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17/02/2020 1 UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA CURSO DE ENFERMAGEM CLÍNICA MÉDICA Assistência de Enfermagem ao Cliente com Doenças Cardiovasculares Profª Tallita Mello Delphino Machado Enfª Especialista em Gerontologia Enf ª Especialista em Clínica Médico-Cirúrgica Mestre e Doutoranda em Ciências do Cuidado em Saúde Objetivos da Aula: • Revisão de anatomia e fisiologia • Principais doenças do Sistema Cardiovascular: - Doenças Arteriais Coronarianas (Aterosclerose, Angina, Infarto Agudo do Miocárdio); - Insuficiência cardíaca Congestiva; - Insuficiência Cardíaca Aguda (Edema Agudo de Pulmão). - Hipertensão Arterial Sistêmica; • Assistência de enfermagem ao cliente e família. ANATOMIA E FISIOLOGIA • Órgão muscular oco localizado no centro do tórax, onde ocupa o espaço entre os pulmões (mediastino) e repousa sobre o diafragma. • Função: bombear sangue para os tecidos, suprindo-os com oxigênio e outros nutrientes. Sístole – contração Diástole - relaxamento A ação de bombeamento do coração é realizada por meio do relaxamento e da contração rítmica das paredes musculares das suas duas câmaras superiores (átrios) e das duas câmaras inferiores (ventrículos). O CORAÇÃO RELEMBRANDO COMO FUNCIONA... • Durante a fase de relaxamento (DIÁSTOLE) TODAS AS QUATRO CÂMARAS RELAXAM SIMULTANEAMENTE, o que possibilita que os ventrículos sejam preenchidos no preparo para a contração. A diástole normalmente é denominada o período de Enchimento Ventricular. • A SÍSTOLE refere-se a CONTRAÇÃO dos átrios e dos ventrículos. A sístole atrial e ventricular não são eventos simultâneos: • Primeiro, ocorre a SÍSTOLE ATRIAL (contração atrial) logo ao final da diástole, é seguida pela SÍSTOLE VENTRICULAR (contração ventricular). CÂMARAS CARDÍACAS VISÃO INTERNA 17/02/2020 2 RELEMBRANDO COMO FUNCIONA... • O lado direito do coração, composto pelo átrio direito e pelo ventrículo direito, distribui o sangue venoso (sangue não oxigenado) para os pulmões através da artéria pulmonar (circulação pulmonar) para a oxigenação. O átrio direito recebe o sangue venoso que retorna para o coração a partir da veia cava superior (cabeça, pescoço e membros superiores), da veia cava inferior (tronco e membros inferiores) e do seio coronário (circulação coronariana). • O lado esquerdo do coração, composto pelo átrio esquerdo e pelo ventrículo esquerdo, distribui o sangue oxigenado para o restante do corpo através da aorta (circulação sistêmica). O átrio esquerdo recebe o sangue oxigenado da circulação pulmonar através de quatro veias pulmonares. CÂMARAS CARDÍACAS VISÃO INTERNA • As 04 valvas existentes no coração possibilitam que o sangue flua em apenas um sentido. • As valvas, que são compostas por finas lâminas de tecido fibroso, abrem e fecham em resposta à movimentação do sangue e às alterações da pressão nas câmaras. • Existem dois tipos de valvas: Atrioventriculares (AV) e Semilunares. VÁLVAS CARDÍACAS 1. Valvas Atrioventriculares: separam os átrios dos ventrículos. VALVA TRICÚSPIDE: composta por três válvulas, separa o átrio direito do ventrículo direito. VALVA MITRAL OU BICÚSPIDE: composta por duas válvulas, encontra-se entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo 2. Valvas Semilunares: VALVA PULMONAR: entre o ventrículo direito e a artéria pulmonar VALVA AÓRTICA: entre o ventrículo esquerdo e a aorta VÁLVAS CARDÍACAS • O coração é formado por três camadas: Epicárdio: a camada mais externa e superficial do coração e consiste de uma lâmina fibrosa de revestimento Miocárdio: camada muscular que constitui o músculo cardíaco propriamente dito, responsável pela função contrátil do coração e bombeamento Endocárdio: camada mais interna que reveste o interior do coração e as valvas, constituída por um tecido liso e elástico, chamado tecido endotelial. O CORAÇÃO O coração está encapsulado em um saco fibroso fino denominado PERICÁRDIO, que é composto por duas camadas. pericárdio visceral: membrana aderida ao Epicárdio pericárdio parietal: membrana externa fibrosa e resistente que envelopa o pericárdio visceral e se liga aos