Buscar

Cassandra_TCC

Prévia do material em texto

0 
 
 
UNIVERSIDADE CEUMA 
PRÓ REITORIA DE GRADUAÇÃO 
CURSO DE PSICOLOGIA 
 
 
 
CASSANDRA CRISTINA TAVARES LIMA 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE INSTITUCIONAL EM UMA INSTITUIÇÃO 
ESCOLAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2017
 
1 
 
CASSANDRA CRISTINA TAVARES LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE INSTITUCIONAL EM UMA INSTITUIÇÃO 
ESCOLAR 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Curso de Psicologia da Universidade CEUMA, 
como requisito para obtenção do grau de bacharel 
em Psicologia. 
 
Orientador: Prof. Dr. Sandro Eduardo Rodrigues 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2017 
 
2 
 
CASSANDRA CRISTINA TAVARES LIMA 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE INSTITUCIONAL EM UMA INSTITUIÇÃO 
ESCOLAR 
 
 
 
Aprovado em: ____/____ /______ 
 
 
 
BANCA AVALIADORA 
 
 
 
______________________________________ 
Prof. Dr. Sandro Eduardo Rodrigues 
Orientador 
 
 
 
_______________________________________ 
1º Avaliador 
 
 
 
 
_______________________________________ 
2° Avaliador 
 
 
 
3 
 
A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE INSTITUCIONAL EM UMA INSTITUIÇÃO 
ESCOLAR 
 
Cassandra Cristina Tavares Lima
1
 
Sandro Eduardo Rodrigues 
2 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho aborda a análise institucional como uma das possíveis vertentes 
de atuação do psicólogo, dentro do contexto escolar. Para tanto, buscamos 
concepções teóricas sobre instituição, instituição escolar, a atuação do psicólogo no 
contexto escolar e a Análise Institucional, consoantes às concepções de René 
Lourau, George Lapassade e Félix Guattari. A análise de implicações tornou-se o 
foco central da pesquisa no percurso do trabalho. A pesquisa foi uma revisão 
bibliográfica qualitativa, na qual utilizou-se o método cartográfico para a sua 
organização. Os resultados da pesquisa evidenciaram a ligação da implicação com a 
pesquisa-intervenção como o processo em que o pesquisador não pode evitar e em 
que o pesquisador ocupa um lugar privilegiado para analisar as relações de poder, 
inclusive as que o perpassam. Quanto à atuação do psicólogo como analista 
institucional, dentro do contexto escolar, faz-se necessário que pesquisas sejam 
produzidas com o intuito de se obter fundamentos teóricos que elucidem as 
dificuldades deste profissional neste contexto, quando interveem, dentro da 
instituição escolar, em situações-problemas que perpassam o ensino-aprendizagem. 
 
Palavras-Chave: Instituição. Instituição Escolar. Atuação do Psicólogo Escolar. 
Análise Institucional. Análise de Implicação. 
 
ABSTRACT 
 
The present study addresses institutional analysis as one of the possible aspects of 
the psychologist's performance within the school matter. For this, we pursue 
theoretical conceptions about institution, school institution, the psychologist's conduct 
 
1
 Graduanda do curso de Psicologia, da Universidade CEUMA. E-mail: ccristinalima@yahoo.com.br 
2
 Orientador, Prof. Doutor Docente do curso de Psicologia da Universidade Ceuma. E-mail: 
digitalamerindio@gmail.com. 
 
4 
 
in the school context and the Institutional Analysis according to the conceptions of 
René Lourau, George Lapassade and Felix Guattari. The analysis of implication has 
became the central focus of the research in the course of this work. The research 
was a qualitative bibliographical review, in which the cartographic method was used 
for its organization. The results inquired highlighted the association between 
implication and research-intervention as the process in which, the researcher may 
not avert and where the researcher fill an advantageous place to evaluate power 
relations, including those that pervade him. As for the role of the psychologist as an 
institutional analyst within the school context, more surveys on the subject are 
required in order to obtain theoretical foundations that elucidate the difficulties faced 
by this professionals in this context when they intercede within the school, as an 
institution, in situations-problems that pervade the teaching-learning. 
 
Keywords: Institution. School institution. Performance of the School Psychologist. 
Institutional Analysis. Analysis of Implication. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho consiste em uma revisão bibliográfica que teve como 
objetivo analisar as possíveis contribuições da Análise Institucional (A.I.) para o 
trabalho do psicólogo inserido no contexto escolar. A atuação dos psicólogos como 
Analistas Institucionais, ainda é vista como algo desconhecido e, por vezes, 
incompreendido pelos atores centrais das instituições em que atuam. As 
possibilidades de suas atuações, como um processo de melhoramento do 
desenvolvimento institucional, ainda constituem temas de debates, principalmente, 
por aqueles que, supostamente, devem zelar pelo bem estar da instituição. 
Quando mencionamos a Psicologia, no âmbito escolar, num primeiro 
momento, relacionamos o conhecimento desta ciência com os conhecimentos 
educativos, onde as ações do profissional devem desenvolver-se, prioritariamente, 
nas relações “professor-aluno” e “aluno-professor”. Desse modo, se mostra 
importante um estudo que ostente a atuação do psicólogo, dentro desse contexto, 
na posição de Analista Institucional, não significando que nessa posição não possa 
intervir em situações-problemas que envolvam o ensino-aprendizagem. 
5 
 
Ainda nesse encandeamento de ideias, Martinez (2010), esclarece que o 
psicólogo, dentro da instituição escolar, além de abranger a dimensão 
psicoeducativa, modalidade de intervenção em grupo com o mesmo problema, tem a 
função de abranger a dimensão psicossocial, que envolve o convívio social do 
grupo. 
Assim, com o intuito de fundamentar teoricamente a atuação do psicólogo 
quando se propõe a intervenções no coletivo, neste estudo, dá-se relevância aos 
princípios básicos dos conceitos da Análise Institucional de René Laurau e George 
Lapassade, assim como, recorre-se às articulações das concepções sobre 
instituição, instituição escolar e a atuação do psicólogo na escola. 
Desse modo, para a compreensão acerca desse tema, fez-se necessário 
a disseminação de instituição, não como edificações, mas como “instâncias do saber 
que permitem, a todo tempo, recompor as relações sociais” (PEREIRA 2007, p. 11). 
De esclarecimentos sobre, a instituição escolar por ser uma instância modeladora e 
transformadora, a atuação do psicólogo no meio escolar e a implicação, concepção 
da Análise Institucional, que interliga o pesquisador ao campo como sustento da 
pesquisa-intervenção. 
Desta forma, o presente trabalho propõe apresentar a atuação do 
psicólogo, dentro do contexto escolar, e as relações de aceitação e adversidades 
encontradas ao se propor a intervir nas situações-problemas, apresentadas durante 
sua atuação. 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
Quando se pensa em instituição, somos remetidos a estruturas 
organizacionais, construções, edifícios ou algo concreto. No entanto, a concepção 
que aqui será explanada se relacionará às noções deste termo envolto no ato de se 
instituir. 
De acordo com Pereira (2007), o ato de se instituir é uma condição 
humana que se apresenta como uma regra presente no transcurso de se tornar 
civilizado. E destaca, ainda, que é essa condição que nos difere dos demais 
animais, pois por não obedecermos integralmente aos instintos, ultrapassamos e 
rompemos a barreira dos instintos naturais para adquirimos cultura que, segundo a 
6 
 
