucom que se ampliassem os saberes, estruturando os futuros profissionais para a sociedade e para o mercado de trabalho. A escola adquiriu essa importância com o passar do tempo e com as percepções de que o saber é essencial e transformador.
 A indisciplina escolar não envolve somente atitudes vindas de fora da escola, como os problemas sociais, a sobrevivência precária e a baixa qualidade de vida, mas atitudes advindas e desenvolvidas na própria escola, como a relação professor-aluno, o currículo oculto, entre outros. 
Dessa forma, lidar com o conhecimento científico e com a constante evoluçãoda humanidade tornou-se um compromisso social que a escola assumiu perante os educandos e perante a sociedade atual. A realidade demonstra que tal papel, assumido pela escola, não está, sendo cumprido, uma vez que o atuar em sala de aula com excelência depende de muitos fatores, como boas condições estruturais, psicológicas, sociais, políticas, familiares, entre outras, que deveriam ser dignas para que o trabalho dos educadores se consolide no dia a dia na escola. Em seus estudos Machado (2004, p. 129) ressalta que:
“O que ocorre é que as condições de trabalho do professor são insatisfatórias, sobretudo do ensino fundamental. Essas condições incluem, naturalmente, a remuneração, mas não se esgotam nela. O regime de trabalho pode ser até mais importante do que a remuneração nominal. Mesmo que as escolas particulares não atentem para isso.”
As condições abordadas pelo autor referem-se à valorização dada ao profissional de ensino que, acabam atingindo os alunos, uma vez que muitos educadores vivem, trabalhando horas além do seu limite físico e mental, acabando desta forma de não ter tempo para si e seu descanso. Muitas vezes, o educador limita-se a aulas expositivas e/ou teóricas por não disporem de tempo para organizar as aulas de maneira metodológica mais atrativa, gerando, na maioria dos alunos, insatisfação, falta de interesse, baixo rendimento, resultando na indisciplina escolar. Caso não haja reflexão acerca da indisciplina, ela pode estimular os envolvidos ao mundo da violência e da criminalidade gradualmente. Para entender a real significação da indisciplina escolar, pode-se partir do conceito de disciplina, que, conforme postula Aquino (2003, p. 33): 
“A disciplina equivaleria à saúde mental, e a docilidade constituiria seu critério maior. Desobedecer, desta forma, seria sinal de problemas ligados à infraestrutura psicológica, mais precisamente à introjeção de determinadas funções morais apriorísticas, tais como: permeabilidade a regras comuns partilha de responsabilidades, reciprocidade, cooperação, solidariedade.”
Nesses termos, como postula Aquino (2003), a indisciplina é o oposto, refere-se a um desequilíbrio, à falta de assiduidade, de reciprocidade e, maiormente, de responsabilidade. Assim, um aluno ou um professor indisciplinado é alguém que tem um comportamento desviante com relação a uma norma, explícita ou implícita, sancionada em termos escolares e sociais. Apresentam-se, a seguir, as possíveis causas da indisciplina.
1.3. Causas da indisciplina 
No contexto geral fica evidente que na escola a indisciplina tem aumentado e não há apenas uma única causa. A indisciplina no contexto educacional estar nitidamente associada ao descumprimento de regras, normas sociais e morais e a escola se torna um ambiente propício para desencadeamento de conflitos individuais e coletivos. 
As causas da indisciplina escolar advêm tanto do ambiente interno quanto do externo, podendo originar-se dos meios de comunicação, violência doméstica e social, nova estrutura familiar, situação econômica precária, uso e tráfico de drogas, ausência de valores, violência doméstica, a indiferença da escola, bem como dos professores que diretamente se relacionam com os alunos. O jovem de hoje tem dificuldade de encontrar referencias positivas na sociedade, uma vez que o individualismo é propagado através dos meios de comunicação e vivenciado a todo instante pelos indivíduos. 
As causas internas são compreendidas no ambiente escolar, através da relação professor/aluno e nas condições em que se da o processo de ensino aprendizagem e a condução da gestão administrativa e pedagógica. A falta de interesse dos alunos em estudar é bastante perceptível, mesmo os professores adaptando a metodologia com equipamentos tecnológicos, aulas lúdicas e contextualizadas. Segundo Antunes (2002) existem situações em que a conversa entre alunos, intermediada pelo professor, é imprescindível para o sucesso da aprendizagem. Para ele a indisciplina se esconde no interesse e na curiosidade do aluno, basta que as aulas sejam significativas. Dessa forma a indisciplina pode estar associada com a falta de planejamento do professor, que deve propor aulas mais significativas.
1.4. Indisciplina do aluno
 Os atos caracterizados como indisciplinados na escola estariam relacionados à atitude do aluno, como por exemplo: falar ao mesmo tempo em que o professor, atrapalhando as aulas; responder com grosserias; brigar com os colegas ou mesmo com o professor; bagunçar; ser desobediente; não fazer as tarefas escolares, chegar sempre atrasado, sair antes do sinal. Oliveira (1996, p.27) define a indisciplina ou a não-disciplina presentenas escolas hoje, como um posicionamento contrário ao processo educativo, onde o aluno não tem nenhuma vontade de estar na escola, não tem respeito pela escola e nem postura para frequentá-la.
 No âmbito escolar, os alunos que apresentam dificuldades ou distúrbios comportamentais são geralmente aqueles que perturbam a classe ou apresentam condutas contrárias às normas estabelecidas. Se às vezes, certos alunos cometem atos graves da ordem penal, na maioria das vezes, porem, é a repetição de costumes não tolerados que incomoda o professor e dificulta as aprendizagens. No entanto, a aceitação ou não desses comportamentos varia de acordo com cada professor, atividade, turma e contexto do estabelecimento. Um comportamento não é, pois, desviante em si mesmo, mas no modo como se relaciona às normas do contexto no qual se insere. 
Não há duvida de que uma série de indisciplina tem origem no próprio aluno. Podem ser causas de origem biológica, social ou psicológica. 
Como causa biológica temos a desnutrição, verminose esgotamento físico. Isto pode acarretar estado de inquietação e incapacidade para os trabalhos de classe que vão sempre, redundar em indisciplina. Às vezes defeitos físicos, de que são portadores os alunos e constituem a causa de perturbação no comportamento. Esses defeitos levam os alunos a sofrerem criticas dos colegas, o que transmite um estado de permanente irritação a seus portadores. Outra manifestação de causa biológica que pode levar a indisciplina é o estado de exasperação sexual que certos adolescentes revelando-o a bulir com colegas por meio de palavras ou de atos que acabem provocando reação dos mesmos, estabelecendo-se então a confusão. 
