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HISTÓRIA DA AMÉRICA II

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HISTÓRIA DA AMÉRICA II
Aula 1: O Continente Americano nas primeiras décadas do Século XX e a Revolução Mexicana
Apresentação
Nesta aula, vamos analisar os principais aspectos que caracterizam o continente americano nas primeiras décadas do século XX, com destaque para a consolidação do modelo republicano na região e a consolidação da democracia. Analisaremos ainda a primeira revolução ocorrida no continente, a Revolução Mexicana, as lutas camponesas que ocorreram nessa revolução e seu legado para a história do continente no século XX. É inegável que os Estados Unidos tiveram forte influência na condução da política da região, assim como se consolidaram ao longo de todo o século XX como um país importante internacionalmente. Essa influência deixou marcas em todas as partes do mundo; na América Latina, foi exercida de forma intensa, sobretudo em virtude da proximidade territorial, o que fez com que os estadunidenses interviessem direta ou indiretamente em diferentes momentos da história latino-americana.
Objetivos
Analisar o continente americano nas primeiras décadas do século XX;
Identificar a influência dos Estados Unidos na política da região;
Analisar a Revolução Mexicana e seus desdobramentos, com ênfase em sua influência na história das lutas da região da América Latina.
O continente americano no início do século XX
 => A história do continente americano sempre foi marcada por acontecimentos de suma importância. Para conhecermos um pouco mais a região, vamos destacar alguns aspectos que marcaram os países que fazem parte desse continente e algumas de suas especificidades.
Ele é formado por um conjunto de países que foram colonizados principalmente por Portugal, Espanha e Inglaterra.
Nele, a colonização inglesa deu origem aos Estados Unidos da América, formado por um conjunto de colônias que buscaram sua independência e se consolidaram ao longo dos séculos XIX e XX, e tiveram grande importância na configuração do continente americano nas primeiras décadas do século XX e a revolução mexicana.
Atenção
O processo de independência das colônias inglesas serviu de inspiração para que outras colônias também buscassem sua liberdade. Esse fator, aliado a outros, gerou uma onda de independências em toda a região latino-americana e culminou na formação de vários países independentes, que herdaram dos Estados Unidos o conceito de democracia e de república. As colônias da Espanha e a de Portugal deram origem, em grande parte, à região conhecida como América Latina.
Influência da região
 => Quando analisamos o continente americano no início do século XX, percebemos algumas especificidades comuns à região, como a forte dominação econômica estadunidense que passou a fazer parte da localidade com os processos de independência latino-americanos.
Saiba mais
A influência dos Estados Unidos se consolidou com a Doutrina Monroe e sua “América para os americanos” (1823).
O legado de um passado colonial também acompanhou a região, aliado a fortes dificuldades econômicas de estabilização financeira e à manutenção de interesses regionais.
No contexto das relações entre Estados Unidos e América Latina no início do século XX, destacamos alguns aspectos que merecem uma atenção especial de nossa parte.
Intervencionismo dos Estados Unidos
 => O intervencionismo estadunidense na América Latina durante o início do século XX foi um fator sólido e se consolidou por meio de algumas ações do país na área, como a Emenda Platt, que dava aos Estados Unidos o direito de intervirem militarmente na ilha para a garantia de seus interesses.
Leitura
Estados Unidos x América Latina
Cuba era uma das principais colônias espanholas na América, mas sua economia, assentada na produção de açúcar, era dominada, em grande parte, pelos estadunidenses. Entre os anos de 1895 e 1898, a ilha lutou por sua independência. Um conflito entre Estados Unidos e Espanha, a Guerra Hispano-Americana, ocorrida por causa do afundamento de um navio estadunidense no porto de Havana, o USS Maine (1898), deu início à guerra.
O motivo alegado pelos Estados Unidos para a guerra era proteger os interesses cubanos junto à Espanha, o que na prática se revelou em uma mudança de controle na ilha, que passou a ser uma espécie de protetorado estadunidense. É importante destacar que os Estados Unidos tinham grande interesse em Cuba, pois ela se localizava estrategicamente perto do Golfo do México. O fato de ter se tornado um protetorado consolida-se por meio da Emenda Platt (1901), presente na Constituição estadunidense e que serviu para garantir os interesses do país na região. Essa emenda garantiu ainda aos estadunidenses o direito de possuírem uma base naval na ilha, Guantánamo. A Emenda Platt foi revogada em 1930, mas a ilha continuou sob forte influência dos Estados Unidos até a Revolução Cubana, em 1959.
Para fortalecer ainda mais seu poder na região, os Estados Unidos, por meio da figura do presidente Theodore Roosevelt, iniciaram a política do Big Stick, ou Grande Porrete, uma consolidação da Doutrina Monroe. O objetivo dessa política era proteger os interesses econômicos dos Estados Unidos na região da América Latina utilizando, se necessário, a força para a garantia de seus interesses, assumindo o papel de polícia internacional na região.
Diplomacia do dólar e a criação do Panamá
 => Outro fator que consolidou a posição estadunidense na América Latina foi a implementação da diplomacia do dólar, criada pelo presidente William Taft.
Implementação da diplomacia do dólar => Ela tinha o objetivo de aumentar a influência dos Estados Unidos na região pela concessão de empréstimos, visando fortalecer a dependência econômica da América Latina e iniciando um imperialismo econômico que caracterizou a ação dos Estados Unidos nessa região ao longo de quase todo o século XX.
Ainda sobre a presença estadunidense na região da América Latina, Leandro Karnal (2007, p. 169) afirma que:
"Entre 1900 e 1920, os EUA intervieram nos assuntos internos de pelo menos seis países do Hemisfério. Sob William Howard Taft (1909-1913), sucessor de Roosevelt, o intervencionismo norte-americano assumiu uma conotação claramente econômica, ao passo que, mais tarde, sob Woodrow Wilson (1913-1921), assumiu a forma de “imperialismo missionário”: os norte-americanos se reservavam o direito de “esclarecer e elevar povos”, pela força, se necessário. O presidente Wilson fazia discursos anticolonialistas e, apesar disso, interveio em Cuba, estabeleceu protetorados norte-americanos no Haiti e na República Dominicana e ainda apoiou uma ditadura na Nicarágua. O conflito mais visível entre princípios e práticas ocorreu durante a Revolução Mexicana, quando levou os Estados Unidos à beira da guerra a fim de “ensinar o conturbado México a eleger boa gente."
 => Tivemos ainda a participação efetiva dos Estados Unidos na criação do Panamá. O país, que inicialmente era controlado pela Colômbia, obteve apoio estadunidense para lutar por sua independência.
Panamá => O objetivo inicial dos Estados Unidos era a construção de um canal marítimo que ligasse os oceanos Atlântico e Pacífico, um ponto importante para o comércio na região. As obras para o canal iniciaram-se em 1880, parando depois por questões financeiras. Os Estados Unidos assumiram a continuidade da obra, encerrada em 1913, e estimularam os panamenhos a buscarem sua independência junto à Colômbia, o que se consolidou em 1903. Após a independência, o Panamá concedeu aos estadunidenses o controle sobre a zona do Canal do Panamá. O controle do canal voltou para o Panamá em 1999.
 => Revolução Mexicana de 1910: Emiliano Zapata e os camponeses
Revolução Mexicana - Miguel Hidalgo
 => A primeira revolução no continente americano no século XX ocorreu no México e marcou a história das lutas camponesas na região.
 => José María Morelos
O México se tornou um país independente e proclamou-se república em 1824, após uma guerra empreendida contra sua metrópole, a Espanha.
Atenção
É interessante ressaltarmos que a história do México sempre foi uma história de lutas pela terra,conflitos de interesses entre grandes proprietários rurais e a população camponesa, em um país eminentemente agrário e indígena, marcando uma relação de tensões que ultrapassou séculos e gerou uma sociedade cada vez mais desigual.
Desfecho
A luta pela independência foi árdua.
Terminou com a vitória dos revolucionários, mas não garantiu um México igualitário e com condições melhores para os mexicanos.
Houve uma ampliação da autonomia das elites que já dominavam a região, e o sonho de um México independente e mais justo acabou não se consolidando.
Atenção
A Revolução Mexicana foi o movimento de contestação mais violento e de maior amplitude ocorrido nas Américas. Teve, como traços peculiares, o intenso envolvimento popular, sobretudo camponês, e um processo de institucionalização que a faz presente até os nossos dias.
Destaques - Marinho:
Questão da terra
Para melhor compreendermos a revolução, voltaremos nossos olhos para a questão da terra, fator de imensa importância no contexto da revolução, e para a luta contra o grande latifúndio.
Muitas comunidades indígenas haviam recebido suas terras por meio de doações da Coroa sob a forma de propriedade comunal. Em virtude disso, a maioria não tinha registro dessas terras. Sem ter como provar ao governo a propriedade de suas terras, os indígenas perderam-nas por meio do confisco de terras empreendido em nome do Estado. Isso gerou a desapropriação de milhares de hectares em todo o México e levou à formação de enormes latifúndios, com as comunidades indígenas passando a servir como mão de obra.
Esse alto índice de concentração de terras gerou revoltas entre os camponeses em todo o país. Expulsos de suas terras em decorrência de uma ocupação fraudulenta, a única alternativa era trabalhar nas minas ou nas plantations.
Ao contexto da questão agrária no México somamos ainda a questão política. Dentro de um quadro de disputas de poder, temos o embate entre os centralistas e os federalistas, que disputavam entre si o controle do país. Os primeiros defendiam a centralização do poder na capital do México; os últimos, mais autonomia local e dos interesses regionais. Os federalistas se associaram aos estadunidenses; os centralistas, aos ingleses.
