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APOSTILA DA DISCIPLINA CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS - AULAS

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Cidadania e Direitos Humanos
MAJ QOC PM HEATHCLI FF DAMASCENO GAMA
SUMÁRIO
1- DIREITO HUMANITÁRIO INTERNACIONAL
2- DIREITOS HUMANOS
3- DIREITOS HUMANOS NO BRASIL
4- INSTRUMENTOS BÁSICOS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO ÂMBITO DAS NAÇÕES UNIDAS
5- O SISTEMA INTERAMERICANO DE JUSTIÇA DOS DIREITOS HUMANOS E A CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS
6- A ÉTICA E A LEGALIDADE NA PROFISSÃO POLICIAL
ANEXO
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
A Convenção Sobre A Eliminação De Todas As Formas De Discriminação Racial
Art. 5º da CF
Estatuto da Criança e do Adolescente
Lei Maria da Penha
Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei
Princípios Básicos Sobre Utilização da Força e de Arma de Fogo
Estatuto do Idoso
Estatuto do Índio 
1. DIREITO HUMANITÁRIO INTERNACIONAL
CONCEITOS
O conceito de direitos humanos tem dois significados básicos: o primeiro é que, pelo simples fato de ser humano, o homem desfruta de direitos inalienáveis. Estes são direitos morais, oriundos da própria condição de humanidade de todo ser humano, e que objetivam assegurar sua dignidade. O segundo significado de direitos humanos refere-se aos direitos legais, estabelecidos de acordo com as normas jurídicas em vigor nas sociedades, tanto a nível nacional como internacional.
A pessoa humana, pelo simples fato de ser humano, é dotada de uma série de direitos naturais que decorrem de uma concessão do Estado, pois são direitos anteriores ao próprio Estado. A humanidade conscientizou-se de que existem certos direitos morais que integram a própria condição humana e que, portanto, não devem ser transferidos ao Estado, muito menos violados. O Estado passa a encontrar nos direitos do homem o limite ao seu poder. Mais do que isto, o Estado liberal moderno se incumbiu da tarefa de garantir esses direitos, que passam a compor o fundamento de sua legitimidade.
Já o Direito Humanitário Internacional ou Direito Internacional dos Conflitos Armados, que foi reconhecido antes dos Direitos Humanos, é um conjunto de leis que protege pessoas em tempos de conflitos armados. É composto pelas leis das Convenções de Genebra e da Convenção de Haia. Suas leis dizem respeito aos países em conflito, aos países neutros, aos indivíduos envolvidos nos conflitos, a relação entre eles e a proteção dos civis.
HISTÓRICO DO DIREITO HUMANITÁRIO INTERNACIONAL
A Batalha de Solferino, ocorrida em 21 de junho de 1859, próximo ao Comune Italiano de Solferino, foi um combate decisivo da Segunda Guerra de Independência Italiana, resultante da invasão do Piemonte-Sardenha pelos austríacos em 1859. Essa batalha resultou na vitória das tropas francesas de Napoleão III e Sardo-Piemontesas (italianas) de Vítor Emanuel II sobre o exército austríaco, comandado pelo imperador Francisco José I da Áustria (Franz Joseph).
Mais de 200 mil soldados lutaram nessa importante batalha, a maior desde a Batalha de Leipzig, em 1813. Nessa batalha lutaram aproximadamente 100 mil soldados da Áustria contra 118,5 mil soldados franco-piemontesas (França e Itália).
Esse confronto foi entre os austríacos, que marcharam sobre o Norte da Península Itálica, e as forças franco-piemontesas, que se opuseram ao avanço austríaco. A batalha foi particularmente dura, durando mais de nove horas, e resultou na destruição de mais de 3 mil tropas austríacas, com mais de 10 mil feridos e 8,5 mil desaparecidos ou capturados. As tropas aliadas também sofreram muitas baixas, com mais de 2 mil mortos, 12,5 mil feridos e 3 mil capturados ou desaparecidos. Notícias de soldados feridos de ambos os lados sendo baionetados ou baleados adicionou horror à batalha. No final, as forças austríacas foram forçadas a entregar suas posições e a aliança franco-piemontesa ganhou uma estratégica, mas custosa, vitória.
A batalha teve uma conseqüência de longo prazo no futuro da condução de ações militares. O francês Henri Dunant, homem de negócios, estava enfrentando dificuldades na exploração das terras, e para resolver estes problemas dirigiu-se pessoalmente ao Imperador francês Napoleão III, que estava no fronte da Batalha, e acabou testemunhando o horroroso sofrimento de soldados mortos e feridos. Abandonou imediatamente os campos de batalha e iniciou uma campanha que resultaria na Convenção de Genebra e na fundação da Cruz Vermelha.
CONVENÇÕES DE GENEBRA E HAIA
As Convenções de Genebra são uma série de tratados formulados em Genebra, na Suíça, definindo as normas para as leis internacionais relativas ao Direito Humanitário Internacional. Esses tratados definem os direitos e os deveres de pessoas, combatentes ou não, em tempo de guerra. Tais tratados são inéditos, consistindo na base dos direitos humanitários internacionais. Os tratados foram elaborados durante 4 Convenções de Genebra que aconteceram de 1864 a 1949.
1ª Convenção – Em 1864, após a Batalha de Solferino, uma Conferência diplomática, foi ratificado o Tratado na qual foi dada a ordem para respeitar e cuidar dos militares feridos ou doentes sem discriminação. Desde então, as ambulâncias e os hospitais são protegidos de todo ato hostil e serão reconhecíveis pelo símbolo da Cruz Vermelha com fundo branco. A primeira verdadeira aplicação deste tratado aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial.
2ª Convenção – Em 1906, após a Batalha Russo-Japonessa, foi ratificado o Tratado que estendeu as obrigações da 1ª Convenção às forças navais (militares náufragos). 
3ª Convenção – Em 1929, após a Primeira Guerra Mundial, foi ratificado o Tratado que definiria o tratamento de prisioneiros de guerra. Essa Convenção fixa igualmente os limites do tratamento geral de prisioneiros, como:
· obrigação de tratar os prisioneiros humanamente, sendo a tortura e quaisquer atos de pressão física ou psicológica proibidos;
· obrigações sanitárias, seja a nível da higiene ou da alimentação;
· e respeito da religião dos prisioneiros.
4ª Convenção – Em 1949, após a Segunda Guerra Mundial, foi ratificado o Tratado que revisou as três Convenções anteriores e acrescentou uma quarta, relativa à proteção dos civis em período de guerra. Quando se fala hoje em dia da Convenção de Genebra, refere-se ao resultado desta Convenção. E de acordo com a mesma, os civis são claramente protegidos de toda hostilidade:
· não podem ser seqüestrados, para servir, por exemplo, de "escudos humanos";
· toda e qualquer medida hostil visando os civis ou seus bens é estritamente proibida
· as punições coletivas são estritamente proibidas.
As Convenções de Haia estão, juntamente às Convenções de Genebra, entre os primeiros Tratados internacionais sobre leis e crimes de guerra. Foram estabelecidas na 1ª e 2ª Conferência de Paz, em Haia, Países Baixos (Holanda):
· Convenção sobre a Resolução Pacífica de Controvérsias Internacionais (1899);
· Convenção sobre a Resolução Pacífica de Controvérsias Internacionais (1907).
COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA (CICV)
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) é uma organização humanitária, independente e neutra, que se esforça em proporcionar proteção e assistência às vítimas da guerra e de outras situações de violência. Com sua sede em Genebra, Suíça, possui um mandato da comunidade internacional para servir de guardião do Direito Internacional Humanitário, além de ser o órgão fundador do Movimento da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. No seu constante diálogo com os Estados, o CICV insiste continuamente no seu caráter neutro e independente. Somente assim, é livre para atuar de forma independente em relação a qualquer governo ou a qualquer outra autoridade, a organização tem condições de atender aos interesses das vítimas dos conflitos, que constituem o centro da sua missão humanitária.
A missão do CICV é proteger e assistir vítimas dos conflitos armados e outras situações de violência, sem importar quem elas sejam. Esta missão foi outorgada pela comunidade internacional e possui duas fontes:a) as Convenções de Genebra, que incumbem o Comitê de visitar prisioneiros, organizar operações de socorro, reunir familiares separados e realizar atividades humanitárias semelhantes durante conflitos armados;
b) e os Estatutos do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, que encorajam a organização a empreender um trabalho semelhante em países que não vivem uma guerra internacional, mas possuem situações de violência interna, às quais, portanto, as Convenções de Genebra não se aplicam.
