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DIREITO EMPRESARIAL

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Unidade de Educação a Distância
DIREITO EMPRESARIAL
Autor: Antônio César da Silva 
Belo Horizonte / 2012
ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA
REITOR
LUÍS CARLOS DE SOUZA VIEIRA
PRÓ-REITOR ACADÊMICO
SUDÁRIO PAPA FILHO
COORDENAÇÃO GERAL
AÉCIO ANTÔNIO DE OLIVEIRA
COORDENAÇÃO TECNOLÓGICA
EDUARDO JOSÉ ALVES DIAS
COORDENAÇÃO DE CURSOS GERENCIAIS E ADMINISTRAÇÃO 
HELBERT JOSÉ DE GOES
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/ LETRAS 
LAILA MARIA HAMDAN ALVIM
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/PEDAGOGIA 
LENISE MARIA RIBEIRO ORTEGA
INSTRUCIONAL DESIGNER
DÉBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL
KELLY DE SOUZA RESENDE
PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA
EQUIPE DE WEB DESIGNER
CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR
GABRIELA SANTOS DA PENHA
LUCIANA REGINA VIEIRA
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO
RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO
AUXILIAR PEDAGÓGICO
ARETHA MARÇAL DE MACÊDO SILVA
MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA
REVISORA DE TEXTO
MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO
SECRETARIA
LUANA DOS SANTOS ROSSI 
MARIA LUIZA AYRES
MONITORIA
ELZA MARIA GOMES
AUXILIAR ADMINISTRATIVO
THAYMON VASCONCELOS SOARES
MARIANA TAVARES DIAS RIOGA
AUXILIAR DE TUTORIA
FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS
MIRIA NERES PEREIRA
RENATA DA COSTA CARDOSO
Ícones
 Reflexão
Lembrete
Dica
Complemento Conteúdo
Comentários do autor
Anotações
SUMÁRIO:
	Unidade 1 – Introdução ao Direito ................-..................................................................................
	05
	Unidade 2 – Questões Aplicadas ao Direito Civil ......................................................................................
	27
	Unidade 3 – Contratos ............................................ .................................................................................
	49
	Unidade 4 – Direito do Consumidor ...........................................................................................................
	64
	Unidade 5 – Direito Societário ....................................................................................................................
	71
	Unidade 6 – Direito do Trabalho ................................................................................................................
	87
	Unidade 7 – Direito Ambiental ...................................................................................................................
	98
	
	
UNIDADE 1: INTRODUÇÃO AO DIREITO
Caros alunos!
Sou o professor Antônio César da Silva, advogado especializado em Direito Imobiliário e Corretor de Imóveis em Belo Horizonte. Vamos trabalhar a disciplina Direito Empresarial.
Primeiro, cabe tomar consciência da necessidade do estudo do Direito. Isso porque o Direito nos acompanha desde o nascimento até o momento de nossa morte, sendo que, a cada instante, como agora, praticamos uma relação jurídica.
O Direito acompanha a sociedade desde os primórdios, desde o surgimento dos primeiros homens e da necessidade de convivência harmoniosa entre eles. Obviamente, naquela época, não falaríamos em legislação e, muito menos, no estudo do Direito. Mas a organização das relações entre os indivíduos, por mais elementar que fosse, no momento em que estabeleceu, pela vez primeira, algum direito ou obrigação, já pode ser considerada como a interferência do Direito na dinâmica da vida.
Hoje, o estudo do Direito é fundamental para todas as pessoas. Principalmente para você, futuro gestor e tecnólogo, que deverá gerir sua vida profissional pautado na legalidade e na correção.
Espero que o estudo seja agradável e possa propiciar a todos o contato com o Direito de forma a possibilitar a apreensão dos conceitos básicos e da legislação necessária, tanto ao desempenho das atividades profissionais quanto das atividades pessoais, associadas às relações jurídicas.
Estarei a postos, através da ferramenta “Tutor”, para a solução das dúvidas e para os esclarecimentos necessários, inclusive para receber os casos concretos que demandem uma discussão à luz da legislação vigente. Em caso de dúvida referente aos recursos tecnológicos, o contato deve ser feito com a Equipe Newton Paiva Virtual por meio da ferramenta “Ajuda”, e-mail monitor@newtonpaiva.br ou pelo telefone (31) 3516-2399.
Assim, mãos à obra e bons estudos!!!
Antes de iniciarmos os estudos, vamos conhecer os objetivos da aprendizagem propostos para a unidade, etapa necessária para uma visão clara de nossos objetivos.
Objetivos da Aprendizagem
· Perceber o quanto o Direito está ligado à nossa vida, ao nosso dia-a-dia e quanto a disciplina é importante para o exercício profissional;
· Interpretar a legislação específica, facilitando sua aplicação profissional, alcançando condições de condução de clientes em suas atividades, vislumbrando a redução de riscos e de litígios;
· Conhecer a legislação empresarial, necessária à condução de seus negócios;
· Compreender a legislação básica, a fim de que possa interagir nos negócios, municiado de todas as ferramentas legais necessárias à sua realização dentro de parâmetros jurídicos.
Agora, conheça o conteúdo da disciplina, que será estudado durante o semestre:
DIREITO EMPRESARIAL
I - INTRODUÇÃO AO DIREITO
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
2. ORIGEM DO DIREITO
3. CONCEITO DE DIREITO
4. OBJETIVO DO DIREITO
5. FONTES DO DIREITO
6. CLASSIFICAÇÃO DO DIREITO
7. PROCESSO LEGISLATIVO
II - QUESTÕES APLICADAS AO DIREITO CIVIL
1. CONCEITO
2. PERSONALIDADE E CAPACIDADE
3. PESSOAS JURÍDICAS E SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS
4. DOMICÍLIO CIVIL
5. FATOS E ATOS JURÍDICOS
6. FORMA, CONDIÇÃO, TERMO E ENCARGO
7. DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
III - CONTRATOS
1. DEFINIÇÃO
2. FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO 
3. PRINCÍPIOS BÁSICOS
4. ELEMENTOS
5. CONTRATO DE ADESÃO
6. NULIDADES
7. CESSÃO DO CONTRATO
8. CONTRATOS EM ESPÉCIE
IV - DIREITO DO CONSUMIDOR
1. CONCEITOS BÁSICOS
2. DIREITOS DO CONSUMIDOR
3. PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS
4. RESPONSABILIDADE PELO PRODUTO E PELO SERVIÇO
5. CRIMES NAS RELAÇÕES DE CONSUMO
V - DIREITO SOCIETÁRIO
1. NATUREZA E CONCEITO DE PESSOA JURÍDICA
2. REQUISITOS PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL
3. CONSTITUIÇÃO DE SOCIEDADES
4. NOME EMPRESARIAL
5. TIPOS DE SOCIEDADES
6. ADMINISTRAÇÃO E RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS E ADMINISTRADORES
VI - TÍTULOS DE CRÉDITO
1. CONCEITOS BÁSICOS
2. CLASSIFICAÇÃO
3. AVAL E FIANÇA
4. PROTESTO
VII - DIREITO DO TRABALHO
1. CONCEITO DE EMPREGADO
2. CONCEITO DE EMPREGADOR
3. RELAÇÃO DE EMPREGO
4. MODALIDADES DO CONTRATO DE TRABALHO
5. RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
6. NEGOCIAÇÃO TRABALHISTA
7. TERCEIRIZAÇÃO
8. COOPERATIVA DE TRABALHO
9. CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO
10. BANCO DE HORAS
11. ACIDENTE DE TRABALHO
12. DA PREVENÇÃO DO CONTENCIOSO E DA AÇÃO TRABALHISTA
VIII - DIREITO AMBIENTAL
1. CONCEITOS BÁSICOS
2. PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL
3. RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS
4. DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
Considerações Gerais
O objetivo do Direito é regular as relações humanas, buscando a construção da paz social, o pleno desenvolvimento, afastando as possibilidades de desordem e de ocorrência de crimes. O Direito, assim, se apresenta como elemento de controle do comportamento humano.
O estudo do direito nos leva ao entendimento de que nossas possibilidades são limitadas, ou seja, nossas ações são pautadas pela necessidade de convivência social. Diz respeito aos direitos dos outros na mesma medida da valorização de nosso direito (que não é, então, superior ao das demais pessoas).
Dessa forma, de onde vem esta obrigação de aceitar as limitações impostas pelo Direito?
Vem, na verdade, da própria essência do ser humano, ou seja, de um ordenamento superior e abstrato, inerente ao homem, traduzido como moral, que enseja o surgimento do direito natural, entendido como o sentimento de justiça mais amplo que o próprio conceito de Direito. Isso nos leva ao confronto do Direito e da moral como normas.
Veja as diferenças entre o Direito e a moral.
Tanto o direito como a moral são regras de conduta. Apenas se diferenciam pelo fatode que o direito se apresenta como uma regra de conduta externa, formal, ou seja, de fora da pessoa. Já a moral é uma regra de conduta interna, informal, que vem de dentro do ser humano, que também visa aprimorar o homem, do ponto de vista da consciência interna. Em princípio, podemos afirmar que a regra do direito atende, antes, à regra da moral, já que busca o interesse social, a correta e harmônica convivência social. Quer dizer: as regras de direito não poderiam ser elaboradas senão em conformidade com as regras da moral.
Ainda, o direito é bilateral, coercitivo e vincula o homem de maneira objetiva, enquanto a moral é unilateral, sem coerção e de vinculação subjetiva. O homem pode ser punido pelo Estado quando deixar de atender a uma norma legal, ou seja, às determinações do Direito. Mas não poderá ser punido quando deixar de atender a determinações morais.
