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02 - POLITICAS SOCIAIS

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FACAM – FACULDADE DO MARANHÃO 
SOMAR SOCIEDADE MARANHENSE DE ENSINO SUPERIOR LTDA 
CNPJ 04.855.275/0001-68 
GRADUAÇÃO – PÓS-GRADUAÇÃO – ENSINO À DISTÂNCIA 
 
 
 
 
POLÍTICAS SOCIAIS 
 
PAULA CAROLINA CAETANO DE MORAES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Faculdade do Maranhão 
 
 Políticas Sociais / Faculdade do Maranhão –. São Luís, 2014. 
 
61f.:il. 
 
Impresso por computador (Fotocópia) 
 
Apostila (Graduação em Serviço Social a Distância) – Curso de Graduação 
em Serviço Social, Faculdade do Maranhão, 2014. 
 
 1. Políticas Sociais I. Título. 
 
 
 CDU 304.4 
 
SOMAR – Sociedade Maranhense de Ensino Superior Ltda. 
FACAM – Faculdade do Maranhão 
 
Carlos César Branco Bandeira 
Diretor Geral 
 
Thatiana Soares Rodrigues Bandeira 
Diretora Executiva 
 
Henilda Ferro Castro 
Diretora Acadêmica 
 
Heraldo Marinelli 
Coordenador Geral de Ensino a Distância 
 
MeyryJanes Costa Almeida 
Supervisora Adjunta de Ensino a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENTRADA 
Inscrição / Seleção 
Orientação ao aluno 
Recebimento do 
material 
instrucional 
Processo de Estudo 
Independente 
 
Avaliação presencial 
Encontros 
pedagógicos 
 
TUTORIA 
SAÍDA 
Aluno inicia Estudo 
Independente dos 
demais módulos 
Alcançou 
desempenho 
satisfatório 
 
Aluno entra em 
processo de 
reorientação com o 
tutor 
Não alcançou 
desempenho 
satisfatório 
 
T 
U 
T 
O 
R 
I 
A 
FLUXOGRAMA DE ESTUDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA: POLÍTICAS SOCIAIS 
 
PLANO DE ENSINO 
 
EMENTA 
 
Discute as concepções de Política Social em diferentes perspectivas teóricas. 
Fundamentos e conceitos básicos de política social. Gênese histórica e 
desenvolvimento das políticas sociais no mundo, América Latina, e no Brasil. 
Funções da política social no capitalismo. As dimensões históricas, econômicas e 
sociais da política social. Aborda a evolução e a formulação das políticas sociais no 
Brasil. Analisa o papel do Estado e as novas formas de Regulação Social. Discute a 
Questão Social e o sistema brasileiro de proteção social. Organização e gestão das 
políticas sociais no Brasil. As políticas setoriais no Brasil e seus programas. 
Avaliação das políticas sociais. O trabalho do Assistente Social e as Políticas 
Sociais. 
 
 
OBJETIVOS 
 
Objetivo Geral: O objetivo desta disciplina é proporcionar a você o contato com 
elementos teóricos e metodológicos que facilitem a compreensão do processo de 
surgimento e a dinâmica da agenda social para a avaliação de políticas sociais 
frente aos novos padrões de atenção e proteção social na América Latina. 
 
Objetivos Específicos: 
• Conceituar Política Social e contribuir, desta forma, para o 
entendimento da importância do estudo deste tema no processo de 
formação em Serviço Social; 
• Analisar as abordagens teóricas da Política Social em sua relação com 
o Serviço Social; 
• Compreender e descrever as origens da Política Social 
contextualizando-as historicamente; 
• Caracterizar o capitalismo, o liberalismo e a democracia em sua 
relação com as políticas sociais 
 
 
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
RECURSOS 
Quadro branco e acessórios; 
Textos; 
Data Show; 
Computador; 
Papel Chamex. 
 
AVALIAÇÃO 
A avaliação será processual e contínua através de observação, acompanhamento 
dos trabalhos em diversos momentos de aprendizagem. 
O processo ensino-aprendizagem será avaliado na dimensão qualitativa e 
quantitativa – a partir de produção individual e coletiva, expressão crítica e reflexiva 
dos conteúdos, assiduidade, criatividade, organização e desempenho nas atividades 
no contexto presencial e a distância. 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
BOBBIO, N. O futuro da democracia. São Paulo: Paz e Terra, 2000. 
 
BOSCHETTI, I. Política Social: fundamentos e história. São Paulo: Cortez, 2006. 
 
FALEIROS, V.P. A Política Social do estado capitalista. 8 ed. Ver. São Paulo: 
Cortez, 2000. 
 
 
BIBLIGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de 
outubro de 1988. 29 ed. Atual e ampl. São Paulo: Saraiva, 2002. 
 
BRASIL, Presidência da República. Lei Orgânica da Assistência Social, nº 8.742, 
de 07 de dezembro de 1993, publicada no DOU de 8 de dezembro de 1993. 
 
BRAVO, Maria Inês Souza; PEREIRA, Potyara A.P. (Org.). Política Social e 
Democracia. São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro: UERJ, 2002. 
 
DOWBOR, Ladislau. A gestão social em busca de paradigmas. In: RICO, Elizabeth 
de Melo; DEGENSZAJN, Raquel Raichelis. Gestão social: uma questão em 
debate. São Paulo: EDUC; IEE, 1999, p.31-42. 
 
FRIEDMAN, Milton. Capitalismo e Liberdade. São Paulo: Abril Cultural, 1984. 
 
IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital 
financeiro, trabalho e questão social. São Paulo: Cortez, 2007. 
 
SPOSATI, Aldaíza de Oliveira. et al. A assistência na trajetória das políticas 
sociais brasileiras: uma questão em análise. 7.ed. São Paulo: Cortez, 1988. 
 
SOUZA, Claudia Moraes de. MACHADO, Ana Claudia. Movimentos Sociais no 
Brasil Contemporâneo. São Paulo: Ed. Loyola, 1997. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
As políticas sociais são um referencial importante e um campo de atuação 
privilegiado do Serviço Social. É um desafio contraditório da sociedade e do sistema 
produtivo. Nesta disciplina, serão analisadas em suas dimensões teórica, histórica e 
política. O objetivo é capacitar futuros profissionais para a compreensão da 
realidade histórica das políticas sociais no Brasil. 
O primeiro capítulo traz uma introdução breve sobre o assunto situando o 
aluno dentro do conteúdo a ser estudado durante a disciplina. 
O segundo capítulo desta apostila intitulado “Política Social” origem 
histórica vem analisar o fenômeno da Política Social, contextualizando-a no interior 
do capitalismo e do liberalismo. e não poderia ser diferente, já que a mesma foi 
concebida na sociedade burguesa capitalista, e, portanto, tem relação direta com o 
capitalismo, estando vinculada às acumulações do capital. 
O terceiro capítulo traz uma análise do conceito de Estado, sua 
constituição e desenvolvimento, resgata o histórico do Estado desde a Antiguidade e 
período feudal até o Estado Moderno e a atualidade em relação à sociedade civil. 
O quarto capítulo vem tratar sobre o Estado de Bem Estar Social e suas 
políticas sociais identificadas com o conceito de cidadania. 
O quinto capítulo apresenta o Neoliberalismo, seus ajustes e desajustes, 
trazendo as contradições impostas pelo modelo de desenvolvimento e trazendo a 
formação de movimentos de oposição que lutam pela ampliação dos programas de 
assistência social oferecidos pelo Estado. 
O sexto capítulo traz um resgate histórico das políticas sociais, dos anos 
30 à contemporaneidade, desde a década de 1930 conhecida como a Era Vargas 
até a atualidade com o Governo de Luís Inácio Lula da Silva e que vem dando 
continuidade com a atual presidenta Dilma Roussef sem grandes alterações. 
No sétimo capítulo apresentamos a relação entre as políticas sociais e os 
movimentos sociais e a importância da mobilização destes movimentos para a 
implementação de políticas sociais eficazes. Destacamos também a relação entre 
movimentos sociais e serviço social. 
O oitavo capítulo vem debater a temática da gestão das políticas sociais, 
destacando o papel da participação da sociedade civil e do Controle Social através 
dos Conselhos. 
O nono e último capítulo traz à bailaas dimensões do trabalho do 
Assistente Social no âmbito das políticas sociais, demonstrando a diversidade de 
formas de intervenção deste profissional neste campo. 
A partir dessa contextualização, é fácil perceber que a política capitalista 
não é uma atividade neutra, de atenção à pobreza ou à desigualdade social, 
formulada consensualmente no âmbito do Estado para ser aplicado à sociedade. Ao 
contrário, ela é um processo tenso, com muitas complexidades, contradições e 
conflitos de interesse. 
As profundas alterações nas relações históricas entre o Estado e a 
sociedade civil, quanto as formas de organização e gestão da força de trabalho vêm 
atingindo o conjunto das especializações do trabalho, entre as quais o Serviço 
Social, inaugurando novos marcos da divisão social é técnica do trabalho, que 
interpelam o assistente social em suas respostas profissionais. 
Assim, esta disciplina propõe-se a debater temas da maior importância 
para a orientação crítica do trabalho do assistente social, considerando a amplitude 
de suas funções e atribuições no cotidiano profissional. 
Na expectativa de que esta disciplina inspire atitude e práticas 
profissionais questionadoras no âmbito das políticas sociais, desejamos às (aos) 
alunas (os) um proveitoso e estimulante estudo. 
 
