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apostila_aula1-História%20do%20Trabalhismo%20Brasileiro

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HISTÓRIA DO TRAB
ALHISMO BRASILE
IRO
 
[Type text] 
Uma breve História do Trabalhismo Brasileiro 
 
 
* Wendel Pinheiro1 
 
 
1. Introdução 
 
 
 
Para entendermos a respeito das origens do PDT e de sua doutrina política, é necessário 
sabermos, em rápidas linhas, sobre a breve História do Brasil Republicano. Assim, falar 
do Trabalhismo é, ao mesmo tempo, entender as transformações políticas, sociais e 
econômicas compreendidas até hoje; e saber o papel do Trabalhismo neste processo de 
reformulações políticas, desde o antigo PTB de Getúlio Vargas. 
 
Para entender o grau do alcance das conquistas trabalhistas, nada melhor que darmos 
uma rápida passada em torno da Primeira República (ou como queiram chamar: 
República Velha) e analisar o quadro social e político, em que se situava o trabalhador 
brasileiro. 
 
Nas primeiras décadas do século XX, raras eram as legislações que amparavam os 
trabalhadores, por conta do nascente processo de industrialização. A maioria das leis 
considerava as greves e protestos como “casos de polícia”. Trabalhadores eram presos e 
interrogados por reivindicarem direitos até então elementares; como, por exemplo, a 
redução da jornada de trabalho, a melhoria das condições de trabalho, a regulamentação 
do trabalho feminino e infantil, o direito às ferias e a criação de um salário-mínimo, dentre 
outras reivindicações do movimento operário. Poucas categorias profissionais tinham, de 
fato, alguns desses direitos. 
 
Embora a disputa entre anarquistas, comunistas (através da criação do Partido Comunista 
do Brasil, em 1922) e sindicalistas católicos e socialistas (os chamados “amarelos”) 
pudesse, de certa forma, contribuir para a mobilização da nascente classe operária, foi 
por meio das propostas da Aliança Liberal, liderada por Getúlio Vargas, que os setores 
 
1 
Historiador e membro do Diretório Nacional do PDT. Integrante da FLB-AP. 
 
[Type text] 
populares passaram a ter vez e voz, por meio de programas que contemplassem os 
trabalhadores. Tal ação assim quebrava o esquema excludente da Primeira República, 
baseado no liberal-conservadorismo promovido pelas oligarquias cafeeiras dominantes, 
norteado através da Política dos Governadores – também conhecida como o pacto “café 
com leite”2. A derrota de Getúlio Vargas, por meio das práticas eleitorais fraudulentas 
presentes na Primeira República, e o assassinato do seu aliado político, João Pessoa 
(governador da Paraíba) precipitaram as condições para a vitória da Revolução de 1930 
que conduziu Vargas à Presidência da República. 
 
 
2. O Primeiro Governo Vargas (1930 – 1945) 
 
 
 
Vargas, dentro das suas primeiras atuações, criou o Ministério do Trabalho, Indústria e 
Comércio, criando leis de proteção ao trabalhador. Como exemplo, podemos citar lei da 
nacionalização do trabalho, também conhecida como a lei dos dois terços, onde 2/3 dos 
trabalhadores de uma empresa deveriam ter a nacionalidade brasileira; revertendo, assim, 
o corporativismo informal constituído pelos donos de comércio oriundos de Portugal, da 
Itália e da Alemanha que protegiam seus compatriotas. 
 
O Trabalhismo de Vargas confirmaria a sua vocação popular, no Estado Novo, a série de 
legislações que estendiam os direitos sociais aos trabalhadores, com a criação, em 1º de 
maio de 1943, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Dentre outras conquistas da 
Era Vargas, há a extensão dos direitos políticos à mulher (direito de voto e de 
representação política na Assembleia Constituinte de 1934) e a criação da Justiça 
Eleitoral, dificultando a ação de manipulação dos votos promovidos na Primeira 
República, com o “voto de cabresto3” e o “voto de bico de pena4”. Ainda, em seu governo, 
seria contruída a 
 
2 
Por meio da política do “café com leite”, haveria um revezamento político entre as principais 
oligarquias – a de São Paulo e a de Minas Gerais, ficando as oligarquias de médio ou pequeno 
porte reféns desses rearranjos políticos. Vargas quebra esse pacto, uma vez que São Paulo quis 
recusar esta alternância política (onde a vez seria de Minas Gerais). Embora oriundo da oligarquia 
gaúcha, Vargas tinha proposições bastante progressistas, tendo, dentre seus aliados, os 
tenentistas e os setores populares. 
3 
Por meio do voto de cabresto, os “coronéis” controlavam os votos dos seus dependentes 
(trabalhadores rurais ou de sua zona de influência), por meio de benesses e concessões em troca 
de votos ao candidato indicado pelo “Coronel” (ou sendo ele próprio o candidato). 
 