Outra causa da indisciplina do aluno esta ligada à natureza social. Muitas vezes a família vive em condições precárias, o que gera conflitos entre o aluno e a escola. Outra atitude de consequência na disciplina é a maneira que o aluno é tratado em casa. Se totalmente desprezado ou deixado à vontade é claro que não vai aceitar a disciplina que a escola quer impor. 
Como causa de natureza psicológica, pode-se ressaltar, no entanto, a deficiência mental, a tendência impulsiva da adolescência, certos traços de personalidade, tudo isso misturado com as deficiências da educação. Aqui podemos citar o aluno arrogante, exibido, sabotador, palhaço, esquisito, explosivo, bonitão, tímido, nervoso, vencido e talvez o que mais prejudica que trabalhemos o aluno falador. 
O aluno das series finais do ensino fundamental ou do ensino médio é um adolescente. A adolescência é um período de mutação que começa na puberdade e termina quando o individuo está apto a viver de maneira independente, a ser autônomo. Um jovem sai da adolescência quando é capaz de se liberar da influencia dos pais e quando a angustia de seus pais não produz mais efeito inibidor sobre ele. Para Blin (2007, p.18): 
O termo disciplina designa aquilo que o professor faz para ajudar os alunos a se comportarem de maneira aceitável na classe. Mas do ponto de vista educacional, a disciplina deveria visar reduzir as intervenções do adulto, ensinando os jovens a controlar seus próprios comportamentos para poderem ganhar autonomia. 
Para alguns professores os problemas comportamentais de alunos que vem enfrentando em sala de aula deve-se a uma atitude negativa do próprio aluno, as dificuldades familiares ou sociais que de maneira conflituosa reflete na relação professor e aluno. Inúmeros alunos considerados indisciplinados são geralmente jovens aborrecidos com a escolaridade devido às repetições e as diversas situações de fracasso. Ora, esses jovens não ignoram que seus resultados escolares afetam não somente seu futuro profissional e social, mas provavelmente seu futuro pessoal. Eles se consideram, com ou sem razão, vitimas de um sistema no qual as regras do jogo não são as mesmas para todas as categorias e seus comportamentos perturbadores são a expressão de um ressentimento. Desse modo, a maneira como o professor representa esses alunos e suas dificuldades, orientam o olhar que lhe dirige e pode ter uma influencia determinante em seu comportamento em sala de aula.
2. FATORES QUE INFLUENCIAM A INDISCIPLINA DOS ALUNOS
 NO AMBIENTE ESCOLAR
 Ainda possuímos traços da forma de educação tradicional presentes nos dias de hoje, desde a organização das salas de aula, até atos que são considerados como indisciplina no ambiente escolar, como, por exemplo, levantar-se, ir ao banheiro ou beber água sem pedir a permissão do professor presente em sala. Nas orientações de Parrat-Dayan:
 a indisciplina é provocada por problemas psicológicos, ou familiares, ou da estruturação escolar, ou das circunstâncias sócio-históricas, ou, então, que a indisciplina é causada pelo professor, pela sua personalidade, pelo seu método pedagógico etc. Na realidade, a indisciplina não apenas tem causas múltiplas [...], como também se transforma, uma vez que depende de todo um contexto cultural que lhe dá sentido (PARRAT-DAYAN, 2000, p.19).
Algumas escolas atribuem os motivos da indisciplina estarem relacionados à TDAH, autismo, déficit de atenção, entre outros. 
Muitas vezes a indisciplina é interpretada como uma doença que deve ser curada com remédios. Então, prescreve-se ritalina para todos. A indisciplina vira problema para especialistas, médicos ou psicólogos, e deixa de ser um problema que concerne ao professor ou aos pais (PARRAT-DAYAN, 2000 p.20). 
Segundo Banalettiapud Vasconcelos (2004), a indisciplina pode ter suas causas encontradas em cinco grandes grupos: sociedade, família, escola, professor e aluno. Os motivos são inúmeros e eles trazem consequências negativas tanto para o meio social quanto familiar.
Em relação à família, é importante a imposição de limites, muitas vezes os pais acabam acatando o comportamento inadequado dos filhos (correr em ambientes públicos, xingamentos, responder) e quando os alunos estão no ambiente escolar, pensa que podem ter a mesma liberdade e postura que tem em casa, desta forma, a escola fica com a função de educar, o que deveria ser uma parceria com os pais e não um trabalho individual. A ausência dos pais também é uma das causas da indisciplina apresentada pelo aluno, a falta de tempo acaba atrapalhando a parceria entre a família e a escola, um exemplo disso é a reunião pedagógica, onde é necessária a presença de um responsável legal tendo em vista falar sobre o comportamento do aluno e buscar formas de parceria com a família para que se possa trabalhar da melhor forma. 
O manhoso que quer comida na boca, o folgado que não se mexe quando vê outras pessoas precisando de ajuda, o aluno que não estuda e cola na prova, os pais que dizem quando crescer o filho melhora, todos eles deixam tudo por conta do alheio. É um estilo de indisciplina passiva, com a qual as pessoas se acomodam, não tem aspirações, nem ambições (CARVALHO apud TIBA, 2006, p. 207).
Nessa ótica, o individualismo também é um dos fatores intervenientes da indisciplina no ambiente escolar, nos dias de hoje, tanto na sociedade quanto em casa, as pessoas estão acostumadas em viver cada um no “seu mundo” com o seu celular, computador, tablet. com isso, a criança chega na escola e transfere essa mesma atitude apresentando muitas vezes dificuldades em trabalhar no coletivo. “Analisar a indisciplina de um aluno deve perpassar pela discussão da atuação do professor, pois uma ação está indiscutivelmente atrelada à outra.” (SOUZA,2009, p.23)
 A adaptação do aluno com a cultura da escola também pode ser visto como um motivador da indisciplina, pois cada escola apresenta suas regras convencionais diferenciadas, isso pode ser visto principalmente na mudança de escola onde o aluno terá que se adaptar a regras diferentes e muitas vezes não são bem aceitas por ele. A falta de interesse do aluno pela aula ministrada pode ser considerada como outro fator da indisciplina.
 A autêntica aprendizagem ocorre quando o aluno está interessado e se mostra empenhado em aprender, isto é, quando está motivado. É a motivação interiordo aluno que impulsiona e vitaliza o ato de estudar e aprender. Daí a importância da motivação no processo ensino-aprendizagem (SOUZA apud HAYDT,2006, p. 75). 
