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LITURGIA DA PALAVRA I

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2
3
Índice
Apresentação
Abreviaturas
PRIMEIRA PARTE - CICLO DO NATAL
Tempo do Advento
1ª Semana
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
2ª Semana
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
3ª Semana
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
17 de dezembro
18 de dezembro
19 de dezembro
20 de dezembro
21 de dezembro
22 de dezembro
23 de dezembro
24 de dezembro (Missa da Manhã)
Tempo do Natal do Senhor
26 de dezembro
4
27 de dezembro
28 de dezembro
29 de dezembro
30 de dezembro
31 de dezembro
2 de janeiro
3 de janeiro
4 de janeiro
5 de janeiro
6 de janeiro
7 de janeiro
Semana depois da Epifania
Segunda-feira (ou 7 de janeiro)
Terça-feira (ou 8 de janeiro)
Quarta-feira (ou 9 de janeiro)
Quinta-feira (ou 10 de janeiro)
Sexta-feira (ou 11 de janeiro)
Sábado (ou 12 de janeiro)
SEGUNDA PARTE - CICLO DA PÁSCOA
Tempo da Quaresma
Quarta-feira de cinzas
Quinta-feira depois das cinzas
Sexta-feira depois das cinzas
Sábado depois das cinzas
1ª Semana da Quaresma
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
2ª Semana da Quaresma
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
5
Sábado
3ª Semana da Quaresma
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
4ª Semana da Quaresma
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
5ª Semana da Quaresma
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
Semana santa
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Tempo Pascal
Oitava da páscoa
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
2ª Semana da Páscoa
Segunda-feira
Terça-feira
6
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
3ª Semana da Páscoa
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
4ª Semana da Páscoa
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
5ª Semana da Páscoa
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
6ª Semana da Páscoa
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
7ª Semana da Páscoa
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
7
Sexta-feira
Sábado
TEMPO COMUM - Ano ímpar
1ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
2ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
3ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
4ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
5ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
8
Sábado
6ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
7ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
8ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
9ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
10ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
11ª Semana do Tempo Comum
9
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
12ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
13ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
14ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
15ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
16ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
10
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
17ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
18ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
19ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
20ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
21ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
11
Sexta-feira
Sábado
22ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
23ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
24ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
25ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
26ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
12
27ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
28ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
29ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
30ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
31ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
32ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
13
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
33ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
34ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
TEMPO COMUM - Ano par
1ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
2ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
3ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
14
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
4ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
5ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
6ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
7ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
8ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
15
Sexta-feira
Sábado
9ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
10ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
11ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
12ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
13ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
16
14ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
15ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
16ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
17ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
18ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
19ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
17
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
20ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
21ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
22ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
23ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
24ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
18
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
25ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
26ª Semanado Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
27ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
28ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
29ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
19
Sábado
30ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
31ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
32ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
33ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
34ª Semana do Tempo Comum
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
CONSIDERAÇÕES FINAIS
20
21
APRESENTAÇÃO
Este livro pretende ser um roteiro de reflexões diárias para quem deseja preparar
homilias consistentes, bem fundamentadas e, sobretudo, numa linguagem acessível, de
fácil entendimento para a comunidade. Serve também para quem deseja aprofundar os
textos da liturgia diária, ou meditá-los no seu dia a dia.
A ideia de reunir estas reflexões, de modo ordenado, conforme o calendário litúrgico,
nasceu da necessidade de se ter algo do gênero à disposição dos agentes de pastoral
leigos e consagrados, para as celebrações do dia a dia, a leitura orante da Bíblia e outras
atividades, como, por exemplo, orações pessoais e comunitárias, retiros e palestras em
que se utilizam os textos bíblicos da liturgia diária. Existem diversos subsídios homiléticos
voltados para as leituras das celebrações dominicais, porém, para as celebrações
semanais e outras atividades de reflexão com textos da liturgia diária, pouca coisa se
encontra. Este livro de reflexão pretende suprir esta lacuna, oferecendo reflexões para
todos os dias, indistintamente.
Foi pensando em facilitar a vida dos ministros ordenados e também dos leigos, com
tantos afazeres e com tão pouco tempo para preparar uma reflexão adequada ao
entendimento do povo em geral, que decidi reunir aqui as minhas homilias e reflexões. A
ideia desse livro nasceu depois de muitas pessoas pedirem que minhas homilias fossem
publicadas, possibilitando que outras tantas pessoas tivessem acesso a elas.
Este subsídio, por se tratar de reflexões prontas, poderá ser usado como está, bastando
apenas lê-lo na hora da reflexão sobre a Palavra, ou durante a homilia. Ou poderá servir
apenas como subsídio de preparação de uma nova homilia ou reflexão. Fica a critério de
quem o utiliza. O mais importante é que ele segue uma linha lógica de raciocínio, levando
em conta o tempo litúrgico, a temática da celebração e, sobretudo, o conteúdo das
leituras de cada dia. Estas reflexões são essencialmente bíblicas, porém contextualizadas
com a realidade, de modo a atualizar a Palavra, para que ela ofereça pistas para o
entendimento de situações que se vivem no dia a dia. Por ter tido este cuidado na hora
da preparação, este subsídio tornou-se algo encarnado na realidade, e não um roteiro de
reflexão fora do tempo e do espaço. Além disso, ele dá margem para complementações,
já que as reflexões aqui reunidas indicam pistas para aprofundar o tema e conduzi-lo de
acordo com o contexto em que se está celebrando. Ele foi cuidadosamente preparado
para responder às necessidades das comunidades de se ter reflexões bem elaboradas,
principalmente nas celebrações do dia a dia, durante a semana, quando poucos ministros
aprofundam o tema que as leituras propõem.
Embora na liturgia da semana a homilia seja opcional, ela não deixa de ter importância.
São momentos únicos de catequese e de formação espiritual para os fiéis leigos e que não
podem ser desperdiçados. Porém, não é preciso fazer reflexões extensas, como as
22
homilias dominicais, que podem durar de dez a doze minutos. Durante a semana, cinco
minutos de reflexão já é suficiente, desde que seja uma reflexão centrada no essencial,
sem dispersão do seu eixo central trazido pelas leituras. Assim sendo, procurei ser bem
sucinto nestas reflexões. Elas tocam apenas naquilo que as leituras bíblicas têm de mais
importante em cada dia, levando em conta o tempo litúrgico que se está vivendo.
A ordem do livro segue o calendário litúrgico, com os três ciclos da liturgia: ciclo do
Natal, ciclo Pascal e Tempo comum, primeira e segunda parte. No ciclo do Natal está
contemplado o Tempo do Advento e o Tempo do Natal. No ciclo da Páscoa, a
Quaresma e o Tempo Pascal. E no Tempo Comum, a primeira e a segunda parte, como
já foi dito.
Nas considerações finais apresento, brevemente, a lectio divina e o modo como este
método pode ser utilizado. A leitura orante da Bíblia poderá ajudar também aqueles que
desejam aprofundar a reflexão, conferindo a ela um embasamento conforme a liturgia da
Igreja.
Enfim, quem celebra todo dia, ou em alguns dias da semana, terá agora um subsídio de
grande utilidade. Ele poderá ser levado junto nas viagens, tornando-se uma ferramenta
essencial naqueles momentos em que não se tem muito tempo para preparar uma boa
reflexão dos textos bíblicos. Basta ler o texto correspondente ao dia e uma sequência de
ideias fluirão imediatamente, possibilitando interiorizar o texto de modo que se extraia
dele o essencial para uma boa reflexão ou homilia.
O Autor
23
ABREVIATURAS
Os títulos dos livros bíblicos são abreviados da seguinte maneira:
Ab Abdias
Ag Ageu
Am Amós
Ap Apocalipse
At Atos
Br Baruc
Cl Colossenses
1Cor 1ª Coríntios
2Cor 2ª Coríntios
1Cr 1º Crônicas
2Cr 2º Crônicas
Ct Cântico dos Cân​ticos
Dn Daniel
Dt Deuteronômio
Ecl Eclesiastes
Eclo Eclesiástico
Ef Efésios
Esd Esdras
Est Ester
Ex Êxodo
Ez Ezequiel
Fl Filipenses
Fm Filêmon
Gl Gálatas
Gn Gênesis
Hab Habacuc
Hb Hebreus
Is Isaías
Jd Judas
Jl Joel
Jn Jonas
Jó Jó
Jo Evangelho segundo João
1Jo 1ª João
2Jo 2ª João
3Jo 3ª João
Jr Jeremias
24
Js Josué
Jt Judite
Jz Juízes
Lc Evangelho segundo Lucas
Lm Lamentações
Lv Levítico
Mc Evangelho segundo Marcos
1Mc 1º Macabeus
2Mc 2º Macabeus
Ml Malaquias
Mq Miqueias
Mt Evangelho segundo Mateus
Na Naum
Ne Neemias
Nm Números
Os Oseias
1Pd 1ª Pedro
2Pd 2ª Pedro
Pr Provérbios
Rm Romanos
1Rs 1º Reis
2Rs 2º Reis
Rt Rute
Sb Sabedoria
Sf Sofonias
Sl Salmos
1Sm 1º Samuel
2Sm 2º Samuel
Tb Tobias
Tg Tiago
1Tm 1ª Timóteo
2Tm 2ª Timóteo
1Ts 1ª Tessalonicenses
2Ts 2ª Tessalonicenses
Tt Tito
Zc Zacarias
25
PRIMEIRA PARTE
CICLO DO NATAL
Tempo do Advento
(cor: roxa)
1ª SEMANA
Segunda-feira
 Is 4,2-6 (ou Is 2,1-5) | Sl 121(122) | Mt 8,5-11
Estamos iniciando um tempo muito especial na nossa vida, o Advento. É o tempo da
espera e por essa razão a liturgia da Palavra deste tempo nos fala de esperança. Porém,
não é uma espera passiva, mas comprometida com a vinda do Senhor. Quem nos
acompanha neste tempo litúrgico é o profeta Isaías, também conhecido como profeta da
esperança. No texto da primeira leitura de hoje, Isaías fala de um tempo de esplendor e
glória, um tempo em que a terra dará frutos e quem os colherá são os sobreviventes das
tribulações, aqueles que perseveraram diante das dificuldades e sofrimentos que vimos
durante a última semana do Tempo Comum. Estes sobreviventes serão chamados de
santos e terão como prêmio a vida nesta nova cidade, a nova Jerusalém, uma cidade
purificada de todas as suas manchas, lugar onde se pratica a justiça e que terá sempre a
proteção de Deus, dia e noite, simbolizada na nuvem que faz sombra durante o dia e
clarão de chamas que iluminarão a cidade durante a noite, na tenda para dar sombra
contra o calor do dia e no abrigo e refúgio contra a ventania. Enfim, uma cidade morada
de Deus, onde reina a paz. Assim, neste tempo do Advento, deixemos brilhar em nós a
luz dessa esperança da qual fala o profeta Isaías. Esperança é acreditar que as coisas irão
melhorar e que as nuvens negras que encobriam a terra estão se dissipando. Agora
vislumbramos a luz de um tempo novo que dentro de algumas semanas se concretizaráno Natal do Senhor. Acreditando nesta boa notícia, sigamos firmes na preparação para
esta grande festa do nosso calendário litúrgico. Sigamos com a fé que guiou o oficial
romano ao encontro de Jesus, pedindo a cura de seu funcionário.