Suas principais atividades são:
· visitar prisioneiros de guerra e civis detidos;
· procurar pessoas desaparecidas;
· intermediar mensagens entre membros de uma família separada por um conflito;
· reunir famílias dispersas;
· em caso de necessidade, fornecer alimentos, água e assistência médica a civis;
· difundir o Direito Humanitário Internacional;
· zelar pela aplicação do Direito Humanitário Internacional;
· chamar a atenção para violações do Direito Humanitário Internacional e contribuir para a evolução deste conjunto de normas.
Além disso, o CICV procura agir de forma preventiva e atua em parceria com as Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho em cada país, a exemplo da Cruz Vermelha Brasileira (CVB) no Brasil, e com a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
Desde que o CICV foi criado, seus fundadores identificaram a necessidade de utilizar um emblema único e universal, facilmente reconhecido. A idéia era que o emblema protegesse não apenas os feridos em campanha, mas também as pessoas que prestavam assistência, incluindo as unidades médicas, mesmo as do inimigo. De acordo com as Convenções de Genebra, os emblemas reconhecidos são a Cruz Vermelha (homenageia a Bandeira da Suíça), o Crescente Vermelho e o Cristal Vermelho. Estes emblemas estão reconhecidos pelo direito internacional e têm a função de proteger as vítimas de conflitos e os trabalhadores humanitários que prestam assistências às mesmas.
TRATADOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
Após os dois conflitos mundiais, surgiu um novo ramo do direito que passou a reconhecer a capacidade processual dos indivíduos e grupos sociais no plano internacional, trazendo uma nova concepção de sujeito no direito internacional – Direito Internacional dos Direitos Humanos. Até a chegada deste momento, houve o desenvolvimento de um processo gradativo de reconhecimento da capacidade processual dos indivíduos, em sucessivas experiências internacionais, tornando-os beneficiários diretos de mecanismos internacionais de proteção previstos nos instrumentos internacionais de direitos humanos.
O período de elaboração dos tratados e instrumentos internacionais foi chamado de “fase legislativa”. Posteriormente, seguiu-se a fase de implementação dos instrumentos internacionais e a sua inter-relação, na qual estamos atualmente.
Antes do surgimento do Direito Internacional dos Direitos Humanos, somente os Estados podiam estar sujeitos de direito no cenário internacional, pois não existiam órgãos internacionais de proteção dos direitos humanos e não era reconhecida a capacidade processual aos indivíduos. A proteção dos direitos humanos era possível, excepcionalmente, no contexto das relações inter-estatais e dependia do livre arbítrio dos Estados, uma vez que não havia órgãos internacionais para receber e examinar as denúncias de casos de violações dos direitos humanos.
O contexto existente naquela época era de descentralização do ornamento jurídico internacional em vista da ausência de um legislador e de um órgão jurídico supranacional permanente para processar petições sobre os direitos humanos. Naquela época, a única forma de grupos sociais envolvidos e indivíduos, desprovidos de capacidade processual no plano internacional, oferecerem denúncias era através da forma de petições ad hoc apresentadas em conferências diplomáticas.
O gradual fortalecimento da capacidade processual das supostas vítimas dos direitos humanos e de seus representantes é um fenômeno que tem ocorrido nas últimas quatro ou cinco décadas. Os instrumentos jurídicos que tem base jurídica em Convenções ou Declarações, exercem efeitos jurídicos nos Estados membros dos respectivos organismo internacionais (ONU e OEA), através do mecanismo de denúncias individuais ou petições.
Assim através deste mecanismo, a vítima de violações de direitos humanos, o seu familiar ou representante, pode encaminhar uma denúncia de violação de direitos humanos ocorrida sob a jurisdição de um estado membro, que assumiu o compromisso internacional de prevenir e reparar as violações ocorridas em seu território, ao ratificar os instrumentos internacionais de proteção.
A objeção pelos Estados de “competência nacional exclusiva”, ou da “soberania nacional”, ao ser demandado internacionalmente, tornou-se ultrapassada, após o surgimento da capacidade processual internacional dos indivíduos perante os órgãos internacionais de proteção. O objetivo deste novo Direito Internacional emergente é fortalecer a proteção dos direitos humanos dos indivíduos, através de novos procedimentos previstos nos instrumentos internacionais. Os objetivos destes procedimentos ou mecanismos internacionais não são mais voltados a prerrogativas dos Estados e sim aos direitos das vítimas de violações de direitos humanos.
	O Direito Internacional dos Direitos Humanos vem regulamentar novas formas de relações jurídicas, questionando certos dogmas do passado, através da sua interação com o Direito Interno de outros países. O Direito Internacional sustenta que o indivíduo é sujeito de direitos tanto no direito interno quanto no plano internacional, sendo dotado ambos de personalidade e capacidade jurídicas próprias. Assim, deve ser constante a interação entre o direito internacional e o direito interno de forma a garantir a maior proteção aos indivíduos. O Direito Internacional dos Direitos Humanos deve ser aplicado pelos órgãos internos dos Estados, como forma de cumprimento das obrigações internacionais de proteção assumidas perante os órgãos internacionais. Assim, depende da adoção e aperfeiçoamento de medidas eficazes de implementação.
	Atualmente, alcançamos um estágio de complementaridade e interação de vários instrumentos de proteção aos DH e da total ausência de hierarquia entre eles. Tais mecanismos reforçam-se ampliando o elenco de direitos protegidos, com natureza complementar que caracteriza a indivisibilidade dos DH. Na atual fase em que estamos vivendo, não se justifica mais fazer distinção entre os DH, que devem ser invocados e protegidos na sua totalidade. É a concepção integral dos direitos humanos, que abarca os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. A evolução histórica dos DH aponta no sentido de acumular, expandir e interagir os direitos individuais aos direitos sociais, através da natureza complementar de todos os DH e da noção de indivisibilidade dos DH. A visão de “gerações de direitos” é a parte do passado, e deve ser abandonada, pois está ultrapassada e corresponde a uma visão fragmentada de direitos humanos.
Marcos Históricos de Direitos Humanos:
1789 – Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão
1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos
1948 – Convenção contra o Genocídio
1949 – Convenção para a Repressão do Tráfico de Pessoas e da Exploração da Prostituição por Outros
1950 – Convenção Européia de Defesa dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais
1951 – Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados
1956 – Convenção Complementar sobre Abolição da Escravidão
1965 – Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial
1966 – Pacto Internacional Relativo aos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
1976 – Pacto Internacional Relativo aos Direitos Civis e Políticos
1979 – Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher
1984 – Convenção contra a Tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes
1988 – Constituição Federal do Brasil
1989– Convenção sobre os Direitos da Criança
1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente
1994 – Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher
1998 – Programa Nacional de Direitos Humanos I
2001 – Declaração de Durban - Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata
2002 – Programa Nacional de Direitos Humanos II
2003 – Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos
2006 - Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – Maria da Penha
2. DIREITOS HUMANOS
 
NOÇÕES GERAIS
Os direitos humanos são os direitos e liberdades básicos de todos os seres humanos. Normalmente o conceito de direitos humanos tem a idéia também de liberdade de pensamento e de expressão, e a igualdade perante a lei.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas afirma que “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”.
A idéia de direitos humanos tem origem no conceito filosófico de direitos naturais que seriam atribuídos por Deus; alguns sustentam que não haveria nenhuma diferença entre os direitos humanos e os direitos naturais e vêem na distinta nomenclatura etiquetas para uma mesma idéia. Outros argumentam ser necessário manter termos separados para eliminar a associação com características normalmente relacionadas com os direitos naturais. 
As teorias que defendem o universalismo dos direitos humanos se contrapõem ao relativismo cultural, que afirma a validez de todos os sistemas culturais e a impossibilidade de qualquer valorização absoluta desde um marco externo, que, neste caso, seriam os direitos humanos universais. Entre essas duas posturas extremassitua-se uma gama de posições intermediárias. Muitas declarações de direitos humanos emitidas por organizações internacionais e regionais põem um acento maior ou menor no aspecto cultural e dão mais importância a determinados direitos de acordo com sua trajetória histórica. A Organização da Unidade Africana proclamou em 1981 a Carta Africana de Direitos Humanos e de Povos, que reconhecia princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, e adicionava outros que tradicionalmente se tinham negado na África, como o direito de livre determinação ou o dever dos Estados de eliminar todas as formas de exploração econômica estrangeira. Mais tarde, os Estados africanos que acordaram a Declaração de Túnez, em 6 de novembro de 1992, afirmaram que não se pode prescrever um modelo determinado a nível universal, já que não podem se desvincular as realidades históricas e culturais de cada nação e as tradições, normas e valores de cada povo. Em uma linha similar se pronunciam a Declaração de Bangkok, emitida por países asiáticos em 23 de abril de 1993, e de Cairo, firmada pela Organização da Conferência Islâmica em 5 de agosto de 1990.
