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SISTEMA NOTARIAL E REGISTRAL

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Disciplina: Sistema Notarial e Registral
Autora: Flávia Sidney de Sousa
Unidade de Educação a Distância
SISTEMA NOTARIAL E REGISTRAL 
Autora: Flávia Sidney de Sousa
Belo Horizonte / 2012
 ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA
REITOR
LUÍS CARLOS DE SOUZA VIEIRA
PRÓ-REITOR ACADÊMICO
SUDÁRIO PAPA FILHO
COORDENAÇÃO GERAL
AÉCIO ANTÔNIO DE OLIVEIRA
COORDENAÇÃO TECNOLÓGICA
EDUARDO JOSÉ ALVES DIAS
COORDENAÇÃO DE CURSOS GERENCIAIS E ADMINISTRAÇÃO 
HELBERT JOSÉ DE GOES
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/ LETRAS 
LAILA MARIA HAMDAN ALVIM
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/PEDAGOGIA 
LENISE MARIA RIBEIRO ORTEGA
INSTRUCIONAL DESIGNER
DÉBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL
KELLY DE SOUZA RESENDE
PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA
EQUIPE DE WEB DESIGNER
CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR
GABRIELA SANTOS DA PENHA
LUCIANA REGINA VIEIRA
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO
RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO
AUXILIAR PEDAGÓGICO
ARETHA MARÇAL DE MACÊDO SILVA
MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA
REVISORA DE TEXTO
MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO
SECRETARIA
LUANA DOS SANTOS ROSSI 
MARIA LUIZA AYRES
MONITORIA
ELZA MARIA GOMES
AUXILIAR ADMINISTRATIVO
THAYMON VASCONCELOS SOARES
MARIANA TAVARES DIAS RIOGA
AUXILIAR DE TUTORIA
FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS
MIRIA NERES PEREIRA
RENATA DA COSTA CARDOSO
Sumário
5Unidade 1: Os Serviços Notariais e Registrais
24Unidade 2: Tabelionato de Notas
43Unidade 3: Tabelionato de Protesto de Títulos
63Unidade 4: O Ofício de Registro de Imóveis
86Unidade 5: Registro de Títulos e Documentos e de Registro Civil das PJ
106Unidade 6: Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais
125Unidade 7: A documentação no negócio imobiliário
Ícones
	Comentários
	
	Reflexão
	
	Dica
	
	Lembrete
	
Unidade 1: Os Serviços Notariais e Registrais
1. Nosso Tema
Caro aluno, depois de estudar o direito imobiliário no Módulo III, passemos agora ao estudo dos serviços notariais e registrais, que garantirá os efeitos do negócio jurídico realizado entre as partes e terceiros.
O estudo dos serviços notariais e registrais é de suma importância para a atuação do profissional em gestão em negócios imobiliários, pois é através dos cartórios que se extraem os dados de um imóvel a ser negociado, bem como se ele possui ônus e se poderá ou não ser negociado.
Nesta unidade, vamos conhecer o que é um cartório, quais as suas espécies, a sua origem e quem são seus titulares.
2. Para Refletir
O gestor imobiliário, bem como as demais pessoas envolvidas na negociação de um imóvel, precisa saber verificar a possibilidade de sua negociação.
Para isso, é fundamental saber interpretar os dados colhidos no respectivo serviço notarial e registral, mais ainda, saber onde buscar as informações necessárias.
Para isso, vejamos algumas questões:
· Qual a diferença entre uma serventia judicial e uma extrajudicial?
· O cartório é hereditário?
· Como proceder em casos de contrato preliminar?
· Qual a importância da escritura pública e de seu registro?
3. Conteúdo Didático 
3.1. O que é um Cartório?
A denominação cartório não é técnica, visto que o termo correto é “Serventias” ou serviço notarial ou registral, ou ainda Tabelionato ou Registro.
Ceneviva (2002) afirma que: “as sedes de trabalho desses profissionais passaram a ser denominados serviços, para fugir do termo cartório, que tradicionalmente os caracterizou, e para escapar do significado pejorativo assumido no linguajar comum. Todavia, não há como fugir do uso clássico, considerando que o termo continua referido em outras leis vigentes e na fala do povo”. (CENEVIVA e WALTER, 1994, p. 21)
Serventia notarial e registral ou registro público segundo o doutrinador português Almeida (1966):
É o assento efetuado por um oficial público e constante de livros públicos, de livre conhecimento, direto ou indireto, por todos os interessados, no qual se atestam fatos jurídicos conformes com a lei e referentes a uma pessoa ou uma coisa, fatos entre si conectados pela referência a um assento considerado principal, de modo a assegurar o conhecimento por terceiros da respectiva situação jurídica, e do qual a lei faz derivar, como efeitos mínimos, a presunção do seu conhecimento e a capacidade probatória. (COIMBRA, 1966, p.97)
Para Ceneviva (2002), serviços notariais são prestados pessoalmente por notários ou tabeliães, ou por seus prepostos, sob a responsabilidade daqueles, em serventias voltadas para o atendimento do povo em geral (Lei 8.935/94, p.22).
Os investimentos, a forma de administrar quem contratar e os salários a serem pagos são de livre escolha do notário ou registrador. Seus funcionários ou prepostos, atualmente, só podem ser contratados pelo regime celetista. 
Dessa forma, Serventias são serviços exercidos em caráter privado por meio de delegação do Estado a um particular, aprovado em concurso público, conforme determina a Constituição Federal em seu art. 236, para garantir a publicidade, a autenticidade e a eficácia dos atos jurídicos. 
3.1.1. As Serventias Judiciais e Extrajudiciais
Você sabe o que são Serventias judiciais ou escrivania ou secretarias judiciais? 
São órgãos do Poder Judiciário que atuam auxiliando os juízes e Desembargadores em seu ofício. Têm como titular o escrivão judicial subordinado ao Juiz de Direito e que administra a secretaria dividindo as funções entre os demais funcionários públicos estatutários que compõem a secretaria e ainda possuem competências determinadas por lei para a prática de atos processuais, bem como a guarda dos processos e a expedição de documentos. 
As serventias extrajudiciais são os Serviços Notariais e Registrais, ou seja, os cartórios. São chamados extrajudiciais, pois, apesar de serem fiscalizados pelo Poder Judiciário, a ele não se subordina. Possuem regras próprias uma vez que o Notário e o Registrador são delegados do poder público, exercendo suas funções de acordo com a lei, mas por sua conta e risco. 
3.1.2. Formas de Provimento dos Serviços Extrajudiciais
Como vamos estudar os serviços extrajudiciais, veremos como se dá o ingresso na atividade. As serventias notariais e registrais, de acordo com a Constituição Federal em seu art. 236, são exercidas em caráter privado, por delegação do Poder Público.
A delegação ocorre depois da realização de concurso público organizado pelo poder judiciário do qual pode participar bacharéis em direito e aquele que exerceu a atividade notarial ou registral por mais de dez anos, mesmo não sendo bacharel em direito.
A Constituição Federal prevê que, vagando uma serventia, deverá ser aberto concurso público, pois não é permitido que qualquer serventia fique vaga por mais de seis meses. Porém, não é o que vem ocorrendo, pois só depois de quase vinte anos da promulgação de nossa Constituição Federal é que começa haver a realização de concursos públicos com certa regularidade, ainda que não obedecendo à previsão de seis meses de vacância da serventia.
A remuneração dos serviços notariais e registrais é feita diretamente pelos particulares que utilizam o serviço, sendo seus valores fixados pelo Estado, em obediência às normas gerais para fixação de emolumentos previstos em lei federal.
Os valores cobrados pelo serviço dentro do Estado terão que ser os mesmos, pois a Lei nº. 8.935/94 veda a concessão de descontos.
O concurso público é realizado pelo poder judiciário, que também tem função fiscalizadora, mas a outorga da delegação é feita pelo Poder Executivo.
3.2. Breve Histórico da Atividade Notorial e Registral
Nas palavras de Brandelli (1998), “a história do notariado confunde-se com a história do direito e com a da própria sociedade, residindo aí, a sua beleza e importância”. 
A atividade notarial existe em todo o mundo por ser essencial à cidadania, pois são os notários que vão formalizar a vontade das partes ao redigir instrumentos que garantam a validade dos negócios jurídicos.
Pellegrini (2003) afirma que: “Roma, onde se situa a origem mais aceitável do notariado como ofício de fé púbica erga omnes,abrigou escribas e oficiais dos mais variados matizes, entre eles os notarii, tabularii e os tabelliones. Os notarii eram peritos na arte da escrita, sem ser funcionários estatais, cuja atribuição era a de redigir atos particulares escritos por meio de notas ou signos. Os tabulari com funções estatais, administrativas, tinha a seu cargo fazer a escrita fiscal, o censo das pessoas, o recolhimento dos impostos, sendo-lhe facultado redigir convenções particulares. Os tabelilliones eram oficiais públicos desvinculados do Estado e versado em direito. Atuavam na área privada negocial, assessorando as partes e reduzindo-lhes a vontade livremente manifestada a escritos e documentos, inclusivamente contratos e disposições testamentárias. Embora não possuísse, ainda, o poder de autenticar com base em fé pública pessoal, imposta pela lei, remontam o provável precursor do notário moderno. 
(PELLEGRINI, 2003, p.159:160).
No Brasil, o primeiro notário foi Pero Vaz de Caminha, que documentou oficialmente a descoberta do Brasil. O notariado brasileiro sofreu grande influência portuguesa e só veio a ter o devido reconhecimento com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que passou a exigir o concurso público para o exercício da atividade, bem como a exigência de profissionais do direito para atuarem com imparcialidade, podendo prevenir litígios e garantir a confecção de atos jurídicos perfeitos, livres de vícios.
