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O ESTADO DO PARÁ E O FEDERALISMO

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MUNICIPALISMO E FEDERALISMO: UMA HOMENAGEM HISTÓRICA ÀS CONSTITUIÇÕES DO PARÁ
1. À GUISA DE INTRODUÇÃO
Durante o Império, o Pará era uma Província com a mesma estrutura político-administrativa das demais. Segundo os preceitos da Constituição Imperial de 1824 (arts. 71-89), eram organizações potestativas provinciais: o Conselho Geral da Província, que atuava como Poder Legislativo; o Presidente da Província, respondendo pelo Poder Executivo; e o Poder Judiciário, com a estrutura ampliada dos antigos Tribunais da Relação, existentes até a Colônia. As Câmaras Municipais, já existentes no período colonial, também foram mantidas.
Em 1834, o Ato adicional à Constituição substituiu os Conselhos Gerais pelas Assembleias Provinciais e estabeleceu que a Assembleia do Pará seria composta por 28 membros, número aumentado para 36 por ordem da Princesa Isabel, em 1887 (FEITOSA, 1999, p. 25,92). Antes da instalação do Poder Legislativo estadual eclodiu a Revolta da Cabanagem, em 1835, e somente em 1838 é que se deu a organização da Assembleia Provincial do Pará (FEITOSA, 1999, p. 50-51).
O Ato Adicional de 1834, e as resoluções que o seguiram, esvaziou substancialmente as funções e as competências das Câmaras Municipais, transferindo-as às Assembleias Provinciais. Por exemplo, passou a ser competência das Assembleias legislar sobre: polícia e economia municipal (precedendo propostas das Câmaras), fixação das despesas municipais e impostos (cabendo às Câmaras apenas propor meios utilizar as receitas), repartição de contribuição entre os municípios e Província, fiscalização do emprego das rendas públicas da municipalidade e sobre a criação e a supressão de empregos municipais (FEITOSA, 1999, p. 28).
O regime imperial brasileiro, que em sua gênese buscou nas Câmaras mirins legitimidade para sua implantação e consolidação constitucional, retirou os poderes e competências destas em favor das Províncias e do mecanismo centralizador que foi implantado durante o Segundo Império. 
Ao contrário da independência de 1822, que encontrou no Pará forte resistência, a Proclamação da República gerou rapidamente seus efeitos. É fato que a fundação de um clube republicano no Estado foi tardia, ocorrendo apenas em 1886, e que nas primeiras eleições nenhum republicano conseguiu vitória. Mas, as forças republicanas, poucos dias após o “15 de Novembro”, destituíram o último governador de Província, Silvino de Albuquerque, e implantaram um governo provisório que foi sucedido por outro, até a instalação do Congresso Constituinte, responsável pela elaboração da Constituição do Estado do Pará, e por regulamentar as primeiras eleições para o Governo do Estado (ROCQUE, 2001, p. 79-81).
Dessa forma, iniciou-se a fase republicana da história paraense. Os períodos que se seguem são os mesmos que marcam o republicanismo do Brasil.
Faz-se um breve e resumido histórico, sendo apresentadas remissões textuais das diversas Constituições Estaduais, bem como das principais reformas que foram adequando a atuação estatal à dinâmica político-administrativa do federalismo brasileiro, com ênfase para a repartição de competências e para o municipalismo.
2. A CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DE 1891
A primeira Constituição do Estado do Pará foi promulgada em 22 de junho de 1891. No seu preâmbulo se lia: “Nós os representantes do povo paraense, reunidos em Congresso Constituinte para organizar um regimen livre é democratico, decretamos e promulgamos a seguinte Constituição do Estado do Pará”[footnoteRef:1]. Foi presidente do Congresso Constituinte do Estado do Pará: Senador José Paes de Carvalho, e a diretoria era formada pelo Senador Paes de Andrade (Vice-presidente) e pelos deputados: Virgilio da Bohemia Sampaio (1° Secretario) e Cypriano José dos Santos (2° Secretario). [1: Todas as citações das Constituições estaduais do Pará foram retiradas da obra: Constituições do Pará: 1889 a 1991, da editora Cejup.
] 
Foram constituintes: Barão de Cametá, Antonio Marçal, Francisco da Silva Miranda, Francisco de Moura Palha, Antonio José de Lemos, Padre Antonio Ferreira da Silva Franco, Diogo Henderson, Joaquim Barbosa de Amorim, Fulgencio Firmino Simões, Virgilio Martins Lopes de Mendonça, José Joaquim de Moraes Sarmento, Victorio Gonçalves de Castro, Joaquim Francisco de Mendonça Junior, Barão de Tapajós, Amado Joaquim da Silva, Leonel David d'Oliveira, Raymmundo Joaquim Martins, Bazilio Magno d'Araujo, Diogo Hollanda de Lima, Augusto de Borborêma, José Caetano Pinheiro, Phileto Bezerra da R. Moraes, Marcos Antonio Nunes, José Ferreira Teixeira, João Marques de Carvalho, Carlos Augusto V. Novaes, Francisco Rabella Mendes, José A. Watrin, Manoel Vianna Coutinho, Bartholomeu Ferreira, Antonio Joaquim da Silva Rosado, Gonçalo de Lima Ferreira, 1° Tenente da Armada Manoel Ignacio da Cunha, João Antonio Luiz Coelho, Antonio Joaquim Rodrigues dos Santos, Francisco Leite Chermont, Domingos Rodrigues de Novaes.
