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o que foi o plano real

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Prévia do material em texto

EXPLICADO (HTTPS://WWW.NEXOJORNAL.COM.BR/EXPLICADO/)
José Roberto Castro 30 Jun 2019 (atualizado 01/Jul 14h42)
Moeda que estabilizou os preços no Brasil foi lançada há 25 anos e acabou quase que
instantaneamente com a inflação
O que foi o Plano Real e como ele controlou a
hiperinflação
No dia 1º de julho de 1994 começaram, oficialmente, a circular as cédulas e moedas do Real. Era uma sexta-feira, o
presidente da República era Itamar Franco, o ministro da Fazenda era Rubens Ricupero. Fernando Henrique Cardoso,
político que mais colheria os frutos do bem-sucedido plano, já havia deixado o comando da Fazenda e se preparava
para a campanha presidencial que começaria oficialmente dois dias depois
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/6/22/brasil/5.html).
Na capa dos três maiores jornais do país à época, a entrada em circulação da nova moeda dividia espaço com a notícia
de que Diego Maradona estava fora da Copa do Mundo dos Estados Unidos por ter sido flagrado no exame antidoping.
Havia também instruções para que as pessoas aprendessem a converter os preços. O valor em cruzeiros reais deveria
ser dividido por 2.750 para se chegar ao preço em reais - o número correspondia à cotação da véspera da URV
(unidade real de valor), moeda virtual criada na fase pré-real para evitar a transmissão da inflação.
FOTO: GREGG NEWTON/REUTERS
 MOEDA COMEÇOU A CIRCULAR EM 1º DE JULHO DE 1994
https://www.nexojornal.com.br/explicado/
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/6/22/brasil/5.html
O jornal O Estado de S. Paulo avisava (https://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19940701-36780-nac-0001-pri-a1-
not) que as agências bancárias de todo o país se preparavam para colocar R$ 6 bilhões em dinheiro físico em
circulação. A Folha de S.Paulo alertava (https://acervo.folha.com.br/leitor.do?
numero=12471&anchor=4834734&origem=busca) para o fato de os preços, em cruzeiros, terem disparado na véspera
do lançamento da nova moeda.
O jornal O Globo relatava (https://acervo.oglobo.globo.com/consulta-ao-acervo/?navegacaoPorData=199019940701)
que no último dia do cruzeiro, os bancos ficaram lotados de clientes que queriam evitar os preços em reais. A nova
moeda era a face mais visível de mais um plano de estabilização da economia lançado pelo governo, o sexto grande em
menos de dez anos. Ciente do potencial que a descrença da população poderia causar à nova tentativa de combater a
inflação, o presidente Itamar Franco pedia apoio.
Itamar Franco
presidente da República, em pronunciamento em 30 de junho de 1994
 
Nos anos anteriores ao plano, a hiperinflação vinha corroendo o salário dos brasileiros - principalmente os mais
pobres, que não tinham poupança para se proteger da desvalorização da moeda - e causando graves distorções na
economia brasileira.
 
O Plano Real era o sexto grande plano de estabilização da moeda desde o fim da ditadura militar. A principal diferença
dele para os planos Cruzado, Bresser, Verão, Collor I e Collor II foi que ele funcionou.
“Sei que, agora, eu interpreto o sentimento de confiança da maioria dos brasileiros,
de esperança poucas vezes tão próxima de se realizar. Essa aliança deve ser a
principal motivação para que o governo continue realmente empenhado no êxito do
Plano Real. Porque essa confiança é o que está mobilizando o cidadão que deseja o
sucesso do Plano. Eu não tenho dúvidas de que eles são maioria.”
IMPACTO IMEDIATO E DURADOURO
https://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19940701-36780-nac-0001-pri-a1-not
https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=12471&anchor=4834734&origem=busca
https://acervo.oglobo.globo.com/consulta-ao-acervo/?navegacaoPorData=199019940701
 