Também a visão ocidental-capitalista dos direitos humanos, centrada nos direitos civis e políticos, se opôs um pouco durante a Guerra Fria, destacando no seio das Nações Unidas, ao do bloco socialista, que privilegiava os direitos econômicos, sociais e culturais e a satisfação das necessidades elementares.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS E PRIMEIROS DOCUMENTOS
Os direitos humanos são o resultado de uma longa história, foram debatidos ao longo dos séculos por filósofos e juristas. No início, remetemo-nos para a área da religião, quando o Cristianismo, durante a Idade Média, é a afirmação da defesa da igualdade de todos os homens numa mesma dignidade, foi também durante esta época que os matemáticos cristãos recolheram e desenvolveram a teoria do direito natural, em que o indivíduo está no centro de uma ordem social e jurídica justa, mas a lei divina tem prevalência sobre o direito laico tal como é definido pelo imperador, o rei ou o príncipe.
Com a idade moderna, os racionalistas dos séculos XVII e XVIII, reformulam as teorias do direito natural, deixando de estar submetido a uma ordem divina. Para os racionalistas todos os homens são por natureza livres e têm certos direitos inatos de que não podem ser despojados quando entram em sociedade. Foi esta corrente de pensamento que acabou por inspirar o atual sistema internacional de proteção dos direitos do homem.A evolução destas correntes veio a dar frutos pela primeira vez na Inglaterra, e depois nos Estados Unidos. A Magna Carta (1215) deu garantias contra a arbitrariedade da Coroa, e influenciou diversos documentos, como por exemplo, o Ato Habeas Corpus (1679), que foi a primeira tentativa para impedir as detenções ilegais. A Declaração Americana da Independência surgiu a 4 de Julho de 1776, onde constavam os direitos naturais do ser humano que o poder político deve respeitar, esta declaração teve como base a Declaração de Virgínia proclamada a 12 de Junho de 1776, onde estava expressa a noção de direitos individuais.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada em França em 1789, e as reivindicações ao longo dos séculos XIV e XV em prol das liberdades, alargou o campo dos direitos humanos e definiu os direitos econômicos e sociais.
Mas o momento mais importante, na história dos Direitos do Homem, é durante 1945-1948. Em 1945, os Estados tomam consciência das tragédias e atrocidades vividas durante a 2ª Guerra Mundial, o que os levou a criar a Organização das Nações Unidas (ONU) em prol de estabelecer e manter a paz no mundo. Foi através da Carta das Nações Unidas, assinada a 20 de Junho de 1945, que os povos exprimiram a sua determinação « em preservar as gerações futuras do flagelo da guerra; proclamar a fé nos direitos fundamentais do Homem, na dignidade e valor da pessoa humana, na igualdade de direitos entre homens e mulheres, assim como das nações, grandes e pequenas; em promover o progresso social e instaurar melhores condições de vida numa maior liberdade». A criação das Nações Unidas simboliza a necessidade de um mundo de tolerância, de paz, de solidariedade entre as nações, que faça avançar o progresso social e econômico de todos os povos.Os principais objetivos das Nações Unidas, passam por manter a paz, a segurança internacional, desenvolver relações amigáveis entre as nações, realizar a cooperação internacional resolvendo problemas internacionais de cariz econômico, social, intelectual e humanitário, desenvolver e encorajar o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais sem qualquer tipo de distinção.
Assim, a 10 de Dezembro de 1948, a Assembléia Geral das Nações Unidas proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, considerada fundamental na nossa Sociedade, quase todos os documentos relativos aos direitos humanos têm como referência esta Declaração, e alguns Estados fazem referência direta nas suas constituições nacionais.A Declaração Universal dos Direitos Humanos ganhou uma importância extraordinária, contudo, não obriga juridicamente que todos os Estados a respeitem e, devido a isso, a partir do momento em que foi promulgada, foi necessário a preparação de inúmeros documentos que especificassem os direitos presentes na declaração e assim força-se os Estados a cumpri-la. Foi nesse contexto que, no período entre 1945-1966 nasceram vários documentos.
Assim, a junção da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os dois pactos efetuados em 1966, nomeadamente o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, sócias e Culturais, bem como os dois protocolos facultativos do Pacto dos Direitos Civis e Políticos (que em 1989 aboliu a pena de morte), constituem a Carta Internacional dos Direitos do Homem.
Muitos filósofos e historiadores do Direito consideram que não se pode falar de direitos humanos até a modernidade no Ocidente. Até então, as normas da comunidade, concebidas na relação com a ordem cósmica, não deixavam espaço para o ser humano como sujeito singular, concebendo-se o direito primariamente como a ordem objetiva da sociedade.A sociedade estamental tem seu centro em grupos como a família, a linhagem ou as corporações profissionais ou laborais, o que implica que não se concebem faculdades próprias do ser humano enquanto tal. Pelo contrário, entende-se que toda faculdade atribuível ao indivíduo deriva de um duplo status: o do sujeito no seio da família e o desta na sociedade. Fora do status não há direitos.
A existência dos direitos subjetivos, tal e como se pensam na atualidade, foi objeto de debate durante os séculos XVI, XVII e XVIII, o que é relevante porque habitualmente se diz que os direitos humanos são produto da afirmação progressiva da individualidade e que, de acordo com ele, a idéia de direitos do homem apareceu pela primeira vez durante a luta burguesa contra o sistema do Antigo Regime. Sendo esta a consideração mais estendida, outros autores consideram que os direitos humanos são uma constante na História e tem suas raízes no mundo clássico; também sua origem se encontra na afirmação do cristianismo da dignidade moral do homem enquanto pessoa.
Um dos documentos mais antigos que vinculou os direitos humanos é o Cilindro de Ciro, que contêm uma declaração do rei persa (antigo Irã) CiroII depois de sua conquista da Babilônia em 539 aC. Foi descoberto em 1879 e a ONU o traduziu em 1971 a todos seus idiomas oficiais. Pode ser resultado de uma tradição mesopotâmica centrada na figura do rei justo, cujo primeiro exemplo conhecido é o rei Urukagina, de Lagash, que reinou durante o século XXIV a.C., e de onde cabe destacar também Hammurabi da Babilônia e seu famoso Código de Hammurabi, que data do século XVIII a.C. O Cilindro de Ciro apresentava características inovadoras, especialmente em relação a religião. Nele era declarada a liberdade de religião e abolição da escravatura. Tem sido valorizado positivamente por seu sentido humanista e inclusive foi descrito como a primeira declaração de direitos humanos.Documentos muito posteriores, como a Carta Magna da Inglaterra, de 1215, e a Carta de Mandén, de 1222, tem-se associado também aos direitos humanos. Na Roma antiga havia o conceito de direito na cidadania romana a todos romanos.
CLASSIFICAÇÕES E CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS
Em 1979, em uma conferência do Instituto Internacional de Direitos Humanos, Karel Vasak propôs uma classificação dos direitos humanos em gerações, inspirado no lema da Revolução Francesa (liberdade, igualdade, fraternidade). 
Assim, os direitos humanos de primeira geração seriam os direitos de liberdade, compreendendo os direitos civis, políticos e as liberdades clássicas. Os direitos humanos de segunda geração ou direitos de igualdade, constituiriam os direitos econômicos, sociais e culturais. Já como direitos humanos de terceira geração, chamados direitos de fraternidade, estariam o direito ao meio ambiente equilibrado, uma saudável qualidade de vida, progresso, paz, autodeterminação dos povos e outros direitos difusos. 
Posteriormente, com os avanços da tecnologia e com a Declaração dos Direitos do Homem e do Genoma Humano feita pela UNESCO, a doutrina estabeleceu a quarta geração de direitos como sendo os direitos tecnológicos, tais como o direito de informação e biodireito.
Os direitos humanos possuem as seguintes características:
1.Inalienabilidade: são direitos intransferíveis e inegociáveis.
2.Imprescritibilidade: não deixam de ser exigíveis em razão do não uso.
3.Irrenunciabilidade: nenhum ser humano pode abrir mão da existência desses direitos.
4.Universalidade: devem ser respeitados e reconhecidos no mundo todo.
5.Limitabilidade: não são absolutos. Podem ser limitados sempre que houver uma hipótese de colisão de direitos fundamentais.
A TEORIA DAS GERAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS:
Vale salientar que os direitos humanos são variáveis, modificando-se ao longo da história de acordo com as necessidades e interesses do homem. Essa transformação é explicada com base na teoria das gerações de direitos fundamentais, criada a partir do lema revolucionário francês (liberdade, igualdade, fraternidade) e que pode ser assim resumida:
 Direitos da primeira geração ou direitos de liberdade – Surgiram nos séculos XVII e XVIII e foram os primeiros reconhecidos pelos textos constitucionais. Compreendem direitos civis e políticos inerentes ao ser humano e oponíveis ao Estado (visto na época como grande opressor das liberdades individuais). Incluem-se nessa geração o direito à vida, segurança, justiça, propriedade privada, liberdade de pensamento, voto, expressão, crença, locomoção, entre outros.