O primeiro governador constitucional do Pará foi Lauro Sodré, paraense nato, cumprindo condição imposta pelo texto da Constituição Estadual. A este seguiu uma série de governantes que marcaram seus nomes na história da Primeira República, como: Paes de Carvalho (primeiro governador eleito pelo voto direto), Augusto Montenegro (primeiro eleito duas vezes consecutivas pelo voto direto), João Coelho, Enéas Martins, Souza Castro, Dionísio Bentes e Eurico de Freitas Vale, sendo este último deposto pela Revolução de 1930. Nesse período, a Constituição do Pará, aprovada no mesmo ano da Constituição Federal, ou seja, em 1891, foi reformada em três oportunidades, 1904, 1915 e 1927. Os primeiros artigos da Carta de 1891 estabeleciam: a conversão da antiga Província em Estado do Pará, asseverando que passava a fazer parte da República dos Estados Unidos do Brazil (art. 1°); a autonomia do Estado por meio do exercício de seus poderes (art. 2°); e a existência de um Poder Legislativo que seria exercido por duas Câmaras: dos Deputados e dos Senadores (art. 4).
A Constituição Federal de 1891 legou aos Estados a regulamentação da autonomia municipal. Não obstante, a grande maioria deles procurou tornar os municípios organizações subordinadas, portanto sem verdadeira autonomia. A Constituição do Pará não fugiu a essa regra, visto que em seu art. 22 estabelecia a competência do Congresso do Estado para ingerir em diversos assuntos municipais, como: resolver sobre limites dos municípios; conceder subsídios às municipalidades; anu- lar resoluções das intendências municipais que infringissem as leis federais e do Estado ou ofendessem direitos de outros municípios. Cabia ainda ao Congresso legislar sobre outros assuntos, dentre os quais se destaca: regime municipal, apesar de afirmar o texto que esta atividade legiferante deveria ser realizada “[…] sem quebra da autonomia do município” (art. 22, inciso 17).
As competências administrativa e legislativa do Estado eram bem definidas, e aos municípios era garantida a autonomia, mas sem os instrumentos que a respaldassem. Essas unidades políticas tiveram espaço formal destacado no texto constitucional de 1891, fazendo jus a um título, com dois capítulos e oito artigos. Estabelecia o art. 56 que Município era autônomo e independente na gestão de seus negócios, desde que não infringisse as leis federais e estaduais. O poder municipal era exercido por um conselho meramente deliberativo e por um intendente, presidente do Conselho e executor de suas resoluções (art. 57). O Conselho municipal tinha mandato de seis anos (art. 57, § 1), enquanto o intendente possuía mandato de três anos (art. 57, § 2), ambos eleitos por voto direto (art. 57, § 3).
Vigorava, à época, o sistema das intendências, sendo em Belém instituído o Conselho de Intendência Municipal, em 1890, que substituiu a Câmara Municipal, existente desde o Império. Em 1891, foi criado pela Lei Orgânica dos Municípios o cargo de intendente municipal, hoje correspondente ao prefeito (ROCQUE, 2001, p. 89). Segundo o art. 59 da Constituição Estadual, as atribuições do Conselho seriam aquelas relativasàs questões típicas da administração municipal, e a competência legislativa seria exercida por meio de resoluções, restringindo-se a regulamentação de assuntos como: desapropriações, posturas municipais, criação de impostos, alienação de bens, criação de empregos municipais etc.
Dizia a Constituição que lei ordinária, a ser elaborada pelo Congresso Estadual, definiria outras competências do Conselho Municipal. Além disso, como se destacou, qualquer resolução das Intendências poderia ser anulada pelo Congresso, caso infringisse leis federais e estaduais ou ofendesse direitos de outros municípios.
Foi durante o governo de Antonio Lemos, como intendente em Belém, e de Augusto Montenegro, como governador do Estado, que o Congresso Estadual reformou a Constituição de 1891. A reforma era instrumento previsto pelo art. 73 da Constituição de 1891, sendo que a perpetrada em 1904 trouxe poucas alterações ao texto constitucional, haja vista que seu principal objetivo era a reeleição de Augusto Montenegro (que governou o Estado por oito anos), mas em alguns pontos representou avanços, com destaque para a forma- tação e a apresentação do texto, mais adequado à técnica legislativa (ROCQUE, 2001, p. 94). Foram mantidas: a autonomia do Estado, restringindo a intervenção da União apenas aos casos previstos no art. 6° da Constituição Federal de 1891; a estrutura dos poderes, definindo com mais precisão sua composição e funcionamento (arts. 15 e 18); e a essência das competências legislativas do Estado, podendo ser destacado o “item” 13°, do art. 21°, que estabelecia a competência do Congresso estadual para:
Annullar, dentro do primeiro ano em que dellas tiver conhecimento as resoluções e leis dos Governos municipais que infrinjam as leis federais ou as do Estado, ou offendam direitos de outros municípios, e decidir os recursos interpostos das eleições municipaes.