Vemos, assim, que dois elementos importantes do tempo do Advento estão presentes
no evangelho de hoje: a fé e a esperança. O oficial romano dá provas da sua fé e mostra
que age com justiça para com seus subordinados. Ele se preocupa com eles e pede que
Jesus o cure. A fé deste homem é tanta que basta uma palavra para que seu empregado
fique curado. Aqui temos a expressão que usamos todos os dias, na hora da comunhão,
quando o corpo de Cristo é apresentado: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em
minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”. É um testemunho de fé digno de
ser imitado e repetido. Não somos dignos da entrada de Jesus na nossa vida, mas basta
26
uma palavra dele e estaremos com ele e ele conosco.
Que sejamos promotores do Reino de Deus. Esse Reino que não tem fronteiras, como
nós vemos no evangelho de hoje, quando Jesus concede a cura, através da fé, ao
funcionário do oficial romano. Esse reino que é fruto da paz e da justiça, construído com
fé e esperança. Que saibamos caminhar ao encontro de Jesus que vem, com respeito e
fé, como fez o oficial romano, na certeza de que ele vem para curar as nossas feridas,
libertar-nos dos males que nos atingem, purificar-nos dos nossos pecados, dissipar as
trevas que nos atingem, como mostra Isaías na primeira leitura.
Terça-feira
 Is 11,1-10 | Sl 71(72) | Lc 10,21-24
O profeta Isaías descreve o dia ou tempo tão sonhado, quando de um tronco (Jessé),
aparentemente seco, surgirá um broto. Ninguém esperava que da família de Jessé saísse
alguém, o qual, mais tarde, transformaria o mundo. Esse broto se transformará numa
árvore exuberante porque nele está o “espírito do Senhor”. Que tronco e broto são
esses? É uma referência direta ao descendente de Davi, Jesus, que nascerá num lugar
insignificante, no qual ninguém depositava mais nenhuma esperança, mas que iria
promover grandes mudanças porque teria atitudes inusitadas, que romperiam com
costumes excludentes, como, por exemplo, não julgar as pessoas ou situações pela
aparência ou por ouvir dizer, mexeria com a terra somente pela força da sua palavra,
destruindo os males e suas causas. Suas ações seriam justas porque ele estaria revestido
de justiça. Elas provocariam grandes transformações, trazendo a paz, a concórdia, a
harmonia entre todos. Seria o fim do dano e da morte.
Temos ainda nesta primeira leitura o enfoque nos dons do Espírito Santo que
recebemos na confirmação do batismo. O dom da sabedoria, da inteligência, do
conselho, da fortaleza, do conhecimento, do temor de Deus. São dons que nos ajudam a
caminhar ao encontro do Cristo que vem no Advento do seu Natal. Com esses dons
ajudaremos a tornar realidade a encarnação de Deus. Esse Deus que vem para julgar os
fracos com justiça e esse julgamento não estará baseado na aparência, diz o profeta
Isaías. Temos, assim, nesta primeira leitura, o ideal de um mundo melhor, mais justo e
fraterno, sem tantas desigualdades e desmandos políticos. Um mundo semelhante àquele
que encontramos no relato da criação, ou seja, um jardim onde reina a paz. Mas para
que esse mundo ideal aconteça será preciso muito empenho e dedicação e também
sensibilidade para perceber seus sinais.
O evangelho fala que estes sinais do novo tempo serão percebidos primeiro pelos
pequeninos, os que cultivam a humildade em seu coração. Somente com um coração
humilde será possível construir esse novo céu e essa nova terra anunciada por Isaías na
primeira leitura. Os ensoberbecidos pela sabedoria ou pelo poder dificilmente perceberão
tais sinais. Não há espaço em suas mentes e corações para perceber coisas desta
27
dimensão. Com isso, a liturgia sugere que podemos, neste tempo do advento, fazer uma
profunda revisão de vida e detectar se não há em nosso coração algo que nos impede de
perceber e promover esse reino de paz, amor e justiça.
Que cada dia deste novo tempo que se inicia seja ocasião de revermos o que nos
impede de perceber os sinais do Reino. Que cada um procure dissipar do seu coração
todo orgulho, vaidade, arrogância, pois esses e outros males nos impedem de perceber os
sinais de Deus.
Quarta-feira
 Is 25,6-10a | Sl 22(23) | Mt 15,29-37
A liturgia da Palavra de hoje fala de um mundo onde reinará a justiça, a paz e todos
terão o que comer com fartura por meio da imagem de um banquete e da partilha. A
primeira leitura relata que Deus, o Senhor dos exércitos, dará a todos (e não apenas para
alguns), um banquete de ricas iguarias. Esse banquete será oferecido no alto de um
monte, como sinal da visibilidade e do acesso a todos, lugar da manifestação de Deus,
um Deus que vem para concretizar um Reino de justiça, simbolizada na remoção da
ponta da cadeia que ligava os povos, a teia que envolvia todas as nações. Os símbolos de
esperança são muito evidentes nesta primeira leitura: eliminação da morte para sempre,
enxugamento das lagrimas, fim da desonra etc.
É hora de se alegrar porque esse tempo novo de esperança está por vir. Esse tempo
novo é fruto da justiça, das boas ações, do comprometimento com a vida. É isso que
mostra o evangelho ao apresentar Jesus às margens do mar da Galileia, junto às
multidões de necessitados. Jesus se compadece delas. A compaixão de Jesus mobiliza-o a
buscar soluções para um problema crucial: a fome. Ele constata que há fome porque não
há partilha, e é exatamente essa a proposta de Jesus: partilhar o pouco que se tem para
que todos possam ter o que comer. A imagem dos sete pães e alguns peixinhos contrasta
com o banquete de ricas iguarias da primeira leitura. Para que a vida seja de fato um
banquete, é preciso que haja solidariedade e partilha. Quando o pouco é partilhado, ele se
multiplica. Todos comem, ficam saciados e ainda sobra. O que era pouco, ao final virou
um banquete. Não é mágica, é o milagre da partilha. Nada mais oportuno neste início de
advento uma proposta como essa da liturgia de hoje. Se todos partilharem um pouco, o
Natal não será um banquete de apenas um dia, mas haverá comida na mesa de todos
durante o ano inteiro. A partilha é o remédio para todos os males, a cura para todas as
enfermidades, como mostra o início do evangelho, quando Jesus acolhe e partilha do seu
divino amor.
Quinta-feira
 Is 26,1-6 | Sl 117(118) | Mt 7,21.24-27
28
Hoje, a liturgia nos fala da importância de viver a Palavra de Deus, de colocá-la em
prática, para que este tempo novo aconteça. Fala de um Deus que dá força aos fracos,
tornando-os firmes como a rocha. Aos que se acham poderosos, inchados de arrogância,
ele derruba dos seus tronos. Isaías apresenta um canto, o canto do povo de Judá liberto.
Liberto do medo, da insegurança. Um canto de justiça e de cumprimento da Palavra que
manifesta a firmeza de seus propósitos. É o canto da esperança, da paz e da confiança.
Um cântico que mantém sintonia com o cântico atribuído a Maria (o Magnificat):
“derruba do trono os poderosos e eleva os humildes” (Lc 1, 52).
A esperança anunciada pelo profeta Isaías nesta primeira leitura é a de uma cidade
fortificada, símbolo da segurança. Num mundo de tanta insegurança e vulnerabilidade,
sentir-se amparado é o desejo de todos e é esta a promessa de hoje, neste tempo de
preparação para o Natal do Senhor. Ninguém precisará ter medo porque esta cidade
Deus a cercou de muros e antemuro. As muralhas de Deus são inabaláveis, por maior
que sejam as tormentas e os tormentos. É dessa segurança que fala o evangelho da casa
construída sobre a rocha. Nossa vida é um edifício em constante construção. Porém,
para que ela esteja sempre firme, é preciso estar alicerçada nesta grande rocha que é a
vivência, a prática da Palavra de Deus. Não basta repetir a Palavra de Deus nas ruas e
praças, mas é preciso vivê-la no dia a dia. Quem só fala e não a vive, está construindo
um castelo sobre a areia. Qualquer sopro pode colocá-lo abaixo.Quantos são os que na
primeira dificuldade enfrentada se revoltam contra Deus! E, às vezes, são pessoas que
estavam constantemente na igreja, comungavam e falavam de Deus. Há, porém, os que
nem demonstram tanta fé ou assiduidade na comunidade, mas que dão grandes lições de
fé na hora de ser solidário ou quando é acometido por alguma doença grave ou tragédias.
Permanecem inabaláveis, com a certeza de que Deus, apesar de tudo, está ali,
alicerçando a sua vida para que ela não desmorone.