grandes vasos, ao diafragma, ao esterno e à coluna vertebral e que ampara o coração no mediastino. Está aderida às estruturas que circundam o coração. O espaço entre estas duas camadas (espaço pericárdico) normalmente é preenchido com aproximadamente 20 mℓ de líquido pericárdico, que lubrifica a superfície do coração e reduz a fricção durante a sístole. O CORAÇÃO 17/02/2020 3 VISÃO INTERNA ARTÉRIAS CORONÁRIAS E SEUS RAMOS Irrigam todo o músculo cardíaco, levando O2, glicose e lipídios às células do miocárdio. ARTÉRIAS CORONÁRIAS As artérias coronárias esquerda e direita e seus ramos fornecem sangue arterial para o músculo cardíaco. O coração apresenta altas exigências metabólicas, extraindo aproximadamente 70 a 80% do oxigênio administrado (outros órgãos extraem, em média, 25%) As artérias coronárias são perfundidas durante a diástole. Com uma frequência cardíaca normal de 60 a 80 bpm, há muito tempo durante a diástole para a perfusão do miocárdio. À medida que a freqüência cardíaca aumenta, o tempo diastólico é abreviado, o que pode não possibilitar tempo adequado para a perfusão do miocárdio. Como resultado, os clientes correm risco de isquemia do miocárdio (aporte inadequado de oxigênio) durante as taquicardias (freqüência cardíaca superior a 100 bpm),especialmente os clientes com doenças arteriais coronarianas (DAC). ARTÉRIAS CORONÁRIAS VISÃO EXTERNA O sistema de condução cardíaca gera e transmite impulsos elétricos que estimulam a contração do miocárdio. Em circunstâncias normais, o sistema de condução estimula primeiramente a contração dos átrios e em seguida dos ventrículos. Há dois tipos de células elétricas especializadas: - Células nodais - Células/Fribras de Purkinje ELETROFISIOLOGIA CARDÍACA O nó sinoatrial (SA) (o marcapasso principal do coração) e o nó atrioventricular (AV) (o marcapasso secundário do coração) são compostos por células nodais. Os impulsos elétricos são iniciados pelo nó SA (localizado na junção da veia cava superior e do átrio direito) são conduzidos ao longo das células dos átrios através de tratos especializados denominados vias internodais. Estes impulsos causam contração dos átrios. E em seguida os impulsos são conduzidos até o nó AV (localizado na parede atrial direita) O nó AV coordena os impulsos elétricos de entrada no átrio e retransmite o impulso para os ventrículos através do feixe de His. ELETROFISIOLOGIA CARDÍACA 17/02/2020 4 O FEIXE DE HIS se divide em: ramo direito (que conduz os impulsos até o ventrículo direito) ramo esquerdo (que conduz os impulsos até o ventrículo esquerdo). Os impulsos são transmitidos pelos ramos até alcançar o ponto terminal no sistema de condução, denominado FIBRAS DE PURKINJE. Estas fibras são compostas pelas células de Purkinje, especializadas na condução rápida dos impulsos através das paredes dos ventrículos. Estes impulsos estimulam as células miocárdicas, causando a contração ventricular. ELETROFISIOLOGIA CARDÍACA O débito cardíaco refere-se à quantidade total de sangue ejetada pelos ventrículos em litros por minuto. O débito cardíaco em um adulto em repouso é de 4 a 6 ℓ /min, mas varia muito, dependendo das necessidades metabólicas do corpo. O débito cardíaco é computado pela multiplicação do volume sistólico pela frequência cardíaca. O volume sistólico é a quantidade de sangue ejetada a partir de um dos ventrículos por batimento cardíaco. O volume sistólico médio em repouso é de aproximadamente 60 a 130 mℓ. DÉBITO CARDÍACO Barorreceptores: células nervosas sensíveis às alterações da pressão arterial (PA) localizadas no arco aórtico e nas artérias carótidas internas direita e esquerda PA (hipertensão) Barorreceptores ativados inicia a atividade parassimpática e inibe a resposta simpáticaredução da freqüência cardíaca redução da PA. PA (Hipotensão) menor estimulação dos barorreceptores Ocasiona diminuição na atividade parassimpática e intensifica as respostas simpáticas (mecanismos compensatórios) vasoconstrição e do aumento da freqüência cardíaca elevação da PA Relação entre FC X DÉBITO CARDÍACO X PA -Diminuição da freqüência cardíaca - Aumento do tamanho do coração em virtude