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INATISMO - APOSTILA

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Correntes epistemológicas: Inatismo, Ambientalismo e 
Interacionismo 
 
As teorias sobre o desenvolvimento humano podem ser dividas em três concepções: inatista, 
ambientalista e interacionista. Detalharemos cada um a a seguir: 
 
Inatismo 
Comecemos esta discussão analisando os seguintes ditos populares: 
“Pau que nasce torto, não tem jeito morre torto” 
“Filho de peixe, peixinho é” 
O que estas expressões querem dizer? Elas se inscrevem numa visão inatista do desenvolv imento humano, 
ou seja, o desenvolvimento humano seria determinado basicamente por fatores biológicos. As características 
não só físicas, mas também as psicológicas passariam de pai para filho, seriam, portanto, inatas. 
O que indicaria que o indivíduo já nasce com padrões inatos de comportamento: os eventos que ocorrem 
após o nascimento não são essenciais e/ou importantes para o desenvolvimento. 
Podemos citar como exemplo os seguintes dizeres: “Maria nasceu como a mãe que teve dificuldades de 
aprender na escola, logo ela também terá”. Ou, “Miguel se parece com o pai que é teimoso e de difícil 
interação, assim não é possível mudar sua sina”. 
Neste sentido o destino das pessoas já estaria traçado desde o nascimento. Oliveira et all (1999) cita o 
exemplo das tartarugas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As fêmeas desta espécie botam os ovos e os abandonam. Os filhotes nascem e sozinhos se encaminham 
para a água, ou seja, por instinto já nascem sabendo como agir e não precisam do apoio e ensino do adulto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As influências do inatismo-maturacionismo na escola 
Ao retomar as áreas básicas da Psicologia da Educação, ou seja, a Psicologia do Desenvolvimento e a 
Psicologia da Aprendizagem, o que se pode concluir através da concepção inatista é que a aprendizagem 
depende do desenvolvimento (FONTANA e CRUZ, 1997). Portanto, a criança aprenderá conforme o grau de 
maturação, prontidão e inteligência. Essa visão maturacionista marcou o início da relação entre a psicologia 
científica e a educação. 
A partir do princípio de que a criança teria atributos universais (biológicos), caberia aos educadores, 
professores e pedagogos possibilitarem o florescimento das potencialidades do educando. 
Porém, é importante ressaltar que essa concepção, apesar de bonita e promissora, favoreceu a 
utilização de testes de inteligência para se avaliar a prontidão e as capacidades inatas dos alunos. Essa prática 
acabou, mesmo sem ter essa pretensão negativa, induzindo à identificação dos chamados “alunos imaturos” ou 
com “déficits” de inteligência, levando à criação de preconceitos e formas de discriminação dentro do contexto 
escolar. 
 
Para exemplificar, veja a ilustração abaixo: 
 
 
Temos na ilustração um pé de mamão. Questionamos, para colhermos o 
mamão é necessário adubo, irrigação no pé para que a fruta madure? 
Geralmente esta prática não é comum, não é mesmo? Ou seja, basta esperarmos 
o amadurecimento da fruta para a colheita. 
 
Comparando ao pé de mamão é assim que os educadores se comportam 
quando creem nesta concepção, ou seja, se a criança tem pais considerados como inteligentes, o aluno também 
o será e, se forem filhos de “marginais”, seu comportamento também estará traçado. A postura desta forma, é 
de cruzar os braços, como se dissessem “não tem jeito”, “não tenho nada a ver com isto”. 
Neste sentido, a criança progride por iniciativa própria. O desenvolvimento psicológico nada mais é que 
um processo autônomo e independente das influências sociais. 
 
A teoria da Gestalt 
 
Trataremos agora da Gestalt, palavra de origem alemã que não possui uma tradução correta para o 
português. O termo que mais se aproximaria de uma tradução seria “forma ou percepção”, por isso é também 
conhecida como Psicologia da Forma. Seus principais representantes foram Max Werteimer, Wolfgang Köhler, 
Koffka e Kurt Lewin. Por volta de 1870, eles começaram a pesquisar a percepção humana, principalmente a 
visão. 
 
 
Max Wertheimer (1880- 1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) , Kurt 
Koffka (1886-1941) e Kurt Lewin (1890- 1947). 
Fonte: Disponível em http://www.cultier.es/gestalt/. Acesso em 2 jul.2014. 
 