Expansão dos Estados Unidos
Não podemos deixar de destacar que os Estados Unidos avançaram bastante sobre o território mexicano, conforme o mapa ao lado, no qual vemos o expansionismo do país no século XIX, culminando na diminuição do território mexicano.
Expansionismo do país => Sobre a guerra entre Estados Unidos e México, um conflito sangrento iniciado em 1846 e que se estendeu por toda a região mexicana, Mariza de Carvalho Soares (2000, p. 20) afirma que A guerra durou dois anos e terminou com a derrota dos mexicanos, que concordaram com a assinatura do Tratado de Guadalupe Hidalgo. De acordo com esse tratado, o México cedia aos Estados Unidos o Novo México e a Califórnia por U$$ 15 milhões. Ficava estabelecido ainda que o Rio Grande passaria a ser a nova fronteira entre os dois países. Com esse acordo, os Estados Unidos ganharam cerca de 800.000 Km2 de novos territórios que hoje formam os estados da Califórnia, Nevada, Utah, Novo México, Arizona e ainda parte do Colorado e de Wyoming. No ano seguinte os americanos descobriram ricas minas de ouro na Califórnia.
 => Pelo mapa, podemos perceber que o território estadunidense avançou bastante sobre o território mexicano, ampliando suas fronteiras em um momento estratégico de expansão do país e garantindo ganho financeiro com a descoberta do ouro.
A política interna mexicana
 => Após a morte de Benito Juárez, Díaz se elegeu presidente do México, dando início ao que ficou conhecido como porfiriato.
Nesta questão, a aliança dos centralistas com o capital inglês acabou conduzindo ao governo Porfírio Díaz, que governou entre 1877 e 1910.
Saiba mais
Vale destacar que o governo de Díaz ficou marcado pela aliança com o capital internacional, transferência de terras para empresas estrangeiras e falta de regulamentação junto ao trabalhismo, tudo isso aliado a um forte personalismo. Os três grandes pilares de seu governo eram a grande propriedade, o capital estrangeiro e seu poder autoritário. No início do século XX, começaram a surgir críticas ao porfiriato, sobretudo porque seu mandato parecia não ter fim, governando o México de forma quase ditatorial.
 => Francisco Madero => Nos primeiros anos do século XX, iniciou-se um processo de contestação do governo de Díaz, desencadeando um movimento revolucionário no âmbito nacional que contou com forte adesão popular.
Para enfrentar politicamente Díaz, foi lançado como candidato à presidência Francisco Madero, um advogado pertencente a uma das famílias mais ricas do México.
Atenção
Madero defendia a democratização e o respeito à Constituição, sendo um liberal por formação e preocupado com as liberdades políticas. Contou com o apoio de diferentes setores, entre eles vários líderes rurais mexicanos, sendo os mais conhecidos Pancho Villa e Emiliano Zapata. Leia o texto Resultado da Revolução Mexicana e saiba o que aconteceu a Madero.
Revolução Mexicana => Pouco antes das eleições, Madero foi preso pela polícia de Díaz, que acabou conseguindo mais uma reeleição, ainda que fraudulenta.
Quando deixou a prisão, Madero iniciou um manifesto para declarar nulas as eleições, autoproclamando-se presidente provisório e conclamando o povo à luta. Diante da pressão intensa, Díaz renunciou ao cargo, e Madero assumiu o governo elegendo-se presidente em 1911. Teve início uma nova fase na história do México.
Na presidência, porém, Madero não se preocupou com as questões sociais, especialmente no campo, onde a reforma agrária não foi realizada, o que o levou a perder o apoio do campo e, sobretudo, propiciou o rompimento de Zapata com o presidente. Zapata queria a reforma agrária e a devolução das terras comunais que haviam sido tiradas do povo. Assumir o ônus pela implementação de uma reforma agrária foi algo que Madero não quis fazer. Houve uma clara impossibilidade do presidente em combinar interesses divergentes em seu governo, tais como os de camponeses, latifundiários, militares.
 => Victoriano Huerta
Outro fator que merece destaque é o fato de Madero não ter conseguido desmontar a máquina autoritária presente no governo de Díaz. Sua preservação leva o general Victoriano Huerta a conspirar para derrubar Madero. Em fevereiro de 1913, Huerta depôs Madero, determinou sua prisão e posterior fuzilamento. O México volta então a ser uma ditadura.
O assassinato de Madero levou o México a uma nova fase da revolução, gerando a guerra mais sangrenta que o país havia conhecido. Vários interesses passaram a estar em jogo, e essa nova fase contou com a adesão de Álvaro Obregón, líder das forças revolucionárias de Sonora, que posteriormente se tornou general do Exército Constitucionalista; Venustiano Carranza, governador de Coahuila; Francisco Villa, um madeirista e chefe de um bando armado no norte do país; e Emiliano Zapata, líder camponês da região de Morelos, que deseja a revolução social por meio da reforma agrária.
A revolução contou ainda com o apoio de Pancho Villa, representante dos interesses de uma ampla população que vivia no norte do México e que havia se tornado assalariada e explorada. Ele defendia o projeto de uma sociedade baseada em colônias ao mesmo tempo agrícolas e militares.
 => Pancho Villa
Estamos acompanhando as diferentes forças que se organizam em torno do projeto de um novo México, e essas mesmas forças entrarão em conflito mais adiante.
A ditadura de Victoriano Huerta começou a ser contestada e já não tinha mais como suportar os ataques promovidos pelas tropas de Venustiano Carranza, que contava com forte apoio de um exército de camponeses leais a Emiliano Zapata e a Pancho Villa. Sem conseguir mais resistir, Huerta acabou derrotado, e Carranza assumiu a presidência. Cabe destacar que Huerta não contou com o apoio estadunidense. Preocupados com seus investimentos no país, os Estados Unidos usam como pretexto a prisão de alguns marinheirosno porto de Tampico e enviam tropas ao México, ocupando militarmente a cidade de Veracruz, onde estavam os principais poços de petróleo. A revolução continuava agora com um novo líder: Venustiano Carranza.
 => Desembarque estadunidense em Veracruz
O principal ponto de união entre as lideranças dessa nova fase da revolução era a derrubada de Díaz e em pouco tempo. Villa e Zapata perceberam que a revolução de Carranza não era a deles, pois este não tinha nenhuma intenção de fazer a tão esperada reforma agrária. Em uma clara demonstração de força, Villa e Zapata, contando com seus homens, adentram a Cidade do México para impedir a posse de Carranza, mostrando que a luta não havia chegado ao fim. Sobre a entrada dessas tropas, Mariza de Carvalho Soares (2000, p. 48) afirma que:
A população da Cidade do México ainda não tinha visto de perto os combates das tropas de Villa e Zapata. Apenas ouvia falar que saqueavam trens, matavam, ocupavam terras, queimavam casas. Aterrorizados com a iminência da ocupação, muitos abandonaram suas casas. Quando as tropas de Villa e Zapata chegaram à capital, todos esperavam a entrada de um exército sanguinário disposto a saquear a cidade. Ao invés disso viram camponeses, com suas roupas brancas e seus chapéus de palha, a pé e empunhando o estandarte da Virgem de Guadalupe!
Villa e Zapata não impediram a chegada de Carranza à presidência. No campo, ambos continuaram o movimento rebelde; na cidade, o movimento operário começou a se organizar também. A população estava passando dificuldades em virtude do desabastecimento de gêneros primários na cidade por causa dos anos de guerra. A situação estava se tornando cada vez mais crítica.
A fim de deter Villa e Zapata, Carranza os denunciou como antirrevolucionários e como responsáveis pela falta de alimentos e pelo desemprego, conseguindo assim a simpatia dos operários, que passaram a apoiar o presidente. Para esvaziar a resistência no campo, distribuiu lotes de terra aos camponeses, que passaram a se ocupar com suas novas propriedades e abandonaram a luta. Carranza, assim, consegue minar o apoio que Villa e Zapata tinham e esvaziar um pouco mais o movimento.
O presidente continua no poder, fechando cada vez mais o cerco a Villa e a Zapata. Enfraquecido e vendo o cerco se fechar em Morelos, Zapata se refugia nas montanhas e tenta resistir, mas é assassinado em uma emboscada em 1919.
Carranza pensava ter pleno controle da situação, mas foi derrotado por um golpe tramado pelo general do Exército constitucionalista Álvaro Obregón, seu aliado no início da revolução, sendo posteriormente assassinado em 1920. Logo após a deposição de Carranza, Villa se rendeu e entregou suas tropas ao Exército, reduzidas a apenas 651 homens, muito diferente dos mais de 50 mil que havia comandado, morrendo em uma emboscada em 1923. Em 1928, Obregón também foi assassinado durante a disputa por um segundo mandato presidencial.
Um México após revolução
 => Acompanhamos as diferentes forças que se organizam em torno do projeto de um novo México.
No México, muitos líderes falaram em nome da revolução, que assumiu numerosas vertentes ao longo de sua história, adquirindo diferentes significados para os envolvidos.
Comentário
Fator de maior destaque nesse processo foi a luta do campesinato e sua defesa da reforma agrária. Um milhão de mexicanos, a maioria camponeses pobres, perdeu a vida entre 1910 e 1920 lutando em prol de um país mais justo e igualitário.
A Revolução Mexicana foi caracterizada por não ter um projeto aglutinador que unisse todos os integrantes do movimento na luta por algo maior. Havia interesses imediatos, e a possibilidade de vê-los supridos foi algo desagregador de todo o processo.
Para a história das lutas na região, a Revolução Mexicana levantou uma bandeira que, durante muito tempo, acompanhou a América Latina: a reforma agrária.
O alto índice de concentração de terras foi um fator marcante na região e gerou movimentos de contestação em diferentes partes. Ainda hoje há uma luta pela distribuição de terras e por um olhar diferenciado para o campesinato, tão sofrido em toda a região.