Exemplificando, temos um devedor que tem a cobrança de sua dívida prescrita pelo decurso do prazo estipulado em lei sem que o credor tenha tomado as medidas necessárias ao recebimento. Estando prescrito o direito de cobrança, o Direito não determina o pagamento, mesmo que, pela moral, tal pagamento tenha que ser feito. Não atendendo à moral, não efetivando o pagamento, não poderá esse devedor sofrer qualquer tipo de sanção.
Podemos, pois, concluir que a moral é mais ampla que o direito.
Origem do Direito
O Direito nasceu junto com a civilização, sob a forma de costumes que se tornaram aceitos como conduta correta e, em função dessa aceitação, obrigatórios. Isso leva ao entendimento de que a história do Direito é a história da vida do homem. 
Para Cotrim (2002), a necessidade de sociabilidade, ou seja, a aversão à vida em isolamento, levou o homem a interferir na conduta de seus semelhantes, provocando várias reações. Para regular essas interferências, gerando uma harmonia entre os homens, foram criadas regras. Assim nasceu o Direito.
Conceito de Direito
Você já parou para pensar no que seja o Direito?
Na web, foi solicitado que formulasse um conceito de Direito, pois todos podemos fazê-lo, já que o Direito está presente em nossa vida, seja nas relações profissionais, escolares, pessoais. Pronto? Confronte sua definição com a de outros autores. Apresento-lhe algumas a seguir. Passemos, então, ao estudo do conceito de Direito.
 Vamos notar que não existe uma conceituação básica, ou seja, encontramos várias acepções para o conceito de Direito, que variam de acordo com a percepção de quem as formulou e, ainda, com o momento histórico em que foram criadas.
Celso, apud Pinho e Nascimento (2006), no Direito Romano, dizia que o Direito é a arte do bom e do eqüitativo. Essa definição, inspirada em fontes gregas, recebeu ao longo da história várias críticas, por possibilitar uma confusão entre o Direito e a moral.
Segundo Pinho e Nascimento (2006), o genial poeta Dante Alighieri definia Direito como sendo a proporção real e pessoal de homem para homem que, conservada, conserva a sociedade e que, destruída, a destrói.
Miguel Reale, apud Martins (2006), afirmou que o Direito é a vinculação bilateral atributiva da conduta para a realização ordenada dos valores de convivência.
Cotrin (2002) define o Direito como o conjunto de regras obrigatórias que disciplinam a convivência social e humana.
Para Martins (2006), Direito é o conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a regular a vida humana em sociedade.
No entendimento de Correia, segundo Max e Edis (2005), Direito é um complexo de normas reguladoras da conduta humana, com força coativa.
O filósofo alemão Kant, segundo Pinho e Nascimento (2006), conceitua o Direito como sendo o conjunto das condições segundo as quais o arbítrio de cada um pode coexistir com o arbítrio dos outros de acordo com uma lei geral de liberdade.
Para o jurista alemão Ihering, citado por Fiúza (2002), direito é a soma das condições de existência social, no seu amplo sentido, assegurada pelo Estado através da coação.
José Náufel (1988) apresenta o Direito como um termo de amplitude muito grande, de difícil reunião numa só definição. Para ele, a conceituação pode ser feita sob três aspectos: filosófico, jurídico e sociológico. Sob o aspecto sociológico, cita a definição de Orgaz: Direito é o sistema de normas dotadas de coatividade que tem por objetivo organizar e assegurar a delimitação e a coordenação dos interesses, conciliando as exigências da liberdade e da solidariedade, por um lado, e da utilidade e da justiça, por outro.
José Náufel (1988) cita a definição sintética de Cunha Gonçalves: Direito é o conjunto de preceitos tendentes a estabelecer, no seio de um povo, a disciplina social. 
Ainda segundo José Náufel (1988), Capitant estuda a significação do vocábulo sob três aspectos: objetivo, subjetivo e didático. Para ele, objetivamente Direito é o conjunto de regras dotadas de sanções que regem as relações dos homens que vivem em sociedade. É a lei escrita, o conjunto de normas positivas que disciplinam a vida em sociedade. No sentido subjetivo, Direito é a prerrogativa pertencente a uma pessoa e que lhe permite exigir de uma outra tanto prestações ou abstenções quanto o respeito a uma situação que lhe aproveita. É a faculdade ou poder de agir livremente dentro do limite estabelecido pela ordem jurídico-social. Didaticamente, Direito é a ciência das regras obrigatórias que presidem as relações dos homens em sociedade.
Orlando Gomes (1986) distingue as formas de se definir o Direito em formal e material, sendo que, sob o aspecto formal, Direito é a regra de conduta imposta coercitivamente e, sob o aspecto material, Direito é a norma nascida da necessidade de disciplinar a vida em sociedade.
A partir dessa distinção, o autor apresenta sua definição, segundo a qual o Direito é o conjunto de normas de conduta vigentes na sociedade que, pela força da autoridade, se impõe às pessoas que a constituem. 
Como podemos verificar, são várias as definições possíveis. Porém, todas, mesmo que resumidamente em vista do momento histórico em que foram criadas, levam em consideração a função do Direito em organizar e regular a vida em sociedade e sua formação a partir das normas jurídicas.
Agora, retorne à web para conhecer alguns conceitos complementares necessários. O conceito de norma, norma jurídica e lei.
Fontes do Direito
Vamos conhecer, detalhadamente, cada uma das fontes do direito. Para iniciar, apresento-lhe, primeiro, as fontes imediatas: a lei e o costume. Lembre-se de que você é o responsável pelo seu aprendizado. Portanto, se sentir dificuldades, entre em contato comigo por meio das ferramentas de interação do ambiente virtual de aprendizagem.
Fontes imediatas: a lei e o costume
a) LEI
Lei é uma norma escrita, tornada obrigatória por ato do Estado, dentro do seu poder coercitivo. Também se considera lei a norma jurídica elaborada e votada pelo órgão legislativo do Estado. Aqui se considera o vocábulo em sua forma ampla, abrangendo todas as normas possíveis de serem editadas, em todos os seus níveis, o que difere da forma restrita, quando indica determinada lei, elaborada e aprovada para determinado fim.
Segundo Maria Helena Diniz (2002), a legislação, ou melhor, a atividade legiferante, é tida como a fonte primacial do direito, a fonte jurídica por excelência. E a legislação é, exatamente, o processo pelo qual os órgãos estatais próprios apresentam, votam e promulgam normas jurídicas de observância geral.
A legislação é a mais importante fonte do direito nos países de direito escrito e de Constituição rígida, como é o caso do Brasil.
No sistema legislativo de nosso país, são várias as formas de apresentação das leis, dispostas num regime de hierarquia, assim definido: Constituição Federal, também chamada Carta Magna, emenda à Constituição, lei complementar, lei ordinária, lei delegada, medida provisória, decreto legislativo, resolução do Senado, instrução ministerial, circular, portaria, ordem de serviço.
É de se consignar ainda a existência de três níveis legislativos: o federal,acima citado, o estadual e o municipal, cada qual com sua competência definida pela própria Constituição.
b) COSTUME
Costume é a prática reiterada de determinada conduta, diante de uma convicção de ser essa conduta, correta e obrigatória, aceita como tal por todos. O direito advindo do costume é chamado direito consuetudinário. Ocorre principalmente na Inglaterra e nos países de colonização britânica.
Também pode ser definido como direito não escrito, que se baseia em prática observada ao longo do tempo, em certas relações jurídicas, constituindo ação unanimemente aceita.
O costume, para se caracterizar como fonte de direito, necessita de dois requisitos: o objetivo, representado pelo uso, pela observância de determinada regra por todos os interessados, durante longo tempo, e o subjetivo, que se constitui na aceitação geral de tal prática como uma necessidade jurídica.
Agora, vamos às fontes mediatas: a doutrina e a jurisprudência.
a) DOUTRINA
A doutrina nada mais é que a opinião dos juristas, dos professores, dos tratadistas, dos jurisconsultos, etc., em seus tratados, teorias, aulas, ensinamentos, obras e outros documentos dos quais conste uma opinião jurídica acerca de determinado tema. É a atividade científico-jurídica colocada à disposição de todos para análise, exame ou estudo. É ainda o resultado do pensamento sistematizado ou do estudo sobre determinado problema, com a finalidade de transmitir conhecimentos a seu respeito.
No dizer de Orlando Gomes (1986), doutrina é o pensamento dos estudiosos do direito reduzido a escrito em tratados, compêndios, manuais, monografias, teses ou comentários à legislação.
b) JURISPRUDÊNCIA
A jurisprudência é a repetição de determinado julgamento, de forma a uniformizar as decisões sobre alguma questão submetida ao Poder Judiciário. A jurisprudência é formada através do trabalho do Poder Judiciário, constituindo-se no conjunto de julgamentos iguais dos tribunais, sobre determinadas matérias a eles submetidas.
Segundo ensinamento de Pedro Nunes, apud Maria Helena Diniz (2002), o termo jurisprudência é hoje empregado como o conjunto de decisões uniformes e constantes dos tribunais, resultantes da aplicação de normas a casos semelhantes, constituindo uma norma geral aplicável a todas as hipóteses similares ou idênticas. É o conjunto de normas emanadas dos juízes em suas atividades jurisdicionais.
