A função Social do Contrato

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A Função Social do Contrato
O código civil de 2002 implementa o sistema de clausulas gerais, de caráter genérico e abstrato, cujos os valores devem ser preenchidos pelo juiz, que desfruta, assim de certa margem de interpretação.
O legislador convencido de que as leis rígidas, definidoras de tudo e para todos os casos, são necessariamente insuficientes e levam seguidamente a situações de injustiça.
Nesse diapasão o legislador resolveu deixar janelas abertas, para que a doutrina e a jurisprudência defina seu alcance, formulando o julgador a própria regra concreta do caso. Assim encontra-se a FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO ( Art. 421, c.c.) – Direito Civil Brasileiro, vol. 1; parte geral; Carlos Roberto Gonçalves; 2012, pág 38.
Prega-se que a função social do contrato é o limite da liberdade de contratar, passível até e anulidade do negócio jurídico celebrando em estado de perigo, desde que muito oneroso a parte que se encontra nessa posição. Pois dessa forma afronta-se o princípio de paridade das armas e equidade que deve-se observar durante toda a execução do contrato. – Direito Civil Brasileiro; Vol 1; parte geral; 2012, pag 306, 409. 
Parte da doutrina a exemplo de Maria Helena Diniz¹, critica a redação do art. 421 do C.C., pois se refere ao termo “liberdade de contratar”. De fato, a liberdade de contratar “celebrar contrato” é inerente a todos aqueles que possuem capacidade negocial. Melhor seria o artigo falar em “liberdade contratual”, referindo-se especificamente as cláusulas do contrato. Além disso, a expressão “em razão” deveria ser suprimida ao passo que a liberdade está limitada pela função social, mas não é a sua razão de ser. – Direito Civil; Vol 13; Luciano Figueiredo e Roberto Figueiredo; Pág. 140.
Dessa forma obtemperam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald Junior², a liberdade passou a ter como fundamento meritório a função social, sendo esta a causalidade dos negócios jurídicos. Todavia a função social não capacita-se de poder para excluir a função individual. Dessa forma a função social não exclui a individual do contrato, não a exclusão, mas sim conformação. E o desrespeito a conformação, gerará a invalidade contratual.
Na ótica do contrato como relação jurídica inter partes, visando obediência à lealdade negocial, boa-fé objetiva e equivalência contratual entre os contratantes “justiça contratual”. Aqui se coloca a noção de obrigação como processo e adimplemento largo, buscando respeito a todos os deveres anexos do pacto. A função social, no seu viés interno, tem por objetivo a auto-regulamentação de interesses individuais, ensina Paulo Lôbo³. 
Acolhendo a função interna da função social verbera o enunciado 360 do Conselho da justiça federal que “ o princípio da função social dos contratos também pode ser eficácia interna entre as partes contratantes”. Flávio Tartuce4, autor da proposta do supracitado, afirma que o aspecto interno da função social do contrato tem cinco fundamentos principais: 
I proteção dos vulneráveis contratuais
II vedação á onerosidade excessiva 
III proteção da dignidade da pessoa humana e dos direitos da personalidade
IV Nulidade ou ineficácia de cláusulas sociais abusivas 
V Objetivo de conservação contratual, sendo sua extinção subsidiaria 
Dos fundamentos citados observa-se a fundo o de “vedação a onerosidade excessiva”, onde busca-se a equidade entre as partes e o de “nulidade ou ineficácia de clausulas sócias abusivas”, item que aprecia-se que sendo a função social uma questão de ordem pública, o seu desrespeito é capaz de ocasionar a nulidade ou ineficácia da clausula contratual e quiçá, do contrato, como por exemplo no caso de nulidade de clausula penal e eventual inadimplência, por parte do locatário no contrato de locação de imóvel. - Direito Civil; Vol 13; Luciano Figueiredo e Roberto Figueiredo; Pág. 140 – 146. 
1. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Teoria das Obrigações Contratuais e Extracontratuais. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 42.
2. FARIAS, Cristiano Chaves de; e ROSENVALD JR., Nelson. Contratos. Teoria Geral dos Contratos e Contratos em Espécie. Vol. IV. 5° ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 186.
3. LÔBO, Paulo. Direito Civil. Contratos. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 64
4. TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Vol. Único. 4. Ed. São Paulo: Método, 2014. p. 573 – 576.