HISTÓRIA DA AMÉRIA II
Aula 1- As Américas no início do século XX
Conteúdo Programático desta aula
· A Guerra da Secessão e o crescimento economico norteamericano.
· Os Estados Unidos – As bases de seus desenvolvimento e supremacia economica.
· O imperialismo norteamericano
O desenvolvimento dos EUA no século XIX E início do XX
A Guerra da Secessão como o ponto-de-partida para o desenvolvimento capitalista e a expansão norteamericana.
 A Expansão territorial – O conceito de fronteira
 O início do imperialismo americano – A Guerra Hispano-Americana
 O Conceito de “Big Stick”
O Fim da Guerra Civil e A Reconstrução:
 Dúvidas e questões sobre o processo de reconstrução e reunificação.
 A posição radical: Não haveria indenizações aos ex donos de escravos, os estados sulistas seriam governados por nortistas, os negros teriam os mesmos direitos dos brancos
A posição moderada: 
Os ex-escravos só teriam a sua liberdade, possibilitando aos ex-proprietários utilizá-los de alguma forma compulsória.
 A Presidência da República favorecia a posição moderada, enquanto o Congresso a radical e o Pres. Lincoln propôs medidas de readmissão dos sulistas à União (aceito por cêrca de 10% do eleitorado de Loisiana e Arkansas). O Congresso recusou a proposta e aprovou em julho de 1864 a Lei Wade-Davis que exigia que 50% do eleitorado dos estados sulistas jurassem fidelidade à União. Lincoln recusou-se a assinar a Lei.
Linha do Tempo:
O Desenvolvimento econômico-industrial norte-americano após a 
Guerra da Secessão:
. As Estradas de Ferro como “mola-mestra” do processo de industrialização: A década de 1850 assiste à criação das 1ªs grandes ferrovias do país. Ao final do século XIX, 1/3 de todas as ferrovias do mundo estavam nos EUA (cerca de 320 mil Kms).
. Já na década de 1870 tem início a eletrificação.
. O processo de imigração levou aos EUA, entre 1870 e 1900 cerca de 20 milhões de pessoas vindas da Europa e Ásia, o que levou o país a dobrar sua população no mesmo período (de 40 para 76 milhões). Porém, este processo levou a reações por parte de setores conservadores da sociedade e entre 1882 e 1920 foram surgindo legislações restritivas (incluindo sistemas de cotas), inclusive proibições (de japoneses, por exemplo).
O crescimento Industrial:
. Entre 1869 e 1898, cerca de 13% da renda nacional foram aplicadas na expansão industrial, tendo como base os sistema bancário centralizado em Wall Street (Nova York).
. Surgem as grandes corporações cujo mecanismo de atuação é a formação de monopólios e cartéis, como o grupo Rockfeller e a Standard Oil Trust.
. O governo reagiu com a Lei Sherman Anti-Trustes (1890), mas esse processo continuou. Entre 1888 e 1905 foram formados 328 conglomerados.
Processo de urbanização:
. O processo de industrialização e crescimento econômico acelerado
Levou a um também crescente processo de urbanização. Em 1890 havia
Nos EUA 26 cidades com mais de 100 mil habitantes, tendo 6 delas atingido
 (em 1900) a marca de 1 milhão de habitantes.
. Isso gerou uma série de contradições, como o choque entre uma ideologia
de “terra das oportunidades” propagada pela imprensa e cultura e o individua-
lismo e concorrência crescentes, onde a pobreza era vista como um “castigo
Divino” ou fruto da indolência, isto limitava a ação do Estado no sentido de 
Ações sociais ou regulamentação de direitos trabalhistas. O Darwinismo Social
Encontrou fértil terreno, levando à glorificação do grande capitalista como 
O elemento de mais alto desenvolvimento na “raça humana”.
O Imperialismo Norte-Americano
. Até 1898 os EUA permaneceram, em política externa, dentro dos princípios da
Doutrina Monroe e preocupados apenas com a expansão para o Oeste
(seja por compra ou conquista aos indígenas e mexicanos).
. Apesar disso, o povo norte-americano sempre acreditou ser “a nação 
escolhida” (Doutrina do Destino Manifesto) e temia o perigo de ameaças
externas.
. Havia tambémo interesse do governo e do empresariado em expandir
sua atuação comercial com o Extremo Oriente (China, Japão e Coréia),
e em dominar ilhas do Pacífico (Havaí).
. A Guerra Hispano-Americana vai mudar esse panorama. A questão gi-
ra em torno do controle de Cuba, que havia se insurgido contra o domí-
nio espanhol em 1878 e cuja produção açucareira abastecia o mercado
Americano.
Explorando o tema:
Indicação de filmes:
Sobre a Guerra da Secessão:
“E o Vento Levou”
“Tempo de Glória”
Sobre o crescimento Norte-americano:
“Tempos Modernos”
Em 1890 uma nova tarifa de importação (Tarifa Wilson-Gorman) de açu
car levou a crise à Cuba e um outro levante contra a Espanha, cuja re-
pressão brutal levou o Congresso americano a exigir uma intervenção.
. Em fevereiro de 1898 o encouraçado USS Maine, em visita à Cuba ex-
plodiu, levando à declaração de guerra à Espanha (vencida em agosto de
1898) E dando aos EUA o controle de Cuba, Porto-Rico e Filipinas.
. Em Cuba, os norte-americanos forçaram a incorporação na Constituição
Cubana da “Emenda Platt”, dando-lhes o direito de intervenção na ilha e
a posse da Base Naval de Guatánamo.
. Nas Filipinas os norte-americanos logo enfrentaram uma dura rebelião
nativa que perdurou até 1906 (a Independência só ocorreu após a 2ª 
Guerra mundial).
. Porto Rico tornou-se um “Estado-Associado” aos EUA no século XX e a
Inglaterra reconheceu a supremacia norte-americana no caribe através de 
um tratado em 1901, que passou a estes o controle do Canal do Panamá.
. Entre 1900 e 1920 os EUA intervieram em 6 países do continente, sempre
sobre a justificativa de “elevar e esclarecer os povos”
Aplicando o conhecimento
A Guerra da Secessão unificou as estruturas econômico-sociais dos EUA no século XIX, abrindo espaço para a hegemonia do modelo capitalista industrial nortista, possibilitando enorme crescimento econômico e populacional (via imigração) e lançando as bases para o desenvolvimento da sociedade americana como a mais rica economia mundial.
Relacione o desenvolvimento econômico e político norte-americano na 2ª metade do século XIX e início do XX à posição dos EUA no mundo de hoje:
História da América II
Aula 2: Estados Unidos, Primeira Guerra, Crise de 1929 e a América Latina nas décadas de 1930 e 1940
Apresentação
Nesta aula, vamos analisar a ascensão dos Estados Unidos nas primeiras décadas do século XX, com destaque para seu amplo desenvolvimento industrial e seu posicionamento diante do novo século que surgia. É notório que o país alcançou um status de potência regional e marcou uma posição de liderança na região. É importante destacarmos ainda que a Primeira Guerra Mundial foi um acontecimento de proporções até então inéditas e envolveu muitos países. O continente americano também se inseriu nesse conflito; com seu término, os Estados Unidos se consolidaram ainda mais como potência financeira. No quadro de acontecimentos importantes do continente americano, destacamos a crise capitalista de 1929 e seus desdobramentos. Essa crise teve caráter global e atingiu todo o mundo capitalista, afetando diretamente a América Latina, que ainda se encontrava atrelada a uma economia agrária. Destacamos também o desenvolvimento da América Latina nos anos 1930 e 1940, período de mudanças significativas na região, com a ascensão de ditaduras e a implementação de políticas de caráter nacionalista e desenvolvimentista, com ênfase na busca por parceiros comercias e na mudança de atitude dos Estados Unidos para com a região ― gradual substituição da política do Big Stick pela política de boa vizinhança.
Objetivos
Avaliar a ascensão dos Estados Unidos nas primeiras décadas do século XX;
Analisar a inserção do continente americano na Primeira Guerra Mundial;
Avaliar a crise de 1929 e seus desdobramentos para todo o continente americano;
Analisar a América Latina durante as décadas de 1930 e 1940.
O continente americano e o período pós-Primeira Guerra
Nas primeiras décadas do século XX, todo o continente americano passou por transformações muito significativas para a condução da política e da sociedade na região. Os Estados Unidos se consolidaram como forte potência regional e, posteriormente, mundial.
Os países latino-americanos iniciaram o processo de mudança em sua ordenação política sobretudo em virtude do desencantamento com uma Europa arrasada pela Primeira Guerra Mundial.
Ao mesmo tempo, houve intensas transformações modernizadoras nas sociedades latino-americanas, o que favoreceu a tomada de posição de cunho nacionalista nos âmbitos culturais e políticos de formas variadas, até mesmo conduzindo alguns países da região a ditaduras.
Em nossa aula anterior, vimos que, logo no início do século, a região viveu sua primeira revolução no México, um fator muito importante quando analisamos a trajetória do continente. Foi a luta pela terra e por interesses políticos que inseriu o México no século XX.
Os EUA e o período pós-Primeira Guerra 
Os Estados Unidos consolidaram sua prosperidade sobretudo após a Primeira Guerra Mundial, conflito que adquiriu proporções mundiais e marcou a história contemporânea, inserindo todas as regiões do planeta na lógica da guerra.
Segundo Eric Hobsbawm:
"(…) as guerras foram visivelmente boas para a economia dos EUA. Sua taxa de crescimento nas duas guerras foi bastante extraordinária, sobretudo na Segunda Guerra Mundial, quando aumentou mais ou menos 10% ao ano, mais rápido que nunca antes ou depois. Em ambas, os EUA se beneficiaram do fato de estarem distantes da luta e serem o principal arsenal de seus aliados, e da capacidade de sua economia de organizar a expansão da produção de modo mais eficiente que qualquer outro. (…) Em 1914, já era a maior economia industrial, mas ainda não a dominante. As guerras, que os fortaleceram enquanto enfraqueciam, relativa ou absolutamente, suas concorrentes, transformaram sua situação."
