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Acao Cominatora Ivanira

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ESTADO DO CEARÁ
DEFENSORIA PÚBLICA GERAL
COMARCA DE CASCAVEL
	
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA DA COMARCA DE CASCAVEL – CE.
AÇÃO COMINATÓRIA
COM PEDIDO LIMINAR DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
IVANIRA LÚCIA DOS SANTOS, brasileira, solteira, do lar, residente na Rua Doutor Branquinho, 2193, Centro, Cascavel - CE, vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio do Defensor Público e estagiária in fine firmados, interpor a presente AÇÃO COMINATÓRIA, em face da Prefeitura Municipal de Cascavel, pelos motivos que passa a expor e, ao final, requerer:
- DOS FATOS
A autora é deficiente física e também acometida de complicações cardíacas e ósseas, motivo pelo qual se submete a tratamento ininterrupto para controle da pressão e para controlar a osteoporose, com medicação fornecida pela Prefeitura Municipal de Cascavel, em face da municipalização da saúde.
Ocorre que a Prefeitura Municipal de Cascavel, constantemente, vem atrasando o fornecimento da medicação, colocando a autora em risco de vida iminente, diminuindo sua qualidade de vida em ofensa direta às diretrizes constitucionais.
Os medicamentos requeridos para tratamento são: DIOVAN 80mg - comprimido, Valerimed 50mg - comprimido, Bonalen 70mg - comprimido, Ossotrat-D 600mg – compimido.
- DO DIREITO
 No caso em tela, a autora procura o amparo da Lei para que o réu volte a fornecer, SEM INTERVALO, os medicamentos necessários à sua sobrevivência. Ademais, a suspensão do fornecimento dos medicamentos, fere, de forma irrefutável, o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, que consagra o direito à saúde. A Constituição Federal traz em seu artigo 196 que, “a saúde é direito de todos e dever do Estado”, neste caso específico, do Município de Cascavel, em virtude da municipalização da saúde. 
O ilustre professor Humberto Theodoro Júnior, em sua obra, Curso de Direito Processual Civil (p.158/159, 2004), afirmou que “o direito moderno criou a possibilidade de coagir o devedor das obrigações de fazer e não fazer a cumprir as prestações a seu cargo mediante imposição de multas”.
 A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, reiteradamente, vem decidindo que a ação cominatória é o remédio jurídico adequado quando se exigir a prestação da obrigação de fornecer medicamentos ao necessitado, verbis:
“EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. TRATAMENTO DE SAÚDE E FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS A NECESSITADO. OBRIGAÇÃO DE FAZER DO ESTADO. INADIMPLEMENTO. COMINAÇÃO DE MULTA DIÁRIA. ASTREINTES. INCIDÊNCIA DO MEIO DE COERÇÃO. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
1. Ação ordinária c/c pedido de tutela antecipada ajuizada em face do Estado objetivando o fornecimento de alimento Resouce plus ou isosource, indicado para paciente com distúrbio e dificuldade na ingestão de alimentos.
2. A função das astreintes é vencer a obstinação do devedor ao cumprimento da obrigação e incide a partir da ciência do obrigado e da sua recalcitrância.
3. In casu, consoante se infere dos autos, trata-se obrigação de fazer, consubstanciada no fornecimento de alimento a menor que por distúrbio necessita de alimentação especial para sobreviver, cuja imposição das astreintes objetiva assegurar o cumprimento da decisão judicial e conseqüentemente resguardar o direito à saúde.
4. "Consoante entendimento consolidado neste Tribunal, em se tratando de obrigação de fazer, é permitido ao juízo da execução, de ofício ou a requerimento da parte, a imposição de multa cominatória ao devedor, mesmo que seja contra a Fazenda Pública”.(AGRGRESP 189.108/SP, Relator Ministro Gilson Dipp, DJ de 02.04.2001).
5. Precedentes jurisprudenciais do STJ: REsp 775.567/RS, Relator Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ 17.10.2005; REsp 770.524/RS, Relatora Min.ELIANA CALMON, DJ 24.10.2005; REsp 770.951/RS, Relator Min. CASTRO MEIRA, DJ 03.10.2005; REsp 699.495/RS, Relator Min. LUIZ FUX, DJ 05.09.2005.
6. À luz do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, valor erigido com um dos fundamentos da República, impõe-se a concessão dos medicamentos como instrumento de efetividade da regra constitucional que consagra o direito à saúde.
7. Agravo Regimental desprovido”. (AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2005/0080582-3; Relator: Ministro LUIZ FUX; Primeira Turma do STJ; DJ 27.03.2006).
Clarividente que a ação cominatória é o meio necessário e adequado para que o Município de Cascavel volte a fornecer os medicamentos necessários à sobrevivência da autora, SEM INTERRUPÇÃO !
- DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
O dano sofrido pela autora, em virtude da suspensão do fornecimento dos medicamentos, enseja o pedido de antecipação de tutela, antecipando a satisfação fática, nos termos do inciso I do artigo 273 do Código de Processo Civil, verbis:
“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação”.
O dano irreparável é claro, uma vez que a suspensão do fornecimento dos medicamentos pelo réu, acarreta o comprometimento da vida da autora.
- DO PEDIDO
 Ante ao exposto, requer:
a) Liminarmente antecipar os efeitos da tutela, no sentido de determinar à Prefeitura do Município de Cascavel que forneça, os medicamentos supra indicados (DIOVAN 80mg, Valerimed 50mg, Bonalen 70mg, Ossotrat-D 600mg), na forma do art. 273 do CPC – SOB PENA DE MULTA DIÁRIA em valor a ser definida por esse Juízo.
b) a citação do réu, para tomar conhecimento dos termos desta inicial de Ação Cominatória, que terá curso no procedimento ordinário do CPC e contestá-la, querendo, sob pena de revelia e confissão, no prazo de lei;
c) seja julgado procedente o pedido da presente ação cominatória, no sentido de compelir o réu a efetuar o fornecimento, ininterrupto, dos medicamentos (em anexo), em favor da autora;
 d) conceder os benefícios da Justiça Gratuita, nos termos da Lei n. 1.060/50;
Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos em Direito, oitiva de testemunhas, desde logo arroladas, juntada ulterior de documentos, bem como, quaisquer outras providências que Vossa Excelência julgue necessárias à perfeita resolução do feito, ficando tudo de logo requerido.
Dá-se à causa o valor de R$ 100,00 (cem reais) para os efeitos de lei.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Cascavel (CE), 24 de julho de 2006.
Petrus Henrique Gonçalves Freire
Defensor Público
Larissa Weyne Torres de Melo
Estagiária
Rol de testemunhas:
· Maria Vaulede Fontenele, com endereço à Rua Francisco José de Oliveira, 581, Bessalândia, Cascavel, Ceará;
· Maria das Graças Silva e Castro, com endereço à Rua Doutor Branquinho, 2186, Centro, Cascavel, Ceará.
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Rua Prof. José Antônio de Queiroz s/n, prédio do Fórum Des. Carlos Facundo
Cascavel – CE – CEP 62.850-000

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