Integração da Norma Jurídica
Como vimos na web, em nosso ordenamento jurídico, o juiz não pode se escusar de dar à demanda a ele submetida uma decisão em virtude de não existir no ordenamento jurídico preceito capaz de embasar e dar sustentação à sentença. Também não pode deixar de fazê-lo em virtude de obscuridade da lei.
Considerando, porém, que tal situação não raramente ocorre, ou seja, em várias situações se vê o juiz obrigado a sentenciar sobre matéria não prevista ou regulada pela legislação posta à sua disposição.
Nesses casos, surge a integração da norma jurídica, que consiste na aplicação de recursos não expressamente previstos, mas que podem nortear a atividade jurisdicional na busca de solução para eventuais dúvidas ou omissões da lei. Tais recursos, também considerados critérios suplementares, são a analogia, os princípios gerais de direito e a eqüidade.
A integração da norma jurídica não constitui uma situação criada ao arrepio da lei. Diz a Lei de Introdução ao Código Civil, em seu artigo quarto:
quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito.
a) ANALOGIA
A analogia é o meio pelo qual são supridas as omissões da lei, consistindo na aplicação a determinado caso sem previsão legal, submetido ao Poder Judiciário, de uma norma jurídica reguladora de caso semelhante.
Obviamente, a aplicação da analogia não pode se constituir num fato isolado, de acordo unicamente com a vontade do magistrado. Para que se aplique a analogia, duas fases devem ser observadas: a constatação da inexistência de norma a se aplicar objetivamente ao caso em estudo (lacuna da lei) e uma análise criteriosa (comparação) da lei a ser aplicada, com a certificação de que nessa comparação há uma supremacia das semelhanças sobre as diferenças. Complementando, deve-se levar em conta o que estabelece o artigo quinto da Lei de Introdução ao Código Civil:
“Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. 
b) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
Os princípios gerais do direito constituem o que podemos chamar de conjunto de preceitos normativos do ordenamento legal, sendo considerados idéias acima do direito e, por isso mesmo, fonte do direito. Os princípios gerais do direito não são, necessariamente, normas escritas, e podem ser percebidos por indução. Podem ser considerados diretrizes ou forças propulsoras do desenvolvimento da ordem jurídica.
Os princípios gerais do direito possuem uma multiplicidade de entendimentos. Todos eles, porém, em consonância com a definição acima apresentada.
Eles atuam frente à norma, como fundamento de integração ou como limite da atividade jurisdicional ou da arbitrariedade; surgem a partir de idéias políticas, sociais e jurídicas, constituindo um elo entre as aspirações de uma sociedade e o sistema jurídico; seu reconhecimento é feito pela universalidade das pessoas, sendo comum a todos os povos ou a algum povo em especial, em determinada época histórica.
c) EQÜIDADE
A eqüidade é a adaptação razoável da lei ao caso concreto (bom senso), ou a criação de uma solução própria para uma hipótese em que a lei é omissa.
A eqüidade se dá quando ocorre uma adaptação do direito a uma realidade sócio-jurídica, em consonância com a ética e com a boa razão. Nesse caso, a eqüidade trata de preencher as lacunas do direito.
Classificação do Direito
Conhecer as classificações do direito é fundamental para seu entendimento. Veja a descrição de cada uma:
Direito Objetivo e Direito Subjetivo
Direito objetivo é o complexo de normas jurídicas colocadas à disposição da coletividade, como norma geral de agir. Em outra análise, são as normas de convívio social, dotadas de sanção para o caso de seu descumprimento, que têm por finalidade estabelecer as regras necessárias à conduta social.
Já o direito subjetivo é a permissão concedida pela norma jurídica (direito objetivo) para que o indivíduo possa agir, segundo sua vontade, em defesa de seus interesses. Uma definição clássica é a de que direito subjetivo é a faculdade individual de agir de acordo com o Direito.
Concluindo, podemos dizer que o direito subjetivo é a liberdade que tem a pessoa (sujeito) de agir, dentro de sua motivação interna e dentro do sistema legal colocado à sua disposição.
Direito Positivo e Direito Natural
Segundo definição de Cézar Fiúza (2002), direito positivo é o conjunto de normas jurídicas vigentes em determinado lugar, em determinada época. Em outras palavras, é a lei. Cézar Fiúza (2002) cita a definição de São Tomás de Aquino, para quem direito positivo é o direito criado pelo homem, a fim de atender a exigências específicas do convívio social harmônico.
As duas definições, bem como quaisquer outras apresentadas, nos levam a uma só conclusão: o direito positivo é o direito criado pelo homem. Em nossa cultura, o direito positivo é realmente a lei, já que representa a vontade do homem no tocante às regras de conduta. Vejamos a definição apresentada por José Náufel (1988): Direito positivo é o direito transformado em lei, em normas objetivas de caráter obrigatório, cujo cumprimento é assegurado pelo poder coercitivo do Estado.
Já o direito natural é uma idéia de direito maior que o direito positivo. É a existência de um sentimento de justiça mais amplo que o direito positivo, posto à disposição da coletividade. Seria o direito natural o conjunto dos anseios das pessoas, em nível de justiça, em nível de regras de conduta, sendo, portanto, universal, comum a todos os povos, por isso mesmo mais amplo que o direito positivo, este em vigor num determinado local.O direito natural tem origem no homem, considerando sua dimensão social e humana.
Direito Público e Direito Privado
Várias teorias foram apresentadas ao longo da história do direito, acerca de sua divisão em público e privado. Há opiniões negando tal divisão, sob a alegação de que todo o Direito é público, por ser originário do Estado. Outros, ainda, como Paulo Dourado de Gusmão (2002), defenderam a existência de um terceiro ramo, o direito misto ou direito social, onde há normas de interesse público e privado, englobando esse terceiro ramo o direito do trabalho, o direito processual e o direito de família.
Porém, vamos ficar com a divisão tradicional, em que o direito apresenta duas vertentes, o direito público e o direito privado. Ao se considerar o direito misto, não existiriam propriamente os direitos público e particular, tendo em vista que, no direito público, há normas de ordem privada e vice-versa.
Direito público é o direito composto, total ou predominantemente, por normas de ordem pública, ou seja, de normas imperativas, cuja aplicação é obrigatória. Segundo Maria Helena Diniz (2002), o direito público apresenta normas que regem as relações em que o sujeito é o Estado, tutelando os interesses gerais e visando ao fim social, quer perante os seus membros, quer perante os outros Estados.
Já o direito privado é composto, total ou predominantemente, por normas de ordem privada, de caráter supletivo, que regem as relações entre os interessados (particulares), de acordo com suas vontades. O direito civil cuida das relações jurídicas entre os particulares, relações essas que não sofrem a interferência do Estado para sua existência ou mesmo para seu término.
Para uma melhor compreensão, apresentamos-lhe, a seguir, a divisão dos diversos ramos do direito, em público e privado, com uma indicação de sua abrangência.
· RAMOS DO DIREITO PÚBLICO
a) Direito Constitucional
O direito constitucional é composto por normas que dizem respeito à organização política do Estado, tratando do regime político, da forma do Estado e de governo, da instituição de órgãos necessários às funções estatais, das garantias fundamentais. Tais normas estão, por sua vez, contidas na Constituição Federal. O direito constitucional é, hierarquicamente, superior aos demais, uma vez que é manifestação da soberania nacional.
Em sentido restrito, é o estudo de uma determinada constituição.
b) Direito Administrativo
É o ramo do direito que trata da regulamentação das atividades estatais, através da edição de leis determinantes e limitadoras das atribuições dos diversos órgãos públicos e de seus agentes. Essas leis tratam, ainda, da organização funcional do Estado, da execução dos serviços públicos, da atividade econômica do Estado, do regime de contratação dos agentes públicos e de tudo o mais que é necessário ao funcionamento da “máquina” administrativa.
O direito administrativo é uma especialização do antigo direito político, tendo em vista as mutações das atividades estatais, bem como a sua atual complexidade e as peculiaridades dessas atividades.
c) Direito Tributário
Direito tributário é o conjunto de normas que aludem, direta ou indiretamente, à arrecadação e à fiscalização de tributos (impostos, taxas e contribuições) devidos pelos cidadãos ao governo.
O direito tributário disciplina a receita e a despesa do Estado criando, através dos tributos, as fontes da receita necessária à consecução de seus fins, equilibrando-a com as despesas. É norma de caráter compulsório.
d) Direito Econômico
Direito econômico é o ramo do Direito composto por um conjunto de normas de conteúdo econômico e que tem por objeto regulamentar as medidas de política econômica referentes às relações e aos interesses individuais e coletivos, harmonizando-as – pelo princípio da economicidade – com a ideologia adotada na ordem jurídica.
O direito econômico também pode ser visto como o ramo do direito que busca proteger e disciplinar as relações jurídicas, ligadas ao capital e ao trabalho, resultantes da produção, da circulação, da distribuição e do consumo das riquezas.
e) Direito Previdenciário
É o direito que trata das relações entre o Estado, representado por seus órgãos de previdência, e os diversos beneficiários, no reconhecimento e na manutenção dos direitos previdenciários, assegurados pela lei e pela Constituição. Os benefícios garantidos, objeto do direito previdenciário, são os que possibilitam aos beneficiários os meios indispensáveis à sua manutenção, nos casos de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.
f) Direito Processual
É função primordial do direito processual regular a organização judiciária e o processo judicial, ditando normas de atuação para as partes, órgãos da justiça e agentes estatais, aplicadores do direito ao caso concreto.