[Type text] 
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a ampliado o processo de industrialização, 
como forma de gerar desenvolvimento e crescimento econômico ao país. Seria no Estado 
Novo de Vargas que a União Nacional dos Estudantes (UNE) não apenas seria fundada 
em 22 de dezembro de 1938, bem como seria oficialmente reconhecida no ano de 1942. 
 
A criação da CLT, em 1943, seria decorrente da influência não apenas das legislações no 
campo do Direito do Trabalho que ora se consolidava, bem como das demandas do 
movimento operário da Primeira República e da influência não apenas da Doutrina Social 
da Igreja, bem como das Convenções da OIT, do 1º Congresso de Direito Social em 1941 
e até de vetores como as Constituições do México (1917) e da República de Weimar, na 
Alemanha (1919). Tais influências invalidariam as teses sofismáticas, verborrágicas e 
difamatórias de que a CLT seria uma possível “cópia” da Carta Del Lavoro.5 
 
Em meio às transformações políticas e à vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, 
Vargas obtém o apoio dos trabalhadores e do PCB de Luís Carlos Prestes, por meio do 
Movimento Queremista, onde queriam que Vargas pudesse criar a Assembleia 
Constituinte e realizasse as eleições para a Presidência, sendo ele o candidato escolhido 
pelos trabalhadores. Afinal, o PCB decidira em 1943 apoiar Vargas a partir da tese de 
união nacional com Vargas e contra o nazismo. 
 
Com receio da ascensão dos movimentos populares e com a aliança entre Vargas e os 
comunistas, os setores políticos conservadores e de oposição a Getúlio promoveram um 
golpe em outubro de 1945, tendo à frente José Linhares na Presidência da República, 
promovendo as eleições presidenciais e para as cadeiras nas Assembleias Legislativas e 
Nacional Constituinte. 
 
 
 
 
 
4 
O voto do bico de pena consistia na adulteração do voto, ao anular os votos (por meio de rasuras 
ou inutilizações) do candidato adversário ou, inclusive, na “votação” de crianças, analfabetos (na 
Constituição de 1891 era restrito o direito de voto a homens alfabetizados a partir de 21 anos de 
idade) e falecidos. 
5 
Confira o excelente trabalho de BIAVASCHI, Magda. O direito do trabalho no Brasil – 1930-1942: 
a construção do sujeito de direitos trabalhistas. Tese (Doutorado em Economia Aplicada). 
Campinas: UNICAMP, 2005. 
 
[Type text] 
3. A experiência democrática (1945 – 1964) 
 
 
 
Sobre o nascente pluripartidarismo, surgiram algumas legendas políticas que até hoje, de 
forma direta ou subsidiária, dão sustentação ideológica. À direita, surgia a União 
Democrática Nacional (UDN), de perfil liberal-conservador, reunindo os segmentos de 
oposição a Vargas, grandes parcelas da classe média e da intelectualidade antivarguista 
e os quadros da burguesia associada ao capital norte-americano. Ao centro, com 
variações entre a centro-direita (por meio dos democratas liberais) e alguns setores 
progressistas, surgiria o Partido Social Democrático (PSD), tendo entre os seus quadros 
os antigos interventores (governadores indicados por Vargas) e quadros administrativos 
pertencentes ao governo de Vargas, os grandes industriais e latifundiários. 
 
Ao centro-esquerda, com o apoio do operariado varguista e setores populares, surgiria o 
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com o apoio de Vargas e que, por meio deste 
Partido, teria uma atuante participação política, se elegendo Presidenteda República em 
1950. Na esquerda, estaria o Partido Comunista do Brasil (PCB), liderado por Luís Carlos 
Prestes, tendo a influência ideológica do marxismo-leninista. Embora este partido tenha 
tido pouca duração como um partido legal, muitas vezes, na semilegalidade, ele, ao lado 
do PTB, teria um papel decisivo nos momentos políticos cruciais – dada à questão 
conjuntural da política internacional em torno da Guerra Fria. 
 
Após a vitória de Eurico Gaspar Dutra, pela aliança PSD-PTB, sobre o Brigadeiro Eduardo 
Gomes (UDN), em 1945, Dutra terá ações políticas que cercearão os trabalhadores do 
direito de greve e de associação sindical. Vários militantes sindicais são presos. 
Sindicatos são fechados e suas sedes são depredadas, além do PCB ser proscrito em 
1947. Os salários dos trabalhadores são defasados pelo aumento do custo de vida e as 
reservas financeiras do país, adquiridas na II Guerra Mundial, são gastas por meio da 
aquisição, no Governo Dutra, de produtos supérfluos. 
 
