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RESENHA SOBRE A MORTE E O MORRER

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UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO – UNISA
RESENHA LIVRO:
SOBRE A MORTE E O MORRER
PROF. LILIAN LEITE
ABRIL.2020
A morte é a única certeza que temos, todos os seres vivos estão ligados por essa característica e, nenhum de nós pode dizer estar livre dela. As diferentes interpretações nos mostram um retrato do caminho em direção à morte, o qual tememos, mas não existe outra opção, não existem desvios, não temos rotas alternativas.
A autora relata a impressão de que com o avanço tecnológico e medicinal uma falsa impressão que o momento da morte não chegaria foi criada fazendo com que os debates relacionados a esse tema se tornassem tabu, para evitar assim a certeza que iremos morrer, e por conta da escassez comunicativa em relação ao tema, a pessoa que passa pelo processo de luto pode levar a morte como algo solitário, mecânico e até desumano. É essa relação que a autora vai buscar compreender através de entrevistas com diversas pessoas, tanto as que passaram pelo processo de luto de queridos como estudiosos e religiosos que de alguma maneira possuiam opinião e relação diferentes com esse processo.
A palavra morte em si está ligada a algo ruim por diversas culturas, até mesmo pelo fato da morte ser algo complexo para se entender de fato, além disso o medo que temos pela morte é colocado como algo comum e universal.
Elizabeth, autora do livro , trabalhou em um período de sua vida com pacientes terminais em um hospital, e primeiramente realizou entrevistas onde os pacientes passavam suas ideias sobre a morte, a doença, suas historias de vida ou algo que a pessoa gostaria de falar, partindo disso ela organizou um seminário que envolvia médicos e pessoas religiosas para discutir o tema e as idiossincrasias envolidas. 
Ao falar com os religiosos, percebeu que na religião a morte é geralmente tratada como uma passagem, trazendo um certo conforto para o paciente que passa por essa situação, assim como nas culturas asiáticas e orientais como vimos no filme indicado durante o curso. 
Elizabeth descreve e define o luto em 5 estágios, o primeiro é a negação e o isolamento,caracterizado pelo momento em que o paciente toma o conhecimento da sua fase terminal e a maioria reage com um “não ,não é verdade”, buscando uma afirmação que os conforte ou iluda, condizendo com seu estado de negação, então acabam pedindo novos exames ,buscando outros médicos que possam suprir aquilo que o paciente acredita que seja um erro médico ou um equívoco.
A negação é uma defesa temporária, que logo irá se passar e dará espaço para a aceitação parcial, onde o sujeito ainda não concorda, mas vê que se trata da realidade, pois ele não possui suporte para fundamentar sua descrença.
O segundo estágio e a raiva o “não ,não é verdade “ logo se é substituído por “é, é comigo “, isso ocorre quando o estágio de negação não tem mais suporte, e o sentimento da raiva vem acompanhado da revolta, inveja, e é uma parte bem delicada do ponto de vista dos familiares e funcionários, já que a raiva acaba sendo projetada de diversas maneiras, muitas vezes sem razão .
O terceiro estágio é a barganha, estágio este onde um paciente faz promessa e negocia fazendo por exemplo uma promessa aos santos que acredita para barganhar a cura. Nesse estágio a esperança se acentua e ele acredita fortemente que irá conseguir ficar melhor, e inconscientemente ele pode se ver extremamente importante na sociedade e para a família, e utiliza roda essa barganha como fuga dessa ideia de perder a vida, se iludindo e criando uma nova realidade futura de cura e resiliência à situação.
No quarto estágio caracterizado pela depressão, onde nesta fase ele não nega sua doença, pois ele já se submeteu a diversas intervenções por conta da doença, e nesta altura já e algo inegável ,e por muitas vezes o paciente se afunda pois ele já se comparou com os outros, já tentou achar um culpado, já se culpou e em seguida vem o período em que ele realmente percebe que não tem mais nada a ser feito.
No quinto estágio, de aceitação, é o momento aonde a pessoa se prepara pra morrer, e já aceita que não há recursos para evitar seu destino, logo ela cria um vínculo muitas vezes na fé como um conforto e algo a se apegar. Vale ressaltar que uma das coisas que se matém fixa em todos os estágios é a esperança, que pode ser de cura, uma melhora significativa, podendo também partir dos familiares que estão acompanhado o paciente , que tiveram que lidar com as mudanças de rotina, financeiro, ao momento de ter a notícia sobre a patologia e a possível noticia da perda. Esses estágios acontecem tanto com o paciente que recebe a notícia quanto com os familiares e pessoas próximas, pois estão diretamente ligados à situação.
Após todo o processo de leitura e compreensão do livro juntamente com as outras mediações durante o curso e as aulas, uma reflexão inevitável sobre a morte nos parliza e convida a reformular nossos próprios conceitos e modos de lidar com a mesma. Pensamentos sobre a vida, sobre a maneira como nos despedimos dela e também a maneira como nos despedimos da vida das pessoas próximas a nós. 