 - HOBSBAWM1995, p. 55
O crescimento estadunidense se consolidou cada vez mais após a Primeira Guerra e o país viveu o “American Way of Life”, o estilo de vida americano que tornou os Estados Unidos um modelo de consumo.
De acordo com José Jobson Arruda:
"Após o término da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos assumiram a hegemonia econômica em escala planetária, passando de país devedor a potência credora no mercado internacional, pois fizeram vultosos empréstimos aos países envolvidos no conflito, tanto a vencedores quanto a vencidos"
 - ARRUDA, 2001
A crise de 1929 
Os Estados Unidos adotaram uma postura isolacionista em relação à Europa, e seu crescimento econômico propiciou intensa euforia e a certeza, ainda que falsa, de uma prosperidade sem limites, marcada pelo alto grau de consumo de produtos, que rapidamente se tornaram bens de consumo.
Consumo de produtos => Entre automóveis e rádios.
Os salários cresciam, e o desemprego era relativamente baixo, com crédito fácil alimentando a produção.
Uma forte busca por enriquecimento rápido supervalorizou ações de empresas e, em dado momento, em 1929, tudo veio abaixo, pois a bolsa de valores de Nova York quebrou e fomentou uma crise generalizada e sem precedentes em todo o mundo capitalista, encerrando a era do capitalismo liberal e dando início a uma reorientação na economia estadunidense.
Depois desse acontecimento, o mundo jamais seria o mesmo.
 => A fotografia Migrant Mother, uma das fotos estadunidenses mais famosas da década de 1930, mostrando Florence Owens Thompson, mãe de sete crianças, de 32 anos de idade, em Nipono, Califórnia, março de 1936, em busca de um emprego ou de ajuda social para sustentar sua família. Seu marido havia perdido seu emprego em 1931, e morrera no mesmo ano.
Saiba mais
O período que antecedeu a crise foi de intensa efervescência cultural nos Estados Unidos. Era a época do jazz, embalado pelo foxtrotee pelo blues, pelas melindrosas e seu estilo solto, cabelos curtos, o boxe se desenvolvia, eram os famosos anos 1920.
A intolerância racial também se tornou um pouco mais acirrada, assim como a corrupção, o comércio ilegal de bebidas, o período dos gângsteres. O cinema também se revolucionou, transformando a vida em imagens captadas pelas câmeras.
E por que os Estados Unidos viveram essa crise em um momento de grande prosperidade? Que razões levaram essa potência a passar por um período turbulento em sua vida financeira?
A crise de 1929 foi causada, sobretudo, pela insistência americana em manter depois da guerra o mesmo ritmo de produção alcançado durante o conflito, quando abastecia os países envolvidos nos combates, fornecendo desde gêneros alimentícios até produtos industrializados e combustível.
Produção => Os Estados Unidos abastecaim os países envolvidos nos combates, fornecendo desde genêros alimentícios até produtos industrializados e combustível.
Com a paz, os países europeus recomeçaram a produção de bens que importavam dos Estados Unidos durante o conflito. Com isso caíram as exportações do país e o mercado interno americano viu-se abarrotado de produtos que não conseguia absorver.
E qual seria a solução?
A solução seria reduzir a produção em determinados setores, o que provocaria séria crise econômica e social.
A política do governo, essencialmente liberal, não poderia cogitar em intervir na produção; os empresários, por sua vez, só viam seus interesses imediatos, logo, não concordavam com essa solução. Ninguém pressentia o real perigo da situação.
Imaginava-se que o progresso e a estabilidade do país fossem suficientemente fortes para absorver qualquer excedente de produção (2001, p. 23).
No entanto, não foi o que ocorreu.
A crise se acirrou ainda mais, pois apenas 5% da população estadunidense detinha 35% da riqueza do país, o que demonstra a intensa disparidade que marcava os Estados Unidos.
A crise foi construída aos poucos. A bolsa de valores refletia esse momento sobretudo pelo fato de muitas empresas serem de capital aberto, ou seja, as ações estavam nas mãos de muitas pessoas que, alarmadas com os acontecimentos, começaram a querer vender suas ações até o momento em que começou a haver mais vendedores que compradores, o que fez com que as ações passassem a ser vendidas a preços irrisórios, culminando em sua desvalorização praticamente total.
 => A grande depressão causou pobreza geral nos Estados Unidos e em diversos países do mundo. Aqui, família desempregada, vivendo em condições miseráveis, em Grove, Califórnia, Estados Unidos.
 => Filas de famílias esperando por ajuda financeira. Diversos programas de ajuda social foram criados pelo governo dos Estados Unidos a partir de 1933.
 => Pessoas reunidas na frente de um banco, durante o período da Grande Depressão. Esse período foi marcado por repentinas perdas de ações e houve casos de suicídio, após acionistas descobrirem que perderam tudo.
A quinta-feira negra
No dia 29 de outubro de 1929, a famosa Quinta-feira Negra, a crise chegou ao seu ápice.
As ações despencaram e foi registrada uma queda histórica.
O caos parecia instalado e não havia, naquele momento, perspectiva alguma de melhora.
Comentário
Muitos investidores que haviam perdido tudo se suicidaram pulando das janelas dos edifícios, ao passo que muitos pobres passaram a contar com a caridade alheia, aumentando a fila da sopa gratuita para os desempregados.
=> E a América Latina nesse contexto, como viveu essa crise? Vamos investigar um pouco mais...
Leitura
Os efeitos e solução da crise de 1929
As repercussões dessa crise perduraram até 1933 e atingiram praticamente todo o planeta. Muitos países europeus passaram a não poder vender mais seus produtos aos estadunidenses, que buscaram proteger seu mercado interno. Além disso, houve o repatriamento dos recursos estadunidenses que estavam investidos na Europa, o que provocou forte crise nesse continente. França e Inglaterra, entre outros países, tiveram suas economias arrasadas.
Para sair da crise, foi criado um plano de recuperação econômica denominado New Deal (Novo Acordo), marcado por intervenção econômica, o que representou uma intensa mudança no próprio modelo econômico praticado pelos estadunidenses.
O estabelecimento desse plano e as medidas para tirar os Estados Unidos da crise foram a plataforma política de Franklin Delano Roosevelt, candidato democrata à sucessão presidencial em substituição ao republicano Herbert Hoover. Entre algumas medidas do New Deal, podemos citar:
Concessão de créditos ilimitados aos bancos para descontos dos títulos depositados;
Abandono temporário do lastroouro;
Concessão de linhas crédito especiais aos fazendeiros;
Combate ao desemprego;
Investimentos na agricultura, indústria e no comércio.
A repercussão da crise de 1929 na América Latina
A América Latina sempre esteve na esfera de influência estadunidense, sobretudo com a afirmação da Doutrina Monroe: “A América para os americanos.”
Os Estados Unidos procuraram afirmar sua soberania sobre seus vizinhos de todas as formas possíveis, em especial tentando afastar a influência europeia que ainda era significativa na região.
Afirmar sua soberania => Como exemplo podemos citar a influência inglesa, notadamente no comércio, que sempre foi muito forte junto aos latino-americanos ― no Brasil e na Argentina, por exemplo.
Assim, estabeleceram-se variadas formas para a consolidação da hegemonia estadunidense.
Uma grande parte do comércio empreendido pelos países latino-americanos era realizada com a Europa e outra parte com os Estados Unidos, tanto no âmbito das importações quanto no das exportações.
Com a crise, todos começaram a estabelecer certo protecionismo, o que complicou bastante a vida financeira de algumas nações da América, sobretudo pelo fato de que várias delas tinham economias agroexportadoras e que foram afetadas pela retração de investimentos estrangeiros e pela redução nas exportações de suas matérias-primas.
Exemplo
Brasil teve a economia afetada intensamente, pois sua balança comercial dependia das exportações do café, e os Estados Unidos eram os principais compradores e consumidores de café do mundo.
Argentina e México também passaram pelo processo de substituição de importações e estimularam sua produção interna.
Economia afetada => Houve um forte desequilíbrio na balança de comércio brasileira; além do café, diversos produtos agrários sofreram os efeitos da crise.
Ainda assim, essa crise contribuiu para o processo de industrialização não somente do Brasil, mas também de outros países latino-americanos, pois os recursos investidos no café passaram a ser destinados a outros empreendimentos industriais.
A diminuição do poder de compra tornou os produtos importados mais caros, o que acabou por estimular a produção de similares no Brasil.
A crise de 1929 gerou diferentes efeitos sobre a política de toda a região do continente americano, fomentando a formação de governos de cunho nacionalista e de ditaduras que buscaram transformar a condução dos países da região.
Era Vargas no Brasil, presidente Getúlio Dorneles Vargas chegou ao poder por meio de um golpe em 1930;
Ascensão de Juan Domingo Perón na Argentina;
governo de Lázaro Cárdenas no México.
Ainda sobre os efeitos da crise de 1929 na América, vamos analisar a situação de Cuba.
Cuba => A ilha viveu uma das piores crises econômicas e sociais de sua história em virtude da política implementada por seu presidente, Ramón Grau San Martín, que acabou renunciando em decorrência das intensas manifestações que ocorreram no país.
A crise de 1929 também contribuiu para piorar a situação econômica da ilha. Ocorreu então a Revolta dos Sargentos, liderada por Fulgêncio Batista, que assumiu o poder na ilha e se tornou presidente, consolidando seu poder e tornando-se o homem mais poderoso de Cuba.
Afastou-se do poder em Cuba por oito anos e depois retornou, governando como ditador e contando com o apoio dos Estados Unidos. Foi derrubado pela Revolução Cubana em 1959.