A preocupação em resguardar o direito de propriedade começa com a descoberta do Brasil. No início, Portugal adquiriu o título originário da posse de todo o território brasileiro, dividindo-o em capitanias hereditárias, que por sua vez eram divididas em sesmarias. Esse regime vigorou até a independência do Brasil em 1822. A Constituição de 1824 foi o primeiro documento que reconheceu o direito de propriedade, com a separação entre o domínio público e o domínio particular, proibindo ainda o confisco de terras e permitindo a desapropriação por necessidade ou utilidade pública. 
Em 1850, a Lei 601 regularizou o direito de propriedade no âmbito privado e reconheceu o domínio por sesmarias. Todas as posses deveriam ser levadas a registro no livro de Registro do Vigário na Igreja Católica, para serem separadas das terras de domínio público. Na época, a propriedade era transmitida pela tradição que representava de forma simbólica a entrega do bem.
O registro de hipotecas surgiu em 1843 com a Lei Orçamentária nº. 317, que tinha por objetivo tornar a terra a base para o crédito e prévia a criação de um órgão central para controle geral dos registros de hipoteca.
Nas palavras Melo “em 1864 surgiu a Lei nº. 1.237 que criou o Registro Geral, denominada por muitos juristas como embrião do Registro de Imóveis. A Lei substitui a tradição pela transcrição como modo de transferência, continuando o contrato a gerar efeitos obrigacionais. Ressalta-se, porém, que esse registro não era prova de propriedade, nem mesmo como presunção relativa, sendo que o autor precisava prová-la por outras vias como a reivindicatória”. (SANTANA. 2008, p.229).
O Código Civil de 1916 substituiu o Registro Geral pelo Registro de Imóveis, mantendo o sistema de transcrição, mas dando ao registro o efeito da presunção relativa da propriedade. 
Em 1924, o sistema registral tornou-se autônomo, ganhando eficácia somente em 1939 pelo Decreto nº. 4857, que instituiu o sistema registral que vigorava sobre móveis e imóveis e, tendo a transcrição e inscrição como dados imobiliários. Esse sistema vigorou até a promulgação da Lei nº 6.015 de 1973 que individualiza o imóvel através da matrícula e especifica quais os atos de registro e averbação.
O Código Civil de 2002 atribuiu maior importância ao Sistema Registral, afirmando em seu art. 1245 que: “transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis”.
Outras leis especiais também valorizaram os Registros Públicos, tais como a Lei 10.931/04 (retificação de área administrativa), e a Lei nº 11.441/2007 (Inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual por via administrativa), entre outras, que foram editadas visando desafogar o judiciário, permitindo que funções exclusivamente judiciais pudessem ser feitas através dos notários e registradores.
3.3. A Transmissão da Propriedade Imobiliária no Brasil 
Ao estudarmos os cartórios, precisamos saber como se transfere a propriedade imobiliária no Brasil.
Em regra, o Código Civil afirma que a transmissão entre vivos da propriedade se dá com o registro do título translativo no Registro de Imóveis (art. 1245 CC). 
Para haver circulação de bens imóveis, é necessário segurança jurídica para aquele que adquire a propriedade e para terceiros. A primeira forma de segurança jurídica é o contrato que apenas produzirá efeitos obrigacionais perante os envolvidos, sem alcançar terceiros.
Landim (2001) enfatiza que “o deslocamento patrimonial entre as pessoas é fundado nos princípios da liberdade negocial, aparência e segurança na circulação de bens. Respeitados os referidos princípios, o contrato realiza sua função econômica de promover a circulação de riquezas por ato do próprio dono da coisa (liberdade), com a devida visibilidade para terceiros (aparência), e a necessária segurança jurídica para o adquirente do bem circulante (segurança da circulação). Harmonizam-se com estas providências os interesses de cada uma das partes e de terceiros na transferência da propriedade”. (LANDIM. 2001, p.33). 
Existem três sistemas distintos para a forma de aquisição imobiliária, no Direito Comparado, conforme explica Farias e Rosenvald (2006):
O direito brasileiro adotou o sistema romano, que adota a teoria do título e do modo em matéria de aquisição de propriedade. Desse modo, não basta o título para gerar o efeito translativo, é necessário o modo aquisitivo que é o registro. 
Assim, o contrato ainda não registrado produz apenas direito obrigacional, no qual o outorgante é obrigado a transferir a propriedade de acordo com as normas das obrigações de fazer (art. 247 e seguintes do CC), conforme estudado no Módulo III. 
O sistema registral pátrio tem como característica a vinculação do modo ao título, ou seja, se o título tiver algum vício, ele poderá contaminar o registro e a presunção relativa de propriedade, na qual se o registro não exprimir a verdade caberá ao prejudicado invalidá-lo, mas, enquanto o judiciário não declarar a nulidade, prevalece a presunção júris tantum de propriedade. De acordo com o art. 1247 do Código Civil, que afirma:
“Art. 1247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule. Parágrafo único: Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do adquirente”.
Em outras palavras, Carvalho (1982) ensina que a presunção significa que o lançamento registrário, seja da aquisição, seja do cancelamento, prevalece pró e contra quem for por ela atingido, enquanto não for produzida prova contrária. Se for fixada a aquisição do direito, prevalece em favor do titular inscrito; se foi fixado o cancelamento do direito, prevalece contra o titular inscrito. (CARVALHO, 1982, p. 169). 
Exemplificando, toda vez que tiver algum vício no título ou na escritura, por exemplo, a incapacidade absoluta do vendedor e esse título for egistrado, o vício continuará a existir, mas o registro será válido (presunção júris tantum ou relativa de propriedade) até que seja declarado nulo por ato judicial. 
O art. 1227 do Código Civil afirma que:
O registro é a principal forma de transmissão imobiliária no Brasil, porém existem os modos de aquisição como a usucapião e a acessão, já estudadas no direito imobiliário, que não têm qualquer relação entre o antigo proprietário e o atual, havendo apenas a declaração do juiz de que foram preenchidos os requisitos legais, sendo expedido o competente mandado para ser levado a registro, garantindo o conhecimento de terceiros. 
Na sucessão, a transferênciada titularidade se dá em função da morte. O inventário será levado ao registro também com efeito declaratório, e para obedecer aos princípios da continuidade e da publicidade. 
3.3.1. Contrato Preliminar 
Ao estudarmos como se transfere a propriedade no direito brasileiro, precisamos saber que, não sendo possível a lavratura imediata da escritura pública, as partes podem se valer de um contrato preliminar.
O contrato preliminar recebe diversas denominações como promessa de contrato, compromisso, contrato prévio, e tem suas normas gerais reguladas pelo Código Civil em seus artigos 462 a 466. 
Para De Plácido e Silva (2005), contrato preliminar ou pré-contrato é o contrato autônomo em que uma das partes ou ambas se obriga a, oportunamente, realizar outro contrato definitivo.
Mas, o que é um contrato preliminar? O contrato preliminar é uma fase da contratação, pois as partes querem um contrato, mas não querem que seus efeitos sejam imediatos. Dessa forma, ao realizar o contrato preliminar, devem-se observar os requisitos do contrato definitivo, exceto quanto à sua forma, que não precisará ser por instrumento público. 
Uma das formas mais usuais de contrato preliminar é quando o preço é pago em prestações. Nesse caso, só após a quitação de todo o contrato é que se faz a escritura pública definitiva. Ao redigir o contrato preliminar, as partes devem ser assessoradas por um profissional qualificado, que, utilizando dos requisitos para lavratura de uma escritura, coloca a vontade das partes no contrato, para que ele seja levado a registro. 
Há de se observar se o contrato possui cláusula de arrependimento. Se não a possuir, sendo, portanto, irretratável, o adquirente pode exigir judicialmente a conclusão do contrato definitivo. A lei prevê que o contrato preliminar deverá ser registrado no Registro de Imóveis. Se for registrado, o adquirente adquire direitos reais sobre o bem. Se não houver o registro, continua sendo possível a sua execução judicial, visto que haverá uma obrigação de fazê-la, sujeitando-se às regras próprias. 
O contrato preliminar irretratável, isto é, aquele que não permite arrependimento de nenhuma das partes quando registrado no Registro de Imóveis, passa a ter eficácia real, ou seja, alcança terceiros estranhos à relação contratual originária. A oponibilidade absoluta decorre do nascimento do direito real, que gera o direito de seqüela e tornam ineficazes, em face do promissário comprador, as alienações e onerações posteriores ao registro do contrato preliminar. 
O Decreto-lei nº. 58/37 foi a primeira lei brasileira a tratar do compromisso de compra e venda, atribuindo direito real ao compromissário-comprador, permitindo a ele adjudicação compulsória e estendendo o compromisso de compra e venda para imóveis não loteados. Ele continua em vigor, em se tratando de imóveis rurais e imóveis não loteados, mas foi revogado na parte que trata de imóveis urbanos pela Lei nº. 6.766/79. A revogação de parte do Decreto-lei 58/37 é porque a Lei nº.6.766/79 tratou especificamente dos imóveis urbanos e toda vez que uma lei posterior regula inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior, a lei posterior revoga a anterior. 
A Lei nº 6.766/79 trata do parcelamento do solo para fins urbanos e também garante que os compromissos de compra e venda são irretratáveis, ainda que não conste do contrato, atribuindo direito à adjudicação compulsória e, se estiver registrado, confere direito real oponível a terceiros. A irretratabilidade do contrato também se estende aos loteamentos rurais do Decreto-lei nº. 58/37. 