contribuição da psicanálise freudiana, “é um esforço humano para lançar pontes 
sobre o abismo” (PEREIRA, 2007, p. 12). 
Ressaltando que esta “ponte sobre o abismo” é quando o ser humano 
produz a partir do instante que lhe falta algo essencial, por isso há uma necessidade 
de construir instituições com o desejo de constituir uma harmonia mínima entre os 
seresfalantes, como uma condição de não sentir-se abandonado, desprotegido ou 
inseguro com acontecimentos não esperados, satisfazendo assim o que lhes são 
desejados. No entanto, quando a instituição não oferta o que é ansiado pelos seres, 
esta se desestrutura, perde o sentido para a qual foi instituída, tornando-se um meio 
de destruição da liberdade democrática (PEREIRA, 2007). 
Para Bock, Furtado e Teixeira (2009, p. 223), instituição é um valor ou 
regra social, “que serve como guia básico de comportamento e de padrão ético para 
as pessoas em geral. A instituição é o que mais se reproduz e o que menos se 
percebe nas relações sociais”. 
Como se pode identificar, o termo instituição abrange diversos sentidos 
em diferentes campos de conhecimentos. No chamado movimento institucionalista, 
esse termo se esclarece a partir de alguns movimentos históricos que 
fundamentaram e orientaram seu desenvolvimento. 
 Esses movimentos são citados por Guizardi, Lopes e Cunha (2015) como 
o movimento da psicoterapia institucional que, durante a ocupação alemã na França, 
em 1940, alguns médicos, começaram a questionar e transformar as formas 
opressivas das relações que eram estabelecidas com os pacientes psiquiátricos nos 
asilos, ingressando novas práticas às técnicas de trabalho de psicoterapia grupal, 
novas atitudes nas relações “cuidados” e “cuidadores”. 
Baseando-se nestas experiências, nos anos de 1950, se começou a 
repensar o termo instituição, não apenas como um estabelecimento no sentido de 
construção ou organização, mas, como uma teia de relações existentes no interior 
de um estabelecimento, passando a ser vista como objeto de análise. 
Posteriormente, em 1960, o campo da Educação ratifica o conceito de instituição, 
quando coloca que a relação institucional não é algo estagnado e, sim, algo que 
engloba uma relação de ideias que contrapõem outras ideias (GUIZARDI; LOPES; 
CUNHA, 2015). 
Desta forma, estreitando as perspectivas de instituição e educação, temos 
que, historicamente, a educação sempre existiu. Coimbra (1989) afirma que outrora 
7 
 
não era necessário ter uma instituição específica para que a educação fosse 
exercida, citando como exemplo, quando os mais velhos transmitiam aos mais 
novos os seus saberes através de histórias, contos, tradições, que eram passados 
de pais para filhos, crendices e experiências vividas em seu cotidiano. Portanto, 
nesse sentido, todos os adultos estavam envolvidos no processo de educação, 
sempre tendo algo a ensinar e esta era de inteira responsabilidade destes. 
Porém, foi a partir da Idade Média, na Europa, a educação tornou-se um 
produto, pois foi nessa época que um grupo de pessoas, principalmente as 
religiosas, se fundamentaram na “transmissão do saber”. Vale salientar que, 
somente a burguesia tinha o direito de frequentar este ambiente de aprendizagem 
que tinha como prioridade, propagar a cultura aristocrática e conhecimentos 
religiosos (COIMBRA, 1989). 
No entanto, Bock, Furtado e Teixeira (2009) indicam que só se teve 
concepção de escola como instituição, no formato que conhecemos atualmente, a 
partir do século XII. Com o desenvolvimento industrial, houve a necessidade de uma 
universalização, onde saber ler, escrever e contar era uma chance de sobrevivência 
devido a maior possibilidade de contratação, abrindo, portanto, espaço para a classe 
menos favorecida dentro da instituição escolar. Por outro lado, quando a classe 
burguesa notou um empoderamento da classe baixa, a burguesia, incutiu na 
instituição as ações de “socializar” e “educar”, com o propósito de formar “bons” 
cidadãos e manter os trabalhadores disciplinados. 
Com isso, não muito diferente dos dias atuais, a instituição escolar foi 
concebida com funções de impor os valores, normas e hábitos da classe dominante, 
mostrando sutilmente o seu lugar na sociedade, conforme a sua classe social de 
origem. Assim, Coimbra (1989, p. 15) afirma que: 
a instituição escolar passa a ser a peça fundamental para o 
desenvolvimento e fortalecimento do capitalismo. Consideram a Escola 
como Aparelho Ideológico de Estado, pois é o instrumento número um da 
burguesia, visto difundir a sua visão de mundo e de vida. Aliados a este 
aparelho, temos outros que o complementam e reforçam: a família e os 
meios de comunicação, principalmente. 
Com estes respaldos, a autora reafirma que a escola sempre existiu para 
atender determinados objetivos. E que ao lado de informações científicas e “mesmo 
embutidas nelas”, estão regras a serem seguidas à risca do que é bom ou mal, do 
que é certo e do que é errado. São ensinados, como se sempre tivesse existido, a 
8 
 
submissão à ordem estabelecida, a hierarquia de poder, o medo da autoridade, 
tornando-os normais (COIMBRA, 1989). 
Vale mencionar que, conforme Gallo (2008), a educação tem se valido de 
mecanismos de controle como justificativa para a formação e informações do aluno. 
E que, na instituição escolar, há sempre uma ordem implícita que traz consigo a 
marca do exercício do poder, que devem ser atendidos, absorvidos e perpassados 
por todos os segmentos da instituição de forma hierárquica, ou seja, “quem tem mais 
poder, manda mais”. 
Segundo Ana Bock, Odair Furtado e Maria Teixeira (2008), a escola é 
uma das mais importantes instituições sociais, por fazer mediação entre o indivíduo 
e a sociedade, tornando-se responsável pela transmissão de modelos sociais de 
comportamentos, além de transmitir conhecimentos gerais. Nessa instituição, 
irrompe um campo profuso de demandas para a intervenção psicológica. 
De acordo com os autores supracitados, é no cotidiano escolar que o 
indivíduo adquire conhecimento para a vida e se prepara para enfrentar problemas 
na sociedade. São nas instituições escolares que estão mais presentes os 
problemas de aprendizagem, que tem proveniência de situações vivenciadas pelos 
membros desta, fora da instituição, ou seja, problemas vivenciados pelos indivíduos, 
na comunidade, estão influenciando o baixo rendimento escolar. Assim como, 
também, não se pode excluir situações que tem a sua eclosão dentro do próprio 
meio escolar (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). 
Nessa forma institucionalizada de educação, Martínez (2010) expõe que 
os processos educacionais acontecem em diferentes âmbitos e de várias formas, 
tendo um lugar privilegiado nos principais processos educativos intencionais que, 
juntamente com outros, integram a educação como prática social. As contribuições 
da Psicologia e articulação desta com a educação expandem múltiplas demandas, 
tornando a escola um ambiente congruente para a inserção do psicólogo. 
Ao caracterizarmos a atuação do psicólogo dentro da instituição escolar, 
esta se diferencia dos outros profissionais que, neste contexto, são instituídos por 
lei. Segundo Andaló (1984), este profissional, o psicólogo, ainda é pouco valorizado 
e até mesmo considerado como dispensável nestas instituições. 
No entanto, mesmo a atuação do psicólogo na instituição escolar sendo 
um tema de constantes reflexões, até mesmo pelos próprios profissionais, outros 
profissionais do sistema educativo, em diferentes graus da instituição, como 
9 
 
