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PLANO REAL

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ABERTURA ECONÔMICA (1990-2002) 
O governo Fernando Collor teve, como principal lema, a falência do projeto 
desenvolvimentista como motor de crescimento. Em particular, a baixa qualidade dos 
automóveis e computadores nacionais, protegidos por altas barreiras alfandegárias, foi utilizada 
como exemplo da incapacidade do governo como grande empresário. A partir de então, 
observou-se uma crescente abertura comercial e uma série de privatizações. Diversas empresas 
de baixa eficiência, principalmente do setor de informática, foram à falência, enquanto a 
qualidade dos produtos disponíveis teve uma melhora substancial. 
A estabilidade monetária só foi alcançada com a implantação do Plano Real, em 1994, já 
no governo Itamar Franco. Como consequência do fim da inflação e do fim do regressivo imposto 
inflacionário, houve uma melhora da renda sem precedentes para as classes mais baixas. O 
ministro da fazenda, Fernando Henrique Cardoso, foi eleito presidente com ampla margem. Sua 
presidência foi caracterizada por avanços nos processos de modernização e redistribuição de 
renda. 
A Lei de Responsabilidade Fiscal ajudou a controlar os gastos dos estados e municípios. 
Por outro lado, a insistência na política de câmbio fixo valorizado gerou um prejuízo na situação 
fiscal que culminou com o ataque especulativo e a implementação do regime de câmbio 
flutuante com Armínio Fraga. A implementação de políticas redistributivas como o Bolsa Escola 
e o Bolsa Alimentação ajudou a reduzir a concentração de renda, porém com efeitos muito 
inferiores aos do fim da inflação. 
Apesar das reduzidas taxas de crescimento econômico, principalmente comparadas com 
as obtidas entre 1948 e 1979, houve uma significativa redução da desigualdade social no período 
entre 1990 e 2002, bem como uma melhora substancial em outros índices como os de 
escolaridade e de mortalidade infantil. 
 
PLANO REAL 
O Plano Real foi um conjunto de reformas econômicas implementadas no Brasil, em 1994, 
no governo de Itamar Franco, na primeira metade dos anos 1990. Seu objetivo principal era 
combater a hiperinflação no país. Foi o 13º plano econômico executado desde 1979, quando se 
iniciou a crise que levou à hiperinflação. 
O Plano Real representa hoje um marco em nossa história recente por ter criado 
condições de combate para o grave problema da hiperinflação e, consequentemente, o 
descontrole fiscal do Estado brasileiro. Foi também responsável pela criação do real, a moeda 
que circula até os dias de hoje na economia brasileira. 
 
