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Ambiental 03

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1. Direito Ambiental para quem (titulares)? 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essen-
cial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo 
para as presentes e futuras gerações. 
 
“Todos” – São os destinatários da norma ambiental. Conforme interpretação conferida pelo STF, são os brasilei-
ros e estrangeiros residentes no país (art. 5º, caput, CF) – visão antropocêntrica. 
 
 “Presentes e futuras gerações” – trata-se de um direito intergeracional que tutela interesses das presentes e 
futuras gerações. 
 
2. Direito Ambiental sobre o quê (objeto)? 
 
“Bem de uso comum do povo”: “Cabe assinalar, Senhora Presidente, que os direitos de terceira geração (ou de 
novíssima dimensão), que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos, genericamente e de modo 
difuso, a todos os integrantes dos agrupamentos sociais” (STF – ADIN 4.066). 
 
3. Direito Ambiental por quem (obrigados)? 
 
“Impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo”: Descumprem a CF 
tanto o Poder Público como a coletividade quando permitem ou possibilitam o desequilíbrio do meio ambiente. 
 
Deveres do Poder Público (§1º, art. 225, CF): 
a) “Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecos-
sistemas” – Preservar as unidades de conservação; 
b) “Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à 
pesquisa e manipulação de material genético” – Organismos Geneticamente Modificados; 
c) “Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmen-
te protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização 
que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção” – Unidades de Conservação. 
d) “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa 
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade” – EIA/RIMA; 
e) “controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem 
risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente” - Organismos geneticamente modificados; 
f) “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação 
do meio ambiente”; 
g) “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, 
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade”. 
 
 
 
Deveres da Coletividade (§§2º e 3º, art. 225, CF): 
a) “Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo 
com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei”; 
 
b) “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou 
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos cau-
sados”; 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. Bens ambientais constitucionalmente protegidos: 
 
§4º - “A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona 
Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem 
a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais’. 
§5º - “São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, neces-
sárias à proteção dos ecossistemas naturais”. 
 
5. Regras especiais previstas na CF: 
 
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que 
não poderão ser instaladas. 
 
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas 
desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta 
Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, 
devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. 
 
6. Competência em Matéria Ambiental: 
 
6.1. Competência Administrativa em Matéria Ambiental: 
 
a) Competência comum: 
“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 
 
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as 
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; 
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor históri-
co, artístico e cultural; 
[...] 
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; 
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora; 
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos 
e minerais em seus territórios”. 
 
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distri-
to Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. 
 
LEI COMPLEMENTAR 140/2011 
 
Art. 5º - O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações administrativas a ele atribu-
ídas nesta Lei Complementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capa-
citado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente. 
 
Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele que 
possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a deman-
da das ações administrativas a serem delegadas. 
 
b) Competência privativa da União: 
“Art. 21. Compete à União: 
 
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econô-
mico e social; 
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos 
de seu uso; 
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes 
urba-nos; 
 
 
 
 
 
 
 
 
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XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a 
pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e 
seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: 
 
c) Competência privativa dos Municípios: 
“Art. 30. Compete aos Municípios: 
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do 
parcelamento e da ocupação do solo urbano; 
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora 
federal e estadual. 
 
6.2. Competência Legislativa em Matéria Ambiental: 
 
a) Competência privativa da União: 
“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
 
I - direito civil, comercial, penal (crimes ambientais, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial 
e do trabalho; 
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; 
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; 
 
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; 
 
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das 
matérias relacionadas neste artigo. 
 
“Energia nuclear. Competência legislativa da União. Artigo 22, XXVI, da Constituição Federal. É inconstitucio-nal 
norma estadual que dispõe sobre atividades relacionadas ao setor nuclear no âmbitoregional, por violação da 
competência da União para legislar sobre atividades nucleares, na qual se inclui a competência para fiscalizar a 
execução dessas atividades e legislar sobre a referida fiscalização. Ação direta julgada procedente.” ADI 1.575, de 
07.04.2010. 
 
b) Competência concorrentes: 
“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: 
 
VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, prote-
ção do meio ambiente e controle da poluição; 
VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; 
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, esté-
tico, histórico, turístico e paisagístico. 
 
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos 
Estados. 
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para 
atender a suas peculiaridades. 
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for 
contrário. 
 
STF = “o espaço de possibilidade de regramento pela legislação estadual, em casos de competência concorrente 
abre-se: (1) toda vez que não haja legislação federal, quando então, mesmo sobre princípios gerais, poderá a 
legislação estadual dispor; e (2) quando, existente legislação federal que fixe os princípios gerais, caiba comple-
mentação ou suplementação para o preenchimento de lacunas, para aquilo que não corresponda à generalidade; 
ou ainda, para a definição de peculiaridades regionais”. ADI/MC 2.396, de 26.09.2001. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. Princípios Ambientais: 
 
a) Precaução e Prevenção 
PREVENÇÃO (risco certo – certeza científica) 
PRECAUÇÃO (risco incerto – dúvida científica) 
 
b) Desenvolvimento Sustentável 
 
c) Poluidor- Pagador 
 
d) Função Sócioambiental da propriedade 
Para o STJ, “inexiste direito ilimitado ou absoluto de utilização das potencialidades econômicas de imóvel, pois 
antes até ‘da promulgação da Constituição vigente, o legislador já cuidava de impor algumas restrições ao uso da 
propriedade com o escopo de preservar o meio ambiente’ (EREsp 628.588/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Primeira 
Seção, DJe 9.2.2009), tarefa essa que, no regime constitucional de 1988, fundamenta-se na função ecológica do 
domínio e posse (REsp 1.240.122, de 28/06/2011).

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