gestores, pedagogos, professores e outros, estão se juntando à debates e 
questionamentos sobre a importância do psicólogo na escola (MARTINEZ, 2010) 
Assim, segundo Almeida (2001), as funções do psicólogo e sua formação, 
dentro do âmbito escolar, encontram-se em constante investigação. Os frequentes 
questionamentos levantados englobam a atuação do psicólogo no processo de 
ensino-aprendizagem, a delimitação do profissional a intervir na complexidade dos 
problemas encontrados neste contexto, e questões referentes às relações que 
envolvem os papéis individuais desenvolvidos pelos professores e alunos. 
Referindo-se a identidade do psicólogo escolar, Almeida (2001) aponta 
que existe uma consonância entre os relatos de diversos pesquisadores daárea em 
pontuar a existência de um déficit na relação teoria psicológica e prática que precisa 
ser aprimorado, tanto na academia, quanto na sua atuação, já como profissional 
dentro da instituição escolar. Almeida (2001, p 45) enfatiza que: 
As práticas psicológicas não atendem às necessidades e demandas da 
escola, dos alunos e suas famílias, inseridos em um contexto sociocultural 
que passa por inúmeros problemas e transformações neste fim de século e 
início de um novo milênio. 
 A mesma autora ainda acrescenta que tal situação evidencia-se no 
contexto escolar porque no Brasil ainda predomina o modelo clínico de atuação do 
psicólogo, levando o profissional a oscilar entre o modelo clínico intencionado à cura 
de carácter terapêutico e o modelo preventivo que visa à resolução de situações-
problema que interferem no processo educacional e pedagógico. 
Considerando o que foi citado acima, em seus estudos, Martinez (2010) 
classifica a forma de atuação do psicólogo no contexto escolar em dois grupos: os 
tradicionais, que circundam a intervenção consolidada na avaliação, diagnóstico, 
atendimento e encaminhamento de alunos com dificuldades escolares; e as 
emergentes, envolvendo uma caracterização que abrange todo funcionamento da 
escola como instituição, como diagnósticos, análise e intervenção em nível 
institucional, especialmente no que diz respeito à subjetividade social da escola, 
visando delinear estratégias de trabalho favorecedoras das mudanças necessárias 
para a otimização do processo educativo. 
Na perspectiva emergente, Miranda (2013) descreve que, nos últimos 
anos, a Psicologia Educacional/Escolar vem outorgando uma diferenciada 
concepção sobre a prática dos profissionais da Psicologia na instituição escolar, 
onde desconstrói que este só possa exercer a prática individualizante e 
10 
 
psicologizante. Proporcionando assim, uma separação da prática tradicional do 
atendimento clínico e almejando uma intervenção que abranja o coletivo. 
Miranda (2013) ainda contextualiza que esta nova perspectiva, sobre o 
profissional da Psicologia, na instituição escolar, atenda as demandas peculiares 
concedendo-nos uma amplitude de possibilidades de intervenção englobando 
fatores que vão além do “aluno-problema”. 
Portanto, para Martinez (2010), a atuação do profissional da Psicologia e 
sua efetivação como componente indispensável na instituição escolar estão, 
gradativamente, tornando-se esclarecedores dentro do sistema educacional. E, esse 
processo positivo, está se constituindo em decorrência da mudança do espaço de 
atuação tradicional e construção de um modelo mais amplo com mudanças 
significativas para corresponder às diversas demandas do sistema educativo. 
Gradativamente, o núcleo escolar, privado ou público, está solicitando a 
presença de psicólogos em suas instituições, com o objetivo de desempenhar sua 
função, tanto com os discentes, docentes e coordenadores pedagógicos, quanto 
com a comunidade envolvida com a escola (MARTÍNEZ, 2010). 
Assim, a atuação do psicólogo na instituição escolar se constitui pela 
junção do seu objetivo em contribuir com o aprimoramento dos processos 
educativos que acontecem na instituição de uma forma ampla pelos múltiplos fatores 
que nelas intervém e, segundo Martinez (2010), pelo locus de atuação, constituído 
pelas diferentes instâncias do sistema educativo. 
Desta forma, consoante ao que foi exposto acima, dentro deste contexto, 
a Análise Institucional (AI) ou Socioanálise, que, de acordo com Rossi e Passos 
(2014), tem influenciado muitos movimentos no Brasil, tendo seus conceitos 
utilizados e revisados nas atuações práticas em saúde coletiva à clínica psi. 
Em conformidade com Guirado (2009), Análise Institucional é o nome 
dado a uma forma específica de compreender as relações sociais, o conceito de 
instituição e a inserção do profissional da psicologia, por empenhar-se em revelar as 
concepções tidas como verdade com as novas formas de estar no mundo. 
Deste modo, Sônia Altoé (2004, p. 122) relata que: 
Quando surge uma crise na família ou no grupo em que você vive, no 
prédio, bairro ou cidade onde mora, no local em que trabalha ou ao qual vai 
para se divertir ou fazer esporte, onde pratica atividades religiosas ou 
políticas, no estabelecimento em que é professor ou aluno, na associação 
da qual é membro etc., pode-se dizer que estão reunidas as condições para 
uma análise institucional. 
11 
 