A vida é muitas vezes comparada a uma corrida, uma longa maratona, não concordo com isso, pelo menos quando observamos o final dela. O objetivo de todo corredor, de todo maratonista, é de cruzar a linha de chegada e lá, depois da linha, tendo vencido ou não, gozar da alegria de ter cumprido um objetivo. Na vida isso não acontece, temos uma linha de chegada, da qual não é possível desviar, porém buscamos retardar essa chegada a todos custo, buscamos artifícios e recursos para retardar e se possível, por enquanto não, evitá-la. Na corrida da vida, uma vez cruzada a linha de chegada, não fazemos idéia do que existe após essa linha. Buscar a morte é buscar um prazer, ou um sentimento, que não seremos capazes de sentir, é buscar um alívio que virá pela simples razão de não podermos senti-lo.
Sem pressa, lentamente caminhamos para a morte, por mais rápido que possa parecer, a morte ocorre lentamente, dizem que quando estamos à beira da morte, nossa vida passa diante de nós como num flashback, lentamente caminhamos para o fim sem retorno. 
Falar sobre a morte, escrever sobre algo que buscamos evitar com todas nossas forças, é falar sobre algo que reina enquanto houver vida. Temos medo da morte, é nosso maior medo, falar sobre algo que é irreversível, nos faz temer e evitar falar sobre o assunto. Não existem religiões nem filosofias que nos façam evitar esse sofrimento. A morte é algo particular, é algo que cada indivíduo terá de enfrentar. Falar abertamente, discutir sobre a forma como ela ocorre talvez nos ajudaria a minimizar esse medo. Nossa sociedade não está aberta a isso, nem possui espaços onde o assunto possa ser tratado sem preconceitos, sem medo. Sem esse espaço acabamos não cuidando de nossa mente adequadamente, não compreendemos e não a aceitamos.
O momento da morte é indefinido, tanto o momento quanto o tempo necessário para morrer. A evolução da tecnologia e da medicina tem prolongado o tempo de vida do ser humano e em muitos casos prolongado o momento da morte, um exemplo disso é o do piloto de fórmula 1 Michael Schumacher, vítima de um acidente fatal, estaria morto a anos não fosse a medicina e o recursos tecnológicos aos quais tem acesso. Não é objetivo deste texto tomar partido sobre a validade ou não desses procedimentos. Estamos avaliando o momento da morte, da brevidade ou não desse momento e dos sentimentos envolvidos nos últimos segundos ou anos de cada ser vivo. Penso que o momento da morte, em segundos ou anos sejam percebidos com a mesma duração.
Salomão, um dos escritores da Bíblia Sagrada, escreveu: “Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer”, vida e morte estão unidas, não são contrárias, podemos até entendê-las como irmãs, no mais profundo sentido do termo, complementam-se no ser humano e dependem uma da outra. Cada uma tem seu tempo. Aqui há necessidade da compreensão, necessidade do entendimento que é necessário deixar uma partir quando a outraestá por chegar. A música O Cisne nos mostra o quão intenso e agonizante esse momento pode ser, porém precisamos vivê-lo em algum momento.
O que então nos causa tanto assombro quando pensamos em morte? A ausência? A dor? A perda? Penso que nenhuma dessas. Talvez o que realmente nos cause medo quando pensamos na morte é o caminho que devemos trilhar, o percurso, a corrida que fazemos em direção a ela, essa sim nos parece dolorosa e nos causa medo. A morte sempre nos sobrevém como um ladrão como algo que usurpa de nós o que de melhor temos, nossa vida e a vida de nossos queridos. Não há como não temê-la. Vivemos grande parte de nossas vidas com medo de coisas que dificilmente ocorrerão, ou que na pior das hipóteses são inevitáveis, logo nosso medo não resolve o problema, muito pelo contrário cria obstáculos.
A vida, em seu curso normal, nascer - crescer - envelhecer - morrer, está fora de nosso controle, estamos constantemente caminhando em direção ao fim iminente, não há o que fazer. Se não encararmos o medo da morte, corremos o risco de vivermos engaiolados, com medo de ousar, de inovar, de pular de paraquedas, de andar de bicicleta, não digo de se expor ao risco da morte de forma inconsequente, digo de nos podar de experiências e prazeres pelo simples fato de temermos a morte. 
Precisamos nos conectar com a vida, buscar viver uma experiência plena, dentro dos limites e das circunstâncias nas quais estamos inseridos, quer esteja iminente quer esteja distante, nunca saberemos quando, cabe a nós, assim como o cisne retratado na música, enfrentar nosso destino porém, vivendo intensamente cada momento terminando nossa jornada com a certeza de que tivemos uma vida plena, mesmo que essa certeza chegue no momento que a vida cessar e a morte assumir o controle.

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