Professora Paula Carolina Caetano de Moraes 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 9 
2 POLÍTICA SOCIAL – ORIGEM HISTÓRICA ................................................... 10 
2.1 Conceituando Política Social ........................................................................ 12 
2.2 Características das Políticas Sociais ........................................................... 12 
2.3 Alternativas de Política Social ...................................................................... 14 
3 A QUESTÃO DO ESTADO E AS POLÍTICAS SOCIAIS................................. 15 
4 O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL: concepção e crise ............................. 18 
5 NEOLIBERALISMO – AJUSTES E DESAJUSTES ........................................ 21 
6 POLÍTICAS SOCIAIS: dos anos 30 à contemporaneidade ............................. 22 
7 POLÍTICAS SOCIAIS E MOVIMENTOS SOCIAIS .......................................... 28 
8 GESTÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS .............................................................. 31 
9 DIMENSÕES DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NAS POLÍTICAS 
SOCIAIS .......................................................................................................... 32 
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 38 
 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 41 
 ANEXOS .......................................................................................................... 42 
 
 
 
9 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
No Dicionário Aurélio, a palavra “política” se refere ao processo de disputa 
por cargos e negociação de interesses na sociedade, quanto à implementação de 
ações governamentais específicas, na área de educação, saúde, meio ambiente, 
redução da pobreza e outras. Porém, segundo Schwartzman (2004), não existe 
unanimidade entre as diversas áreas do conhecimento acerca do conceito de 
política. Os cientistas políticos de língua inglesa usam palavras diferentes para estes 
dois processos: “politics” no primeiro caso, e “policy” no segundo, expressão que 
costuma ser traduzida para o português como “política pública”. 
Dentro desta ótica, procure refletir sobre o fato que políticas públicas são 
estabelecidos, em suas linhas mais gerais, pela política. Mas só a política não é 
capaz de transformá-las em ações governamentais específicas. Elas dependem, 
além disto, dos fatos e da maneira pela qual os fatos são vistos e interpretados. 
O que é uma política social? Para Machado; Kiosen (1998, p. 01), 
 
A política social é uma política, própria das formações econômico-sociais 
capitalistas contemporâneas, de ação e controle sobre as necessidades 
sociais básicas das pessoas não satisfeitas pelo modo capitalista de 
produção. É uma política de mediação entre as necessidades de 
valorização e acumulação do capital e as necessidades de manutenção da 
força de trabalho disponível para o mesmo. Nesta perspectiva, a política 
social é uma gestão estatal da força de trabalho. (...) como o capital e o 
trabalho se constituem nas duas categorias fundamentais do modo 
capitalista de produção, a política social transita entre ambos. Ou seja, 
ainda que, prioritariamente, respondendo às necessidades do capital, esta 
resposta deve produzir algum grau de satisfação às necessidades do 
trabalho. (...) portanto, há uma problematicidade na política social, dado que 
ela se insere no âmbito da tentativa de buscar um certo grau de 
compatibilidade entre capital e trabalho. 
 
Os autores citados chamam a atenção para o fato de que a política social, 
de qualquer forma manifestada, é garantida e efetivada apenas com o custeio dos 
próprios beneficiários, ou seja, dos trabalhadores assalariados. 
10 
 
Dentro desta ótica, tais políticas apresentam um inegável conteúdo de 
classe social e respondem, em ultima instância, aos interesses das classes 
dominantes. Isto não significa, segundo os autores, que se deve, neste momento 
histórico, negar uma ou outra – ou ambas. O que se mostra fundamental é o 
fortalecimento daqueles que se encontram fora dos processos decisórios que 
acontecem no âmbito político. Os espaços políticos já existentes – sindicatos, 
associações, conselhos – e a busca incessante de criação de novos espaços de 
participação podem se constituir em um caminho possível de fortalecimento dos 
indivíduos para que reconheçam enquanto sujeito coletivo e imponham mudanças 
importantes em ambas as políticas. Mudanças estas que podem vir a favorecer a 
maioria da população. 
 
2 POLÍTICA SOCIAL – ORIGEM HISTÓRICA 
 
A palavra Política origina-se de Polis, sinônimo de cidade. Política tem 
relação com poder, com força e violência; com autoridade, coerção, persuasão, ao 
mesmo tempo. É o estabelecimento de um jogo de forças e poder na escolha e nas 
metas de ação a serem cumpridas. (ARANHA e MARTINS, 1986). 
A Política Social tem a conotação de poder e força por ser de âmbito 
oficial, ou seja, consiste em estratégia governamental, composta de planos, projetos, 
programas e documentos variados, para mediar os reflexos negativos da relação 
capital-trabalho. Foi fruto das mobilizações e lutas dos trabalhadores, desde os 
primórdios da Revolução Industrial nos séculos XVIII e XIX. 
Existe um consenso em relação à origem das Políticas Sociais por volta 
do final do século XIX, em que se criaram as primeiras leis e medidas de proteção 
social, com destaque para a Alemanha e Inglaterra, fruto de intensos debates entre 
liberais e reformadores sociais humanistas, segundo Behring (2000). Entretanto, 
somente houve a disseminação dessas medidas de seguridade social após a 
Segunda Guerra Mundial, com a implantação do Welfare State ou Estado de Bem 
Estar Social, em alguns países da Europa. 
11 
 
Política Social, na atualidade, é considerada “palavra em moda” e se 
associa aos conceitos de “Estado de Bem Estar” ou “Welfare State”, “políticas 
públicas” e “cidadania social”. Entretanto, o termo política social é genérico, 
provocando uma noção um tanto vaga. Mas é preciso esclarecer que política social 
tem uma identidade própria. Refere-se segundo Pereira (1994): 
 
Programa de ação que visa, mediante esforço organizado, a atender 
necessidades sociais e cuja resolução ultrapassa a iniciativa privada, 
individual e espontânea e requer decisão coletiva, regida e amparada por 
leis impessoais e objetivas, garantidoras de direitos. 
 
Explicando melhor o significado de política social, pode-se afirmar que é 
um tipo depolítica pública, ou seja, política pública e política social, são programas 
de ação, mas política social é específica, dentre outras, como: política econômica, 
agrária, ambiental etc. operando no interior da política pública, que é mais ampla. 
Não se pode entender política pública apenas como política de Estado, 
mas associada à coisa pública, ou seja, de todos, submetida a uma mesma lei e 
com respaldo de uma comunidade de interesse. Dessa forma, embora as políticas 
públicas sejam regulamentadas e, na sua maioria, financiadas pelo Estado, elas 
podem ser controladas pelos cidadãos, através de entidades privadas ou ONGs. 
Política social, Estado de Bem Estar e Welfare State não são sinônimos, 
como geralmente são tratados. Política social é um conceito mais amplo do que 
Welfare State, que tem um significado histórico, será estudado com mais detalhes 
no próximo capítulo desta apostila. 
Na sua práxis, o assistente social se depara com as teorias que norteiam 
o olhar e a ação destes profissionais. Estas teorias são um conjunto organizado de 
idéias e pressupostos sobre o mundo no qual estamos inseridos e que transitam por 
diferentes áreas de conhecimento: filosofia, psicologia, economia, direito, 
antropologia etc. cada uma destas áreas tem seu quadro teórico, sobre o qual 
podemos observar diferentes possibilidades: nos deparamos com modelos, 
perspectivas e teorias diversas que conversam interdisciplinarmente com o Serviço 
Social. 
 
 
 
 
12 
 
2.1 Conceituando Política Social 
 
Como se constrói a estrutura social de um país? 
 
De uma forma geral, para Schwartzman (2004), a estrutura social de um 
país é dada pela sua estrutura demográfica, sua ocupação, a distribuição da riqueza 
entre seus habitantes, sua distribuição espacial e geográfica. Entram neste grande 
mosaico a existência de divisões de natureza étnica e cultural, e o que se pode 
denominar de “capital humano”, a educação. A sociedade brasileira vem se 
transformando rapidamente ao longo das últimas décadas, a tal ponto que a agenda 
social, muitas vezes, é superada pelos fatos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O estabelecimento de uma agenda de políticas públicas depende de vários 
fatores, que incluem as emergências de curto prazo, que precisam ser 
enfrentadas com realismo; as preferências e prioridades dos partidos, 
movimentos sociais e instituições com poder e capacidade de influência no 
governo e na opinião pública; e a realidade econômica e social, que tem 
suas limitações e condicionantes, que não podem ser ignoradas 
impunemente. A médio e longo prazo, as políticas bem sucedidas serão 
aquelas que consigam ir além do “apagar de incêndios” do dia a dia, assim 
como das preferências de momento dos movimentos sociais e da 
mobilização da opinião pública através dos meios de comunicação de 
massas, e portam de um diagnóstico correto a respeito dos problemas 
existentes, e as possibilidades efetivas de enfrentá-los. (SCHWARTZMAN, 
2004, p. 01) 
 
2.2 Características das Políticas Sociais 
 
Segundo Schwartzman (2004), é possível pensar em políticas sociais em 
termos de quatro grandes tipos ou gerações: 
A definição das políticas sociais do país não depende somente das 
condições gerais da estrutura social, caracterizada anteriormente em linhas 
gerais; depende também do contexto econômico mais amplo, da força 
política dos diferentes grupos na sociedade e das idéias e preocupações 
que predominam na sociedade. Ela depende, em boa parte, também, do 
clima da opinião pública nacional e internacional, moldado em grande 
medida pelos meios de comunicação de massas. 
13 
 
1- A primeira geração é formada pelas políticas de ampliação e 
extensão dos benefícios e direitos sociais. No caso do Brasil, elas 
se iniciam na década de 30, com a criação das primeiras leis de 
proteção ao trabalhador e as primeiras instituições de previdência 
social, e culminam, pode-se argumentar, com a Constituição de 1988, 
que consagra um amplo conjunto de direitos sociais na área da 
educação, saúde, proteção ao trabalhador e outras. 
2- As reformas da segunda geração, que entram na agenda de 
preocupações do Governo Fernando Henrique Cardoso e continuam 
com o governo Lula, procuram racionalizar e redistribuir os 
recursos gastos na área social. Elas respondem a uma dupla 
motivação: a de colocar os gastos em situação de equilíbrio financeiro, 
e a de corrigir os aspectos mais regressivos dos gastos sociais, que 
beneficiam as classes médias e altas, em detrimento das mais pobres. 
3- As reformas de terceira geração seriam aquelas que buscam alterar 
não somente a distribuição dos gastos sociais, mas também a 
qualidade dos serviços prestados, assim como do marco 
institucional e legal dentro da qual as atividades econômicas e a vida 
social passam a se desenvolver. 
 