 Certificamos, portanto, que uma crise coletiva, independentemente de 
qual instituição ela esteja inserida, é condição suficiente para a realização de uma 
AI. E que, esta análise, é uma das propensões do institucionalismo mais divulgadas 
em nosso país e que teve seu rudimento com práticas microssociais relativas à 
psicoterapia, à intervenção psicossociológica e à Pedagogia (LAPASSADE, 2006). 
Dentro dessas três linhas constitutivas da Análise Institucional, Rossi e 
Passos (2014) ligam a primeira à saúde mental relacionando-a às práticas da 
Psicoterapia Institucional que tiveram suas primeiras experiências no hospital 
psiquiátrico, durante a Segunda Guerra Mundial. Destaca-se nessa linha, Félix 
Guattari, que desenvolveu conceitos importantes como “analisador” e 
“transversalidade” após a década de 50. A segunda linha é atribuída à Pedagogia 
Institucional, que a partir de experiências com Pedagogia Libertária fomentou o 
exercício de questionamentos às práticas da educação, vigentes no início do século 
XX – nomes como René Lourau e Georges Lapassade são destacados –. A terceira 
é a Psicossociologia que trouxe, da França, técnicas de grupos que estavam sendo 
gestadas por pesquisadores dos Estados Unidos, para atuações no pós guerra. 
Perpassando esses dados históricos, Lapassade (2006) menciona que a 
Análise Institucional conjectura que a relação social sobrevém em três níveis: o do 
grupo, que é a sustentação da vida humana; o da organização, que determina 
regulamentos e regimentos; e o último nível, o do Estado, que é a instituição 
propriamente dita, algo instituído. 
Nesse sentido, a Análise Institucional trata-se de uma ação que se 
apropria da investigação fundamentada no coletivo, tendo como papel dentro da 
organização: pesquisar, questionar, averiguar histórias, observar a estrutura e 
funcionamento, tal como, atentar para práticas e agentes grupais (PEREIRA, 2007). 
O intuito da Socioanálise, que segundo Romagnoli (2014) é o nome 
também dado à Análise Institucional de René Lourau e George Lapassade, é ir além 
das discussões das relações no interior dos grupos, favorecendo análises críticas, 
problematizando as formas tradicionais de construção de conhecimento e propondo 
a noção de pesquisa-intervenção. 
Pensando nessa problematização, que a socioanálise propõe, 
consideramos as noções institucionalistas de Implicação, Transversalidade e 
Analisador. 
12 
 
Implicação, de acordo com Guizardi, Lopes e Cunha (2015, p. 329), “é a 
relação que os indivíduos desenvolvem com as instituições”. Que o fato de estarmos 
ingressos em uma instituição, consequentemente, estamos implicados com a 
mesma, pois, mesmo que não saibamos, essas implicações têm efeito sobre nós. 
Segundo Altoé (2004, 82), a A.I não se limita a mencionar somente 
implicação, ela também estabelece a análise de implicação que se estabelece nos 
escândalos da Análise Institucional. Esta ainda esclarece que: 
A implicação deseja pôr fim às ilusões e imposturas, da “neutralidade” 
analítica, herdadas da psicanálise e, de modo mais geral de um 
cientificismo ultrapassado, esquecido de que, para o “novo espírito 
científico”, o observador já está implicado no campo da observação, de que 
sua intervenção modifica o objeto de estudo, transforma-o. Mesmo quando 
esquece, o analista é sempre, pelo simples fato de sua presença, um 
elemento do campo. 
Por conseguinte, Rodrigues (2016) escreve que, quando estamos 
implicados, temos que ter o compromissode analisar a instituição, tal como nos 
colocarmos em análise, questionando as nossas próprias certezas, onde quer queira 
ou não, está-se implicado. Não se trata de uma questão de vontade de estar 
implicado e sim uma questão de que o simples ato de nos relacionarmos com as 
diversas instituições que nos envolvem, nos torna sujeitos às implicações. Nessa 
perspectiva, passa-se a falar de implicações para uma análise de implicações. 
Além do mais, Altoé (2004, p. 247) discorre que o termo implicação foi 
destinado a A.I para introduzir, dentro deste contexto, os “conceitos freudianos de 
transferência e contratransferência às situações coletivas, aumentando a sua 
abrangência”. E que a implicação, no que lhe concerne, deve ser observada, 
ponderada de forma individual e coletiva, o que supõe que esta análise seja uma 
atividade intensa e, por muitas vezes, penosa. 
Independentemente de a análise ser uma incumbência nada passiva, a 
implicação apresenta uma dificuldade, que segundo Altoé (2004, p.191) “se encontra 
camuflada pela sobreimplicação” e esta última, por sua vez, apresenta perspectivas 
extremamente passivas que podem ser configuradas como “submissão a ordens 
explícitas ou consignas implícitas da nova ordem econômica e social”. 
 A sobreimplicação intervém na análise de implicação quando 
psicologizamos um campo de análise isolando-o, ou seja, sobreimplica um campo 
quando a relação com um objeto ocupa todo o espaço e esvazia os outros campos 
de implicações (ALTOÉ, 2004). 
13 
 
Em consonância com o que foi mencionado, até o presente momento, 
quando entramos em uma instituição escolar, como profissional da Psicologia, nos 
determinamos a intervenções que correspondem ao processo ensino-aprendizagem, 
ou nos acomodamos ao que nos é confortável por estarmos apoiados em 
experiências vividas. Paulon (2005) esclarece que o desafio dos institucionalistas é 
desmontar dicotomias “sujeito-objetos”, “teoria-prática”, opondo-se às formas rígidas 
de uma pesquisa. Para tanto, seja qual for o campo de inserção, a proposta 
institucionalista da implicação sustenta a pesquisa-intervenção, que será melhor 
esclarecida no percurso deste estudo. 
Outra concepção trazida pela A.I. é a transversalidade, que conforme 
Guattari (2004), é uma dimensão da ligação da análise e intervenção que ultrapassa 
os limites da interpessoalidade; e, para René Lourau (apud ALTOÉ, 2004), a 
descreve como o que vem transpassar a verticalidade do que lhes é próprio, do 
mesmo modo que ultrapassa a horizontalidade, não estando nem na dimensão de 
uma verticalidade pura ou de uma simples horizontalidade. Tem tendência a se 
realizar quando ocorre uma interlocução clara e igualitária entre os diferentes grupos 
e sentidos. 
O conceito de analisador, na Análise Institucional, é um acontecimento, 
algo que, ao irromper, de alguma forma traz à tona as questões problemas 
presentes dentro da instituição, podendo ser tanto um acontecimento que denuncia 
quanto um portador de mudanças que tem a capacidade de se explicar, de se auto 
resolver (GUATTARI, 2004). 
Ainda na A.I, para um melhor esclarecimento, faz-se necessário as 
concepções de instituído e instituinte, onde Altoé (2004) distingue o instituinte como 
a capacidade de inovação de mudança e o instituído são as ordens estabelecidas, 
valores enraizados, modo estabelecido de apresentação das organizações, tal como 
procedimentos usuais já previstos como a economia e a previsão social. 
Neste contexto, Pereira (2007, p.12), traz a trama dialética entre 
instituído, instituinte e institucionalização, apresentando-os como uma realidade 
inacabada, ao citar: 
O instituinte não deve ser pensado como força que resulta em instituído, 
mas como relação de forças permanentes, que comporta tanto o poder 
como as singularidades de resistência e produção de novos sentidos. Nas 
bordas do espaço instituído, debate-se o espaço instituinte, não previsível e 
inexato. Por isso, a instituição não pode ser compreendida somente como 
algo conservador, sem movimento contrário, face do instituído. O instituinte 
14 
 