As décadas de 1930e 1940 no continente americano
 => Os anos 1930 e 1940 foram de especial atenção para a condução da política de todo o continente americano. Alguns acontecimentos marcaram toda a região, até mesmo pautando as relações de alguns países com os Estados Unidos e com alguns países da Europa.
Nesse período, a própria condução da política estadunidense para a América se modificou.
A política do Big Stick foi substituída por uma política mais amena, a de boa vizinhança, que consistia basicamente em estabelecer laços de amizade com os países da América Latina a fim de expandir cada vez mais o modelo de vida e de consumo americanos.
Big Stick => Significa Grande Porrete.
Foi o slogan usado pelo presidente estadunidense Theodore Roosevelt para descrever o estilo de diplomacia empregada como corolário da Doutrina Monroe, a qual especificava que os Estados Unidos da América deveriam assumir o papel de polícia internacional no Ocidente.
Foi como uma "injeção de economia" nos países da América do Sul.
Roosevelt tomou o termo emprestado de um provérbio africano, "fale com suavidade e tenha à mão um grande porrete", implicando que o poder para retaliar estava disponível, caso fosse necessário. Roosevelt utilizou pela primeira vez esse slogan na Feira Estadual de Minnesota, em 2 de setembro de 1901, doze dias antes que o assassinato do presidente William McKinley o arremessasse subitamente na presidência.
As intenções desta diplomacia eram proteger os interesses econômicos dos Estados Unidos na América Latina.
Foram criados mecanismos para garantir essa expansão, que ocorreu em diferentes campos, mas, sobretudo, no cultural. O objetivo dos Estados Unidos era ampliar sua esfera da atuação na América Latina e, para isso, utilizou-se de todas as formas possíveis para fortalecer essa política.
 => No Brasil, estreitou laços com Getúlio Vargas e até visitou nosso país.
Esse estreitamento de laços se consolidou fortemente no âmbito cultural. Artistas do cinema dos Estados Unidos vinham frequentemente ao Brasil divulgar seus filmes e produtos estadunidenses eram divulgados nos meios de comunicação. A revista Seleções (Reader's Digest) chegou ao Brasil em 1938.
A América Latina se viu cada vez mais influenciada pelos estadunidenses e por sua busca de atuação internacional, o que fortaleceu a presença dos Estados Unidos em todo o continente e consolidou a política de alianças estabelecida entre os países da região, fator que veremos melhor mais adiante.
HISTÓRIA DA AMÉRICA II
Aula 2 – A América Latina na passagem do século XIX para o XX
Conteúdo Programático desta aula
· A Economia e a sociedade das principais nações latino-americanas no século XIX/XX (Argentina e México).
· As relações entre os principais Estados latino-americanos e as Nações desenvolvidas.
A América Latina entre os séculos XIX e início do XX
 A independência das nações latino-americanas e sua nova inserção no Capitalismo mundial – Alteração de caráter qualitativo.
 Os casos principais: Argentina e México.
 As novas relações de dependência – Um Conceito.
Da Independência às novas relações de Dependência:
 A independência das nações latino-americanas: Uma ruptura com o Império Colonial Espanhol.
 Governos e economias das nações latino-americanas: O caso da Argentina e do México.
O caso da Argentina: 
Após o processo de independência, cuja consolidação se dá apenas após a Guerra do Paraguai, a expansão da fronteira argentina foi a base do processo de incorporação da economia do país no Mercado Mundial.
 Esse processo foi viabilizado pala “Campanha do Deserto” – A sistemática expulsão dos indígenas de seus territórios ao sul de Buenos Aires, concomitantemente com a expansão da rede ferroviária, integrando o território nacional e otimizando o transporte de mercadorias e pessoas.
Continuação:
. Este largo espaço compreendia os chamados “pampas”, extensas planícies localizadas a sul da província de Buenos Aires, cuja incorporação produtiva seria o fator fundamental para a inserção da economia argentina no mercado mundial capitalista - A “Campanha do Deserto” e a implantação das ferrovias são processos indissociáveis.
. A “Campanha do Deserto” só foi possível com a consolidação do Estado Argentino, após o período das Guerras-Civis e da Guerra do Paraguai.
. A 1ª delas foi a de “Alsina” (nome do Ministro da Guerra), cujo objetivo era atingir o Rio Negro, construindo fortes que impediriam a passagem dos índios, bem como a construção de uma ferrovia e redes de telégrafo que ligou a Baía Blanca à Buenos Aires. Isso conteve os ataques indígenas
. A campanha seguinte foi chefiada pelo General Roca, entre 1878/9, que levou ao extermínio dos indígenas.
O Exército Argentino mobilizou um contingente de 6 mil homens, muito bem armados e equipados, com comunicações, logística e coordenação bem estruturadas, ocupando definitivamente o território até o Rio Negro e incorporando 550 mil Km2.
. Outrossim, a “Cia Ferrocarril Sud” recebeu concessões e seu capital subiu de 1 para 3 milhões de Libras, estendendo suas linhas para o sul, como parte de um grande programa de obras públicas financiado pelo governo. A rede ferroviária atingiu 30mil Km em 1910.
. A agricultura de exportação (trigo, gado, etc.) cresceu exponencialmente, porém com grande concentração fundiária, o que levou os pequenos proprietários a perder suas terras e a salários muito baixos. Isso levou a um elevado êxodo rural e a concentração populacional na cidade de Buenos Aires.
O Caso do México:
. Após a independência e após o início do Porfiriato – Período de 30 anos no
Qual o país foi governado por Porfírio Diaz, o México passou por um período de 
Estabilidade e progresso econômico, mas com a manutenção de graves descrê-
pancias sociais. Fortes investimentos, principalmente norte-americanos em 
Ferrovias, rede de telégrafo, portos e sistema bancário levaram a um crescimento-
 econômico significativo, bem como a organização da máquina estatal.
Isto dava a impressão de que o México caminhava para o desenvolvimento.
Porém, o continuísmo de Porfírio Diaz no poder (governou de 1876 à1880 e de 
1884 a 1911) e a falta de democracia, o exclusivismo da tecnocracia (os “cientí-
ficos”), a pobreza e a repressão às comunidades indígenas, cujas terras comu-
nais eram cobiçadas por empresas multinacionais.
. Isto dava a impressão de que o México caminhava para o desenvolvimento.
Porém, o continuísmo de Porfírio Diaz no poder (governou de 1876 à1880 e de 
1884 à 1911) e a falta de democracia, o exclusivismo da tecnocracia (os “cientí-
ficos”), a pobreza e a repressão às comunidades indígenas, cujas terras comu-
nais eram cobiçadas por empresas multinacionais para a produção de gêneros de exportação (principalmente açúcar).
. Por outro lado, resistia no México a propriedade comunal indígena, voltada pa-
ra as culturas de subsistência (principalmente milho e feijão). Eram exatamente essas as terras que os latifundiários ou os investidores estrangeiros queria desapropriar, “desenraizando” os indígenas e obrigando-os a trabalharem como assalariados (a baixíssimos salários) em produtos de exportação.
Como apenas 15% do território mexicano é aproveitável do ponto-de-vista agrí-
cola, temos aí um problema potencialmente explosivo.
O que encontramos no México após 1867 é um país marcado por uma
concentração exagerada de terra e uma economia que, no máximo, pode-se dizer,
atingiu formas pré-capitalistas. 
As tentativas de reforma por parte do governo porfirista em si, certamente não foi um dos motivos da Revolução que ocorreria no início do século XX, mas o seu desenlace e o cenário propício que desenvolveu para a continuidade dos latifúndios e da manutenção tanto do camponês como do índio presos à terra, como “peónes”. Assim, com estes impossibilitados de se converterem em assalariados capazes de atender aos interesses da burguesia nacional, grupo que tinha por objetivo se fortalecer face ao constante enriquecimento do capital estrangeiro em seu próprio país, essas consequências da Reforma propiciaram o cenário 
decrise aguda que viria a ser agravado durante o governo do repressor Porfírio Díaz, desencadeando o movimento da Revolução de 1910. A Revolução Mexicana.
Explorando o tema:
Indicação de filmes:
Sobre a Argentina no século XIX:
“ Felicitas” 
Sobre o México no século XIX:
“ Frida”
Aplicando o conhecimento
A Independência das nações latino-americanas, longe de instaurar a liberdade e a autodeterminação, apenas mudou qualitativamente as relações entre essas nações e as metrópoles do capitalismo.
Se antes as relações eram de caráter colonial, agora passa, às de dependência, ou, como querem alguns autores, neocoloniais.
. Relacione a situação econômico-social dos países latino-americanos hoje com as relações de dependência e subordinação estabelecidas no século XIX.
História da América II
Aula 3: O populismo na América Latina
Apresentação
Nesta aula, estabeleceremos o conceito de populismo com base em diferentes olhares e perspectivas, considerando sua aplicação na história da América Latina. É importante destacarmos que o populismo ganha espaço considerável no século XX e, para muitos analistas, tem ressurgido a partir da construção de políticas de massa. Vale ressaltar que o conceito ora é defendido, ora é criticado na academia e fomenta um debate que há décadas vem mesclando posições e opiniões. Analisaremos aqui algumas das principais características do populismo considerando o recorte dos anos 1930 e 1940 e três casos específicos na América Latina: Brasil, Argentina e México.
Objetivos
Estabelecer o conceito de populismo e analisar sua história;
Avaliar a aplicação desse conceito nas nações latino-americanas;
Reconhecer a formação do Estado populista na América Latina.
Você sabe o que significa Populismo?
 => Quando pensamos no termo populismo, imediatamente nos vem à mente a existência de governos de cunho popular e que buscam suas bases de assentamento nas massas, sobretudo nos trabalhadores.
