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NOÇÕES BÁSICAS DE SAÚDE E PRIMEIROS SOCORROS
Professor Felipe Torres
Marcondes (apud Santos, 1988) define educação em saúde como sendo um conjunto de atividades que sofrem influência e modificação de conhecimentos, atitudes, religiões e comportamentos, sempre em prol da melhoria da qualidade de vida e de saúde do indivíduo.
Com isso, a educação em saúde pode ser entendida como uma forma de abordagem que, enquanto um processo amplo na educação, proporciona construir um espaço muito importante na veiculação de novos conhecimentos e práticas relacionadas.
Existem diversidades nos modelos de educação em saúde, sendo que todas evidenciam um objetivo em comum, que é a mudança de hábitos, atitudes, e comportamentos individuais, em grupos e no coletivo. Tal mudança de comportamento está atrelada a aquisição de novos conhecimentos e adoção de atitudes favoráveis à saúde.
Diante disso é possível verificar que o termo educação em saúde está condicionado às ações que são transmitidas aos indivíduos com intuito de elevar a sua qualidade de vida e consequentemente de saúde. Neste processo os profissionais de saúde possuem papel primordial, uma vez que, são eles próprios os responsáveis pela disseminação de conhecimentos concretos para o alcance dos objetivos de melhorar a saúde das pessoas.
Contudo, devemos nos atentar que esta transmissão de conhecimento constitui-se também em um modelo de educação, sendo necessário primeiramente que o ser educador (neste exemplo, o profissional de saúde) seja capacitado para tal tarefa (realização da educação em saúde). Ao contrário, os resultados serão insatisfatórios.
Visualiza-se que nas instituições de saúde onde o profissional participa de programas de educação, o mesmo possui maiores embasamentos e interesse por ensinar, é possível então identificar que ocorre um ciclo de informações, onde aquele que conhece o processo, o compreende e assimila de alguma maneira, entende melhor a importância da questão educativa para o cliente.
O processo de educação na área da saúde pode ser representado pelas mais diferentes atividades, as quais estão interligadas a partir de ações de educação correspondentes aos estímulos na busca por atrair o indivíduo a participar do processo de educação, seguido de formas práticas de aquisição e formação de hábitos em prol da assimilação, construção e reconstrução de experiências. Os mecanismos de orientação, didática e terapêutica também fazem parte de um enfoque entre os métodos de transmissão e veiculação de conhecimentos.
Segundo a OMS a educação em saúde é entendida como sendo uma combinação de ações e experiências de aprendizado planejado com o intuito de habilitar as pessoas a obterem controle sobre fatores determinantes e comportamentos de saúde.
Na busca da saúde de forma integral, a educação tem tido um significado muito importante por colaborar na orientação de ações práticas, trazendo com isso resultados e melhorias na qualidade de vida e no fortalecimento do sujeito como um todo.
Toda e qualquer prática educativa, deve possibilitar ao indivíduo o ato de conhecer ou reconhecer a aquisição de suas habilidades a favor da tomada de decisões na busca por um melhor aperfeiçoamento. É perante este entendimento que a saúde e a educação em saúde devem orientar suas práticas, tendo um papel defensor e facilitador para com o grupo de atuação, os quais interagem necessitando de mudanças em toda a sociedade.
Uma educação em saúde favorável e ampliada inclui políticas públicas, as quais são representadas pelos tratamentos preventivos e curativos por meio do comprometimento com o desenvolvimento de ações cuja essência está voltada para a melhoria da qualidade de vida e a promoção da saúde da população.
COLOMÉ; OLIVEIRA (2008) destaca que existem formas diversificadas de modelos inter-relacionados na educação em saúde, e esta variedade pode ser considerada como maneiras que se agrupam dentro de um modelo tradicional ou preventivo e de um modelo radical. Para tanto ao modelo tradicional inclui-se os princípios que envolvem as ciências da saúde, com o objetivo focado na prevenção das doenças e uma vida saudável. Este modelo envolve mudanças dentro das áreas complexas de uma nova saúde pública com perspectivas de uma educação moderna e mais complexa com uma abordagem na busca de um fortalecimento da consciência crítica das pessoas, a partir da participação nas circunstâncias ampliadas da condição de vida da população.
O modelo radical de educação em saúde adapta-se dentro de um processo mais adequado à promoção da saúde, pois estimula os indivíduos a assumir um maior controle sobre a sua qualidade de vida, por meio de atitudes e críticas às quais se relacionam ao processo individual e no coletivo.
No dia a dia observa-se que os serviços de saúde são constituídos diante de uma perspectiva coletiva entre a comunidade e os profissionais, onde se fazem necessários um deslocamento e um enfoque preventivo e mais abrangente nos desafios da promoção da saúde, com propostas de melhoria da qualidade de vida da população.
A educação em saúde está, segundo as referências estudadas, mais relacionada ao cliente do que ao próprio profissional e diferencia-se dos demais tipos de educação aqui descritos no momento em que o sujeito cliente (população) é o ser educado e não o profissional, porém como citado anteriormente, para que o cliente receba a educação de forma eficiente é necessário que o profissional esteja adaptado ao contexto do processo educativo, desta forma é possível compreender que uma educação em saúde eficaz relaciona-se direta e indiretamente a uma educação em serviço.