Exatos 25 anos depois, o Nexo explica o mais importante e bem sucedido plano de estabilização econômica da história
do Brasil.
Entre 1980 e 1982, a inflação no Brasil ficava na casa dos 100% ao ano. Isso significa que as coisas, em média,
dobravam de preço a cada doze meses. Mas esses índices, que hoje parecem absurdos, eram só o início do problema
que estava por vir.
Em um processo de explosão de preços, a inflação em doze meses no Brasil chegou a ser de 6.800% no início de 1990,
entre o fim do governo Sarney e o início do governo Collor. Isso significa que os produtos custavam 68 vezes o preço
de um ano antes.
Um problema econômico dessa magnitude não tem uma causa única, mas uma característica que amplificava a
inflação brasileira era a indexação. Como os preços subiam com frequência, adotou-se a correção monetária. Assim,
tributos, salários e outros pagamentos da economia eram sempre reajustados, de acordo com a inflação do período. A
ideia era repor o valor real daquele gasto.
Só que isso era uma bola de neve e o país passou a sofrer com o que ficou conhecido como inflação inercial. Como já
sabiam que os preços todos iam subir, cada agente econômico subia seu preço para se proteger de perdas. Quanto
mais as pessoas aumentavam os preços, maior era a correção, mais a inflação subia. O dinheiro perdia valor cada vez
mais rápido.
 
A inflação era a consequência, mas as causas eram estruturais. Havia também o descontrole dos gastos do governo.
Antes da Constituição de 1988, nem todos os gastos da União precisavam ter o aval do Congresso Nacional, havia
pouco controle sobre a concessão de créditos pelos bancos públicos.
QUANDO a inflação passa a ser um problema no Brasil
A HIPERINFLAÇÃO
Um mecanismo que ficou conhecido na época era a chamada conta única, uma operação pela qual o Banco do Brasil
tinha acesso a recursos direto do Banco Central. Os bancos públicos, estaduais e federais, concediam empréstimos a
empresários e governos com recursos que vinham diretamente do Banco Central - que é o órgão responsável por
imprimir dinheiro.
Além disso, o país tinha uma economia extremamente fechada e dificuldades para importar produtos que faltavam -
justamente pelo fato de a moeda local perder valor diariamente.
O Brasil teve pelo menos cinco grandes planos de combate à inflação antes do real: Cruzado, Bresser, Verão, Collor e
Collor II. Os três primeiros foram tentativas do presidente José Sarney, os outros dois foram obra de seu sucessor.
Diferentemente do Real, os planos de Sarney combatiam o sintoma e não a doença, segundo palavras do próprio ex-
presidente. Eram baseados, principalmente, em congelamento de preços. O mais importante foi o Cruzado. Em 1986,
o governo federal estabeleceu preço de uma série de produtos e chamou a população a fiscalizar o cumprimento da
tabela. Eram os fiscais do Sarney.
A inflação caiu drasticamente. Entre fevereiro de 1986 e 1987, o índice de preços ao consumidor do IBGE passou de
245% ao ano para 70% ao ano. O sucesso político do plano possibilitou, na visão do presidente Sarney, a popularidade
necessária para a convocação da Constituinte. Mas a partir de 1987 a inflação voltou a acelerar, dessa vez com muito
mais força. Os planos Bresser e Verão tiveram quase nenhum impacto.
Com Collor veio o plano mais violento. Em seu segundo dia de governo, o primeiro presidente eleito depois da
ditadura militar bloqueou a caderneta de poupança impedindo que as pessoas sacassem seus recursos. A ideia era tirar
dinheiro de circulação e reduzir drasticamente a demanda por produtos e serviços. A medida abalou a popularidade do
presidente que seria impedido menos de três anos depois, com a inflação já nas alturas.
 