Mantendo-se, ainda, a competência do Congresso de legislar sobre o regime municipal, sem quebra de autonomia; e ao governador do Estado a competência de suspender as leis e resoluções dos municípios (art. 21°, inciso 19°). Ficava inalterada a autonomia municipal e sua administração por intermédio do Conselho e da Intendência. O Conselho, com poderes deliberativos, e o intendente, como presidente e executor de suas ordens (art. 68), ambos eleitos por sufrágio direto. Os vogais do Conselho não recebiam proventos pelo trabalho, mas o intendente sim (art. 68, § 4). Suas atribuições eram basicamente as mesmas do texto de 1891 (art. 71).
O art. 86 da Reforma de 1904 estabeleceu a revisão integral da Constituição Estadual a cada doze anos, para verificar as disposições que precisavam ser reformuladas. Assim, em 1915, nova alteração se deu no texto constitucional. No Governo de Enéas Martins, iniciado em 1912, ocorreu a Revisão ou Reforma da Constituição. Desse trabalho revisional, o que se pode é o aumento da intervenção estadual nos municípios, por intermédio do Congresso do Estado. Além das competências já existentes e citadas, surgiram outras, como: conceder subsídios aos municípios (art. 22, 8°) e aprovar ou não as leis relativas a operações de empréstimos municipais (art. 22, 14). O governador do Estado também passou a ingerir com maior intensidade, pois lhe competia verificar a constitucionalidade dos impostos criados pelas municipalidades, bem como a aplicação dos valores arrecadados, podendo suspender a vigência de resoluções municipais que tratassem sobre impostos (art. 40, 12). Além disso, passou o chefe do Poder Executivo a nomear e demitir livremente o intendente da capital, Belém (art. 40, 19; art. 69, § 2°).
Introduziu pela primeira vez a expressão que marcaria a designação das competências municipais, até antes da C.F./1988, qual seja o “peculiar interesse”. Dizia assim o art. 68: “Os Municípios serão autônomos em tudo quanto disser respeito ao seu peculiar interesse, dentro dos princípios e normas constitucionais da União e do Estado”. Ficaram mantidos, ainda, o Conselho e o intendente, eleitos por sufrágio direto, com exceção da intendência da capital, não havendo grandes alterações em suas competências administrativas e legislativas.
Diversos fatos marcantes da história do Pará ocorreram entre a Revisão Constitucional de 1915 e a que se seguiu em 1927, como o retorno de Lauro Sodré ao Governo do Estado, a crise econômica que assolou o Pará e revoltas militares, bem como a eleição de Dionísio Bentes para o Executivo estadual. Foi durante o governo deste último que ocorreu a terceira revisão constitucional (1927), obedecendo ao prazo estabelecido pelo art. 86, parágrafo único, do texto constitucional reformado de 1904 (FERREIRA, J., 2003, p. 124-125). Modificações dignas de nota são duas. Primeiramente, a ampliação da competência do Governador do Estado para nomear e demitir livremente todos os Intendentes municipais (art. 39, 18) e não mais apenas o Intendente da capital, como preceituava o texto da Reforma de 1915. A segunda, a competência do Conselho Municipal de eleger seu presidente e vice-presidente, não havendo mais a imposição de que tal cargo fosse ocupado pelo intendente (art. 68).
3. AS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS DE 1935 E DE 1945
A Revolução de 1930 ocasionou no Pará a deposição de Eurico Vale e a implantação de uma Junta de Governo Militar, que dissolveu o Congresso Estadual e, a seguir, impôs o nome de Joaquim de Magalhães Cardoso Barata como interventor federal no Pará, cargo que ocupou até 1934. Sucedeu-o Gama Malcher, que governou entre 1935 e 1943, inicialmente como governador eleito e, a seguir, durante o Estado Novo, como interventor (FERREIRA, J., 2003, p. 126).
Em 1935, foi promulgada a segunda Constituição do Estado do Pará, publicada em 2 de agosto daquele ano. Dizia o Preâmbulo: “Confiados em Deus Todo Poderoso, nós, os representantes do Povo Paraense, em Assembléa Constituinte, estatuimos e promulgamos a seguinte Constituição do Estado do Pará”. Os constituintes foram: Manoel Innocencio Pires Camargo, Ernestino Souza Filho, Franco Paulino dos Santos Martyres, Aladio Pauxis, Alberto Barreiros, Aldebaro Cavalleiro de Macêdo Klautau, Annibal Duarte d'Oliveira, Antonino de Oliveira Mello, Antonino Emiliano de Sousa Castro, Antonio da Silva Magno, Aristides dos Reis e Silva, Bernardo Borges Pires Leal, Bianor Martins Penalber, Djalma da Costa Machado, Eurico Claudino Tavares Romariz, João Anastacio de Queiroz, João Ferreira Sá, José Alves Dias Junior, José Jacintho Aben-Athar, José João da Costa Botelho, Octavio Augusto de Bastos Meira, Octavio Oliva, Pedro Nunes Rodrigues, Raymundo Magno Camarão, Samuel Mac-Dowell, Synval da Silva Coutinho, Thomaz Augusto Vianna Carvalló.
