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AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1586242 - RS (2019/0279525-0)
RELATOR : MINISTRO RAUL ARAÚJO
AGRAVANTE : OSMAR PERES DA ROSA
AGRAVANTE : RUILEI AGUIAR DA ROSA
ADVOGADO : ANTONY BORGES EMERIM - RS071353
AGRAVADO : PRAIAVILLE URBANISMO EIRELI
ADVOGADO : LUIS ANTONIO LONGO E OUTRO(S) - RS0026996
DECISÃO
Trata-se de agravo de decisão que inadmitiu recurso especial fundado no art. 105, III, 
"a", da Constituição Federal, interposto por OSMAR PERES DA ROSA e OUTRO contra v. 
acórdão do Eg. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, assim ementado:
"APELAÇÃO CÍVEL. USUCAPIÃO (BENS IMÓVEIS). AÇÃO DE 
USUCAPIÃO. PROCESSUAL CIVIL. PRELIMINAR DE NÃO 
CONHECIMENTO DO RECURSO. DIALETICIDADE OBSERVADA. 
MÉRITO. POSSE DECORRENTE DE RELAÇÃO DE EMPREGO. 
AUSÊNCIA DE ANIMUS DOMINI. AÇÃO IMPROCEDENTE. Inexiste 
animus domini daquele que ingressa no imóvel por força de relação de 
emprego. Hipótese em que a parte autora agiu como mero fâmulo da posse, 
detendo o imóvel em virtude de vínculo de subordinação com seu 
empregador. Ausência, ademais, do requisito temporal para a usucapião. 
AÇÃO REIVINDICATÓRIA. REQUISITOS PRESENTES. A demonstração da 
propriedade da área pela autora, bem como a ocupação injusta, autoriza o 
julgamento de procedência da ação reivindicatória. PRELIMINAR 
REJEITADA E RECURSO PROVIDO.UNÂNIME." (fl. 407)
Os embargos de declaração opostos foram rejeitados (fls. 436/445).
Nas razões do recurso especial, os agravantes alegam violação dos arts. 493 do 
Código de Processo Civil de 2015, e 1.239 do Código Civil de 2002, sustentando, em síntese, 
que (a) o prazo para configuração de usucapião pode ser completado no curso do processo; e (b) 
foi comprovado o animus domini, uma vez que a posse a partir da demissão do recorrente deixou 
de ser precária.
Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 486).
É o relatório.
No mérito, cinge-se a controvérsia em verificar se foram preenchidos, no caso, os 
requisitos essenciais à configuração de usucapião especial rural do imóvel objeto da demanda, 
nos termos do art. 1.239 do Código Civil de 2002.
Consoante definem os arts. 1.239 do CC/2002 e 191 da Constituição Federal, são 
requisitos legais da usucapião especial rural: (i) a posse com animus domini pelo prazo de 5 
Edição nº 0 - Brasília, 
Documento eletrônico VDA24912057 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): RAUL ARAÚJO Assinado em: 26/03/2020 21:14:33
Publicação no DJe/STJ nº 2879 de 30/03/2020. Código de Controle do Documento: 22a3964f-a57f-4241-8f50-8bff2905abbc
(cinco) anos, sem oposição, (ii) área de terra em zona rural não superior a 50 (cinquenta) 
hectares, (iii) utilização do imóvel como moradia, tornando-o produtivo pelo trabalho do 
possuidor ou de sua família, e (iv) não ser o possuidor proprietário de outro imóvel rural ou 
urbano. Nesse sentido:
"RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. USUCAPIÃO 
ESPECIAL RURAL. REQUISITOS CONFIGURADOS. AQUISIÇÃO DA 
PROPRIEDADE DA ÁREA USUCAPIENDA. REVALORAÇÃO. PROVAS. 
VIA ESPECIAL. POSSIBILIDADE. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO 
JURISDICIONAL. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA Nº 
284/STF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE 
DEMONSTRAÇÃO.
1. Os arts. 1.239 do CC/2002 e 191 da CF definem os requisitos legais da 
usucapião especial rural (ou Constitucional Rural ou Pro Labore), quais 
sejam: (i) posse com animus domini pelo prazo de 5 (cinco) anos, sem 
oposição, (ii) área de terra em zona rural não superior a 50 (cinquenta) 
hectares, (iii) utilização do imóvel como moradia, tornando-o produtivo pelo 
trabalho do possuidor ou de sua família, e (iv) não ser o possuidor 
proprietário de outro imóvel rural ou urbano.