O QUE o Plano Real tem de diferente das tentativas anteriores
OS PRINCIPAIS PLANOS
O Plano Real tinha elementos semelhantes aos do Plano Cruzado e inclusive autores em comum. Pérsio Arida e André
Lara Resende, talvez os dois mais importantes economistas do Real, participaram na década de 1980 da elaboração do
Plano Cruzado. Ao repetir o plano, tentaram evitar os erros do passado e passaram a atacar também algumas das
causas do processo inflacionário no Brasil. Entre elas estavam o elevado deficit público, a indexação da economia e o
descrédito do país no cenário externo.
O Real era um plano ambicioso baseado em alguns pilares. Antes de congelar os preços na moeda nova, os
economistasresponsáveis por sua implantação cuidaram também das causas. Uma das principais preocupações era o
controle das contas públicas.
A Constituição de 1988 já havia mudado o processo de aprovação do Orçamento da União, a conta única de Banco
Central e Banco do Brasil também havia sido extinta. As condições eram melhores do que na década de 1980, mas
ainda havia problemas com o endividamento de governos estaduais, que foram sendo atacados. O arrocho nas contas
públicas da União veio antes do plano com uma redução drástica do deficit.
Outra preocupação foi com o quadro internacional, já que uma desvalorização da nova moeda frente ao dólar poderia
trazer de volta a inflação. Mas também aí o cenário era melhor. O Brasil, que havia dado um calote na dívida externa
em 1987, tinha conseguido renegociar os pagamentos no início dos anos 1990 e tinha menos dificuldade para atrair
dólares.
A moeda americana tem papel essencial na construção do Plano Real. Moeda mais segura do mundo, ela foi usada de
âncora. A indexação deixaria de ser pela inflação e passaria a ser ao dólar. O governo decidiu que R$ 1 valeria perto de
US$ 1, mas um simples decreto ou projeto de lei não era suficiente para garantir isso. Era preciso ter dólares para
oferecer a todos que quisessem e para isso o país precisava ter reservas. Para ter reservas e atrair moeda estrangeira. O
instrumento foi a taxa de juros. O Brasil pagava uma taxa atrativa para convencer investidores a colocarem dinheiro
no país.
Garantido que o real teria valor atrelado ao dólar e que o governo não imprimiria dinheiro para cobrir seu deficit, era
hora de travar a inflação antes do lançamento da nova moeda. Aí o mecanismo era parecido com o Cruzado, mas foi
feito em duas etapas com a criação de uma moeda virtual batizada de URV (unidade real de valor).
A URV não existia no mundo real, nunca esteve em circulação, aparecia apenas em uma tabela que orientava as
correções do cruzeiro. Ela entrou em vigor em 1º de março de 1994, quatro meses antes do real. A tabela deixava a
inflação subir em cruzeiros, servia de parâmetro para que todo mundo aumentasse junto seus preços.
Com a URV, o governo sistematizou a inflação e os reajustes pararam de ser feitos com base nas expectativas de cada
agente econômico. A cada dia, uma URV valia mais cruzeiros. Mas na cabeça das pessoas, ela era um valor fixo,
confiável - quem se desvalorizava era a moeda velha.
Dia após dia a URV ficava mais cara. Em 1º de março de 1994, uma URV custava 647,50 cruzeiros. Em 30 de junho,
um dia antes do Real, a cotação da URV era 2.750 cruzeiros.
No dia seguinte, 2.750 cruzeiros novos, valor de uma URV, passou a poder ser trocado por R$ 1. As pessoas ganharam
o direito de fazer comércio em URVs, aquela moeda sólida que não se desvalorizava. Ela passou a ter o nome de real,
uma moeda que era indexada ao dólar, emitida por um país que tinha reservas em moeda estrangeira e que não
imprimia mais dinheiro para financiar seu deficit. As pessoas acreditaram que a moeda era segura e pararam de
querer subir preços.
A ideia embrionária do Plano Real nasceu entre 1983 e 1984 com os economistas André Lara Resende
(http://www.econ.puc-rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/td75.pdf)e Pérsio Arida, da PUC do Rio de Janeiro numa
proposta apelidada de “Larida” (https://www.youtube.com/watch?v=uxohuEcjIp0). Parte dessas ideias foram usadas
no fracassado Plano Cruzado e deram certo quando remodeladas com a ajuda de outros economistas
COMO o Real conseguiu controlar a inflação
QUEM foram os responsáveis pela implantação do Plano
http://www.econ.puc-rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/td75.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=uxohuEcjIp0
http://www.insperjr.com.br/artigo/do-larida-ao-real-um-compilado-historico-da-luta-contra-hiperinflacao
(http://www.insperjr.com.br/artigo/do-larida-ao-real-um-compilado-historico-da-luta-contra-hiperinflacao) como
Gustavo Franco, Pedro Malan e Edmar Bacha. Mas o plano, que hoje é um sucesso reconhecido, enfrentou resistências
políticas.
 