Esse é um tema muito interessante e rico, pois, apesar de o situarmos no recorte das décadas de 1930 e 1940, permanece como uma característica de alguns governos contemporâneos que, cientes do papel de mobilização das massas, buscam nelas suas bases de apoio.
A seguir veremos como Angela de Castro Gomes (2001) e o “Grupo de Itatiaia” define o populismo.
Segundo Angela de Castro Gomes (2001), para um grupo de intelectuais conhecido como “Grupo de Itatiaia”, o populismo se define da seguinte forma:
Em primeiro lugar, o populismo é uma política de massas, vale dizer, é um fenômeno vinculado à proletarização dos trabalhadores na sociedade complexa moderna, sendo indicativo de que tais trabalhadores não adquiriram consciência e sentimento de classe: não estão organizados e participando da política como classe. As massas, interpeladas pelo populismo, são originárias do proletariado, mas dele se distinguem por sua inconsciência das relações de espoliação sob as quais vivem.
Só a superação dessa condição de massificação permitiria a libertação do populismo ou, o que seria quase o mesmo, a aquisição da verdadeira consciência de classe (...). Em segundo lugar, o populismo está igualmente associado a uma certa conformação da classe dirigente, que perdeu sua representatividade e poder de exemplaridade, deixando de criar os valores e os estilos de vida orientadores de toda a sociedade.
Em crise e sem condições de dirigir com segurança o Estado, a classe dominante precisa conquistar o apoio político das massas emergentes.
Finalmente satisfeitas estas duas condições mais amplas, é preciso um terceiro elemento para completar o ciclo:
o surgimento do líder populista, do homem carregado de carisma, capaz de mobilizar as massas e empolgar o poder.
 - GOMES, 2001
Construção do modelo populista
=> Para a construção do modelo populista, alguns elementos se fazem necessários, como um proletariado sem consciência de classe, uma classe dirigente em crise e um líder que possa arregimentar essas massas, transcendendo todas as fronteiras possíveis.
No caso da América Latina, tudo isso pode ser pensado como uma fase de transição de uma economia baseada em modelo agrário-exportador para uma fase mais moderna, de expansão urbana e industrial, em que a existência de massas se torna uma característica importante.
Atenção
Quando pensamos a relação do populismo como política de manipulação de massas, temos a interação entre Estado e classes populares no centro das discussões.
As massas são o objeto das políticas populistas, que visam manter aquelas sob controle e utilizá-las dentro do jogo político da contemporaneidade.
 => Movimentos populares
Temos de refletir acerca do contexto do século XX e a ascensão de movimentos populares.
A Revolução Russa produziu o fantasma do comunismo, e a crise do liberalismo e da democracia após a Primeira Guerra Mundial abriu caminho para correntes de pensamento de cunho antiliberal e antidemocrático, pregando a necessidade de um Estado forte, intervencionista e capaz de promover a ordem.
Exemplo
O fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha foram exemplos claros desse tipo de pensamento.
Populismo latino-americano
Cabe ressaltar que, na América Latina, sempre houve uma preocupação com possíveis sublevações das classes populares, o que acabou por fortalecer a ideia de construção de um Estado autoritário e centrado na figura de um líder carismático, capaz de influir nos conflitos sociais e políticos, estabelecendo um contato direto com as massas, aprofundando uma política de controle das classes trabalhadoras.
A figura do líder carismático em defesa do povo: uma das mais claras manifestações do populismo latino-americano.
Saiba mais
O movimento populista também é tido como de manipulação de massas, com políticos estigmatizados como enganadores e manipuladores por promessas não cumpridas.
Surge no contexto de crise das classes dominantes comprometidas com o capital estrangeiro e, em um momento de transição da própria estrutura econômica da região, uma mudança de política agrária para relações modernas de produção, amparadas em um processo de industrialização em desenvolvimento.
Sobre o assunto, Octavio Ianni (1989) destaca:
"Sob vários aspectos, o populismo latino-americano parece corresponder a uma etapa específica na evolução das contradições entre a sociedade nacional e a economia dependente.
A natureza do governo populista está na busca de uma nova combinação entre as tendências do sistema social e as determinações da dependência econômica.
Nesse contexto, as massas assalariadas aparecem como um elemento político dinâmico e criador.
As massas populistas possibilitam a reelaboração da estrutura e atribuições do Estado.
Segundo as determinações das próprias relações sociais e econômicas, na época do populismo, o Estado revela uma nova combinação dos grupos e classes sociais, em âmbito nacional e nas relações externas.
O colapso das oligarquias liberais ou autoritárias constituídas no século XIX, juntamente com as crises do imperialismo europeu e norte-americano, abre novas possibilidades à reorganização do aparelho estatal.
Aí as massas aparecem como um elemento político importante e às vezes decisivo."
 - IANNI, 1989
Natureza do governo populista => Onde se exprime mais concretamente o carácter do populismo.
Massas populistas => Pelas suas ações, tanto quanto na forma pela qual são manipuladas.
"(...) tende a permear ideologicamente os períodos de transição, particularmente na fase aguda dos processos de industrialização. É ponto de coesão e de sutura e, ao mesmo tempo, de referência e solidificação, apresentando grande capacidade de mobilização e oferecendo-se como fórmula homogênea a cada uma das realidades nacionais em face das ideologias “importadas”, como uma fórmula autárquica."- IANNI, 1989
Líderes populistas
A ideia de demagogia, as promessas e o personalismo fazem parte dos líderes populistas. Tanto na América Latina quanto no mundo contemporâneo, esses elementos continuam presentes. Em alguns casos, muda-se o nome, mas as características permanecem, em um processo que alguns denominam neopopulismo, uma versão atualizada do populismo praticado entre as décadas de 1930 e 1960.
Vamos analisar três casos específicos acerca do populismo na América Latina:
Brasil, com Getúlio Vargas;
Argentina, com Juan Domingo Perón;
México, com Lázaro Cárdenas.
Atenção
Vale ressaltar que esses não foram os únicos; houve outros e com características idênticas.
O populismo no México, na Argentina e no Brasil
Não há como agrupar e definir o populismo nos três países de forma idêntica, pois cada um tem suas especificidades.
Cárdenas e Perón foram eleitos democraticamente para a presidência de seus respectivos países, enquanto Vargas assumiu o poder por meio do que denominou revolução.
Todos se ampararam nas classes trabalhadoras e buscaram nelas seus elementos de fortalecimento.
O principal objetivo desses líderes era fazer frente ao domínio oligárquico que havia se estabelecido em seus países. Contavam fortemente com o apoio das massas, e seus discursos eram sempre direcionados a essa classe.
A seguir conheceremos mais profundamente cada um desses líderes. A seguir conheceremos mais profundamente cada um desses líderes.
Atenção
Cabe destacar ainda que a crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial aumentaram as tensões na região e a necessidade de manter o controle sobre o meio operário. Assim, para consolidarem seu poder, os políticos denominados populistas concederam alguns direitos que fortaleceriam sua imagem perante as massas, sobretudo no campo trabalhista.
Lázaro Cárdenas
Seu principal objetivo era modernizar a economia e a sociedade mexicana.
 => Lázaro Cárdenas foi presidente do México entre 1934 e 1940. Algumas de suas ações o caracterizam como populista
Realizou a reforma agrária, uma demanda do México que vinha desde a época da Revolução Mexicana;
Nacionalizou a exploração do petróleo mexicano, acabando com o privilégio das companhias petrolíferas estrangeiras que dominavam esse comércio no país, em sua maioria inglesas e estadunidenses;
Incentivou ainda a criação de sindicatos e, em seu mandato, formou-se a Confederação dos Trabalhadores Mexicanos, que incorporou outras centrais sindicais;
Incentivou a educação dos trabalhadores mexicanos e dos camponeses, dando-lhe um caráter mais laico.
Alguns historiadores não classificam o governo de Cárdenas como populista, mas sim como um governo nacionalista e corporativista.
Em seus discursos, Cárdenas buscava mostrar as massas como portadoras de direitos e as convidava a legitimar sua gestão e sua plataforma de governo.
Para obter apoio popular, ele se remetia aos signos da Revolução Mexicana, que tinham um forte apelo no imaginário social das massas, uma vez que canalizavam as expectativas de diferentes grupos.
Reforma agrária => Apesar de a divisão de terras no México já estar em andamento antes do governo de Cárdenas, a atuação dele não tinha precedentes na história do México até então.
Juan Domingo Perón
Assumiu a Secretaria de Trabalho e ali iniciou sua consolidação na política argentina, baseando-se na inserção popular, um modo inovador de fazer política, com a participação de trabalhadores e dos sindicatos.
As massas passaram a ter um espaço mais consolidado na vida política argentina.
 => Juan Domingo Perón governou a Argentina entre 1946 e 1955, e depois foi eleito para um novo mandato em 1973, falecendo um ano depois.
Getúlio Vargas
 => Com Getúlio Vargas não foi diferente. Assumiu o poder por meio de um golpe militar em 1930 e governou até 1945, sendo destituído e retornando, alguns anos depois, como presidente eleito democraticamente.
Vargas buscou consolidar-se junto aos trabalhadores e também buscou o apoio dos sindicatos, inserindo as massas na vida política brasileira.
Os três presidentes analisados aqui caracterizaram a política na América Latina de forma diferente, marcada pela inserção das massas e dos trabalhadores, que passaram a ocupar um espaço importante na vida política dos países analisados nesta aula.
Não podemos deixar de destacar que era necessário manter esses trabalhadores sob controle; a própria Revolução Russa e o advento do socialismo soviético haviam mostrado a necessidade desse controle.
HISTÓRIA DA AMÉRICA II
Aula 3 – A Revolução Mexicana
Conteúdo Programático desta aula
· A Sociedade mexicana no séculoXIX – Os antecedentes da Revolução.