Numa perspectiva crítica, a educação parte da análise das realidades sociais, buscando revelar as suas características e as relações que as condicionam e determinam. Essa perspectiva pode ater-se à explicação das finalidades dos processos educativos ou trabalhar no âmbito das suas contradições, buscando transformar estas finalidades, estabelecendo como meta a construção de sujeitos e de projetos societários transformadores.
Da mesma forma, no campo da saúde, a compreensão do processo saúde-doença como expressão das condições objetivas de vida, isto é, como resultante das condições de “habitação, alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde” (Brasil, 1986, p. 04).
Na interface da educação e da saúde, constituída com base no pensamento crítico sobre a realidade, torna-se possível pensar educação em saúde como formas do homem reunir e dispor recursos para intervir e transformar as condições objetivas, visando a alcançar a saúde como um direito socialmente conquistado, a partir da atuação individual e coletiva de sujeitos político-sociais.
Essa forma de conceber a saúde tem sido caracterizada como um ‘conceito ampliado’, pois não reduz a saúde à ausência de doença, promovendo a ideia de que uma situação de vida saudável não se resolve somente com a garantia do acesso aos serviços de saúde – o que também é fundamental –, mas depende, sobretudo, da garantia de condições de vida dignas que, em conjunto, podem proporcionar a situação de saúde. Nesse sentido, são indissociáveis o conceito de saúde e a noção de direito social.
Educação em saúde
O Ministério da Saúde (MS) define educação em saúde como:
Processo educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa à apropriação temática pela população [...]. Conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades.
As práticas de educação em saúde envolvem três segmentos de atores prioritários: os profissionais de saúde que valorizem a prevenção e a promoção tanto quanto as práticas curativas; os gestores que apoiem esses profissionais; e a população que necessita construir seus conhecimentos e aumentar sua autonomia nos cuidados, individual e coletivamente. Embora a definiçãodo MS apresente elementos que pressupõem essa interação entre os três segmentos das estratégias utilizadas para o desenvolvimento desse processo, ainda existe grande distância entre retórica e prática.
A educação em saúde como processo político pedagógico requer o desenvolvimento de um pensar crítico e reflexivo, permitindo desvelar a realidade e propor ações transformadoras que levem o indivíduo à sua autonomia e emancipação como sujeito histórico e social, capaz de propor e opinar nas decisões de saúde para cuidar de si, de sua família e de sua coletividade.
A temática deve envolver a compreensão de projetos de sociedades e visões de mundo que se atualizam nas formas de conceber e organizar os discursos e as práticas educativas no campo da saúde.
As práticas de educação em saúde são inerentes ao trabalho em saúde, mas muitas vezes estão relegadas a um segundo plano no planejamento e organização dos serviços, na execução das ações de cuidado e na própria gestão.
O termo educação em saúde vem sendo utilizado desde as primeiras décadas do século XX e para sua melhor compreensão faz-se necessário o entendimento da história da saúde pública no Brasil. A expansão da medicina preventiva para algumas regiões do país, a partir da década de 1940, com o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), apresentava estratégias de educação em saúde autoritárias, tecnicistas e biologicistas, em que as classes populares eram vistas e tratadas como passivas e incapazes de iniciativas próprias. As ações do Estado se davam por meio das chamadas campanhas sanitárias.
Outras formas de educação em saúde eram caracterizadas por ações verticais de caráter informativo com o intuito de transformar hábitos de vida, colocando o indivíduo como o responsável pela sua saúde. Um trabalho realizado por Alves e Aerts em 2016 afirma:
[...] com o apogeu do paradigma cartesiano e da medicina científica, as responsabilidades referentes às ações de educação em saúde foram divididas entre os trabalhadores da saúde e os da educação. Aos primeiros, cabia desenvolver os conhecimentos científicos capazes de intervir sobre a doença, diagnosticando-a e tratando-a o mais rapidamente possível. Ao educador, cabia desenvolver ações educativas capazes de transformar comportamentos. Essa lógica, além de fragmentar o conhecimento, não levava em consideração os problemas cotidianos vivenciados pela população.
O termo educação e saúde, utilizado ainda hoje como sinônimo de educação em saúde, pode ter se originado dessa prática, indicando um paralelismo entre as duas áreas, com separação explícita dos seus instrumentos de trabalho: a educação ocupando-se dos métodos pedagógicos para transformar comportamentos e a saúde dos conhecimentos científicos capazes de intervir sobre as doenças.
Exemplo clássico de como se davam as práticas educativas em saúde na época ficou registrado na obra do escritor infanto-juvenil Monteiro Lobato, que criou em seu livro Urupês, obra publicada em 1918, o personagem Jeca Tatu, trabalhador rural do Vale do Paraíba (SP), um individuo que sofria do amarelão, doença posteriormente diagnosticada como ancilostomose ou ancilostomíase, denunciando as precárias condições de vida da população. À época, as campanhas sanitárias utilizaram a figura do personagem indicando que as origens dos problemas de saúde eram de responsabilidade individual, não contextualizando os problemas sanitários de forma crítica a partir de mudanças coletivas.