As propostas de reforma de terceira geração incluem ainda uma nova 
política para a área de segurança pública, com temas como a unificação das 
polícias civil e militar, a criação de uma polícia judiciária, e a aproximação entre 
órgãos de segurança e as comunidades de baixa renda, e a reforma do Judiciário, 
com propostas para tornar a mais acessível e mais eficiente, através de medidas 
com a introdução da “súmula vinculada”, para fortalecer a autoridade das cortes 
superiores e o controle da indústria de recursos e liminares, e formas adequadas de 
controle externo do Poder Judiciário. 
 
4 – A quarta fase, finalmente, teria por objetivo não mais a simples 
distribuição de benefícios, mas esforços no sentido de aumentar o 
capital humano e os recursos das populações mais necessitadas, 
para que elas não dependam tanto de subsídios governamentais. 
 
14 
 
2.3 Alternativas de Política Social 
 
No campo das políticas sociais, onde se busca realizar e cumprir as 
promessas contidas nas declarações de valores e direitos, o problema que surge 
com mais evidência é que, na prática, diferentes direitos podem levar a ações 
distintas e contraditórias, e dependem, além disto, de condições econômicas, sociais 
e institucionais que estão fora do alcance dos agentes. 
Segundo Simon Schwartzman (2004), a maneira correta de resolver estes 
dilemas e conflitos começa por reconhecer sua existência, e tratá-los com dilemas 
reais, e não como conflitos entre o bem e o mal, no mundo das políticas públicas, 
estes dilemas devem ser necessariamente reconhecidos e administrados; no mundo 
da disputa política, no entanto, a complexidade das questões tende a desaparecer, 
sob as luzes dos comícios e da grande imprensa. 
Não é de estranhar, portanto, que governos busquem, muitas vezes, 
devolver para a arena política dilemas e questões de política pública que não 
conseguem resolver na ação administrativa do dia a dia. Uma maneira de fazer isto 
é substituir os técnicos e especialistas das diversas agências governamentais 
políticos militantes; a outra é manter todos os temas controversos sob o farol dos 
pronunciamentos e manifestações políticas, não dando tempo nem espaço para que 
o conhecimento técnico e a elaboração de soluções mais complexas venham a 
ocorrer. 
Observe que o autor dá ênfase ao fato de que não há solução em curto 
prazo para os problemas concernentes à pobreza no Brasil. Para que o quadro de 
pobreza seja revertido, é necessário vontade política e compromisso com os valores 
da igualdade social e dos direitos humanos, uma política econômica adequada, que 
gere recursos; um setor público comprometido com as questões sociais, competente 
e responsável no uso dos recursos que recebe da sociedade; e políticas específicas 
na área de educação, da saúde, do trabalho, da proteção à infância, e do combate à 
discriminação social, entre outras. Entretanto, o autor enfatiza que tudo isto é fácil de 
verbalizar e dificílimo de realizar. A construção de uma sociedade democrática, 
responsável, comprometida com os valores de equidade, de justiça social, e que nãocaia na tentação fácil da política do populismo do messianismo político, é uma tarefa 
de longo prazo, e que pode não chegar a bom termo. Mas não há outro caminho a 
seguir, a não ser este. 
15 
 
3 A QUESTÃO DO ESTADO E AS POLÍTICAS SOCIAIS 
 
Com a ascensão da burguesia na política, cria-se o Estado como sistema 
diverso da sociedade civil. Como se sabe, na Idade Média o poder político pertencia 
ao senhor feudal, proprietário das terras, e seu poder era vitalício, passava de pai 
para filho e vinha junto com as terras. Com a revolução burguesa, separa-se o 
privado do público. 
Assim, ocorre a institucionalização do poder, não mais visto sob a ótica de 
quem o detém, o senhor feudal ou o monarca, mas daquele que o representa de 
direito, e sua legitimidade repousa no mandato popular e não no uso da violência ou 
do privilégio. 
A Política Social é um fenômeno a partir da constituição da sociedade 
burguesa, que é o modo capitalista de produzir e reproduzir-se, portanto, tem 
relação direta com capitalismo e está vinculada às acumulações do capital. 
Apresenta nefasta submissão à lógica da economia capitalista, remetendo suas 
causas exclusivamente à regulação dos conflitos. 
No início do capitalismo e da Revolução Industrial, o primeiro 
caracterizava-se como concorrencial, no qual na produção desordenada prevalecem 
as leis de mercado, sem interferência do Estado. 
Entretanto, com os problemas surgidos da livre concorrência, o que fazer? 
Eliminar o mercantilismo? E a liberação da iniciativa capitalista? Suscitou a 
necessidade de intervenção do Estado. Como se deu essa intervenção? Através de 
medidas legais para intervir na organização da economia. Que é chamada de fase 
monopolista, na qual a produção é planejada e organizada, e ocorre a supremacia 
dos trustes e dos cartéis. 
O Estado, mediador civilizador, tem grande parcela de valor socialmente 
criado e controle do processo produtivo e reprodutivo. Contraditoriamente, tem a 
direção de classe, hegemonia do capital, pressão de supercapitalização e precisa 
aumentar a taxa de lucros. 
E o Estado é o gestor das relações entre o conjunto da produção e o 
conjunto da reprodução da força de trabalho e essa variação ocorre de acordo com 
a conjuntura que se dá na correlação de forças nos momentos históricos 
determinados. 
16 
 
O Estado e empresas privadas, através de convênios e contratos, 
executam Políticas Sociais que são políticas públicas e executam medidas de 
política social. Em que consistem essas medidas? Implantação de assistência social, 
de previdência social, de prestação de serviços, de proteção jurídica, de construção 
de equipamentos sociais e de subsídios. 
Mas não se pode esquecer que política social é resultado de pressão do 
movimento operário em torno da insegurança (desemprego, invalidez, doença, 
velhice). O movimento impõe o princípio dos seguros sociais. 
Os seguros sociais inicialmente eram caixas de voluntários, que se 
tornaram obrigatórias, para cobrir perdas visando à segurança social do trabalhador, 
cuja cobertura dá-se contra toda perda de salário. 
A Política Social, através do Estado, desempenha papel fundamental de 
reduzir a crise do capitalismo, realizando intervenções e estimulando a demanda por 
bens e serviços e investindo em equipamentos e tecnologias mais avançadas, com 
serviços caros. 
A Política Social caracteriza-se como mecanismo de reprodução da força 
de trabalho, constituindo-se em um processo complexo que se relaciona com a 
produção, com o consumo e o capital financeiro. 
A Política Social ocupou espaço maior no período fordista, do pleno 
emprego e do exército industrial de reserva e restringiu-se na atualidade com o 
desemprego estrutural. A revolução tecnológica na produção provocou diminuição 
de lucros, além da concorrência, especulação, estagnação do emprego e 
produtividade. 
A Política Social enfoca a manutenção do trabalho com a inclusão de 
benefícios permanentes, quando se perde a capacidade de trabalho ou dos 
excluídos do trabalho, crianças e idosos (BEHRING, 2000). 
A reflexão sobre Política Social requer um conhecimento prévio sobre 
Estado, visto que a constituição e o desenvolvimento da Política Social ocorrem no 
interior do Estado. Os modos de produção: escravista, feudal, capitalista, socialista, 
são determinados por mudanças na estrutura da sociedade e nas relações sociais e 
refletem na forma de Estado que determinada sociedade histórica irá produzir, 
sendo fruto daquele modo de produção vigente. Assim, vamos tentar compreender o 
significado do conceito de Estado e sua importância no interior da Política Social. 
 
17 
 
Na Antiguidade 
 
As primeiras formas do Estado surgiram quando se tornou possível 
centralizar o poder em uma forma duradoura. A agricultura e a escrita estão 
associadas a este processo. O processo agrícola permitiu a produção e o 
armazenamento de um excedente. Este, por sua vez, permitiu e incentivou o 
surgimento de uma classe de pessoas que controlava e protegia os armazéns 
agrícolas e, portanto, não tinham que gastar parte do seu tempo na própria 
subsistência. A escrita possibilitou a centralização de informações vitais. 
O Estado tem uma variedade de formas, nenhuma delas parece muito 
com o modelo atual. Houve monarquias cujo poder foi baseado na função religiosa 
do rei e do seu controle de um exército centralizado, como por exemplo, o governo 
dos Faraós. Houve também impérios, como o Império Romano, que dependiam 
menos da função religiosa e eram mais centralizados sobre militares e organizações 
da nobreza. 
A ideia de dominação presente no conceito de Estado vem desde os 
gregos, para os quais Estado e lei eram recursos políticos que sempre andavam de 
mãos dadas. 
As ideias de Platão e Aristóteles estavam ligadas a uma concepção de 
direito natural restrito, pois as necessidades da polis é que eram reconhecidas. Na 
filosofia aristotélica o ponto de partida de suas reflexões era a desigualdade da 
natureza humana, que influenciou o campo do direito na Grécia. 
Esta visão de direito sofreu alterações. Na Roma antiga, o sistema 
jurídico e político expressava a realidade complexa e multinacional do Império 
Romano. Na Grécia, a escravidão estava relacionada à desigualdade natural dos 
homens e era justificável por isso; e em Roma, a igualdade de todos os homens era 
a condição fundamental. 
O Estado romano passou a ser pensado como comunidade, res publica, 
ou coisas do povo, e associado à justiça, fosse ele monárquico, aristocrático ou 
democrático. 
Roma desenvolveu, logo após o fim da monarquia, uma república, que 
era regida por um Senado e dominada pela aristocracia romana. O sistema político 
romano contribuiu para o desenvolvimento das leis e para a distinção entre a esfera 
privada e a pública. 
18 
 