2.1. Entendendo a indisciplina escolar infantil na escola
Todo e qualquer ambiente deverá ser preservado por regras que regulamentem o comportamento e a convivência daqueles que nele estão inseridos. Haja vista que, o descumprimento dessas regras, a desobediência, confusão ou insubordinação, traduzem-se como indisciplina.
Várias são as causas desse comportamento. Porém, antes de qualquer julgamento, é importante avaliar o contexto do desenvolvimento cognitivo e emocional de cada criança.
Torna-se, dessa forma, possível compreender melhor por que ela se comporta dessa maneira, além de exercer uma escuta ativa e personalizar o ensino por meio de estratégias pedagógicas que promovem o desenvolvimento dos estudantes de maneira individualizada, sem, deixar de estabelecer limites para os alunos.
· Verificando as principais causas do problema
São muitos os aspectos que podem influenciar direta e indiretamente o comportamento dos alunos:
· A realidade que a escola apresenta aos seus estudantes;
· O ambiente familiar;
· A forma como os alunos lidam com as emoções;
· O contexto social em que estão inseridos.
Dessas causas, destacar-se-á aqui 3, que estão diretamente relacionadas ao contexto escolar:
· Falta de interesse nas aulas
Essa é uma das principais dificuldades da educação escolar. Muitos alunos comparecem à aula apenas por obrigação, não se envolvem nas atividades propostas e tornam-se apáticos. Tal desinteresse pode ser porque eles não percebem a importância dos conteúdos apresentados ou devido a uma didática monótona do professor.
Desta forma, os estudantes ficam entediados, ansiosos e facilmente desviam o foco com barulhos, brincadeiras, conversas paralelas.
Por outro lado, esses comportamentos indisciplinares pode ser sintomas de um desejo por uma experiência escolar mais estimulante.
Nesse caso, é fundamental buscar-se apoio da instituição para adotar meios mais lúdicos e metodologias de ensino mais criativos, que possam cativar e fazer com que o aluno interesse-se o pelos conteúdos ministrados.
Muitos professores estão buscando propor aulas mais dinâmicas, não só para combater a dificuldade de concentração e engajamento, mas também para aumentar o nível de assimilação por parte dos alunos.
· Dificuldade de dosar as ações contra a indisciplina infantil
Quando os combinados da aula não são respeitados, cabe ao professor balancear as medidas de conscientização conforme a gravidade das ações. Por exemplo: xingamentos e agressões entre colegas precisam de maior intervenção e cuidado do que comportamentos como usar boné em sala de aula.
Se o professor trata todas essas ações da mesma maneira, aqueles que praticaram atos mais leves podem se revoltar e responder com um nível de indisciplina ainda maior.
O que fazer nesses casos? É recomendável analisar a real gravidade de cada problema e estabelecer critérios e níveis segundo a indisciplina. Lembre-se de que a falta de referência na hora de abordá-los pode gerar injustiças ou medidas excessivas.
Também é importante destacar que, nessas situações, o docente precisa contar com o apoio dos seus colegas, além da coordenação e direção da escola para lidar melhor com a indisciplina.
3. INDISCIPLINA DA FAMÍLIA
Como espaço fundamental ao desenvolvimento e à formação das crianças, a família deve assegurar o pleno sustento material, físico, estrutural e emocional de seus filhos. A família é unida por múltiplos laços capazes de manter reciprocamente durante uma vida e durante gerações. Neste sentido, o constructo família tem possibilitado inúmeras reflexões e discussões quanto à estrutura, ao seu funcionamento e configuração, uma vez que corresponde ao termo complexo, multifacetado e polissêmico. 
O termo família refere-se ao agrupamento de pessoas com e/ou consanguinidade, afetividade, apoio social e psicológico, de modo que ultrapassa convenções preestabelecidas, ou seja, a concepção de família é influenciada diretamente na sua construção por fenômenos de cunho social, histórico cultural e psicológico. 
A família vem sofrendo mudanças significativas ao longo da historia. Tais mudanças nesta instituição têm afetado o contexto escolar e o pensamento cognitivo da criança. Atualmente tem sido comum encontrar crianças cada vez mais sozinhas, em casa ou na rua e principalmente na escola. Para Blin (2007), o contexto socioeconômico, exclui algumas famílias do reconhecimento social pelo trabalho e obrigam outras a investir categoricamente em sua vida profissional. Pais rejeitados que não conseguem mais fazer exigências quanto à educação de seus filhos ou pais sugados pelo trabalho, estressados pelo medo de perder seu emprego, resultam em falta de comunicação na relação familiar, ou mesmo abandono em relação ao acompanhamento educativo de seus filhos. De acordo com Perin (2008 p.13-14): 
A instabilidade dos vínculos familiares pode ter uma incidência no desenvolvimento psico-afetivo e sócio-moral dos jovens, bem como na estruturação de sua personalidade. Assim, o clima familiar e as relações com os pais, quando são mal vividas pelos adolescentes, podem ser a origem de muitos distúrbios do comportamento. 
A relação familiar entre pais e filhos, é repleta de afetividade o que torna difícil a visualização dos problemas e dificuldades de forma ampla, isto é, para um pai ou uma mãe é difícil entender que seu filho possa ter atitudes de desrespeito diante do professor, por exemplo, na maioria das vezes os filhos possuem um comportamento na frente dos pais e outro na ausência desses. Assim, a agressividade, a birra, em fim o mau comportamento pode surgir dentro do ambiente familiar e são fatores que podem intensificar o aparecimento da indisciplina do aluno na escola.
As interpretações psicopedagógicas utilizadas na educação sugerem que as dificuldades de aprendizagem estariam ligadas a problemas emocionais ou traumas vividos na infância. Os pais acabam tornando a educação dada aos filhos permissiva, pelo medo do uso do autoritarismo e com dificuldades para o estabelecimento de limites, normas ou mesmo valores individuais e coletivos. 
É preciso analisar detalhadamente esse aspecto e observar a multiplicidade de fatores que estão relacionadas às mudanças da sociedade. Perin (2008 p.13-14) diz: 
A sociedade do séc. XXI vive um período de crise ética, que no Brasil está constantemente retratada principalmente no campo da política quando vêm à tona casos de corrupção, desvios de dinheiro público, má distribuição de renda e indiferença dos governantes à classe trabalhista, acentuando o desemprego e o subemprego. A crise econômica, o consumismo, a competição exacerbada no mercado de trabalho e os valores invertidos são os principais fatores de desagregação familiar. 