de hipertrofia (espessamento das paredes do coração), que reduz o volume de sangue que pode ser mantido pelos ventrículos e reduz a força de contração. Ambas alterações afetam negativamente o débito cardíaco. - Enrijecimento das valvas que deixam de fechar adequadamente, leva a um fluxo retrógrado de sangue que resultante em sopros cardíacos - O coração de um indivíduo idoso não consegue compensar rapidamente os aumentos nas demandas metabólicas em virtude de estresse, exercícios ou doença, apresentando sintomas como a fadiga, falta de ar ou palpitações. CONSIDERAÇÕES GERONTOLÓGICAS Estão relacionados com : -arritmias e problemas de condução, - Doença arterial coronariana - Distúrbios estruturais, infecciosos e inflamatórios do coração - complicações das DCV como IC e choque cardiogênico Sinais e sintomas mais comuns nas DCV: -Dor ou desconforto torácico (angina de peito, SCA, arritmias, valvopatia) -Dispnéia (SCA, choque cardiogênico, IC, valvopatia cardíaca) -Edema periférico, ganho ponderal, distensão abdominal em virtude de aumento do baço e do fígado ou ascite (IC) -Palpitações (causas diversas) -Fadiga incomum caracterizada pela sensação de cansaço, irritação e abatimento (SCA, IC ou valvopatia cardíaca) -Tontura, síncope ou alterações no nível de consciência (choque cardiogênico, distúrbios vasculares cerebrais, arritmias, hipotensão, hipotensão postural) SINTOMAS COMUNS DAS DOENÇAS CV A dor torácica e o desconforto torácico são sintomas comuns, que podem ser causados por uma diversidade de problemas cardíacos e não cardíacos. -Caracterizar a dor : Quantidade (0 = nenhuma dor a 10 = pior dor) Localização qualidade da dor. - Avaliar irradiação da dor para outras áreas do corpo - Identificar os eventos que precipitam o início dos sintomas, a duração dos sintomas e as medidas que agravam ou aliviam os sintomas. DOR TORÁCICA 17/02/2020 5 DOR TORÁCICA DOR TORÁCICA DOR TORÁCICA (Brunner e Suddarth, 13ª ed., 2016) - História de patologia pregressa - História familiar - História social - Fatores de risco pessoais para doenças CV - Presença de sinais e sintomas - Faz acompanhamento médico? - Medicamentos de uso contínuo? -Eliminação (noctúria, edema de membros, diarréia, perda de apetite, náuseas, e vômito) -Tolerância a atividade (se apresenta angina, falta de ar ou fadiga) -Sono e repouso (dormir em posição sentada devido a ortopnéia – IC) - Ansiedade, depressão e estresse (influenciam surgimento de DAC, IAM e IC) HISTÓRICO DE SAÚDE - INVESTIGAR: NUTRIÇÃO: - Atura e o peso atuais do cliente (determinar IMC) - medição da cintura (avaliação em relação à obesidade); - Avaliar: PA; glicose sérica, hemoglobina glicosilada (diabetes melito), colesterol sérico total, níveis de HDL e LDL, e níveis de triglicerídios (hiperlipidemia) - O cliente controla fatores de risco? - Hábitos alimentares (alimentos enlatados ou comercialmente preparados versus alimentos frescos, comida de restaurante versus comida caseira, alimentos com alto teor de sódio, ingestão alimentar de gorduras) HISTÓRICO DE SAÚDE - INVESTIGAR: Conduzida para confirmar as informações obtidas no histórico de saúde, para estabelecer a condição atual ou basal do cliente, e, nas avaliações subsequentes, avaliar a resposta do cliente ao tratamento. AVALIAÇÃO GERAL -nível de consciência (alerta, letárgico, comatoso) e no estado mental (orientado em tempo e espaço; coerência) – perfusão cerebral -sinais de angústia (dor ou desconforto, falta de ar ou ansiedade) -Peso normal, sobrepeso, subpeso ou caquético AVALIAÇÃO DA PELE E DOS MEMBROS - cor, temperatura e textura da pele - Edema, equimose, hematoma, lesões , etc... AVALIAÇÃO FÍSICA: 17/02/2020 6 AVALIAÇÃO DA PELE E DOS MEMBROSAVALIAÇÃO FÍSICA: AVALIAÇÃO DA PELE E DOS MEMBROSAVALIAÇÃO FÍSICA: -Pressão arterial (PA normal em adultos: PA sistólica inferior a 120 mmHg sobre PA diastólica inferior a 80 mmHg). Hipertensão: PA sistólica superior a 140 mmHg ou PA diastólica superior a 90 mmHg. - Avaliar pulsos arteriais: As artérias são palpadas para avaliar a freqüência de pulso, o ritmo (regular ou irregular), a amplitude (filiforme, cheio/latejante), e a