No caso dos loteamentos, o contrato preliminar para garantir o direito dos promissários compradores tem a garantia legal de não se admitir arrependimento, evitando, assim, o enriquecimento dos promitentes vendedores, que, após o pagamento das prestações, em vez de outorgar a escritura definitiva, rescindia o contrato, em decorrência da valorização do terreno. 
Em relação aos contratos de compra e venda entre particulares, cabe a eles a escolha em constar a cláusula de irretratabilidade ou não, desde que cientes de seus efeitos. Não se esqueça de voltar ao estudo dos contratos imobiliários, no módulo III. 
O compromisso de compra e venda registrada garante ao adquirente o direito de: 
Ingressar na posse do imóvel; 
Adquirir um direito real, e 
Obter a adjudicação compulsória do imóvel, na hipótese de recusa do compromitente vendedor ou de seus herdeiros em outorgar a escritura definitiva. 
A Lei nº. 6.766/79 e o Decreto-lei nº. 58/37 também trataram dos direitos do compromitente vendedor. Sendo assim, é assegurado a ele o recebimento do preço na forma combinada. Dessa forma, se o compromissário comprador não fizer o pagamento em dia, é facultado ao compromitente vendedor resolver o contrato ou executar o preço. 
A constituição da mora poderá ser feita por notificação expedida pelo Registro de Imóveis ao devedor ou por interpelação judicial. Em regra, a mora proveniente da Lei nº. 6.766/79 deverá ser notificada
pelo Serviço Registral, enquanto a referente ao Decreto-lei nº. 58/37 poderá ser feita por via judicial ou extrajudicial, através do Registro de Imóveis. 
Não havendo purgação da mora, ou seja, o pagamento de todas as prestações em atraso com as devidas correções, o vendedor deverá ingressar com a ação de resolução do contrato cumulada com reintegração de posse. 
No caso da promessa de compra e venda, constar cláusula de arrependimento, ainda que registrada, o promitente vendedor terá a opção de resolver unilateralmente o negócio jurídico, mediante a denúncia notificada à outra parte, impondo-se a devolução integral das quantias pagas, ou aquilo que as partes tiverem fixado a título de arras penitenciais. 
O Código Civil atual só permite o arrependimento em promessa de compra e venda para imóveis não loteados e desde que mediante cláusula expressa no contrato e que a retratação seja exercida em momento anterior ao pagamento total do preço. Se assim não ocorrer, entende-se que houve extinção ao exercício do direito potestativo de arrependimento, uma vez que o promissário comprador adimpliu suas obrigações e já adquiriu o domínio, faltando apenas o registro da escritura definitiva ou a adjudicação compulsória do imóvel. 
Desse modo, precisamos observar se o contrato é regido pelas normas do Código Civil, ou por se tratar de loteamentos, sejam eles urbanos ou rurais, é regido pelo Decreto-lei nº.58/37 ou pela Lei nº. 6766/79. Os terrenos não loteados, que são aqueles que são negociados pelos particulares, podem a seu critério constar a cláusula de irretratabilidade, ou não. 
3.3.2. Escritura Definitiva
Como vimos, após o contrato preliminar, necessita-se de uma escritura pública definitiva.
A escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos, conforme preceitua o art. 108 do Código Civil:
“Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 (trinta) vezes o maior salário mínimo vigente no País”. 
O art. 215 do Código Civil elenca os requisitos para a lavratura de uma escritura pública e serão analisados na próxima unidade.
Na atualidade, muito se tem discutido acerca da atividade notarial. Para alguns, não passa de mera atividade que visa ao lucro e não tem o porquê de existir. Mas, precisamos saber que o notário, além de ser uma exigência legal, é essencial para dar orientações às partes com imparcialidade. Sem sua intervenção, facilmente a população em geral seria ludibriada por empresas sem escrúpulos. Ora, devemos observar que o custo/benefício para a sociedade é bem maior do que deixar à própria sorte pessoas que só através de uma vida inteira de economia consegue adquirir a casa própria. 
Não devemos esquecer que, mesmo com o permissivo legal para que contratos de valores inferiores a 30 salários mínimos sejam feitos por instrumento particular, ainda assim, as partesnão só podem como devem utilizar-se do notário. Isso, porque, além da segurança no negócio jurídico realizado, o valor pago ao tabelião muitas vezes é inferior ao de outros profissionais da área que não possuem fé pública. 
Para se lavrar a escritura definitiva, deve-se procurar um notário de sua confiança para que lavre um instrumento que obedeça às normas legais e resguarde as partes de futuros problemas.
Enquanto o contrato preliminar não é obrigatório, a escritura pública é essencial à validade do negócio jurídico. No Brasil, a propriedade só se transmite com o registro do título. Assim, a escritura deverá ser levada a registro para que o negócio jurídico tenha efeitos reais, ou seja, produza efeitos não só entre as partes, mas também em relação a terceiros. 
3.3.3. Registro Imobiliário
Em nosso sistema registral, todo título que de qualquer forma altere o registro imobiliário deverá ser levado a registro ou averbação.
No registro de imóveis, há toda a história de cada imóvel ali matriculado, o que possibilita uma análise profunda quanto à existência de ônus ou algum ato que de qualquer modo limite a propriedade. Como exemplo, a limitação para construir apenas até determinada altura.
Desse modo, o contrato preliminar ou a escritura pública para segurança das partes devem ser levados a registro. A lei não fixou prazo para apresentação deles em cartório, mas o bom senso determina que seja apresentado o mais rápido possível.
O direito de preferência determina que o primeiro a apresentar o título para que seja prenotado no Protocolo do Registro Imobiliário terá prioridade sobre os demais títulos apresentados posteriormente. 
Farias e Rosenvald (2006) exemplificam da seguinte forma: “Assim, se o alienante vender o imóvel à pessoas diferentes, adquiri-lo-á o primeiro que registrar, ainda que o título translativo prenotado seja de data posterior, restando ao outro adquirente tão somente ação indenizatória contra o alienante, em face do inadimplemento da obrigação de dar. Não poderá ele reivindicar contra aquele que registrou, pois os direitos obrigacionais não são dotados de seqüela. Em tese, será tipificada a conduta do alienante como crime de estelionato”. (FARIAS; ROSENVALD, 2006, p. 247).
 Então, o registro de imóveis é de suma importância para a segurança nas transações imobiliárias, pois tudo o que se refere ao imóvel direta ou indiretamente deverá ser ali inscrito para conhecimento de terceiros.
3.4. As Espécies de Cartórios e seus Respectivos Titulares
Ao estudarmos os cartórios, precisamos saber qual nome dar a cada titular. A Lei nº. 6.015/73 regulamentou os registros públicos, dando autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos. 
Ela tratou em seu art. 1º, § 1º dos seguintes registros:
O § 2º determina que os demais registros reger-se-ão por leis próprias.
A Lei nº 8.935/94 regulamenta o art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. Ela elenca quem são os titulares de serviços notariais e de registro em seu art. 5º:
Desse modo, teremos:
Registros
 Titulares
	Registro civil das pessoas naturais
	Oficiais de registro civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas
	Registro civil das pessoas jurídicas e registro de títulos e documentos
	Oficiais de registro de títulos e documentos e civis das pessoas jurídicas
	Registro de imóveis
	Oficiais de registro de imóveis
	Registro de contratos marítimos
	Oficiais de registro de contratos marítimos
	Registro de distribuição
	Oficiais de registro de distribuição
Tabelionatos 
 Titulares
	Tabelionato de Notas
	Tabelião de Notas
	Tabelionato de Protesto de títulos
	Tabelião de Protesto
	Tabelionato de Contratos Marítimos
	Tabelião de Contratos Marítimos
Vamos fazer uma distinção entre tabelionato e registro. A principal diferença entre eles é em relação às funções exercidas. Os notários ou tabeliães exercem as seguintes funções de acordo com a Lei nº. 8.935/94:
Os oficiais de registro têm muitas atribuições, sendo cada uma delas determinada na Lei nº. 6.015/73 e em leis esparsas, que serão estudadas nas próximas unidades. 
O registro de contratos marítimos não será objeto de nosso estudo, visto que sua função está regulamentada pelo Código Comercial e pelos preceitos do Direito de Mar.
Em nosso estudo, trataremos das demais espécies de cartório, estudando sua competência, seus requisitos e suas peculiaridades.
Você saberá mais sobre sistema notarial e registral no seu material on-line. Agora, vamos ver como funciona na prática? 
4. Teoria na Prática
Imagine que um determinado proprietário de um loteamento urbano venda o imóvel para o proprietário Beto com cláusula de irrevogabilidade. Beto quando leva o contrato preliminar a registro descobre que o loteamento é irregular. A partir daí, o Beto, para regularizar a situação, terá que esperar até que seja feito o registro do loteamento ou não. Sendo esse o feito, terá que esperar até que, através de sua posse, possa requerer a usucapião do terreno. 
É importante ressaltar que a lei não permite a venda de terrenos sem o registro do loteamento no competente registro de imóveis e que, sem este registro, é crime a venda desses terrenos. 
Com base no caso acima, vimos como é importante para o gestor em negócios imobiliários, antes de pegar um imóvel para ser comercializado, verifique se ele se encontra com toda a documentação em dia, pois só assim ele estará realizando a sua função com segurança. 
5. Recapitulando
Nesta unidade, conhecemos um pouco mais sobre os serviços notariais e registrais.
Estudamos o que é um cartório, ou seja, o local responsável pelo arquivamento das informações necessárias aos negócios jurídicos destinados a garantir sua publicidade, autenticidade e eficácia.
Vimos, ainda, que a origem do direito notarial está diretamente ligada à essência do direito, pois é através dele que se garantem os direitos da cidadania e possibilita que a vontade das partes seja formalizada de acordo com a lei.
