Buscar

Estabelecimento empresarial e contrato de trespasse

Prévia do material em texto

“Estabelecimento empresarial e contrato de trespasse”.
Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário ou por sociedade empresária. A doutrina majoritária chama também de fundo de comércio, fundo de empresa e azienda. Oscar Barreto Filho, define o estabelecimento como: "o complexo de bens materiais e imateriais, que constituem o instrumento utilizado pelo comerciante para a exploração da atividade mercantil". A definição é estabelecida pelo artigo 1142 do Código Civil, onde a lei não faz distinção entre Bens, que são: Bens Corpóreos: Também chamados de bens matérias: móveis, utensílio, maquinário, equipamentos, imóvel, veículos, mercadorias etc. Bens Incorpóreos: Também chamado de bens imateriais: ponto comercial, marca, patente.
Ao reunir os bens de forma organizada você tem o estabelecimento empresarial, vale mencionar que o Imóvel é elemento integrante do estabelecimento, mas não é o estabelecimento. No caso de várias unidades como: filiais, agências etc. são consideradas estabelecimentos ligados com a sede, no caso o estabelecimento principal, onde consiste o centro de gerência de toda a empresa, o principal estabelecimento, portanto, consiste no local de definição da gerência, ou seja, onde as decisões são tomadas, devendo ser mencionado para fins de determinação do juízo competente para decretação de uma possível Falência conforme o artigo 3° da lei 11.101/05.
Para o entendimento da diferenciação, imagine uma padaria que possui dois imóveis: Um se encontra a padaria em si, e o outro o valor do aluguel é utilizado para compra de mercadoria. O dinheiro obtido com o aluguel será direcionado para compra de mercadoria para o estabelecimento, no entanto, mesmo nesse caso, o imóvel alugado não integra o conceito de estabelecimento. Só aqueles bens que estão diretamente relacionados à atividade empresarial, podem ser: ações, aplicação em ouro, são outros bens que compõe o conceito de patrimônio, mas não integram o conceito de estabelecimento.
Quem realiza a atividade empresarial é o empresário, a sociedade empresária, são eles sujeitos de direito. O estabelecimento não é sujeito de direito, ele é objeto de direito. A universalidade de direito é a reunião de bens decorrente da vontade de lei, herança e massa falida etc. Os bens do estabelecimento empresarial não são decorrentes de lei, mas pela vontade do empresário ou sociedade empresária sendo assim, é considerado pela doutrina majoritária como uma universalidade de fato e não uma universalidade de direito.
O Trespasse é um tema relacionado e que gera diversas dúvidas no operador do direito e na atividade empresária, que é diferente de cessão de cotas, sendo considerado como a operação de compra e venda de estabelecimento empresarial. OTrespasse é o nome que se dá para o contrato de compra e venda de estabelecimento empresarial que se precisa, instrumentalizar a operação. No trespasse ocorre a transferência da titularidade do estabelecimento, o titular do estabelecimento antes do trespasse era tal, depois passou a ser outro. Houve uma transferência da titularidade do estabelecimento, mas se um sócio vender suas cotas, a titularidade continua sendo anterior, são efeitos jurídicos distintos.
Temos duas figuras: O Alienante quem vende e o Adquirente, o que está comprando. O contrato se feito entre as partes, precisa de formalidade. O simples contrato produz efeitos entre as partes, ou seja, entre comprador e alienante já produz efeito, não precisa de nada mais para que o contrato de trespasse produza efeitos entre o alienante e o adquirente. Para produzir efeitos perante terceiros terá que cumprir as formalidades do Código Civil que estabelece: O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. Precisa assim de averbação na junta comercial e publicação na imprensa oficial. A regra aqui é de publicidade, é trazer publicidade ao ato, o credor tem que ficar sabendo, o concorrente tem que ficar sabendo, isso tem que ser comunicado para o mercado, há uma necessidade de uma publicidade total para produzir efeitos perante terceiro. Precisa assim da concordância expressa ou tácita dos credores, se os bens do alienante não forem suficientes para saldar as dívidas deixadas no estabelecimento e se os credores não forem pagos antecipadamente. O artigo 1146 do Código Civil, menciona que o adquirente responde por dívidas anteriores, só que com uma ressalva, desde que a dívida esteja regularmente contabilizada. A regra não se aplica para dívida trabalhista nem para dívida tributária, artigo 10 e 448 da CLT, artigo 133 do Código Tributário, respectivamente. O alienante responde de forma solidária e por um prazo, de um ano, a contagem do prazo vai depender da dívida.

Continue navegando