obstrução do fluxo sanguíneo (através da palpação dos pulsos arteriais) -Turgência das veias jugulares: normalmente visíveis em decúbito dorsal, com a cabeceira do leito elevada em 30° . A distensão das veias com a cabeceira elevada à 45 a 90° indica aumento anormal na pressão venosa central (PVC) Ex: clientes com IC do lado direito. - Inspeção, palpação e ausculta cardíaca AVALIAÇÃO FÍSICA: AVALIAÇÃO FÍSICA: AUSCULTA CARDÍACA: AUSCULTA CARDÍACA: Avaliar ruídos cardíacos normais Bulhas conhecidas como B1 e B2 B1: fechamento das valvas AV (tricúspide e mitral). A palavra “tum” é utilizada para reproduzir o ruído melhor auscultado na área apical B2: fechamento das valvas semilunares (pulmonar e aórtica). Comumente denominada “tá” melhor ausculta nos focos aórtico e pulmonar AVALIAÇÃO FÍSICA: AVALIAÇÃO FÍSICA: 17/02/2020 7 AUSCULTA CARDÍACA: Avaliar ruídos anormais Bulhas conhecidas como galopes B3 ou B4 B3 – Terceira bulha cardíaca: uma terceira bulha (“tá”) é auscultada inicialmente na diástole. É auscultada imediatamente após B2. Emprega-se “tum-tá-tá” para imitar o ruído anormal de um coração contraindo quando existe uma B3. Em idosos, B3 é um achado significativo, que sugere insuficiência cardíaca. B4 – Quarta bulha cardíaca: uma quarta bulha B4 (“tum”) ocorre tardiamente na diástole e é auscultada logo antes de B1. Emprega-se “Tum-tum-tá” AVALIAÇÃO FÍSICA: AVALIAÇÃO FÍSICA: Principais Doenças do Sistema Cardiovascular A doença da artéria coronária (DAC) é o tipo mais prevalente de doença cardiovascular em adultos. Por isso, enfermeiros devem reconhecer as diversas manifestações das condições arteriais coronarianas avaliação inicial, prevenção e o tratamento destes distúrbios. Vamos ver... Aterosclerose Coronariana Angina de Peito Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) Doenças Arteriais Coronarianas (DAC) Acúmulo anormal de substâncias lipídicas, ou gordurosas e de tecido fibroso, no revestimento da parede arterial (coronárias) Essas substâncias estreitam e bloqueiam os vasos coronarianos, de modo que reduzem o fluxo sanguíneo para o miocárdio. ATEROSCLEROSE CORONARIANA FATORES DE RISCO Idade sexo Histórico de tabagismo História familiar Alimentação rica em gorduras Diabetes Mellito e HAS Estresse Hiperlipidemia Aumento do colesterol total Aumento do colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade) = mau colesterol Redução do colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade) = bom colesterol. ATEROSCLEROSE CORONARIANA 17/02/2020 8 Fatores de Risco Reversíveis – é aquele sobre o qual o indivíduo exerce controle, alterando o estilo de vida. (Atuar com Prevenção) • Tabagismo • Hipertensão Arterial • Hiperlipidemia • Hiperglicemia • Estresse Irreversíveis – é uma consequência genética sobre o qual o paciente não tem controle. (idade, sexo, raça) ATEROSCLEROSE CORONARIANA Colesterol, triglicerídios e lipoproteínas (LDL e HDL) são medidos para avaliar o risco de uma pessoa de desenvolver DAC. Amostra obtida após 12h de jejum Colesterol: lipídio necessário para a síntese hormonal e a formação da membrana celular (VR: inferior a 200 mg/dℓ.) Triglicerídeos: Compostos por ácidos graxos livres e glicerol. São armazenados no tecido adiposo e são uma fonte de energia (VR:100 a 200mg/dℓ.) LDL (lipoproteína de baixa densidade): Efeito prejudicial: deposição nas paredes dos vasos. São os transportadores principais de colesterol e triglicerídios para dentro das células (VR: inferior a 160 mg/dℓ) HDL (lipoproteína de alta densidade): apresentam ação protetora, pois ransportam o colesterol para longe do tecido e das células da parede arterial, até o fígado para excreção. (VR homens: 35 a 70 mg/dℓ - mulheres: 35 a 85 mg/dℓ) LIPIDOGRAMA ATEROSCLEROSE CORONARIANA - Resistência insulínica (glicose plasmática em jejum superior a 100 mg/d ℓ) - Obesidade central (circunferência da cintura superior a 89 cm em mulheres, superior a 102 cm em homens) - Dislipidemia (triglicerídios > 150 mg/dℓ, HDL < 50 mg/dℓ em mulheres, < 40 mg/dℓ em homens) - Pressão arterial persistentemente superior a 130/85 mmHg - Estado pró-inflamatório (níveis altos