O pensamento político medieval 
 
Já na Idade Média, segundo Bravo; Pereira (2007, p. 28): 
A idéia medieval de que o soberano exercia o poder em nome de Deus 
teve suas raízes na Antiguidade, mas foi acrescida de um elemento novo: o de que o 
rei deveria ser aceito por seus súditos para que a sua soberania fosse legítima. 
Dessa exigência de legitimação como um instrumento de controle nasceu a doutrina 
do pacto entre o soberano e os súditos, mediante o qual se estabeleciam as 
condições do exercício do poder e das obrigações mútuas. 
Apresentavam-se dois poderes: um material, também chamado temporal 
porque pertence ao tempo, e outro espiritual referentes aos valores eternos da 
religião, e mesmo separado, muitas vezes o papa interferia nos assuntos de Estado. 
No final do século XIV, o Grande Cisma acentua a divergência e a tentativa do 
Estado de firmar sua soberania. 
 
4 O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL: concepção e crise 
 
O Welfare State ocorreu no século XX, após a Segunda Guerra Mundial 
e tem caráter institucional, em que o Estado capitalista, inspirado na filosofia do 
economistainglês John Maynard Keynes (1883-1946), regula e provém com 
benefícios e serviços sociais. Enquanto a política social originou-se muito antes do 
século XX, desenvolveu-se em diferentes tipos de relação entre Estado e sociedade 
civil. 
As políticas sociais do Welfare State são identificadas com o conceito de 
cidadania, enquanto as políticas sociais da Lei dos Pobres, patrocinadas 
inicialmente por regimes monárquicos, temiam principalmente a desordem social, 
devido ao aumento da pobreza. Assim, o objetivo desta ultima consistia na 
repressão à “vagabundagem” e, se necessário, as pessoas desta forma definidas 
eram abrigadas em casas de correção e de trabalho forçado. Mais tarde, mesmo 
reconhecendo a existência de pobres incapazes para o trabalho, os governos 
persistiram a tratá-los sem qualquer diferenciação em relação aos desempregados e 
àqueles que não desejavam trabalhar ou “indolentes”. Ou seja, a Lei dos Pobres não 
via a política social como um dever social com um dever do Estado e estas pessoas 
eram discriminadas e vistas como inúteis. 
19 
 
Observa-se que os princípios e critérios que fundamentaram as políticas 
sociais, seis séculos antes do Welfare State apesar de estarem ainda em voga, não 
se identificam com a concepção de bem estar social do século XX. Fraser apud 
Pereira (1994), afirma que: 
O Welfare State é um sistema de organização social que procura restringir 
as livres forças do mercado em três principais direções: a) garantindo direitos e 
segurança social a grupos específicos da sociedade, como crianças, idosos e 
trabalhadores; b) distribuindo, de forma universal, serviços sociais como saúde e 
educação; e c) transferindo recursos monetários para garantir a renda dos mais 
pobres em certas contingências, como a maternidade, ou em situações de 
interrupção de ganhos devido a fatores como doença e desemprego. 
Essas três áreas de proteção nem sempre foram consideradas de 
responsabilidade exclusiva do Estado, o que somente ocorreu a partir dos anos 
1940 devido aos seguintes eventos: a Segunda Guerra Mundial; a prosperidade 
econômica do pós-guerra; o surgimento do fasciscmo; a ameaça do comunismo; o 
fortalecimento da classe trabalhadora, dentre outros. 
Behring (2000) analisa, por sua vez, que o Welfare State possui uma 
incompatibilidade estrutural entre acumulação e equidade, pois não ofereceu 
igualdade de condições, mesmo o Estado se apropriando do valor socialmente 
criado e realizando regulação econômica e social, não eliminou as condições de 
produção e reprodução da desigualdade. Fica a pergunta: O que move o capital? A 
busca do lucro, a extração da mais valia. 
 
E a democracia nesse contexto? 
 
A palavra é originada do grego demos, que significa “povo”, e kratia, de 
krátis, que é sinônimo de governo, poder, autoridade. Entretanto, segundo Aranha & 
Arruda (1986), o conceito é abstrato, nunca realizou-se de fato. 
20 
 
A Revolução francesa trouxe o conceito de democracia à baila, cujo lema 
“igualdade, liberdade, fraternidade” foi proclamado, mas os interesses eram 
burgueses e não populares. Apesar das exigências democráticas não serem apenas 
da nova classe dos burgueses, mas também dos operários, que aumentara 
sensivelmente devido à Revolução Industrial e ao aumento da concentração urbana. 
Regime democrático é um método de governo que consiste em um conjunto de 
regras de procedimento para a formação de decisões coletivas, no qual está prevista 
e facilitada a ampla participação dos interessados, que estabelece quem está 
autorizado a tomar as decisões coletivas e com quais procedimentos. Estabelece 
quais indivíduos estão autorizados a tomar decisões pelo grupo. 
O Estado democrático se coloca do ponto de vista do direito, mas como 
aponta Vieira (1992, p.12): 
 
Tal Estado de Direito não se realiza apenas com a garantia jurídico-formal 
desses direitos e liberdades, expressa em documento solene. Quanto a 
eles, o Estado de Direito determina sua proteção formalizada e 
institucionalizada na ordem jurídica e, principalmente, reclama a presença 
de mecanismos socioeconômicos dirigidos e planificados com a finalidade 
de atingir a concretização desses direitos. Muitas razões de Estado têm 
conduzido a contradições entre a simples declaração de direitos e 
liberdades e a sua real efetivação. 
 
O que sustenta o Estado de Direito é a sociedade democrática. Porém, 
nem toda sociedade é sociedade democrática. Sociedade democrática, de acordo 
com Vieira (1992, p. 13): 
É aquela na qual ocorre real participação de todos os indivíduos nos 
mecanismos de controle das decisões, havendo, portanto, real participação deles 
nos rendimentos da produção. Ou seja, deverá haver, de forma equitativa, 
distribuição de renda e as decisões serem tomadas no coletivo, no que se refere às 
diversas formas de produção. 
Assim, a criação de uma sociedade industrial de consumidores e a 
criação de um Estado de Bem Estar Social, onde não é permitida a todos a decisão 
e o usufruto de bens e serviços consistem apenas em transformar essas pessoas 
em consumidores felizes, mas não cidadãos plenos. 
 
 
 
 
21 
 
5 NEOLIBERALISMO: ajustes e desajustes 
 
A partir da década de 1970, a supremacia do modelo capitalista marcou 
uma nova fase da política internacional. Com o passar do tempo, o novo ritmo das 
empresas e mercados forçou uma repaginação dos moldes de orientação política do 
Estado para com sua economia. A necessidade de crescimento constante passou a 
conviver com a elaboração de formas de se conter um possível colapso da 
economia mundial. 
A política neoliberal também atingia diretamente a relação de gastos que 
o Estado mantinha com as necessidades essenciais da sociedade civil. De acordo 
com o pensamento neoliberal, os gastos públicos do governo com educação, 
previdência social e outras ações de cunho assistencial deveriam ser reduzidas ao 
máximo. Era necessário manter um Estado forte em sua capacidade de romper o 
poder dos sindicatos e no controle do dinheiro e parco em todos os gastos sociais e 
nas intervenções econômicas. A estabilidade monetária deveria ser a meta suprema 
de qualquer governo. Para isso seria necessária uma disciplina orçamentária, com a 
contenção dos gastos com bem estar, e a restauração de um exército de reserva de 
trabalho para quebrar os sindicatos. 
Nos países subdesenvolvidos, a implantação do modelo neoliberal tem 
como maior manifestação a onda de privatizações que atingiram as empresas 
estatais, colocando a situação de muitos trabalhadores sob ameaça de redução do 
quadro de funcionários. A necessidade de constante modernização e mecanização 
de serviços também fechou várias portas do mercado de trabalho. 
Essas contradições impostas pelo modelo de desenvolvimento neoliberal, 
percebemos a formação de movimentos de oposição que lutam pela ampliação dos 
programas de assistência social oferecidos pelo Estado. 
 