CONTEXTO HISTÓRICO 
O Plano Real resultou de uma série de decisões políticas internas e externas que afetaram 
diretamente o Brasil e ainda hoje possuem lastro nos debates acadêmicos. Desde a Era Vargas, 
sobretudo no final dos anos 1930, a dívida pública externa do país, que corresponde aos débitos 
acumulados por empréstimos contraídos de outros países, acumulava-se. Um dos legados 
principais de Vargas na presidência do Brasil foi a implementação de um projeto nacional de 
desenvolvimento, que enxergava a necessidade do país de superar a sua dependência de 
importações de produtos industrializados, a qual era responsável pelo deficit comercial. 
Foi desenvolvido, assim, a partir desse projeto nacional-desenvolvimentista, um 
crescente processo de industrialização do Brasil – o maior de sua história, inclusive. Essa política 
foi continuada por Juscelino Kubitschek, que governou o Brasil de janeiro de 1956 a janeiro de 
1961, por meio do Plano de Metas, que contava com um esquema de financiamento externo. 
 Após o Golpe de 1964, apesar da ruptura institucional provocada, a receita de 
substituição de importações, industrialização pesada e dívida externa foi herdada dos governos 
anteriores. 
Em 1973, ocorreu uma crise petrolífera, provocada por um embargo da Organização dos 
Países Árabes Exportadores de Petróleo (Opaep), que atingiu diretamente países como Estados 
Unidos, Reino Unido, Japão, entre outros., afetando diretamente as fontes de financiamento 
externo de onde o Brasil contraía empréstimos para seu projeto de desenvolvimento. 
Já no processo de abertura política do país, no contexto do fim da ditadura, um grande 
montante da dívida externa brasileira já se acumulava. Com a Crise da Dívida Externa Latino-
Americana, após o México declarar moratória em 1982 – que significa, tecnicamente, a 
suspensão ou adiamento dos pagamentos da dívida pública –, a confiança nas economias latino-
americanas diminuiu. 
Nesse momento, a inflação no Brasil estava em torno de 100% ao ano. No início dos anos 
90, em um ano, a inflação já chegava a 6.800%. Isso significava, na prática, que um produto que 
você comprava no começo de um ano estava, em um período de 12 meses, 68 vezes mais caro. 
O Brasil já havia herdado da Ditadura Militar um forte processo de desigualdade social, fazendo 
com que as classes sociais mais vulneráveis sofressem ainda mais com o crescente descontrole 
econômico. 
Em 1989, um grupo de instituições financeiras situadas na capital dos Estados Unidos, 
Washington, estabeleceu um conjunto de receitas econômicas ortodoxas com o objetivo de 
influenciar a resolução de problemas dos países em desenvolvimento que passavam por 
adversidades financeiras. Esse receituário ficou conhecido como Consenso de Washington e foi 
um dos principais meios de influência do neoliberalismo, sobretudo na América Latina. 
Uma de suas maiores consequências foi a desregulamentação de instituições financeiras, 
diminuição do papel do Estado na economia e políticas de austeridade fiscal. O neoliberalismo 
passou a influenciar a maior parte dos economistas dos anos 80, tendo, portanto, forte 
influência também na idealização do Plano Real. 
Nesse contexto, quando tomou posse o primeiro presidente civil, em 1985, José Sarney, 
após uma ditadura que durou 21 anos, o Brasil enfrentava uma de suas piores crises econômicas, 
com a inflação corroendo o poder de compra dos brasileiros, sobretudo os mais pobres. 
Em 1989, Fernando Collor de Mello foi eleito presidente do Brasil, sendo o primeiro por 
voto direito após a ditadura. Durante a sua gestão, dois planos econômicos foram criados, 
conhecidos como Plano Collor I e Plano Collor II. 
Uma das medidas realizadas pelo Governo Collor, na tentativa de controle da inflação, foi 
o Confisco das Poupanças. Essa medida, realizada em março de 1990, foi responsável por instalar 
uma forte crise política, contribuindo fortemente para o impeachment de Collor em 1992, 
quando assumiu seu vice, Itamar Franco. 
O Brasil tinha, então, uma economia fortemente atingida pela inflação, uma crise política 
instalada na recente Nova República e um sistema monetário altamente descredibilizado pelos 
próprios brasileiros. Itamar Franco, que acabara de assumir o cargo de Presidente da República, 
tinha a difícil missão de conseguir controlar a hiperinflação, objetivo que seus predecessores 
não lograram êxito. 
Foi nesse contexto que Fernando Henrique Cardoso, que se tornaria o sucessor ao cargo 
de Presidente da República, foi nomeado Ministro da Fazenda, com o compromisso de, ao 
menos, minimizar os efeitos inflacionários. Ele já era o quarto nome indicado só no governo de 
Itamar Franco. Os desafios que se colocavam diante de um problema econômico tão imediato 
faziam com que o cargo de Ministro da Fazenda possuísse uma grande visibilidade na opinião 
pública. 
QUEM IMPLANTOU O PLANO REAL? 
Fernando Henrique Cardoso foi um dos nomes mais credibilizados pelos sucessos do 
Plano Real em controlar a hiperinflação. Ele foi responsável por reunir a equipe econômica que 
construiu o plano. Entre os nomes envolvidos, destacam-se Pérsio Arida, André Lara Resende 
(ambos também participaram do Plano Cruzado na década de 1980), Gustavo Franco, Pedro 
Malan, Edmar Bacha e Winston Fritsch. Eles teriam sido os grandes responsáveis pela 
formulação do Plano Real. 
O plano foi implantado em três etapas previstas pelo próprio FHC. A primeira fase foi o 
momento de estabilização das contaspúblicas, a segunda fase o lançamento da Unidade Real 
de Valor (URV) e a terceira fase foi o momento do lançamento efetivo do real. Quando o plano 
foi aplicado, porém, os resultados foram rápidos. No final de 1994, a inflação mensal já era de 
1%, diferentemente de junho que tinha sido de quase 50%. 
 