 Cuidava o art. 1° de estabelecer que o Estado, como componente da República dos Estados Unidos do Brasil, exerceria todos os poderes que não tivessem sido, pela Constituição Federal, atribuídos privativamente à União. A Constituição substituiu o Congresso Estadual pela Assembleia, agora representante do Poder Legislativo estadual (art. 3°). Havia duas classes de deputados, os deputados do povo, eleitos diretamente, e os deputados das profissões, eleitos indiretamente (art. 4°). As competências da Assembleia eram bem delimitadas, havendo também competências de caráter residual, ou seja, aquelas não excluídas da competência estadual pela Constituição Federal. Assim, podia “Regular, suprindo ou complementando a legislação federal” em diversas temáticas listadas (art. 18, 10°).
Permaneceu a autonomia dos municípios no tocante aos assuntos de seu “peculiar interesse” (art. 61), sendo que sua administração, seus direitos e seus interesses próprios seriam regulados por Lei Orgânica elaborada pela Assembleia Estadual (art. 62). Os prefeitos e vereadores seriam eleitos por voto direto e secreto, com exceção do prefeito da capital, que seria nomeado pelo governador do Estado (art. 62, 1°, parágrafo único). Uma série de situações respaldadoras da intervenção do Estado nos municípios também foi explicitada no texto constitucional (art. 63).
As principais competênciasconferidas aos municípios consistiam em matéria tributária, ou seja, relativas à decretação de impostos e taxas (art. 66), mas ficava preceituado que leis, resoluções e atos municipais deveriam ser anulados pela Assembleia Legislativa quando contrários à Constituição e às leis federais e estaduais, se ofendessem direitos e interesses de outros municípios e quando fossem gravosos, tratando de impostos (art. 69).
Um fato deve ser atentado. Até a primeira metade da década de 1930, o Brasil havia tido duas constituições republicanas, a de 1891 e a de 1934. O Estado do Pará, por sua vez, também havia tido duas, a de 1891 e a de 1935, obviamente seguindo o modelo proposto pelas Cartas federais. Contudo, em 1937, o Brasil conheceu sua terceira Constituição quando foi implantado um regime de exceção, a ditadura varguista. Nesse período, um sistema excessivamente centralizador foi soerguido, não havendo a formatação de Constituições Estaduais, em um primeiro momento.
Então, como explicar que, em 1945, no final do Estado Novo, um texto constitucional foi elaborado e outorgado no Pará? A resposta está no Decreto-lei n° 8.063, de 10 de outubro de 1945, da lavra de Getúlio Vargas, que dispunha sobre as eleições para governadores e assembleias legislativas dos Estados, e estabelecia em seu art. 2° que os interventores ou governadores deveriam outorgar, em um prazo de 20 dias, a contar da data da publicação do Decreto-lei, cartas constitucionais dos Estados, conforme preceituava o art. 181 da Constituição Federal de 1937. Ou seja, nos últimos momentos do Estado Novo, oito anos após o início da outorga da Carta de 1937, tentou-se impor um texto constitucional aos Estados, com o desejo óbvio de manter um modelo de Governo e de Estado que não se sustentava mais.
No Pará, essa tarefa coube a Magalhães Barata, que havia retornado à Interventoria Federal no Estado, em 1943, procedendo a outorga da nova Constituição, a terceira da história paraense, em 1945. Tal carta refletia, ainda, as bases ditatoriais do Estado Novo. No Preâmbulo da Constituição se lia: “O Interventor Federal no Estado do Pará, no uso das atribuições que lhe confere o art. 181 da Constituição Federal e na conformidade do art. 2 do Decreto-lei 8.063, de 10 de outubro de 1945, invocando o nome de Deus, outorga a seguinte Constituição, que se cumprirá desde hoje em todo o território do Estado do Pará”. 
A essência da Carta de 1935 foi mantida, até pelo pouco tempo em apresentar grandes modificações ao novel texto. A organização dos poderes estaduais não sofreu alterações. O legislativo seria exercido pela Assembleia eleita diretamente (art. 4°); o Poder Executivo, exercido pelo governador do Estado ou por interventor federal (art. 31), com mandato de seis anos; bem como o Poder Judiciário, com estrutura peculiar (art. 44).