de proteína C reativa (PCR) ATEROSCLEROSE - FISIOPATOLOGIA Presença de fatores de risco (hiperlipidemia, tabagismo, hipertensão arterial, DM, etc.) levam ao depósito de lipídios na camada íntima das artérias Gera um processo inflamatório (atração de macrófagos que fagocitam os lipídios) Células musculares lisas proliferam e formam um revestimento fibroso sobre o centro preenchido por lipídio e células inflamatórias. Esses depósitos são chamados de ATEROMAS que projetam-se para o lúmen do vaso, estreitando-o e obstruindo o fluxo sanguíneo. A placa pode ser estável ou instável, dependendo do grau de inflamação e da espessura do revestimento fibroso. O centro lipídico pode crescer, causando a ruptura da placa fibrosa. Uma placa rompida atrai plaquetas e causa a formação de um TROMBO. O trombo pode obstruir o fluxo sanguíneo, o que pode resultar em infarto agudo do miocárdio (IAM). Quando ocorre IAM, uma parte do músculo cardíaco deixa de receber fluxo sanguíneo e torna-se necrótica. ATEROSCLEROSE CORONARIANA ATEROSCLEROSE CORONARIANA 17/02/2020 9 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Sintomas e complicações de acordo com a localização e o grau de estreitamento do lúmen arterial e obstrução do fluxo sanguíneo para o miocárdio. Esta diminuição do fluxo sanguíneo normalmente é progressivo e torna o aporte sanguíneo inadequado, privando as células musculares cardíacas do O2 (Isquemia) Conseqüentemente ocorre a angina (dor torácica), que tende a ser reversível. Se a diminuição da irrigação sanguínea for significativa e de duração longa, pode resultar em lesão irreversível e morte das células miocárdicas (IAM), levando a disfunção miocárdica Débito cardíaco baixo, insuficiência cardíaca, morte... Isquemia Priva as células musculares dos componentes sanguíneos / irrigação insuficiente, progressiva, chegando a obstrução do fluxo. Dor torácica recorrente – angina de peito (reversível) Sintoma mais comum! Quadro mais grave com morte celular Infarto do Miocárdio (irreversível) Ocorre: Alterações no ECG, Arritmias e Morte Súbita. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Considerações gerontológicas O envelhecimento produz alterações na integridade do revestimento das paredes arteriais (arteriosclerose), impedindo, assim, o fluxo de sangue e a nutrição dos tecidos. ATEROSCLEROSE X ARTERIOSCLEROSE Identificar e reduzir fatores de risco é o principal objetivo para prevenção das cardiopatias coronarianas: Prevenção Primária – medidas implementadas antes do desenvolvimento dos sintomas. Prevenção da ocorrência de DAC Prevenção Secundária – Prevenção da progressão da DAC e/ou evitar a recorrência. ATEROSCLEROSE - PREVENÇÃO Controle do colesterol a cada 4 a 6 meses. Perfil lipídico em jejum ideal: - LDL colesterol: inferior a 100 mg/dℓ (inferior a 70 mg/dℓ para clientes de risco alto) - Colesterol total: inferior a 200 mg/dℓ - HDL colesterol: superior a 40 mg/dℓ para homens e superior a 50 mg/dℓ para mulheres -Triglicerídios: inferiores a 150 mg/dℓ. Realização de atividade física (auxiliar o cliente a estabelecer metas realistas) Evitar etilismo e tabagismo Dieta com baixo teor de gorduras saturadas e alto teor de fibras solúveis, vegetais, legumes e frutas Controle da hiperglicemia com dieta, hipoglicemiantes orais (metformina, glibenclamida) e insulina. Se a dieta isoladamente não conseguir normalizar os níveis de colesterol sérico, medicamentos podem controlar os níveis de colesterol EX: Artovastatina , Sinvastatina, Fenofibrato PREVENÇÃO E TRATAMENTO PREVENÇÃO E TRATAMENTO ANGINA DE PEITO • Síndrome clínica, habitualmente caracterizada por DOR ou pressão na parte anterior do tórax. • Geralmente causada pela doença aterosclerótica que resulta num fluxo coronariano insuficiente para satisfazer a alta demanda miocárdica por oxigênio em resposta ao esforço físico ou estresse (Demanda de oxigênio excede o aporte) 17/02/2020 10 ANGINA DE PEITO FATORES DE RISCO • Aterosclerose – obstrução do fluxo sanguíneo , redução de O2, isquemia, dor... • Esforço físico – Aumento da demanda de O2 pelo miocárdio • Exposição ao frio - Vasoconstrição e elevação da