QUAIS FORAM AS PRINCIPAIS MEDIDAS DO PLANO REAL? 
Como mencionado, o Plano Real foi dividido por FHC e sua equipe em três fases que, 
progressivamente, realizaram as medidas necessárias. A primeira mudança proposta visava a 
equilibrar as contas públicas, assim, o governo traçou metas para reduzir os gastos públicos e 
estabeleceram as privatizações como meta aumentar a receita do Estado e reduzir os gastos. 
O governo também impôs uma série de aumentos em impostos (5% nos impostos 
federais) e promoveu uma reforma no orçamento da União, fazendo com que determinados 
tributos ficassem desvinculados de destinações estipuladas pela Constituição de 1988. Com essa 
medida aprovada em Congresso, o governo ficou com a possibilidade de manejar livremente 
20% dos recursos destinados a áreas como educação e saúde, por exemplo. 
O Plano Real também promoveu a desindexação da economia, isto é, preços e valores não 
teriam reajuste diário baseado na inflação, uma vez que esse reajuste contínuo era uma das 
causas da hiperinflação brasileira. A proposta do governo foi desindexar a economia da inflação 
e indexá-la ao dólar, uma moeda estável. 
Foi incentivada a abertura econômica do país para que a área de serviços pudesse crescer 
e a indústria nacional pudesse modernizar-se. A ideia era fazer com que não faltassem 
mercadorias no mercado com a estabilização da economia e evitar que os preços subissem 
novamente. Com isso, uma das medidas tomadas foi a redução das tarifas de importação, 
visando, sobretudo, a que a indústria pudesse modernizar-se. Aconteceram também reformas 
bancárias, fazendo com que os bancos tivessem uma redução no acesso ao crédito. 
Por fim, as mudanças mais importantes e que ficaram marcadas foi a mudança de moeda 
proposta pela equipe econômica do governo de Itamar Franco. Em março de 1994 foi criado a 
Unidade Real de Valor (URV), que faria a transição para o Real, ainda em 1994. O URV foi uma 
unidade de conta que, entre março e julho de 1994, estipulava os valores referenciais para a 
conversão do cruzeiro real para o real. Esses valores eram estipulados pelo próprio governo. 
O real foi efetivamente lançado em 1º de julho de 1994 e estipulou-se que 1 real 
equivaleria a 1 URV que, por sua vez, equivalia a 2750 cruzeiros reais. Como citado, a 
sustentação da nova moeda aconteceu indexando-a ao dólar, o que garantia sua estabilidade e 
segurança. Para isso, o governo precisou aumentar as reservas cambiais e atraiu dólares para o 
país, uma vez que era necessário ter estoque de dólar para dar lastro ao real. 
O real mostrou-se uma moeda estável, uma vez que se sustentava na variação cambial do 
dólar. Como citado, o real e todo o plano que o sustentou conseguiu baixar a inflação do Brasil 
e, em julho ela esteve abaixo de 10% e no final de 1994 ela já em 1% por mês. 
 
 
CONSEQUÊNCIAS 
Economicamente falando, entre pontos positivos e negativos do Plano Real, podemos 
destacar: 
 Estabilizou a economia brasileira e colocou a inflação sob controle; 
 Pareou a moeda nacional com o dólar; 
 Manteve o poder de compra do trabalhador baixo; 
 Aumentou o desemprego. 
 
Do ponto de vista político, o sucesso do Plano Real referendou Fernando Henrique 
Cardoso para a disputa presidencial de 1994. Enquanto ministro da Fazenda, FHC ficou marcado 
como o grande responsável pelo Plano Real. Por conta disso, FHC abandonou o Ministério da 
Fazenda, em março de 1994, para poder concorrer à eleição presidencial. 
A popularidade de FHC foi tão grande que ele foi eleito presidente no primeiro turno, com 
cerca de 55% dos votos, totalizando mais de 34 milhões de votos. Na presidência, FHC 
implementou novas mudanças ao Plano Real. 
 
 
PRINCIPAIS MEDIDAS 
O programa brasileiro de estabilização econômica seguiu as seguintes linhas mestras (com 
efeito sinérgico): 
 