Com estas razões, Vargas volta, por meio do PTB, à Presidência da República, com 
48,7% dos votos. Em uma arrojada proposição nacional-desenvolvimentista, Vargas, 
 
[Type text] 
através da Campanha “O petróleo é nosso6”, cria a PETROBRÁS e elabora o projeto da 
criação da ELETROBRÁS, criada apenas no Governo de João Goulart (1961-1964). 
Reformulando a linha de diálogo com os trabalhadores, inexistente no Governo Dutra, 
Vargas põe João Goulart (Jango) no Ministério do Trabalho, em meados de 1953, com o 
intuito de promover o diálogo entre o governo e os sindicatos. 
 
A aproximação de Jango com o movimento sindical, através das lideranças sindicalistas 
trabalhistas e comunistas, assustou os setores conservadores encampados na UDN e nos 
segmentos conservadores do PSD. Acusavam Jango de promover uma “República 
Sindicalista”, aos moldes do peronismo argentino, liderado por Juan Domingos Perón. 
Para os udenistas, Jango não se constituía como Ministro do Trabalho e sim, como o 
“Ministro dos Trabalhadores”, no sentido político pejorativo. 
 
Com a atuação de Jango no Ministério do Trabalho, ele propôs ao governo Vargas o 
aumento salarial de 100% na remuneração dos trabalhadores: obteve a oposição não 
apenas da UDN, dos grupos reacionários pessedistas, mas também da oficialidade ligada 
à Cruzada Democrática (tendência do Clube Militar associada à UDN e à linha pró- 
capitalista). Vargas, pressionado, exonerou Jango, mas ao colocar Hugo de Faria no 
Ministério, Jango seria a “eminência parda” do Governo de Getúlio. Vargas confirmaria a 
sugestão de Jango no dia 1º de maio de 1954, ao aprovar o aumento do salário-mínimo 
em 100%. 
 
Pressionado pelos setores conservadores e diante do incidente da Rua Toneleiros, em 5 
de agosto de 1954, com a morte do major Rubens Vaz, Vargas e o PTB estariam 
acossados pela direita (diga-se de passagem, pela UDN e pela ala conservadora do PSD 
e militar) e pela esquerda (pela oposição dos dirigentes do PCB, em oposição à militância 
comunista, aliada aos trabalhistas no movimento sindical). Com as pressões de grande 
parcela dos jornais, ao pedirem a renúncia do Presidente, Vargas, em 24 de agosto, se 
suicida. A comoção popular promovida pela Carta-Testamento acuou os adversários de 
Vargas. Jornais e sedes partidárias oposicionistas, lojas, além de embaixada e 
consulados norte- americanos, são depredadas pela fúria popular e o PCB passa a apoiar 
o Trabalhismo varguista, em torno das teses nacionalistas. 
6 
O movimento “O petróleo é nosso” teria o apoio do movimento sindical, dos amplos setores 
populares e da União Nacional dos Estudantes (UNE), no final da década de 1930, com o apoio de 
Getúlio Vargas. 
 
[Type text] 
 
O PTB passa a ser o depositário do legado trabalhista de Getúlio Vargas e por meio da 
tese nacionalista e reformista, calcará as suas linhas políticas pela ação dos 
parlamentares petebistas e dos governadores eleitos pelo Partido – em especial, durante 
o Governo de Juscelino Kubitschek (JK). Dentre os seus grandes quadros, estariam, além 
de Jango, lideranças emergentes como Alberto Pasqualini, Fernando Ferrari, Lúcio 
Bittencourt, Santiago Dantas, Sérgio Magalhães, Eloy Dutra, Roberto da Silveira e, em 
destaque, Leonel Brizola. 
 
A partir da vitória de Jânio Quadros, em 1960, e de João Goulart (como vice-presidente), 
o PTB teria uma participação decisiva nos rumos políticos nacionais, adaptando o 
discurso do Trabalhismo varguista às teses do nacional-reformismo. Com a renúncia de 
Jânio, em 25 de agosto de 1961, e a tentativa de um golpe civil-militar, uma vez que João 
Goulart se encontrava na China em relações diplomáticas, Leonel Brizola lidera a 
Campanha da Legalidade, com o apoio decisivo de populares, intelectuais, estudantes, 
operários, militares legalistas e políticos progressistas, impedindo, assim, o golpe que 
andava em marcha. 
 