Além de regular a atuação das partes e dos órgãos e agentes encarregados de atuar na solução judicial do caso concreto, é atribuição do direito processual normatizar a organização judiciária, a competência de cada órgão e agente.
O direito processual divide-se em direito processual civil e direito processual penal, de acordo com a natureza do processo sobre o qual vai agir.
) Direito Internacional Público
O direito internacional público compreende as normas reguladoras das relações entre os Estados e entre os Estados e os organismos internacionais, incluídas as relações jurídicas referentes a tratados internacionais, organizações internacionais, reconhecimento de Estados e Governos, extradição, direito de asilo, definição de domínios terrestres e marítimos e espaços aéreos, agências diplomáticas e consulados, dentre outros.
As relações atinentes ao direito internacional público não se configuram como relações submetidas à hierarquia ou à subordinação. Os Estados são soberanos e as relações entre eles, no que toca a esse ramo do direito, são relações de colaboração e coordenação, visando à paz universal e à harmonia entre os Estados e seus cidadãos.
H) Direito Internacional Privado
O direito internacional privado cuida das relações entre Estados e indivíduos (cidadãos) de outros Estados. Busca dar solução aos conflitos de leis no espaço, em que particulares tenham interesses jurídicos em mais de um país. É através do direito internacional privado que os Estados determinam, ou não, o acatamento de legislação ou sentença judicial, expedidas por outro Estado.
O direito internacional privado é o setor em que se encontram as normas do direito interno de cada país, que autorizam o juiz nacional a aplicar ao fato interjurisdicional o direito a ele adequado, mesmo que esse direito seja estranho ou estrangeiro.
I) Direito Penal (ou Direito Criminal)
É o ramo do direito público que cuida dos crimes e das penas aplicáveis aos seus agentes. Regula a atividade estatal dotada de repressão, no intuito de combater e evitar as atividades criminosas, buscando a preservação da sociedade, prestando-se a reprimir e a punir os fatos delituosos que atentam contra a ordem jurídica e social.
· RAMOS DO DIREITO PRIVADO
a) Direito Civil
Direito civil é o ramo do direito privado destinado a reger relações familiares, patrimoniais e obrigacionais que se formam entre indivíduos encarados como tais, ou seja, como membros da sociedade.
Sucintamente, podemos dizer que direito civil é o ramo do direito privado que regula relações entre particulares, sejam pessoas físicas ou jurídicas, cuidando das ocorrências de seu dia-a-dia.
O direito civil é o mais complexo ramo do direito, sendo totalmente subdividido, de modo a facilitar seu estudo, sua compreensão e sua aplicação. Dessa forma, o direito civil trata, primeiro, das pessoas e dos bens, cuidando em seguida das relações jurídicas e das situações em que podem se envolver. Trata, depois, das situações individuais, como na família, nas relações entre indivíduos, pessoal e patrimonialmente. Por fim, aborda, no direito das sucessões, a transmissãodo patrimônio do falecido aos seus herdeiros e sucessores.
Dentro desses campos de atuação, o direito civil, norteado pelos princípios da personalidade, da autonomia da vontade, da liberdade de estipulação negocial, da propriedade individual, da intangibilidade familiar, da legitimidade da herança e do testamento, e da solidariedade social, é comum a todas as pessoas, disciplinando seu modo de ser e de agir, sem referência a suas condições sociais e culturais.
b) Direito Comercial
Cabe, antes da definição de Direito Comercial, ressaltar as recentes alterações introduzidas pelo Código Civil vigente, que veio a revogar a primeira parte do Código Comercial, deixando em vigor apenas a parte relativa ao comércio marítimo. O Código Civil regulou a matéria nos artigos 966 a 1.195, sob o rótulo de Direito Empresarial. Entretanto, segundo Mamede (2004), a nomenclatura anterior, Direito Comercial, ainda será utilizada pela doutrina e nos meios acadêmicos. De qualquer forma, a alteração apresenta sentido apenas prático, não interferindo no estudo do tema. O que modificou e deve ser apreendido é a compreensão do mercado e do comércio, hoje mais amplo e mais intimamente ligado à vida das pessoas.
Direito comercial é o complexo de normas jurídicas que regulam as relações derivadas das indústrias e atividades que a lei considera mercantis, assim como os direitos e obrigações das pessoas que profissionalmente as exercem.
Em suma, é o conjunto de normas reguladoras das atividades comerciais, nestas compreendidas as de circulação de bens entre produtores e consumidores.
Existia uma tendência para a unificação do direito civil ao direito comercial, o que veio a ocorrer com o atual Código Civil, mas, apesar desse fato, conservam-se distintos e independentes, sendo ainda tal unificação muito difícil de ser aceita pelos seguintes aspectos que diferenciam em muito os dois institutos:
O direito civil é muito mais extenso que o direito comercial, cuidando o primeiro de direitos patrimoniais e extrapatrimoniais (pessoais), enquanto o direito comercial cuida somente de direitos patrimoniais. O direito civil encara e considera os bens pelo seu valor de uso, enquanto o direito comercial considera seu valor de troca. O direito comercial é menos formalista que o direito civil.
Além disso, o direito civil é um direito nacional, enquanto o direito comercial tem, por sua própria natureza, aspectos internacionais. No direito comercial, ao contrário do direito civil, não há ato mercantil gratuito. O direito civil tende a se manter estático, enquanto o direito comercial é um direito eminentemente renovador e dinâmico.
c) Direito Trabalhista
O direito do trabalho nos apresenta incertezas interpretativas em sua origem: apesar de aceita sua classificação como ramo do direito privado, não se pode dizer que tal aceitação é unânime. Existem quatro correntes a discorrer sobre o assunto, a primeira qualificando-o como ramo do direito privado, e a segunda como pertencente ao direito público. Outra corrente classifica-o como um direito misto, onde no mesmo nível aparecem normas de ordem pública e de ordem privada. Uma quarta corrente, por seu lado, não classifica o direito do 
trabalho em nenhuma das três formas apresentadas, considerando-o um novo gênero do direito.
Determinar se o direito trabalhista pertence ao direito público ou ao direito privado leva em conta, como no caso dos outros ramos do direito, a preponderância de preceitos. Isso porque nenhum ramo do direito é exclusivamente público ou particular. Dessa forma, então, não restam dúvidas e podemos afirmar que o direito trabalhista pertence ao direito privado, respeitados os entendimentos em contrário, acima expostos.
Reafirmando essa posição, Orlando Gomes (1986) afirma que a principal relação jurídica tratada pelo direito do trabalho é travada entre particulares, o empregador e o empregado. Continua o mestre:
Por maior que seja o interesse público em sua regulamentação, nenhuma das partes da relação de emprego exerce função pública, nem lhe empresta o caráter de vínculo de direito público a circunstância de ser tratada sob critério de regulação diverso do observado nas relações jurídicas de direito civil. Enquanto a estrutura econômica da sociedade se fundar na livre iniciativa e tiver por objeto o lucro, a relação de emprego terá forma contratual e será de direito privado.
Após o esclarecimento, bastante útil do ponto de vista didático e de sua interpretação, cabe definir o que é direito do trabalho.
É o ramo do direito que regula as relações jurídicas decorrentes do contrato de trabalho, ou seja, entre empregado e empregador. Sua finalidade é a proteção do mais frágil nessa relação, o empregado, evitando que seja explorado pelo poder dominante (capital), dotando-o de melhores condições de vida e de igualdade de condições com seu empregador.
Amauri Mascaro Nascimento (2006) diz que o direito do trabalho rege as relações individuais e coletivas de trabalho e as condições sociais do assalariado.
Processo Legislativo
Todos os estados do Brasil têm sua constituição, que não pode conter nenhum dispositivo contrário à Constituição Federal. No que toca aos municípios, não têm constituição em separado, motivo pelo qual a divisão de seus poderes, assim como as respectivas atribuições são reguladas pela constituição estadual.
Vamos tratar especificamente do processo legislativo federal, previsto na Constituição Federal, exercido pelo Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal).
No Brasil, por força constitucional, vigora o sistema bicameral, ou seja, em que existem duas casas legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal). 
A Câmara dos Deputados, considerada a primeira entre elas, representa o povo, sendo seus membros eleitos diretamente pelo sistema proporcional. O número de deputados varia de acordo com a população do país, estando hoje limitados em quinhentos e treze membros. Para que não fique algum estado sem representação, a Constituição Federal limita o número mínimo de deputados por estado em oito e o número máximo em setenta. O mandato dos deputados é de quatro anos.
Já o Senado Federal é composto por oitenta e um membros, sendo três para cada estado e para o Distrito Federal. O Senado representa os estados e o Distrito Federal e não o povo como a Câmara dos Deputados. O mandato dos senadores é de oito anos, com renovação da representação de cada estado a cada quatro anos, em um terço e dois terços.
O processo legislativo, conforme determina a Constituição Federal, em seu artigo 59, compreende a elaboração de:
I – emendas à Constituição;
II – leis complementares;
III – leis ordinárias;
IV – leis delegadas;
V – medidas provisórias
VI – decretos legislativos;
VII – resoluções.
Emendas à Constituição
Emendas à Constituição são leis constitucionais que modificam parcialmente a Constituição Federal, nossa principal lei.
As emendas à Constituição podem ser propostas por:
a) por um terço, no mínimo dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
b) pelo Presidente da República;
c) por mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades federativas (estados), manifestando cada uma delas pela maioria relativa de seus membros.
