Buscar

O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS 
 
 
CAJAZEIRA, Nivea Bruno Ribeiro 
 
 
RESUMO 
O presente trabalho visa apresentar aspectos gerais do princípio constitucional da função social do 
contrato. Apresenta de como a codificação se faz necessária em uma sociedade profundamente 
estratificada, e marcada por uma grande desigualdade que deforma as camadas sociais. Assim traz 
parâmetros de que a liberdade de contratar está atrelada aos fins sociais do contrato, sobressaindo 
ainda os princípios da boa-fé e da probidade. 
 
Palavras-chave: 1. Função Social; 2. Boa Fé; 3. Contratos 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O princípio da função social do contrato surgiu da necessidade da obtenção da justiça, 
diante das injustiças sociais, do pensamento individualista, dos interesses particulares que muitas 
vezes são enfatizados nas relações contratuais da sociedade desde os tempos das grandes 
revoluções. 
O pensamento de proporcionar o bem da coletividade deveria respaldar a igualdade dos 
sujeitos de direito. A liberdade de cada um seria respeitada e o bem comum alcançado entre as 
partes contratantes. 
 
 
O princípio da função social dos contratos, escrita no art. 421 do Código Civil que diz: “A 
liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. Os 
contratos devem ser interpretados de acordo com a concepção do meio social onde estão inseridos, 
não trazendo onerosidade excessiva às partes contratantes, garantindo que a igualdade entre elas 
seja respeitada, mantendo a justiça contratual e equilibrando a relação onde houver a prevalência da 
situação de um dos contratantes sobre a do outro. Valoriza-se a equidade, a razoabilidade, o 
bom-senso, afastando-se o enriquecimento sem causa, ato unilateral vedado expressamente pela 
própria codificação, nos seus arts. 884 a 886. Por esse caminho, a função social dos contratos visa à 
Nivea Bruno Ribeiro Cajazeira, graduando pela UVA - Universidade Veiga de Almeida, email 
niveacajazeira@gmail.com 
 
proteção da parte vulnerável da relação contratual. Pode-se afirmar que a real função do contrato 
não é a segurança jurídica, mas sim atender os interesses da pessoa humana. 
O art. 2.035, parágrafo único, do Código Civil diz “Nenhuma convenção prevalecerá se 
contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a 
função social da propriedade e dos contratos.” é o artigo de maior relevância a função social dos 
contratos na legislação brasileira, pois, compara a função social dos contratos à função social da 
propriedade (stricto sensu), dotando a primeira de fundamento constitucional (concepção 
civil-constitucional do princípio); Prevê expressamente que a função social dos contratos é preceito 
de ordem pública, o que faz com que caiba sempre declarar a sua proteção, ex officio, pelo 
magistrado e eventual intervenção do Ministério Público. Traz em seu bojo o princípio da 
retroatividade motivada ou justificada, princípio anexo à função social dos contratos. Por fim, 
quando da IV Jornada de Direito Civil foi aprovado o Enunciado n. 300 do CJF/STJ, com o 
seguinte teor: “A lei aplicável aos efeitos atuais dos contratos celebrados antes do novo Código 
Civil será a vigente na época da celebração; todavia, havendo alteração legislativa que evidencie 
anacronismo da lei revogada, o juiz equilibrará as obrigações das partes contratantes, ponderando os 
interesses traduzidos pelas regras revogadas e revogadora, bem como a natureza e a finalidade do 
negócio”. O enunciado reforça o entendimento pela constitucionalidade do dispositivo e pela 
possibilidade de aplicação do Código Civil aos contratos anteriores a 2002, recomendando ao 
aplicador do Direito que faça uma ponderação quanto aos interesses relacionados com o contrato no 
momento da aplicação. A função social dos contratos pode ser conceituada como sendo um 
princípio contratual, de ordem pública, pelo qual o contrato deve ser, necessariamente, visualizado e 
interpretado de acordo com o contexto da sociedade. 
Como é notório, o Código Civil Brasileiro é o único Código Civil no mundo a relacionar a 
função social do contrato à autonomia privada. Pode-se dizer, assim, que um dos grandes desafios 
da civilística nacional é dar sentido a esse importante princípio, pois, o impacto na doutrina e na 
jurisprudência é profundo. Em resumo, a eficácia interna da função social dos contratos pode ser 
percebida: a) pela mitigação da força obrigatória do contrato; b) pela proteção da parte vulnerável 
da relação contratual, caso dos consumidores e aderentes; c) pela vedação da onerosidade excessiva; 
d) pela tendência de conservação contratual, mantendo a autonomia privada; e) pela proteção de 
direitos individuais relativos à dignidade humana; f) pela nulidade de cláusulas contratuais abusivas 
por violadoras da função social. 
São normas do Código Civil de 2002 que também afastam o caráter absoluto da força 
obrigatória do contrato e procuram analisar os negócios celebrados em comunhão a outros aspectos 
Nivea Bruno Ribeiro Cajazeira, graduando pela UVA - Universidade Veiga de Almeida, email 
niveacajazeira@gmail.com 
 