22 
 
 
 
6 POLÍTICAS SOCIAIS: dos anos 30 à contemporaneidade 
 
As políticas sociais no período anterior à Revolução de 1930 eram 
fragmentadas e emergencialistas, apesar de haver indícios da disposição de uma 
atuação mais global por parte do Estado, como a instituição por lei dos 
Departamentos Nacionais do Trabalho e da Saúde e a promulgação, em 1923, do 
Código Sanitário e da Lei Eloy Chaves, essa última sobre assuntos previdenciários. 
Questões de saúde pública eram tratadas pelas autoridades locais, não havendo por 
parte do governo central um programa de ação no sentido de atendê-las. A atuação 
do Estado restringia-se a situações emergenciais, como a epidemias em centros 
urbanos. A educação era atendida por uma rede escolar muito reduzida, de caráter 
elitista e acadêmico, que visava preparar alunos para a formação superior. As 
reformas da ocorriam regionalmente e de forma parcial, ou seja, não faziam parte de 
uma política global de educação. A previdência era predominantementeprivada, 
organizada por empresas e categorias profissionais, e a questão habitacional não 
era considerada objeto de política pública. 
23 
 
As políticas surgidas no Brasil, no início dos anos 1920, já constituíam um 
esboço da formação do Welfare State brasileiro, cuja função 
era atuar como instrumento de controle dos movimentos de 
trabalhadores no país. Sua estratégia era antecipar algumas 
demandas, o que favorecia os grupos profissionais de maior 
influência política para, com isso, restringir a legitimidade 
das lideranças trabalhadoras nas reivindicações sociais e 
limitar a capacidade de mobilização dos trabalhadores no 
país. Sua estratégia era antecipar algumas demandas, o 
que favorecia os grupos profissionais de maior influência 
política para, com isso, restringir a legitimidade das 
lideranças trabalhadoras mas reivindicações sociais e limitar 
a capacidade de mobilização dos trabalhadores em geral. 
As políticas de seguridade social da época tinham caráter 
reformista e buscavam satisfazer às demandas das alas 
defensivas do movimento trabalhador a fim de enfraquecer 
as organizações de cunho mais radical. 
É a partir de 1930 que se torna nítida a 
constituição de um Welfare State no Brasil, com políticas 
sociais de profundo caráter conservador. De acordo com a 
perspectiva corporativista dos grupos no poder, nesse 
período predominava um ideal de sociedade harmônica em 
que os antagonismos entre classes eram encarados como 
nocivos ao bem comum representado pelo Estado. Uma 
marca do surgimento do Welfare State brasileiro é o 
autoritarismo, evidente na repressão aos movimentos de 
trabalhadores. 
 
SAIBA MAIS 
Lei Eloy Chaves: 
publicada em 24 de 
janeiro de 1923, 
consolidou a base do 
sistema previdenciário 
brasileiro, com a 
criação da Caixa de 
Aposentadorias e 
Pensões para os 
empregados das 
empresas ferroviárias. 
Após a promulgação 
desta lei, outras 
empresas foram 
beneficiadas e seus 
empregados também 
passaram a ser 
segurados da 
Previdência Social. 
 
Hoje, a Previdência 
Social brasileira é 
considerada uma das 
maiores distribuidoras 
de renda do país. 
Mensalmente, são 
desembolsados cerca 
de R$ 16 bilhões no 
pagamento de 27 
milhões de benefícios, 
como aposentadorias, 
pensões e auxílio-
doença. 
 
Fonte: 
www.pelegrino.com.br 
 
24 
 
Até 1937, embora vigorasse no Brasil o Estado de Direito, já começavam a 
se delinear os traços autoritários que estariam presentes, com uma 
intensidade variável, no decorrer do período que se estende até 1964. 
Nesse primeiro momento, o autoritarismo expressava-se fundamentalmente 
na estrutura corporativista da organização sindical, que começou a ser 
montada em 1930. O corporativismo, deslocando os conflitos entre capital e 
trabalho para a esfera do Estado, descaracterizou e obstaculizou a livre 
manifestação das reivindicações dos trabalhadores. (BARCELLOS, 1983, 
p.11). 
 
 
A ausência de organizações de trabalhadores politicamente fortes ao 
longo de um processo de industrialização relativamente lento. Assim, diferentemente 
de uma história na qual o Welfare State surge como resultado das barganhas 
políticas dos trabalhadores, o Brasil tem, na generalização e coordenação de suas 
políticas, um mecanismo de constituição da força de trabalho assalariada por 
intermédio do Estado. Esse papel foi extremamente importante para o processo de 
modernização. Como a maior parte dos bens de capital e tecnologia era importada e 
a mão de obra encontrava-se no setor agroexportador da economia, criou-se um 
descompasso entre meios de produção e força de trabalho. O Welfare State 
brasileiro atuou sobre esse descompasso, o que facilitou a migração dos 
trabalhadores dos setores tradicionais para os setores modernos e a constituição de 
uma força de trabalho industrial urbana no país. 
Toda essa década e o início da seguinte correspondem um movimento de 
criação da base institucional-legal para as políticas sociais: 
 
A produção legislativa a que se refere o período 1930/43 é 
fundamentalmente a que diz respeito à criação dos institutos de 
aposentadorias e pensões, de um lado, e de outro, a relativa à legislação 
trabalhista, consolidada em 1943. Se essa é, de fato, a inovação mais 
importante, o período é também fértil em alterações nas áreas de política de 
saúde e de educação, onde se manifestam elevados graus de 
“nacionalização” das políticas sob a forma de centralização no Executivo 
Federal, de recursos e de instrumentos institucionais e administrativos e 
resguardos de algumas competências típicas da organização federativa do 
país. (DRAIBE, 1989, p. 8). 
 
 
Nesse período, o Brasil definiu e implementou as bases modernas de seu 
sistema de seguridade social, as quais permaneceram intactas até 1966. Diversas 
reformas no aparelho de Estado consolidaram um Welfare State baseado em 
políticas predominantemente voltadas para trabalhadores urbanos, a fim de não ferir 
os interesses das oligarquias rurais que detinham forte poder político à época. 
25 
 
Sob o governo Vargas, a década de 1930 é caracterizada pela estratégia 
deliberada de aumentar o papel do Estado na regulação da economia e da política 
nacionais como estratégia de desenvolvimento. Do ponto de vista das relações de 
trabalho, o regime populista do período perseguiu três objetivos básicos: 
a) Evitar que os movimentos de trabalhadores se tornassem base de 
apoio para grupos de oposição que reivindicavam mudanças mais 
profundas na organização da sociedade; 
b) Despolitizar as relações de trabalho, impedindo que as organizações 
de trabalhadores se legitimassem como instrumento de reivindicação; e 
c) Fazer dos trabalhadores um ponto de apoio, ainda que passivo, do 
regime. 
 
Tais objetivos foram alcançados por meio de uma combinação de 
repressão à oposição e concessão aos movimentos de trabalhadores que apoiavam 
o regime. Em vez de mobilizar, o regime populista buscou cooptar seletivamente 
segmentos de trabalhadores em um processo de “inclusão controlada”. 
Trabalhadores rurais e trabalhadores urbanos não organizados foram 
sistematicamente ignorados nesse processo. 
Na relação estruturada entre o Estado e a classe trabalhadora, 
convergem os fenômenos do patrimonialismo, cooptação e corporativismo. Um dos 
elementos fundamentais para essa implantação foi o esquema de proteção social 
criado para atender aos setores organizados da classe trabalhadora urbana, 
fundamentado no sistema de previdência social promoveu a rápida expansão do 
estamento burocrático, tornando-se, logo, uma das fontes mais importantes de 
emprego público no país. 
A previdência social contribuiu para a criação de divisões na classe 
trabalhadora e incentivou entre os trabalhadores de uma mentalidade particularista e 
essencialmente depende do clientelismo do Estado. O sistema contribuiu para a 
incorporação de importantes segmentos da classe trabalhadora no conjunto de 
estruturas corporativistas, o que aumento, em princípio, o poder regulatório do 
Estado patrimonialista. 
26 
 
O período do Estado Novo (1937/1945) 
representa a passagem definitiva de uma sociedade de 
base agrária para uma sociedade urbano-industrial. O 
caráter fortemente autoritário do Estado, exemplificado pela 
promulgação da Lei de Segurança Nacional em 1935, 
reprimiu a ascensão de movimentos tanto de esquerda 
quanto de direita e diminuiu a autonomia das unidades 
estaduais ao concentrar no governo federal praticamente 
todo o poder decisório e administrativo referente às políticas 
sociais, enquanto os movimentos de trabalhadores tinham 
sua organização limitada. 
No período compreendido entre 1945 e 1964, o 
Brasil viveu a fase de democracia populista de sua política. 
Embora o Brasil tenha adotado um regime democrático 
após 1945, muitas das estruturas corporativas construídas 
nos anos precedentes permaneceram intactas, 
especialmente no campo das relações de trabalho, como foio caso da Previdência Social. 
O período 1946/1964 é marcado pela criação de 
instrumentos legais voltados para o funcionamento de um 
governo democrático. Nele, o autoritarismo perde espaço, 
porém o populismo continua sendo o traço fundamental da 
relação Estado-Sociedade. As mudanças na economia e na 
política nesse período exigiram do Estado a ampliação e a 
rearticulação de suas funções para suprir as necessidades 
advindas do aprofundamento da concentração urbana e da 
modernização do país. 
SAIBA MAIS 
 
Lei de Segurança 
Nacional (1935): 
Promulgada em 4 de 
abril de 1935, definia 
crimes contra a ordem 
política e social. Sua 
principal finalidade 
era transferir para 
uma legislação 
especial os crimes 
contra a segurança do 
Estado, submetendo-
os a um regime mais 
rigoroso, com o 
abandono das 
garantias 
processuais. 
A LSN foi aprovada, 
após tramitar por 
longo período no 
Congresso e ser 
objeto de acirrados 
debates, num 
contexto de crescente 
radicalização política, 
pouco depois de os 
setores de esquerda 
terem fundado a 
Aliança Nacional 
Libertadora. Foi 
aperfeiçoada pelo 
governo Vargas, 
tornando-se cada vez 
mais rigorosa e 
detalhada. Após a 
queda da ditadura do 
Estado Novo em 
1945, a Lei de 
Segurança Nacional 
foi mantida nas 
Constituições 
brasileiras que se 
sucederam. 
 