A proposta de emenda à Constituição, que não poderá versar sobre a abolição da forma federativa, do voto direto, secreto, universal e periódico, da separação dos poderes e dos direitos e garantias individuais, será discutida e votada em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambas, três quintos dos votos dos respectivos membros.
Leis Complementares
São leis de elaboração já previstas no próprio texto constitucional que servem para regulamentar assunto que o constituinte entendeu não devesse ser regulado pela própria Constituição. 
Por considerar que as leis complementares tratam de matérias de grande relevância, o constituinte entendeu que devem ser aprovadas por maioria absoluta, o que ficou patente no artigo 69 da Constituição Federal.
A iniciativadas leis complementares cabe a qualquer membro ou comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos tribunais superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos.
Leis Ordinárias
Leis ordinárias são leis comuns, editadas para regulamentar a vida ormal da sociedade e das instituições, podendo ser aprovadas por maioria simles. São, assim como as leis complementares, de iniciativa de qualquer membro ou comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal, dos tribunais superiores, do Procurador-Geral da República e dos cidadãos.
Leis Delegadas
São leis primárias, cuja elaboração e edição cabe ao Presidente da República, a partir de delegação (autorização) pelo Congresso Nacional, segundo o que dispõe o artigo 68 da Constituição Federal.
A elaboração das leis delegadas pressupõe as seguintes limitações:
a) o pedido de delegação deve ser encaminhado ao Congresso Nacional pelo Presidente da República com a especificação do assunto a ser tratado pela lei delegada;
b) algumas matérias não podem ser objeto de delegação ao Presidente da República: atos de competência exclusiva da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; matéria reservada à lei complementar; organização do Poder Judiciário e do Ministério Público; nacionalização, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos;
c) a delegação terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e o tempo de validade, que não poderá ser superior a uma legislatura.
São de iniciativa privativa do Presidente da República leis sobre os seguintes assuntos:
a) fixação ou modificação dos efetivos das forças armadas;
b) militares das forças armadas, seu regime jurídico, provimento de seus cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva;
c) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica, ou o aumento de sua remuneração;
d) organização administrativa e judiciária;
e) matéria tributária e orçamentária;
f) servidores públicos da União, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;
g) organização do Ministério Público e da Defensoria da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos estados e do Distrito Federal;
h) criação, estruturação e atribuições dos ministérios e órgãos da administração pública.
Medidas Provisórias
São espécies normativas de natureza infraconstitucional, dotadas com força e eficácia legais. Essa força e eficácia dotam a medida provisória de equivalência constitucional com as leis.
As medidas provisórias são expedidas pelo Presidente da República, em casos de relevância e urgência. Ou seja, sua aplicação é prevista para os casos em que a elaboração da norma deva ser feita em relação a um assunto relevante e tenha uma urgência tal que exija atuação imediata.
A definição da urgência e da relevância ficam a cargo do Chefe do Poder Executivo – Presidente da República, tendo caráter subjetivo.
As medidas provisórias têm força de lei, devendo, logo após sua expedição, ser submetidas ao Congresso Nacional, perdendo a validade se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável uma vez, pelo mesmo período. Não sendo convertidas em lei, caberá ao Congresso Nacional disciplinar as relações jurídicas delas decorrentes.
A não apreciação da medida provisória no prazo de quarenta e cinco dias acarretará o “trancamento” da pauta de cada uma das casas legislativas, até que seja apreciada. Nesse caso, os demais julgamentos ficarão suspensos.
Não podem ser expedidas medidas provisórias relativas:
a) à nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos, direito eleitoral;
b) ao direito penal, processo penal e processo civil;
c) à organização do Poder Judiciário e do Ministério Público;
d) aos planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento;
e) à detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;
f) à matéria reservada à lei complementar;
g) à matéria já disciplinada em lei aprovada pelo Congresso nacional que dependa de sanção ou veto do Presidente da República.
Decretos Legislativos
São normativos primários do Congresso Nacional, promulgados pelo Presidente da Mesa do Congresso Nacional (Presidente do Senado Federal) após discussão e votação em sistema bicameral, aprovados por maioria simples, sobre assunto de competência exclusiva do Poder Legislativo.
A diferença do decreto legislativo para as leis é que aqui não cabe a participação do Presidente da República com sanção ou veto.
Resoluções
Resoluções são atos oficiais baixados pela autoridade competente, estabelecendo normas sobre determinado assunto concernente à administração pública.
Chegamos ao final da primeira etapa, em que tivemos o primeiro contato com o Direito Empresarial e suas particularidades. Vamos em frente na busca pelo conhecimento.
Nos encontraremos na próxima unidade!
UNIDADE 2: QUESTÕES APLICADAS AO DIREITO CIVIL
Conceito
Direito civil, na acepção de Sérgio Pinto Martins (2006), é o conjunto de princípios, de regras e de instituições que regula as relações entre pessoas e entre estas e os bens de que se utilizam.
Para Cotrin (2002), direito civil é o ramo do direito privado que regula a capacidade jurídica das pessoas e suas relações jurídicas referentes à família, às coisas, às obrigações e à sucessão patrimonial.
É destinado a reger relações familiares, patrimoniais e obrigacionais que se formam entre indivíduos encarados como tais, ou seja, como membros da sociedade. É o ramo do direito privado que regula relações entre particulares, sejam pessoas físicas ou jurídicas, cuidando das ocorrências de seu dia-a-dia.
O direito civil está regulado, de forma geral, pela lei 10.406, de 10 de janeiro de 2.002, conhecida como Código Civil, além de outras leis esparsas, denominadas leis especiais.
Nesta unidade, vamos estudar questões atinentes à nossa vida pessoal e profissional, questões essas que podem interferir em nossas relações com as outras pessoas, sejam físicas ou jurídicas e com nossos bens. São questões que servirão de base para o estudo dos demais ramos do direito e para o nosso exercício profissional. 
Personalidade e Capacidade
Vimos na web que pessoa é todo ser racional ou toda instituição criada por ele, dotada de capacidade para os atos da vida civil. São os sujeitos dos direitos subjetivos, em função dos quais existe a norma jurídica.
A seguir, acompanhe alguns assuntos fundamentais para o estudo desta unidade. Em caso de dúvidas, já sabe, entre em contato com o tutor via ferramentas de interação do ambiente virtual de aprendizagem.
Que tal começarmos nosso estudo pela pessoa física?
Pessoa física é o mesmo que pessoa natural. A pessoa natural é o ser humano, juridicamente considerado como sujeito de direitos e obrigações. 
Início da personalidade civil
 A personalidade da pessoa natural tem início no nascimento com vida. A maior prova do nascimento com vida é a respiração, ou seja, a partir do momento em que a pessoa respira, passa a ter personalidade. A lei, no entanto, coloca sob proteção jurídica os direitos do nascituro, do ser já concebido, antes mesmo do nascimento. Isso porque, mesmo não tendo ainda personalidade, já possui expectativa de direitos.
Capacidade de direito e de fato
Como vimos na web, capacidade é a aptidão inerente a qualquer pessoa (oriunda da personalidade) de assumir obrigações, de adquirir e de exercer direitos. É, segundo alguns autores, a medida da personalidade ou, ainda, a aptidão que tem uma pessoa para participar diretamente na vida jurídica, isto é, para deliberar, agir e obrigar-se por si só. 
A capacidade plena é atingida, de forma geral, aos dezoito anos completos, quando a pessoa poderá praticar todosos atos da vida civil. Existem muitas indagações sobre os motivos que levaram o legislador a reduzir essa idade, de vinte e um para dezoito anos, para que a pessoa atinja a maioridade. Entretanto, não existe uma explicação lógica ou científica para tal escolha. Foi a idade que o legislador entendeu necessária para que as pessoas pudessem agir, segundo sua vontade e seu arbítrio. Com certeza, a redução da idade tem relação com a evolução do ser humano, hoje mais precocemente capacitado, instruído e informado.
A capacidade é dividida em capacidade de direito e capacidade de fato.
Primeiro, vamos tratar da capacidade de direito, também considerada capacidade natural, que é a aptidão para praticar atos da vida civil, peculiar a toda pessoa física, em razão de sua própria condição de ser humano, de sua personalidade. A capacidade de direito confunde-se com a própria personalidade.
Em segundo lugar, abordemos a capacidade de fato que é aquela que depende de certos atributos como aptidão, consciência, possibilidade de discernimento entre o que é lícito e o que é ilícito, vontade, nem sempre presentes em todos os seres humanos, seja pela idade, pelo estado de saúde, etc. Para Cézar Fiúza (2002), capacidade de fato é o poder efetivo que nos capacita para a prática plena de atos da vida civil.
Dentro dessa perspectiva, de que nem todas as pessoas possuem sempre capacidade plena para o exercício dos atos da vida civil, algumas são consideradas pela lei, de acordo com a idade, saúde e estado, como absolutamente incapazes ou relativamente incapazes. Vejamos a incapacidade à luz do Código Civil:
a) Pessoas absolutamente incapazes
A legislação brasileira considera como absolutamente incapazes: a) os menores de dezesseis anos (menores impúberes); b) os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática de atos da vida civil; c) os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
A conseqüência da incapacidade absoluta é que a pessoa não tem sua vontade levada em consideração, sendo-lhe vedada a prática dos atos da vida civil. As pessoas absolutamente incapazes devem ser representadas, em todos os atos da vida civil, por seus representantes legais, sendo que a vontade dos representantes é levada em consideração como se fosse a vontade do representado. Nos casos de prática de atos que diminuam o patrimônio dos absolutamente incapazes, os representantes só podem agir após autorização judicial.