 
 
 
Diferentemente do que você estudou sobre o Behaviorismo, que concebe a aprendizagem como fruto dos 
estímulos ambientais, os gestaltistas não aceitavam essa idéia. Eles diziam que entre o estímulo do meio e a 
resposta da pessoa havia um processo chamado percepção. 
A Gestalt é uma teoria da psicologia inatista-maturacionista, de base racionalista, pois parte do 
pressuposto de que os fatores hereditários e de maturação são fundamentais para o desenvolvimento humano. 
Para essa teoria, “as estruturas racionais são pré-formadas no indivíduo e vão se atualizando por processos 
maturacionais progressivos e sequenciais, mediante a organização e reorganização do campo perceptivo” 
(COUTINHO, MOREIRA, 2001, p. 80). 
 
A percepção 
 
Para a Gestalt, a percepção é a forma como interpretamos os estímulos do meio ambiente, utilizando-se 
de experiências e vivências anteriores e de necessidades presente, e é o conceito fundamental da teoria 
(FERREIRA, 2010). 
Quando alguém inicia um processo de aprendizagem qualquer, ele já dispõe de uma série de atitudes, 
habilidades e expectativas sobre sua própria capacidade de aprender e sobre seus conhecimentos. Já percebe a 
situação de aprendizagem de uma forma própria e particular, diferentemente das formas de percepção de 
outras pessoas. Por isso, o sucesso da aprendizagem vai depender de cada um, e não se pode afirmar que todos 
darão a mesma resposta a um estímulo. 
Para a psicologia da Gestalt, o todo é sempre maior que a soma de suas partes. Um bom exemplo disso 
seria uma melodia, em que o todo tem um significado próprio, mas que se decomposta em pequenos grupos de 
notas ou instrumentos, não teria a mesma estrutura por onde a música poderia ser identificada. Outro exemplo 
pode ser a película de um filme, formada por várias partes, que vistas isoladamente não trazem sentido, mas 
que juntas formam a relação do todo com as partes e daí, damos sentidos a elas. Cada parte realiza no todo 
tem uma função que dará o contexto geral. A sobreposição das imagens em nossa retina faz com que tenhamos 
a sensação de movimento, mas o que há realmente são fotografias. 
 
Insight 
 
Para os psicólogos gestaltistas, a aprendizagem se dá por meio de INSIGHT, que no senso comum está 
relacionado à interpretação instantânea de um fato ou ideia (COUTINHO E MOREIRA, 2001). É um repente 
momentâneo e uma ideia, antes problemática, que passa a ser resolvida, como se de repente uma luz se 
acendesse e descobríssemos o que estávamos procurando. 
Para a Gestalt, o insight, diferentemente do senso comum, é a aprendizagem de ideias e está atrelada à 
interpretação das situações já vividas. Estas dependem da percepção que temos no momento. Nossas primeiras 
interpretações são provisórias, como tentativas para a compreensão. 
Quando conseguimos perceber as relações existentes em uma situação-
problema, formando uma estrutura e integrando os elementos em um 
todo,compreendemos, temos um insight, que nada mais é que uma 
reorganização de pensamentos anteriores que leva ao entendimento e a 
compreensão (PENNA, 1999). Por exemplo, você perdeu uma chave, 
procura em muitos lugares, tenta lembrar onde a deixou, e nada de 
encontrá-la. Depois, quando você já parou de procurar e está fazendo 
outra coisa, lembra-se repentinamente de onde deixou a chave. 
 
Leis da Gestalt 
 
A Teoria da Gestalt descobriu leis que regem, determinam ou influenciam a percepção humana das 
formas, facilitando a compreensão das imagens e das ideias. Essas leis são baseadas em estudos com 
conclusões sobre o comportamento natural do cérebro ao agir no processo de percepção. A seguir, 
discutiremos as principais ou mais conhecidas, segundo (MOREIRA, COUTINHO, 2001). 
 