Pedimos a Deus neste dia que nos dê o dom da fortaleza. Que não nos deixe desanimar
ou abater diante das dificuldades. Ele estará sempre ao lado dos que sofrem e dos fracos,
fortalecendo-os.
Sexta-feira
 Is 29,17-24 | Sl 26(27) | Mt 9,27-31
Neste tempo de preparação para o Natal do Senhor, a liturgia da Palavra vem nos
alentando com imagens e símbolos de esperança. Tivemos oportunidade de ver
comparado esse tempo novo com um banquete de ricas iguarias, no qual todos poderão
participar; foi comparado também a uma cidade fortificada, onde todos se sentiram
seguros. Hoje, Isaías nos brinda com a imagem do jardim, um lugar de paz e
tranquilidade. O Líbano transformado em jardim e o jardim em floresta. É a imagem do
paraíso, o Jardim do Éden, lugar de alegria dos humildes, onde os prepotentes, os
trapaceiros, os malfeitores não terão vez nem voz.
29
Quando virá este tempo e este lugar? Quando a nossa fé for igual à dos dois cegos do
evangelho de hoje. Uma fé tão grande, que chega a ser capaz de transformar a escuridão
das inúmeras formas de cegueiras em luz que não se apaga. Para tanto, é preciso ir ao
encontro de Jesus e deixar que ele toque os nossos olhos. Mas não basta que ele toque
nossos olhos, pois eles vão se abrir em proporção à nossa fé. Se a nossa fé for fraca,
pequena, veremos com pouca clareza. Porém, se a nossa fé for, de fato, grande, nossos
olhos se abrirão plenamente e poderemos vislumbrar o jardim da vida, reservado
somente aos que acreditam verdadeiramente. Libertar da cegueira significa, entre outras
coisas, libertar da alienação que impede de enxergarmos a realidade. Há um ditado que
diz que “o pior cego é aquele que não quer ver”. A cura dos dois cegos se deu porque
eles realmente queriam ver. Há muitos cegos que têm os olhos perfeitos, mas que só
enxergam o que lhes convém. Este tipo de cegueira dificilmente tem cura porque a
pessoa não a busca. O provérbio anterior poderia ser modificado para a seguinte forma:
“o pior cego é aquele que pensa que enxerga”.
Hoje, somos convidados a ir ao encontro de Jesus e pedir que ele abra nossos olhos
para enxergar a realidade e transformar tudo o que for árido num belo jardim. Vejamos, à
nossa volta, os símbolos dessa aridez. A primeira leitura poderá muito bem nos ajudar a
ver estas situações de aridez, como, por exemplo, a aridez da prepotência, das trapaças,
das maldades, injustiças e tantas outras, e a eliminá-las da nossa vida e da nossa volta.
Desse modo, estaremos contribuindo para que estas coisas deem lugar a um belo jardim.
Sábado
 Is 30,19-21.23-26 | Sl 146(147a) Mt 9,35–10,1.6-8
A liturgia de hoje nos mostra a esperança através da cura de todas as enfermidades que
provocam sofrimento. Na primeira leitura, o profeta Isaías fala de um povo que não terá
mais motivo para chorar porque Deus se compadeceu dele. A compaixão é um
sentimento que significa sofrer com aquele que sofre. Ter compaixão significa sentir a
mesma dor. Um Deus que se compadece do povo é um Deus que sente a sua dor. Assim
sendo, ele ouvirá o clamor deste povo e o atenderá. Virá e fará morada junto dele.
Transformará a angústia e a aflição deste povo em alegria. Todos poderão sentir e ver a
presença deste Deus. É um Deus que se faz gente. É o verbo que se faz carne e habita
entre nós. O Natal do Senhor é exatamente isso, e é para isso que estamos nos
preparando. Uma luz resplandecente iluminará para sempre a humanidade. Essa
esperança do fim das enfermidades e sofrimentos está presente também no evangelho.
Aqui, Cristo também se compadece ao ver o sofrimento das multidões. Estar como
ovelhas sem pastor é estar totalmente abandonado, vulnerável, exposto a todo tipo de
perigo. É diante desta realidade que Jesus vê quanta coisa precisa ser feita.
O resultado de sua compaixão é a convocação e o envio dos discípulos para a missão,
cujo objetivo principal é diminuir a dor e o sofrimento. Antes, porém, eles se abastecem
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da oração, das preces a Deus para que envie operários para a sua messe. Hoje, não é
diferente. Por mais que haja gente empenhada para diminuir a dor do seu semelhante,
ainda é necessário fazer muitas coisas. Precisa-se ainda de muitos operários. A missão é,
em primeiro lugar, expulsar os espíritos maus, aqueles que fazem os outros sofrerem. Em
seguida, curar as feridas causadas por estas pessoas. Nesta jornada missionária, há que
primar pelos mais necessitados. Há realidades mais urgentes.
Em suma, quando fazemos o bem, quando diminuímos a dor do outro, anunciamos a
aproximação do Reino de Deus. Pequenos gestos de amor podem representar sinais da
chegada desse Reino.
2ª SEMANA DO ADVENTO
Segunda-feira
 Is 35,1-10 | Sl 84(85) | Lc 5,17-26
A liturgia da Palavra de hoje nos apresenta coisas maravilhosas: mãos e joelhos que
eram enfraquecidos ficam fortes; pessoas deprimidas ganham ânimo e coragem; cegos
enxergam e surdos começam a ouvir; aleijado caminha sem nenhuma dificuldade; mudos
falam e águas brotam nos lugares desertos e ressequidos; terra árida se transforma em
lago; plantas crescem em lugares antes desertos, e tantas outras coisas maravilhosas,
porém inenarráveis. Todas estas maravilhas são anunciadas por Isaías neste tempo novo
que vem chegando.
Que tempo é esse tão espetacular, que Isaías anuncia? É o tempo de preparação para a
vinda do Senhor. Deus, muito em breve, se fará um de nós e virá habitar entre nós.
Porém, mesmo sendo um tempo de expectativas e esperanças, não deve ser um tempo
de passividade ou de cruzar os braços esperando esse dia grandioso, vindo num passe de
mágica. Mas sim o contrário. É tempo de preparar essa chegada, com a qual todas estas
coisas maravilhosas anunciadas irão acontecer. Por essa razão o advento é tempo de
preparação. É o que nos mostra o evangelho de hoje. Mateus apresenta Jesus ensinando.
O ensinamento de Jesus consiste exatamente neste aspecto da preparação: não se
acomodar diante da realidade, não desanimar frente às dores e sofrimentos, às
enfermidades, às calamidades, às injustiças. Tudo isso terá um fim se houver
comprometimento de todos para erradicá-las. Não são poucas as dores, os sofrimentos
que cercam Jesus, como não são poucos os sofrimentos que nos cercam hoje.
O que fazer diante de tudo isso? Como anunciar um novo tempo, onde tudo isso terá
um fim, quando as coisas parecem que não têm mais jeito, quando há tantos pessimistas,
conformados, acomodados ou que tiram vantagens da miséria e da dor alheia? Não era
diferente no tempo de Jesus. O que ele propõe? A fé, a esperança, a solidariedade. É o
que vemos neste grupo de homens que chegam até Jesus, com tanta dificuldade, a ponto
de abrir um vão no telhado para poder chegar até ele com um paralítico.
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Uma pessoa paralisada é colocada diante da assembleia e de Jesus. É isso que precisa
ser feito. Ao expor o paralítico diante de Jesus e da assembleia, eles expuseram não
apenas uma pessoa paralisada, o problema da paralisia daquele povo que nada fazia
diante de tantas injustiças. O sistema político, econômico e religioso da época era o
causador da paralisia das pessoas, principalmente dos pobres e marginalizados. Jesus
rompe com esse sistema e provoca escândalo. Quem se escandaliza são exatamente
aqueles que não queriam que as pessoas andassem com as próprias pernas, que não
ouvissem ou que não falassem, enfim, que ficassem totalmente dependentes de uma elite
dominante.
Quando Jesus mostra que é possível outra forma de ver o mundo e de viver sem
dependências, ele provoca espanto. Mesmo assim, Jesus propõe um tempo novo, com
tantas maravilhas, resultadoda libertação das pessoas e das situações. Mas isso só será
possível quando todos forem comprometidos com a erradicação das causas do
sofrimento e da miséria. Que o exemplo de fé daqueles homens do evangelho, que, sem
medir seus esforços, fizerem com que o paralitico chegasse até Jesus, ilumine nossas
mentes para sermos também criativos na busca para a solução dos problemas atuais que
continuam a paralisar boa parte das pessoas, pois só assim poderemos cantar como pede
o salmo: “Eis que vem o nosso Deus! Ele vem para salvar”.
Terça-feira
 Is 40,1-11 | Sl 95(96) | Mt 18,12-14
Hoje, a liturgia da Palavra nos mostra esse tempo novo que se aproxima, o tempo da
vinda de um Deus que ama incondicionalmente a todos, especialmente os mais
necessitados, como, por exemplo, os que se desviam do caminho, os que adoecem ou
sofrem qualquer tipo de privação. Esses são amados por Deus. O Senhor não mede
esforços para encontrá-los, a exemplo do Pastor que busca a ovelha que se perdeu do
rebanho.
Como ovelhas do Bom Pastor nos preparamos para um tempo novo. Um tempo que
pede que cada um de nós seja, ao mesmo tempo, ovelha e pastor. Ovelha no sentido de
nos deixarmos guiar pelo Pastor dos pastores, Jesus, e pastor no sentido de cuidar
daqueles que necessitam dos nossos cuidados. Para que esse tempo novo aconteça e essa
vinda tão esperada do Senhor seja, de fato, realidade, é preciso que tenhamos alguns
procedimentos que mostrem a nossa espera ativa. É preciso preparar os caminhos do
Senhor. Preparar sua chegada.
Essa preparação não consiste em simplesmente montar a árvore de natal ou o presépio.