Os absolutamente incapazes, se menores de dezesseis anos, são representados pelos pais ou pelo tutor, nos casos de impedimento ou morte dos pais. O tutor pode ser indicado pelos pais, se vivos e capazes, ou nomeado pelo juiz, devendo a tutela recair sobre avô, tio, irmão ou outra pessoa da confiança dos pais ou do juiz.
Ausente é toda pessoa que desaparece sem deixar pistas. Ninguém sabe se está viva ou morta. A ausência deve ser declarada como tal, por ato do juiz, após o devido processo judicial, que pode ser ajuizado por qualquer interessado, assim considerados os herdeiros, os credores e o Ministério Público. No caso de declaração de ausência, será nomeado um curador para administrar-lhe os bens. Um ano após a declaração da ausência e da publicação de tal ato em edital, poderão os interessados requerer a abertura da sucessão do ausente, sendo que os credores poderão receber seus créditos e os herdeiros somente poderão receber seu quinhão, provisoriamente, devendo aguardar o decurso de dez anos para tornar definitiva a situação. A sucessão poderá se tornar definitiva se o ausente for encontrado morto ou se contar oitenta anos e houver decorrido o prazo de cinco anos de suas últimas notícias.
b) Pessoas relativamente incapazes
A capacidade relativa é a possibilidade de prática de apenas alguns atos da vida civil permitidos por lei e de todos os demais, desde que assistidos por seu representante legal. Aqui a sua vontade já é levada em consideração. Diz-se que a capacidade relativa é um estágio intermediário entre a capacidade plena e a incapacidade absoluta.
São considerados relativamente incapazes: a) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos, que deverão ser assistidos por seus pais ou por curador; b) os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; c) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; e d) os pródigos (pessoas que não controlam seu patrimônio, devendo ser interditados pelo juiz, após o devido processo judicial), assistidos por um curador. Os silvícolas, a partir da edição do novo Código Civil, terão sua capacidade regulada por legislação especial.
Emancipação
Emancipação é o ato de se atingir a capacidade plena, antes de completados dezoito anos de idade, através de concessão dos pais ou do juiz. A emancipação é feita através de escritura pública, devidamente inscrita no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais. A emancipação é ato irrevogável e só pode ser concedida após o menor completar dezesseis anos.
A hipótese em que é concedida pelo juiz ocorre quando o menor é órfão. Deve ser feito um requerimento em ação judicial própria, normalmente pelo tutor ou pelo próprio menor, quando será o tutor ouvido.
Existe ainda a emancipação legal, também prevista no parágrafo único do artigo quinto do Código Civil, pela qual cessa a incapacidade dos menores pelo casamento, pelo exercício de emprego público efetivo, pela colação de grau em nível superior e pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Nesses casos, não é necessário nenhum ato complementar, bastando que ocorra uma das hipóteses para se configurar a cessação da menoridade. A emancipação legal também é considerada emancipação tácita.
Uma dúvida surge da emancipação legal: segundo a lei, o menor se torna capaz ao se casar. Porém, o casamento pode ser anulado. Nesse caso, como ficaria aquele que se tornou capaz pelo casamento? A lei não nos apresenta uma solução, sendo que os autores estão divididos a respeito. Nossa posição é ao lado de César Fiúza (11), no sentido de que, uma vez anulado o casamento, voltaria o menor a ser incapaz. Já nos casos de divórcio e viuvez, a pessoa não perde a capacidade adquirida pelo casamento.
Interdição
Interdição é o processo inverso da emancipação, ou seja, é a forma pela qual uma pessoa capaz se torna incapaz. A interdição ocorre através de processo judicial próprio, a requerimento do cônjuge, dos pais, de qualquer parente próximo, do tutor ou do Ministério Público, sendo a sentença judicial declaratória do fato, o documento hábil para demonstrar a interdição.
Pode ser requerida nos casos de a pessoa perder a capacidade de gerir sua vida e os atos civis (perda das faculdades mentais), tornar-se pródiga, se vier a sofrer dependência grave de drogas ou bebidas.
Fim da personalidade civil
O fim da personalidade civil ocorre junto com a morte. Assim como no caso do início da personalidade, o marco para o fim da personalidade é a respiração. Quer dizer, quando a pessoa pára de respirar, ela morre e, com ela, morre a personalidade. Todo ser humano é pessoa do momento em que nasce até o momento em que morre.
Atos do Registro Civil
Com relação às pessoas naturais, são registrados no Cartório de Registro das Pessoas Naturais os nascimentos, os casamentos, os óbitos, as emancipações, as interdições, as sentenças declaratórias de ausência, as opções de nacionalidade e as sentenças que deferirem a legitimação adotiva. Como se pode verificar, todos os atos que alterem o estado das pessoas devem ser levados a registro, no cartório competente.
Pessoa Jurídica
 Pessoas jurídicas são organizações criadas pelo homem para a realização de determinado objetivo, dotadas de personalidade jurídica pela ordem jurídica. As pessoas jurídicas são sujeitos de direitos e obrigações. Em outras palavras, é um agrupamento humano personalizado para atuaçãoindividual e independente, com nome próprio, dotado de capacidade jurídica, criado para um fim determinado. São conhecidas, popularmente, por empresas.
Como vimos na web, a pessoa jurídica é criada por um ato do homem através de um documento escrito. Documento este que é chamado ato constitutivo. O início da personalidade jurídica se dá com o registro do ato constitutivo no órgão próprio. As sociedades civis são constituídas pelo contrato social, registrado no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Já as sociedades comerciais terão seu contrato social registrado na Junta Comercial. As associações e as fundações são criadas através de um estatuto, que é registrado no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
As pessoas jurídicas de direito público (empresas criadas pelo governo) são criadas por lei e sua personalidade jurídica começa com a publicação da lei.
O término da pessoa jurídica se dá, normalmente, da mesma forma que sua criação: através de um documento a este fim destinado: um destrato social ou uma deliberação estatutária. Quanto às pessoas de direito público, criadas por lei, seu término também ocorre em virtude de lei. A pessoa jurídica poderá ter seu término determinado pelo Poder Judiciário, em função de atividades nocivas, ilícitas ou imorais, mediante denúncia popular ou do Ministério Público.
Generalidades
Pessoa jurídica é o que normalmente chamamos de empresa, a qual, apesar de confundida com a pessoa jurídica, tem em seu conceito algumas diferenças: enquanto a pessoa jurídica é representada pela coletividade de pessoas buscando um objetivo, a empresa é o mesmo agrupamento humano que, colocando em atividade o capital, o trabalho e várias outras forças produtivas, desenvolve uma atividade produtiva com o objetivo de lucro.
A pessoa jurídica apresenta três requisitos para sua caracterização: a organização de pessoas ou bens; objetivos lícitos; e capacidade jurídica reconhecida pela lei.
A pessoa jurídica possui personalidade jurídica própria, que não se confunde com a de seus criadores. O patrimônio e a vida da pessoa jurídica também são próprios, separados do patrimônio e da vida de seus criadores.
A pessoa jurídica pode praticar todos os atos civis que não sejam exclusivos das pessoas naturais. Pode, ainda, ser sujeito ativo ou passivo de delitos.
Natureza Jurídica
A caracterização da natureza jurídica da pessoa jurídica é muito difícil, tendo em vista a quantidade de teorias a explicá-la. Porém, podemos apresentar quatro teorias, as mais aceitas: teoria da ficção legal e da doutrina; teoria da equiparação; teoria orgânica; e teoria da realidade das instituições jurídicas.
a) Teoria da Ficção Legal e da Doutrina
Segundo esta teoria, somente o homem é capaz de direitos e obrigações. Assim, a pessoa jurídica é uma ficção legal, uma criação artificial da lei para facilitar a função de certas entidades que passam a poder contrair obrigações e assumir direitos.
Essa teoria não é aceita modernamente, porque se o Estado, que também é uma pessoa jurídica, for uma ficção legal ou doutrinária, o direito dele emanado também o será.
b) Teoria da Equiparação
Esta teoria informa que a pessoa jurídica é um patrimônio equiparado, no seu tratamento jurídico, às pessoas naturais.
Também essa teoria não pode ser aceita, já que eleva os bens à categoria de sujeitos de direitos e obrigações, confundindo pessoas com coisas.
C) Teoria da Realidade Objetiva ou Orgânica
Há, junto às pessoas naturais, que são organismos físicos, organismos sociais constituídos pelas pessoas jurídicas, que têm existência e vontade próprias, distintas de seus membros, tendo por finalidade realizar um objetivo social.
Entretanto, essa teoria cai por terra ao afirmar que a pessoa jurídica tem vontade própria. Esse atributo é próprio do ser humano.
D) Teoria da Realidade das Instituições Jurídicas
Esta teoria é a mais aceita por conter um pouco de cada uma das anteriores. Segundo ela, o homem pode conceder a personalidade humana, que lhe é conferida pela lei, a grupos de pessoas ou de bens que tenham por objetivo a realização de interesses humanos. 