· O Período “Porfirista” e as contradições da sociedade mexicana.
A Revolução Mexicana -Antecedentes
. A Revolução mexicana foi a 1ª grande revolução do século XX, e marcou a história do México e da América Latina por todo esse século.
 . Ao longo do século XIX o processo histórico mexicano foi caracterizado por intensas contradições.
 . Independente depois de uma guerra contra o Império espanhol que durou de 1810 a 1821, sob a liderança do Gen. Iturbide que se auto proclamou Imperador
 . Iturbide foi logo substituido por Guadalupe Vitória, 1º presidente da República mexicana.
 . Entre 1833 e 1855 o México foi governado pelo Ditador Gen. Antonio Lopez de Santa Anna. Seu governo autoritário e corrupto foi marcado pela perda de metade do território mexicano para os EUA, principalmente após a guerra de 1846/48.
 . O Gen. Santa Anna foi derrubado e em seu lugar assumiu o líder moderado Ignácio Comonfort e a Constituição de 1857
 . Consagrou princípios liberais. Os conservadores e a Igreja Católica não aceitaram tais avanços e iniciou-se uma sangrenta Guerra-Civil conhecida como “Guerra da Reforma”, que terminou em 1861 com a vitória dos Liberais chefiados por Benito Juarez que adotou uma política econômica nacionalista, suspendendo os pagamentos da dívida externa. Isto levou a uma invasão do México pela França, apoiada pelo Reino Unido e pela Espanha; por iniciativa de Napoleão III, celebraram o Tratado de Londres em 31 de outubro, unindo assim os seus esforços no sentido de levar o México a retomar os pagamentos.
. Os franceses colocaram no trono do México Maximiliano de Habsburgo. Seu governo atendia aos interesses europeus e apoiava-se no exército francês embora os mexicanos movessem guerra constante ao invasor.
 . Em 1866 a rebelião contra o invasor francês ganha força e Napoleão III anuncia a retirada, e em 1867 Maximiliano é derrotado, preso e fuzilado. A república foi restaurada no México e Benito Juárez novamente eleito presidente. Após a vitória republicana, os conservadores ficaram desacreditados por terem apoiado os franceses e ficaram no ostracismo. O conflito teve sérias consequências para o México: ampliou o período de instabilidade política; a dívida externa do país aumentou e a produção agrícola e industrial paralisaram.
. Foi elaborada uma nova constituição que, entre outras coisas, confiscava as propriedades da Igreja Católica, estabelecia os casamentos civis e proibia a participação dos sacerdotes na política. 
 . No entanto, havia um grande ressentimento dos conservadores contra o presidente Juárez , o que conduziu à rebelião contra o governo liderada por um dos generais do exército, Porfírio Díaz, em 1876.
O Porfiriato:
Porfírio Díaz chegou ao poder. Durante cerca de trinta anos (1876-1911), ele foi o Ditador do México, tendo as infraestruturas do país sido substancialmente melhoradas, em grande parte graças ao investimento estrangeiro. Este período de prosperidade e relativa paz nacional ficou conhecido como o “Porfiriato”.
. Contudo, o povo não era beneficiado com o governo; os investidores eram atraídos pelos baixos salários dos operários, o que acabaria por provocar uma divisão social muito marcada. Apenas um punhado de investidores (nacionais e estrangeiros) enriquecia, enquanto a grande maioria do povo permanecia na mais profunda pobreza. A democracia foi totalmente suprimida e a dissensão era tratada de modo repressivo, muitasvezes brutal.
Para Díaz, os indígenas do México eram um obstáculo ao progresso (apesar de séculos de civilizações pré-europeias avançadas) e o verdadeiro progresso era à Europeia.
. Em 1910, Díaz, decidiu convocar eleições visando sua reeleição. Pensava ter eliminado qualquer oposição capaz de lhe fazer frente no México; contudo, Francisco Madero decidiu concorrer contra ele tendo obtido rapidamente o apoio popular apesar de Díaz ter ordenado a sua prisão.
Quando os resultados oficiais da eleição foram anunciados, Díaz foi declarado vencedor, com Madero a receber apenas algumas centenas de votos em todo o país. Esta fraude era demasiado gritante para ser ignorada pelo povo. Madero procedeu então à elaboração de um documento, conhecido como Plano de San Luis Potosí, no qual incitava o povo mexicano a pegar em armas contra o governo de Porfírio Díaz em 20 de novembro, de 1910.
Assim teve início a Revolução Mexicana.
A Revolução:
Madero foi detido em San Antonio, Texas, mas o seu plano surtiu efeito. O exército federal foi sendo progressivamente derrotado pelas forças revolucionárias comandadas por, entre outros, Emiliano Zapata no Sul, Pancho Villa e Pascual Orozco no Norte e Venustiano Carranza. Porfírio Díaz renunciaria ao cargo de presidente em 1911 em prol da paz nacional, tendo-se exilado na França, onde morreria em 1915.
. Os Estados Unidos nada fizeram contra Francisco Madero, mas recusou-se a fornecer armas aos rebeldes e enviou uma esquadra à costa mexicana do Pacífico.
. Em março de 1911 o Estado de Morelos aderiu à revolta com a guerrilha chefiada por Emiliano Zapatta.
. Esse fato, mais a queda de Ciudad Juarez para os revolucionários, levou a um acordo entre os “maderistas” e os “federais”, constituindo-se um governo provisório.
. Francisco Madero entrou na Cidade do México em 7 de junho de 1911.
. A situação era complexa, pois os setores populares e camponeses armados (nas guerrilhas e “Exércitos Populares”) queriam soluções radicais e o governo provisório e as elites, soluções “legais”, parciais. Havia o Exército Federal (ainda forte) e os “Exércitos Revolucionários” chefiados por Zapatta e Pancho Villa. Madero propõe a extinção do “Partido Antirreelecionista” 
que fundara para combater o “Porfirismo, causando insatis-
fação. Surgem vários partidos de várias tendências (inclusive
Anti-revolucionárias).
. Em 12 de julho, na cidade de Puebla, Madero critica os revolucionários insistindo em sua desmobilização. Emiliano Zapatta se nega a fazê-lo à não ser que a terra seja devolvida aos indígenas, o que leva o governo provisório a intervir no Estado de Morelos enviando o Exército Federal sob a chefia do General Huerta (“porfirista”) com grande violência, levando os “zapatistas” de novo à guerrilha.
. As eleições são realizadas nesse clima de tumultos, confrontos e greves, mas Francisco Madero assume a presidencia do México em 6 de novembro de 1911.
. Em outubro de 1912 Madero enfrentou uma rebelião “porfirista”
O que demonstrava a insatisfação com seu governo de coalizão, mas que excluía quase totalmente os revolucionários.
 . Emiliano Zapatta lançou o “Plano de Ayala” que propunha a devolução imediata das terras indígenas, a expropriação dos latifúndios e a nacionalização dos bens de todos os anti-revolucionários, bem como considerava Francisco Madero “traidor da Revolução”. Madero respondeu enviando tropas contra os zapatistas.
 . No norte do México, o General Pascoal Orozco aderiu ao “Plano de Ayala” e Madero envia contra ele o Exército Federal chefiado por Huerta. Encaminhou também ao Congresso propostas governamentais para tentar resolver a questão agrária.
. Em fevereiro de 1913 houve um golpe militar na Cidade do México que exigia a renúncia de Francisco Madero e era apoiado pelos EUA. O General Victorino Huerta aderiu ao golpe e com o apoio do embaixador norte-americano Wilson, prendeu e fuzilou o Presidente Madero.
. Com Huerta estavam os norte-americanos, banqueiros, industriais, grandes proprietários de terra, a Igreja e o Exército Federal. Uma vez no poder, Victoriano Huerta tornou-se um ditador que anulou a democracia e a liberdade por meio da força militar. Huerta, tinha os apoios acima, com a exceção de José María Maytorena, governador de Sonora, e de Venustiano Carranza, governador de Coahuila. 
. A gestão huertista propôs-se a conseguir a pacificação do país e obter o reconhecimento internacional do seu governo, principalmente dos Estados Unidos. Porém, nos EUA, tomara posse o Presidente Wilson, que não apoiava Huerta e declarou neutralidade no conflito.
. Venustiniano Carranza tornou-se líder da oposição à ditadura do Gen. Huerta, e formou o “Exército Constitucionalista” e lançando o “Plano de Guadalupe” , com o apoio de Alvaro Obregon, que chefiava a Division del Nordeste e Francisco “Pancho” Villa, que chefiava a Division del Norte, enquanto Emiliano Zapata mantinha-se independente do “Constitucionalistas” .
. Francisco “Pancho” Villa, que chefiava a revolução no norte conseguiu tomar a cidade de Zacatecas e celebrou um “pacto” com Carranza no qual reconhecia a autoridade deste e as Divisões do Norte (chefiada por Villa) e do Nordeste se uniam contra o Exército Federal.
. Em abril de 1914 os EUA ocuparam o porto de Vera Cruz rompendo com o regime do Gen. Huerta.
. Sem saída, e sem o apoio norte-americano, o General Huerta renunciou e exilou-se, e Carranza entrou na Cidade do México em 20 de agosto de 1914 assumindo o poder como “1º Chefe do Exército Constitucionalista”. 
. Depois deste acontecimento aprofundaram-se as diferenças entre as facções que haviam lutado contra Huerta, o que desencadeou novos conflitos. 
. Venustiniano Carranza, chefe da Revolução de acordo com o “Plano de Guadalupe”, convocou todas as forças à “Convenção de Aguascalientes” para nomearem um líder único e sem a presença de Pancho Villa e Emiliano Zapata. 