 Direitos da segunda geração ou direitos de igualdade – Surgiram após a 2ª Guerra Mundial com o advento do Estado - Social. São os chamados direitos econômicos, sociais e culturais que devem ser prestados pelo Estado através de políticas de justiça distributiva. Abrangem o direito à saúde, trabalho, educação, lazer, repouso, habitação, saneamento, greve, livre associação sindical, etc.
 Direitos da terceira geração ou direitos de fraternidade/solidariedade – São considerados direitos coletivos por excelência, pois estão voltados à humanidade como um todo. São direitos que não se destinam especificamente à proteção dos interesses de um indivíduo, de um grupo ou de um determinado Estado. Têm por primeiro destinatário o gênero humano mesmo, em um momento expressivo de sua afirmação como valor supremo em termos de existencialidade concreta. Incluem-se aqui o direito ao desenvolvimento, à paz, à comunicação, ao meio-ambiente, à conservação do patrimônio histórico e cultural da humanidade, entre outros.
A partir daí novas gerações passaram a ser identificadas. Entre elas a mais aceita pela doutrina é a quarta geração de direitos, podendo ser traduzida como o resultado da globalização dos direitos fundamentais de forma a torná-los universais no campo institucional. Enquadram-se aqui o direito à informação, ao pluralismo e à democracia direta.
 Por fim, ainda que se fale em gerações, cabe deixar claro que não existe nenhuma hierarquia ou sucessão entre os direitos fundamentais, devendo ser tratados como valores interdependentes e indivisíveis. Além do mais, a evolução desses direitos não seguiu a ordem cronológica liberdade, igualdade, fraternidade em todos os lugares ou situações históricas, ou seja, nem sempre foram reconhecidos os direitos de primeira geração para somente depois serem reconhecidos os de segunda e terceira. Dessa forma, a doutrina mais moderna vem defendendo a idéia de acumulação de direitos, preferindo, assim, a utilização do termo dimensões de direitos fundamentais.
NATUREZA JURÍDICA DAS NORMAS QUE DISCIPLINAM OS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
São direitos constitucionais na medida em que se inserem no texto de uma constituição cuja eficácia e aplicabilidade dependem muito de seu próprio enunciado, uma vez que a Constituição faz depender de legislação ulterior a aplicabilidade de algumas normas definidoras de direitos sociais, enquadrados entre os fundamentais. Em regra, as normas que consubstanciam os direitos fundamentais democráticos e individuais são de eficácia e aplicabilidade imediata. A própria Constituição Federal, em uma norma-síntese, determina tal fato dizendo que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Essa declaração pura e simplesmente não bastaria se outros mecanismos não fossem previstos para torná-la eficiente (exemplo: mandado de injunção e iniciativa popular).
FUNDAMENTO DOS DIREITOS HUMANOS E O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA
Ao longo da história, o tema dos direitos humanos afirmou-se em todo o mundo sob a marca de profundas contradições. De um lado, logrou-se cumprir a promessa, anunciada pelos revolucionários franceses de 1789, de universalização da idéia do ser humano como sujeito de direitos anteriores e superiores a toda organização estatal. De outro lado, porém, a humanidade sofreu, com o surgimento dos Estados totalitários, de inspiração leiga ou religiosa, o mais formidável empreendimento de supressão planejada e sistemáticados direitos do homem, de toda a evolução histórica. De um lado, o Estado do Bem-Estar Social do segundo pós-guerra pareceu concretizar, definitivamente, o ideal socialista de uma igualdade básica de condições de vida para todos os homens. De outro lado, no entanto, a vaga neoliberal deste fim de século demonstrou quão precário é o princípio da solidariedade social, base dos chamados direitos humanos da segunda geração, diante do ressurgimento universal dos ideais individualistas. Tudo isto está a indicar a importância de se retomar, no momento histórico atual, a reflexão sobre o fundamento ou razão de ser dos direitos humanos.
Para exata compreensão do princípio da dignidadesuprema da pessoahumana e de seus direitos, é preciso rememorar que os avanços têm sido, fruto da dor física e do sofrimento moral como resultados de surtos de violências, mutilações, torturas, massacres coletivos, enfim, situações aviltantes que fizeram nascer consciências e exigências de novas regras de respeito a uma vida digna para todos os seres humanos.
Foi, claramente, a experiência nazista que gerou a consciência universal de que se devia preservar, a qualquer custo, a dignidade da pessoa humana, como uma conquista de valor ético-jurídico intangível. Assim, a dignidade humana é um valor máximo, supremo, de valor moral, ético e espiritual intangível, de tal sorte a afirmar com o mestre Paulo Otero, que o mesmo é “dotado de uma natureza sagrada e de direitos inalienáveis, afirma-se como valor irrenunciável e cimeiro de todo o modelo constitucional, servindo de fundamento do próprio sistema jurídico: O Homem e a sua dignidade são a razão de ser da sociedade, do Estado e do Direito”.
Por isso mesmo, o valor da dignidade da pessoa humana, impõe-se como núcleo básico e informador de todo e qualquer ordenamento jurídico, como critério e parâmetro de valoração a orientar a interpretação e compreensão de qualquer sistema normativo, mormente o sistema constitucional interno de cada país.
No âmbito interno, importa destacar que o mais precioso valor da ordem jurídica brasileira, erigido como fundamental pela Constituição de 1988, foi a dignidade da pessoa humana, que, como consectário, impõe a elevação do ser humano ao ápice de todo o sistema jurídico, sendo-lhe atribuído o valor supremo de alicerce da ordem jurídica. A dignidade da pessoa humana, pois, serve como mola de propulsão da intangibilidade da vida do homem, dela defluindo o respeito à integridade física e psíquica das pessoas, a admissão da existência de pressupostos materiais (patrimoniais, inclusive) mínimos para que se possa viver e o respeito pelas condições fundamentais de liberdade e igualdade.
Quando se trata de interpretar os direitos humanos, é preciso considerar que a pessoa humana é o valor primordial que cabe ao direito proteger, tanto no campo normativo internos das nações, quanto no plano internacional, lastreado no respeito às convenções e aos tratados internacionais reguladores da matéria.
Neste quadro, destaca-se a dignidade humana que funciona como uma fonte jurídico-positiva para os direitos fundamentais, o que lhes possibilita coerência e unidade. Dá-lhes uma noção de sistema. O princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, assim entendida como valor axiológico, serve como uma espécie de “lei geral” para os direitos fundamentais, que são especificações da dignidade da pessoa humana.
A saber, as características próprias do homem são:
a) Liberdade – o homem é o único ser dotado de vontade, isto é, da capacidade de agir livremente, sem ser conduzido pela inelutabilidade dos instintos; 
b) Autoconsciência – é a consciência que o homem tem de sua própria subjetividade, no tempo e no espaço. Sobretudo, consciência de sua condição de ser vivente e mortal;
c) Sociabilidade – é a necessidade e capacidade do homem viver em polis – sociedade. Sendo o homem a sociedade, e a sociedade o homem;
d) Historicidade - a substância da natureza humana é histórica, isto é, vive em perpétua transformação, pela memória do passado e o projeto do futuro. Tal significa dizer que o ser próprio do homem é um incessante devir;
e) Unicidade existencial - é o fato de que cada homem se apresenta como um ente único e rigorosamente insubstituível no mundo.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
A Organização das Nações Unidas (ONU), ou simplesmente Nações Unidas (NU), é uma organização internacional cujo objetivo declarado é facilitar a cooperação em matéria de direito internacional, segurança internacional, desenvolvimento econômico, progresso social, direitos humanos e a realização da paz mundial. A ONU foi fundada em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, para substituir a Liga das Nações, com o objetivo de deter guerras entre países e para fornecer uma plataforma para o diálogo. Ela contém várias organizações subsidiárias para realizar suas missões.