Consiste em se empenhar para eliminar todos os obstáculos, tudo o que possa impedir
que esse tempo novo aconteça. O profeta Isaías, numa linguagem figurada, diz que é
preciso “aplainar na solidão a estrada do Senhor”. Nem sempre vamos encontrar
adeptos, pessoas que topam enfrentar os desafios, os desertos desse processo, mas nem
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por isso temos de desistir. Diz também que é preciso nivelar todos os vales, rebaixar os
montes e colinas, ou seja, enquanto houver disparidades, desigualdades, assimetrias entre
as pessoas, esse tempo novo estará longe de ser uma realidade. Os grandes abismos que
separam ricos e pobres precisam ser diminuídos, se quisermos um mundo de justiça e
paz. Os que estão no topo da pirâmide social precisam descer para que outros possam
subir um pouco na escala social, a fim de diminuir as desigualdades, que fazem com que
poucas pessoas tenham tanto, e muitas pessoas tenham pouco.
Isaías diz ainda na sua profecia que é preciso endireitar o que é torto e alisar as
asperezas. Há tantos procedimentos incorretos, tantas corrupções que precisam ser
reparadas que fica difícil falar de um mundo sem servidão, quando ainda há tantos
desmandos e desvios entre os que têm algum tipo de poder. Endireitar tudo aquilo que
está torto consiste, portanto, em primar pela ética, pela moral e os bons costumes. Para
que tudo isso ocorra, precisa-se de vozes que gritem neste deserto, precisa-se de gente
que não se cale. É preciso tomar consciência da brevidade da nossa vida e não perder
tempo na busca de qualidade de vida para todos. É preciso não temer, resgatar a
dimensão profética recebida no batismo e denunciar para anunciar. Denunciar as
injustiças e anunciar o tempo novo.
Que neste tempo do advento cada um se sinta amparado pelo Bom Pastor e não tenha
medo dos lobos que estão à espreita, aguardando a ocasião de atacar.
Quarta-feira
 Is 40,25-31 | Sl 103(104) | Mt 11,28-30
Os textos bíblicos da liturgia de hoje nos dão muito conforto, segurança e ânimo, que
são elementos essenciais para continuar o processo de preparação deste novo tempo que
está para chegar.
A primeira leitura do livro do profeta Isaías fala da grandiosidade e do poder de Deus
que tudo criou e ordenou, um Deus que conduz o universo com perfeita harmonia. É
confiando nele que encontraremos descanso para nosso corpo e alma, mesmo que as
tribulações e desafios sejam grandes e, aparentemente, insuperáveis. Um Deus, cuja
sabedoria é insondável. Ele é eterno e incansável. Por isso, nele podemos confiar. É a ele
que entregamos nosso cansaço, nossas agruras, e ele nos dá força e alento. Quem espera
e confia em Deus, nunca decepciona, porque ele não falha. É um porto seguro.
Nesta mesma linha de reflexão segue o evangelho. Ele é um convite a nos achegarmos
a Jesus com todas as nossas debilidades. E quantas são as nossas fraquezas, nossos
medos, nosso cansaço! Praticamente na metade deste caminho de preparação, o tempo
do advento, os obstáculos que encontramos são muitos. Há momentos em que parece
que o mundo profetizado por Isaías nunca vai deixar de ser uma utopia. É em momentos
como estes, nos desertos de nossa vida, que precisamos de um colo que nos acalente,
um ombro amigo, um coração manso e humilde que receba o nosso cansaço. Ouvir Jesus
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dizer: “Vinde a mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e
eu lhes darei descanso” soa como um oásis no deserto. Porém, ele nos pede que olhemos
para a carga dele, a cruz e as cruzes que antecederam a cruz final.
Ao olhar para ela, nosso fardo ficará muito leve e perceberemos que reclamamos por
muito pouco. O nosso cansaço e desânimo é uma vergonha perto do que ele passou por
nós. Diz ele: “Carreguem a minha cruz e aprendam de mim”. Temos muito o que
aprender com a cruz de Cristo. Quem não aprende é porque ainda não fez a experiência
de tomá-la de alguma forma. Mesmo com cruz tão pesada, ele se portou na mansidão e
na humildade. É neste espelho, neste exemplo que devemos pautar a nossa vida. Antes
de qualquer lamento ou lamúria, é bom pararmos diante do Crucificado e rezar: “Jesus
manso e humilde de coração, fazei nosso coração semelhante ao vosso”. É com um
coração semelhante ao dele que vamos construir esse mundo novo. É contemplando o
seu fardo que vamos chegar à conclusão que ele sugere: “Minha carga é suave e o meu
fardo é leve”.
Que neste tempo de preparação para o Natal do Senhor nos empenhemos mais em
sermos solidários uns com os outros. Com isso, tornaremos não apenas nossa carga mais
leve, mas também a de todos os que sofrem com o peso do seu fardo.
Quinta-feira
 Is 41,13-20 | Sl 144(145) | Mt 11,11-15
Nesta quinta-feira, a liturgia da Palavra nos dá conforto e segurança, principalmente a
primeira leitura, quando Isaías, numa linguagem figurada, fala que Deus nos toma pela
mão e diz: “Não temas; eu te ajudarei”. Mesmo quando nos sentimos pequenos e
insignificantes, ele nos torna um gigante, ao se colocar ao nosso lado, transformando
nossas fraquezas, dores e angústias, em fortaleza, capaz de vencer os maiores
obstáculos. A fala é para Israel enquanto povo. Mas podemos, hoje, tomá-la como se
fosse para nós. Precisamos ter a certeza desse braço forte e mão poderosa amparando a
nossa vida para não enfraquecer diante dos percalços da vida. É preciso confiar neste
Deus capaz de transformar desertos em jardins floridos, terra seca em lago. Só assim
poderemos seguir adiante e não esmorecer.
Para ajudar nesse processo de encorajamento, o evangelho apresenta a figura de um
grande homem: João Batista, o maior de todos, segundo o próprio Jesus. Porém, Deus
nos ama e nos encoraja tanto neste processo de construção do Reino de Deus que
afirma: “O menor no reino dos céus é maior que ele”. Ele agiganta o ser humano que
entra no seu reino. É em busca desse reino de pessoas grandiosas que estamos a
caminho. O advento é a esperança da chegada desse reino. É preciso conquistá-lo.
Porém, antes que isso ocorra, ainda vai haver muitos combates. É preciso eliminar toda
forma de violência, tudo aquilo que violenta esse reino. O que hoje representa violência
contra o reino dos céus? Cada um poderá fazer o seu próprio exame de consciência e
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olhar a sua volta. Para essa revisão, tenha como modelo o próprio João Batista, que
soube como ninguém preparar os caminhos do Senhor, adotando uma postura que
questionava as estruturas fomentadoras de violência.
Neste tempo especial, sejamosa voz que clama no deserto para que todos se
empenhem na preparação dos caminhos do Senhor e na sua vinda. Tenhamos coragem,
pois Deus está conosco.
Sexta-feira
 Is 48,17-19 | Sl 1 | Mt 11,16-19
A liturgia da Palavra desta sexta-feira nos fala da sabedoria, dom de Deus, para fazer
escolhas e discernir os procedimentos corretos. Sabedoria para conduzir as coisas de
Deus e andar nos seus caminhos. Sabedoria para descobrir o que Deus quer de nós e não
nos deixar levar pelas opiniões alheias.
A primeira leitura fala que Deus nos ensina coisas boas, úteis e que conduz nossos
passos. Para isso, basta observar seus ensinamentos, seus mandamentos, sua Palavra. Se
nos falta discernimento e paz, é sinal de que não estamos observando seus
mandamentos. Quem observa os mandamentos de Deus tem paz em abundância como
um rio, e a justiça também é farta em sua vida. Quem observa os mandamentos recebe
bênçãos dos céus, figurada na expressão “descendência, filhos como grãos de areia”.
Vale lembrar que, na Bíblia, filhos significam bênçãos de Deus. Quanto mais filhos uma
pessoa gerasse, mais abençoada ela seria.
O Salmo continua falando dessa fidelidade aos mandamentos de Deus, aos seus
ensinamentos, dizendo que é feliz todo aquele que encontra prazer na lei de Deus e não
anda conforme o conselho dos perversos, não entra no caminho dos malvados, não faz
parte do grupo dos irônicos, zombeteiros, malvados etc. Aqueles que não agem de
acordo com a opinião alheia, mas seguem os ensinamentos de Deus; esses sim
demonstram sabedoria.
É disso que também fala o evangelho. Jesus compara crianças àqueles que só fazem
críticas ou que só reclamam de tudo, mas nunca se propõem a ajudar. Cita dois exemplos
distintos. Porém, igualmente criticados: João Batista e o Filho do homem. O primeiro era
criticado porque não comia nem bebia, estava com o demônio. O segundo, porque comia
e bebia. Era um comilão, beberrão, amigo de cobradores de impostos e outros pecadores.
Em outras palavras, há pessoas que sempre acham um motivo para criticar. Se dermos
ouvido às críticas, nada faremos e, mesmo assim, seremos igualmente criticados. Assim
sendo, a melhor maneira de agir é seguir os ensinamentos de Deus. Quem segue a lei do
Senhor e nele confia não esmorece diante das críticas e das inúmeras ações que
objetivam desqualificar ou desmerecer o trabalho. A sabedoria consiste em confiar no
Senhor e basear as ações nos seus ensinamentos.
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Sábado
 Eclo 48,1-4.9-11 | Sl 79(80) | Mt 17,10-13
Neste dia, a liturgia coloca em evidência o profeta Elias. Ele é modelo de profeta
transformador, que age com coragem e firmeza. É comparado ao fogo, que queima a
palha seca, que é velha e não produz mais nada. A fim de que, em seu lugar nasça algo
novo, capaz de produzir frutos. Elias, com bravura e eficácia, semelhante ao fogo,
selecionou o que era nobre daquilo que era vil, como se faz com o ouro no crisol.
Tornou-se assim, o arquétipo de profeta corajoso, referenciado no evangelho de hoje.