Você teve a oportunidade de ver que o direito registral surgiu da necessidade de segurança nos negócios imobiliários e vem evoluindo para que a propriedade seja resguardada. Deve lembrar ainda que no Brasil somente através do registro é que se transmite a propriedade imóvel.
 Dessa forma, seja o contrato preliminar, seja a escritura definitiva para surtir efeito erga omnes, já estudado no direito imobiliário, devem ser registrados.
Você saberá mais sobre as espécies de cartórios e seus respectivos titulares na unidade seguinte.
Bons estudos e não se esqueça de consultar o material impresso!
6. Amplie seus Conhecimentos
Para aprofundar seus conhecimentos, busque algumas informações na internet.
Introdução ao Direito Notarial e Registral, escrito por Luciana Rodrigues Antunes.
Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6765&p=1> Acesso em: 22/01/2008.
Serviços Notariais e Registrais na Constituição Federal e as propostas de Emendas Constitucionais: 
Contramão da evolução da Administração Pública. Escrito por Plínio Neves Angieuski. Disponível em <http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=562> Acesso em: 07/02/2008. 
7. Referências
AGHIRIAN, Hércules. Curso de direito imobiliário. 6ª ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2006.
ALMEIDA, Carlos Ferreira de. Publicidade e teoria dos registros. Livraria Almedina, Coimbra, 1966.
ALVES, Jones Figueiredo. Novo código civil comentado. coord. Ricardo Fiúza. 5ª ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2006. 
BRANDELLI, Leonardo. Teoria geral do direito notarial. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1988.
BRASIL, Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm. Acesso em 14/01/2008.
BRASIL, Lei nº. 6.766, de 19 de dezembro de 1979, Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6766orig.htm. Acesso em 14/01/2008. 
BRASIL, Lei nº. 8.935, de 18 de novembrode 1994. Regulamenta o art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8935.htm. Acesso em 14/01/2008. 
BRASIL, Decreto-Lei nº. 58, de 10 de dezembro de 1937. Dispõe sobre o loteamento e a venda de terrenos para pagamento em prestações. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del058.htm. Acesso em 14/01/2008. 
BRASIL, Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros públicos e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6015.htm. Acesso em 14/01/2008. 
CARVALHO, Afrânio de. Registro de Imóveis. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense 1982.
CENEVIVA, Walter. Lei dos notários e registradores comentada (Lei n. 8.935/94). 4. ed. ver. Ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2002.
_____________. Curso de direito civil brasileiro, v. 4: direito das coisas. 19. ed. ver. aum.e atual.São Paulo: Saraiva, 2004.
DINIZ, Maria Helena. Sistemas de registros de imóveis. 3 ed. aum. e atual. São Paulo: Saraiva, 2000.
____________. Lei dos registros públicos comentada. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 
FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Direitos reais. 2 ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2006.
GOMES, Orlando. Direitos reais. 19.ed. atual. por Luiz Edson Fachin. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
LANDIM FILHO, Francisco Antônio Paes. A propriedade imóvel – na teoria da aparência. São Paulo: Editora CD, 2001.
MACHADO, Carlos Henrique Barreto. Evolução da Função Notarial. Conservatória – revista de direito notarial e registral. v.01, p.08-12.2006.
MELO, Marcelo Augusto Santana de. Breves anotações sobre o registro de imóveis, em novo direito imobiliário e registral. org. TUTIKIAN, Cláudia Fonseca; TIMM,Luciano Benetti; PAIVA, João Pedro Lamana. São Paulo: Quartier Latin, 2008.
MELO JÚNIOR, Regnoberto Marques de. Lei de registros públicos comentada. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2003. 
PELLEGRINI, Alexandre Rezende. Revista de Direito Imobiliário. nº.54, janeiro-junho de 2003. Editora Revista dos Tribunais.
ROCHA, Silvio Luís Ferreira da. Curso Avançado de direito civil, v.3: contratos. Coord. Everaldo Augusto Cambler. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002.
SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico/ atualizadores: Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho. 26 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
TUTIKIAN, Cláudia Fonseca; TIMM, Luciano Benetti; PAIVA, João Pedro Lamana (coord.). Novo direito imobiliário registral. São Paulo: Quartier Latin, 2008.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. v.5. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
___________. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. v.2. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
Unidade 2: Tabelionato de Notas
1. Nosso Tema
Na unidade 2, vamos tratar do tabelionato de notas que tem primordial importância na atuação do gestor em negócios imobiliários. 
É através do notário que o negócio jurídico, intermediado pelo gestor imobiliário, passa a ter fé pública. 
Aqui, conheceremos quais documentos são necessários para a lavratura da escritura, como consegui-los, como também quais os efeitos se eles não forem apresentados.
Não podemos esquecer que, se a escritura não for registrada, não haverá transferência da propriedade. Então, devemos estar atentos aos ditames legais para termos em mãos uma escritura sem vícios.
A atuação do notário tem um papel importante na prevenção de litígios, visto que, como profissional do direito, que age com imparcialidade, está apto a redigir um instrumento público de acordo com a lei e a vontade das partes.
2. Para Refletir
O gestor imobiliário deve sempre estar atento para que o negócio jurídico que intermediou se consolide de acordo com a vontade das partes e sem necessitar da intervenção do judiciário.
Desse modo, deve estar atento aos ditames legais e saber como proceder nas diversas situações.
Como proceder se um cliente chega para você e apresenta como documento do imóvel apenas a escritura pública?
E se o cliente se negar a fornecer um documento do imóvel, como proceder?
Quais os documentos necessários para lavratura de uma escritura pública?
Você já pensou para que serve uma ata notarial?
3. Conteúdo Didático
3.1. Competência Funcional 
Nesta unidade, vamos estudar o tabelionato de notas. Começamos analisando quais os atos ele pode realizar. 
A Lei nº.8.935/94, que regulamenta a atividade notarial e registral, optou por tratar dos atos que os notários e tabeliães podem praticar, afirmando que:
“Art. 6º - Aos notários compete:
“Art. 7º - Aos tabeliães de notas compete com exclusividade:
O art. 6º trata de forma genérica da competência de todos os notários, ou seja, do tabelião de notas, de protesto e de contratos marítimos, enquanto o art. 7º especifica exclusivamente as atribuições do tabelião de notas. Desse modo, o art. 7º abrange o conteúdo do art. 6º.
Ao formalizar juridicamente a vontade das partes, o notário está exercendo sua função como profissional do direito apto a dar forma pública àquele negócio jurídico. Há que se ressaltar que todos os instrumentos lavrados pelos notários serão inscritos em língua portuguesa. Quando uma das partes não tiver conhecimento do idioma, o tradutor público juramentado fará parte do ato. 
Exemplo: Um inglês que se apaixona por nossas belas praias e resolve adquirir uma casa de praia. Ao comparecer ao tabelionato de notas para receber a escritura pública, o tabelião não tem conhecimento do idioma do adquirente e o adquirente não entende uma palavra em português. Para que haja manifestação de vontade válida, será necessário que compareça ao cartório um tradutor público juramentado. Não havendo tradutor público na localidade, o tabelião poderá chamar alguém que tenha fluência no inglês para fazer a leitura da escritura pública ao estrangeiro. 
Nas palavras de Ceneviva (2002) a “vontade das partes se refere à capacidade destas querem um certo resultado de escolherem livremente, entre as alternativas possíveis, o que seja de sua conveniência, inserida, pois, em expressivo conteúdo psicológico. Tendo forte dúvida sobre se a vontade está sendo manifestada com liberdade, o notário recusa seu acolhimento”. (CENEVIVA, 2002, p. 43)
Para interpretar os artigos acima citados, deve-se incluir como atividades dos tabeliães de notas aquelas dos notários, uma vez que os tabeliães de notas e notários continuam a ser empregados como sinônimos. 
Tabelionato de notas
Competência funcional
Competência territorial
Escritura p
ú
blica
Ata notarial
Traslado
Certidão
Autentica
ç
ão de c
ó
pias
Reconhecimento de firma
Tabelionato de notas
Competência funcional
Competência territorial
Escritura p
ú
blica
Ata notarial
Traslado
Certidão
Autentica
ç
ão de c
ó
pias
Reconhecimento de firma
A Lei nº. 8.935/94 prevê, ainda, que exercerão a função de notários os Registradores Civis das Pessoas Naturais, desde que o local onde atuam não seja sede de Comarca, pois na sede as funções são distintas e não podem ser acumuladas. 
Recentes alterações na legislação deram ao notário mais uma importante função para desafogar o judiciário. Através da Lei nº. 11.441/2007, foi atribuída competência aos notários para lavrar escritura pública de inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual por via administrativa. 
Para realização das escrituras acima, todas as partes devem ser maiores e capazes, não existir litígio entre elas e nem filhos menores ou incapazes, ferindo qualquer desses requisitos só pela via judicial.
Em princípio, apenas o cartório de notas da sede da comarca poderia realizar tais atos, mas hoje os que exercem atividade de Registro Civil com atribuição de Notas também estão aptos a realizá-los. 
3.1.1. Escritura Pública e Ata Notarial
Agora que vimos quais os atos os notários podem realizar, vamos estudar os que mais se destacam na atividade de gestor em negócios imobiliários.
Iniciamos pela escritura pública, que é o documentopúblico lavrado pelo tabelião de notas, que atribui fé pública ao negócio jurídico realizado pelas partes. Como vimos na unidade 1, a escritura pública é essencial na validade de todo negócio jurídico acima de 30 (trinta) salários mínimos. Vimos também que, em nosso direito, a propriedade só se transfere com o registro da escritura no competente Registro de Imóveis.