Havia um Título para tratar “Da organização municipal”, em que se garantia a autonomia dos municípios quanto aos assuntos de seu peculiar interesse (art. 56). Contudo, a autonomia não se manifestava na eleição dos prefeitos, que agora eram todos nomeados livremente pelo governador (art. 57). As Câmaras Municipais foram mantidas, com eleição direta para seus membros (art. 58). Todas as leis municipais que tratavam de questões financeiras ou tributárias deveriam ser encaminhadas a determinado órgão estadual, bem como documentos contábeis dos municípios (art. 59). Além disso, foram estabelecidas situações em que as leis municipais poderiam ser anuladas pelas Assembleias Legislativas (art. 65) e restringidos os empréstimos contraídos sem a autorização da Assembleia Estadual (art. 66), como já preceituava a Constituição de 1935. A vigência da Constituição de 1945 foi curtíssima, pois, sendo publicada no dia 30 de outubro de 1945, considera-se superada juridicamente no dia 1º de novembro do mesmo ano, na medida em que o Decreto-lei n° 8063/1945 e todos os atos dele decorrentes foram revogados por outro Decreto-lei, o de n° 8155, de 1º de novembro de 1945, assinado por José Linhares. Era o fim do Estado Novo e da vigência de todas as Cartas constitucionais estaduais, outorgadas açodadamente já em seu ocaso (FERREIRA, J., 2003, p. 129).
Seguiram-se ao governo interventor de Magalhães Barata os de Lameira Bittencourt (1945), Zacarias de Assumpção (1945), Maroja Neto (1945), Otávio Meira (1946), José Faustino (1946), todos interventores, e o de Moura Carvalho, em 1947, este governador eleito.
4. A CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DE 1947
Somente no governo de Moura Palha o Pará teve uma nova Constituição, que continha 135 artigos e mais onze transitórios, a maior Carta até então. Na Constituinte de 1947 destaca-se a atuação da primeira mulher que foi eleita deputada estadual, Rosa Pereira (FERREIRA, J., 2003, p. 130). A Constituição de 1947 era de cunho democrático, expresso desde seu Preâmbulo, que declarava: “Nós os representantes do povo paraense, reunidos, sob a proteção de Deus, em Assembléia Constituinte, num regimen democrático, decretamos e promulgamos a seguinte CONSTITUICAO POLÍTICA DO ESTADO DO PARÁ”. Foram constituintes: Teixeira Gueiros, Lindolfo Mesquita, Clementino de Oliveira, Silvio Meira, Santana Marques, Wladimir Santana, Célio Lobato, Rosa Pereira, João Camargo, João Menezes, Balduino Ataíde, Cupertino Contente, Francisco Pereira, Lauro Melo, Nunes Rodrigues, Ney Peixoto, Porfírio Neto, Francisco Bordalo, Lobão da Silveira, Enéas Barbosa, Reis Ferreira, Antônio Sabóia, Aldebaro Klautau, Abel Figueiredo, Flávio Moreira, Silvio Braga, Celso Malcher, Juvêncio Dias, Serrão de Castro, Augusto Correa, Licurgo Peixoto, Prisco dos Santos, Graciano Almeida, Rodrigues Viana, José Maria Chaves, Antônio Caetano, Diogo Costa.
Mas, assim como a Constituição Federal de 1946, teve como ponto de partida a Carta de 1934, a Constituição do Pará de 1947, foi claramente influenciada pela Constituição de 1935, sendo as alterações apenas pontuais. Não havia mais “tipos” de deputados estaduais, entretanto tal mudança já havia sido implantada pela Constituição outorgada de 1945. A listagem de competências estaduais foi ampliada, mas a essência não se alterou. Foi conservada a possibilidade de legislar sobre “todas as demais matérias não excluídas da competência do Estado, pela Constituição Federal” (art. 23°, 5), bem como a competência suplementar ou complementar de legislar sobre temas específicos designados pela Constituição Federal. Quanto à organização municipal, as mudanças foram mais significativas. Estabelecia o art. 73° que a autonomia dos municípios seria assegurada pela eleição do prefeito e dos vereadores; pela administração própria, quanto ao seu peculiar interesse; pela decretação e arrecadação dos tributos, pela aplicação de suas rendas e organização dos serviços públicos locais. Entretanto, restaram resquícios antidemocráticos, visto que o governador do Estado poderia demitir ad nutum os prefeitos da capital; dos municípios onde houvesse estâncias hidrominerais naturais, beneficiadas pelo Estado e pela União; e daqueles que a lei federal declarasse a existência de bases ou portos militares de excepcional importância para a defesa externa do país (art. 73°, parágrafo único).
As competências tributárias municipais também foram ampliadas (arts. 74°-76°), bem como estabelecidos percentuais mínimos de investimentos em ensino, 20%, e máximo em pessoal, 50% (arts. 80°, 81°). Havia restrição quanto a empréstimos, sem autorização da Assembleia Legislativa e do Senado Federal (art. 84°), e a designação de que a Lei Orgânica dos Municípios fixaria a divisão territorial, o número de vereadores, as condições de elegibilidade destes, entre outras questões, afirmando que deveriam ser observados, no que coubesse, os princípios estatuídos pela Constituição e leis federais (art. 85°). Essa Constituição destinou 22 artigos aos municípios, o dobro da Constituição de 1935.