sociais, em particular com a proteção da parte vulnerável da relação contratual e com a vedação do 
desequilíbrio contratual. Ao apontar para a necessidade de escritura pública somente para a 
alienação de imóvel com valor superior a trinta salários mínimos, amparando os direitos do 
comprador economicamente destituído que muitas vezes não possui recursos para dispor quanto às 
despesas de escritura. Há, assim, um traço do Direito Civil dos Pobres, A lesão subjetiva está 
presente toda vez que o contrato trouxer onerosidade excessiva (elemento objetivo) somada a uma 
premente necessidade ou inexperiência de quem celebrou o pacto (elemento subjetivo). O contrato é 
anulável (art. 171, II, do CC) ou passível de revisão judicial (art. 157, § 2.°, do CC). A revisão 
judicial deve sempre ser incentivada, diante do princípio da conservação contratual, que é anexo à 
função social. Nesse sentido, prevê o Enunciado n. 149 CJF/STJ que: “Em atenção ao princípio da 
conservação dos contratos, a verificação da lesão deverá conduzir, sempre que possível, à revisão 
judicial do negócio jurídico e não à sua anulação, sendo dever do magistrado incitar os contratantes 
a seguir as regras do art. 157, § 2.°, do Código Civil de 2002”. Além disso, determina o Enunciado 
n. 291 CJF/STJ, da IV Jornada de Direito Civil, que, “nas hipóteses de lesão previstas no art. 157 do 
Código Civil, pode o lesionado optar por não pleitear a anulação do negócio jurídico, deduzindo, 
desde logo, pretensão com vista à revisão judicial do negócio por meio da redução do proveito do 
lesionador ou do complemento do preço”. Como se pode perceber, a extinção do contrato por meio 
da anulação é o último caminho a ser seguido no caso concreto, devendo-se sempre buscar a revisão 
do negócio jurídico celebrado como primeira premissa jurídica. Relembre-se que a relação entre afunção social do contrato e a conservação dos negócios jurídicos pode ser evidenciada e reforçada 
pelo teor do Enunciado n. 22 do CJF. A manutenção da autonomia privada é, assim, preceito de 
ordem pública, relacionado com a justiça contratual 
A função social do contrato é ainda reconhecida pelo art. 187 do CC/2002, que imputa 
responsabilidade civil àquele que age com abuso de direito também na esfera contratual, 
desrespeitando, dessa forma, o fim social do contrato. 
De qualquer forma, a questão da eficácia da função social dos contratos está longe de ser 
unânime na doutrina brasileira; De início, há aqueles que entendem que o princípio em questão 
somente tem eficácia interna, entre as partes contratantes; Outros apontam que a função social dos 
contratos somente tem eficácia externa, para além das partes contratantes; Ademais, há aqueles, 
que concluem pela dupla eficácia, entendimento este que é o majoritário na doutrina brasileira. Há, 
ainda, quem negue qualquer eficácia ao princípio da função social dos pactos como fazem tais 
correntes, limitando a função social à investigação da causa contratual. 
 
Nivea Bruno Ribeiro Cajazeira, graduando pela UVA - Universidade Veiga de Almeida, email 
niveacajazeira@gmail.com 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Ao longo do processo de evolução das leis e do amadurecimento da sociedade foi percebido 
pelos juristas da necessidade de codificar leis que objetivam a equiparação social. O princípio da 
função social do contrato versa proporcionar o bem da coletividade e assim sempre que for 
provocado busca agir com justiça onde a igualdade dos sujeitos de direito seja respeitada e o bem 
comum alcançado entre as partes contratantes. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Tartuce, Flavio. Direito civil 3:Teoria Geral dos Contratos. 9º edição – São Pauço: Editora Métado, 
2014 
 
 
Nivea Bruno Ribeiro Cajazeira, graduando pela UVA - Universidade Veiga de Almeida, email 
niveacajazeira@gmail.com

Continue navegando