pressão arterial, com aumento da demanda de O2 • Refeição copiosa e/ou pesada – Aumento do fluxo sanguíneo para a área mesentérica para a digestão, reduzindo o aporte de sangue disponível para o miocárdio • Estresse - aumentando a pressão arterial, a frequência cardíaca e o esforço miocárdico. ANGINA DE PEITO FISIOPATOLOGIA Aterosclerose obstrução de no mínimo uma artéria coronária principal Aumento da demanda aumenta de fluxo pelas artérias coronárias bloqueio de fluxo na artéria coronária o fluxo não pode ser aumentado Diminuição do fluxo para o miocárdio Isquemia ANGINA DE PEITO TIPOS DE ANGINA • ESTÁVEL: dor previsível e consistente que ocorre aos esforços e é aliviada com repouso e/ou nitroglicerina • INSTÁVEL: (também denominada dor pré-infarto ou angina crescente) Os sintomas aumentam em freqüência e intensidade, pode não ser aliviada com repouso ou nitroglicerina ANGINA DE PEITO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Dor retroesternal, normalmente, mal localizada que pode irradiar-se para o pescoço, a mandíbula, os ombros e as faces internas da parte superior dos braços, geralmente do braço esquerdo • Desconforto parecido com uma indigestão leve • Sensação de sufocação ou pressão no peito • Sensação de fraqueza ou dormência nos braços, nos punhos e nas mãos • Dispnéia, palidez, transpiração intensa, tontura ou vertigem, e náuseas e vômito, podem acompanhar a dor. • Dor precipitada pelo esforço, emoções e outros; • Comum associar-se a ansiedade, angústia e temor da morte iminente. • ATENÇÃO O paciente com Diabetes Mellitus pode não apresentar dor intensa devido à neuropatia diabética que compromete a transmissão nociceptora, reduzindo a percepção da dor. A pessoa idosa pode não exibir o perfil doloroso típico devido às respostas diminuídas dos neurotransmissores que ocorrem no processo de envelhecimento. ANGINA DE PEITO ANGINA de Peito - Tratamento Os objetivos do tratamento da ANGINA são diminuir a demanda de oxigênio do miocárdio e aumentar o aporte de oxigênio. terapia farmacológica controle dos fatores de risco OXIGÊNIOTERAPIA procedimentos de reperfusão do miocárdio - Isossorbida (Isordil) SL – vasodilatador direto das coronárias - Nitroglicerina (vasodilatador potente) - tratamento padrão SL ou IV (48h) - Betabloqueadores – vasodilatação, diminuição da força de contração e redução do consumo de O2 - Antiagregantes plaquetários e Anticoagulantes 17/02/2020 11 Procedimento de Reperfusão do Miocárdio TRATAMENTO Angioplastia coronariana transluminal percutânea (ACTP) TRATAMENTO Implante de Stents intracoronarianos Procedimento de Reperfusão do Miocárdio TRATAMENTO Revascularização do miocárdio (BYPASS) Procedimento de Reperfusão do Miocárdio - Dor precordial em aperto, peso, pressão ou desconforto torácico; - Duradoura (>20min), irradiação para MSE, pescoço ou mandíbula; - Pode ou não aliviar com nitrato;- Sudorese, náuseas, vômitos, dispneia, dor epigástrica associados. Fatores de risco + dor típica O QUE FAZER? ATENÇÃO Infarto??? 17/02/2020 12 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) Processo pelo qual as células miocárdicas são destruídas de maneira PERMANENTE/IRREVERSÍVEL NECROSE da célula miocárdica, resultante da oferta inadequada de oxigênio ao músculo cardíaco. FISIOPATOLOGIA: PRIVAÇÃO DE OXIGÊNIO CELULAR REDUÇÃO DO FLUXO SANGUINEO PARA O MIOCÁRDIO ISQUEMIA LESÃO CELULAR MORTE CELULAR (NECROSE) IAM INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) FISIOPATOLOGIA: Na angina instável ocorre redução do fluxo sanguíneo em uma artéria coronária, geralmente em virtude de placa aterosclerótica que rompeu a camada íntima Um coágulo começa a se formar sobre a lesão coronariana, mas a artéria não é completamente ocluída. Diminuição do suprimento de o2 para o miocárdio situação aguda: resulta em dor torácica e outros sintomas: denominados como angina pré-infarto se não houver intervenções imediatas: oclusão completa da artéria Isquemia NECROSE do miocárdio IAM Área de necrose do músculo cardíaco (Morte celular) Obstrução da artéria coronária (bloqueando o fluxo sanguíneo) INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Incidência • Maior nos homens. Incidência aumentada nas mulheres que fumam e no período pós-menopausa. Idosos – suscetibilidade aumentada. Causas • Obstrução (aterosclerose) • Trombose na artéria coronária • Estenose ou espasmo da artéria coronária (devido a hipotensão severa). INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) Fatores de risco Envelhecimento; Diabetes Mellitus, HAS Obesidade; Sedentarismo; Tabagismo Faixa etária, sexo e raça; Hereditariedade Níveis séricos elevados de triglicerídios Níveis alto de colesterol - Hiperlipidemia Alta concentração de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) Baixa concentração de lipoproteínas de alta densidade (HDL) Níveis alto de colesterol por ingestão excessiva de gorduras saturadas, carboidratos ou sal Estresse e uso de drogas como anfetaminas ou cocaína INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) CARDIOVASCULARES Dor retroesternal constritiva ou compressiva (que continua apesar do repouso e dos medicamentos), podendo persistir por 12 horas ou mais, pode irradiar para o pescoço, mandíbula, ombros, braço esquerdo; ↑PA; distensão de jugular; choque cardiogênico imninente (coração perde sua capacidade para bombear sangue em quantidade adequada para os órgãos, diminuindo a PA, o O2 para os tecidos e acúmulo de líquidos nos pulmões); taquicardia, bradicardia e alterações no ECG. RESPIRATÓRIOS - Dispnéia, taquipnéia, estertores, edema pulmonar. GASTROINTESTINAIS - Náuseas e vômitos CUTÂNEOS - Palidez, pele fria, úmida e pegajosa, sudorese, edema. NEUROLÓGICOS - Ansiedade, inquietação, tonteira, cefaléia, alterações no nível de consciência. IAM – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 17/02/2020 13 DIAGNÓSTICO • Achados clínicos - Histórico; - Manifestações clínicas • Exames diagnósticos: - Eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações - Exames laboratoriais para estudos enzimáticos seriados: Marcadores cardíacos : Troponina (VR: < 0,5) e CKmB (VR: <4,0) • Outros: - Ecocardiograma - Cintilografia, cateterismo cardíaco ou angiografia coronariana Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) Enzimas Cardíacas TROPONINA Proteína encontrada nas células miocárdicas, regula o processo contrátil miocárdico. Elevação típica e queda gradual A elevação dos níveis séricos de troponina é detectada em algumas horas durante um IAM (3 a 6 horas). Os níveis permanecem elevados por um longo período, geralmente por até 2 semanas. CKMB Enzima encontrada principalmente nas células cardíacas . Aumenta quando há lesão nestas células. A elevação dos níveis de CKmB é um indicador de IAM; Mais rápido aumento e queda. O nível começa a aumentar em algumas horas e atinge seu máximo em 24 h após um infarto Se normaliza após 48 horas. Eletrocardiograma - ECG É uma representação gráfica das correntes elétricas do coração O ECG de 12 derivações fornece informações que auxiliam no descarte ou no diagnóstico de IAM (derivações I, II e III, aVR, aVL, aVF e V1 a V6) Deve ser obtido em 10 min a partir do momento em que um cliente relata dor ou chega na unidade de saúde. As alterações no ECG que ocorrem no IAM são observadas nas derivações que indicam a superfície do coração envolvida (com lesão) Eletrocardiograma - ECG Cada fase do ciclo cardíaco é refletida por formas de onda específicas na tela de um monitor cardíaco ou em uma fita de papel gráfico ECG A forma de onda ECG reflete a função do sistema de condução do coração, que normalmente inicia e conduz a atividade elétrica ECG - Ciclo Cardíaco ECG – Ciclo Cardíaco Onda P Excitação atrial Segmento P-R Contração (Sístole) Atrial Complexo QRS Relaxamento (Diástole) Atrial Segmento ST Excitação ventricular Onda T Contração (Sístole) Ventricular Excitação atrial = Despolarização = Gerar potencial de ação = gerar um impulso elétrico Onda U Relaxamento (Diástole) Ventricular 17/02/2020 14 Alterações no ECG conforme os Tipos de Lesão Isquemia (Angina Instável) - Inversão da onda T Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) Alterações no ECG conforme os Tipos de Lesão Lesão (Injúria – lesão muscular ) – Supra