Para saber mais sobre escritura pública, acesse o site disponível em: 
<http://www.jurisway.com.br/v2/pergunta.asp?pagina=1&idarea=37&idmodelo=2665#>
Vamos agora analisar os requisitos legais para a lavratura de uma escritura: Art. 215 do Código Civil de 2002: 
Além de todos esses requisitos genéricos outros são necessários. Vejamos:
O Decreto nº. 93.240/86 que regulamenta a Lei nº. 7.433/85, que dispõe sobre os requisitos para a lavratura de escrituras públicas, passou a exigir seguintes documentos. Vamos ver quais são eles? 
       
Em regra, o pagamento do imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e direitos a eles relativo deve ser feito antes da lavratura da escritura. Porém, alguns notários lavram a escritura colocando em seu bojo a afirmação de que o recolhimento será feito posteriormente. Pelos ditames legais, o correto é o recolhimento anterior à prática do ato. 
Entre os documentos necessários para a lavratura da escritura pública, houve alteração em relação à apresentação do comprovante de pagamento do Imposto Territorial Rural (ITR’s). O art. 1º, III, a, do Decreto nº. 93.240/86 prevê a apresentação do último pagamento do ITR, mas hoje é necessária a apresentação dos últimos cinco ITR’s que podem ser substituídos por Certidão de Regularidade Fiscal. O imposto territorial rural é de competência da União e deve ser pago anualmente.
Para lavratura de escrituras públicas, há casos em que se aplica a legislação do ITCD, ou seja, Imposto de transmissão causa mortis e doações de quaisquer bens ou direitos. A Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais assim conceitua o instituto: 
O Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos - ITCD incide sobre a doação ou sobre a transmissão hereditária ou testamentária de bens móveis inclusive semoventes, direitos, títulos e créditos, e direitos a eles relativos ou bens imóveis situados em território do Estado, na transmissão da propriedade plena ou da nua propriedade e na instituição onerosa de usufruto.
 Para aprofundar seu conhecimento, consulte o site: 
http://www.fazenda.mg.gov.br/empresas/legislacao_tributaria/itcd/duvidas_frequentes/.
Outra observação importante é quanto às certidões necessárias. Alguns notários, sem explicar as conseqüências da não apresentação das certidões, afirmam que elas são dispensadas. Ora, quando dispensamos uma certidão, precisamos saber qual problema poderá surgir. 
Parece absurdo, mas ainda hoje nos deparamos com notários que sequer pedem uma certidão atualizada do imóvel com a negativa de ônus e ações reais e reipersecutórias, passando a escritura com os dados da escritura anterior. Não é difícil perceber que, no decorrer do tempo, esse imóvel pode ter sido dado em garantia de alguma dívida. Para conseguir o registro da escritura, ela terá que ser aditada, constando que o adquirente está ciente da dívida e passa também a ser responsável por ela, sem contar os casos em que o contrato veda a transferência do imóvel em sua vigência, deixando o adquirente sem poder registrar sua escritura.
As certidões fiscais são pedidas para ver se o imóvel está em dia com suas obrigações frente ao fisco. Sua dispensa causará problemas ao adquirente que terá que arcar com multa e pagamento de todos os impostos em atraso. 
As certidões de feitos ajuizados evita surpresas como a descoberta de que o vendedor possui dívidas, por exemplo, trabalhistas e o imóvel vendido é que responderia por ela, visto que o vendedor não possui mais bens, o que pode levar à anulação do negócio realizado. 
Devido ao grande número de problemas decorrente dessa prática viciosa, em Minas Gerais foi expedida a Instrução nº.192/90, que dispõe sobre a Edição de Normas para unificar o procedimento dos notários na Lavratura de Escritos Públicos.
A referida Instrução enumera taxativamente os documentos que devem ser apresentados ao tabelião para a lavratura do escrito público e que são:
A certidão de feitos ajuizados é uma das que mais são dispensadas, mas sua importância para a segurança do negócio jurídico deve prevalecer. Dessa forma, devem ser providenciadas certidões de feitos ajuizados na Justiça Estadual, na Justiça Federal (via internet) e principalmente na Justiça do Trabalho. 
A certidão a ser fornecida pelas serventias notariais e registrais devem ser entregues num prazo máximo de 05 (cinco) dias e, para requerê-las, qualquer pessoa poderá fazê-lo sem explicar o motivo de seu pedido. 
Hoje, as certidões já podem ser pedidas pela internet através do site: www.cartorio24horas.com.br. Se o cartório que você precisa ainda não estiver utilizando o sistema do cartório fácil, basta ligar e pedir a certidão, mediante depósito em conta corrente.
Para evitar surpresas, o gestor em negócios imobiliários, ao pegar um imóvel para negociação, deve pedir ao menos uma certidão atual do imóvel. Desse modo, o gestor em negócios imobiliários pode realizar um serviço mais seguro, e, para evitar problemas, ele deve orientar as partes para que apresentem todos os documentos quando da lavratura da escritura pública para terem garantia da validade e eficácia do negócio jurídico.
Outro instrumento público, ainda pouco conhecido, é a ata notarial. Ela é definida da seguinte forma: 
É o instrumento público autorizado por notário competente, a requerimento de uma pessoa com interesse legítimo e que, fundamentada nos princípios da função imparcial e independente, pública e responsável, tem por objeto constatar a realidade ou verdade de um fato que o notário vê, ouve ou percebe por seus sentidos, cuja finalidade precípua é a de ser um instrumento de prova em processo judicial, mas que pode ter outros fins na esfera privada, administrativa, registral, e inclusive integradores de uma atuação jurídica não negocial ou de um processo negocial complexo, para sua preparação, constatação ou execução. (PAULA, 2005, p. 33).
A ata notarial é um ato unilateral do notário que, a requerimento do interessado, faz uma resenha ou relato elaborado com segurança, procurando sempre a narrativa dos fatos, com riqueza de detalhes que possam caracterizar o fato ocorrido por meio de uma simples leitura.
Ela é, portanto, importante instrumento para produção de provas, e pode ser utilizada em diversas situações em que se necessita de um documento dotado de fé pública para certificar qualquer acontecimento ou fato em que o tabelião poderá constatar por seus sentidos aqueles fatos. O tabelião não pode exprimir qualquer juízo de valor. Deve apenas relatar o que está vendo ou ouvindo.
Exemplos de casos em que se pode utilizar a ata notarial: 
Portanto, a ata notarial nada mais é do que a narração objetiva de uma ocorrência ou fato, presenciado ou constatado pelo notário, que, revestido de fé pública, pode constituir-se em pré-prova para os processos judiciais.
Você poderá ler mais sobre Ata Notarial no site: 
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4754> 
3.1.2. Traslado e Certidão 
 
De Plácido e Silva (2005) conceitua traslado como: “a cópia imediata ou as cópias imediatas, passadas pelo próprio tabelião, ou escrivão, que formulou a escritura, e entregues, ato contínuo, aos interessados, como instrumentos autênticos da mesma escritura. Por esta forma, o traslado é tido como o próprio original da escritura, cuja matriz está trasladada no livro do tabelião”. (SILVA, 2005, p.1428).
Certidão, nas palavras de De Plácido e Silva (2005), “expressa exatamente toda cópia autêntica feita por pessoa que tenha fé pública, de teor de ato escrito, registrado em autos ou em livro. (SILVA, 2005, p.281).
A diferença entre o traslado e a certidão é sutil. O trasladoé a cópia fiel da escritura, enquanto a certidão também o é, mas, no início do documento, virá escrito: “certifico que, a requerimento da parte interessada, deparei à página 100 do Livro 20 de Notas com a seguinte escritura: (segue dados da escritura). 
A certidão pode ainda ser parcial, ou em relatório breve, enquanto que o traslado far-se-á sempre pelo inteiro teor da escritura. 
Você deve estar se perguntando: Mas o que é um traslado? Veja o que diz o Provimento 54/78 CSM-MG.
Em Minas Gerais, o traslado e a certidão foram regulamentados pelo Provimento 54/78 CSM-MG, nos seguintes termos:
Desse modo, podemos afirmar que a certidão e o traslado, são os documentos que comprovam os atos realizados pelo notário e que ficam em poder da parte para serem apresentadas a terceiros ou, simplesmente, demonstrarem que um determinado ato foi realizado.
3.1.3. Autenticação de Cópia e Reconhecimento de Firma
 Assim como o traslado e a certidão estão compreendidas entre as atividades do tabelião, também compete a ele a autenticação de documentos e o reconhecimento de firma.
Autenticação notarial para Vasconcelos e Cruz (2000) é:
Qualquer afirmação escrita, firmada por notário, que se refere a um fato ou documento em que haja intervido o próprio notário, mesmo que seja alheio. Em sentido mais estrito, podemos afirmar que é cópia literal de outro documento que tenha sido apresentado ao notário, e este porta por fé ser cópia fiel daquele. (VASCONCELOS, 2000, p.75).
A autenticação notarial é o ato do tabelião que afirma ser verdadeira a cópia apresentada desde que acompanhada de seu respectivo original. Ao autenticar cópias reprográficas, o notário não deverá restringir-se à mera conferência dos textos ou do aspecto morfológico da escrita, mas verificar, com cautela, se o documento copiado contém rasuras, emendas, borrões significativos ou quaisquer outros sinais suspeitos indicativos de possíveis fraudes. 
Além da análise estética do documento, o notário também deve observar se nele estão contidos fatos ou dados que possam dar margem a qualquer fraude, gerando insegurança na relação jurídica, verificar se o objeto é lícito, se os agentes são capazes e se a forma está prescrita ou não proibida em lei. Ferindo qualquer preceito legal, o notário deverá recusar-se a autenticar o documento.