Com a posse de Jango na Presidência, iniciam-se as propaladas Reformas de Base, a 
partir da reformulação de várias áreas (trabalhista, previdenciária, universitária, agrária, 
urbana, sindical etc). É criada a Eletrobrás e a Embratel e, dentro da ampliação dos 
direitos trabalhistas, é aprovado o 13º salário (no final de 1962). Os movimentos 
camponeses passam a reivindicar pela ampliação dos direitos sociais presentes na CLT. 
 
O Governo Jango foi, assim, um grande período marcado pela participação da população, 
através das entidades e associações. Uma participação ampla, exigindo a ampliação dos 
direitos sociais e políticos, opinando, inclusive, nos rumos políticos do governo. As teses 
reformistas, anti-imperialistas e de independência nacional presentes no PTB estariam 
mais radicalizadas na tendência partidária denominada “Ala Compacta” que participava 
tanto na FPN (Frente Parlamentar Nacionalista) quanto na FMP (Frente de Mobilização 
Popular), liderada por Leonel Brizola. 
 
Para os setores políticos conservadores da UDN e do PSD, ligados à Ação Parlamentar 
Democrática (ADP) e ao Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), o PTB, com o 
 
[Type text] 
apoio dos comunistas, queria promover uma “comunização” do Brasil, transformando o 
país em uma “República Sindicalista”. Dada à polarização política presente na Guerra Fria 
entre o capitalismo norte-americano e o socialismo soviético, ter uma postura nacional- 
desenvolvimentista, progressista e de diálogo com os setores populares era visto como a 
“associação ao comunismo”. No entanto, o Governo Jango foi um período rico na História 
Política do país, em que os trabalhadores eram os personagens políticos atuantes. 
 
O descompasso entre uma política nacional voltada para os trabalhadores e o 
conservadorismo atrelado ao capitalismo norte-americano acirrou a polarização entre as 
correntes udenista e petebista. Tal fato acelerou as condições para a implementação do 
golpe civil-militar, na madrugada de 1º de abril de 1964, após o Comício da Central do 
Brasil pelas Reformas de Base, em 13 de março de 1964. 
 
Líderes sindicais foram presos e as sedes de sindicatos foram fechadas. Os jornais pró- 
Jango (como o Última Hora) foram empastelados e a sede da UNE foi incendiada pelos 
grupos anticomunistas. Líderes políticos e sindicais progressistas, ligados ao PTB e PCB 
tiveram seus direitos políticos cassados. A UDN e a grande parcela do PSD votaria, em 
eleição indireta, para Castelo Branco exercer a Presidência da República, no início de 
abril de 1964. 
 
 
4. O Regime Ditatorial Civil-Militar (1964-1985) 
 
 
 
Seja como for, o PTB seria o partido mais castigado e perseguido, ao lado do PCB, com 
as contínuas cassações dos direitos políticos de seus respectivos quadros partidários, por 
meio do Ato Institucional nº 1 (AI-1). Se não eram cassados, por outro lado tornavam-se 
inelegíveis com a aplicação de novas leis casuísticas – como a Lei das Inelegibilidades, 
em julho de 1965, impedindo o Marechal Henrique Lott e Hélio deAlmeida, por exemplo, 
em se candidatarem como Governador da Guanabara. 
 
Seja como for, tais medidas arbitrárias, em tese, favoreceriam a UDN, inclusive para as 
eleições presidenciais que seriam, a princípio, em 1965. Carlos Lacerda, com a ausência 
de Jango, Brizola, Arraes e JK, se tornava um candidato em potencial pela UDN à 
 
[Type text] 
Presidência da República. No entanto, os sonhos de Lacerda seriam boicotados pela 
prorrogação do mandato presidencial até 1966, cabendo ao líder udenista a fazer uma 
oposição cada vez maior ao regime que ele apoiara. 
 
Com as eleições governamentais em outubro de 1965, a aliança PTB-PSD vingou, com a 
vitória em dois estados-chave: em Minas Gerais, com Israel Pinheiro e na Guanabara, 
com Negrão de Lima. Diante do resultado, o setor mais reacionário do regime, a ala “linha 
dura” protesta e quer anular a posse dos eleitos. No entanto, Castelo Branco concede a 
posse aos dois oposicionistas, mas, por outro lado, cria o AI-2, extinguindo os partidos 
políticos e criando, em curto prazo, o sistema híbrido partidário, por meio do 
bipartidarismo, entre as duas novas legendas: a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), 
composta por udenistas e pessedistas conservadores e o Movimento Democrático 
Brasileiro (MDB), composto por pessedistas progressistas e remanescentes trabalhistas e 
comunistas. 
 