. Nessa reunião Eulalio Gutiérrez foi designado presidente do país, mas as hostilidades reiniciaram-se quando Carranza rejeitou o acordo exigindo o desarmamento dos “zapatistas” e “villistas” que ocupavam a capital e chegavam a um acordo.
. Em 1915 Carranza e os “Constitucionalistas” governavam de fato o México à partir de Vera Cruz, reformando o “Plano de Guadalupe” e promulgando leis, a seguir, conseguiu retomar a iniciativa com o apoio do General Alvaro Obregon, que conseguiu derrotar Pancho Villa em Cellaya.
. Pancho Villa e Zapata, apesar de aliados, não agiam em comum
Depois de derrotarem a Convenção, os constitucionalistas puderam iniciar os trabalhos de redação de uma nova
. Pancho Villa e Zapata, apesar de aliados, não agiam em comum
e o 1º atacou a cidade de Columbus nos EUA, depois que este país reconheceu o governo Carranza. Isto motivou uma intervenção norte-americana contra Pancho Villa, que não teve sucesso.
. Em 1917 Venustiniano Carranza e os Constitucionalistas promulgaram a Constituição Mexicana (que vigora até hoje), mas isso não garantiu a paz, pois vários grupos atuavam contra ele, principalmente os seguidores de Pancho Villa e de Zapata.
. Contra os zapatistas Carranza lançou uma campanha de extermínio chefiada pelo Gen. Guajardo. Este, por meio de uma traição, assassinou Emiliano Zapata em abril de 1919.
Fim da Revolução:
. Como a sucessão presidencial aproximava-se, Carranza acusou
o General Alvaro Obregon de traição, para favorecer seu candidato, levando à elaboração do “Plano de Águas Pretas” e a formação de uma coalizão Anti-Carranza baseada no Estado de Sonora. Atacado, Carranza fugiu da Cidade do Mexico para Vera Cruz, mas no caminho foi preso e fuzilado.
. Assumiu o poder provisório Adolfo de la Huerta, que conseguiu que Francisco Pancho Villa depusésse armas e retirasse para uma fazenda. Com as eleições de 1920 o General Alvaro Obregon assumiu o poder entre 1920 e 1924.
. Pancho Villa foi assassinado em 1923 e o General Obregon em 1928 pouco antes de assumir pela 2ª vez a presidência.
A partir daí a Revolução passa à sua fase de Institucionalização, com a fundação do Partido Nacional Revolucionário em 1929 quegovernou o país por 70 anos.
Filmes sobre o tema:
. Sobre Emiliano Zapata:
“Viva Zapata!” – Com Marlon Brando
. Sobre Pancho Villa:
“Pancho Villa” – Com Antonio
Banderas
História da América II
Aula 4: O continente americano e a Segunda Guerra Mundial
Apresentação
Nesta aula, vamos analisar a inserção do continente americano no contexto da Segunda Guerra Mundial. Para isso, discutiremos sobretudo como a região se preparou para o conflito. Os países da América se organizaram e estabeleceram posições diante da guerra firmando alianças e interesses comuns para a região sob a liderança dos Estados Unidos. A participação do continente americano no conflito ocorreu de forma direta, com envio de tropas por alguns países e com a consolidação definitiva dos Estados Unidos como potência regional e mundial.
Objetivos
Estabelecer a relação entre o continente americano e a Segunda Guerra Mundial;
Analisar os acordos e a posição da América diante do conflito;
Avaliar as consequências da guerra para os americanos;
Relacionar a Segunda Guerra Mundial e seus desdobramentos com as mudanças ocorridas na região.
Introdução
Conforme estudamos em aulas anteriores, desde o início do século XX, o continente americano passou por muitas transformações, incluindo revoluções, participação em conflitos internacionais e advento de governos populistas. Houve ainda o advento de um novo conflito internacional, a Segunda Guerra Mundial.
Nas palavras de Eric Hobsbawm, esse conflito foi global e praticamente todos os estados independentes do mundo se envolveram, forçadamente ou não, embora a América Latina participasse de forma mais nominal.
 => Os Estados Unidos e a América Latina antes da Segunda Guerra
Os Estados Unidos adotaram uma postura de distanciamento em relação aos acontecimentos europeus, buscando se aproximar cada vez mais de seus parceiros latino-americanos. Com a ascensão de Franklin Delano Roosevelt à presidência da República em 1933, houve uma reorientação da política estadunidense.
Atenção
O Big Stick, política estabelecida no final do século XIX, dá lugar à política de boa vizinhança.
O objetivo era diminuir ainda mais a influência europeia, em especial a alemã e a italiana, na região.
As décadas de 1930 e 1940 marcaram essa política de aproximação dos Estados Unidos com a América Latina por meio de uma forte massificação cultural ― essencial para que os Estados Unidos se afirmassem ―, inserindo, em todos os países da região, sobretudo no Brasil, sua cultura, seus costumes...
…o “American Way of Life”. => Modo de vida americano
Para fortalecer essa política, foi criado um órgão específico pelo governo estadunidense, o OCIAA, sob a direção de Nelson Rockefeller.
OCIAA => Ofice Coordinator Inter-American Affairs => Coordenador de Escritório Assuntos Interamericanos
OCIAA permaneceu em atuação durante todo o período da guerra; no Brasil, assim que o conflito se encerrou, o escritório foi fechado.
Segundo Gerson Moura (1985), o OCIAA atuou em segmentos distintos, desde o combate à malária no Nordeste até a vinda de astros de filmes hollywoodianos para férias em nosso país e, consequentemente, para a divulgação de seus trabalhos.
Era uma forma de fortalecer o mercado externo para os Estados Unidos, que buscavam se recuperar dos efeitos da crise de 1929, e expandir a indústria do cinema hollywoodiano.
 => Os Estados Unidos procuraram afirmar sua soberania
No campo político, os Estados Unidos procuraram afirmar sua soberania sobre a América formando alianças que visavam sobretudo impedir a penetração dos países fascistas e garantir a supremacia dos estadunidenses diante de seus irmãos latinos.
Assim, foram realizadas várias conferências, nas quais se procurava estabelecer qual seria a posição da região em relação aos acontecimentos europeus. Não podemos deixar de destacar que a iniciativa para a realização dessas conferências era sempre dos Estados Unidos.
Veremos a seguir as conferências interamericanas e a entrada do continente americano na Segunda Guerra.
 => Conferência de Buenos Aires
A Conferência de Buenos Aires, realizada em 1936, nessa cidade, tinha a preocupação de assegurar uma defesa continental comum para a região diante de um possível conflito internacional. 
Segundo Seintenfuss (1981, p. 281):
"Nessa oportunidade, adota-se uma recomendação segundo a qual qualquer atentado à soberania de um Estado do continente por um Estado extracontinental é considerado atentado ao conjunto do Novo Mundo."
 - SEINTENFUSS, 1981
Essa preocupação com a segurança continental foi reforçada nas conferências seguintes, que contaram com a participação de todos os países do continente americano.
 => Conferência de Lima
Em dezembro de 1938, tivemos a VIII Conferência Pan-Americana, conhecida como Conferência de Lima, ocorrida no Peru, e que também contou com a participação de vários países do continente. Vejamos o principal item da agenda dessa conferência.
A implementação da Declaração de Buenos Aires de 1936, que instituía que qualquer ato suscetível de perturbar a paz do hemisfério dizia respeito a todos os Estados e justificava uma consulta. A delegação dos EUA:
"(...) esperava obter aprovação da declaração segundo a qual a tentativa de um Estado não americano de perturbar a paz de uma nação americana dizia respeito a todos e que tomariam iniciativa para uma resistência conjunta."
 - MACCAN, 1995
Ainda sobre a conferência, podemos destacar o seguinte:
"(...) defesa continental contra as ameaças externas; reunião não protocolar e urgente dos ministros das Relações Exteriores quando uma situação, continental ou extracontinental, o exigir; não reconhecimento das aquisições territoriais realizadas através da coerção ou força; rejeição do conceito de minoria étnica, linguística ou religiosa."
 - SEINTENFUSS, 1981
Os países do Eixo acompanhavam atentamente os acontecimentos da Conferência de Lima. A imprensa italiana destacava que esse era um sonho do presidente Roosevelt e que não se consolidaria. Já a imprensa alemã definia a conferência como uma manifestação do imperialismo político e econômico dos Estados Unidos.
Países do Eixo => Alemanha, Itália e Japão.
O documento final dessa conferência, conhecido como Declaração de Lima, estabeleceu como princípios importantes a consagração da não intervenção estrangeira nas questões continentais e, quando houvesse necessidade, a convocação de reuniões extraordinárias por qualquer país signatário da Conferência de Lima.
Iº Reunião Extraordinária de Ministros de Relações Exteriores das Repúblicas Americanas
Após a eclosão da guerra na Europa, os países do continente americano decidiram convocar uma reunião extraordinária, item previsto na Conferência de Lima.
Ocorreu a Iº Reunião Extraordinária de Ministros de Relações Exteriores das Repúblicas Americanas, em setembro de 1939, que apresentou alguns pontos principais.
Ao final da reunião foram geradas algumas declarações.
Declaração do Panamá => A Declaração do Panamá tornou efetiva a neutralidade e a paz no continente americano e criou uma zona de segurança continental marítima no Atlântico.
=> Conferência de Havana
Buscando posicionar o continente americano acerca dos acontecimentos internacionais, foi realizada a Conferência de Havana, que objetivava fornecer uma visão comum acerca do contexto internacional e reforçar as decisões adotadas nas conferências e reuniões anteriores.
Conferência do Rio de Janeiro
Em dezembro de 1941, os Estados Unidos tiveram uma frota naval localizada em Pearl Harbor, no Pacífico, atacada pelos japoneses, o que gerou uma imediata declaração de guerra, mergulhando o Novo Mundo em um conflito de proporções internacionais.

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