sobrevive encoberto no seio de toda a instituição através de seu germe 
transformador, o desejo, iceberg no qual só vemos a ponta aguda, cuja 
parte submersa é uma potência energética. 
Uma das etapas em uma Análise Institucional é a análise de encomenda. 
Esta é um dos primeiros passos para a intervenção, pois é a partir dela que se gera 
a demanda. É através da análise de encomenda que se desenrola os pedidos de 
análise pela instituição. Altoé (2004) nos mostra que, na intervenção, ambas podem 
se apresentar ao mesmo tempo, no entanto a encomenda é a análise de um pedido 
feito pela organização e a demanda é o desdobramento problemático, no decorrer 
da análise da encomenda. 
As demandas não são apresentadas espontaneamente, geralmente as 
atitudes críticas as fazem parecer. Porém estas podem emergir, tanto no período da 
análise quanto antes destas, cabendo ao pesquisador, em sua observação, detectá-
las e assim atuarem com a intervenção. 
Portanto, dentro desse contexto, Lapassade (2006) argumenta que a 
Análise Institucional, de um modo geral, é a maneira singular de entender as 
relações instituídas e trabalha-las ou intervir sobre elas na condição de psicólogo. 
 
3 METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA 
 
O presente estudo consistiu em uma pesquisa de revisão bibliográfica de 
abordagem qualitativa. Para nortear a elaboração da pesquisa foram utilizadas 
algumas pistas do método da cartografia, que vem ganhando espaço como prática 
de pesquisa intervenção. 
O pesquisador, nesta abordagem, não obedece a regras pré-definidas, no 
entanto, isso não significa que o trabalho não tenha uma direção, pois a cartografia 
traz, como direção metodológica, as pistas apresentadas no livro “Pistas do Método 
da Cartografia” (PASSOS; KASTRUP; ESCÓSSIA, 2015). Estas pistas, mais do que 
receitas sobre o passo a passo da pesquisa científica, servem como guia para 
ajudar o pesquisador a pensar os processos de produção de subjetividade, a partir 
de um referencial ético, estético e político, não se limitando aos compromissos com 
simplicidade e objetividade que permeiam a tradição hegemônica do fazer científico. 
A crítica ao objetivismo não deve, no entanto, conduzir o fazer científico ao 
subjetivismo, ao ecletismo, ou a qualquer falta de rigor metodológico. De acordo com 
15 
 
Passos e Barros (2015), a direção ético-política da pesquisa deve estar bem clara e 
ser seguida com bastante rigor, o que resulta de um processo de análise de 
implicações do pesquisador com a pesquisa, explicado mais adiante. 
Dentre as pistas apresentadas para utilização do cartógrafo, no presente 
trabalho, utilizamos a pista “a cartografia como método de pesquisa-intervenção”, na 
qual, Passos e Barros (2015) mencionam que todo conhecimento se produz em um 
campo de implicações. Ou seja, sempre estamos implicados no campo em que 
intervimos, o que impossibilita a realização de qualquer ideal de neutralidade do 
pesquisador. Produzir conhecimento é intervir na realidade e essa intervenção 
provoca certa desestabilização de objetos e sujeitos. 
Utilizamos também a pista “cartografia como dissolução do ponto de vista 
do observador”, onde Passos e Eirado (2015) afirmam que a direção metodológica 
da cartografia deve ser acompanhada de três ideias que, juntas com a ação e a 
pesquisa, tornam a direção mais esclarecedora. São elas, a implicação, a 
transversalidade e a dissolução do ponto de vista do observador. 
Os autores indicam a necessidade de conjurarmos o subjetivismo, 
afastando nossas crenças, desejos e interesses durante o percurso do processo da 
pesquisa, embora o pesquisador jamais se encontre neutro neste campo, pois, quer 
de modo voluntário ou involuntário, sempre estamos implicados no campo onde 
intervimos (mesmo quando abstemos de nos posicionar diante de algo, estamosinevitavelmente tomando posição, ainda que absenteísta). Podemos especificar que 
a dissolução é algo que liga o encontro do pesquisador com o campo da pesquisa 
aos planos, agenciamentos e intervenção que é a análise de implicações, onde esta 
análise tira-nos do senso comum ou do pessoal para alcançarmos elementos que 
nos sustentaram a dar continuidade à pesquisa ampliando o campo de 
conhecimento. 
Para Romagnoli (2014, p. 47) “para agir nas instituições é preciso 
trabalhar a partir do que nos une a elas, nossas implicações”, assim para 
alcançarmos a perspectiva metodológica da pesquisa-intervenção, necessitamos 
fazer a análise de nossas implicações. 
Seguindo as propostas destas pistas, obtivemos a coerência 
metodológica para abordar o tipo de intervenção realizada pelo psicólogo no 
contexto escolar, procedendo a uma análise de implicações, que se torna então um 
importante dispositivo metodológico para o presente trabalho. A inquietação que 
16 
 
precedeu a necessidade de uma análise de implicação partiu de uma experiência de 
estágio de Psicologia em intervenção institucional no contexto escolar, exigindo, 
assim, uma análise dos conflitos no campo com a dupla inscrição da autora do 
presente trabalho, que carregava consigo, à ocasião do estágio, uma identidade já 
constituída de profissional do campo da educação, tendo que se desconstruir em 
certas situações, por não atuar naquele ambiente no papel de pedagogia. Para lidar 
com os conflitos de identidade produzidos por essa dupla inscrição, recorreu-se a 
uma análise de implicações, no intuito de transcender o excesso de pessoalidade da 
experiência. 
Desta forma, a cartografia serviu para ajudar no mapeamento desta 
complexidade, permitindo à pesquisadora desarticular, no campo de pesquisa, as 
práticas, discursos instituídos e as relações que impediam a transformação das 
relações de trabalho e do processo ensino-aprendizagem no ambiente escolar. 
Assim, Romagnoli (2014), descreve que a cartografia é sempre uma 
pesquisa-intervenção, pois é impossível, ao entrarmos em contato com o objeto de 
estudo, não haver zonas de interferências e de indeterminações, que podem ou não 
gerar desestabilização. Deste modo, o resultado do processo nem sempre é como 
esperamos, pois existem inúmeros fatores do contexto institucional que influem em 
nossa compreensão, nossos afetos e decisões. O pesquisador precisa proceder a 
uma análise de suas implicações com o campo e o próprio processo de pesquisar. 
Vale ressaltar que, para estabelecer um embasamento teórico, fez-se 
necessário, a pesquisa em oito capítulos de livros, em dez artigos e um livro, 
subdivididos em referenciais teóricos sobre instituição, instituição escolar, atuação 
do psicólogo nesse contexto e Análise Institucional, produzidos no período de 2001 
a 2015; esclarecendo que dois dos artigos, o de 1984 e 1989, serviram de 
referencial histórico. Buscamos na proposta da Análise Institucional, noções sobre 
análise de implicações, tendo como linha as concepções trazidas por autores como 
René Lourau, George Lapassade, Félix Guatari. Para tanto, fez-se buscas na 
biblioteca da Universidade CEUMA, Campus Renascença; consultas no Google 
Acadêmico; e nos bancos de dados Electronic Library Online – SciELO; e Periódicos 
Eletrônicos em Psicologia – PEPSIC. 
 