Diante da pergunta dos discípulos sobre a teoria dos mestres da lei de que Elias viria
primeiro, Jesus responde que Elias já veio. Ele estava figurado na pessoa de João Batista,
cujas ações se assemelhavam à de Elias devido ao rigor com que tratava as questões
relacionadas à vinda do Reino de Deus. As ações de João eram tão transformadoras
quanto as de Elias, e não foram poucos os que confundiram João com Elias. Porém, suas
ações não foram entendidas ou reconhecidas por boa parte das autoridades, como, por
exemplo, os mestres da lei. Nem as ações de João nem as ações de Jesus. E por não
compreenderem, não a tinham como importante, ficando presos ao passado e à espera de
alguém que fosse “cópia idêntica” de Elias. Jesus sofreu a mesma rejeição. Ambos foram
rejeitados.
Ainda hoje, muitos continuam sem entender as propostas de Jesus e continuam a
esperar outro modelo de Messias, que resolva todos os seus problemas num passe de
mágica. Como os mestres da lei, essas pessoas continuam a manipular a ideia sobre Jesus
de acordo com seus próprios interesses e, com isso, maltratam-no com comportamentos
que nada têm a ver com seus verdadeiros projetos.
Este tempo de preparação para o Natal do Senhor é tempo oportuno de revermos
nossas ações, nossos conceitos sobre ele e verificar se não continuamos a maltratá-lo
naqueles que são os seus preferidos, isto é, os pobres e marginalizados, os que se
empenham na missão profética de denunciar e anunciar o Reino.
É tempo, portanto, de conversão. Tempo de descobrir novos Elias e João Batistas, que
continuam a preparar os caminhos do Senhor.
3ª SEMANA DO ADVENTO1
Segunda-feira2
 Nm 24,2-7.15-17a | Sl 24(25) Mt 21,23-27
Nesta segunda-feira da terceira semana do advento, a liturgia nos alerta para termos os
olhos bem abertos diante do processo de preparação para a vinda do Senhor. Olhos
abertos para não nos deixarmos enganar pelas falsas promessas que pegam carona neste
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tempo tão especial. Uma delas vem do comércio, que faz de tudo apenas com o intuito
de vender. A preparação para o Natal se transformou num verdadeiro mercado e, se não
tivermos visão crítica da realidade e dos apelos comerciais, acabaremos caindo na
tentação do consumo desenfreado, esquecendo-nos do essencial.
É algo parecido que nos ensina a primeira leitura extraída do livro dos Números.
Balaão tem os olhos bem abertos para discernir a realidade que está vivendo e procura
deixar-se guiar por Deus para perceber os sinais dos tempos: a estrela que sai de Jacó e o
cetro que se levanta de Israel. É um tempo novo que se anuncia. Porém, é preciso saber
lidar com as situações que estão envoltas neste tempo e nestes sinais que podem nos
enganar facilmente se não formos espertos.
Essa esperteza está presente na ação de Jesus, que, no evangelho de hoje, enquanto
ensina no templo, recebe a visita de autoridades que querem desmerecer seus
ensinamentos e sua autoridade. Eles questionam a Jesus, mas são surpreendidos com
questionamentos mais contundentes ainda, aos quais eles não são capazes de responder.
A estratégia de Jesus é eficaz e coloca os sumos sacerdotes e os anciãos numa situação
difícil. Qualquer resposta que eles dessem os deixaria diante de um impasse. Com isso,
Jesus também não precisa responder ou justificar com que autoridade ele fazia tais
coisas. A verdade sempre prevalece diante de mentiras e de armadilhas.
Portanto, neste tempo de preparação para a vinda do Senhor, tenhamos cuidado com
todo tipo de armadilha que pode nos desviar do projeto de Deus e dos verdadeiros
valores do Reino. Para tanto, precisamos rezar como pede o salmo de hoje: “Mostrai-
me, ó Senhor, vossos caminhos e fazei-me conhecer a vossa estrada”. Às vezes,
encontramo-nos numa encruzilhada e fica difícil saber qual caminho seguir, qual é o
verdadeiro caminho, porque todos parecem maravilhosos. Diante disso, devemos pedir:
“Vossa verdade me oriente e me conduza”. Deste modo, Deus nos levará a conhecer a
sua estrada e discernir entre o que é dele e o que não é.
Terça-feira3
 Sf 3,1-2.9-13 | Sl 33(34) | Mt 21,28-32
A liturgia da Palavra desta terça-feira nos fala de conversão, de mudança de atitude e
de procedimentos, para retomarmos os caminhos de Deus, mesmo que tenhamos
tropeçado em nossa vida, pois Deus sempre nos dá uma oportunidade de conversão.
Todavia, devemos procurá-lo, certos de que ele estará de braços abertos, pronto a
perdoar nossas faltas e nos acolher em seu amor.
A primeira leitura da profecia de Sofonias fala da cidade rebelde, desonrada e
desumana, que não prestou ouvidos aos apelos de Deus e não aceitou correção,
preferindo continuar no caminho errado. Podemos nos colocar no lugar dessa cidade.
Quantas vezes Deus nos tem dado oportunidade de mudarmos de vida, de agirmos
diferente, conforme sua vontade, mas não damos ouvido e preferimos continuar
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ignorando os apelos dele. Estamos vivendo um tempo de profundo apelo à mudança de
vida, apelo à conversão, mas parece que o advento se resumiu na espera de uma grande
festa e nada mais. Deus, conhecendo nossaignorância, continua nos concedendo outras
chances e oportunidades, como concedeu à cidade profetizada por Sofonias.
Devemos perguntar neste tempo do advento: o que Deus quer de nós? Sofonias dá a
resposta: quer que sejamos pessoas de lábios purificados, que prestemos cultos a Deus.
Que levemos uma vida íntegra, de oração e que vivamos bem na família, na comunidade
e na sociedade. Quando agimos assim, não nos envergonhamos dos nossos atos e
andamos sempre de cabeça erguida. Quando fazemos a nossa parte, nos esforçando para
andar no bom caminho, Deus faz a parte dele e afasta de nós aquilo que pode nos
influenciar negativamente, seja pessoas ou situações. Devemos colocar sempre nossa
confiança em Deus, pois só assim não cometeremos iniquidades, não falaremos tantas
mentiras nem enganaremos mais nosso próximo. Agindo assim, sentiremos o amparo de
Deus e a sua infinita misericórdia.
A conversão também é elemento central no evangelho de hoje. Aqui, Jesus conta a
parábola do pai que tinha dois filhos. O primeiro, quando lhe foi pedido para fazer algo,
prontamente disse não, mas depois se arrependeu e foi. Já o segundo disse que sim, mas
depois não foi. O primeiro representa aqueles que, embora pecadores, um dia tomam
consciência dos seus erros e buscam os caminhos de Deus, buscam fazer a vontade do
Pai, mesmo que num primeiro momento o tenham negado. Deus lhe perdoa e o acolhe.
Nestes estão incluídos os publicanos e as prostitutas que se converteram. O segundo filho
representa aqueles que agem somente por aparência. Fingem que fazem a vontade de
Deus, mas no fundo suas ações não passam de teatro. Não são poucos os que agem
assim. A Igreja está repleta de pessoas que louvam a Deus com os lábios, mas suas ações
são hipócritas. Ao contar esta parábola aos chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo,
grandes autoridades daquele tempo, Jesus questiona profundamente a postura religiosa
deles e propõem-lhes mudança de vida.
A liturgia desse tempo de preparação para o Natal também faz a cada um de nós o
mesmo questionamento e a mesma proposta: avaliação de nossas atitudes, conversão,
mudança de vida. Somente assim, celebraremos verdadeiramente o Natal do Senhor que
se aproxima. Vamos, portanto, aproveitar essa oportunidade e fazer uma boa confissão
para o Natal.
Quarta-feira4
 Is 45,6b-8.18.21b-25 | Sl 84(85) Lc 7,19-23
A liturgia desta quarta-feira da terceira semana do advento continua chamando nossa
atenção para a conversão. A primeira leitura do livro do profeta Isaías fala de um Deus
poderoso, sem igual. É o Deus de Israel, o Deus da libertação. Para ele devem convergir
todos os povos. Para esse Deus da vida devemos canalizar nossas ações, nosso proceder.
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Só assim, poderemos vislumbrar o novo céu e a nova terra anunciados pelo próprio
profeta Isaías. Desse modo, a conversão se faz presente a partir da mudança de vida, de
rumo. É o propósito deste tempo especial, no qual preparamos a vinda do Senhor.
O evangelho traz presente essa vinda. Aliás, o Reino de Deus já está entre nós, como
estava presente naquele momento quando João ouviu falar de coisas maravilhosas e
enviou discípulos para obter informações concretas. Como vemos, parte deste texto é a
mesma que ouvimos no domingo passado, com a diferença de que no domingo o
evangelho era de Mateus e, hoje, é de Lucas. O sentido é o mesmo. A comprovação da
chegada do Messias não com teorias, mas com fatos concretos: enfermos sendo curados,
cegos recuperando a visão, paralíticos que voltam a andar, leprosos que são purificados,
mortos que ressuscitam, enfim, a boa-nova anunciada aos pobres. Todos esses sinais de
libertação, sinais reais de que o Messias está presente.
Com esse texto somos convidados a descobrir quais são os sinais de vida que podemos
descobrir hoje. Fica aqui o desafio: voltar para casa e apontar todas as coisas boas que
estão acontecendo na comunidade, na cidade, no estado e no país. São muitas, mas elas
não são mostradas na TV. É preciso descobri-las. Porém, só irá descobrir quem tiver
com os olhos bem abertos no sentido bíblico do termo. Só verá quem não estiver
paralisado pelas ideologias que insistem em dar apenas a sua versão dos fatos. Só
escutará quem não tiver os ouvidos ensurdecidos pela ignorância.
Enfim, o convite hoje é: vamos ao encontro do Senhor, pois ele é justo e tão bondoso.
Ele fará chover a justiça dos altos céus. Ele conta com a nossa conversão, nossa
participação nesta obra da criação.