2. Presentes os requisitos legais da usucapião especial rural, impõe-se a 
declaração da aquisição do domínio da área usucapienda objeto da 
controvérsia.
3. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento no sentido de que a 
revaloração das provas e dos fatos expressamente delineados pelas instâncias 
ordinárias não viola o disposto na Súmula nº 7/STJ.
4. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional quando o recurso 
especial deixa de especificar as supostas omissões ou teses que deveriam ter 
sido examinadas. Aplicação da Súmula nº 284 do Supremo Tribunal Federal.
5. A divergência jurisprudencial exige comprovação e demonstração, esta, em 
qualquer caso, com a transcrição dos julgados que configurem o dissídio, a 
evidenciar a similitude fática entre os casos apontados e a divergência de 
interpretações, o que não restou evidenciado na espécie.
6 Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido."
(REsp 1628618/MA, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, 
TERCEIRA TURMA, julgado em 28/03/2017, DJe 04/04/2017, g.n.)
In casu, o Tribunal de origem concluiu, em síntese, pela ausência de dois requisitos 
necessários para o reconhecimento da usucapião especial rural, quais sejam a posse com animus 
domini e o preenchimento do lapso temporal de 5 anos, nos seguintes termos:
"Todavia, não obstante o respeitável entendimento do ilustre Julgador de 
Primeiro Grau, entendo não estarem presentes os requisitos para a ação de 
usucapião.
Primeiro porque ausente o requisito temporal, já que o seu cômputo deve ter, 
como marco final, o ajuizamento da ação de usucapião(fato este havido em 
outubro de 2006), e, não, a ação reivindicatória,ajuizada em momento 
posterior, pela proprietária registrai.
Sabe-se, pois, que os requisitos da ação de usucapião, em especial o período 
de posse ad usucapionem, malgrado entendimentos dispares, devem estar 
implementados na data do ajuizamento da ação.
Assim, entre a demissão (marco inicial utilizado pela sentença) e o 
ajuizamento da ação reivindicatória transcorreram apenas cerca de quatro 
anos.
Tempo, portanto, absolutamente insuficiente para o reconhecimento da 
presença do requisito temporal.
Edição nº 0 - Brasília, 
Documento eletrônico VDA24912057 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): RAUL ARAÚJO Assinado em: 26/03/2020 21:14:33
Publicação no DJe/STJ nº 2879 de 30/03/2020. Código de Controle do Documento: 22a3964f-a57f-4241-8f50-8bff2905abbc
Sabe-se, ademais, em especial à luz da regra contida no art. 1.203 do Código 
Civil, que a posse mantém o mesmo caráter com que foi adquirida, salvo 
prova escorreita em contrário.
Assim, ainda que se reconhecesse como termo final a datado ajuizamento da 
ação reivindicatória, não há prova cabal de que tenha havido transmutação 
do caráter da posse (advinda, como visto, da relação de trabalho).
Sobremaneira se considerado o exíguo tempo transcorrido entre a demissão 
do autor, que configuraria o fim da relação empregatícia (09/02/2002), e o 
ajuizamento da ação reivindicatória (fevereiro de 2009).
A preponderar o r. entendimento da sentença, o só fato deter havido 
rompimento da relação empregatícia (com o distrato do vínculo laboral) já 
seria suficiente para a transmutação do caráter da posse, o que, entretanto, 
assim não ocorre.
E reforça a ausência de transmutação do caráter da posse ofato de que, não 
obstante a demissão havida em setembro de 2002, a ação trabalhista (em 
cuja sentença, prolatada em abril de 2003, restou reconhecida a mera 
detenção do imóvel pelos autores, entendendo-se "que o fornecimento de 
moradia constituía salário in natura" - fl. 148), transitou em julgado em 
abril de 2003 (fl.151), tendo, assim, se prolongado a litigiosidade sobre a 
relação de emprego.