Em maio de 1993, o então presidente Itamar Franco nomeou o sociólogo Fernando Henrique Cardoso (FHC) para o
Ministério da Fazenda. Itamar, que havia assumido, primeiro interinamente, o governo em outubro de 1992 com o
impedimento de Fernando Collor, tentava seu quarto ministro da Fazenda em sete meses. O presidente queria um
programa para acabar com a inflação. FHC foi o responsável por montar a equipe e foi também o principal beneficiário
político do sucesso do plano.
Fernando Henrique Cardoso
ex-presidente da República, aos 2:35 do vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=riu1DTJ91Kk&t=3s)
Itamar, que morreu em 2011, diversas vezes se mostrou magoado com a falta de crédito que recebeu pela estabilização
da economia, e chegou a dizer que se arrependia de ter autorizado que FHC assinasse as cédulas da nova moeda. Mas
para além da disputa pela paternidade do plano, foi difícil colocá-lo em prática.
O plano de Itamar, FHC e dos economistas do governo enfrentava grandes resistências. Ele envolvia um ajuste nas
contas públicas, com aumento de impostos e corte de gastos, além de outras medidas impopulares como redução de
crédito para setores da economia. Dentro do próprio governo o plano enfrentava críticas, como a do ministro do
Trabalho Walter Barelli, que ameaçava se demitir por discordar do cálculo do salário mínimo.
A medida provisória da URV foi assinada por Itamar Franco em fevereiro de 1994, mas só foi aprovada pelo Congresso
Nacional dois meses depois. Na oposição, estavam partidos como o PT e o PDT, de Leonel Brizola, que consideravam
que as medidas eram prejudiciais aos trabalhadores (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/06/1473092-do-
pt-ao-proprio-governo-plano-real-enfrentou-resistencia-para-aprovacao.shtml).
Luiz Inácio Lula da Silva
então presidente do PT
O Plano Real foi um sucesso absoluto no combate à inflação, mas as medidas de correção de problemas tão graves
tiveram impacto na economia brasileira. Para combater um mal maior, o plano era composto de várias medidas
recessivas, um aperto monetário e desestímulo ao consumo. Aumento de impostos com corte de investimentos
públicos foram combinados com juros altos para atrair capital estrangeiro.
 
“Eu procurei o André Lara Resende. Eu tive então a possibilidade de nomear um
novo presidente do Banco Central, mandei chamar o Malan. Logo depois saiu o
presidente do BNDES e eu tive a oportunidade de nomear mais um, o Pérsio Arida.
Já tínhamos lá o Gustavo Franco. Então havia uma massa crítica para pensar o
plano.”
“Se não há clima para uma greve geral agora, haverá quando os trabalhadores
perceberem que estão perdendo com o plano. O programa faz parte de um conjunto
de medidas do FMI e dos credores internacionais com o objetivo de estabilizar a
moeda. Só é honestamente impossível fazer um plano econômico em que os salários
controlados e os preços ficam livres”
QUAIS os efeitos colaterais do Real
http://www.insperjr.com.br/artigo/do-larida-ao-real-um-compilado-historico-da-luta-contra-hiperinflacao
https://www.youtube.com/watch?v=riu1DTJ91Kk&t=3s
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/06/1473092-do-pt-ao-proprio-governo-plano-real-enfrentou-resistencia-para-aprovacao.shtml
O poder de compra do trabalhador, que vinha diminuindo seguidamente com a desvalorização da moeda, foi mantido
em patamares baixos. Um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos)
mostra que assim que o real passou a circular, o poder de compra do salário mínimo diminuiu e nos anos seguintes
esteve no patamar mais baixo em um período de 25 anos.
 