Quinta-feira5
 Is 54,1-10 | Sl 29(30) | Lc 7,24-30
A liturgia continua nos falando de conversão. A primeira leitura fala da cidade estéril
que agora encontra a misericórdia de Deus e poderá exultar e regozijar porque terá
muitos filhos. Sinal da graça de Deus, a fecundidade da cidade tratada aqui representa a
vida de um povo que encontrou graça diante de Deus e pode, agora, festejar. Não
importa quão pecadores somos, pois a misericórdia de Deus é maior que todos os nossos
pecados. Quando há um profundo arrependimento e desejo de voltar aos caminhos de
Deus, ele está sempre pronto a perdoar, como perdoou à cidade que havia se desvirtuado
do caminho.
O evangelho dá continuidade à reflexão do domingo passado. O trecho de hoje,
extraído do evangelista Lucas, exalta a figura de João Batista, aquele que, melhor que
ninguém, soube preparar os caminhos do Senhor. João tem muito a nos ensinar neste
tempo de preparação para o Natal. Ensina-nos a humildade, a firmeza na fé, o
comportamento sensato e reto etc. Se nos esforçamos para preparar bem a chegada de
Jesus, quem sabe também tenhamos o reconhecimento dele, que é o maior de todos os
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prêmios. Assim poderemos cantar como pede o salmo de hoje: “Eu vos exalto, ó Senhor,
pois me livrastes, e não deixastes rir de mim meus inimigos”.
Venceremos todos os “inimigos”, os obstáculos que a vida nos impõe, se
permanecermos firmes no caminho de Deus. A oportunidade é agora. Ele nos dá uma
chance como deu à cidade estéril. Ele quer que cada um de nós seja fecundo em suas
ações de amor ao próximo. Natal é tempo de renascer a solidariedade. Peçamos a Deus
que ela perdure por todo o novo ano.
Sexta-feira6
 Is 56,1-3a.6-8 | Sl 66(67) | Jo 5,33-36
A recomendação fundamental da liturgia da Palavra deste dia está centrada na prática
da justiça, ou seja, nas ações retas ou corretas que devemos praticar para sermos, de
fato, partícipes do Reino de Deus e da sua salvação, tendo como referência o exemplo de
Jesus.
Na primeira leitura do livro do profeta Isaías, encontramos essa recomendação com
muita clareza. Devemos observar o direito e praticar a justiça. Tudo isso deve ser feito
em vista da iminente salvação que está por vir com o nascimento de Jesus, que
celebraremos dentro de alguns dias. Este anúncio de esperança deve estar no nosso
coração, nos nossos lábios e, sobretudo, no nosso procedimento. Quem procede
conforme tais ensinamentos consegue ver com mais clareza a justiça e a salvação
acontecerem. Comportando-nos assim, seremos felizes, diz o profeta, porque a felicidade
deve ser resultado da prática da justiça. Obedecer às leis de Deus e a seus preceitos são
fundamentais para que o seu Reino esteja entre nós. Não importa quem somos e de onde
viemos, o que importa para Deus é a vivência de seus ensinamentos, pois é esta
fidelidade a Ele que será sinal de nosso vínculo ou da aliança que ele fez conosco.
Aliança esta concretizada em Jesus Cristo.
O evangelho traz o tema do testemunho para a nossa reflexão. João deu testemunho da
verdade que é Jesus e nos ensinou a fazer o mesmo. Jesus é a verdade e a vida e suas
palavras e obras revelam isso para nós. Quem ouve as suas Palavras e as coloca em
prática revela Jesus aos seus semelhantes. Cada gesto de amor ao próximo, cada palavra
de conforto levada aos que necessitam, cada vez que praticamos a justiça, estamos
dando continuidade à missão de Jesus, e por isso ele se faz presente entre nós.
Que este tempo especial que estamos vivendo transforme nosso coração e o faça
semelhante ao de Jesus, capaz de fazer as obras que revelam o Pai, poissomente um
coração convertido é capaz de atitudes epifânicas.
17 de dezembro
 Gn 49,2.8-10 | Sl 71(72) | Mt 1,1-17
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A liturgia de hoje traz o tema da genealogia de Jesus para mostrar a sua origem
davídica, conforme foi anunciado pelos profetas. Os textos tanto da primeira leitura
quanto do evangelho falam da origem do povo de Deus, sua formação, da mão de Deus
presente na história até chegar a José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, o
Messias esperado. Tudo isso para termos certeza de que Jesus é, de fato, o Filho de
Davi, o ungido.
Com esta certeza, resta-nos preparar bem a sua chegada, simbolizada nas festas que se
aproximam. Se nós quisermos celebrar bem o Natal do Senhor, devemos aproveitar bem
esses dias que ainda nos restam para a nossa revisão de vida, a fim de que brilhe nos
nossos corações a estrela de Belém. Deste modo, o Natal não se resumirá apenas numa
noite de festa, mas transformará toda a nossa vida numa festa.
18 de dezembro
 Jr 23,5-8 | Sl 71(72) | Mt 1,18-24
“Eis que virão dias, diz o Senhor”. Eis o início da primeira leitura de hoje. Que dias
serão esses que o profeta Isaías anuncia? O dia em que nascerá aquele que fará toda a
diferença. O profeta faz questão de dizer que ele é descendente de Davi. Quais serão os
procedimentos deste descendente de Davi? Reinar com justiça, com sabedoria, alguém
que é cumpridor da justiça e de ações retas. Era tudo o que estava faltando naquele
momento. Era, portanto, um anúncio de esperança.
Nos dias de hoje, quando há tanta carência de justiça, de ações retas e corretas, a
profecia de Isaías cai como uma luva e nos enche de esperança. Essa esperança chega
com o Natal. Todos os anos, nesta época do ano, as pessoas ficam mais sensibilizadas e
se propõem a ajudar mais o seu próximo, a serem mais justas, mais caridosas. É o
espírito do Natal. Queremos que esse espírito inunde os corações e que todos possam ter
como meta em suas vidas, todos os dias, ações de justiça, pois só assim veremos chegar
os dias anunciados pelo profeta.
Para isso, temos como modelo José, o descendente de Davi, o carpinteiro que, apesar
da vida humilde, soube ser justo diante do anúncio do anjo de que sua noiva, Maria,
estava grávida. A justiça de José ultrapassou e muito a justiça dos fariseus e dos mestres
da lei. Se sua justiça fosse apenas a da lei, ele teria abandonado a noiva e ela teria tido o
destino das mulheres infiéis da sociedade da época. Mas José era um homem justo, diz o
texto, e por ser justo, sua primeira ideia foi, em silêncio, abandonar Maria. Ele não iria
fazer nenhum escândalo, poupando-a de muitas humilhações. Mas esta não era a atitude
mais sensata diante do fato. Aqui entra a ação de Deus. O anjo convence José, em
sonho, que o filho é de Deus. José, homem de fé, não duvidou. Disse seu sim a Deus e
assumiu Maria como sua esposa e, assim, Deus veio fazer morada entre nós. O
Emanuel, o Deus-conosco, se concretizou a partir do momento que José fez conforme o
anjo havia mandado.
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Para que de fato o Natal aconteça, é preciso que, a exemplo de José, saibamos fazer a
vontade de Deus e nos coloquemos à disposição dele na acolhida do nosso próximo, no
amor ao semelhante, na prática da justiça que supera todo legalismo. Tudo isso nos
ensina hoje a liturgia das vésperas do Natal do Senhor. Que saibamos ouvir a voz do anjo
que continua ecoando nos ouvidos de tantos Josés e Marias e de cada um de nós.
Façamos a vontade de Deus para que a vontade de Deus se faça em nós.
19 de dezembro
 Jz 13,2-7.24-25a | Sl 70(71) | Lc 1,5-25
Conhecemos a expressão bíblica de que para Deus nada é impossível. Essa expressão,
de tão conhecida virou provérbio popular e é recorrido ou lembrado principalmente em
situações difíceis, quando todas as tentativas humanas já se esgotaram. É, na verdade,
uma expressão de fé, de confiança em Deus, porque não nos desampara. Vemos isso na
liturgia da Palavra de hoje.
Deus que vem ao encontro de um casal sofredor, na primeira leitura, e os fortalece
anunciando que aquilo que parecia impossível seria possível. A mulher estéril geraria um
filho, Sansão, que seria reflexo da fortaleza de Deus. A fortaleza de Deus vem em
socorro de nossa fraqueza, colocando anjos no nosso caminho que anunciam, de alguma
forma, a chegada de Deus. O anúncio da chegada de Deus não é um anúncio do fim do
mundo, no sentido dado pelo senso comum, mas um anúncio escatológico, do fim de um
tipo de mundo que todos os que sofrem desejam. O mundo das injustiças, das
discriminações e dos preconceitos. O mundo das misérias humanas e de toda forma de
sofrimentos desnecessários. São esses tipos de mundo que terão um fim com a vinda do
Senhor. É essa a esperança do advento e do Natal do Senhor. Por isso, esse tempo se
recobre de significados e enche nosso coração de alegria. A mesma alegria que invadiu o
coração de Manué e de sua mulher, na tribo de Dã. A mesma alegria que chegou ao
coração de Isabel e Zacarias, quando o anjo lhes anunciou a alegria da gravidez de
Isabel.
Zacarias e Izabel eram marginalizados, vítimas do preconceito humano, porque eram
de idade avançada e não tinham gerado filhos. A situação se agravava ainda mais porque
Isabel era estéril, outro fator passível de discriminação aos olhos humanos. Naquela
época, casais que não tinham filhos não eram bem-vistos. Eram tidos como castigados
por Deus. Porém, Deus olha para a humilhação de seus servos e servas, como profetizou
Maria no Magnificat, e vem em seu socorro. Foi o que ele fez com Isabel e Zacarias.
Deus ouviu os seus pedidos e enviou-lhe o anjo que anunciou que Isabel teria um filho.