Em Minas Gerais, o Provimento 54/78 tratou da autenticação de documentos avulsos, afirmando que:
O Provimento 54/78 conceitua o que é pública forma, vejamos:
Desse modo, pública-forma nada mais é do que autenticação, devendo o tabelião proceder com cautela ao realizá-la.
Você estudará mais sobre esse assunto no seu material on-line.
E o reconhecimento de firma? 
Já o reconhecimento de firma, nas palavras de De Plácido e Silva (2005, p.1166), “é o ato pelo qual o tabelião atesta ou certifica a autenticidade da assinatura, aposta em um documento particular”.
O documento para que possa ter a firma reconhecida deve ser totalmente preenchido e obedecer aos preceitos legais, ou seja, deve ter agente capaz, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei e ainda observar o seguinte artigo: Art. 166 do Código Civil:
.
Para proceder à abertura de uma ficha padrão para reconhecimento de firma, o interessado deve comparecer pessoalmente ao serviço notarial, portando documento de identidade e CPF. O interessado deverá preencher de próprio punho o cartão, colocando sua firma nos devidos lugares, sendo para isso identificado e acompanhado pelo notário ou funcionário, garantindo uma identificação precisa. O documento de identidade deverá ser xerocado e arquivado junto à ficha de assinatura. 
É proibida a entrega de cartão da ficha-padrão de assinatura para que o interessado proceda ao preenchimento fora do Serviço Notarial e sem a presença do notário ou funcionário autorizado.
O notário pode realizar diligência, ou seja, locomover-se dentro do município para o qual recebeu a delegação para, por exemplo, fazer um cartão de ficha padrão de uma pessoa impossibilitada de comparecer à serventia.
A doutrina conceitua os seguintes tipos de reconhecimento de firmas:
	Reconhecimento de firma autêntico ou verdadeiro
	É o único tipo previsto em lei e por isso o que melhor assegura o destinatário quanto ao reconhecimento da assinatura. É aquele em que, após a identificação do requerente ele assina na presença do tabelião, que deve observar todas as formalidades legais.
	Reconhecimento de firma por semelhança
	É feito através da comparação da assinatura na ficha -padrão com a do documento apresentado. Por sua praticidade é a mais utilizada.
	Reconhecimento de firma semi-autêntico
	É aquele em que o interessado apresenta o documento já assinado e afirma que aquela assinatura é sua.
O notário deve proceder com muita cautela nos reconhecimentos de firma, visto que é responsabilizado civil, penal e administrativamente em caso de reconhecimento de firma ou autenticação falsa. A tendência atual é a dispensa do reconhecimento de firma e autenticação, visto que não apresentam a segurança que as partes gostariam e são entraves na realização de muitos negócios. 
3.2. Competência Territorial
Após a análise de todas as funções atribuídas aos notários, vamos estudar qual o limite territorial para sua atuação.
A Lei nº. 8.935/94 que regulamenta a atividade notarial e registral prevê a escolha do tabelião de notas, nos seguintes termos:
A livre escolha do tabelião para lavratura de qualquer ato deve ser sempre pautada na segurança jurídica. Ao escolher o tabelião, deve-se observar a possibilidade das partes comparecerem ao cartório para assinarem o ato. 
Além disso, é necessário que o tabelião tenha conhecimento das normas vigentes no local do imóvel, visto que há diferenças entre Estados.
O notário, dentro do município no qual recebeu a delegação, poderá atuar fora da serventia e dos horários previstos em lei, mas desde que observado seu limite territorial, é o que chamamos de diligência.
Ao realizar um ato fora de seu limite territorial, o notário estará praticando o crime de falsidade ideológica.
Desse modo, o gestor em negócios imobiliários não pode permitir que seus clientes pratiquem um ato ilegal, sujeito inclusive à anulação. 
4. Teoria na Prática
Imagine o seguinte caso:
O Sr.José Silva comprou um imóvel e, ansioso para se mudar, foi até o cartório para fazer a escritura pública, porém ele não foi orientado a pegar todas as certidões relativas ao imóvel, mas já efetuou o pagamento total do bem. Mais tarde, o Sr. José Silva descobre que não fez um bom negócio, pois, ao apresentar a escritura para registro, constava uma hipoteca não cancelada e, para registrar o imóvel, terá que quitá-la. 
O caso que você acabou de ver pode acontecer com qualquer pessoa, até mesmo um parente, por isso, ao realizar transações imobiliárias, deve-se consultar o gestor imobiliário, que normalmente já intervém no ato ou contrata um advogado. 
Não se esqueça de pedir todas as certidões: certidão de inteiro teor, ônus, de ações reais e reipersecutórias; certidões fiscais, como a quitação do IPTU; certidões de feitos ajuizados na Justiça Estadual, Federal e do Trabalho; certidão negativa de débito (CND) do INSS; quitação do imposto devido (ITBI ou ITCMD) e de imóvel rural, os últimos cinco ITR’s e o CCIR. 
Então, esteja atento à documentação apresentada na negociação de um imóvel e não deixe de orientar as partes a exigirem todos os documentos necessários para segurança do negócio jurídico. Desse modo, você não perderá o negócio que será seguro e válido, e principalmente evitará problemas futuros. 
5. Recapitulando
Nesta unidade, tratamos do tabelionato de notas e sua importância para a atividade de gestor em negócios imobiliários.
Conhecemos os requisitos de uma escritura pública e os documentos necessários para sua lavratura.
Vimos, também, o limite territorial de atuação do notário e quais os atos que ele pode realizar. Entre os atos, ressaltamos a ata notarial que é uma importante fonte de prova, dotada de fé pública e que pode ser utilizadaem muitas situações.
Há, também, as novas funções atribuídas ao notário como a competência para lavratura de escritura pública de inventário, partilha, separação consensual e divórcio por via administrativa.
Aprendemos, além das funções acima, a distinguir um traslado de uma certidão, ou seja, o traslado é uma cópia fiel do documento lavrado pelo tabelião e entregue às partes interessadas no momento em que o ato é realizado. A certidão, por sua vez, é uma cópia fiel do que está arquivado nos livros da serventia e que pode ser pedida por qualquer pessoa.
O tabelião exerce funções mais presentes em nosso dia-a-dia como o reconhecimento de firma e a autenticação de documentos. O reconhecimento de firma é quando o tabelião ou seus prepostos afirmam que a assinatura colocada em um documento é de determinada pessoa e a autenticação de documentos é feita através da conferência de dados, afirmando que a cópia é idêntica ao original apresentado.
Agora que conhecemos o tabelionato de notas como gestor em negócios imobiliários, vamos saber usar esses conhecimentos em prol de nossos clientes. 
Chegamos ao final de mais uma unidade. Na próxima, trataremos de um assunto de interesse de todas as pessoas que exercem qualquer forma de negociação, como um simples recebimento de um cheque. Estudaremos o tabelionato de protesto de títulos.
 Até lá e Bom estudo! 
 Mapa da unidade:
6. Amplie seus Conhecimentos
O conhecimento é processual e não acontece de maneira abstrata, por isso precisamos estar à procura de informações que nos levem a galgar por novas oportunidades.
Agora que você já conhece o cartório de notas, continue seus estudos com textos da internet:
Educação Continuada de Cartórios. Disponível em:
<http://www.irib.org.br/pdf/EducartorioRibeirao_AEMelo.pdf.> acessado em 27/01/2008
Boletins - Escritura Pública e Paz Social. Disponível em: 
<www.sinoreg-es.org.br/boletins/boletins.php?campo_nota_id=279> acessado em 27/01/2008.
Cartório fácil <www.serjus.com.br/cartoriofacil> acessado em 27/01/2008
Cartório 24HS. Disponível em: <www.cartorio24horas.com.br > acessado em 27/01/2008
<www.serjus.com.br> (vide cartilha da Lei 11.441/2007)
Secretaria de Estado da Fazenda – ITCD. Disponível em: 
<http://www.fazenda.mg.gov.br/empresas/legislacao_tributaria/itcd/duvidas_frequentes/>acessado em 19/02/2008
ITBI e ITCD - Direito Tributário. Disponível em: <http://www.jurisway.com.br/v2/imgcursos/0018.swf.> acessado em 19/02/2008
Instituto de Registro Imobiliário do Brasil, o Site do Registrador Brasileiro. Disponível em:
<http://www.irib.org.br/biblio/boletimel2479.asp> acessado em 12/02/2008.
7. Referências
BRANDELLI, Leonardo. Teoria geral do direito notarial. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1988.
BRASIL, Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm. Acesso em 14/01/2008.
BRASIL, Lei nº. 8.935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8935.htm. Acesso em 14/01/2008. 
BRASIL, Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registro públicos e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6015.htm. Acesso em: 14/01/2008. 
CENEVIVA, Walter. Lei dos notários e registradores comentada (Lei n. 8.935/94). 4. ed. ver. Ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2002.
DOMINGUES, Marco Antônio. Ata notarial. Escrita – Revista Jurídica Notarial e Registral. v.2. 06/2005.
PAULA, Luciana Helena de. Ata notarial como instrumento lícito de prova. Escrita – Revista Jurídica Notarial e Reistral.v.3, 07/2005.
REZENDE. Afonso Celso. Tabelionato de notas e o notário perfeito : direito de propriedade e atividade notarial face a face como Código Civil de 2002. 3ª ed. Campinas, SP: Millennium Editora, 2004. 
SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico/ atualizadores: Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho. 26 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
SILVA. João Teodoro da. Serventias judiciais e extrajudiciais. Belo Horizonte: Serjus, 1999.
VASCONCELOS. Julenildo Nunes, CRUZ, Antonio Augusto Rodrigues. Direito notarial: teoria e prática – atual./pelo Desembargador Walter Cruz Swensson – São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2000.