Desindexação da economia 
Medida adotada: O ajuste e reajuste de preços e valores passaram a ser anualizados e 
obedeceriam às planilhas de custo de produção. 
Justificativa: Era necessário interromper o círculo vicioso de corrigir valores futuros pela 
inflação passada, em curtos períodos de tempo. Essa atitude agravava a inflação, tornando-a 
cada vez maior. Era comum acontecer remarcação de preços várias vezes num mesmo dia. 
Privatizações 
Medida adotada: A troca na propriedade de grandes empresas brasileiras eliminou a 
obrigação pública de financiar investimentos (que causam inflação se for feito pelo governo 
através da emissão de moeda sem lastro) e possibilitou a modernização de tais empresas (sob 
controle estatal havia barreiras impeditivas para tal progresso, como burocracia e falta de 
recursos). 
Justificativa: A iniciativa privada tem meios próprios de financiar os investimentos das 
empresas, e isto não produz inflação, e sim, desenvolvimento, porque não envolve o orçamento 
do governo. Este deve alocar recursos para outras áreas importantes. E ainda, na iniciativa 
privada não há as regras administrativas orçamentárias e licitatórias, que prejudicam a produção 
das empresas e a concorrência perante o mercado. 
Equilíbrio fiscal 
Medida adotada: Corte de despesas e aumento de cinco pontos percentuais em todos os 
impostos federais. 
Justificativa: A máquina administrativa brasileira era muito grande e consumia muito 
dinheiro para funcionar. Havia somente no âmbito federal cem autarquias, quarenta fundações, 
vinte empresas públicas (sem contar as empresas estatais), além de dois mil cargos públicos com 
denominações imprecisas, atribuições mal definidas e remunerações díspares. Como o país não 
produzia o suficiente, decidiu-se pelo ajuste fiscal, o que incluiu cortes em investimentos, gastos 
públicos e demissões. Durante o governo FHC, aproximadamente vinte mil funcionários foram 
demitidos do governo federal. 
Abertura econômica 
Medida adotada: Redução gradual de tarifas de importação e facilitação da prestação de 
serviços internacionais. 
Justificativa: Havia temor de que o excesso de demanda por produtos e serviços causasse 
o desabastecimento e a remarcação de preços, pressionando a inflação (fato ocorrido durante 
o Plano Cruzado, em 1986). Existia também a necessidade de forçar o aperfeiçoamento da 
indústria nacional, expondo-a a concorrência, o que permitiria o aumento da produção no longo 
prazo, e essa oferta maior de produtos tenderia a acarretar uma baixa nos preços. 
Contingenciamento 
Medida adotada: Manutenção do câmbio artificialmente valorizado. 
Justificativa: Como efeito da valorização do real, esperava-se um aumento das 
importações, com aumento da oferta de produtos e aperfeiçoamento da indústria nacional via 
concorrência com produtos estrangeiros. 
Políticas monetárias restritivas 
Medida adotada: Aumento da taxa básica de juros que chegou a 45% ao ano e da alíquota 
do depósito compulsório dos bancos. 
Justificativa: A taxa de juros teve inicialmente dois propósitos: financiar os gastos públicos 
excedentes até que se atingisse o equilíbrio fiscal, e reduzir a oferta de crédito (promovendo 
assim o esfriamento da economia), considerados agentes inflacionários . Os financiamentos 
chegaram a ter o prazo de quitação regulado pelo governo. 
O aumento do depósito compulsório dos bancos teve o propósito de reduzir a quantidade 
de dinheiro disponível para empréstimos e financiamentos dos bancos, uma vez que estes são 
obrigados a recolher compulsoriamente uma parte dos valores ao Banco Central. 
 
EFEITOS 
IMEDIATOS 
 
O efeito regulador do Plano Real foi imediato e muito positivo em seu propósito. A 
inflação calculada sobre a URV nos meses de sua vigência (abril a junho) ficou em torno de 3%, 
enquanto que a inflação em cruzeiros reais (CR$) foi de cerca de190%. Até o início da circulação 
do real (R$), em 1º de julho de 1994, a inflação acumulada foi de 763,12% (no ano) e 5.153,50% 
(nos doze meses anteriores). 
A inflação que antes consumia o poder aquisitivo da população brasileira, impedindo que 
as pessoas permanecessem com o dinheiro por muito tempo, principalmente entre o banco e o 
supermercado, estava agora controlada. O efeito imediato, e mais notável do Plano Real, foi a 
aposentadoria da máquina-símbolo da inflação, a "remarcadora de preços do supermercado" 
presente no comércio. O consumidor de baixa renda foi o principal beneficiado. 
Durante muitos anos a correção monetária foi uma salvaguarda que permitia aos 
brasileiros que tinham maior poder aquisitivo defender-se parcialmente da corrosão do valor 
real da moeda, com aplicações bancárias de rendimento diário. A grande maioria da população, 
entretanto, não tinha acesso a esses mecanismos e sofria com a desvalorização diária dos 
recursos recebidos como salário, aposentadoria ou pensão, sendo os maiores prejudicados com 
a alta inflação. 
Não por acaso, após a implantação do Plano Real a taxa de consumo de itens antes 
"elitizados" como o iogurte explodiu nas classes C e D da população. 
 
Segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas - (FGV), houve entre 1993 e 1995 uma 
redução de 18,47% da população miserável do país fruto do sucesso do plano. Um dos melhores 
índices da história. 
Também se considera como efeito direto do plano a vitória do candidato do governo, 
Fernando Henrique (PSDB-SP), nas eleições presidenciais de 1994. O Plano Real foi o décimo 
terceiro plano econômico de estabilização da economia brasileira desde o início da década de 
1980.[22] Os planos anteriores obtiveram um resultado positivo nos primeiros meses de 
vigência, mas nenhum deles foi bem-sucedido em longo prazo. O Plano Real entrou para a 
história como o episódio que acabou com a hiperinflação e iniciou um novo ciclo de 
desenvolvimento econômico. 
 
 
 
LONGO PRAZO 
Os efeitos em longo prazo esperados pelo governo à época do lançamento do Plano Real 
foram: 
 
 Manutenção de baixas taxas inflacionárias e referências reais de valores; 
 Aumento do poder aquisitivo das famílias brasileiras; 
 Modernização do parque industrial brasileiro; 
 Crescimento econômico com geração de empregos 
 
DESAFIOS 
CRISES ECONÔMICAS 
O Plano Real enfrentou três grandes crises mundiais: a Crise do México (1995), a Crise Asiática 
(1997-1998) e a Crise da Rússia (1998). Em todas essas ocasiões o Brasil foi afetado diretamente, 
pois estava em reformas e necessitava de recursos, investimentos e financiamentos 
estrangeiros. Grandes somas de dinheiro deixaram o Brasil em cada um desses momentos 
devido ao medo que os grandes investidores tinham com os mercados emergentes. Ao menor 
indício de crise em qualquer um desses países, uma massa de investidores corria para buscar 
refúgio em moedas fortes, como o dólar americano ou a libra esterlina. Outros aproveitavam 
esses movimentos para especular fortemente contra as moedas dos emergentes, na intenção 
de obter grandes lucros em curto espaço de tempo, esvaziando as reservas em moeda 
estrangeira dessas nações. Isso contaminava negativamente as contas de diversos países, 
causando um efeito cascata globalizado. Além disso, as privatizações contribuíram para esgotar 
os recursos do governo em reservas cambiais e contribuíram para a desvalorização da moeda. 
Como essas crises deixavam o Brasil sem meios de financiar seu plano de estabilização, o 
governo, fragilizado, via-se obrigado a aumentar a taxa básica de juros para remunerar melhor 
esses capitais, numa tentativa de impedi-los de abandonar o país. O objetivo era evitar um 
"default", ou seja, uma quebra generalizada que empurrasse o país a uma moratória externa. A 
taxa de juros do Brasil chegou a 45% ao ano em março de 1999. Como consequência, houve 
maior endividamento público, mais cortes de gastos públicos, retração de alguns setores da 
economia e desemprego. 
Outras crises menores, apesar de não prejudicarem tanto o processo de controle da inflação do 
Brasil, que já estava consolidado, trouxeram efeitos negativos na taxa de crescimento 
econômico. A Crise da Argentina (2001), a Crise de 11 de setembro (2001), e a Crise do Apagão 
(2001) ajudaram a derrubar a taxa anualizada de crescimento do PIB pois também forçaram o 
aumento da taxa de juros interna. A crise do Apagão teve a causa ligada diretamente ao Plano 
Real, uma vez que o plano trouxe a ampliação do poder de compra da população, aumento do 
consumo, aumento da produção (que geram maior consumo de energia elétrica), somados ao 
recuo dos investimentos públicos nos setores estatais de energia (como parte do programa de 
estabilização econômica). 
 
OPOSIÇÃO AO PLANO 
 
Durante todo o Governo FHC, o Partido dos Trabalhadores (PT), como principal opositor ao 
governo, votou contra por entender que o plano traria prejuízo à classe trabalhadora. Alguns 
poucos artigos receberam apoio, como a previsão de destinação de recursos do FSE para o 
Sistema Único de Saúde, em 1994. O futuro presidente e então deputado federal Jair Bolsonaro 
também foi contrário ao plano.

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