O espanto e o medo apoderaram-se de Zacarias e ele ficou sem palavras. Mas o Anjo
tratou logo de encorajar Zacarias, mostrando quão grande seria a sua alegria e a de todos
os seus, pois o filho que o casal geraria não seria qualquer pessoa. Seria o precursor do
Senhor. Aquele que prepararia os seus caminhos, levando uma vida austera. Assim, João
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Batista foi o grande presente de Deus na vida de Isabel e Zacarias e na história da
salvação.
Deus nos surpreende constantemente. Quando todas as esperanças se esvaem, Deus
mostra o poder de sua força e vem ao nosso encontro, socorrendo-nos, transformando a
nossa vida e as situações que antes achávamos sem solução. Quem confia em Deus e
não desiste de servi-lo, recebe as suas recompensas. Não obstante as discriminações e
sofrimentos, Zacarias não deixou de servir no templo, não deixou de amar sua esposa
nem de ser um homem íntegro. E foi durante seu serviço que Deus se manifestou e
mostrou-lhe seu rosto favorável.
Que tenhamos sempre confiança em Deus, por mais difícil que possa parecer a
situação que estamos vivendo. Basta confiar e esperar o tempo de Deus. Ele vem e se
revela. O tempo do advento nos traz essa esperança. Há de vir um tempo novo, um
novo céu e uma nova terra, onde todos os sofrimentos terão um fim e, assim, veremos
nossas fraquezas e ignorâncias, causadoras dos sofrimentos, sendo transformadas em
fortaleza e sabedoria, que são dons do Espírito Santo dado para a nossa alegria e paz.
Sansão e João Batista são exemplos do poder transformador de Deus. Quem nele
confia jamais sucumbe em suas fraquezas. Deus gera vida onde dantes imperava a
morte. Confiemos neste Deus que nos ama tanto e que, por isso, enviou seu Filho amado
até nós, nascendo humildemente numa manjedoura, como celebraremos daqui a alguns
dias.
20 de dezembro
 Is 7,10-14 | Sl 23(24) | Lc 1,26-38
Hoje, a liturgia continua nos falando de sinais. Sinais que vêm das profundezas da terra
e das alturas dos céus. Que sinais seriam estes? Só Deus poderia dar um sinal tão
grandioso assim: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome
de Emanuel”. Com essa profecia se encerra a primeira leitura de hoje, tirada de Isaías.
Estamos às vésperas do Natal do Senhor. O maior sinal de Deus é que ele vem morar
entre nós da forma mais humilde e simples possível. A grandiosidade desse sinal
contrasta com a sua simplicidade.
O evangelho é o do anúncio do anjo Gabriel aMaria. Ela fica surpresa diante da
novidade, acredita que para Deus nada é impossível, como afirma o anjo, e se coloca à
disposição de Deus. Com isso, ela nos ensina: se quisermos que o Natal aconteça
verdadeiramente, precisamos nos colocar à disposição de Deus e dizer sim a Ele. Um sim
que seja firme, coerente, sem medo, como disse Maria.
Façamos do nosso coração uma manjedoura e, a exemplo de Maria e José,
coloquemos na expectativa dessa chegada. Percebamos os sinais que Deus vai indicando.
Não deixemos que as coisas supérfluas, que insistem em encobrir estes sinais, nos
impeçam de perceber Deus, que se manifesta no meio de nós.
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21 de dezembro
 Ct 2,8-14 | Sl 32(33) | Lc 1,39-45
Estamos às vésperas do Natal. O tempo de espera vai chegando ao fim e a expectativa
aumenta cada vez mais. Ele já está às portas. A cada dia que passa, ficamos mais felizes,
pois está chegando a visita mais esperada. É como quando estamos esperando a chegada
de alguém muito importante na nossa vida, alguém que amamos. Nesse período,
começamos a ficar felizes desde o momento que ficamos sabendo que aquela pessoa tão
querida virá nos visitar. Mudamos a casa, mudamos alguma coisa dentro de nós e até no
nosso exterior e queremos estar mais bonitos para a pessoa amada. Eis que muda o
nosso espírito, nosso humor. Tudo, sem que percebamos, vai se transformado somente
pela força da possível vinda. Este é o espírito do Natal do Senhor.
Hoje, a liturgia nos coloca diante desta grandiosa oportunidade de receber em nossa
casa, daqui a três dias, aquele que há quatro semanas estamos aguardando: o Deus
menino.
A primeira leitura do livro do Cântico dos Cânticos fala da espera da amada pelo seu
amado e toda a expectativa que essa espera envolve. A amada fica mais romântica, vê
poesia por toda parte. Chega até a ouvir a voz do amado ecoando pelas montanhas. Ela o
vê vindo ao seu encontro, saltando de alegria como um filhote de cervo das campinas.
Ela o vê por toda parte, de pé, atrás da parede, espiando pela janela, observando pelas
frestas das grades. Toda a vida da amada já está impregnada pela presença do amado.
Este texto é uma das mais belas metáforas da espera do Senhor que vem no Natal.
Esperar a vinda de Jesus é como a espera do amado pela amada. Tudo ganha um
colorido diferente, as coisas se recobrem de beleza. Vemos poesia em toda parte. É o
clima do Natal tão bem exposto no livro dos cantares. Sejamos, portanto, nestes dias,
como esse casal apaixonado do livro do Cântico dos Cânticos que não vê a hora de se
encontrar.
O Salmo 32 fala desta mesma alegria, pois é chegado o tempo de dar graças ao Senhor,
louvando-o ao som da harpa e da lira de dez cordas. Os sons do Natal são sons de harpa
e de lira, são sons de espera alegre.
O evangelho também fala dessa alegria da espera, mas de um modo especial da visita
esperada. Isabel recebe concretamente essa importante visita. Maria vai a sua casa,
apressadamente, e leva no seu ventre a razão da alegria de Isabel. O encontro destas
duas mulheres é um encontro epifânico. Deus se manifesta neste encontro. Bastou que
Maria saudasse Isabel para que a criança, no ventre, João Batista, estremecesse e Isabel
ficasse repleta do Espírito Santo. Há o reconhecimento do filho de Deus no ventre de
Maria. Com este gesto, Maria nos ensina que todas as vezes que somos solidários com
quem necessita, Deus se manifesta nestes gestos.
Estamos, portanto, nos preparando para receber a visita daquele que vem para fazer a
diferença em nossa vida, vem fazer morada entre nós. Deus estará sempre conosco e
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essa presença será percebida cada vez que fizer boas obras.
22 de dezembro
 1Sm 1,24-28 | Sl (1Sm 2) | Lc 1,46-56
Hoje, a liturgia nos coloca diante de duas importantes mulheres: Ana e Maria. Com
essas duas personagens, nós somos convidados a verificar como anda nosso processo de
preparação para o Natal. Ana, na primeira leitura, leva o filho Samuel, sinal grandioso da
graça de Deus na sua vida, para apresentar no templo, como pedia a lei judaica. Junto
com Samuel, que será consagrado a Deus, ela leva também suas oferendas: um novilho,
três arrobas de farinha e vinho. Esse ritual que Ana cumpre é um gesto de profundo
agradecimento a Deus. A leitura fala, portanto, de ação de graças. É preciso
constantemente reconhecer o quanto Deus age na nossa vida, pela sua infinita graça.
Estamos nos preparando para a maior festa de ação de graças do nosso calendário
religioso: Deus que se faz homem e gratuitamente vem habitar entre nós. É motivo para
agradecermos sempre. Seguindo o exemplo de Ana, façamos da nossa vida uma
constante oferenda a Deus.
O evangelho é o cântico atribuído a Maria, o Magnificat. Nele Maria agradece a Deus
por tantas maravilhas que ele, o todo-poderoso, fez em sua vida e na vida de todos os
seus. É um cântico profético, de anúncio e de denúncia. Maria anuncia que sua pequena
alma se engrandece diante de Deus e que seu espírito se alegra neste mesmo Deus que,
ao olhar para sua pequenez, olhou para todos os humildes. Reconhece que um dia todos
irão reconhecê-la, chamá-la de bem-aventurada, não pelos seus merecimentos, mas pela
graça de Deus em sua vida. Reconhece e anuncia a grande misericórdia de Deus, uma
misericórdia que não se limita a um povo, tempo ou espaço, mas que se estende de
geração em geração, basta apenas que se tema a Deus, que o respeite e que se reconheça
sua infinita misericórdia e bondade.
Em sua denúncia profética, ele recorda que Deus não está alheio às injustiças, ao
sofrimento humano. Proclama com coragem que Deus mostrará, num momento
oportuno, a força do seu braço. Ele derrubará dos seus tronos todos os que são soberbos
de coração, os que se acham poderosos. Todos os que, com seu poder, oprimem os
outros, receberão o que merecem. Quanto aos humildes, ele os elevará como elevou
Maria na sua humildade de serva. Deus irá saciar de bens os que nada possuem, os
famintos. Já os ricos, ele irá despedi-los de mãos vazias. Com denúncias e anúncios tão
contundentes, Maria nos ensina como será esse tempo novo, com a vinda de Jesus.
Que com a coragem e a ousadia destas duas mulheres a humanidade possa aprender a
preparar melhor a chegada do menino Deus e fazer da vida verdadeira ação de graças.
23 de dezembro
 Ml 3,1-4.23-24 | Sl 24(25) | Lc 1,57-66
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A liturgia de hoje fala da preparação dos caminhos do Senhor. Estamos às vésperas do
Natal. Será que preparamos verdadeiramente esse caminho ou ainda temos algo a
aprender? Com certeza temos. É por isso que a liturgia de hoje vai nos ensinar algo mais.
O profeta Malaquias, na primeira leitura de hoje, fala de um anjo que vem para
preparar os caminhos do Senhor. Um anjo forte, guerreiro, o qual nada e ninguém
poderão deter. Malaquias compara-o ao fogo da forja e à barrela dos lavadeiros. Vem
para transformar o que falta para que esse tempo novo chegue definitivamente. É o
tempo da conversão e da reconciliação.