Após a renúncia do governador eleito, Moura Carvalho, em 1950, o cargo foi ocupado por diversos interinos: Valdir Bouhid (1950-1951), Alberto Engelhard (1950), Arnaldo Lobo (1951), AbelFigueiredo (1951). Apenas em fevereiro de 1951, Zacarias de Assumpção foi eleito governador do Estado, com mandato até 1956. Magalhães Barata ainda retornaria ao Governo do Estado entre 1956 e 1959, eleito pelo voto popular pela primeira vez, sendo substituído pelo vice-governador Moura Carvalho, sucedido em 1961 por Aurélio do Carmo, o último governador eleito antes do Golpe de 1964 (FERREIRA, J., 2003, p. 131-133).
Aurélio do Carmo governou entre 1961 e 1964, quando teve seu nome incluído entre os políticos que foram cassados pelo Golpe Militar, juntamente com o vice-governador, o prefeito e vice-prefeito de Belém, além de diversos deputados e vereadores. A “Revolução”[footnoteRef:2] de 1964 depôs Aurélio do Carmo e designou para assumir o Governo do Pará o deputado Dionísio Bentes. Poucos dias depois, a Assembleia Legislativa elegeu para o Governo do Estado Jarbas Passarinho, que ocupou o cargo até 1966, quando eleições diretas conduziram ao Governo Alacid Nunes, candidato dos militares (FERREIRA, J., 2003, p. 134-135). [2: Com relação à discussão sobre o conceito e a natureza de revolução, ler: DANTAS, Ivo. Teoria do Estado contemporâneo. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 107-122.
] 
5. A CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DE 1967 E A EMENDA N° 1 DE 1969
Foi durante o Governo de Alacid Nunes, em 1967, que a Assembleia Legislativa decretou e promulgou a quinta Constituição do Estado do Pará, com 184 artigos e doze disposições transitórias.
A Constituição Estadual de 1967 guarda em seus primeiros capítulos essência democrática, estabelecendo como princípios fundamentais a serem observados pelo Estado, dentre outros: a forma republicana representativa, a temporalidade dos mandatos, a independência e harmonia entre os poderes e a autonomia municipal (art. 6°). O Preâmbulo dizia: “Assembléia Legislativa do Estado, invocando a proteção de Deus, decreta e promulga a seguinte Constituicão Política do Estado do Pará”. O presidente em exercício da Constituinte foi Abel Nunes de Figueiredo, também compunham a Mesa Diretora: Ney Rodrigues Peixoto (2° Vice-Presidente), Simpliciano Fernandes de Medeiros Junior (3° Vice-Presidente), Alfredo Ferreira Coelho (1° Secretário), Antonio Guerreiro Guimaraes (2° Secretário), Antônio Eulálio Mergulhão (3° Secretário) e Santino Sirotheau Corrêa (4° Secretário). Os constituintes foram: Américo Natalino Carneiro Brasil, Alfredo Jacob Gantuss, Antonino da Rocha Leonardo, Arnaldo Corrêa Prado, Antonio Alves Teixeira, Antônio Nonato do Amaral, Abbas dos Santos Arruda, Amyntor de Paula Cavalcante, Acindino Pinheiro Campos, Carim Jorge Melem, Carlos Costa de Oliveira Dário Veloso de Oliveira Dias, Eladio Corrêa Lobato, Francisco de Freitas Filho, Gonçalo Vieira Duarte, João Luiz dos Reis, Joao Augusto Figueiredo de Oliveira, Jorge Wilson Arbage, Julio Walfredo de Aguiar, Lourenço Alves de Lemos, Mário dos Santos Cardoso, Mario Queiroz do Rosario, Nicolino de Castro Campos, Oswaldo do Brabo de Carvalho, Victor Hilario da Paz, Arnaldo Moraes Filho, Alvaro de Oliveira Freitas, Fernando Guilherme Menezes de Barros, Julio da Costa Viveiros, Jose Massoud Ruffeil, Rodolfo Chermont Junior e Vicente de Paula Queiroz 
Ao Estado foram reservados os poderes não conferidos à União e aos municípios, pela Constituição Federal (art. 8°), além de competências legislativas próprias, melhor definidas. Enquanto na Constituição de 1947 a competência para legislar era resumida em seis itens (art. 23°, j), na Constituição de 1967 foram listados quatorze incisos ao art. 60, além das competências suplementar e complementar, explícitas e implícitas. Destaca-se que as competências tributárias foram muito bem detalhadas e definidas (art. 11°).
Quanto aos municípios, permaneceram os critérios definidores e garantidores da autonomia municipal, conforme já preceituado na Constituição de 1947. Mantida, também, a nomeação de determinados prefeitos, uns pela Assembleia Legislativa, como o prefeito da capital e de municípios considerados estâncias hidrominerais; outros pelo presidente da República, como os prefeitos daqueles declarados de interesse da segurança nacional (art. 17).