Unidade 3: Tabelionato de Protesto de Títulos
1. Nosso Tema
Agora que já aprendemos como fazer um contrato preliminar e quais os requisitos para lavrar uma escritura, precisamos conhecer o que fazer em caso de inadimplemento do valor do contrato. Para isso, vamos estudar o tabelionato de protesto de títulos e outros documentos de dívida.
Ao término desta unidade, você saberá quais os documentos que podem ser protestados e qual o procedimento para realizar o protesto.
O protesto extrajudicial é de grande valia para evitar ações judiciais demoradas e dispendiosas, pois, na maioria das vezes, ocorre o pagamento do título vencido.
Vamos ver como se faz um protesto?
2. Para Refletir
Lembra-se do que estudamos na unidade 2! Pois bem, o protesto de títulos e documentos de dívidas é importante para evitar ações judiciais, e o gestor em negócios imobiliários precisa saber como orientar seus clientes se houver inadimplemento no negócio jurídico realizado.
Para isso, precisamos saber quais títulos podem ser protestados, são eles: 
No decorrer desta unidade, você aprenderá como lidar ao se deparar com qualquer um desses protestos. Vamos começar? 
3. Conteúdo Didático
3.1. Competência Funcional 
Como vimos na unidade 2, a Lei nº. 8.935/94 tratou de forma geral sobre as atribuições de todos os notários em seu art.6º, vejamos:
       
 Art. 6º Aos notários compete:
        I - formalizar juridicamente a vontade das partes;
        II - intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo;
        III - autenticar fatos.
Além dessa competência de todos os notários, a Lei especificou o que cabe exclusivamente aos tabeliães de protesto em seu art.11:
        
Até 1997, não existia uma lei específica tratando do Protesto de Títulos. A legislação era esparsa e causava grande dificuldade de interpretação.
Em 1997, veio a lei de protesto de nº.9.492, de 10 de setembro de 1997. Essa lei: 
- Define a competência; 
- Regulamenta os serviços concernentes ao protesto de títulos e outros documentos; 
- Dá outras providências.
Você deve estar se perguntando: Qual é a definição de protesto?
Para Silva (2005, p.1112), “protesto de títulos é a denominação genérica dada ao protesto, que se costuma fazer, como medida probatória de falta de cumprimento de obrigação firmada no título, ou para ressalva e segurança de direitos, que se geram dele”. 
Na definição do brilhante jurista Miranda, “protesto é o ato formal, pelo qual se salvaguardam os direitos cambiários, solenemente feitos perante oficial público”. (MIRANDA, 2000 p.499). 
A Lei nº. 9.492/97 o define como:
“Art. 1º - Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida.”
Agora que vimos o que é protesto de títulos, veremos como a Lei nº. 9.492/97 define a competência do tabelião de protestos.
Nessa definição das competências privativas dos tabeliães de protesto não houve alteração substancial ao que prevê a Lei nº. 8.935/94. O legislador preferiu deixar para especificar cada um dos atos no decorrer da lei específica.
Desse modo, o legislador normatizou o procedimento para que, desde a entrada do título ou documento no cartório ou no distribuidor, saibamos como será sua trajetória até a efetivação do protesto, ou melhor, ainda, até o pagamento do título.
Em princípio, vamos voltar à unidade 1, quando falamos de todas as espécies de cartórios. Como pode observar, citamoso Serviço de Registro de Distribuição. Agora, vamos conhecê-lo, pois ele só é usado para o cartório de protesto de títulos.
O cartório de distribuição é utilizado apenas nas comarcas em que existe mais de um cartório de protesto. Nessas localidades, o apresentante do título deve procurar o cartório distribuidor, para que, através das normas próprias, seja feita a distribuição do título e seu encaminhamento para o tabelionato de protesto competente. 
Após a entrada do título no cartório de protesto, o tabelião terá vinte e quatro horas para protocolá-lo, obedecendo à ordem de apresentação. Em contrapartida, o apresentante terá em mãos um recibo com todas as características do título apresentado. Sem esquecer que o apresentante é o responsável por todos os dados fornecidos.
Ao receber o título, o tabelião fará uma análise quanto à regularidade formal do título, mas não poderá recusá-lo sob o pretexto de que ocorreu prescrição ou caducidade. 
Prescrição e caducidade são importantes institutos do direito civil, que aqui só iremos conceituá-los.
Então, vejamos:
	Prescrição
	É quando ocorre a extinção do direito de ação dos titulares dos direitos civis ou comerciais. Decadência é a perda de um direito pela falta de exercício no prazo determinado pela lei.
	Caducidade
	Por sua vez, é o estado a que se chega todo ato jurídico tornado ineficaz em conseqüência de um evento surgido posteriormente. A caducidade tem como espécies a prescrição e a decadência, segundo Silva (2005, p.146), “a prescrição faz caducar a ação, a decadência faz caducar o direito”. 
Vamos falar agora sobre quais títulos poderão ser protestados:
Os documentos em moeda estrangeira, emitidos fora do Brasil, poderão ser protestados desde que acompanhados da tradução efetuada por tradutor público juramentado. Em caso de pagamento, ele será feito em moeda corrente nacional, fazendo-se a conversão na data da apresentação do título para protesto.
Para os documentos de dívida emitidos no Brasil, deve-se observar o que determina o Decreto-lei nº. 857/69, que estabelece o uso forçado da moeda brasileira em território nacional.
Quando o título apresentado a protesto for sujeito a qualquer tipo de correção, ela deverá ser feita pelo valor do dia da apresentação, pelo credor que terá responsabilidade pelo valor apurado e por todos os dados fornecidos ao tabelião. Se houver divergência, o devedor poderá fazer impugnação em Juízo.
O prazo para que o protesto seja registrado é de três dias úteis, contados da protocolização do título. Esse prazo é contado excluindo-se o dia da protocolização e incluindo o do vencimento. Lembrando-se de que, para o protesto, considera-se dia não útil aquele em que não houve expediente bancário para o público ou aquele em que este não obedecer ao horário normal.
Registrar o protesto é o ato pelo qual se comprova o inadimplemento do devedor, que, mesmo após intimado, não efetua o pagamento. Como, por determinação legal, os três dias para pagamento correm a partir do lançamento no protocolo e não do recebimento da intimação, o devedor pode se sentir prejudicado, pois, mesmo querendo efetuar o pagamento, poderá não ter tempo suficiente para providenciar o dinheiro. No caso de ocorrer o recebimento da intimação no último dia do prazo, excepcionalmente, o devedor terá até o próximo dia útil para efetuar o pagamento. 
A solução mais plausível para todo imbróglio criado acerca do prazo seria uma mudança na legislação, em que permanecesse o mesmo tríduo legal. Entretanto, a contagem do prazo se daria de forma parecida com o que prevê o art. 241 do CPC, ou seja, seria contado o prazo a partir do recebimento da intimação e não a partir da devolução desta ao Tabelionato de Protesto, o que o diferenciaria do art. 241 do CPC. (OLIVEIRA; BARBOSA, 2002, p.25).
3.1.1. Intimação dos devedores
Vimos como se conta o prazo para realização do protesto. Agora vamos ver como é feita a intimação do devedor para a aplicação do referido prazo.
Intimação, nas palavras de Afonso (2006), é: “o chamamento de certa pessoa, seja parte ou interessada no feito, a fim de que, ciente do ocorrido, possa determinar-se, segundo as regras legais, ou se sujeitar às sanções nelas cominadas”. (AFONSO, 2006, p.39).
Ao apresentar o título no protocolo, o apresentante fornece o endereço do devedor. O tabelião encaminha um representante seu ao local, ou envia, por meio dos Correios com AR (aviso de recebimento), a intimação, desde que haja um meio idôneo que confirme o recebimento da intimação. Recebida a intimação por qualquer pessoa no endereço fornecido, considera-se que o devedor foi intimado. 
A intimação deverá conter os seguintes requisitos: 
· Nome completo e endereço do devedor;
· Elementos de identificação do título ou documento de dívida;
· Caracterização da dívida ou da obrigação reproduzida pelo título ou documento de dívida, se a intimação for para aceite ou devolução do mesmo;
· Prazo para cumprimento da obrigação no Tabelionato;
· Número do protocolo e valor a ser pago pelo devedor, incluindo também os encargos a serem satisfeitos quando do pagamento;
· Esclarecimento, quando for o caso, de que o apontamento foi para protesto por falta de aceite e não de pagamento, assim intimando o sacado para aceitar ou fazer a justificativa da recusa;
· Endereço da serventia onde deverá ser cumprida a obrigação. 
Não conseguindo localizar o devedor, a intimação será feita por edital nos seguintes casos:
· O devedor do aceite ou pagamento for desconhecido;
· Estiver em localização incerta ou ignorada;
· For domiciliado ou residente fora da competência territorial do tabelionato;
· Ninguém de dispuser a receber a intimação no endereço fornecido pelo apresentante.
O edital será afixado no tabelionato de protesto e publicado pela imprensa local onde houver jornal de circulação diária. É importante ressaltar que, para publicar o edital, deve constar na intimação o motivo pelo qual ela não foi entregue ao devedor.
No caso de o apresentante fornecer endereço incorreto por má-fé, este responderá por perdas e danos, além de sanções civis, administrativas ou penais. 
3.1.2. Lavratura e Averbação
Como vimos, apresentado o título a protesto, o tabelião terá três dias para intimar o devedor a pagar. Se houver o pagamento, o protesto atingiu seu fim, que é a extinção da obrigação, mas, não havendo pagamento, o protesto será registrado em livro próprio e o devedor sofrerá as conseqüências do não pagamento, ou seja, sofrerá limitação de crédito e terá seu nome inscrito em cadastro de inadimplentes como no SERASA, SPC, CDL. 