O desemprego também aumentou (https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,desemprego-na-grande-sp-quase-
triplicou-na-decada-de-90,20020402p27350). A taxa anual medida pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios), que estava perto de 6% ao ano no início da década, passou a subir depois de 1995 e ficou perto dos 10%.
OS NÍVEIS MAIS BAIXOS ENTRE 1986 E 2010
AUMENTO NO DESEMPREGO
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,desemprego-na-grande-sp-quase-triplicou-na-decada-de-90,20020402p27350Como consequência do Plano Real, vieram várias reformas implantadas pelo novo presidente, Fernando Henrique
Cardoso. A ideia era diminuir a participação do Estado e tornar a economia brasileira mais aberta.
Para evitar a falência de uma série de bancos, o governo federal criou o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação
e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional). O argumento do governo para essa medida impopular é que
essas instituições, que sobreviviam de rendimentos atrelados à inflação, estavam à beira da falência e poderiam causar
grande impacto no sistema financeiro brasileiro caso quebrassem.
Em seguida vieram as privatizações nos setores elétrico e de telecomunicações. Vendeu-se também a Companhia Vale
do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional.
FOTO: REUTERS - 13.01.1999
Depois de um primeiro mandato marcado por reformas, FHC se reelege na esperança de poder governar com mais
folga, voltar a poder fazer investimentos públicos e reduzir o desemprego. Mas crises internacionais vindas da Ásia e
da Rússia frustram os planos do presidente e causam o período mais problemático da nova moeda.
As crises que atingem os países emergentes aumentam a busca no mercado internacional pelo dólar. Países em
desenvolvimento, como era o caso dos atingidos pela crise e do Brasil, passam a ser vistos como destinos mais
arriscados. A tendência, em momentos de turbulência, é que investidores retirem dinheiro de moedas emergentes e
invistam em dólar.
Isso é um grande problema para o Brasil, que na virada de 1998 para 1999, ainda mantinha o controle do câmbio com
o dólar valendo pouco mais que R$ 1, num regime de câmbio fixo e controlado pelo Banco Central. Mas a percepção
global nesse momento era de que o dólar era um negócio melhor. Então o BC, na época presidido por Gustavo Franco,
passou a ter dificuldades para segurar o câmbio.
Para manter a cotação da moeda âncora em reais, havia duas necessidades. A primeira era atrair dólares para manter
as reservas, e para isso o Banco Central subiu, e muito, os juros. A taxa chegou a superar os 40% em alguns momentos.
Mesmo assim não foi o suficiente.
A segunda necessidade para manter a taxa de câmbio era garantir que todo mundo que tivesse reais e quisesse trocar,
tivesse de fato acesso a dólares. E isso era feito vendendo reservas. Aí, além da pressão pela desvalorização das moedas
emergentes, entram os ataques especulativos.
O Banco Central agia pesadamente no mercado oferecendo dólares ao preço definido. Como as reservas internacionais
não eram grandes, o mercado acreditava que a política não ia durar muito tempo - o que tornava a troca de reais por
dólares um negócio com enorme potencial de lucro.
 PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO E O MINISTRO DA FAZENDA PEDRO MALAN FALAM DURANTE A CRISE CAMBIAL
DE 1999
POR QUE o Plano Real teve que mudar
Baseados na desconfiança, os investidores correram para trocar reais por dólares pelo preço fixado. A expectativa era
de que, quando acabassem as reservas, o Banco Central seria obrigado a liberar a cotação para flutuar livremente.
Assim, quem comprou dólar a R$ 1,20, por exemplo, poderia vender em pouco tempo por muito mais.
Em 1999, depois de vender quase todas as suas reservas internacionais tentando controlar o valor do dólar, o Banco
Central teve de desistir do regime de câmbio fixo.
 
Os dólares que o mercado comprou por R$ 1,20 em janeiro daquele ano, puderam ser trocados por quase R$ 2 em
fevereiro. A recuperação das reservas internacionais levou pelo menos cinco anos.
A liberação do câmbio foi uma mudança profunda na política macroeconômica planejada pelo Plano Real. A partir
dali, o governo adotou o chamado tripé macroeconômico (https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/07/O-
que-%C3%A9-o-trip%C3%A9-macroecon%C3%B4mico.-Ele-ainda-existe-no-Brasil). O governo abria mão de
controlar o câmbio mas se comprometia, para manter o valor da moeda, a fazer superávit primário nas contas públicas
e a estabelecer e cumprir metas de inflação, deixando que o Banco Central atue de maneira autônoma para subir juros
e perseguir a meta.
Mais de 20 anos depois do lançamento do tripé, o Brasil deve fechar 2019 com a inflação controlada e o câmbio
flutuando livremente, mas com seu sexto deficit primário consecutivo. 
FIM DA ÂNCORA
EM ASPAS
“De acordo com a nossa programação, certamente, na pior das hipóteses, no
segundo semestre, a inflação acaba. Quando nós criarmos o Real ela acaba. Por que
não faz já? Porque a população tem que participar, tem que entender, tem que se
acostumar a calcular”
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/07/O-que-%C3%A9-o-trip%C3%A9-macroecon%C3%B4mico.-Ele-ainda-existe-no-Brasil
 