27 
 
O incentivo dos governos populistas à mobilização das massas urbanas 
em torno dos projetos da burguesia industrial permitiu uma organização e 
participação política do movimento sindical sem precedentes na história brasileira. 
Como consequência foi introduzida diversas modificações na legislação trabalhista 
que envolvia questões de organização sindical, direito a greve e tutela do trabalho, 
além de buscarem atender a algumas reivindicações sociais. 
Os governos militares iniciados em 1964 inauguraram a fase de 
consolidação do sistema, acompanhada por profundas alterações na estrutura 
institucional e financeira das políticas sociais, que vai de meados da década de 1960 
a meados da década seguinte. Nesse período, são implementadas políticas de 
massa de cobertura relativamente ampla, mediante a organização de sistemas 
nacionais públicos ou estatalmente regulados de provisão de serviços sociais 
básicos. 
O modelo de Welfare State dos governos militares perdeu o caráter 
populista que mantinha desde o período getulista e assumiu duas linhas definidas. A 
primeira, de caráter compensatório, era constituída de políticas assistencialistas que 
buscavam minorar os impactos das desigualdades crescentes provocadas pela 
aceleração do desenvolvimento capitalista. A segunda, de caráter produtivista, 
formulava políticas sociais visando contribuir com o processo de crescimento 
econômico. Nesse sentido, foram elaboradas as políticas de educação, que 
buscavam atender às demandas por trabalhadores qualificados e aumentar a 
produtividade da mão de obra semiqualificada. Outros tipos de política, que tinham a 
função de “modernizar” a vida social dos trabalhadores do nível dinâmico da 
economia (funcionários do Estado, do setor financeiro, trabalhadores da indústria e 
de setores a ela relacionados), tomando como referência o Welfare State de países 
desenvolvidos, também foram implementadas conforme uma ótica produtivista: 
deveriam ser autofinanciadas e, se possível, capazes de gerar excedentes 
aplicáveis no setor produtivo ou em outras políticas sociais. 
Segundo Martine (1989, p. 100), 
 
28 
 
Os recursos que circulavam pela área social passaram a ser estreitamente 
articulados com a política econômica, sendo subordinados, em várias áreas, 
ao critério de racionalidade econômica. A iniciativa privada foi, assim, 
estimulada a assumir importantes fatias dos setores de habitação, 
educação, saúde, previdência e alimentação. Com essas inovações, a 
política social passou, inclusive, a ser um dinamizador importante da 
iniciativa privada. 
 
A privatização da política social criou uma tensão entre os objetivos 
redistributivistas e as necessidades do processo de acumulação. Se, por um lado, 
favoreceu sua expansão, por outro, tornou-a regressiva, transferindo recursos para 
estratos de maior renda. 
 
7 POLÍTICAS SOCIAIS E MOVIMENTOS SOCIAIS 
 
No final da década de 1970 e início da década de 1980, as cidades 
brasileiras foram tomadas por diversos movimentos sociais que expressavam a luta 
política dos cidadãos. As lutas sociais desse período transformaram a cidade em 
palco das mais diversas reivindicações. Moradores das periferias das grandes 
cidades, favelados e sem tetos lutavam por melhores condições de moradia e 
infraestrutura para seus bairros como creches, escolas, hospitais, transportes. Entre 
os trabalhadores urbanos surgiam lutas por estabilidade no emprego, salários 
melhores e mais justos, direito à greve e à organização sindical autônoma, 
segurança no trabalho etc. 
Os trabalhadores rurais também levavam até as cidades suas lutas e 
reivindicações por melhores e salários e por alguns direitos trabalhistas já 
conquistados pelos trabalhadores da cidade como férias remuneradas e 
obrigatoriedade de registro em carteira. Alguns trabalhadores rurais foram ainda 
mais longe, lutando pelo direito a terra para plantar e viver. 
 
29 
 
 
 
Como afirma Souza e Machado (1997): 
 
Essas lutas que aparentemente estavam ligados 
a problemas de sobrevivência desses 
trabalhadores acabaram por transformar o país, 
contestaram a ditadura militar, atuando sobre a 
organização política do Brasil. Os movimentos 
sociais têm esse poder. Eles transformam, 
modificam, alteram as conjunturas, os locais, os 
costumes, enfim, a História. 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Movimentos 
Grevistas: Em fins 
dos anos 70 e 
começo dos anos 80 
aconteceram fatos 
importantes para o 
fortalecimento das 
lutas sociais 
promovidas pelos 
trabalhadores do 
campo e da cidade. 
Ocorreram greves de 
várias categorias 
profissionais a partir 
de 1978 e 1979, em 
1980, os 
trabalhadores do 
campo, após várias 
ocupações de terra, 
fundam o Movimento 
dos Trabalhadores 
Rurais Sem Terra – 
MST; em 1983, é 
fundada a Central 
Única dos 
Trabalhadores – CUT. 
 
30 
 
Você já deve ter se deparado em algum momento com este aviso de 
“ESTAMOS EM GREVE” em alguns locais como escolas, postos de saúde, bancos e 
hospitais próximos à sua casa. Esses movimentos influenciam nosso cotidiano, o 
cotidiano dos trabalhadores envolvidos, o ritmo da cidade e da sociedade. 
Os movimentos grevistas e outras manifestações de trabalhadores não 
são espontâneos nem acontecem ocasionalmente. Trata-se de lutas sociais que se 
desenvolvem quando pessoas comuns se organizam para reivindicar direitos muitas 
vezes garantidos por leis que regem a sociedade. Os sindicatos, as associações e 
federações de trabalhadores, por exemplo, são organismos nascidos dessas lutas e 
atuam como seus organizadores. 
Em 1990, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e as 
ONGs (Organizações Não Governamentais) tiveram destaque, ao lado de outros 
sujeitos como os movimentos sindicais de professores. As passeatas, manifestações 
em praça pública, difusão de mensagem via internet, ocupação de prédios públicos, 
greves, marchas entre outros, são características da ação de um movimento social. 
Os movimentos sociais são sinais de maturidade social que podem provocar 
impactos conjunturais e estruturais, em maior ou menor grau, dependendo de sua 
organização e das relações de forças estabelecidas com o Estado e com os demais 
atores coletivos de uma sociedade. 
Há uma forte relação entre movimentos sociais e serviço social. O 
movimento de mulheres, por exemplo, contribuiu decisivamente no final do século 
XIX e início do século XX para o estabelecimento da formação profissional do 
Assistente Social. O movimento operário, por sua vez, contribuiu pelo menos 
indiretamente para a criação de um sistema diferenciado de política social. Também 
osnovos movimentos sociais deram impulsos importantes para o serviço social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
8 GESTÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS 
 
Nas últimas duas décadas muito se têm debatido o tema da gestão das 
políticas sociais. Esta importância se deve, em parte, às profundas transformações 
que se processam velozmente na sociedade capitalista contemporânea. A 
Constituição Federal de 1988 veio consolidar a ideia de um processo de gestão 
descentralizada e participativa das políticas sociais, reivindicada pelos movimentos 
sociais de longa data. Sua efetivação significou um avanço importante para a 
compreensão e para a gestão das políticas sociais. Nossa atual Carta Magna pode 
ser considerada um marco na reformulação da perspectiva da ação institucional no 
âmbito das políticas sociais. Estimulou-se a construção de mecanismos de 
transferência de parcelas de poder do Estado para a sociedade civil organizada e os 
Conselhos foram uma estratégia privilegiada. 
Os Conselhos significam o desenho de uma nova institucionalidade nas 
ações públicas, que envolvem distintos sujeitos nos âmbitos estatal e societal. A 
constituição de tais espaços tornou-se possível, também, em virtude das mudanças 
que se processavam nos movimentos populares que, de “costas para o Estado” no 
contexto da ditadura, redefiniram estratégias e práticas, passando a considerar a 
participação institucional como espaço a ser ocupado pela representação popular. 
Os Conselhos são canais importantes de participação coletiva e de 
criação de novas relações políticas entre governos e cidadãos e, principalmente, de 
construção de um processo continuado de interlocução pública. Estes espaços estão 
sendo construídas pela ação coletiva de inúmeros sujeitos sociais, especialmente no 
âmbito dos municípios, que buscam a ampliação e o fortalecimento do poder local. 
Os Conselhos representam, dessa forma, uma conquista da sociedade civil. 
De forma sintética, os conselhos são instâncias públicas, localizadas junto 
à administração federal. Com competências definidas e podendo influenciar ou 
deliberar sobre a agenda setorial, sendo também capazes, em muitos casos de 
estabelecer a normatividade pública e a alocação de recursos dos seus programas e 
ações. Podem ainda mobilizar atores, defender direitos, ou estabelecer 
concertações e consensos sobre as políticas públicas. Em qualquer dos casos, ou 
seja, em acordo com as linhas de ação do Estado ou em conflito com elas, 
contribuem para a legitimação das decisões públicas. 
32 
 
9 DIMENSÕES DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NAS POLÍTICAS 
SOCIAIS 
 
Trabalhar as dimensões do trabalho do assistente social nas políticas 
sociais demonstra a diversidade de formas de intervenção do assistente social no 
campo das políticas sociais e analisa a dimensão econômica e política e também os 
procedimentos técnico-operativos das políticas sociais cuja atuação profissional 
exige dois campos: o de formulação e implantação destas mesmas políticas sociais. 
Por fim, apresenta um elenco de espaços emergentes de possibilidades concretas 
de atuação do Assistente Social. 
Para iniciar essa questão é necessário o entendimento de que o Serviço 
Social é hoje totalmente articulado à ordem social capitalista brasileira. 
Coube ao Estado viabilizar salários indiretos por meio das políticas sociais 
públicas, operando uma rede de serviços sociais, que permitisse liberar parte da 
renda monetária da população para o consumo de massa e consequente 
dinamização da produção. 
Devido a complexidade da questão social, o Estado fragmenta e as 
recorta em questões sociais a serem atendidas pelas políticas sociais. Quais os 
vínculos entre as políticas sociais e o Serviço Social? 
 O referencial teórico e metodológico é extraído das ciências humanas e 
sociais através de conhecimentos nas áreas de: Administração, Ciência Política, 
Sociologia, Psicologia, Economia etc. E a profissão tem produzido também, através 
de pesquisa e de sua intervenção, conhecimentos sobre o que constituem as 
questões sociais e estratégias capazes de orientar e instrumentalizar a ação 
profissional. 
A partir desse entendimento, Pontes (2000), demonstra alguns aspectos 
que possibilitarão a compreensão metodológica da intervenção do assistente social 
no campo das políticas sociais: 
O profissional de Serviço Social precisa estar equipado político-teórico e 
tecnicamente para enfrentar a complexidade que sua intervenção exige: Além de 
conhecer a realidade em toda a sua complexidade, criar meios para transformá-la 
em direção a um projeto sócio profissional. O que desafia o profissional a, 
cotidianamente, enfrentar a realidade complexa das organizações sociais em que 
atuam. 
33 
 