Os pais são os principais educadores. Nesse sentido, quando os mesmos encontram-se em dificuldades de exercer suas responsabilidades de estabelecer limites, transmitir valores para seus filhos, ou isentando-se desses papéis, pode ser considerado como indisciplinado. Muitas vezes, ficam desnorteados frente à atitude dos filhos, e não sabem como fazer para interferir e ajudá-los, saber o que é correto ou não em determinadas situações, sem querer assim, assumir uma posição autoritária, permitindo tudo, com medo que o filho venha a sofrer algum trauma e piorar ainda mais a situação. 
Para que o aluno saiba compreender e respeitar os limites impostos pelos professores, colegas ou amigos com que convive, é preciso que ela tenha aprendido desde criança no seio familiar, exercitado, desde o início de sua vida este tipo de comportamento. Se observarmos crianças em que os pais não impõem nenhum tipo de limite, vamos nos deparar com crianças que são, na maioria das vezes, rejeitadas pelos colegas, pois não conseguem respeitar ninguém e por isso vivem isoladas. 
A permissividade exagerada por conta dos pais enquanto a criança é pequena,dificultará a retirada dessas concessões. A coerência na educação de uma criança precisa ser pensada, planejada por todos e principalmente pela família e com a parceria da escola, quando for o caso. 
Escola e família exercem papéis distintos no processo educativo. Mas é no âmbito familiar que se dar transmissão de valores morais e éticos. Para a escola cabe a missão de recriar e sistematizar o conhecimento histórico, social, cultural e econômico. 
Segundo Vasconcelos 2008, é de suma importância que a família participe da construção da disciplina escolar. A escola no contexto atual encontra-se com dificuldades de manter a disciplina em sala de aula e precisa da parceria dos pais para buscar alternativas que superem tais problemas. No entanto as escolas encontram obstáculos em fazer com que a família dos alunos participe efetivamente da vida escolar dos filhos. Os pais ou responsáveis pelos alunos fazem das instituições de ensino depósitos, abandonam os filhos a própria sorte, alegando que não sabem mais o que fazer para educá-los. Porem há situações na escola que devem ser atribuídas especificamente à família e se ela não as realizar, infelizmente outro seguimento da comunidade escolar não poderá fazê-lo. A família é uma instituição primordial na socialização da criança, é a relação afetivo-amorosa entre pai, mãe e filho que fortalecerá o vinculo da criança com o mundo. 
Outro papel muito importante da família é a construção dos valores. É no seio familiar que a criança passa a conceber suas primeiras definições de valores éticos, morais, culturais e social. Quando não trabalhadas nos primeiros anos de vida, surge um individuo confuso, cheio de complexos e distúrbios difíceis de resolver. Dai onde a escola depara com adolescentes rebeldes com problemas psicossociais e com dificuldades de aprendizagem. E outra demanda surge quando a escola não dá conta de resolver tais problemas, cabendo a interferência de outros profissionais de áreas distintas.
3.1. A Escola
A escola lida com os conteúdos sistematizados através do desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, devendo atuar com competência para resolver situações concernentes à disciplina dos alunos na sala de aula e em outros ambientes de aprendizagem. 
Percebe-se que a escola exerce enorme influência na formação do indivíduo, pois, cabe a ela trabalhar de forma sistematizada e metodológica para cumprir sua finalidade que é educar para a cidadania. Nesse sentido, a escola adquire enorme importância para a vida dos cidadãos, pois, 
a sistematização é um conceito que vem sendo cunhado para designar uma forma metodológica de elaboração do conhecimento. Assim, a sistematização é mais do que organização de dados, é um conjunto de práticas e conceitos que propiciam a reflexão e a reelaboração do pensamento, a partir do conhecimento da realidade, com o objetivo de transformar educando e educadores em sujeitos do conhecimento e agentes transformadores da sua localidade” (Ecos do Brasil in Revista da Escola Centro-Oeste, 2000, p. 8). 
A sistematização dos conteúdos das várias áreas do conhecimento permite ao indivíduo adquirir crescimento intelectual e cultural, dar sentido às experiências e ações, proporcionar nova forma de ver e reinterpretar a visão de mundo. Questiona-sepor que a escola é tão fundamental para o desenvolvimento das crianças e indivíduos que não a frequentaram em tempo oportuno e nesse sentido, os estudos orientaram que, 
“além de melhor conhecer a experiência, os indivíduos e grupos que passam por um processo de sistematização não permanecem os mesmos: sem dúvida, tanto suas práticas como seus sistemas de valores passam por mudanças. E este momento de análise e interpretação desempenha um papel significativo no desencadeamento e na orientação dessas mudanças (FALKEMBACH, 2000, p. 8).”
O desenvolvimento tecnológico tem proporcionado significativas mudanças e alterações em todos os segmentos sociais, e nos lares e escolas não tem sido diferente. Constata-se gradativamente a instalação de Laboratórios de Informática nas escolas públicas de todo o país, implantados e distribuídos através do Programa Nacional de Informática na Educação- ProInfo, com banda larga custeada pelo Ministério da Educação-MEC, e tem por objetivo impulsionar a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) relacionadas a conteúdos educacionais.
 A escola está avançando, o professor deve ficar atento, se atualizar e se preparar para acompanhar as tendências impostas pelas dinâmicas da realidade e adquirir competência para lidar com as tecnologias em sua prática pedagógica. Nesse contexto, os papéis da escola e do professor assumem enorme importância e significado, pois, o usuário – criança, jovem e adulto – carece de limites e de ética para fazer uso das tecnologias da informação e comunicação. As informações estão disponibilizadas via Internet no mundo virtual e cabe também à escola educar e preparar o aluno para lidar com as informações a fim de transformá-las e construir conhecimentos.
3.2. ESCOLA E FAMÍLIA: um interagir para o bem comum de alunos e professores na resolução dosconflitos indisciplinares
Para que se entenda o que vem a ser o significado da palavra interagir: agir de forma recíproca, mútua (Minidicionário Silveira Bueno, 1989) e no sentido popular unir para – (para quê?)