desnivelamento do segmento ST (Supra de ST) Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) Alterações no ECG conforme os Tipos de Lesão IAM (Necrose) - Presença de ondas Q patológica (Espícula negativa) Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) Normal 1/3 da altura de QRS Alterações no ECG conforme os Tipos de Lesão Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) • Complicações – Angina após infarto – Arritmias (complicações mais freqüentes) – Pericardite (geralmente aparece entre o 2º e 4º dia pós IAM) – Insuficiência Cardíaca Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) Os objetivos to tratamento do IAM é aliviar a dor, minimizar a lesão miocárdica, preservar a função miocárdica, reduzir a sobrecarga cardíaca e prevenir complicações. Tratamento Clínico Farmacológico 1. Oxigênio 2. Nitrato (Isordil e Nitroglicerina) aumenta o fluxo coronariano; aumenta a oferta de oxigênio cessa o espasmo coronariano ; diminui o retorno venoso. 3. Morfina – Ação vasodilatadora Infarto Agudo do Miocárdio - Tratamento IMEDIATAMENTE 17/02/2020 15 4. Beta-bloqueador (Atenolol) diminui o consumo de oxigênio pela célula do miocárdio antiarrítmico vasodilatador coronariano hipotensor arterial 5. Anti-agregante Plaquetário (AAS / Clopidogrel) diminui a ocorrência de oclusão coronariana Previne a agregação plaquetária e a trombose venosa 6. Anticoagulante (Heparina / Enoxaparina) diminui a ocorrência de oclusão coronariana previne a formação de trombos e a trombose venosa 7. Trombolíticos (Alteplase/ Reteplase/ Tenecteplase) – dissolução de coágulos (terapia de reperfusão do miocárdio) Infarto Agudo do Miocárdio - Tratamento PODEM SER ASSOCIADOS Terapia anti isquêmica NITRATOS BETA BLOQUEADORES (Atenolol / Metaprolol) Terapia anti plaquetária AAS CLOPIDOGREL PRASUGREL TICAGRELOR INIBIDORES DO RECEPTOR IIB IIIA (ABCIXIMABE) Terapia anticoagulante Heparina Não Fracionada ENOXAPARINA BIVALIRUDINA FONDAPARINUX Estratégia invasiva ANGIOGRAFIA CORONARIANA PERCUTÂNEA REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDIO (BYPASS) Infarto Agudo do Miocárdio - Tratamento Infarto Agudo do Miocárdio - IAM ANGINAS E INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO LEMBRE-SE SEMPRE: A diminuição da lesão miocárdica é alcançada com: - redução da demanda de oxigênio miocárdico - aumento do aporte de oxigênio - medicamentos - administração de oxigênio - repouso no leito. • Diagnóstico de Enfermagem (NANDA) 1. Dor aguda 2. Fadiga 3. Intolerância a atividade 4. Padrão respiratório ineficaz 5. Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída 6. Perfusão tissular periférica ineficaz (ou Risco para) 7. Risco de volume de líquidos desequilibrado8. Ansiedade 9. Ansiedade relacionada a morte 10. Controle ineficaz da saúde Infarto Agudo do Miocárdio - IAM ANGINAS E INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO CUIDADOS DE ENFERMAGEM • Quando iniciar os sintomas orientar o cliente a interromper todas as atividades, sentar ou repousar no leito em uma posição de semiFowler para reduzir as demandas de oxigênio do miocárdio isquêmico. • Repouso absoluto, inclusive banho no leito; • Oxigenioterapia: instituída no início da dor torácica como uma tentativa de aumentar o aporte de oxigênio para o miocárdio e para aliviar a dor. • Fazer ECG nos primeiros 10 minutos e após, de 15 em 15 minutos na primeira hora; • Manutenção do acesso venoso periférico 17/02/2020 16 CUIDADOS DE ENFERMAGEM • Administrar os medicamentos (analgésicos, vasodilatadores, betabloqueadores...) conforme prescrição médica • Realizar monitorização cardíaca contínua (taquicardia, hipotensão, observação do traçado cardíado, etc...) • Observar frequência respiratória, cor da pele e saturação de oxigênio através da oximetria de pulso (SpO2 > 92%. • Fiscalizar dieta e ministrar laxantes para evacuação sem esforço; • Planejar e orientar o paciente acometido de IAM par após a alta hospitalar (diminuição dos fatores de risco, estilo de vida, retorno ao trabalho) ANGINAS E INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Obrigada!
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