 
 
17 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
Este trabalho de pesquisa qualitativa, estruturada na metodologia da 
cartografia, voltou-se para a suma introdução às correntes institucionalistas, com o 
intuito de ampliar a visão da atuação do psicólogo dentro de uma instituição escolar. 
No decorrer do processo da pesquisa, pudemos observar que a atuação 
dos psicólogos, como Analistas Institucionais, é um percurso que segue o curso das 
análises de implicações que fluem em um determinado campo de pesquisa, onde o 
pesquisador precisa ver as implicações como lhes aparecem, baseado e respaldado 
por saberes teóricos. 
Para tais resultados, pudemos compreender que o termo instituição é 
amplamente utilizado com diferentes sentidos e em distintos campos de 
conhecimentos. 
Os argumentos de Pereira (2007), ao mencionar que o ser humano se 
institui por ser uma regra presente em qualquer transcurso civilizatório, o que os faz 
diferentes dos demais animais, é complementado pelo que é apresentado por Bock, 
Furtado e Teixeira (2009), ao esclarecerem que como a instituição é um corpo de 
regras e valores, a organização é a base concreta da sociedade. 
No entanto, o termo organização, ao qual mencionam, se apresenta de 
forma substantiva, onde nomeiam e dividem os grupos (local onde a instituição se 
realiza) em quadros que são reproduzidos no cotidiano pela sociedade, 
especificando-os em complexos organizacionais e pequenos estabelecimentos. O 
complexo organizacional pode ser uma igreja como a Católica, um Ministério como o 
Ministério da Educação, e o pequeno estabelecimento pode ser representado por 
uma escola pública regida pelo Ministério da Educação e mantida pelo Poder público 
municipal. 
Outro aspecto que nos levou a um aprofundamento teórico foi a 
compreensão de instituição escolar, onde os autores citados acima nos trazem que 
esta instituição, na atualidade, é uma das mais importantes da sociedade por fazer, 
assim como outras, uma mediação entre o indivíduo e a sociedade. 
Fez-se necessário buscar dados sobre o histórico e funções da instituição 
escolar, por esse motivo citamos Coimbra (1989) como uma das primeiras fontes 
mencionadas, nos dados obtidos na Scielo e mais completa sobre o assunto por nós 
encontrada. Assim, a mesma nos trouxe esclarecimentos de como a educação se 
18 
 
ramificou, transpondo de uma responsabilidade restrita de transmissão de 
conhecimentos de mulheres e mais velhos aos mais novos, para tornar-se uma 
instituição escolar, que segundo a mesma, passou a ser uma das peças 
fundamentais do capitalismo aliada à família e aos meios de comunicação que a 
reforçam, ratificando o que foi mencionado por Bock, Furtado e Teixeira (2009) ao 
citar que esta instituição serve como mediadora. 
O terceiro aspecto investigado refere-se à atuação do psicólogo no 
contexto escolar, onde obtivemos noções sobre sua atuação e as demandas que 
lhes eram atribuídas. Ao averiguamos textos que se direcionavam a tal assunto, 
percebemos que a atuação deste profissional, dentro desta instituição, está atrelada, 
em maior potência, a demandas referentes ao ensino-aprendizagem (ALMEIDA, 
2001). 
No entanto, Miranda (2013) relata que a prática do psicólogo, dentro da 
instituição escolar, vem se ampliando, perpassando o que antes era somente 
atrelado à intervenção referente a processos que englobavam o ensinar e o 
aprender. Esta nova perspectiva leva o psicólogo a intervir em todo o âmbito dentro 
da instituição, envolvendo todos os setores e nas demandas provenientes de que 
qualquer situação que venham a interferir na boa relação dos indivíduos que 
compõem uma instituição. 
Assim, passamos para o próximo aspecto que é o psicólogo dentro de 
uma instituição escolar, como analista institucional. Encontramos concepções que 
serviram como bases fundamentais para o presente trabalho com Lourau (1993), 
Lapassade (2006), Felix Guattari (2004), que trabalham conceitos de analisador, 
transversalidade, instituído, instituinte e implicação. Os autores nos trazem a busca 
por eles em identificar os grupos sujeitados e grupos sujeitos, onde, 
respectivamente, o primeiro está relacionado com a estrutura de poder e o segundo 
com os processos instituintes. 
Dentre esses conceitos procedentes das correntes institucionalistas, nos 
deparamos de forma mais detalhada, em Altoé (2004), com a noção de análise de 
implicação que serviu de idealização e alicerce para fundamentar as inquietações 
sinalizadas em uma experiência, enquanto pesquisador, vivenciada por minha 
pessoa, em uma instituição escolar, no papelde estagiária em Psicologia. 
Além da autora, supramencionada, foram encontrados outros autores 
como Romagnoli (2014), Paulon (2005) que ratificaram o que foi citado por Altoé 
19 
 
(2004) sobre a análise de implicação e pesquisa-intervenção institucionalista, 
evidenciando as suas importâncias em um campo de pesquisa. 
Desta forma, os autores mencionados nos esclarecem a importância da 
implicação do pesquisador como dispositivo em um trabalho em campo, pois é a 
partir de sua subjetividade que as demandas irão adquirir sentindo. Este ainda 
ressalta que a implicação é um dispositivo de produção de conhecimento e de 
transformação. 
 Para Altoé (2004), na Análise Institucional a implicação tem o propósito 
de, nas formas subjetiva e objetiva, instaurar uma dimensão de atravessamento 
transformando o campo, com a convicção de que “o observador já está implicado no 
campo de observação, de que sua intervenção modifica o objeto de estudo, 
transforma-o” (ALTOÉ, 2004, p 83). 
Em concordância com Altoé (2004), Romagnoli (2014), Paulon (2015), 
obtivemos a sintaxe do presente trabalho, ao corroborarmos a análise de 
implicações como estrutura metodológica principal desta pesquisa. Frisando que o 
fascínio da busca de aprimoramento sobre o assunto, despontou a partir de uma 
experiência vivenciada em um campo de estágio, onde o conceito de implicação 
eclodiu de forma concreta, proporcionando um deslumbramento que levou-nos a 
busca de uma investigação científica. 
Vale ressaltar que ao adentramos na essência da Análise Institucional, o 
conceito de implicação tornou-se uma das concepções que mais esclareceu a 
relação do estágio com a construção do presente trabalho. Lourau (1993 apud 
ALTOÉ, 2004), esquematicamente identificou cinco categorias, as quais, três 
nomeiam primárias e duas secundárias para os inúmeros aspectos a serem 
analisados no andamento de uma pesquisa. Essas implicações distinguem-se 
respectivamente em: 1) a implicação do pesquisador-praticante, onde o pesquisador 
está em contato com seu objeto de pesquisa-intervenção; 2) a implicação do 
pesquisador com o local ou organização onde se realiza a pesquisa e com os 
indivíduos de sua pertença; 3) implicações com as encomendas sociais e demandas 
sociais apresentadas ao pesquisador. As secundárias por sua vez englobam: 4) 
implicações com os modelos epistemológico, sociais, históricos; 5) e implicações 
com os meios nos quais a pesquisa será exposta, podendo ser escrita ou qualquer 
outro meio. 
20 
 