O melhor conhecimento da realidade, reorientando a intervenção 
profissional, é uma efetiva forma de resistência e de luta contra a barbárie, que 
também fortalece a emancipação humana. 
 O assistente social possui ampla diversidade de formas de inserção sócio 
institucional que vai desde a ponta da rede de serviços sociais, execução, até o 
gerenciamento de políticas sociais, organizações sociais (OG, ONG s e 
Empresariais). 
Atualmente exige-se um perfil profissional qualificado no âmbito da 
execução e também na formulação e gestão de políticas sociais, públicas e 
empresariais que apresente propostas inovadoras, com sólida formação ética, que 
acesse os direitos sociais dos usuários e dos meios de exercê-lo e com 
conhecimentos suficientes para transmitir informações, permanentemente 
atualizadas (IAMAMOTO, 2000). 
A pesquisa e o conhecimento da realidade são premissas para a 
organização e o desenvolvimento do processo de intervenção do Serviço Social. 
Assim, pressupondo a investigação detalhada sobre a realidade social para a 
construção de diagnóstico e indicadores sociais para a caracterização da população 
alvo, com a clara definição dos recursos e prioridades, dentre outros aspectos. 
Para a formulação de Políticas Sociais é necessário estabelecer 
negociação e participação popular buscando acatar as soberanas deliberações da 
sociedade civil. Assim, os usuários da política social em questão devem participar de 
todas as etapas: Eleição de prioridades; critérios de atendimento; dinâmica do 
serviço; gestão e administração dos programas. 
O termo, gestão, envolve detalhadas recomendações técnicas, pois vem 
da área da Administração. Além das noções de eficiência, eficácia e efetividade; as 
funções gerenciais: planejamento, organização, direção e controle; os níveis 
organizacionais: estratégico, tático e operacional (PAIVA, 2000). 
 Segundo GUERRA as políticas sociais além da dimensão econômico 
política constituem-se também num conjunto de procedimentos técnico - operativos, 
em que os profissionais devem atuar em dois campos: o de sua formulação e de sua 
implantação, sendo assim, nesse mercado de trabalho, o assistente social passa a 
desempenhar determinados papéis. Dessa forma, a lógica da intencionalidade é 
mediada pela lógica da institucionalização, a qual o profissional está submetido. 
34 
 
As políticas produzem e obedecem a uma dinâmica que reflete no 
trabalho do assistente social: Visão de totalidade das políticas sociais, expressão de 
articulação econômica, cultural, social, política, psicológica na sua estrutura 
cognitiva, submetendo-os a uma intervenção microscópica, nas singularidades. 
Exige-se do profissional a adoção de procedimentos instrumentais, de 
manipulação de variáveis. 
Qual o significado sócio histórico da instrumentalidade como condição de 
possibilidade do Serviço Social resgatar a natureza e a configuração das políticas 
sociais que, como espaço de intervenção profissional, atribuem determinadas 
formas, conteúdos e dinâmicas ao exercício profissional. 
Instrumentalidade não significa apenas o conjunto de instrumentos e 
técnicas com respostas manipulatórias, fragmentadas, imediatistas,isoladas, 
individuais tratadas na aparência. Implicam em intervenções que emanem de 
escolhas, que passem pela razão crítica e vontade dos sujeitos no campo de valores 
universais (éticos, morais e políticos), ações conectadas a projetos profissionais com 
referenciais teóricos e princípios ético-políticos. 
Entretanto, nos anos 90, vimos antigos mecanismos de proteção social 
serem colocados em prática contraditoriamente: Políticas residuais casuais e 
seletivas em pobreza extrema para amenizar os impactos das novas condições 
sociais (desemprego estrutural, aumento da pobreza e da exclusão social, 
precarização do trabalho etc...) colocando em xeque os próprios direitos sociais 
(requer um profissional não mais executor terminal de políticas sociais, mas um 
profissional qualificado na execução, gestão e formulação de políticas sociais 
públicas, crítico e propositivo. 
Atualmente com algumas mudanças no cenário brasileiro cujo contexto 
social, econômico e político na busca da democratização da sociedade, 
descentralização do poder do Estado e da participação social de novos sujeitos e 
movimentos sociais em direção à construção de políticas públicas provocaram a 
universalização dos serviços sociais, a descentralização participativa, 
redirecionamento das funções sócio institucionais, colocando para o Serviço Social 
não apenas a execução de políticas sociais, mas uma base organizacional situada 
na função gerencial, seja das próprias políticas, seja de seus serviços ou de pessoas 
nas organizações públicas, privadas e não-governamentais. 
35 
 
As Políticas Sociais são formas de intervenção na realidade social, 
condicionadas por recursos para darem respostas institucionalizadas à situações 
problemáticas, materializadas por programas, projetos e serviços. 
Para formular e implementar políticas sociais é preciso dominar múltiplos 
saberes; legislações sociais vigentes e atualizações permanentes; compreensão da 
conjuntura e das relações de poder e conhecimento das estratégias de planejamento 
e administração; construção de diagnósticos sociais e de indicadores para subsidiar 
as ações e monitoramento, avaliação e prestação de contas regulares (PAIVA, 
2000). 
Assim, constituem funções profissionais: 
• Execução e avaliação das políticas e programas sociais. 
• Processos de formulação e gestão de pesquisas 
 
De acordo com Silva (2000) são quatro, os momentos de intervenção: 
 
• Constituição do problema ou da agenda governamental; 
• Formulação de alternativas de políticas e diagnóstico; 
• Adoção da política; 
• Implementação ou exercício de Programas Sociais. 
 
Avaliação é uma etapa fundamental e exigência para financiamento e 
para realimentar programas, apesar de que no Brasil a avaliação é utilizada mais 
para controle de gastos. 
Ainda, segundo Silva (2000), os modelos de avaliação são vários, dentre 
os quais se destacam: 
• Monitoramento que é o segmento ou acompanhamento continuado, 
gerencial para aferir controle da entrega de insumos, conforme as 
metas para garantir eficiência dos programas; 
• Avaliação política que significa juízo de valor a partir de critérios e 
princípios políticos fundamentais; 
• Avaliação do processo que é centrada no desenvolvimento do 
programa para aferir sua eficácia e correções no processo; 
36 
 
• Avaliação de impactos que é centrada nas mudanças quantitativas e 
qualitativas. 
 
É necessário considerar que a gestão pública passa por diversos 
princípios, quais sejam: 
• Caráter público e de interesses de todos, transparência nas 
decisões/informações/recursos. 
• Caráter democrático e de fortalecimento das Organizações Populares. 
• Caráter ético e de responsabilidade com critérios e eqüidade. 
• Caráter de eficiência com competência e avaliações periódicas. 
• Compromisso com o desenvolvimento econômico, político e cultural. 
 
O processo das políticas sociais é identificado por um conjunto de 
momentos, assim expressos: 
• Constituição do problema ou da agenda governamental, dependendo 
do problema e da força de mobilização da sociedade, assumir 
visibilidade e transformar-se em questão social que mereça a atenção 
por parte do poder público pode vir a se transformar em política. 
• Formulação de alternativas de política é o diagnóstico sobre o 
problema e alternativas para seu enfrentamento. 
• Adoção da política com o apoio do Poder Legislativo 
• Implementação e execução de programas sociais, fase de execução de 
serviços pra o cumprimento de objetivos e metas pré-estabelecidas 
com vistas a obter resultados. 
 
Espaços emergentes no Serviço Social 
 
A atualidade aponta para espaços emergentes no Serviço Social, como: 
• Orçamento participativo 
• Conselhos de políticas e de direitos 
• Reestruturação produtiva e novas demandas organizacionais do 
serviço social 
• Desenvolvimento sustentável e meio ambiente 
37 
 
• Filantropia empresarial e entidades da sociedade civil 
• Cuidados dirigidos à família e segmentos vulneráveis. 
 