Em se tratando de interação família-escola entende-se unir para fazer alguma coisa e o que se pretende é construir juntas estratégias de ações pedagógicas para amenizar os problemas da indisciplina na sala de aula e na escola. Segundo Vasconcelos a escola e a família devem superar a contradição disciplina doméstica e disciplina escolar, ambas tem valores comuns: respeito, verdade, justiça, trabalho, liberdade, busca do bem comum, diálogo, etc. e a participação ativa e consciente dos pais na escola contribuem para que a mesma cumpra melhor o seu papel.
A família num contexto social maior é o primeiro ambiente socializador dos filhos a escola pode ser o segundo, portanto pais e professores são figuras essenciais no desenvolvimento do indivíduo, cabendo a eles o papel de ensinar normas e valores de conduta e estabelecer formas e limites para as crianças e adolescentes.
Desse modo é possível que a relação entre pais e professores tome um novo caminho e sentido, potencializando-se mais o desenvolvimento dos alunos.
E isso supõe revisar e repensar o papel desse coletivo dentro das funções da escola flexibilizando o acesso a interação família-escola incluindo as práticas pedagógicas na construção de ações com medidas que possibilitem a cada um: professor com sua função seu espaço como educador e referencial para os alunos e a família como colaboradora nas tomadas de decisões expressando suas idéias e opiniões com base nas discussões, na negociação da autoridade e não do autoritarismo.
Almeja-se desta forma, uma prática participativa necessária ao processo educativo, porém respeitando o próprio espaço com responsabilidade e competência no trabalho conjunto, compartilhando o fazer escolar na elaboração de ações pedagógicas para resolver os atos indisciplinares na escola de forma democrática e progressista.
Convém lembrar que a interação família-escola deve consistir em uma preocupação do todo escolar, sobretudo, da direção da escola.
Se avançarmos na reflexão acerca das práticas que desenvolvidas na escola e a partir destas reflexões, procurarmos ressignificar as ações pedagógicas, orientados por princípios éticos e morais, transformadores estar-se-á construindo uma disciplina emancipadora.
A construção coletiva de normas e regras, além de fortalecer os laços entre família e escola garante processos de aprendizagem, da apropriação de conhecimentos, efetivando um comportamento adequado numa disciplina pedagógica democrática dentro de uma perspectiva dialógica, problematizadora e critica da educação pressupondo pedagogicamente ações que orientem os professores na escola e na sala de aula respeitando a diversidade escolar, unindo forças como quem acreditas em superaras dificuldades em resolver a indisciplina dos alunos numa condição de conquista e manutenção dos direitos e deveres, ampliando os mecanismos de participação da família na escola é condição para que os conflitos sejam objetos de discussão e reflexão. Não há democracia sem participação, não há participação sem diálogo e não há dialogo sem o uso da palavra numa concepção mútua na resolução do problema sem manipulação (autoritarismo), ou seja, alunos respeitando os professores e professores respeitando seus alunos sem utopias, pelo contrário o papel do educador é formar na verdade dar liberdade de expressão respeitando o direito do discurso e outras leituras do mundo.
Refletir e ressignificar a prática pedagógica implica em discutir sobre o que pode a escola em favor da construção de uma disciplina sem contradições parasuperar os desafios causados pela indisciplina. Para auxiliar nestas reflexões consideraremos algumas leituras que norteará a possibilidade de construção de novas estratégias de ações pedagógicas para resolver os atos indisciplinares, objetivo mais importante do nosso trabalho.
3.3. A indisciplina na escola e na educação infantil
É na etapa da Educação Infantil que a criança estende suas relações sociais e adquire as primeiras noções de convivência com o coletivo. É nesta fase também que ela começa a desenvolver as noções de valores, de justiça e de moralidade, e a aprimorar seu desenvolvimento intelectual, motor e cognitivo. Nesta primeira etapa da Educação Básica, onde as crianças estão no início de seu desenvolvimento social, as noções de disciplina já começam a ser expostas e os atos de indisciplina já começam a aparecer. 
A indisciplina nesta etapa da Educação Infantil é manifestada de formas bem particulares e diferente das que ocorrem em idades mais avançadas. No entanto, ao contrário do que alguns possam pensar, ela já existe desde que a criança entra na escola e vira uma das maiores preocupações dos professores desta etapa, que estão focados na estimulação do desenvolvimento da criança como um todo e na educação para a cidadania. 
Vergés (2003, p. 19) ainda complementa, afirmando que “algumas crianças desde que começam a freqüentar a escola, já demonstram algum tipo de indisciplina”. Então caberia ao professor desta etapa criar possibilidades da criança se desenvolver para a vida em sociedade, independente do histórico familiar de cada uma delas. 
Assim como em qualquer outro lugar, o espaço da Educação Infantil também apresenta diferentes expressões de indisciplina e que só podem ser entendidas se analisarmos o contexto em que elas ocorrem. Os entendimentos sobre a indisciplina, de acordo com Vergés (2003, p. 31) variam, pois dependem da vivencia familiar de cada criança, dos costumes, da crença e da cultura em que a criança está inserida, assim como podem depender dos traços de personalidade de cada uma, das fases do desenvolvimento em que está passando e, até mesmo, da influência do professor, da escola e da metodologia de ensino utilizada. Há, realmente, uma variedade de causas e sentidos por trás das expressões de indisciplina escolar e, identificá-las é o primeiro passo para inibi-las. 
Assim, é importante identificar o que envolve um ato de indisciplina para melhor compreendê-lo e defini-lo, destacando se sua manifestação se trata de uma questão pessoal da criança, familiar, relacional ou escolar. Vergés e Sana (2009, p. 35) sugerem:
“O que devemos entender é que nenhum aluno nasce indisciplinado; ele se torna indisciplinado em determinadas situações, dependendo do sentido da indisciplina para ele naquele momento, com vários fatores que possam levá-lo a agir dessa forma.”
Na Educação Infantil, os atos indisciplinados envolvem a intolerância à frustração, a necessidade de atenção, o egocentrismo, ainda são características da faixa etária em que se encontram, o desinteresse pela aula, a exclusão do diferente, a falta de limites definidos e a falta de orientação e consistência no ambiente familiar da criança. (ESTRELA, 1992; PARRAT-DAYAN, 2008; DEVRIES; ZAN, 1998; VERGÉS; SANA, 2009). Outro aspecto comumente envolvido nas expressões de indisciplina, nesta fase, se refere ao desenvolvimento do esquema corporal que em algumas crianças ainda não está completo, assim, ainda apresentam um comportamento expansivo devido à falta de coordenação motora fina, principalmente. Nestes casos, as crianças são identificadas como estabanadas, pisam no pé das outras, gostam de brincar de luta, demandando contato físico, atingem os outros com peças de jogos, abraçam com força, podendo machucar o colega e podem, até mesmo, serem identificadas como agressivas. 