Desse modo, verifica-se que não está presente requisito essencial para a 
aquisição da propriedade por usucapião, especialmente porque, vale repetir, 
a prova desvela que a ocupação do imóvel pelos autores decorreu, única e 
exclusivamente, de sua relação empregatícia, sem que haja elementos 
minimamente suficientes a apontar ter havido transmutação do caráter da 
posse.
Assim, a posse exercida pelos autores não era exercida com ânimo de dono, 
pois, a despeito de demonstrarem gastos com fornecimento de energia 
elétrica,a prova coligida desvela, sem sombra de dúvida, que os apelantes 
agiam como meros detentores do imóvel, que lhes foi alcançado em 
decorrência da relação de trabalho mantida com a empresa demandada. E 
essa posse precária não possui força para gerar a prescrição aquisitiva.
Neste sentido a lição de Maria Helena Diniz quando ensina que "fâmulo da 
posse é aquele, em virtude de sua situação de dependência econômica ou de 
um vínculo de subordinação em relação a uma outra pessoa (possuidor direto 
ou indireto), exerce sobre o bem, não uma posse própria, mas a posse desta 
última e em nome desta, em obediência a uma ordem ou instrução". (fls. 
411/412, g.n.)
Não se desconhece o entendimento desta Corte de que é possível o reconhecimento 
da prescrição aquisitiva quando o prazo se exauriu no curso do processo. Nesse sentido:
"AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
USUCAPIÃO. FUNDAMENTAÇÃO RECURSAL. DEFICIÊNCIA. SÚMULA 
Nº 284/STF. DISSÍDIO NÃO CONFIGURADO.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do 
Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 
3/STJ).
2. Considera-se deficiente a fundamentação recursal quando o dispositivo 
legal indicado como malferido não possui comando normativo suficiente para 
infirmar os fundamentos do acórdão recorrido, tampouco para sustentar a 
tese defendida pela parte recorrente. Incidência, por analogia, do óbice 
contido na Súmula nº 284/STF.
3. A jurisprudência desta Corte é no sentido de ser possível o 
reconhecimento da prescrição aquisitiva quando o prazo exigido por lei se 
exauriu no curso da ação de usucapião, em conformidade com o disposto no 
art. 462 do CPC/1973 (art. 493 do CPC/2015).
Edição nº 0 - Brasília, 
Documento eletrônico VDA24912057 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): RAUL ARAÚJO Assinado em: 26/03/2020 21:14:33
Publicação no DJe/STJ nº 2879 de 30/03/2020. Código de Controle do Documento: 22a3964f-a57f-4241-8f50-8bff2905abbc
4. Agravo interno não provido.
(AgInt no AREsp 1542417/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS 
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/03/2020, DJe 13/03/2020, 
g.n.)
 
"DIREITOS REAIS. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. POSSE 
PARCIALMENTE EXERCIDA NA VIGÊNCIA DO CÓDIGO CIVIL DE 1916. 
APLICAÇÃO IMEDIATA DO ART. 1.238, § ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL DE 
2002. INTELIGÊNCIA DA REGRA DE TRANSIÇÃO ESPECÍFICA 
CONFERIDA PELO ART. 2.029. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO EM 
PARTE E, NA EXTENSÃO, PROVIDO.
1. Ao usucapião extraordinário qualificado pela "posse-trabalho", previsto no 
art. 1.238, § único, do Código Civil de 2002, a regra de transição aplicável 
não é a insculpida no art. 2.028 (regra geral), mas sim a do art. 2.029, que 
prevê forma específica de transição dos prazos do usucapião dessa natureza.
2. O art. 1.238, § único, do CC/02, tem aplicação imediata às posses ad 
usucapionem já iniciadas, "qualquer que seja o tempo transcorrido" na 
vigência do Código anterior, devendo apenas ser respeitada a fórmula de 
transição, segundo a qual serão acrescidos dois anos ao novo prazo, nos dois 
anos após a entrada em vigor do Código de 2002.
3. A citação realizada em ação possessória, extinta sem resolução de mérito, 
não tem o condão de interromper o prazo da prescrição aquisitiva. 
Precedentes.
4. É plenamente possível o reconhecimento do usucapião quando o prazo 
exigido por lei se exauriu no curso do processo, por força do art. 462 do 
CPC, que privilegia o estado atual em que se encontram as coisas, evitando-
se provimento judicial de procedência quando já pereceu o direito do autor 
ou de improcedência quando o direito pleiteado na inicial, delineado pela 
causa petendi narrada, é reforçado por fatos supervenientes.