Classificação
As pessoas jurídicas podem ser classificadas:
a) Quanto à nacionalidade
Quanto à nacionalidade, podem ser nacionais ou estrangeiras, tendo em vista a ordem jurídica que lhes concedeu personalidade, à qual é subordinada, sem levar em consideração a nacionalidade de seus membros e a origem do controle financeiro.
b) Quanto à estrutura interna
Quanto à estrutura interna, podem ser: a) uma universalidade de pessoas (corporação), como as sociedades e associações, que gozam de alguns direitos e os exercem com uma finalidade interna e comum, de acordo com uma vontade única; e b) uma universalidade de bens (fundação), constituída por um patrimônio personalizado destinado a um fim que lhe dá unidade, fim este determinado por seu fundador.
c) Quanto às funções e capacidade
Podem as pessoas jurídicas ser de direito público (externo ou interno) ou de direito privado.
De direito público externo, reguladas pelo direito internacional, são as nações estrangeiras, a Santa Sé e os demais organismos internacionais (OU, OEA, UNESCO, FAO, etc.). De direito público interno são os órgãos da administração pública direta, como a União, os estados membros, o Distrito Federal e os municípios, e os da administração indireta, órgãos descentralizados, criados por lei com personalidade jurídica própria para o exercício de alguma atividade específica de interesse público (autarquias, INSS, OAB, EMBRATUR, CADE, etc.).
São de direito privado as pessoas jurídicas criadas pela vontade e ação de particulares. Podem ser, de acordo com o Código Civil, fundações particulares, associações, sociedades civis e mercantis e partidos políticos.
Domicílio Civil
Recordando o que vimos na web, domicílio é o lugar onde a pessoa exerce ou pratica habitualmente seus atos e negócios jurídicos. É a sede jurídica da pessoa, onde se presume presente para os efeitos de direito, que se difere de residência, que é o lugar onde a pessoa se fixa, mesmo que temporariamente, com intenção de ali permanecer, ainda que dele se ausente temporariamente.
Vamos agora compreender melhor o assunto, diferenciando o domicílio da pessoa natural e o da pessoa jurídica.
Domicílio da pessoa natural
A pessoa natural tem seu domicílio dividido em domicílio legal e domicílio voluntário.
O domicílio legal é aquele determinado pela lei, de acordo com certas situações ou circunstâncias: a) o incapaz adquire o domicílio de seu representante legal; b) o domicílio daquele que não tem residência fixa é onde for encontrado; c) o funcionário público tem seu domicílio onde exerce permanentemente suas funções; d) o domicílio do militar da ativa é onde estiver servindo e o das pessoas com praça na armada é a respectiva estação naval ou a sede do emprego em terra; e) os oficiais e tripulantes da marinha mercante têm domicílio no lugar onde estiver registrado o navio; f) o domicílio do preso é o lugar onde cumpre a sentença.
O domicílio é voluntário ou de eleição, quando escolhido pelas pessoas para ser a sede jurídica de alguma transação, ou seja, o local escolhido para a solução dos problemas oriundos de um contrato.
Domicílio da pessoa jurídica
O domicílio da pessoa jurídica é o local de sua sede jurídica, onde exerce suas atividades, onde fica sua administração ou o local indicado no ato constitutivo.
O domicílio das pessoas jurídicas de direito público interno é a sede de seu governo. Nas ações em que for parte a União, o Foro competente será o Distrito Federal. O domicílio dos estados é a sede jurídica de suas capitais. O domicílio do município é o local onde se localiza sua administração.
Já as pessoas jurídicas de direito privado têm domicílio no local onde funcione sua diretoria e administração ou no local determinado em seu ato constitutivo. É permitido, no entanto, no caso de a pessoa jurídica ter domicílio em um local e exercer atividade em outro, que seja demandada no local onde exerceua atividade objeto do futuro processo.
Vimos na web que pode haver pluralidade e mudança de domicílios, mas quando isso acontece?
Quando a pessoa tem mais de uma residência e fica determinado tempo em uma e determinado tempo em outra, tem-se pluralidade de domicílios. E também, quando se trabalha em mais de um local. Nesses casos, onde for encontrada será seu domicílio naquela hora.
Também as pessoas jurídicas podem ter mais de um domicílio, nos casos de haver mais de uma sede ou de execução de suas tarefas em mais de um local. Assim, a pessoa jurídica poderá ser demandada judicialmente no local onde foi prestado o serviço ou naquele em que foi efetivado o contrato, o que beneficia as pessoas que com ela contrataram.
Fatos e Atos Jurídicos
Fato Jurídico
Fato jurídico é todo acontecimento, natural ou não, capaz de determinar a criação, a modificação, a manutenção ou a extinção de direitos ou de relações jurídicas. Considerando que somente a existência do direito objetivo não é capaz de determinar alguma conseqüência jurídica ou direito subjetivo, o fato jurídico é o que dá origem a esses direitos (subjetivos), motivando a criação da relação jurídica.
Orlando Gomes (1986) define o fato jurídico em sentido amplo e em sentido restrito: Em sentido amplo, é todo acontecimento dependente ou não da vontade humana a que o direito atribui eficácia. Em sentido estrito, é a manifestação de vontade que provoca efeitos jurídicos, denominando-se, então, ato jurídico.
Ampliando o conceito, considerando, como acima explicado, que o fato jurídico não apenas faz nascer e se extinguir o direito, podendo agir sobre a relação jurídica já existente, para modificá-la ou protegê-la, podemos afirmar que fatos jurídicos seriam os acontecimentos, previstos em norma de direito, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas.
Ato Jurídico
Ato jurídico é todo fato jurídico praticado pelo homem, representado por qualquer ação ou omissão voluntária, que cria, modifica ou extingue relações jurídicas. O ato jurídico não acarreta as conseqüências desejadas pelas partes interessadas, mas as previstas pelo ordenamento jurídico. Constitui a principal categoria dos fatos jurídicos.
Elementos constitutivos do ato jurídico
Os elementos dos atos jurídicos são classificados em essenciais, naturais e acidentais.
a) Elementos Essenciais
São essenciais os elementos sem os quais o ato não existiria, pois fazem parte de sua substância. Eles podem ser gerais (capacidade do agente, licitude e possibilidade do objeto e declaração de vontade) ou especiais (peculiares a determinadas espécies, relativos à sua forma).
b) Elementos Naturais
Elementos naturais são os efeitos normais e naturais dos atos jurídicos, que não dependem de estipulação. A própria norma jurídica já determina as conseqüências dos atos jurídicos.
c) Elementos Acidentais
Acidentais são os elementos caracterizados por cláusulas acessórias ao negócio, que visam modificar suas conseqüências naturais. São elementos acidentais: a) condição, que constitui uma disposição acessória que condiciona o efeito da vontade declarada no negócio, a um evento futuro e incerto. A eficácia do ato jurídico depende do acontecimento, da condição; b) termo, representado pela determinação do dia em que começa ou em que termina a eficácia do ato jurídico; e c) modo ou encargo, que impõe encargos ou obrigações ao favorecido pelo ato jurídico.
Classificação do Ato Jurídico
a) Unilaterais e Bilaterais
O ato é unilateral quando contém apenas uma declaração de vontade, como no testamento, na promessa de recompensa e na renúncia. Ocorrendo mais de uma declaração de vontade, porém, no mesmo sentido, o ato é unilateral. Um exemplo é uma doação feita por duas pessoas.
É bilateral o ato constituído por mais de uma declaração de vontade, desde que conflitantes ou opostas, como na compra e venda, na permuta, etc.
b) Inter Vivos e Causa Mortis
O ato jurídico é inter vivos quando se destina a produzir efeitos durante a vida das partes, como nos contratos normais de nosso dia-a-dia (locação, compra e venda, casamento).
Chama-se causa mortis o ato celebrado para produzir efeitos após a morte de uma das partes. Assim, temos o testamento, o legado, o seguro de vida, etc.
c) Principais e Acessórios
Ato jurídico principal é o que existe em si mesmo, sem a necessidade de outro, como a locação. O acessório é, por outro lado, o que requer a existência de outro (principal), como a fiança, que só existe em função da locação.
d) Formais e Informais
O ato jurídico é formal ou solene quando requer forma especial determinada por lei, como na escritura pública ou no testamento. É informal quando, para sua realização, basta a manifestação da vontade das partes, como na locação.
e) Impessoais e Intuitu Personae
O ato jurídico é intuitu personae quando é necessária a participação do agente, pessoalmente. É o que ocorre no mandato. Impessoal é o ato em que a pessoa do agente não é imprescindível, como no contrato de transporte (é irrelevante para o usuário saber quem é o motorista).
f) Gratuitos e Onerosos
São gratuitos quando apenas uma das partes tiver vantagem econômica, como na doação e, onerosos quando ambas as partes tiverem vantagens, sendo suas prestações equivalentes, como na compra e venda. Esses atos também são chamados comutativos.
g) Constitutivos e Declaratórios
Os atos constitutivos são os destinados a operar efeito a partir de sua efetivação, como a compra e venda e a adoção. São declaratórios os que têm efeitos retroativos, como no reconhecimento de filho (o reconhecido é filho desde o nascimento e não a partir do reconhecimento) e na confissão de dívida (a obrigação de pagar é desde a constituição da dívida e não a partir da confissão).
h) De Disposição e de Administração
Atos de disposição são os que implicam exercícios de amplo direito sobre o objeto, como a doação ou venda. Atos de administração visam à mera administração de seus bens, como venda de produtos pelo comerciante, locação de um imóvel pelo proprietário.
Interpretação do Ato Jurídico
A interpretação do ato jurídico se dá de três formas: a) interpretação declaratória, se o objetivo for demonstrar a vontade dos interessados; b) interpretação integrativa se objetivar preencher lacunas contidas no negócio, por meio de normas supletivas; e c) interpretação construtiva, se pretender reconstituir o ato, com o intuito de salvá-lo.