Nos outros casos, as manifestações de indisciplina exprimem uma espécie de descontentamento, que como já citamos, pode ser de ordem familiar, pessoal, relacional ou escolar, revelado como desinteresse, desatenção, resistência, desrespeito e falta de empatia. Dessa forma, percebe-se que não é apenas o contexto familiar ou pessoal que determina a ocorrência dos atos de indisciplina em sala de aula, como também, a própria sala de aula, o professor, a metodologia de ensino e a relação pedagógica podem desencadear a indisciplina escolar. De acordo com o estudioso e autorVergés (2003, p. 33), 
“quando a aula não está interessante e atraente para as crianças, elas perdem o interesse ou ficam desmotivadas, o que as leva agir de forma indisciplinada para demonstrar que estão descontentes com alguma coisa.”
As expressões deste “descontentamento” que envolvem os atos de indisciplina nas crianças da Educação Infantil podem ser caracterizadas por morder, beliscar ou bater no colega, brincar de luta, destruir o material escolar, conversar enquanto a professora ou outro colega está falando, apresentar um comportamento desafiador, fazendo caretas ou respondendo mal à professora e não fazer a atividade proposta em sala de aula, se recusando ou resistindo a participar. 
É válido destacar que a agitação motora é uma característica inerente ao comportamento das crianças, nesta faixa de idade que precisam brincar, se movimentar e criar para extravasar a energia. Sendo assim, o silêncio absoluto não pode ser considerado uma característica fundamental e saudável nesta etapa de ensino. No momento das atividades ou dos cantinhos da leitura, as crianças se concentram por um determinado tempo, mantendo a sala de aula mais silenciosa, já em outros momentos, a movimentação e o barulho podem ser esperados. Neste sentido, Vergés (2003, p. 32) afirma que:
“A criança que questiona, pergunta e se movimenta em sala de aula, não pode ser considerada indisciplinada, porque na construção do conhecimento, a criança precisa buscar as alternativas para encontrar o melhor caminho para aprender. Agora, aquele aluno que não tem limites, não respeita a opinião e os sentimentos dos colegas, esse sim, é um aluno que pode ser considerado indisciplinado.”
Os momentos de brincadeiras e jogos, no parquinho ou em sala de aula constituem, facilmente, um campo de observação das manifestações de indisciplina, pois expressões de intolerância à frustração e desrespeito as regras do jogo são comuns nestes ambientes na Educação Infantil, onde as crianças ainda estão desenvolvendo suas noções de moralidade. As crianças que não tem limites estabelecidos e não respeitam os colegas, a professora e as regras, na hora dos jogos e brincadeiras, elas freqüentemente apresentam comportamentos indisciplinados. Cabe a escola e ao professor transmitir os valores e promover a aprendizagem das regras de convivência social, a auto-regulagem e a autodisciplina. 
A competição que emerge nos jogos, pode levar à ocorrência de conflitos interpessoais, de desrespeito aos colegas e às regras do jogo, trapaça e até mesmo, agressividade, com a finalidade de vencer o jogo. Esta demonstração de intolerância à frustração que envolve o ato indisciplinado implica, entre outros fatores, a relação que a criança tem com as regras, ou seja, a não relação que a criança tem desenvolvida com a moral. 
A indisciplina manifestadanesses momentos, além de perturbar o ambiente e as relações em sala de aula, prejudica o desenvolvimento e o processo de aprendizagem da própria criança. Em sua pesquisa de mestrado, Luna (2008, p. 111) encontrou que “a indisciplina também promove prejuízo relacional na Educação Infantil” e indica que, em situações de jogo, a criança indisciplinada não consegue realizar as coordenações necessárias para resolver os problemas e desafios de um jogo ou de uma tarefa, pois está dispersa e apresenta dificuldade para raciocinar, antecipar ou prestar atenção, além de desrespeitar colegas e professores. A indisciplina manifestada pela criança nos jogos e brincadeiras traz prejuízos para ela mesma. 
Estas crianças demandam maior atenção e estímulo para que possa se desenvolver moralmente e, consequentemente, socialmente. O campo de relações sociais que a Educação Infantil propicia, nas situações de jogos, atividades, brincadeiras, lanche e higiene, recreio ou educação física, constitui o ambiente que a criança necessita para desenvolver todas as suas competências e aprender a conviver com o coletivo. Parte deste desenvolvimento global infantil está o desenvolvimento moral, que envolve o processo de conscientização das regras na criança e que, progressivamente, conduz as crianças à autonomia e à autodisciplina, fazendo com que as manifestações de indisciplina se tornem cada vez mais improváveis.
3.4. Determinantes da indisciplina
A indisciplina escolar não é uma birra causada pela falta de amadurecimento, mas ela implica na “[...] não obediência às normas criadas ou situações muito abertas carentes de normas. Portanto, a disciplina se relaciona com a clareza das normas, […] um complexo de proibições […]; ex.: aluno que fala alto […]” (NOFFS, 1989, p.40). Por muitas vezes, tem em suas raízes motivos advindos da vivência do aluno, da história de vida, do ambiente familiar e/ou das companhias. 
A família é a percussora do processo de aprendizagem, é influencia direta ou indiretamente na indisciplina escolar, como é a base, a estrutura inicial e a origem de toda a formação do ser humano. As relações de convivência que os alunos têm em seus lares são as mesmas que eles têm em sala de aula e, principalmente, no seu comportamento diário com os colegas. Diante do exposto, percebe-se que, uma vez que a família esteja passando por uma crise, a educação e o ensino entrarão em crise também e, consequentemente, a sociedade se desestruturará em algum momento. De acordo com a escritora e estudiosaLa Taille (2003, p. 52) os seus estudos destacam que:
 “as crianças entram nesse universo de normas e de atritos desde a mais tenra idade. Portanto, os limites físicos colocam a dimensão do impossível, os limites normativos colocam a dimensão do proibido. Restringem a liberdade em nome de valores. E são, muitas vezes, vividos de forma penosa.”