Existem atualmente 192 estados-membros, incluindo quase todos os estados soberanos do mundo. De seus escritórios em todo o mundo, a ONU e suas agências especializadas decidem sobre questões dessubstantivas e administrativas em reuniões regulares ao longo do ano. A organização está dividida em instâncias administrativas, principalmente: a Assembléia Geral (assembléia principal); o Conselho de Segurança (para decidir determinadas resoluções de paz e segurança); o Conselho Econômico e Social (para auxiliar na promoção da cooperação econômica e social internacional e desenvolvimento); o Secretariado (para fornecimento de estudos, informações e facilidades necessárias para a ONU), o Tribunal Internacional de Justiça (o órgão judicial principal). Além de órgãos complementares de todas as outras agências do Sistema das Nações Unidas, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). A figura mais publicamente visível da ONU é o Secretário-Geral, cargo ocupado desde 2007 por Ban Ki-moon, da Coreia do Sul. A organização é financiada por contribuições voluntárias dos seus Estados membros, e tem seis idiomas oficiais: Árabe, Chinês, Inglês, Francês, Russo e Espanhol. 
A estrutura das Nações Unidas baseia-se em cinco principais órgãos (eram seis - o Conselho de Administração Fiduciária suspendeu suas operações em 1994); a Assembléia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social (ECOSOC), o Secretariado e o Tribunal Internacional de Justiça.Quatro dos cinco órgãos principais estão localizados na sede principal das Nações Unidas em território internacional em Nova York, nos Estados Unidos. O Tribunal Internacional de Justiça está localizado em Haia, nos Países Baixos, enquanto outras grandes agências estão baseadas nos escritórios da ONU em Genebra, Viena e Nairobi. Outras instituições das Nações Unidas estão localizadas em todo o mundo.
A ONU utiliza seis línguas oficiais: árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo. Quase todas as reuniões oficiais são traduzidas simultaneamente para estas línguas. Quase todos os documentos oficiais, em suporte de papel e "on-line", são traduzidos para estes seis idiomas. Em algumas dependências, as conferências e os documentos de trabalho são só em francês e inglês ou em espanhol, francês e inglês e as publicações realizam-se nestes dois ou três idiomas.
A Assembléia Geral é a assembléia deliberativa principal das Nações Unidas. Composta por todos os Estados membros das Nações Unidas, a Assembléia se reúne em uma sessão ordinária anual no âmbito de um presidente eleito entre os Estados-Membros. Ao longo de um período de duas semanas, no início de cada sessão, todos os membros têm a oportunidade de dirigir a montagem. Tradicionalmente, o secretário-geral faz a primeira declaração, seguido pelo presidente da assembléia. A primeira sessão foi convocada em 10 de Janeiro de 1946 no Westminster Central Hall, em Londres, e contou com representantes de 51 nações.Para a aprovação da Assembléia Geral sobre questões importantes, é necessária a maioria de dois terços dos presentes e votantes. Exemplos de questões importantesincluem: recomendações sobre a paz e segurança, eleição de membros de órgãos, admissão, suspensão e expulsão de membros e questões orçamentais. Todas as outras questões são decididas por maioria de votos. Cada país membro tem um voto. Além da aprovação da matéria orçamental, as resoluções não são vinculativas para os membros. A Assembléia pode fazer recomendações sobre quaisquer matérias no âmbito da ONU, excetuando as questões de paz e segurança que estão sob consideração do Conselho de Segurança.
O Conselho de Segurança é o responsável de manter a paz e a segurança entre os países do mundo. Enquanto outros órgãos das Nações Unidas só podem fazer "recomendações" para os governos membros, o Conselho de Segurança tem o poder de tomar decisões vinculativas que os governos-membros acordaram em realizar, nos termos do artigo 25 da Carta. As decisões do Conselho são conhecidas como Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas. É composto por 15 Estados-membros, sendo 5 membros permanentes - China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos - e 10 membros temporários, atualmente a Áustria, Bósnia e Herzegovina, Brasil, Gabão, Japão, Líbano, México, Nigéria, Turquia e Uganda. Os cinco membros permanentes têm o poder de veto sobre as resoluções do Conselho, mas não processual, permitindo que um membro permanente para impeça a adoção, mas não bloqueie o debate de uma resolução inaceitável por ele. Os dez membros temporários são mantidos em mandatos de dois anos conforme votado na Assembléia Geral sobre uma base regional. A Presidência do Conselho de Segurança é girada em ordem alfabética de cada mêse foi realizada pela Áustria no mês de novembro de 2009.
O Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), localizado em Haia, Países Baixos, é o principal órgão judicial das Nações Unidas. Fundado em 1945 pela Organização das Nações Unidas, o Tribunal começou a trabalhar em 1946 como sucessor da Corte Permanente de Justiça Internacional. O Estatuto da Corte Internacional de Justiça, semelhante ao do seu antecessor, é o principal documento constitucional, constituindo e regulando o Tribunal de Justiça. Baseia-se no Palácio da Paz, em Haia, Países Baixos, partilha o edifício com a Academia de Direito Internacional de Haia, um centro privado para o estudo do direito internacional. Vários dos atuais juízes do Tribunal de Justiça são alunos ou ex-membros do corpo docente da Academia. Sua finalidade é dirimir litígios entre os Estados. O tribunal ouve casos relacionados a crimes de guerra, a interferência estatal ilegal, casos de limpeza étnica, entre outros.Um tribunal relacionado, o Tribunal Penal Internacional (TPI), iniciou a sua atividade em 2002 através de discussões internacionais iniciada pela Assembléia Geral. É o primeiro tribunal internacional permanente, encarregado de tentar aqueles que cometem os crimes mais graves do direito internacional, incluindo os crimes de guerra e genocídio. O TPI é funcionalmente independente das Nações Unidas, em termos de pessoal e financiamento, mas algumas reuniões do organismo que rege o TPI, a Assembléia dos Estados Partes do Estatuto de Roma, são realizadas na ONU. Existe um "acordo de relacionamento" entre o TPI e a ONU que determina como as duas instituições se relacionam entre si juridicamente. 
As Funções da ONU - Manutenção da Paz e da Segurança
A ONU, após aprovação pelo Conselho de Segurança, envia forças de manutenção da paz para regiões onde conflitos armados foram cessados ou pausados recentemente para fazer cumprir os termos dos acordos de paz e para evitar que os combatentes retomem as hostilidades. Como a ONU não mantém suas próprias forças armadas, forças de paz são fornecidas voluntariamente pelos Estados-Membros da ONU. As forças, também chamadas de "capacetes azuis", da ONU que cumprir acordos são celebradas com Medalhas das Nações Unidas, que são consideradas condecorações internacionais, em vez de condecorações militares. A força de paz como um todo recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1988.
Os fundadores das Nações Unidas tinham previsto que a organização iria tomar medidas para evitar conflitos entre as nações e tornar guerras futuras impossíveis, porém a eclosão da Guerra Fria tornou acordos de paz extremamente difíceis por causa da divisão do mundo em campos opostos. Após o fim da Guerra Fria, o apelo à ONU para se tornar a agência para alcançar a paz mundial havia sido renovado, pois há várias dezenas de conflitos em curso, que continuam a espalhar destruição ao redor do globo.
Um estudo da RAND Corp 2005 mostrou que a ONU é bem sucedida em dois de cada três esforços de paz. O estudo comparou os esforços da ONU com os dos Estados Unidos, e constatou que sete de oito questões que a ONU trata estão em paz, em comparação com quatro de oito questões no caso dos Estados Unidos. Também em 2005, o Relatório de Segurança Humana documentou um declínio no número de guerras, genocídios e violações dos direitos humanos desde o fim da Guerra Fria, e apresentou provas, embora circunstanciais, que, na maior parte do ativismo internacional liderado pela ONU, tem sido a principal causa do declínio nos conflitos armados desde o fim da Guerra Fria. Situações em que a ONU não tem agido apenas para manter a paz, mas também interveio ocasionalmente, incluem a Guerra da Coréia (1950-1953), e a autorização da intervenção no Iraque após a Guerra do Golfo Pérsico em 1990.A ONU também tem sido criticada por falhas notáveis. Em muitos casos, os Estados-Membros têm mostrado relutância em cumprir as resoluções do Conselho de Segurança, uma questão que decorre da natureza intergovernamental da ONU, vista por alguns como uma simples associação de 192 Estados-Membros que devem chegar a um consenso, não como uma organização independente.
Além de paz, a ONU também é ativa em incentivar o desarmamento. A regulamentação dos armamentos foi incluída na redação da Carta da ONU em 1945 e foi idealizada como uma forma de limitar a utilização de recursos humanos e econômicos para a criação deles. No entanto, o advento das armas nucleares veio apenas algumas semanas após a assinatura da Carta e imediatamente suspendeu conceitos de limitação de armas e desarmamento, resultando na primeira resolução da primeira reunião da Assembléia Geral solicitando propostas concretas para "a eliminação do armamento nacional de armas atômicas e de todas as outras armas importantes adaptáveis a destruição em massa". Os fóruns principais para questões de desarmamento são a Primeira Comissão da Assembléia Geral, a Comissão de Desarmamento das Nações Unidas e a Conferência sobre o Desarmamento, e considerações foram feitas sobre os méritos de uma proibição de testes com armas nucleares, controle de armas no espaço, a proibição de armas químicas e minas terrestres, o desarmamento nuclear e convencional, zonas livres de armas nucleares, a redução dos orçamentos militares e as medidas de reforço da segurança internacional.