O orçamento participativo caracteriza-se pelo estabelecimento de critérios 
de aplicação de recursos que implica definição de prioridades. Conselhos de 
políticas e de direitos são considerados espaços formais de participação social, 
institucionalmente reconhecidos com competências definidas em estatuto legal, com 
o objetivo de realizar o controle social das políticas publicas setoriais ou de defesa 
de direitos de segmentos específicos. Nesse espaço, o assistente social compõe os 
conselhos de políticas e de defesa de direitos, como gestor, trabalhador, prestador 
de serviço, pesquisador/assessor e também como usuário. 
No processo de reestruturação produtiva e das novas demandas 
organizacionais do serviço social, existem várias áreas: implantação de programas 
de qualidade total, treinamento e desenvolvimento pessoal ,balanço social como 
indicador de responsabilidade social. 
O desenvolvimento sustentável e meio ambiente que depois do 
surgimento das tecnologias limpas e desenvolvimento e meio ambiente deixaram de 
ser consideradas antagônicas podendo ser complementares. 
A filantropia empresarial e entidades da sociedade civil que demonstra 
que a responsabilidade social é fundamental quando a empresa participa 
diretamente das ações comunitárias na região em que está presente e tenta minorar 
possíveis danos ambientas decorrentes do tipo de atividade que exerce. A 
preservação do meio ambiente deve ser uma ação obrigatória para todas as 
empresas. 
No espaço de família e segmentos sociais vulneráveis, em que o 
Assistente Social, segundo Mioto (2000) não deverá atuar com de forma 
fragmentada e isolada. Perceber que o modo de organização das famílias é diverso 
e modifica-se continuadamente, para atender as exigências que lhe são impostas 
pela sociedade. Esta situação é condicionada pela organização econômica e social 
mas também pela existência de valores culturais e de normas contraditórias 
(MIOTO, 2000). 
38 
 
O fato do Assistente Social não atuar com famílias, de forma fragmentada, 
não exclui, entretanto, cuidados dirigidos a seus membros, enquanto indivíduos, 
principalmente quando se trata de crianças, adolescentes, mulheres, idosos, porque 
quanto mais uma família é vulnerabilizada mais seus membros estarão expostos a 
situações d exclusão e desproteção. 
O trabalho do Assistente Social nessa área, portanto deverá ser integrado 
em três níveis: da proposição, articulação e avaliação de políticas sociais; da 
organização e articulação de serviços e da intervenção em situações familiares. 
Para concluir a temática que envolve a prática profissional do Assistente 
Social em sua relação com as políticas sociais enfatiza-se que sua postura sempre 
deverá ser de uma prática voltada para a viabilização dos direitos da população 
usuária, na perspectiva da consolidação das conquistas sociais e dos termos legais 
constitucionais (PAIVA, 2000). 
 
CONSIDERAÇÕESFINAIS 
 
Ao finalizar esta disciplina, deve-se remeter às palavras de Faleiros 
(2000), o qual diz que a política social não pode ser vista de forma rígida, como se a 
realidade se apresentasse dentro de um modelo teórico ideal. É preciso considerar 
sempre o movimento real e concreto das forças sociais e da conjuntura. 
Para o estudo da Política Social se faz necessário levar em conta, em 
primeiro lugar, o movimento do capital e também os movimentos sociais. Estes se 
desenvolvem a partir da luta em prol dos cuidados com a saúde e da sua 
reprodução de curto e longo prazo. Deve-se levar em conta, também, as conjunturas 
econômicas e a política, em que o Estado poderá apresentar alternativas de ação. 
Vimos que a definição das políticas sociais de um país não depende 
somente das condições gerais da estrutura social, mas depende também do 
contexto econômico mais amplo, da força política dos diferentes grupos e das idéias 
e preocupações que predominam na sociedade. Ela depende, em boa parte, 
também, do clima da opinião pública nacional e internacional, moldado, em grande 
medida, pelos meios de comunicação de massas. 
39 
 
A questão da Política Social envolve mediações intrincadas, são 
multifatoriais: socioeconômicas, políticas, culturais e atores, forças sociais e classes 
sociais que disputam hegemonia nas esferas estatal, pública e privada (FALEIROS, 
1986). 
Para realizar uma análise desses multifatores, o método dialético é o mais 
apropriado pelas ferramentas que possui, com leitura abrangente e totalizadora, 
focalizando a dinâmica da sociedade burguesa, e da desigualdade social inerente a 
essas relações de produção e reprodução. Oferece ainda, o estudo das 
transformações ocorridas no século XX para analisar a Política Social até a 
contemporaneidade. 
No SUAS, a unidade gestora do financiamento são os Fundos de 
Assistência Social nas três esferas de governo e o financiamento tem como base as 
informações socioterritoriais. O cofinanciamento pelo Governo Federal leva em 
consideração as demandas e prioridades específicas, a capacidade de gestão, de 
atendimento e de arrecadação de cada município e de complexidade dos serviços. 
Os critérios de partilha são pactuados nas comissões intergestoras e 
deliberados nos conselhos de Assistência Social. 
Os municípios tem autonomia para organizar sua rede de proteção social 
e são fiscalizados, principalmente, pelos respectivos Conselhos. 
Como afirma Tavares (2005), isso tudo tem o propósito de que o novo 
modelo de gestão instituído pelo SUAS, se configure no estabelecimento de um 
modelo democrático, descentralizado que tem a missão de enfrentar as situações de 
vulnerabilidade e risco a que as famílias e os cidadãos brasileiros estão sujeitos, 
ampliando a rede de assistência social em nosso país, na perspectiva de 
consolidação da assistência social como Política de Estado. 
 
 MEMORIAL REFLEXIVO 
 
Avaliar o processo de aprendizagem é um ato reflexivo que permite resgatar 
momentos significativos, descrevendo acertos, avanços, angústias e 
dificuldades. Por isso, aproveite este espaço e registre suas potencialidades 
e dificuldades conceituais e técnicas, bem como as estratégias utilizadas 
para superá-las nesta disciplina. 
40 
 
ATIVIDADES 
 
1. Apesar do consenso que existe entre estudiosos da Política Social, cujas origens 
estão profundamente vinculadas à Revolução Industrial e ao sistema capitalista, na 
verdade, as origens da Política Social remontam a seis séculos antes; por quê? 
2. Por que o Welfare State possui uma incompatibilidade estrutural entre 
acumulação e equidade na visão de Behring (1986)? 
3. Analise a ampliação do espaço da Política Social no período fordista, do pleno 
emprego e do exército industrial de reserva, que restringiu-se na atualidade com o 
desemprego estrutural. 
4. as contradições do Estado democrático aparecem fortemente entre a simples 
declaração dos direitos e liberdades e a sua real efetivação. Por quê? 
5. Qual a importância do entendimento do conceito e das características das 
políticas sociais de um país para o exercício profissional do assistente social? 
6. Em seu município, como está a gestão financeira da política de assistência 
social? E a implementação do SUAS? Está contribuindo para que a gestão dos 
recursos próprios do seu município se efetive no Fundo? 
7. Para entender melhor a organização político administrativa do Estado, leia no 
Título III da Constituição Federal os artigos de 18 a 31. Comente. 
 
FILMOGRAFIA 
 
Cidadão Kane. Estados Unidos. 1941. Direção: Orson Welles. Duração: 119 min. 
 
Eternamente Pagu. Brasil. 1987. Direção: Norma Bengell. Duração 100 min. 
 
Germinal. França/Itália/Bélgica. 1993. Direção: Claude Berri. Duração: 158 min. 
 
Mauá, o Imperador e o Rei. Brasil. 1999. Direção: Sérgio Resende. Duração: 132 
min. 
 
Tempos Modernos. Estados Unidos. 1936. Direção: Charles Chaplin. Duração: 87 
min. 
 
Assim caminha a Humanidade. Estados Unidos. 1956. Direção: George Stevens. 
Duração: 201 min. 
 
Jango. Brasil. 1984. Direção: Silvio Tendler. Duração: 117 min. 
 
Memórias do cárcere. Brasil. 1984. Direção: Nelson Pereira dos Santos. Duração: 
187 min. 
41 
 
REFERÊNCIAS 
 
BOSCHETTI, Ivanete. Capitalismo em Crise: Política Social e Direitos. São Paulo: 
Cortez, 2010. 
 
COUTO, Berenice Rojas et al. O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: 
Uma realidade em movimento. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2011. 
 
FALEIROS, Vicente de Paula. A política social do estado capitalista: as funções 
da previdência e da assistência sociais. São Paulo: Cortez, 1980. 
 
MARX, Karl. Manuscritos econômicos e filosóficos e outros textos escolhidos. 
São Paulo: Abril Cultural, 1978. 
 
SCHWARTZMAN, S. As causas da pobreza. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio 
Vargas, 2004.. 
 
SUPLICY, E.M. Renda de Cidadania: a saída é pela porta. São Paulo: Fundação 
Perseu Abramo; Cortez Editora, 2002. 
 
 
42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXOS 
 
 
43 
 
POLÍTICA SOCIAL: alguns aspectos relevantes para discussão 
 
Jorge Abrahão 
 
Política social de 1930 até 1964 
 
No âmbito das políticas sociais é a partir de trinta, que se assiste ao 
surgimento de um conjunto de leis referentes à criação de órgãos gestores de 
políticas sociais e à garantia de direitos trabalhistas. Por exemplo, na saúde e 
educação registraram-se alguns avanços significativos, com progressiva expansão 
do potencial de atendimento da rede pública e com uma significativa centralização 
dos comandos ao nível do executivo federal. Uma das características centrais deste 
período é que a ação governamental vai assumir o objetivo de conciliar uma política 
de acumulação que não exacerbasse as iniquidades sociais, com uma política 
voltada para a equidade, que longe de comprometer até vai ajudar a acumulação. O 
ingresso das classes trabalhadoras no cenário político se fez viável a partir, 
principalmente, das práticas de cooptação, que foram estabelecidas através da 
incorporação controlada dos setores populares a um sistema econômico que se 
moderniza, sob o signo da excludência social e do elitismo político. As políticas 
sociais daí resultantes ocorrem em uma rede burocrática clientelista que 
instrumentaliza a cooptação e potencializa a corrupção. O sistema de proteção 
social nesse período, como mostra Draibe (1989),permaneceu seletivo (no plano dos 
beneficiários), heterogêneo (no plano dos benefícios) e fragmentado (nos planos 
institucionais e financeiros). Para Santos(1987), do ponto de vista da constituição da 
cidadania, antes que ater-se a um padrão universalista, a inserção da população 
moldou-se segundo critérios de inclusão/exclusão seletiva. Além do mais, a política 
social foi utilizada como recurso de poder. As consequências deste tipo de utilização 
da política social vão se refletir na ampliação do espaço da burocracia estatal e na 
obstaculização da formação de

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