Como fizeram as Constituições do Pará, desde a primeira, em 1891, foi delegada à Lei Orgânica dos Municípios a regulamentação de diversas questões peculiares aos assuntos municipais, desde que observados os princípios constitucionais e as leis federais (art. 22). O art. 34 estabelecia as competências municipais, que se resumiam a decretar impostos, perceber o produto de impostos federais e estaduais e participar de fundos e cotas orçamentárias estabelecidos na Constituição Federal. A preocupação com questões tributárias é marcante no texto da Constituição do Pará de 1967.
Essa Constituição foi a que mais espaço designou aos municípios, antes da Constituição de 1989. Perceba-se que o detalhamento dos assuntos municipais foi crescendo em cada um dos textos constitucionais, tanto federais como estaduais, redundando, já na redemocratização, o reconhecimento dos municípios como entes da Federação.
Ainda no Governo de Alacid Nunes foi promulgada a Emenda Constitucional n° 1, de 29 de outubro de 1969, nos mesmos moldes da Emenda n° 1, de 17 de outubro de 1969, que alterou a Constituição Federal de 1967 e que é considerada por alguns como uma nova Constituição, e não apenas uma emenda, tamanha a abrangência das mudanças trazidas no texto.
O preâmbulo da Emenda Constitucional n° 1/1969 é composto de uma série de considerações justificadoras do emendamento, citando os Atos Institucionais n° 5°, n° 16, e a própria Emenda Constitucional n° 1 à Constituição do Brasil, deliberando que, conforme o art. 200 da referida Carta, as disposições trazidas pela Emenda n° 1/1969 ficariam incorporadas ao texto das Constituições Estaduais, e que essa incorporação deveria ser formalizada por meio de Emenda à Constituição Estadual. Cita-se o texto abaixo:
O GOVERNADOR DO ESTADO DO PARA, no uso das atribuições que lhe confere o parágrafo 1 do artigo 29 do Ato Institucional no 5, de 13 de dezembro de 1968, e,
CONSIDERANDO que, nos termos do Ato Complementar no 49, de 27 de fevereiro de 1969, foi decretado, a partir dessa data, o recesso da Assembléia Legislativa do Estado;
CONSIDERANDO que, decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo Estadual está autorizado a legislar sobre todas as matérias, conforme disposto no parágrafo 1, do artigo 2° do Ato Institucional no 5, de 13 de dezembro de 1968;
CONSIDERANDO que, a elaboração de Emendas à Constituição, compreendida no processo legislativo (item I, do artigo 62, da Constituição Estadual) está na atribuição do Poder Executivo Estadual;
CONSIDERANDO que, os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, no exercício das atribuições que lhes confere o artigo 3 do Ato Institucional no 16, de 14 de outubro de 1969, combinado com o disposto no parágrafo 1° do artigo 2 do Ato Institucional n 5, de 13 de dezembro de 1968, promulgaram a EMENDA CONSTITUCIONAL No 1, de 17 de outubro de 1969, à CONSTITUIÇÃO DO BRASIL;
CONSIDERANDO que o artigo 200 da CONSTITUIÇÃO DO BRASIL determina que as disposições constantes da mesma ficam incorporadas, no que couber, ao direito Constitucional legislado dos Estados;
CONSIDERANDO que, essa incorporação deve ser formalizada através de EMENDA à CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO ESTADO;
CONSIDERANDO que, essa incorporação deve ser formalizada através de EMENDA à CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO ESTADO;
CONSIDERANDO as emendas modificadas, supressivas e aditivas que, necessariamente, devem ser adotadas;
CONSIDERANDO que, feita a incorporação mencionada, em caráter de EMENDA, a CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO ESTADO poderá ser editada de acordo com o texto que adiante se publica,
PROMULGA a seguinte EMENDA À CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO ESTADO DO PARÁ, 15 de meio de 1967;
Art. 1° – A Constituição Política do Estado do Pará , de 15 de maio de 1967, passa a vigorar com a seguinte redação:
“A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO, INVOCANDO A PROTEÇÃO DE DEUS, DECRETA E PROMULGA A SEGUINTE:
CONSTITUIÇÃO DOESTADO DO PARÁ
Palácio do Governo do Estado do Pará.
Tem. Cel. Alacid da Silva Nunes
Governador do Estado 
Com base no Ato Institucional n° 5/1968, e estando a Assembleia Legislativa em recesso havia vários meses, o governador Alacid Nunes legislou sozinho, elaborando o texto da Emenda n° 1 e decretando sua vigência, que, mesmo assim, expressa em seu texto que foi promulgada, e não outorgada. Os preceitos encontrados na Emenda n° 1/1969 à Constituição do Pará são absolutamente similares àqueles que estavam presentes na Emenda n° 1/1969 à Constituição Federal, como não poderia deixar de ser, pela falta de participação democrática na formatação do mesmo.