A interpretação é baseada mais em normas empíricas, pois do Código Civil emanam apenas cinco normas interpretativas: a) nas declarações de vontade atender-se-á mais a sua intenção do que ao sentido literal da linguagem; b) a transação interpreta-se restritivamente; c) a fiança dar-se-á por escrito e não admite interpretação extensiva; d) os contratos benéficos interpretar-se-ão restritivamente; e) quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador.
A doutrina e a jurisprudência criaram vários princípios interpretativos, abaixo transcritos.
Em relação aos contratos, deve-se ater à boa fé, às necessidades de crédito e à eqüidade.
Aos negócios causa mortis não se aplicam princípios pertinentes aos negócios inter vivos, como os de boa fé, nem mesmo se permite sua interpretação com dados alheios ao seu texto.
Nos contratos que contiverem palavras que admitam dois sentidos, deve-se preferir o que mais convier à sua natureza.
Nos contratos de compra e venda, no que concerne à extensão do bem alienado, deve-se interpretar em favor do comprador.
Na compra e venda, todas as dúvidas devem ser interpretadas contra o vendedor.
No caso de ambigüidade, interpreta-se em conformidade com o costume do país.
No que concerne ao vocábulo contido no final de uma frase, dever-se-á interpretá-lo como parte da frase toda e não somente da que a precede imediatamente, desde que compatível, em gênero e número com a frase.
Na interpretação contratual, considerar-se-ão as normasjurídicas correspondentes.
Nas estipulações obrigacionais, dever-se-á interpretar do modo menos oneroso para o devedor.
Em relação aos termos de um contrato considerar-se-á que, por mais genéricos que sejam, só abrangem os bens sobre os quais os interessados contrataram e não os de que não cogitaram.
No conflito entre duas cláusulas, a antinomia prejudicará o outorgante e não o outorgado.
Na cláusula suscetível de dois significados, interpretar-se-á em atenção ao que pode ser exeqüível.
Nas cláusulas duvidosas, prevalecerá o entendimento de que se deve favorecer quem se obriga.
Nas cláusulas contratuais que apresentarem modalidades impostas pelos usos locais ou usos do respectivo negócio, examinar-se-á se a cláusula duvidosa que tem o sentido de qualquer desses usos.
No que concerne às cláusulas contratuais, estas deverão ser interpretadas umas pelas outras.
Na interpretação de cláusula testamentária que tem várias acepções, prevalecerá a que assegurar a vontade do testador; o mesmo em relação às doações.
Negócio Jurídico
Negócio jurídico, na definição de Cézar Fiúza (2002), é todo ato de emissão de vontade combinado com o ordenamento jurídico, voltado a criar, modificar ou extinguir relações ou situações jurídicas, cujos efeitos vêm mais da vontade do que da lei. Continua o autor: “Trocando em palavras mais claras, negócios jurídicos são declarações de vontade destinadas à produção de efeitos jurídicos, desejados pelo agente e tutelados pela lei”.
A diferença básica entre ato jurídico e negócio jurídico é que, no primeiro, importa a conseqüência prevista pela lei, enquanto, no segundo, interessa o resultado previsto e desejado pelo agente.
Nosso Código Civil não utiliza o termo negócio jurídico. Por necessidade de simplificação do entendimento, utiliza apenas fato jurídico e ato jurídico. Assim, não fugiremos dessa linha de raciocínio, empregando o termo ato jurídico também para designar negócio jurídico.
Ato Ilícito
Ato ilícito é o ato contrário ao direito, ao ordenamento jurídico, que lese interesse legítimo de outrem. É o ato que viola direito de outra pessoa ou lhe causa prejuízo, voluntária ou involuntariamente (por imprudência, negligência ou imperícia), gerando ao seu agente a obrigação de reparar os prejuízos e os danos. Os atos ilícitos podem ser dolosos, quando o agente desejou o dano, ou culposos, quando não o desejou.
Aquisição de Direitos
Aquisição de direitos é o ato pelo qual alguém é investido na posse de um direito ou de um bem, passando à condição de seu titular, em virtude de disposição de lei ou ato voluntário do antigo proprietário. Pode ser considerada, também, a incorporação de certas vantagens ao patrimônio de alguém, por ato próprio ou de outrem.
Vamos conhecer agora os modos de aquisição:
a) Originária ou Derivada
É originária quando o direito nasce no ato de sua apropriação, de maneira direta, sem participação de outra pessoa como, por exemplo, a ocupação de uma coisa abandonada.
É derivada quando feita através da participação de outra pessoa que transmite a propriedade. Há uma relação jurídica entre o antigo e o atual proprietário. Como exemplo, citamos a aquisição de um imóvel através da escritura pública.
b) Gratuita ou Onerosa
Aquisição a título gratuito é aquela em que não há uma contraprestação por parte do adquirente, como a doação e a sucessão hereditária.
É onerosa quando há contraprestação, ou seja, quando o adquirente assume encargos ou ônus em função da aquisição. Ocorre, por exemplo, na compra e venda, em que o adquirente tem a obrigação de efetuar o pagamento do preço.
 c) A Título Singular ou Universal
Ocorre aquisição a título singular quando o adquirente adquire um bem ou conjunto de bens, desde que individualizados. Exemplo: uma casa, um estabelecimento comercial.
A título universal, ocorre quando há aquisição da totalidade de direitos de determinada pessoa, como na sucessão hereditária, em que há a transmissão de todo o patrimônio de uma pessoa.
d) Aquisição Simples ou Complexa
A aquisição é simples quando seu fato gerador for constituído por apenas um ato, como a assinatura de um título de crédito.
É complexa quando exige a ocorrência de vários atos, como no “usucapião”, que requer posse, transcurso do tempo e inércia do titular, dentre outros.
e) Aquisição Inter Vivos ou Causa Mortis
Aquisição inter vivos é aquela feita pelo alienante quando ainda em vida. É o ato entre pessoas vivas. Dá-se aquisição causa mortis quando ocorre a transmissão por pessoa falecida, normalmente na herança e no legado.
Defesa dos Direitos em Juízo
Defesa do direito é o meio pelo qual seu detentor age em função de assegurar a manutenção do direito ameaçado, ou a recuperação do direito perdido. A defesa do direito pode se dar através de atitude compensatória, quando se busca compensação para o caso de se ter perdido algum direito ou preventiva, para se resguardar de ameaça.
A defesa pode manifestar-se de duas formas: autodefesa (feita pelo próprio ofendido) ou proteção estatal (através de ação judicial).
A autodefesa é uma atitude condenada em nosso meio, tendo em vista o nível de evolução de nossa civilização. Porém, em alguns casos, é excepcionalmente admitida, de acordo com a permissão contida no artigo 502 do Código Civil:
O possuidor turbado ou esbulhado poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo.
Prescreve, ainda, no parágrafo único:
Os atos de defesa ou de desforço não podem ir além do indispensável à manutenção ou à restituição da posse.
Fora da autodefesa permitida e acima referida, os direitos serão defendidos através de ação própria, de acordo com o que dispõe o Código Civil em seu artigo 75:
A todo direito corresponde uma ação, que o assegura.
Daí se infere que, em qualquer situação, o cidadão desrespeitado em algum de seus direitos, seja patrimonial, seja moral, seja de outra natureza, poderá ajuizar a competente ação para defender esse direito. Para que isso aconteça, deverá ele ter interesse jurídico no direito.
A Constituição Federal (artigo 5o., LXXIII) assegura aos cidadãos possibilidade de defesa dos direitos que envolvam interesse público:
Qualquer cidadão será parte legítima para propor ação popular que vise anular atos lesivos ao patrimônio de entidades públicas.
Perecimento dos Direitos
O direito se extingue quando ocorrer uma das seguintes hipóteses, de acordo com Maria Helena Diniz (2002):
PERECIMENTO DO OBJETO
Perece o direito se perecer o objeto sobre o qual recai o direito (um campo é invadido pelo mar); se o objeto perder seu valor econômico (cédulas recolhidas); confundir-se com outro objeto de modo que não se possa mais distingui-lo (mistura de líquidos); se cair em local de onde não possa ser retirado (anel cai no mar).
ALIENAÇÃO
Extingue-se o direito pela alienação: com a transferência da propriedade de determinado bem para outra pessoa, o antigo proprietário perde seu direito.
RENÚNCIA
Ocorre quando o titular do direito deixa de exercê-lo, porém, sem transferi-lo para outrem. São renunciáveis os direitos relativos aos interesses privados de seu titular.
ABANDONO
Abandono é o ato de o titular se desfazer da coisa, intencionalmente, porque não mais deseja ser seu proprietário.
FALECIMENTO DO TITULAR
Quando o direito é personalíssimo, ou seja, quando só pode ser exercido por seu titular, pessoalmente, com sua morte extingue-se o direito. Exemplo dessa situação é o caso de morte de filho extramatrimonial, antes de iniciada a ação de investigação de paternidade. Esse direito (à propositura da ação) não pode ser exercido pela mãe, sendo, então, extinto.
PRESCRIÇÃO
A prescrição é o transcurso de prazo fixado, sem que o titular do direito exerça seu direito de ação a respeito desse direito. A prescrição atinge a ação e, indiretamente, o direito que através dela se poderia obter ou conservar.
DECADÊNCIA
Decadência é o decurso de determinado prazo, sem que o titular exerça o direito. A decadência não atinge o direito de ação, mas o próprio direito, que

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