Fernando Henrique Cardoso
então ministro da Fazenda lançando a URV no programa Silvio Santos (https://www.youtube.com/watch?
v=K_PhYIs5FLc)
Itamar Franco
ex-presidente da República
Ciro Gomes
ministro da Fazenda no segundo semestre de 1994
Luiz Inácio Lula da Silva
então presidente do PT em entrevista em 1997 (https://www.youtube.com/watch?v=1YcB-9eqk3E)
Roberto Campos
economista, em artigo (https://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/1ano4a.htm)escrito em 1995
“O grande ministro do Plano Real chama-se [Rubens] Ricupero e, em seguida, Ciro
[Gomes]. E depois houve Paulo Haddad, Eliseu Resende. O plano não é só de um
ministro. E é preciso lembrar que o Plano Real foi assinado pelo presidente da
República, não por uma ordem técnica. A parte política foi garantida pelo
presidente da República”
“Concretamente, nós fizemos os carros irem à frente dos bois. Fizemos a
estabilidade com uma espécie de truque (https://www.youtube.com/watch?
v=eSf4U9uscIw), que foi vincular nossa moeda ao câmbio, ao dólar, e garantir a
conversibilidade do câmbio com juros muito altos que no curto prazo fariam os
dólares necessários para essa conversão vir do estrangeiro mesmo que fosse
especulativo. Isso não se sustenta.”
“O presidente Fernando Henrique Cardoso confunde até agora o Plano Real com
um plano econômico. Tem que fazer mudanças na economia desse país e ele não
está tendo coragem de fazer essas medidas. Por exemplo: ele sabe que tem que
mudar a política cambial, rever a política de juros e rever a política industrial para
que possamos voltar a gerar empregos”
“[O Plano Real] Foi uma 'transformação cultural', um 'sucesso político' e um
'avanço econômico', que ainda tem de se provar sustentável. A contribuição cultural
reside no início de uma cultura de estabilidade monetária, como valor
condicionante, sem a qual a retomada do desenvolvimento e a 'justiça social' são
masturbações socioeconômicas. Houve uma redução do fatalismo, que nos levava a
crer que a inflação era defeito congênito e não infecção adquirida”
“Eu não tinha condições políticas de fazer isso [um plano que atacasse o deficit
público], também tinha a perfeita noção de que se eu adotasse um programa da
fórmula ortodoxa eu, inevitavelmente, estava fazendo aquilo que o Jango [João
Goulart] tinha feito, todas as coisas erradas para ser deposto. E nesse momento
ninguém sabia o que poderia acontecer.”
https://www.youtube.com/watch?v=K_PhYIs5FLc
https://www.youtube.com/watch?v=1YcB-9eqk3E
https://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/1ano4a.htm
https://www.youtube.com/watch?v=eSf4U9uscIw
José Sarney
presidente da República entre 1985 e 1990 sobre a opção por um plano como o Cruzado
REAL - O plano por trás da história
 
A Saga Brasileira (https://blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/post/saga-brasileira-longa-luta-de-um-povo-por-
sua-moeda-380663.html), Miriam Leitão
Economia Brasileira 08 (https://www.youtube.com/watch?v=riu1DTJ91Kk&t=201s), Plano Real 1994-2002, Louise
Sottomaior e Mailson da Nóbrega
TODOS OS CONTEÚDOS PUBLICADOS NO NEXO TÊM ASSINATURA DE SEUS AUTORES. PARA SABER MAIS SOBRE ELES E O
PROCESSO DE EDIÇÃO DOS CONTEÚDOS DO JORNAL, CONSULTE AS PÁGINAS NOSSA EQUIPE
(HTTPS://WWW.NEXOJORNAL.COM.BR/ABOUT/NOSSA-EQUIPE) E PADRÕES EDITORIAIS
(HTTPS://WWW.NEXOJORNAL.COM.BR/ABOUT/PADR%C3%B5ES-EDITORIAIS-DO-NEXO). PERCEBEUUM ERRO NO CONTEÚDO?
ENTRE EM CONTATO (HTTPS://WWW.NEXOJORNAL.COM.BR/ABOUT/CONTATO). O NEXO FAZ PARTE DO TRUST PROJECT. SAIBA
MAIS (HTTPS://WWW.NEXOJORNAL.COM.BR/ENTREVISTA/2019/05/10/COMO-JORNAIS-PODEM-RECUPERAR-A-CREDIBILIDADE-
SEGUNDO-ESTA-PESQUISADORA).
(https://thetrustproject.org/)
NA ARTE
REAL - O plano por tras da história REAL - O plano por tras da história | Trailer O�cial| Trailer O�cial
Vá ainda mais fundo
https://blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/post/saga-brasileira-longa-luta-de-um-povo-por-sua-moeda-380663.html
https://www.youtube.com/watch?v=riu1DTJ91Kk&t=201s
https://thetrustproject.org/
https://www.nexojornal.com.br/about/Nossa-Equipe
https://www.nexojornal.com.br/about/Padr%C3%B5es-editoriais-do-Nexo
https://www.nexojornal.com.br/about/contato
https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2019/05/10/Como-jornais-podem-recuperar-a-credibilidade-segundo-esta-pesquisadora
https://www.youtube.com/watch?v=LgPA9jKl9Yw
https://www.youtube.com/channel/UC5XG4yYM-_DQ-3HPRuam76Q

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