Com o endurecimento do Regime Militar, através da truculência militar às passeatas 
estudantis e às reuniões da UNE e do movimento sindical, recrudesce a oposição ao 
regime, por meio da fragmentação do PCB em pequenos grupos armados e 
revolucionários. Cria-se a Frente Ampla, com a união de Carlos Lacerda, JK e Jango, na 
resistência ao Regime. Em contrapartida, o governo militar, lançando mão do seu poder 
coercitivo, cria, em dezembro de 1968, o AI-5, restringindo, inclusive, os direitos 
individuais e coletivos mais elementares. A perseguição aos comunistas e opositores ao 
regime torna-se a ação política de Estado, na busca do “inimigo interno” de caráter 
“subversivo”. Prisões, torturas e mortes às lideranças sindicais, comunitárias e estudantis, 
além do fechamento do Congresso Nacional e o exercício de práticas autoritárias dão o 
tom do que seria a linha política presente nos governos Costa e Silva (1967-1969) e 
Médici (1969-1974). 
 
A partir do Governo Geisel, em 1974, e com a vitória da oposição sobre o governo nas 
eleições do mesmo ano, começa a distensão do processo de redemocratização – fato que 
se avançaria mais com o fim do bipartidarismo e a criação de novas legendas. E a partir 
delas que surgiria a fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT). 
 
[Type text] 
5. A briga pela legenda petebista 
 
 
 
A partir do processo de redemocratização e do encontro dos trabalhistas históricos em 
Lisboa, criando os postulados que fariam parte da Carta de Lisboa, Leonel Brizola se 
aproximará das lideranças políticas europeias associadas ao socialismo democrático e à 
social-democracia, integrando-se na Internacional Socialista. O Trabalhismo brasileiro 
proposto por Brizola, após o seu exílio, tinha um caráter democrático, na defesa das 
maiorias minoritárias (como as mulheres, os índios e os negros, por exemplo), e na 
proposição de um novo socialismo, adaptado às necessidades brasileiras, por meio do 
socialismo moreno, sendo o Trabalhismo o meio para a implantação desta sociedade. 
 
Por outro lado, o grupo de Ivete Vargas, composto por quadros conservadores, tinha uma 
forte entrada no regime civil-militar e obteve o apoio do Ministro da Casa Civil do Governo 
de João Batista Figueiredo, o General Golbery do Couto e Silva. Golbery, tendo em mente 
sobre a inconveniência da sigla do PTB nas mãos de Leonel Brizola, remontando à áurea 
varguista e janguista, nega a sigla ao grupo brizolista (que, dentre seus integrantes, 
tinham quadros ligados a Jango e a Prestes) e concede a legenda petebista ao grupo de 
Ivete, em 12 de maio de 1980. 
 
Sem qualquer possibilidade de reconciliação entre ambos os grupos, por conta da linha 
progressista do novo Trabalhismo brizolista, Brizola, em um gesto de desespero e tristeza, 
chora e rasga um papel com o escrito da sigla do PTB. Após isto, em uma reunião do 
Encontro Nacional dos Trabalhistas promovida entre os dias 17 e 18 de maio no Palácio 
Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, haveria a fundação oficial 
do Partido do Trabalhismo Democrático (PTD), fazendo uma releitura do antigo 
Trabalhismo, frente às demandas contemporâneas. No entanto, com as regras eleitorais 
proibindo fonemas parecidos nas siglas partidárias, a sigla PTD é inviabilizada e em 26 de 
maio de 1980, o Partido Democrático Trabalhista (PDT) é fundado, tendo o seu registro 
definitivo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em novembro de 1981. 
 
Em momentos cruciais como o processo de redemocratização, o Plano Cruzado I e as 
políticas neoliberais de Fernando Collor, Itamar Franco e FHC, o PDT fez jus ao seu 
ideário nacionalista, democrático-popular e trabalhista, remontando às demandas das 
 
[Type text] 
Reformas de Base, adaptadas a conjuntura político-econômica das duas últimas décadas 
do século XX e no início do século XXI. 
 
Posteriormente, seja pela sua atuação política e pelos resultados eleitorais, o PDT guarda 
até hoje o legado trabalhista do antigo PTB pré-1964, pelas ações políticas de Leonel 
Brizola, liderança maior da legenda, e por diversos quadros políticos e parlamentares, em 
fidedignidade aos princípios históricos nacionalistas, trabalhistas e democrático-populares. 
Seja como for, é indispensável nos tempos atuais defendermos um projeto de 
emancipação nacional, com a ótica trabalhista e vislumbrando os desafios do Brasil no 
século XXI. 
 
[Type text] 
BIBLIOGRAFIA 
 
 
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