Segundo Afonso (2006, p.42), após a apresentação do título no cartório de protesto, mas antes de sua lavratura, o apresentante pode retirar o título, desistindo do ato. Para isso, pagará os emolumentos e as demais despesas. Com a desistência, o título será devolvido ao credor que não precisa declarar o motivo de sua desistência. 
Nas palavras de Oliveira e Barbosa (2002) “é mister ressaltar que o protesto alcança seu escopo quando ocorre o cumprimento da obrigação. Assim sendo, a simples apresentação do título ou documento de dívida a protesto não obsta a negociação direta entre credor e devedor, ou seja, o devedor não fica obrigado a satisfazer a obrigação apenas no Tabelionato de Protesto. Ocorrendo o acerto da obrigação antes da lavratura do protesto, não há necessidade de concretização do ato.” (OLIVEIRA; BARBOSA, 2002, p.29). 
Há casos em que o título apresentado a protesto pode ter algum problema que prejudicaria o seu protesto, por exemplo, dúvida quanto ao valor da dívida. Nesse caso, o devedor entra com uma medida cautelar de sustação de protesto, requerendo ao juiz que comunique ao tabelião que aquele título não poderá ser protestado. Após a comunicação, o título ficará arquivado no cartório enquanto se discute a dívida na ação principal.
Após a decisão, se o juiz entendeu que havia realmente o débito, o juiz revogará a sustação do protesto e sua lavratura ocorrerá no primeiro dia útil subseqüente ao recebimentoda decisão pelo tabelião. Não há necessidade de nova intimação do devedor. 
No caso de ficar comprovado em juízo que não era hipótese de protesto, o juiz determinará a quem deve ser devolvido o título, uma vez que não se fala mais em protesto.
Sempre que o tabelião tiver qualquer dúvida quanto à sua função, deverá encaminhá-la ao juiz competente.
O pagamento do título ou documento de dívida apresentado para protesto será feito diretamente no cartório competente no valor igual ao declarado pelo apresentante, acrescido dos emolumentos e demais despesas. 
Não havendo pagamento no tríduo legal, o tabelião lavrará e registrará o protesto, devolvendo o título ou documento ao apresentante. 
O “Art. 22. informa que o registro do protesto e seu instrumento deverão conter:
I - data e número de protocolização;
II - nome do apresentante e endereço;
III - reprodução ou transcrição do documento ou das indicações feitas pelo apresentante e declarações nele inseridas;
IV - certidão das intimações feitas e das respostas eventualmente oferecidas;
V - indicação dos intervenientes voluntários e das firmas por eles honradas;
VI - a aquiescência do portador ao aceite por honra;
VII - nome, número do documento de identificação do devedor e endereço;
VIII - data e assinatura do Tabelião de Protesto, de seus substitutos ou de Escrevente autorizado.
Parágrafo único. “Quando o Tabelião de Protesto conservar em seus arquivos gravação eletrônica da imagem, cópia reprográfica ou micrográfica do título ou documento de dívida, dispensa-se, no registro e no instrumento, a sua transcrição literal, bem como das demais declarações nele inseridas”.
Assim como na lei de protesto, existem vários termos técnicos. Vamos dar algumas definições para melhor compreensão do estudo a ser feito:
	SACADOR
	É aquele que dá a ordem de pagamento, determinando que certa quantia seja paga por uma pessoa à outra
	SACADO
	É aquele a quem a ordem é dirigida e que deverá realizar o pagamento ordenado;
	TOMADOR
	É o beneficiário da ordem de pagamento;
O protesto poderá ser obrigatório ou facultativo. Será obrigatório quando constituir elemento fundamental para o exercício do direito de regresso, uma vez que se trata de formalidade indispensável para a utilização desse direito contra os obrigados indiretos, ou seja, sacador, avalistas e endossantes.
Moraes (2004) afirma que ”a maioria dos autores concorda que o prazo para que o portador possa apresentar o título para protesto por falta de pagamento, garantindo-lhe o direito de regresso contra os obrigados indiretos, é o primeiro dia útil após o vencimento do mesmo”. (MORAES, 2004, p.75).
A regra, no protesto obrigatório, é a apresentação do título a protesto no primeiro dia útil após o vencimento, mas, na duplicata, o prazo será de trinta dias e, no cheque, trinta dias na mesma praça e sessenta dias quando de praças distintas. 
O protesto será facultativo quando sua função for meramente comprovar a mora do devedor. Nesse 
Caso, não há que se falar em prazo, visto que o título poderá ser protestado até após sua prescrição. O protesto será feito por falta de pagamento, de aceite ou de devolução.
Silva (2004) define protesto por falta de pagamento como sendo “o ato pelo qual o portador entrega o título ou documento de dívida ao tabelionato de protesto para que intime o devedor da mora e que efetue o pagamento ou manifeste os motivos porque deixa de pagar sob pena de protesto”. (SILVA, 2000, p.44). 
O protesto, por falta de pagamento só pode ser efetuado após o vencimento do título, é o mais comum. O protesto por falta de pagamento é o único meio válido para que o portador possa exercer seus direitos de cobrança de título contra os devedores indiretos, ou seja, o sacador, os endossantes e os respectivos avalistas.
Vamos analisar os conceitos de direito cambiário. Sacador é o emitente do título. Endossante, nas palavras de Silva (2005), “quer dizer declarar nas costas de um título que seja o mesmo pago a outrem, que não o primitivo proprietário dele, quer o vocábulo justamente determinar a pessoa, que promove essa declaração, efetivando a transferência do título para outra pessoa”. (SILVA, 2005. p.528). 
Aval, nas palavras de Coelho (2002):
 É o ato cambial de garantia, uma pessoa, chamada avalista, garante o pagamento do título em favor do devedor principal ou de um coobrigado. O devedor em favor de quem foi garantido o pagamento é chamado avalizado. A obrigação do avalista é autônoma em relação à do avalizado. Eventual nulidade da obrigação do avalizado não compromete a do avalista. (COELHO, 2002, p.250). 
Desse modo, o avalista responde pelo pagamento do título perante todos os credores do avalizado e, uma vez realizado o pagamento, poderá voltar-se contra todos os devedores do avalizado, além do próprio avalizado. Exemplificando:
O protesto de cheques requer alguns cuidados. De acordo com Afonso (2006), “a Corregedoria do Estado de Minas Gerais, através dos Provimentos de nº 20, de 25/08/97 e nº 129, de 02/12/2004, determina que serão irregulares os apontamentos a protesto no caso de cheques devolvidos pelo banco sacado, pelos motivos correspondentes aos números abaixo mencionados, que são previstos por normas instituídas pelo Banco Central do Brasil, através da Carta-Circular nº 7. 2.692, de 18/10/96, e Circular nº. 2.313, de 26/05/93:
· 20 (folha de cheque cancelada por solicitação do correntista);
· 25 (cancelamento de cheque pelo banco sacado);
· 28 (contra-ordem ou revogação ou oposição ou sustação ao pagamento, ocasionado por furto ou roubo);
· 30 (furto ou roubo de malotes) e,
· “35 (cheque fraudado, emitido sem prévio controle ou responsabilidade do estabelecimento bancário (cheque universal), ou ainda com adulteração da praça sacada)”.
Desse modo, para se levar o cheque a protesto, primeiro ele tem que ter sido apresentado ao Banco e não pago. Mas, só poderá ser protestado se o motivo da devolução do cheque não for os acima listados. Exemplo: Cheque devolvido por ausência de fundos poderá ser protestado. 
 No protesto por falta de aceite, o sacador dá uma ordem de pagamento ao sacado em favor de um terceiro ou dele próprio. 
Silva (2004) afirma que: 
A finalidade do protesto por falta de aceite é de comprovar a recusa do sacado em reconhecer a obrigação vinculada ao título de crédito. Falamos em título de crédito, pois só é possível, em se tratando de protesto de duplicata ou letra de câmbio, títulos emitidos pelo emitente ou pelo sacador. A única finalidade de tal protesto é de provar a diligência do credor em obter o cumprimento da obrigação de aceitar por parte do devedor. Se este se dispuser a aceitá-lo, aí sim ficaria vinculado ao título com todas as obrigações decorrentes do ato de aceite. O título seria, então, aperfeiçoado, ou seja, seria líquido e certo, faltando apenas vencer para tornar-se exigível. (SILVA, 2004, p.42). 
Morais (2004) por sua vez, diz que: 
O aceite pode ser parcial, obrigando-se o aceitante pela parte que aceitou, restando recusada a outra. Mas o protesto é do título inteiro, porque, segundo o principio na unitariedade, não há protesto parcial, com cisão do título. A letra de câmbio com vencimento à vista não comporta apresentação para aceite porque vence no mesmo momento da apresentação, com o qual coincide. (MORAES, 2004, p.58). 
Sander (2005) O prazo legal para devolução do título é até o vencimento. Um título com vencimento no dia 10 de janeiro poderá ser devolvido ate às 24 horas do mesmo dia 10 de janeiro. Ao primeiro minuto no dia 11 não poderá o sacado proceder à devolução pelo esgotamento do prazo legal. Ora, nesta ocasião o título estará vencido e, conforme já foi explicitado só cabe protesto por falta de pagamento. (SANDER, 2005, p.114).
O protesto por falta de devolução é apenas na letra de câmbio e duplicata. O sacado, ao receber a letra de câmbio, para dar o aceite, deve devolvê-la no prazo legal ou pedir que seja apresentada uma segunda vez no dia seguinte, mas não pode retê-la. Quando o sacado retiver a letra de câmbio

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