3. DIREITOS HUMANOS NO BRASIL
AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS X DIREITOS HUMANOS
A história dos Direitos Humanos no Brasil está vinculada, de forma direta com a história das constituições brasileiras. Portanto, para falarmos a respeito de tal assunto, abordaremos, brevemente, a história das várias Constituições no Brasil e a importância que as mesmas deram aos Direitos Humanos.
A primeira Constituição Brasileira já surgiu provocando o repúdio de inúmeras pessoas, falamos da Constituição Imperial de 1824, que foi outorgada após a dissolução da Constituinte, razão da rejeição em massa que acarretou protestos em vários Estados brasileiros, como em Pernambuco, Bahia, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.Essas reivindicações de liberdade, culminaram com a consagração dos Direitos Humanos, pela Constituição Imperial, que apesar de autoritária (por concentrar uma grande soma de poderes nas mãos do imperador), revelou-se liberal no reconhecimento de direitos.De acordo com a Constituição Imperial Brasileira de 1824, a inviolabilidade dos direitos civis e políticos baseavam-se na liberdade, na segurançaindividual e, como não poderia deixar de ser, na propriedade (valor, de certa forma, questionável).
Em 24 de fevereiro de 1891, surgiu a primeira Constituição Republicana que tinha como objetivo, como ensina Herkenhoff, "corporificar juridicamente o regime republicano instituído com a Revolução que derrubou a coroa."Foi essa Constituição que instituiu o sufrágio direto para a eleição dos deputados, senadores, presidente e vice-presidente da República, no entanto, determinava, também, que os mendigos, os analfabetos, os religiosos, não poderiam exercer tais direitos políticos. Além disso, ela aboliu a exigência de renda como critério de exercício dos direitos políticos.O sufrágio direto estabelecido por esta Constituição, no entanto, não modificou as regras de distribuição do poder, já que a prioridade da força econômica nas mãos dos fazendeiros e o estabelecimento do voto, a descoberto, contribuíram para que estes pudessem manipular os mais fracos economicamente, de acordo com seus interesses políticos.Apesar disso, podemos afirmar que a primeira Constituição republicana ampliou os Direitos Humanos, além de manter os direitos já consagrados pela Constituição Imperial.
Em 1926, com a reforma constitucional, procurou-se em primeiro lugar, remediar os abusos praticados pela União em razão das intervenções federais nos Estados, no entanto, não atendeu, de forma plena, a exigência daqueles que entendiam que a Constituição de 1891 não se mostrava adequada à real instauração de um regime republicano no Brasil.
A Revolução de 1930 provocou um total desrespeito aos Direitos Humanos, que foram praticamente esquecidos. O Congresso Nacional e as Câmaras Municipais foram dissolvidos, a magistratura perdeu suas garantias, suspenderam-se as franquias constitucionais e o habeas corpus ficou restrito à réus ou acusados em processos de crimes comuns. Não foram poucos os que se rebelaram contra essa "prepotência", culminando com a Revolução constitucionalista de 1932, que acarretou na nomeação, pelo governo provisório, de uma comissão para elaborar um projeto de Constituição, comissão esta que, por reunir-se no Palácio do Itamarati, recebeu o nome de "a comissão do Itamarati". A participação popular, no entanto, ficou por demais reduzida em razão da censura à imprensa. Entretanto, apesar desta censura, a Constituição de 1934 estabeleceu algumas franquias liberais, como por exemplo: determinou que a lei não poderia prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; vedou a pena de caráter perpétuo; proibiu a prisão por dívidas, multas ou custas; criou a assistência judiciária para os necessitados (assistência esta, que ainda hoje, não é observada por grande parte dos Estados brasileiros); instituiu a obrigatoriedade de comunicação imediata de qualquer prisão ou detenção ao juiz competente para que a relaxasse, se ilegal, promovendo a responsabilidade da autoridade co-atora, além de várias outras franquias estabelecidas.
Além dessas garantias individuais, a Constituição de 1934 inovou ao estatuir normas de proteção social ao trabalhador, proibindo a diferença de salário para um mesmo trabalho, em razão de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil; proibindo o trabalho para menores de 14 anos de idade, o trabalho noturno para os menores de 16 anos e o trabalho insalubre para menores de 18 anos e para mulheres; determinando a estipulação de um salário mínimo capaz de satisfazer às necessidades normais do trabalhador, o repouso semanal remunerado e a limitação de trabalho a 8 horas diárias que só poderão ser prorrogadas nos casos legalmente previstos, além de muitas outras garantias sociais do trabalhador.
A Constituição de 1934 não esqueceu-se também dos direitos culturais. Tratava-se de uma constituição que tinha como objetivo primordial, o bem estar geral. Ao instituir a Justiça Eleitoral e o voto secreto, essa constituição abriu os horizontes do constitucionalismo brasileiro, como bem ensina Herkenhoff (Curso de Direitos Humanos, pg. 77), para os direitos econômicos, sociais e culturais. Ela respeitou os Direitos Humanos e vigorou durante mais de 3 anos, até a introdução do chamado "Estado Novo", em 10 de Novembro de 1937, que introduziu o autoritarismo no Brasil.Foi no "Estado Novo" que foram criados os tão polêmicos Tribunais de exceção, que tinham a competência para julgar os crimes contra a segurança do Estado. Nesta época, foi declarado estado de emergência no país, ficaram suspensas quase todas as liberdades a que o ser humano tem direito, dentre elas, a liberdade de ir e vir, o sigilo de correspondência (uma vez que as mesmas eram violadas e censuradas) e de todos os outros meios de comunicação, sejam orais ou escritos, a liberdade de reunião e etc.Os Direitos Humanos praticamente não existiram durante os, quase, oito anos em que vigorou o "Estado Novo".
Com a Constituição de 1946, o país foi como diz Herkenhoff(XI), "redemocratizado", já que essa constituição restaurou os direitos e garantias individuais, sendo estes, até mesmo ampliados, do mesmo modo que os direitos sociais. De acordo com estes, foi proibido o trabalho noturno a menores de 18 anos, estabeleceu-se o direito de greve, foi estipulado o salário mínimo capaz de atender as necessidades do trabalhador e de sua família, dentre outros demais direitos previstos.Os direitos culturais também foram ampliados e essa Constituição vigorou até o surgimento da Constituição de 1967, no entanto sofreu várias emendas e teve a vigência de inúmeros artigos suspensa por muitas vezes por força dos Atos Institucionais de 9 de Abril de 1964 (AI-1) e de 27 de outubro de 1965 (AI-2), no golpe, autodenominado "Revolução de 31 de março de 1964". Apesar de tudo isso, podemos afirmar que, durante os quase 18 anos de duração, a Constituição de 1946 garantiu os Direitos Humanos.
A Constituição de 1967, porém, trouxe inúmeros retrocessos, suprimindo a liberdade de publicação, tornando restrito o direito de reunião, estabelecendo foro militar para os civis, mantendo todas as punições e arbitrariedades decretadas pelos Atos Institucionais. Hipocritamente, a Constituição de 1967 determinava o respeito à integridade física e moral do detento e do presidiário, no entanto na prática, tal preceito não existia.No que pertine aos demais direitos, os retrocessos continuaram: reduziu a idade mínima de permissão para o trabalho, para 12 anos; restringiu o direito de greve; acabou com a proibição de diferença de salários, por motivos de idade e de nacionalidade; restringiu a liberdade de opinião e de expressão; recuou no campo dos chamados direitos sociais, etc.
Essa Constituição vigorou, formalmente, até 17 de outubro de 1969, com a nova Constituição, porém, na prática, a constituição de 67 vigorou apenas até 13 de dezembro de 1968, quando foi baixado o mais terrível Ato Institucional, o que mais desrespeitou os Direitos Humanos no País, provocando a revolta e o medo de toda a população, acarretando a ruína da Constituição de 1967, o AI-5, que trouxe de volta todos os poderes discricionários do Presidente, estabelecidos pelo AI-2, além de ampliar tais arbitrariedades, dando ao governo a prerrogativa de confiscar bens, suspendendo, inclusive, o habeas corpus nos casos de crimes políticos contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular.Foi um longo período de arbitrariedades e corrupções. A tortura e os assassinatos políticos foram praticados de forma bárbara, com a garantia do silêncio da imprensa, que encontrava-se praticamente amordaçada e as determinações e "proteções legais" do AI-5. Tanto foi que a Constituição de 1969 somente começou a vigorarem 1978, com a queda do AI-5. A constituição de 1969 retroagiu ainda mais, já que teve incorporadas ao seu texto legal, as medidas autoritárias dos Atos Institucionais. Os DH não foram respeitados.