5. Recurso especial parcialmente conhecido e, na extensão, provido."
(REsp 1088082/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA 
TURMA, julgado em 02/03/2010, DJe 15/03/2010, g.n.)
Todavia, no caso em exame, consoante se extrai do trecho transcrito do v. acórdão, o 
Tribunal a quo não afastou somente a prescrição aquisitiva, mas também a posse ad 
usucapionem, exercida com animus domini, expressamente consignando que os ora recorrentes 
agiam como meros detentores do imóvel, sendo a posse exercida precariamente em razão de 
relação de emprego, não havendo comprovação de transmutação do caráter da posse.
Consoante dispõe o art. 1.208 do Código Civil de 2002, os atos de mera permissão 
não ensejam aquisição originária de propriedade, tendo em vista que se tratam de posse precária 
que tem o condão de afastar o ânimo de dono, caracterizando a parte recorrente como mera 
detentora. A propósito:
"RECURSO ESPECIAL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. CORREDOR DE 60 
CM EXISTENTE ENTRE OS IMÓVEIS DAS PARTES. USUCAPIÃO 
EXTRAORDINÁRIA. IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO. ATOS 
POSSESSÓRIOS PRATICADOS SOBRE A COISA INSUFICIENTES À 
CONFIGURAÇÃO DE POSSE QUALIFICADA. PROPRIETÁRIO NÃO 
DESIDIOSO. SERVIDÃO. OCORRÊNCIA DE QUASE POSSE. 
POSSIBILIDADE DE USUCAPIR A SERVIDÃO E NÃO A PROPRIEDADE. 
INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO.
1. Não há falar-se em omissão ou contradição do acórdão recorrido, se as 
questões pertinentes ao litígio foram solucionadas, ainda que sob 
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Signatário(a): RAUL ARAÚJO Assinado em: 26/03/2020 21:14:33
Publicação no DJe/STJ nº 2879 de 30/03/2020. Código de Controle do Documento: 22a3964f-a57f-4241-8f50-8bff2905abbc
entendimento diverso do perfilhado pela parte.
2. A usucapião extraordinária, nos termos art. 1.238 do CC/2002, exige, além 
da fluência do prazo de 15 (quinze) anos, salvo exceções legais, posse mansa, 
pacífica e ininterrupta, independentemente de justo título e boa-fé.
3. Qualquer que seja a espécie de usucapião alegada, a comprovação do 
exercício da posse sobre a coisa será sempre obrigatória, sendo condição 
indispensável à aquisição da propriedade. Isso porque a usucapião é efeito 
da posse, instrumento de conversão da situação fática do possuidor em 
direito de propriedade ou em outro direito real.
4. Se não se identificar posse com ânimo de dono, acrescido do 
despojamento da propriedade, que qualifica a posse, o exercício de fato 
sobre a coisa não servirá à aquisição da propriedade.
4. No caso concreto, ainda que os recorrentes tenham se utilizado do 
corredor de propriedade dos recorridos, por longos anos, como forma de 
acesso aos fundos de sua casa, isso não importou constatação de abandono, 
desídia ou não exercício de posse pelos proprietários da área.
6. Servidão é a relação jurídica real por meio da qual o proprietário vincula 
o seu imóvel, dito serviente, a prestar certa utilidade a outro prédio, dito 
dominante, pertencente a dono distinto. Sendo assim, o poder de fato exercido 
pelo titular do prédio dominante não constitui posse qualificada para 
usucapir a propriedade.
7. Na servidão, o sujeito exerce quase posse e age com animus domini, mas 
não da propriedade do bem serviente. O animus domini relaciona-se à 
própria servidão: a posse é exteriorização da propriedade, enquanto a quase-
posse seria a expressão da exteriorização da servidão.
8. Na hipótese, não ocorrendo desídia do proprietário em relação à área 
reivindicada e a natureza de quase-posse dos atos praticados, além de não 
posse, essencial à aquisição da propriedade, configura-se o direito à 
usucapião da servidão, expressada pela intenção de transitar, como se fossem 
donos daquela servidão, e não da coisa sobre a qual o direito real recaía.