 A boa-forma 
 
A percepção do estímulo que é mediatizadapela forma como interpretamos o conteúdo observado. 
Geralmente, os nossos comportamentos guardam relação estreita com os estímulos físicos, e muitas vezes, 
estes são completamente diferentes da realidade porque entendemos o ambiente de uma maneira diferente 
do que ele realmente é. Isso acontece quando cumprimentamos uma pessoa conhecida, até chegarmos perto e 
verificarmos que é outra pessoa. Um engano de percepção nos induziu a essa atitude, embora acreditássemos 
que era mesmo alguém conhecido. Essa pequena confusão demonstra que a nossa percepção do estímulo (a 
pessoa desconhecida) naquelas condições ambientais dadas é mediatizada pela forma como interpretamos o 
conteúdo percebido. Se nos elementos percebidos não há equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade, não 
alcançaremos a boa-forma. “O elemento que objetivamos compreender deve ser apresentado em aspectos 
básicos, que permitam a sua decodificação, ou seja, a percepção da boa-forma” (BOOK, 2008, p.66). 
O exemplo da figura a lado ilustra bem a noção de boa-forma, pois temos a impressão visual de que os 
círculos centrais de cada composição (o miolo da flor) é maior na composição da esquerda do que na 
composição da direita. Isso se dá porque relacionamos o todo, relacionamos as 
flores e não conseguimos observar os elementos isolados da composição, assim o 
todo é maior do que as partes. 
A maneira como se distribuem os elementos que compõem os dois grupos 
de bolas não apresenta equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade suficientes 
para garantir a boa-forma, isto é, para superar a ilusão de ótica. 
 
 Lei da Pregnância 
 
Algumas formas impõem-se, em detrimento de outras, impedindo-nos de ver a outra forma. No 
exemplos abaixo, se percebemos uma forma, não podemos, no mesmo instante, ver a outra, pois tratam-se de 
figuras reversíveis. Ou seja, o que é figura não pode ser fundo, ao mesmo tempo, mas a passagem do que é 
figura para fundo faz aparecer a outra forma. 
 
 
 
 
 
 
 
 Lei da Clausura ou Fechamento 
 
Tendemos a agrupar os elementos de uma forma, de forma a compor uma figura total e fechada. Veja o 
primeiro exemplo a seguir. O que você observa? 
Em vez de dizermos que há três linhas separadas, pensamos num triângulo, certo? E no exemplo do meio? 
Tendemos a ver um quadrado branco; no último, um triângulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Lei da Semelhança 
 
Há uma tendência a que eventos semelhantes sejam agrupados. A semelhança pode ser em função da 
intensidade dos estímulos ou pela sua cor, peso, tamanho, forma etc. Nas imagens a seguir, percebemos três 
conjuntos de duas linhas paralelas, na primeira, e seis retângulos formados por seis elementos, na segunda. 
 
 
 
 
 
 
 
 Semelhança e Proximidade 
 
Referem-se aos casos em que ambos os princípios apliquem-se, fazendo 
com que os efeitos de ambos somem-se, como no caso da figura, ao lado: 
 
 
 
 
Implicações da Gestalt para a educação 
 
Na Gestalt, a pessoa é ativa no processo de ensino-aprendizagem; o meio ambiente é passivo, uma vez 
que é o indivíduo que organiza suas estruturas com o que ele já traz consigo. Assim, o objetivo da escola é 
oferecer ao aluno subsídios para o seu desenvolvimento, tal qual o solo age em relação à planta. E isso deve 
acontecer no momento maturacional correto. 
Do ponto de vista político-pedagógico, o conteúdo deve ser apresentado ao aluno respeitando os 
princípios da percepção humana. Dessa maneira, a Gestalt, ao admitir a pré -formação das estruturas cognitivas, 
a visão racionalista do processo de aprendizagem acaba por isentar a escola do seu compromisso de garantir, 
dentro de certos limites, o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos. O professor assume o papel de mero 
facilitador, pois só depende do aluno (COUTINHO; MOREIRA, 2001). 
Uma das grandes contribuições da Gestalt é a ênfase nas diferenças individuais, pois as pessoas 
aprendem de maneiras diferentes e em ritmos diferenciados. Tanto nas teorias do condicionamento quanto na 
Gestalt, há um reducionismo nas relações sujeito e objeto de conhecimento. A primeira reduz o indivíduo às 
determinações do objeto de conhecimento, além de negar a consciência, a subjetividade e os fatores sociais. A 
segunda reduz as capacidades cognitivas às estruturas já existentes no sujeito, não levando em conta a 
importância e a força da educação como elemento fundamental no processo de desenvolvimento e 
aprendizagem humana.

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