 A família com o avançar dos tempos e o passar dos anos, ganhou novas estruturas e até mesmo criou novos valores e condutas. Se comparado às famílias dos séculos anteriores, percebe-se, que não há apenas um único modelo de família, mas vários, e todos possuem valores, histórias de vida que englobam conquistas e problemas. Para o autor Aquino (2003, p. 41-42) seus estudos relatam que: 
“Nos dias atuais, é difícil encontrar entre os educadores um consenso tão solidificado, (e igualmente questionável) relativamente a esse tema quanto aquele em que se atribui grande parte dos problemas escolares cotidianos ao modo como estão organizadas as famílias de nossos alunos. Daí a falência da ideia de educação como um ofício ‘a quatro mãos'. Famílias que não estariam suficientemente preparadas para a difícil tarefa de educar; famílias cujos responsáveis não supervisionam atentamente a conduta de sua prole; famílias que não promovem uma rotina estável que favoreceria aos filhos a aquisição de hábitos virtuosos e outros atributos morais; enfim, famílias ‘desestruturadas' - eis o diagnóstico reiterado pela grande maioria dos profissionais da educação para justificar a indisciplina de parte do alunado. A queixa parece ser unânime. Das escolas privadas de elite às escolas públicas de periferia dos centros urbanos, quase todos parecem crer que a maioria das famílias brasileiras se encontraria atualmente em um estado denominado genericamente de ‘desestruturação', o qual seria responsável, por sua vez, pela disseminação de crianças e jovens ‘sem limites.”
Ainda sobre a nova constituição de família, o autor postula que: 
“o fato é que há hoje, nas escolas, uma geração de crianças e jovens advinda de contextos múltiplos de estruturação sociocultural e econômica, e não apenas familiar. Mais correto seria admitir que os modelos familiares - sempre no plural – encontra-se em estado de expansão, e não de ‘desestruturação', como se acostuma alardear.(AQUINO 2003, p.45).”
Nota-se, que famílias estão em crise, devido, também, às mudanças sociais. Os professores percebem tais momentos de crise familiar em suas práticas diárias, pois as famílias estão cada vez mais distantes dos filhos, do ensino de valores e de virtudes essenciais à vida e ao convívio em sociedade. Esse efeito causado pela falta de compromisso e acompanhamento familiar tem resultado em diversas situações negativas, como a própria indisciplina e tem trazido à tona diversas questões da área educacional. De acordo com La Taille (2003, p. 64),
“Dito de maneira clara: os adultos de hoje não têm mais tanta certeza de que sabem mais de que seus filhos quais os caminhos que levam à felicidade e, portanto, colocam bem menos limites. Trata-se de uma posição honesta. Mas, em alguns casos, pode também tratar-se de uma posição covarde: ao dizer aos filhos ‘Façam o que vocês quiserem’, alguns adultos também lhes dizem, de forma velada: ‘Virem-se, não tenho nada a ver com isso’. A não colocação de limites pode tanto ser prova de humildade quanto de descompromisso em relação aos filhos e ao futuro do mundo. E verifica-se, hoje, que muitos jovens acabam se queixando da posição de seus pais e educadores: o que poderia ser interpretado como generosidade libertária acaba sendo visto por eles como simples ausência.”
Compreende-se que a não colocação de limites e regras tem se tornado comum e que a extrema confiança adotada pelos pais em relação aos filhos não é benéfico. Muitos jovens têm ultrapassado os limites sociais, abrindo espaço para as drogas e para a violência gerada pela carência de afeto. A atitude liberável denota um descompromisso e desatenção aos filhos porque eles, mesmo que saibam o que é certo ou errado, ainda não estão maduros para solucionar questões interiores ou exteriores. Eles precisam de orientação, de acompanhamento até que sejam de fato capazes, primeiramente, de solucionar conflitos pessoais. A autora ainda discorre em seus estudos que: 
“a colocação de limites, no sentido restritivo do termo, faz parte da educação, do processo civilizador e, portanto, a ausência total dessa prática pode gerar uma crise de valores, uma volta a um estado selvagem em que vale a lei do mais forte” (LA TAILLE, 2003, p. 53). 
Partindo do exposto, colocar limites é definir, mostrar que o homem é diferente, por exemplo, de um animal; é agir sabendo que a liberdade tem limites, que os direitos são concretizados quando se cumprem os deveres;prepara para a vida e mostra que cada um tem seu espaço e merece respeito, e que uma sociedade sem respeito, sem disciplina não é sociável.
4. CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA E INDISCIPLINA ESCOLAR PARA O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Os fatos que dão origem a violência e a indisciplina na escola são preocupantes, levam a serias consequências, principalmente no que se refere ao rendimento na aprendizagem. Estando envolvidos com situações dessa natureza, os estudantes, tanto agressores como agredidos tendem a se desligar dos estudos, resultando em prejuízos na aprendizagem. Por consequência também, terminam por envolver família e escola nesse processo, uma investigação mais detalhada sobre o histórico escolar de estudantesque estão constantemente envolvidos em algum tipo de conflito escolar, pode revelar se há ou não há rendimento na aprendizagem, via da regra, percebe-se um alto índice de notas baixas, repetência e evasão no caso da escola pública. 
Para Ratto (2007), a complexidade das situações disciplinares enfrentadas nas escolas é incalculável e permitem abundantes e variados leque de leituras e problematizações. Os conflitos nas relações sociais e pedagógicas apresentam dificuldades, mas também possibilidades de aprendizado, questionamento e mudança. Assim, “a questão norteadora seria pensar constantemente em que medida as práticas disciplinares da escola estão viabilizando nossos cultivados compromissos em torno da formação crítica e autônoma das novas gerações” (RATTO, 2007, p. 258).
 Assim, a escola não apenas reproduz as violências presentes na sociedade, já que não é uma cápsula fechada e isolada do mundo, mas, sendo uma instituição ativa, também produz violências. Essas violências podem ser encontradas em vários níveis: verbal, físico, psicológico e simbólico.
Destaca-se, entre os fatores que contribuem para a geração da indisciplina no contexto escolar, a atuação da própria escola que, muitas vezes, através de seus representantes, manifestas atitudes autoritárias em relação a determinadas situações adversas, quando, na verdade, deveria fazer uso de uma reflexão crítica sobre as normas da escola, agindo com cautela, coerência e sentimento, pois se sabe que cada aluno é único e possui personalidade diferente. 
Se não há uma relação de respeito entre os sujeitos, consequentemente, não haverá motivação para aprendizagem. O tempo será destinado às discussões e mediações de conflitos desvinculados das necessidades reais de aprendizado. As consequências serão desmotivação por parte dos professores para propor bons desafios em relação aos conceitos e conteúdos e dos estudantes em aprender. E preciso discutir coletivamente e buscar alternativas para sair do emaranhado em que nos encontramos. 