Havia muita aproximação com o texto constitucional de 1967, somando à introdução óbvia de mecanismos centralizadores e de excessivo controle político, como, por exemplo, novos instrumentos jurídicos para cassação de mandatos parlamentares (art. 7°, VII). Ainda assim, manteve-se entre os princípios fundamentais da organização do Estado a independência e harmonia entre os poderes e a autonomia municipal (art. 6°). Houve aumento no rol de justificativas para intervenção nos municípios, no sentido de exercer maior controle, com a inclusão da prática de atos subversivos ou de corrupção na administração municipal, entre as possibilidades dessa ingerência político-administrativa (art. 29, V). Os vereadores e os deputados passaram a ver ressalvada a inviolabilidade de suas opiniões, palavras e votos, em caso de crime contra a segurança nacional (art. 22, § 3, art. 47).
As competências eram basicamente as mesmas, tanto dos municípios como do Estado.
Após o mandato de Alacid Nunes, seguiram-no Fernando Guilhon, Aloysio Chaves e, novamente, Alacid Nunes, todos eleitos por colégio eleitoral. Em 1982, Jader Fontenele Barbalho foi eleito pelo voto direto para o Governo do Estado, restabelecendo um dos pilares da democracia republicana: a eletividade dos governantes (FERREIRA, J., 2003, p. 135-136).
6. A CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DE 1989
O primeiro governador eleito após a abertura política ainda recebeu a competência de nomear o prefeito de Belém, sendo indicado Almir Gabriel, pois se encontrava vigente a Constituição de 1967, emendada em 1969. Em 1986, é Hélio Gueiros que assume o cargo de governador do Estado, e durante seu governo foi promulgada a Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, a Carta Cidadã, e a Constituição do Estado do Pará, em 5 de outubro de 1989. No Preâmbulo do texto, ora festejado se lê:
O POVO DO PARÁ, por seus representantes, reunidos em Assembléia Estadual Constituinte, inspirado nos princípios constitucionais da REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, rejeitando todas as formas de colonialismo e opressão; almejando edificar uma sociedade justa e pluralista; buscando a igualdade econômica, política, cultural, jurídica e social entre todos; reafirmando os direitos e garantias fundamentais e as liberdades inalienáveis de homens e mulheres, sem distinção de qualquer espécie; pugnando por um regime democrático avançado, social e abominando, portanto, os radicalismos de toda origem; consciente de que não pode haver convivência fraternal e solidária dentro de uma ordem econômica injusta e egoísta; confiante em que o valor supremo é a liberdade do ser humano e que devem ser reconhecidos e respeitados os seus direitos elementares e naturais, especialmente, o direito ao trabalho, à livre iniciativa, à saúde, à educação, à alimentação, à segurança, à dignidade; invoca a proteção de DEUS e promulga a seguinte CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PARÁ, esperando que ela seja o instrumento eficiente da paz e do progresso, perpetuando as tradições, a cultura, a história, os recursos naturais, os valores materiais e morais dos paraenses.
A Constituição de 1989 expressou fenômeno já conhecido no constitucionalismo brasileiro, qual seja o da repetição ou exagerada simetria entre os textos constitucionais estadual e federal. É verdade que as Constituições estaduais deveriam ser elaboradas em obediência aos princípios da Constituição Federal, conforme preceitua o art. 11, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT. No Pará houve lampejos de inovação e corajosa atividade criativa, em alguns casos refreados pela intervenção do Poder Judiciário, em controle de constitucionalidade. Mas sobre isso outros textos desta obra discorrerão com maior propriedade. 
Presta-se homenagem final aos deputados constituintes, que escreveram seus nomes na história contemporânea do Estado do Pará, muitos deles ainda vivos, quando se comemoram os 30 anos de Promulgação da Constituição do Estado do Pará: Mário Chermont (Presidente), Carlos Cavalcante (1°. Vice-Presidente e Relator Adjunto), Zeno Veloso (2°. Vice-Presidente e Relator Geral), Haroldo Bezerra (1°. Secretário), Agostinho Linhares (2°. Secretário e Relator Adjunto), Célio Sampaio (3°. Secretário), Francisco Ramos (4° Secretário), Guaracy Silveira(Suplente), Vilson Schuber (Suplente), Costa Filho (Suplente), Wandenkolk Gonçalves (Relator Adjunto), Agenor Moreira, Alcides Corrêa, Aldebaro Klautau, Bira Barbosa, Carlos Kayath, Carlos Xavier, Edimilson Rodrigues, Edson Matoso, Emílio Ramos, Fernando Ribeiro, Giovanni Queirós, Hamilton Guedes, Itamar Francez, José Diogo, José Francisco, Kzan Lourenço, Luiz Maria, Manoel Franco, Maria de Nazaré, Mariuadir Santos, Nicias Ribeiro, Nilçon Pinheiro, Nonato Vasconcelos, Nuno Miranda, Óti Santos, Paulo Dutra, Raimundo Marques, Raimundo Santos, Ronaldo Passarinho, Themístocles Nascimento, Valdir Ganzer. Lembrando in memoriam: João Batista, Paulo Fontelles.

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