A anistia conquistada em 1979, não aconteceu da forma que era esperada, já que anistiou, em nome do regime, até mesmo os criminosos e torturadores. No entanto, representou uma grande conquistado povo.
Para inúmeros brasileiros, a luta pela anistia representou "uma das páginas de maior grandeza moral escrita na História contemporânea do Brasil", juntamente com a convocação e o funcionamento da Constituinte.
A Constituição de 1988 veio para proteger, talvez tardiamente, os direitos do homem. Tardiamente, porque isso poderia ter se efetivado na Constituição de 1946, que foi uma bela Constituição, mas que, logo em seguida foi derrubada, com a Ditadura. É por isso que Ulisses Guimarães afirmava que a Constituição de 1988 era uma "Constituição Cidadã", porque ela mostrou que o homem tem uma dignidade, dignidade esta que precisa ser resgatada e que se expressa, politicamente, como cidadania.
O problema da dignidade da pessoa humana vem tratado na Constituição de 1988, já no preâmbulo, quando fala da inviolabilidade à liberdade e, depois, no artigo primeiro, com os fundamentos e, ainda, no inciso terceiro (a dignidade da pessoa humana), mais adiante, no artigo quinto, quando fala da inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à igualdade. Esta dignidade significa que o homem não pode ser tratado como um animal qualquer, pois ele tem a sua individualidade. Tem uma essência, que é própria dele. Cada indivíduo é totalmente diferente de outro e o que os identifica é essa essência de ser pessoa.A única coisa capaz de garantir a dignidade da pessoa humana é a justiça. A dignidade é um valor supremo. O homem é digno pelo simples fato de ser racional (que o diferencia dos outros animais). A dignidade éum valor fundamental.
Flávia Piovesan ensina que "a ordem constitucional de 1988 apresenta um duplo valor simbólico: é o marco jurídico da transição democrática, bem como da institucionalização dos direitos humanos no país. A Carta de 1988 representa a ruptura jurídica com o regime militar autoritário que perpetuou no Brasil de 1964 a 1985".
Com a Constituição de 1988, houve uma espécie de "redefinição do Estado brasileiro", bem como de seus direitos fundamentais.Ao ler os dispositivos constitucionais, podemos deduzir o quanto foi acentuada a preocupação do legislador, em garantir a dignidade, o respeito e o bem-estar da pessoa humana, de modo a se alcançar a paz e a justiça social.
A DITADURA MILITAR
Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar.
O Golpe Militar de 1964 
A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organização populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria.Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista. Os partidos de oposição, a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de estar planejando um golpe de esquerda e de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava.
No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país.Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9 de abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este cassa mandatos políticos de opositores ao regime militar e tira a estabilidade de funcionários públicos.
Governo Castello Branco (1964-1967) 
Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Nacional presidente da República em 15 de abril de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a democracia, porém ao começar seu governo, assume uma posição autoritária. Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos receberam intervenção do governo militar. Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estavam autorizados o funcionamento de dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o segundo representava os militares.
O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Constituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de atuação.
Governo Costa e Silva (1967-1969)
Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu governo é marcado por protestos e manifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país. A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil. Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralisam fábricas em protesto ao regime militar. A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e seqüestram embaixadores para obterem fundos para o movimento de oposição armada.No final de 1968, o governo decreta o Ato Institucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e policial. 
    
Governo da Junta Militar (31/8/1969-30/10/1969)
Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica).Dois grupos de esquerda, o MR-8 e a ALN seqüestram o embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a libertação de 15 presos políticos, exigência conseguida com sucesso. Porém, o governo decreta a Lei de Segurança Nacional, que institui o exílio e a pena de morte em casos de "guerra psicológica, revolucionária, ousubversiva".No fim de 69, Carlos Mariguella (líder da ALN) foi morto pelas forças de repressão paulista.
Governo Médici (1969-1974)
Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general Emílio Garrastazu Medici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido como " anos de chumbo ". A repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censuradas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores são investigados, presos, torturados ou exilados do país. O DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna ) atua como centro de investigação e repressão do governo militar. Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas forças militares.
O Milagre Econômico 
Na área econômica o país crescia rapidamente. Este período que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido como aépoca do “Milagre Econômico”. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%. Com investimentos internos e empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou uma base de infra-estrutura. Todos estes investimentos geraram milhões de empregos. Algumas obras grandiosas foram executadas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói.Porém, esse crescimento teve um custo altíssimo e a conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os padrões econômicos do Brasil. 
Governo Geisel (1974-1979)
Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel que começa um lento processo de transição rumo à democracia. Seu governo coincide com o fim do milagre econômico e com a insatisfação popular em altas taxas. A crise do petróleo e a recessão mundial interferem na economia brasileira, no momento em que os créditos e empréstimos internacionais diminuem. Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e segura. A oposição política começa a ganhar espaço. Nas eleições de 1974, o MDB conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos Deputados e ganha a prefeitura da maioria das grandes cidades.Os militares de linha dura, não contentes com os caminhos do governo Geisel, começam a promover ataques clandestinos aos membros da esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir Herzog á assassinado nas dependências do DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho aparece morto em situação semelhante. Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil.
Governo Figueiredo (1979-1985)  
A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o processo de redemocratização. O general João Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condenados por crimes políticos. Os militares de linha dura continuam com a repressão clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil). No dia 30 de Abril de 1981, uma bomba explode durante um show no centro de convenções do Rio Centro. O atentado fora provavelmente promovido por militares de linha dura, embora até hoje nada tenha sido provado.Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o pluripartidarismo no país. Os partidos voltam a funcionar dentro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a ser PDS, enquanto o MDB passa a ser PMDB. Outros partidos são criados, como: Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT).
A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já
Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários problemas. A inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos.
Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para presidente naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.
No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal. Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios democráticos no país.
4- INSTRUMENTOS BÁSICOS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO ÂMBITO DAS NAÇÕES UNIDAS
A CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL
Uma forma com a qual muita gente bem intencionada contribui para aumentar a discriminação é alimentando preconceitos e estereótipos.
O preconceito, como seu nome indica, é um "pré" conceito uma opinião que se emite antecipadamente, sem contar com informação suficiente para poder emitir um verdadeiro julgamento, fundamentado e raciocinado. Os preconceitos são opiniões levianas e arbitrárias, mas que não surgem do nada. Nem, ao contrário do que se possa pensar, são opiniões individuais. Em geral, nascem da repetição irrefletida de pré-julgamentos que já ouvimos antes mais de uma vez. Finalmente, à força de tanta repetição, terminamos por aceitá-los como verdadeiros. E os repetimos sem sequer nos preocuparmos em verificar quão certos são. O preconceito contra certas pessoas ou grupos de pessoas nasce dos estereótipos.
Um estereótipo pode ser definido como um conjunto de traços que supostamente caracterizam a um grupo em seu aspecto físico e mental e em seu comportamento. Este conjunto afasta-se da realidade restringindo-a e mutilando-a. Isto que dizer que a realidade se deforma da mesma maneira que quando se faz uma caricatura: primeiro, simplifica-se a realidade (selecionam-se um ou uns poucos elementos ou traços, enquanto ignoram-se todos os demais) e depois, ela é generalizada (esses elementos ou traços simplificados são atribuídos automaticamente a todos os indivíduos que formam um grupo).
Seja positivo ou negativo o estereótipo sempre é falso na medida em que empobrece e distorce a realidade. Quem o utiliza crê que está fazendo uma descrição; mas o que está fazendo, na verdade, é acomodar-se num esquema rígido pré-fixado de comportamento, de mentalidade, de virtudes ou defeitos. E uma vez acomodado no esquema, aplica-o por igual a todos os indivíduos que compõem o grupo. Não existem matizes, muito menos variações individuais.
O policial militar deve trabalhar, pois, para banir os "pré-conceitos" e vencer os estereótipos, num esforço por construir o respeito mútuo às diferenças que nos dão identidade como pessoas. Mas observemos que respeitar não é a mesma coisa que sermos indiferentes com o que os outros são ou pensam; nem é buscar concordar em tudo com os demais. É reconhecer o direito dos outros a ser como são e a pensar como pensam, ainda que não compartilhemos de suas maneiras de ser e pensar. Também não é respeitar todos os atos dos outros. Existem atos reprováveis que devemos censurar e combater. Porém, sempre, respeitando a pessoa, sua essencial dignidade e seus direitos. Porque o reconhecimento e a defesa dos Direitos Humanos alcançam também a quem os viola."A discriminação racial ocorre quando a pessoa sofre preconceito ou discriminação em razão da cor de sua pele ou etnia.