9. Recurso especial a que se nega provimento."
(REsp 1644897/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA 
TURMA, julgado em 19/03/2019, DJe 07/05/2019, g.n.)
Nesse cenário, ainda que se reconhecesse a ocorrência da prescrição aquisitiva no 
curso do processo, a reforma do acórdão para reconhecer a configuração dos requisitos da 
usucapião especial rural seria obstada pelo óbice da Súmula 7//STJ, uma vezque a modificação 
do entendimento do Tribunal de origem acerca do caráter da posse demandaria o revolvimento 
de suporte fático-probatório dos autos, o que é inviável em sede de recurso especial. Nesse 
sentido:
"AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. USUCAPIÃO 
EXTRAORDINÁRIA. MATÉRIAS DE ORDEM PÚBLICA. DECISÃO 
SANEADORA. PRECLUSÃO. INEXISTÊNCIA. ANIMUS DOMINI. 
AUSÊNCIA. REVISÃO. SÚMULA Nº 7/STJ.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do 
Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 
3/STJ).
2. As matérias de ordem pública decididas quando da decisão saneadora não 
precluem, podendo ser suscitadas na apelação, ainda que a parte não tenha 
interposto o recurso de agravo. Precedentes.
3. As conclusões do tribunal de origem acerca da inexistência de animus 
domini e a consequente improcedência do pedido de usucapião decorreram 
da análise do conjunto fático-probatório, atraindo, assim, o óbice da 
Súmula nº 7/STJ.
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Signatário(a): RAUL ARAÚJO Assinado em: 26/03/2020 21:14:33
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4. Agravo interno não provido."
(AgInt no REsp 1641887/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS 
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 24/04/2018, DJe 04/05/2018, 
g.n.)
 
"AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE 
USUCAPIÃO. DECISÃO MONOCRÁTICA DA LAVRA DESTE RELATOR 
QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO. IRRESIGNAÇÃO. POSSE 
PRECÁRIA E SEM ANIMUS DOMINI. NECESSIDADE DE REEXAME DE 
PROVAS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. RECURSO NÃO PROVIDO.
1. "Mediante a interpretação sistemática dos artigos 932, inciso IV, e 1.042, § 
5º, do CPC/2015, depreende-se não existirem óbices para que o relator julgue 
conjuntamente, de forma monocrática, o agravo e o recurso especial quando 
esses sejam contrários a jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal 
Federal ou do Superior Tribunal de Justiça. 1.1. Não se pode perder de vista, 
ainda, que essa orientação não ocasiona prejuízo às partes, porquanto 
resguardada a possibilidade de interposição do agravo interno objetivando 
forçar o exame da matéria pelo Colegiado competente". (AgInt no AREsp 
767.850/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 
15/12/2016, DJe 01/02/2017)
2. O acórdão recorrido entendeu que a parte autora exercia posse precária e 
sem animus domini sobre o bem cujo reconhecimento de usucapião se 
buscava. Tais conclusões não se desfazem sem o reexame de provas, o que é 
vedado ante a incidência da Súmula n. 7 do Superior Tribunal de Justiça. 
Precedentes.
3. Agravo interno a que se nega provimento."
(AgInt no AREsp 1172704/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, 
QUARTA TURMA, julgado em 27/02/2018, DJe 05/03/2018, g.n.)
Diante do exposto, nos termos do art. 253, parágrafo único, II, do RISTJ, conheço do 
agravo para negar provimento ao recurso especial.
Com supedâneo no art. 85, § 11, do CPC/2015, majoro os honorários advocatícios 
devidos à parte recorrida de R$ 1.000.00 (mil reais) para R$ 1.100,00 (mil e cem reais), 
observada eventual concessão de gratuidade de justiça na origem.
Publique-se.
Brasília, 18 de março de 2020.
 
Ministro RAUL ARAÚJO 
Relator
Edição nº 0 - Brasília, 
Documento eletrônico VDA24912057 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): RAUL ARAÚJO Assinado em: 26/03/2020 21:14:33
Publicação no DJe/STJ nº 2879 de 30/03/2020. Código de Controle do Documento: 22a3964f-a57f-4241-8f50-8bff2905abbc

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