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CONTESTAÇÃO TRABALHISTA LOJA DUZENTOS E DEZ E GERALDO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ______ VARA DO TRABALHO DE ___________________
Autos nº 
LOJAS DUZENTOS E DEZ S.A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF nº XXXXXX, com sede na Rua XXX, nº XXX, Bairro XXX, Cidade XXX/Estado, CEP XXX, correio eletrônico xxxxxxx, vem, por seu advogado, com fundamento no art. 847 da CLT c/c art. 335, do CPC, apresentar sua CONTESTAÇÃO nos autos de ação trabalhista, que lhe move GERALDO, já qualificado na inicial, por seu advogado que esta subscreve, expondo o que segue e ao final requerendo:
1. SÍNTESE DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA 
O Reclamante, auxiliar de serviços gerais, foi admitido em 02/02/2010 pela empresa Lojas Duzentos e Dez LTDA, tendo pedido demissão em 15/07/2015, percebendo como remuneração o valor de R$ 1.200,00. Informou que não recebeu o pagamento das verbas rescisórias e que a reclamada cancelou o plano de saúde. 
Com base nisso, ajuizou reclamação trabalhista em 26/03/2018 pleiteando: a) o pagamento das verbas rescisórias; b) a ativação do plano de saúde, mas não liquidou os pedidos. 
Em virtude da ausência de concessão das verbas rescisórias e do cancelamento do plano, pretende a compensação por danos morais no valor de 500.000,00. 
Informa a reclamada que alterou a de nominação social para Lojas Duzentos e Dez S.A. e que não foi citada no endereço correto, conforme alteração contratual. Aduz ainda que não efetuou o pagamento das verbas rescisórias, porque o em pregado não tem direito, já que não cumpriu o prazo do aviso prévio, estando o TRCT zerado, bem como que a convenção coletiva, em sua cláusula 34ª estabelece que a obrigação de conceder plano de saúde, perdura somente na vigência do contrato de trabalho. 
 	No entanto, não assiste razão ao Reclamante, pelo que será exposto adiante.
2. PROVIDÊNCIA SANEADORA 
Primeiramente, requer a retificação do polo passivo para que passe a constar como correto LOJAS DUZENTOS E DEZ S.A., conforme alteração do contrato social de fl.___. 
 
3. NULIDADE PROCESSUAL 
A reclamada não foi devidamente citada, tendo em vista que a notificação foi encaminhada para o endereço errôneo, pois o estabelecimento empresarial está situado em novo endereço, conforme alteração contratual de fl.___. 
Desse modo, requer a declaração de nulidade do processo por ausência de citação válida, nos termos do art. 239 do CPC c/c art .769 da CLT. 
4. PRELIMINARMENTE
a) INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA 
Conforme recente entendimento jurisprudencial do STJ, é a Justiça comum estadual é competente para julgar ações que discutem o direito de ex-empregado, aposentado ou demitido sem justa causa, de permanecer em plano de saúde coletivo oferecido por empresa aos trabalhadores ativos, na modalidade de autogestão. O entendimento foi fixado pela 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça ao analisar recurso especial que discutia a Justiça competente — se a comum ou a trabalhista — para julgar o tema. 
A Justiça competente para o exame e julgamento de feito (funda do nos artigos 30 e 31 da Lei 9.656/98) que discute direitos de ex-empregado aposentado ou demitido sem justa causa de permanecer em plano de saúde coletivo oferecido pela própria empresa empregadora aos trabalhadores ativos, na modalidade de autogestão, é a Justiça comum estadual , visto que a causa de pedir e o pedido se originam de relação autônoma nascida com a operadora de plano de saúde, a qual possui natureza eminentemente civil, envolvendo tão somente, de maneira indireta, os aspectos da relação de trabalho, razão pela qual requer a extinção do processo sem resolução de mérito, no s termos do art. 485, IV, do CPC/2015. 
 
b) INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA 
Primeiramente, é necessário impugnar a petição inicial quanto ao valor da causa, eis que o reclamante chega ao montante absurdo de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) a título de danos morais. tendo em vista ser desproporcional, se comparado ao valor de sua remuneração. 
Ocorre, que os valores atribuídos pelo reclamante são temerários e com certeza foram incluídos na petição inicial aleatoriamente.
Desse modo, requer a alteração do valor pelo juízo, nos moldes do art. 2º da Lei 5584/70 e art. 292 , § 3º, do CPC. 
 
c) DA INÉPCIA DA INICIAL 
Inicialmente, vem a Reclamada, anteriormente a discussão do mérito, requerer que seja julgado improcedente o pedido autoral, nos termos precisos do art. 330, inciso I, do CPC, in verbis:
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
I - for inepta;
(...);
§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
O reclamante não indicou o valor dos pedidos, sendo este requisito da reclamação trabalhista (art. 840, § 1º, da CLT). Nessa senda, requer a extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos do art. 840, § 3º, da CLT e 485, I, do CPC. 
 