Todo tipo de discriminação e preconceito é vedado pela legislação brasileira. A Constituição Federal, no seu art. 5º, dispõe que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, no seu art. 1º, dispõe que todos os seres humanos nascem iguais em dignidade e direitos. O art. 2º ainda assevera que todos os seres humanos estão aptos a exercer os seus direitos sem distinção de nenhum tipo ou gênero, seja por raça, cor, sexo, língua, orientação política etc. A Constituição Federal, no 47.seu art. 5º, incisos XLI e XLII, dispõe que a lei punirá qualquer discriminação atentatória aos direitos e liberdades fundamentais e que a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão.
A prática de uma discriminação em virtude de cor ou etnia poderá ser enquadrada na Lei nº 7.716/89, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Nesse caso, a ação será pública e bastará que a vítima comunique o crime à autoridade policial ou ao promotor de Justiça para que este tome as providências legais cabíveis. Não é preciso que a vítima contrate advogado, visto que o promotor é que ingressará com a ação penal se o crime for enquadrado como de racismo.
Porém, a prática de racismo poderá ser enquadrada como crime de injúriareal, previsto no art. 140, § 3º, do Código Penal. Neste caso, a ação será privada e a vítima deverá contratar advogado e ingressar com o processo dentro do prazo de seis meses, a contar da data que ocorreu o crime. 
A CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER
A discriminação esta intimamente relacionada com as mulheres, como vitimas em certas situações, e com a sua condição especial e necessidades peculiares.
Em relação a esse tema, é muito importante a questão da sensibilização. A questão é muito importante dentro das Instituições Policiais que permanecem com um contigente predominantemente masculino, tanto do ponto de vista numérico, quanto cultural. A sensibilização deve construir a finalidade primordial.
É necessário que os policiais executem todas as suas funções em consonância com o principio da não-discriminação; evitem a vitimização e lidem com as suas conseqüências; garantam que, ao lidar com as mulheres, a condição especial delas seja respeitada e suas necessidades especiais sejam atendidas.
Se os Policiais satisfizerem a todas essas exigências, irão prevenir, ou pelo menos remediar, erros ou danos importantes. Irão sensibilizar amplamente a comunidade e, em alguns casos, prevenir danos muito maiores ou mesmo trágicos;
A discriminação no usufruto dos direitos humanos está proibida sob os principais instrumentos de direitos humanos. Os Estados são obrigados a garantir direitos iguais aos homens e mulheres para usufruir de todos os direitos civis e políticos. Esse tema está especificamente na Declaração e na Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de discriminação contra mulheres.
Mulheres como vítima de violência doméstica:
A violência contra mulheres, por parte de seus parceiros masculinos, é uma grave violação dos direitos humanos. Quando esta violência ocorre, isso significa que o Estado fracassou na proteção do direito à segurança da pessoa, e talvez mesmo, na tutela do direito à vida, em relação às pessoas sob sua jurisdição.
A reação da policia à violência doméstica é um assunto técnico de policiamento. Por isso devem ser desenvolvidas estratégias eficientes nesta área. Essas estratégias foram identificadas no Manual de Estratégias para enfrentar a Violência Doméstica, produzido pelo Centro das Nações Unidas para o desenvolvimento social humanitários. Logo abaixo estão relacionados os principais tópicos do referido manual.
Definição:
Violência domestica significa agressão física ou mental em mulheres por parte de seus companheiros, que vão desde pequenas agressões físicas até o assassinato, incluindo agressões verbais constantes e privação parcial ou total de recursos para subsistência.
Extensão do problema:
A incidência da violência domestica trata-se de um problema muito oculto, mas ocorre em famílias de todas as classes sociais e de cultura.
Efeitos e causas:
Seus efeitos incluem a morte, o dano físico, problemas psicológicos e prejuízos a outros membros da família, principalmente às crianças. Existem causas especificas, como o uso abusivo de bebidas alcoólicas ou drogas, mas algumas teorias sugerem que é a dependência social, bem como os hábitos culturais e nas crenças concernentes à superioridade do “macho”.
O papel essencial da Polícia:
A violência doméstica é um crime que ocorre dentro da família, entre pessoas emocionalmente e financeiramente envolvidas umas com as outras. A Polícia, que possui poderes de detenção, tem disponibilidade de policiais 24 horas por dia e capacitada para tomar providências de emergência, é o órgão mais importante dessa questão. Não existe aquela história de que “briga entre marido e mulher, ninguém mete a colher”. Se ocorrer infração penal do marido contra a mulher, a policia tem o dever de interferir. 
Passo práticos para atender aos Padrões Internacionais:
a. evite atitudes, observações e condutas discriminatórias em relação às mulheres;
b. permaneça sensível aos direitos humanos das mulheres durante as atividades policiais;
c. faça prevalecer as medidas legais para combater o tráfico, a exploração e a prostituição de mulheres;
d. lide eficazmente com a violência contra mulheres por parte de seus parceiros masculinos;
e. trate eficazmente, com humanidade e sensibilidade, das mulheres que forem vítimas da violência de seus parceiros ou vítimas de estupro ou outros abuso sexuais;
f. respeite os direitos humanos e a condição especial das mulheres presas;
g. trate as mulheres com toda consideração devida ao seu sexo, e proteja-as dos ataques a sua honra, dos estudos e de outras formas de agressão.
CONVENÇÃO SOBRE A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS E FORMAS CRUÉIS, DESUMANAS OU DEGRADANTES
A Convenção está dividida em três partes: a primeira diz respeito aos sujeitos ativos e passivos da tortura, sua definição e as medidas a serem tomadas pelos Estados que a ela aderirem, basicamente; a segunda trata do "Comitê", terminologia adotada para definir a formação de um Comitê contra a Tortura e seu modus operandi: membros, duração do mandato, relatórios, posicionamentos sobre casos apresentados dentre outros; a parte III cuida da adesão dos Estados-partes à Convenção, bem como emendas que possam vir a sugerir. A 1ª parte da Convenção é em verdade o seu" coração".
O artigo 1º da Convenção consolida o entendimento a nível internacional de que a tortura ocorrida no Estado, através de seus funcionários civis, policiais ou militares, por ser uma prática comum e sinistra e por suas conseqüências graves, cruéis e funestas, deve ser reprimida por leis nacionais, com maior rigor e de forma mais efetiva.
O artigo 2º conclama os Estados a adotar todas as medidas necessárias a fim de impedir a prática de atos de tortura em seus respectivos territórios e consagra a regra de que, em nenhum caso, poderão ser invocadas ‘circunstâncias excepcionais’ como ameaça ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência, como justificação para tortura. Do mesmo modo, dispõe o texto convencional que não será admitida a exclusão da culpabilidade sob a alegação de obediência à ordem de autoridade pública superior."(12) No entender de José João Leal, ainda, o texto da Convenção procura atingir os dois tipos de tortura mais comuns: a policialesca e a inquisitorial. A primeira é caracterizada por práticas diversas (choques elétricos, afogamentos, paus-de-arara, celas escuras e fétidas, etc.) usadas como forma de 1) investigação policial 2) castigo pelo crime cometido. Não raro conta com a conivência de magistrados, membros do Ministério Público e autoridades policiais. Predomina que este é o único meio a se obter a prova material e da autoria do crime. 
A segunda forma de tortura é a institucional, que é a praticada por motivo político-ideológico, também usada como instrumento da investigação a serviço do aparelho estatal totalitário. "Historicamente, suas vítimas têm sido sistematicamente os líderes sindicais, políticos e estudantis, os intelectuais e os religiosos mais progressistas e autênticos que, num certo momento, possuem a coragem de resistir e lutar contra uma ordem política opressora e injusta."
O artigo 3º cuida de dar proteção ao ser humano que, se extraditado ou expulso de uma nação, sabidamente possa ser submetido à tortura.
No artigo 4º já se preceituava a necessidade do legislador definir em lei o crime de tortura a fim de que sua prática fosse coibida (crime em sua forma consumada, tentada e em co-autoria)
O artigo 5º define a competência territorial do Estado em relação às medidas que tenha que tomar caso constate a prática de tortura, além de dentro de seu território, à bordo de navio, aeronave registrada no Estado e quando o autor ou vítima for nacional do Estado (princípios da universalidade e da nacionalidade).
O artigo subsequente preceitua que o Estado deve proceder à detenção do autor e adotar as medidas legais que estejam de acordo com sua lei, a fim de garantir a repressão e punição à prática de tortura.
De toda forma, procurou-se garantir ao suposto autor tratamento justo

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