João Batista é comparado a esse anjo anunciado por Malaquias. Há quem diga que
Malaquias está mesmo se referindo a João Batista. No evangelho de hoje, João é visto
também como anjo. A criança diferente, que nasce de modo diferente e uma série de
coisas estranhas acontecem a sua volta. Todos estes acontecimentos mostram que ali não
está uma criança qualquer. É aquele que veio com uma missão muito especial: preparar
os caminhos do Senhor. Ninguém compreende ainda qual é sua missão, mas todos sabem
que ele veio para abrir caminhos, transformar as realidades, mudar a vida de muita gente
porque a mão de Deus estava com ele.
Com este grande e último profeta do Antigo Testamento somos convidados a fazer as
últimas mudanças na nossa vida antes do Natal. Deixemo-nos guiar pelas mãos de Deus
e as mudanças ocorrerão a seu tempo. Como afirma o salmo de hoje: “Levantai a cabeça
e olhai, pois a vossa redenção se aproxima”. Chegou o tempo da redenção. Confiemo-
nos ao Senhor como confiou Isabel e Zacarias, e ela fará em nossa vida e em nosso
mundo coisas aparentemente impossíveis.
24 de dezembro (Missa da Manhã)2Sm 7,1-5.8-12.14.16 | Sl 88(89) Lc 1,67-79
Hoje, a liturgia da véspera do Natal nos convida a preparar, definitivamente, a morada
do Senhor. Daqui a pouco estaremos celebrando o nascimento de Jesus. A liturgia deste
dia faz-nos um apelo contundente para a preparação desta morada. Muitos já prepararam
o seu presépio e aguardam a chegada da noite para colocar o menino Jesus na
manjedoura. É um belo gesto simbólico esse, mas nossas ações em preparação ao Natal
não devem se reduzir a isso.
A primeira leitura, extraída do segundo livro de Samuel, fala do Rei Davi, já
devidamente instalado, estabilizado no poder e com paz no coração. Ele, depois de
vencer tantas batalhas, pensa agora em construir uma morada para Deus. Entretanto, se
vê morando num palácio luxuoso e a arca da Aliança, isto é, Deus, morando numa
simples tenda. Não se conforma com isso e, na sua visão meramente humana, quer que
Deus também more num palácio. Semelhante ao pensamento de Davi, muitas vezes nós
também queremos que Deus se enquadre nas nossas ações, no nosso modo ou padrão de
vida, na nossa maneira de pensar. Enfim, queremos manipular Deus.
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Deus, embora acessível a nós, não se deixa manipular pelos nossos caprichos. Sua
simplicidade não significa carência, mas uma forma de se aproximar de nós. O Natal é
exatamente isso. Ele se faz gente, nasce numa estrebaria de animais, o lugar mais simples
que se possa imaginar, para que os mais simples possam ter acesso a ele. Davi não
entende a simplicidade de Deus. Por isso, quer que Deus viva no luxo e na ostentação de
poder como ele está vivendo. Natã, o profeta do rei, pede que faça aquilo que seu
coração manda. Deus, porém, repreende Davi e o faz lembrar que foi ele quem o tirou
da pobreza, do pastoreio, e o colocou como rei de Israel. Portanto, não cabe a Davi
construir um palácio para Deus. Que o rei se limite a cuidar do seu rebanho, daqueles
que lhes foram confiados e não fique preocupado com coisas supérfluas. Enfim, Davi é
quem é porque Deus o fez assim, e não cabe a Davi querer manipular Deus, somente
porque estava no poder.
O evangelho de hoje traz para nós o belíssimo cântico de Zacarias, que, repleto do
Espírito Santo, profetiza sobre o destino do próprio filho, João Batista. Ele vê em João a
presença de Deus que visita seu povo e o liberta. João é o sinal mais evidente da
salvação enviada por Deus àquele povo. Em João, Deus é misericórdia e esta
misericórdia se estende a todos, libertando todos de todas as formas de opressão.
Zacarias profetiza que João será o profeta de Deus, aquele que irá preparar os caminhos
do Senhor, andando à sua frente, abrindo portas e preparando muitos corações para a
grande chegada. Zacarias, através das ações de seu filho João, vê em Jesus o sol
nascente que nos veio visitar, guiar nossos passos, fazer morada entre nós.
Com imagens tão bonitas deste cântico preparamos o nosso coração para a grande
noite que se aproxima. Ele já está à nossa porta. Preparemos bem sua chegada e o lugar
para ele. Que esse lugar não seja de luxo e ostentação, como pensou Davi, mas um lugar
simples, humilde, onde a maior riqueza seja o amor, o perdão, a misericórdia, pois estes
são os maiores presentes que podemos dar a Jesus nesta noite santa.
1 As leituras desta 3ª Semana do Advento usam-se até o dia 16 de dezembro, omitindo-se as seguintes. Com o
dia 17 de dezembro começam as leituras próprias dos dias 17-24 de dezembro.
2 Se não for 17 ou 18 de dezembro.
3 Se não for 17 ou 18 de dezembro.
4 Se não for 17 ou 18 de dezembro.
5 Se não for 17 ou 18 de dezembro.
6 Se não for 17 ou 18 de dezembro.
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Tempo do Natal do Senhor
(cor: branca)
26 de dezembro
Santo Estêvão, mártir
Cor: vermelha
 At 6,8-10 | Sl 30(31) | Mt 10,17-22
Estamos no período litúrgico chamado de oitava do Natal e chegando ao final do mês
de dezembro. Neste mês, celebramos alguns mártires como, por exemplo, Santa Luzia
(13/12), os santos inocentes (28/12) e, hoje (26/12), Santo Estêvão. Este dois últimos
estão dentro da oitava de Natal.
Celebrar os mártires é sempre uma ocasião para refletir sobre a nossa missão de
cristão, a missão de continuar a missão de Jesus, como fizeram os apóstolos e como fez
Estêvão. Vemos nos atos dos Apóstolos – não apenas no livro bíblico – mas nos seus
atos concretos que ser discípulo de Jesus não é nada fácil. Todo cristão autêntico é
passível de calúnia, perseguição e morte, como ocorreu com Estêvão e tantos outros.
Na liturgia da Palavra de hoje vemos exatamente isso acontecendo. A primeira leitura,
dos Atos dos Apóstolos, mostra Estêvão testemunhando Jesus Cristo com toda
convicção. Suas palavras incomodam, e esse incômodo gera calúnia e perseguição.
Como os incomodados não podem combater com argumentos verdadeiros, caluniam
acerca da sua pregação, subornando pessoas para dizerem às autoridades que ele tem
blasfemado contra Moisés e contra Deus. Essas e outras calúnias vão lhe custar a vida,
mas Estêvão não se intimida, não desiste da missão. Estêvão sabe que Deus está com ele
e, se for preciso, morrerá pela causa do Reino, como de fato morreu.
Estêvão é coerente com aquilo que pede o evangelho de hoje. Ele sabe que as pessoas,
principalmente aqueles que têm poder, são pessoas perigosas. É preciso, portanto, ter
cuidado. Se se quer que a missão dê frutos, que ela siga adiante e transforme o mundo, é
preciso cautela, discernimento e bom senso. Isso não significa medo ou acovardamento.
Pelo contrário, isso demonstra que é preciso ter clareza da situação e dos perigos.
Noutras palavras, é necessário ter confiança em Deus e não deixar que as ameaças, as
intimidações paralisem o trabalho. É preciso agir com firmeza e não calar. O texto do
evangelho de hoje é claro. Depois de apresentar todos os perigos da missão, diz: “Não
fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será
sugerido a vocês o que vocês devem dizer”. Somente quem tem plena confiança em
Deus e em suas ações age com esta segurança. Os apóstolos nos ensinam a agir assim.
Estêvão, com sua coragem, ensina a não temermos os obstáculos da missão.
Assim sendo, quando nos sentirmos desanimados porque algum trabalho não tem dado
certo, porque existem perseguição e calúnia na comunidade, lembremo-nos, portanto,
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deste evangelho de hoje e, especificamente, desta passagem: “Mas aquele que perseverar
até o fim, esse será salvo”. É preciso perseverança para que a missão dê fruto. Sem
perseverar, sem firmeza na fé, nenhum trabalho vai adiante. É o que nos ensina a liturgia
de hoje do martírio de Santo Estêvão.
27 de dezembro
São João, Apóstolo e Evangelista
 1Jo 1,1-4 | Sl 96(97) | Jo 20,2-8
A liturgia do dia 27 de dezembro faz memória de São João, apóstolo e evangelista.
Conhecido como o discípulo amado, ele tem muito a nos ensinar no amor e na fidelidade
ao projeto de Jesus. Ele esteve com Jesus em muitos momentos, mas se destacam
alguns, como, por exemplo, quando repousou a cabeça sobre o peito de Jesus, durante a
ceia, quando esteve ao pé da cruz, na hora da paixão e morte de Jesus e recebeu Maria
como sua mãe, a pedido de Jesus, e quando chegou primeiro ao túmulo, como vemos no
evangelho de hoje.
Com tudo isso, o discípulo amado tem muito a nos ensinar. A primeira leitura, um
trecho de uma carta a ele atribuída, relata a experiência de Deus vivida com Jesus. Tudo
o que ele viu, ouviu e vivenciou é agora relatado não apenas nesta carta, cujo trecho é
lido na liturgia de hoje, mas também em outras duas cartas e no evangelho. Como
testemunha ocular de grandes feitos de Jesus, João fala com a convicção de quem ama,
de quem acredita e de quem é fiel. São estes elementos, a crença, o amor e a fidelidade,
os principais ensinamentos dos escritos deste apóstolo, tido como o mais teólogo dos
quatro evangelistas.
João escreve de modo carinhoso, chamando seus interlocutores ora de filhinhos, ora de
caríssimos. O objetivo deste apóstolo é fazer com que vivamos a mesma experiência de
amor que ele viveu com o mestre. Ele quer que Jesus esteja sempre em comunhão

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