4.1. Quais ações deveriam ser adotadas para lidar com a indisciplina na escola?
Em relação às ações que poderiam ser adotadas para lidar com a indisciplina na escola, novamente professores e alunos consideram importante a presença da família na escola. Alguns professores entendem que os pais têm de ser conscientizados. Tornar os pais conscientes do comportamento dos filhos significaria que deixassem de ignorar as atitudes do filho e tomassem conhecimento de seu comportamento em sala de aula.
 Outra categoria, com conteúdo similar, sugerida pelos professores, registra ação compartilhada entre os profissionais da educação e o desenvolvimento de palestras que abordem temas sobre comportamento, ordem, respeito, limites, cumprimento de regras, atitudes que visem à obediência, relacionada àquela que trata das regras no que tange ao dever de cumprir as regras da instituição e ao emprego de mecanismos de vigilância e punição (FOUCAULT, 2013), o que nos remete à aplicação de sanções punitivas, como suspensão, advertências e encaminhamentos a Conselhos Tutelares. É preocupante a insistência, tanto dos professores como dos alunos, em relação às regras, mencionando-se que estas devam ser rígidas, e às sanções, o que demonstra um repúdio e intolerância aos diferentes, àqueles que se destacam da maioria e que podem ter tal comportamento por terem a coragem de alienar-se (MAFFESOLI, 1987), de transgredir as regras por entendê-las como injustas e desiguais.
Aliás, o aluno apático e passivo também poderia ser considerado um aluno indisciplinado, uma vez que decide acreditar em um “desencantamento, que reenvia ao trágico destino de uma vida precária a qual pouco importa que uma coisa seja verdadeira contanto que ela seja bela” (MAFFESOLI, 2001, p. 100). Para esses alunos que raramente aparecem como indisciplinados, porque não chamam a atenção para si, há uma compreensão de que pouco importa o que ocorra, desde que consigam terminar o Ensino Médio, por exemplo, o que poderá ser classificado como uma vida escolar precária.
 A situação apresenta-se de forma preocupante, porque os alunos que desejam mais diálogo são os mesmos que exigem rigidez nas normas, na sua aplicação aos infratores, firmeza de atitudes dos superiores. Demonstram atitudes extremamente severas para com os colegas, excluindo-se da possibilidade de, eventualmente, estarem no lugar do outro. Vêem a situação como se não fizesse parte do seu mundo, e talvez essa postura seja adotada pela falta de consciência de que a indisciplina não se restringe ao não cumprimento de regras, sendo a questão muito mais complexa do que se deseja transparecer. 
Contudo, parte dos alunos exige regras rígidas, punições severas, outros apontam alternativas mais humanizadas, porque vislumbram razões que podem justificar algumas atitudes representadas como indisciplinadas, como bagunçar, fazer barulho, entre tantos outros aspectos que já foram mencionados. Entre as ações que poderão ser adotadas com a intenção de auxílio aos alunos, sugere-se o encaminhamento a um psicólogo e o diálogo, fortalecimento de vínculos entre alunos e funcionários, entendendo-se por funcionários todos os profissionais da educação da escola. Tal compreensão coincide com a dos professores que entendem que os docentes devem conversar com os alunos na tentativa de identificar-se o problema. O diálogo, para o professor, seria um meio de auxiliar o aluno, em primeira instância, com a preocupação de trabalhar a autoestima dos estudantes.
Em termos das ações que deveriam ser adotadas para lidar com a indisciplina na escola, as inspetoras de alunos se dividem consideravelmente em suas respostas. O Diálogo assume o sentido de ouvir o outro, de ser um instrumento de estímulo em relação ao aluno, ou seja, a inspetora se coloca não somente como uma controladora, fiscalizando os passos dos alunos, mas como aquela que pode auxiliá-lo na conscientização participativa, e daí entenda-se a não imposição de regras, ou seja, se coloca como educadora, que tem funções de ensino-aprendizagem, visando à formação do aluno como cidadão.
Essa é uma resposta singular, visto que, embora sob um aparente diálogo, visam mais o controle, com a participação dos pais ou responsáveis, com atividades que envolvam a todos; entretanto, num contexto diverso do apresentado, como um sujeito que agrega, que se preocupa com a educação, que é também a função dos profissionais que estão no ambiente escolar, sejam eles da merenda, da limpeza, do atendimento ao público.
A rigidez em relação às regras se apresenta como uma necessidade de maior controle, o que facilitaria, no entendimento das inspetoras, o trabalho diário na escola. Acrescentam que essa rigidez deveria estar presente desde o Ensino Fundamental, modalidade que a escola pesquisada não possui. Ou seja, existe uma forte inclinação em considerar a obediência indiscutível como essencial ao bom andamento da escola. 
Em verdade, verifica-se a necessidade de domínio sobre os alunos que, na visão da maioria das inspetoras, são sujeitos subordinados a elas e esta seria razão suficientemente forte para a aplicação de regras rígidas. Há, portanto, uma necessidade declarada de demonstrar o poder, como mencionado por Foucault (2013), da mesma forma que se podedepreender dos discursos dos professores em relação aos alunos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O processo de combate à indisciplina pode ser considerado um dever social, não só escolar. O presente projeto tem o objetivo de contribuir para a diminuição dessa prática de violência nos interiores das escolas. O papel do professor e da família é identificar esses sintomas, e juntamente com a gestão escolar buscar meio de romper com esses atos.
É preciso um bom embasamento teórico, principalmente os estudos das leis, pois assim todos poderão agir de forma correta sem aumentar o problema. A gestão deve ter um comportamento investigativo, levando em consideração que o aluno é um ser em formação, e que necessita da intervenção do adulto em casos de negação de seus direitos.
Asociedade atual caminha para o descaso, e a educação das crianças é o principal meio de tentarmos minimizar os impactos causados pela violência. O cuidado com as novas gerações, um olhar mais atento para as suas necessidades se faz necessário na busca de um futuro melhor.
Atitudes de expulsão ou suspensão não contribuem em nada no combate a essa realidade, pois, lugar de criança é na escola. E quando este direito lhe é negado, a criança ou adolescente fica exposto a diversos problemas sociais, podendo assim receber influências.
A construção de uma relação de afeto e respeito entre aluno e escola. E entre aluno e família, é indispensável nesse processo de recomeço. “Um desrespeito aos pais pode ser relevado; aos professores já implica advertência; ás autoridades sociais, punição”. (TIBA, 2006)
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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