5. PREJUDICIAL DE MÉRITO: DA PRESCRIÇÃO BIENAL E QUINQUENAL
Conforme consta dos autos, a extinção contratual ocorreu em 15/07/2015, tendo o reclamante ajuizado a ação trabalhista em 26 /03/2018, verifica-se que o direito de ação está prescrito, pois ultrapassado o limite constitucional de 2 anos para reivindicar seus direitos trabalhistas, na forma do art. 7º, XXIX, da CF/88. 
A Constituição Federal, em seu art. 7º, XXIX, prevê a prescrição nas relações trabalhistas, tanto no que se relaciona ao prazo para a ação, bem como para a cobrança dos créditos trabalhistas, nestes termos:
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.
Requer, inclusive, seja pronunciada a prescrição quinquenal com relação aos créditos trabalhistas anteriores a 26/03/2013. Desse modo, requer a extinção do processo com resolução de mérito, nos moldes do art. 487, II, do CPC. Deste modo, não há de se incorporar no pleito a análise das verbas trabalhistas que excedam o período de 05 (cinco) anos contados da data do ajuizamento da ação, em conformidade com a Súmula 308, do Tribunal Superior do Trabalho.
Requer, assim, o reconhecimento da prescrição quinquenal dos pedidos anteriores a 26/03/2013 extinguindo o processo com resolução do mérito no concernente a esses pedidos.
4. DO MÉRITO
4.1 – DO PEDIDO DE DEMISSÃO 
O reclamante pediu demissão em 15/07/2015, conforme carta escrita e assinada a próprio punho. 
Ressalta-se, inclusive, que o reclamante não concedeu trinta dias de aviso prévio para que o empregador pude se procurar outro profissional para ficar em seu lugar, razão pela qual a reclamada procedeu ao desconto no valor de um salário, conforme autorizado pelo art. 48 7, § 2º, da CLT. Em face ao exposto , o TRTC encontra-se zerado, não sendo devida nenhum a verba rescisória, razão pela qual requer a improcedência do pedido. 
 
4.2 - PLANO DE SAÚDE 
Considerando que o contrato de trabalho foi extinto, a reclamada não é obrigada a continuar concedendo plano de saúde ao reclamante. A convenção coletiva, em sua cláusula 34ª estabelece que a obrigação perdura somente na vigência do contrato de trabalho, razão pela qual requer a improcedência do pedi do. 
 
4.3 – DA COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL 
O simples inadimplemento das verbas rescisórias, por si só não bastam para que o empregador incorra em condenaçãoao pagamento de indenização por danos morais, pois nem sempre este fato é o suficiente para que sejam atingidos o ânimo psíquico, moral e intelectual do empregado, nem sempre, com isso, é atingido o direito da personalidade do empregado, não passando de dano material, acobertado pelas multas previstas nos arts. 467 e 477 da CLT.
     Nem todo o pagamento, ausência de pagamento ou pagamento incorreto tem o condão de gerar danos morais, aliás, pensar desta forma implicaria em irradiar a insegurança jurídica por toda a sociedade, além de incentivo de ganhos sem fonte geradora de riqueza. Existiria, dessa forma, uma rede sem fim de supostos danos morais.
 Ocorre que o reclamante não comprovou o alegado, ônus que a este competia, na forma do art. 81 8 da CLT. Com relação ao plano de saúde, conforme exposto, não há nenhuma obrigação contratual da reclamada após a ex tinção do contrato de trabalho, salientando, inclusive, que o negociado prevalece sobre o legislado, na forma do art. 611-A da CLT. 
Nesse sentido, posicionamento jurisprudencial de diversos Tribunais pátrios, a exemplo:  
 
RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INADIMPLEMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS. DANO NÃO CONFIGURADO. O inadimplemento das verbas rescisórias não tem o condão de demonstrar, por si só, o prejuízo concreto e efetivo sofrido pelo empregado a ensejar a condenação do empregador em indenização por danos morais. O não pagamento das verbas rescisórias conduz tão somente à aplicação de sanção específica, qual seja, a multa prevista no art. 477, § 8 º, da CLT. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido (...) (TST - RR: 1780520115010003, Relator: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de Julgamento: 30/04/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 09/05/2014)
DANOS MORAIS - INADIMPLEMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS - NÃO COMPROVAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO PESSOAL - INDENIZAÇÃO INDEVIDA. O atraso e/ou inadimplemento de verbas trabalhistas não enseja o direito à indenização por danos morais, salvo nas hipóteses em que há efetiva comprovação de lesão de natureza moral , ou seja, quando caracterizada a exposição do empregado a constrangimentos juridicamente relevantes, de forma a vulnerar os valores assegurados pelo art. 5º, X, da Constituição Federal. Precedentes. Acórdão do Regional que condena ao pagamento da indenização, com base em presunção da situação lesiva à honra e dignidade do reclamante, na medida em que consigna que o inadimplemento das verbas rescisórias constitui ato ilícito, - provocando evidente constrangimento, humilhação, dor e sofrimento, por subjugar o mais fraco e hipossuficente, pela força econômica e pela força decorrente do poder diretivo patronal indevida e ilegalmente utilizadas-, deve ser reformado, porquanto incorre em má-aplicação do dispositivo constitucional. Recurso de revista provido. (TST - RR: 175003620085010070 17500-36.2008.5.01.0070, Relator: Milton de Moura França, Data de Julgamento: 11/10/2011, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/10/2011)
Destarte, requer a improcedência do pedido.
 
4.4 - COMPENSAÇÃO 
Considerando que o reclamante não cumpriu o prazo do aviso prévio, requer a compensação da referida parcela com as de mais verbas rescisórias que forem deferidas, nos termos do art. 767 da CLT. 
 
4.5 - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
Com fulcro no art. 791-A da CLT, requer a concessão de honorários de sucumbência a serem, fixados entre 5% a 15% sobre o valor que resultar da liquidação de sentença, nos moldes do art. 791-A, caput, da CLT. 
 
5 - REQUERIMENTOS 
Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:
a) O recebimento da presente contestação, acolhendo as preliminares suscitadas, com a extinção do processo sem resolução de mérito;
b) a improcedência dos pedidos contidos na inicial, condenando o Reclamante ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios;
c) a produção de provas por todos os meios admitidos em direito, notadamente a testemunhal, bem como a documental, pericial, depoimento pessoal e todas as demais que se mostrarem necessárias a comprovar o alegado.
Nestes termos, pede deferimento.
Local... e data...
Advogado...
OAB nº...

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