Conquanto, Paulon (2015), destaca que a análise de implicação só pode 
ser tomada como ferramenta fundamental da pesquisa-intervenção, precisa superar 
as concepções iniciais de neutralidade do pesquisador no campo, deixando de lado 
o sentido “positivista da ciência”. 
Deste modo, destaca-se o fato de que, a presente pesquisa não se trata 
de algo concluído, pois, enquanto pesquisador, cada vez que entramos em contato 
com o objeto de pesquisa, não estaremos implicados da mesma forma que 
estivemos a princípio, nos reconfigurando a cada intervenção. Com isso, faz-se 
necessário a continuação do processo de pesquisa, ampliando o conhecimento 
sobre o referido assunto, com o intuito de afunilarmos melhor as concepções aqui 
adquiridas. 
Referente aos materiais levantados para a produção dessa pesquisa, não 
encontramos artigos, na Scielo em nossa língua materna, que se referisse 
especificamente a atuação do psicólogo como analista institucional em uma 
instituição escolar, porém, é satisfatório o acervo sobre Análise Institucional, a 
atuação do psicólogo no contexto escolar, a instituição e instituição escolar. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
No decorrer de todo o processo de elaboração deste trabalho, que 
despontou a partir de uma inquietação vivenciada como pesquisadora/estagiária no 
contexto escolar, na modalidade de estágio supervisionado, especializado em 
procedimentos de intervenção psicossocial, institucional e organizacional, teve-se 
como objetivo, analisar, através de uma pesquisa bibliográfica estruturada no 
método da cartografia, as possíveis contribuições da análise institucional para a 
atuação do psicólogo neste contexto. 
Com base na literatura revisada, tomamos conhecimento que a atuação 
do psicólogo, no contexto escolar com intervenções que transpassem o processo 
ensino-aprendizagem dentro da instituição, encontra-se em estágio emergente. 
Segundo Guirado (2009), cabe ao profissional da Psicologia, como analista 
institucional, averiguar as demandas de orientações, estar ciente de que seu 
principal método de estudo é a observação e que os primeiros contatos serão para 
levantamentos de hipóteses de possíveis problemas da instituição que no decorrer 
do processo poderão ser confirmadas ou não, cabendo a este, através do 
21 
 
embasamento científico, analisar os fenômenos humanos nas suas relações 
emocionais dentro da instituição. 
Assim, no percurso da pesquisa, assimilamos a importância da análise de 
implicação como um dispositivo de produção de conhecimento e transformação. A 
implicação proporciona o desenvolvimento da ação de intervir, pois é a partir da 
implicação do pesquisador, ao levá-lo a sua capacidade de dessubjetivar, que a 
intervenção ocorre. 
É notório que, no decorrer da pesquisa, o conceito de implicação tornou-
se o foco central desta, pois a partir das concepções aqui adquiridas, obtivemos 
respostas para as inquietações conflitivas e angustiantes que surgiram no estágio. 
No entanto, vale ressaltar que o presente trabalho não se encontra concluso, pois 
quando se trata de pesquisa-intervenção, a implicação do pesquisador modifica-se 
cada vez que este entra em contato com o campo, proporcionando e transformando 
o conhecimento. 
Deste modo, almeja-se dar continuidade ao processo de pesquisa desse 
gênero, que abranja, especificamente, o contexto escolar, pois existe uma 
necessidade de uma precisão teórica, que proporcione ao leitor, esclarecimentos 
específicos sobre o assunto. 
Diante disso, esperamos ter contribuído com este breve estudo 
acadêmico, a respeito da atuação do psicólogo como Analista Institucional, no 
contexto escolar, para incentivar os psicólogos a pesquisas sobre o assunto, com o 
intuito de que os mesmos possam ter mais bagagem teórica sobre pesquisa-
intervenção no contexto escolar. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALMEIDA, Sandra Francesa Conte de. O psicólogo escolar e impasses da 
educação: implicações da(s) teoria(s) na atuação profissional. In: PRETTE, Zilda 
Aparecida Pereira Del (Org.). Psicologia escolar e educacional, saúde e 
qualidade de vida: Explorando fronteiras. Campinas/SP: Alínea, 2001. 
ALTOÉ, Sônia (Org.). René Lourau, Analista Institucional em tempo integral. São 
Paulo: Editora Hucitec, 2004. 
ANDALÓ, Carmem Silva de Arruda. O papel do psicólogo escolar. Psicologia 
ciência e profissão. v. 4, n. 1. Brasília, 1984. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/pcp/v4n1/09.pdf>. Acesso em: 22 set. 2016. 
22 
 
BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEXEIRA, Maria de Loudes Trassi. 
Psicologias: Uma introdução ao estudo de Psicologia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 
2009. 
COIMBRA, Cecília Maria B..As funções da instituição escolar: Analise de reflexões. 
Psicologia ciência e profissão. v. 9, n. 3. Brasília, 1989. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/pcp/v9n3/06.pdf>. Acesso em: 09 out. 2016. 
GALLO, Silvio. Deslocamento 4: Educação e Controle. In: GALLO, Silvio. Deleuze & 
Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. 
GUATTARI, Félix. À transversalidade. 1964. In: GUATTARI, Félix. Psicanálise e 
transversalidade: ensaio de análise institucional. São Paulo: Ideias & Letras, 2004. 
GUIRADO, Marlene. Psicologia Institucional: O Exercício da Psicologia Como 
Instituição. Interação em Psicologia. Curitiba, jul./dez., 2009, v. 13, n. 2. Disponível 
em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/psicologia/article/download/9447/11377>. 
Acesso em: 01set. 2016. 
GUIZARDI, Francini Lupe; LOPES, Márcia Raposo; CUNHA, Maria Luiza S. 
Contribuições do Movimento Institucionalista para o estudo de políticas públicas de 
saúde. In: MATTOS, R. A.; BAPTISTA, T. W. F. Caminhos para análise das 
políticas de saúde. Porto Alegre: Rede UNIDA, 2015. 
LAPASSADE, Georges. IV. Análise Institucional (AI). In: LAPASSADE, Georges. As 
microssociologias. Brasília: Liber livro, 2006. 
MARTINEZ, Albertina Mitjáns. O que pode fazer um psicólogo na escola? Em 
aberto. Brasília, v. 23, n. 83, p. 39-56, mar. 2010. 
MIRANDA, Alex Barbosa Sobreira de. O trabalho do psicólogo na escola. 
Psicologado Artigos. Abril, 2013. Disponível em:< https://psicologado.com/atuacao/ 
psicologia-escolar/o-trabalho-do-psicologo-na-escola>.Acesso em: 29 set. 2016. 
PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virgínia; ESCÓSSIA, Liliana de (Orgs.). Pista do 
método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. 
Porto Alegre: Sulina, 2015. 
PASSOS, Eduardo; BARROS, Regina Benevides de. Pista 1 - A cartografia como 
método de pesquisa-intervenção. In: PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virgínia; 
ESCÓSSIA, Liliana de (Orgs.). Pista do método da cartografia: pesquisa-
intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2015. 
PASSOS, Eduardo; EIRADO, André. Pista 6 – Cartografar como dissolução do ponto 
de vista do observador. In: PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virgínia; ESCÓSSIA, 
Liliana de (Orgs.). Pista do método da cartografia: pesquisa-intervenção e 
produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2015. 
PAULON, Simone Mainieri. A análise de implicação como ferramenta na pesquisa-
intervenção. Psicologia & Sociedade. v. 17, n. 3, Set./Dez., 2015, p. 18-25. 
23 
 
PEREIRA, William Cesar Castilho. Movimento institucionalista: principais 
abordagens. Estudos e pesquisas em Psicologia. Rio de Janeiro: UERJ, v. 7, n. 1, 
Abr./2007. 
RODRIGUES, Sandro. Modulações de sentidos na experiência psicodélica: 
saúde mental e gestão autônoma dos psicotrópicos prescritos e proscritos. Curitiba: 
CRV, 2016. 
ROMAGNOLI, Roberta Carvalho. O Conceito de implicação e a pesquisa-
intervenção institucionalista. Belo Horizonte: Pontifícia Universidade Católica de 
Minas Gerais. Psicologia & Sociedade, 2014. 
ROSSI, André; PASSOS, Eduardo. Análise institucional: revisão conceitual e 
nuances da pesquisa-intervenção no Brasil. Revista Epos. Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, 
Jan.-Jun./2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
ANEXO I 
TCC - ENCAMINHAMENTO 
 
Aluna: Cassandra Cristina Tavares Lima CPD:12731 
Orientador: Prof. Dr. Sandro Eduardo Rodrigues 
Título de Trabalho de Conclusão de Curso: A importância da Análise Institucional em 
uma Instituição Escolar 
 
À Coordenadoria do Curso de Psicologia, 
 
Tendo acompanhado a elaboração e examinado a versão final da 
monografia/TCC realizada, considero satisfatório o resultado da pesquisa e 
recomendo seu encaminhamento à banca examinadora. 
 
Atenciosamente, 
 
______________________________ 
Assinatura do orientador 
 
 
Em: 24 de Maio de 2017 
 
DIA E HORA DA DEFESA: 19 de Junho de 2017, das 8:00h às 12:00h 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
ANEXO II 
 
TCC – BANCA EXAMINADORA 
 
 
Aluna: Cassandra Cristina Tavares Lima CPD: 12731 
Curso: Psicologia 
Orientador: Prof. Dr. Sandro Eduardo Rodrigues 
Título do Trabalho de Conclusão de Curso: 
A importância da Análise Institucional em uma Instituição Escolar 
 
Senhor Orientador, 
 
Ficam indicados os professores, abaixo listados, para sob a presidência 
de V.Sa., formarem a banca examinadora do TCC: 
 
1. ___________________________________________________ 
2. ___________________________________________________ 
 
Atenciosamente, 
 
______________________________ 
Assinatura do (a) Coordenador (a) 
 
 
Em: 27 de Maio de 2017 
 
DIA E HORA DA DEFESA: 19 de Junho de 2017, das 8:00h às 12:00h 
 
27 
 
ANEXO III 
ATA DE DEFESA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
 
1 IDENTIFICAÇÃO 
 ALUNO: Cassandra Cristina Tavares Lima CPD: 12731 
 CURSO: Psicologia 
2 TÍTULO DO TCC: 
 A importância da Análise Institucional em uma instituição escolar 
3 APRESENTAÇÃO DO TCC 
 Data: 19/05/2017 
 Horário: de 08:00 às 12:00 horas. 
 Tempo utilizado para apresentação: ______ minutos. 
 Tempo utilizado para arguição: ______ minutos. 
4 NOTAS 
ITEM 
NOTA 
MÁXIMA 
BANCA 
EXAMINADORA MÉDIA 
1º 2º 
Conteúdo 3,0 pts 
Redação 2,0 pts 
Normalização 1,0 pt 
Exposição 2,0 pts 
Arguição 2,0 pts 
Total de Pontos 10,0 pts 
Ciência do aluno:________________________________________________ 
5 JULGAMENTO FINAL 
APROVADO REPROVADO APROVAÇÃO CONDICIONADA 
 
DATA DA NOVA APRESENTAÇÃO: ____/______/______ 
RESPONSÁVEL PELA VERIFICAÇÃO: ___________________________________ 
6 DATA: _____/ ______/20____. 
7 ASSINATURAS 
BANCA EXAMINADORA: ASSINATURA 
Presidente: 
Membro: 
 
28 
 
ANEXO IV 
PARECER FINAL SOBRE O TCC COM APROVAÇÃO CONDICIONADA 
 
 
Aluna: Cassandra Cristina Tavares Lima CPD: 12731 
Curso: Psicologia 
Título do Trabalho de Conclusão de Curso: A importância da Análise Institucional em 
uma Instituição Escolar 
 
Data da defesa: _____ / ______/ _________ 
 
Professor (a) responsável pela verificação: _________________________________ 
 
À Coordenadoria do Curso de Psicologia, 
 
Tendo examinado a versão corrigida do Trabalho de Conclusão de Curso 
acima, verifiquei que o (a) aluno (a) cumpriu integralmente as exigências feitas pela 
Banca Examinadora e que seu trabalho está apto a receber aprovação final. 
 
Atenciosamente, 
 
 
_________________________________________________________ 
Assinatura do (a) orientador (a) ou membro da banca responsável. 
 
 
Em ____de______________________de 20___ 
29 
 
ANEXO V 
FREQUÊNCIA NAS ORIENTAÇÕES DE TCC 
 
 
Nome do Aluno: Cassandra Cristina Tavares Lima CPD: 12731 
 
N° Data Tarefa Apresentada 
pelo aluno 
Orientação para a 
semana 
Visto do 
Aluno 
Visto do 
Professor

Continue navegando