Na década de 1990 ainda era comum o uso do termo educação e saúde, e o conceito apresentava-se como uma área de saber técnico voltada para instrumentalizar o controle dos doentes pelos serviços e a prevenção de doenças pelas pessoas.
O desenvolvimento da educação sanitária, iniciada nos Estados Unidos, deu-se de forma associada à saúde pública, tendo sido instrumento das ações de prevenção das doenças, caracterizando-se pela transmissão de conhecimento. Mesmo que realizada de forma massiva, como no caso das campanhas sanitárias no Brasil, a perspectiva não contemplava a dimensão histórico-social do processo saúde-doença. No Brasil o termo foi e ainda é utilizado, como sinônimo de educação em saúde, mantendo a conotação de práticas educativas verticalizadas.
Movimentos sociais, tais como o Movimento de Educação Popular, protagonizado pelo educador Paulo Freire, na década de 1960, influenciaram o campo de práticas da educação em saúde, incorporando a participação e o saber popular à área, dando lugar a processos educativos mais democráticos. Exemplo dessa influência foi verificado no Movimento de Educação Popular em Saúde que se formou nos últimos 40 anos, por meio de reflexão, produção de conhecimentos e militância em diversas organizações criadas ao longo deste tempo.
A educação popular em saúde é um movimento histórico de mudanças, inicialmente propostas por profissionais de saúde insatisfeitos com as práticas mercantilizadas e repetitivas dos serviços de saúde, que não atendiam às camadas mais necessitadas da população brasileira. Vasconcelos considera que a educação popular em saúde passou a se constituir em uma estratégia de enfrentamento aos problemas de saúde encontrados, procurando fortalecer os movimentos sociais e criar vínculos entre a ação médica e o pensar cotidiano da população.
A educação popular em saúde tem uma concepção diferenciada da hegemônica da educação em saúde. Organiza a partir da aproximação com outros sujeitos no espaço comunitário, privilegiando os movimentos sociais locais, num entendimento de saúde como prática social e global e tendo como balizador ético-político os interesses das classes populares. Baseia-se no diálogo com os saberes prévios dos usuários dos serviços de saúde, seus saberes "populares", e na análise crítica da realidade.
A educação em saúde, então, é prática privilegiada no campo das ciências da saúde, em especial da saúde coletiva, uma vez que pode ser considerada no âmbito de práticas onde se realizam ações em diferentes organizações e instituições por diversos agentes dentro e fora do espaço convencionalmente reconhecido como setor saúde.
A educação popular em saúde continua sendo hoje um desafio aos gestores e profissionais na busca por práticas integrais, mais voltadas às reais necessidades das populações e considerando, como suporte para essas práticas, tanto processos de informação e comunicação como de participação popular e participação social.
Para promover a educação em saúde, também é necessário que ocorra a educação voltada para os profissionais de saúde, e se fala, então, em educação na saúde.
Educação na saúde
Educação na saúde, de acordo com o glossário eletrônico da biblioteca virtual em saúde (BVS), consiste na produção e sistematização de conhecimentos relativos à formação e ao desenvolvimento para a atuação em saúde, envolvendo práticas de ensino, diretrizes didáticas e orientação curricular.
Os cenários de atuação dos profissionais da saúde são os mais diversos e com o rápido e constante desenvolvimento de novas tecnologias. Além de exigências diárias envolvendo inteligência emocional e relações interpessoais se faz necessário que haja algo para além da graduação, que possa tornar os profissionais sempre aptos a atuarem de maneira a garantir a integralidade do cuidado, a segurança deles próprios como trabalhadores e dos usuários.
Nesse processo de múltiplas determinações e relações torna-se fundamental o papel das instituições de serviço para o desenvolvimento das capacidades dos profissionais, de maneira a contribuir para essa formação.
Nesse contexto o traço original da educação deste século é a colocação do indivíduo nos contextos social, político e ético-ideológico. A educação no século XX tornou-se permanente e social e as ideias universalmente difundidas entre elas é a de que não há idade para se educar, de que a educação estende-se pela vida e ela não é neutra, mas engajada.
Para tanto, há duas modalidades de educação no trabalho em saúde: a educação continuada e a educação permanente.
A educação continuada envolve as atividadesde ensino após a graduação, possui duração definida e utiliza metodologia tradicional, tais como as pós-graduações, enquanto a educação permanente estrutura-se a partir de dois elementos: as necessidades do processo de trabalho e o processo crítico como inclusivo ao trabalho.
Para o Glossário eletrônico da BVS, educação continuada, consiste no processo de aquisição sequencial e acumulativa de informações técnico-científicas pelo trabalhador, por meio de escolarização formal, de vivências, de experiências laborais e de participação no âmbito institucional ou fora dele.
O primeiro grande marco da educação continuada aconteceu na década de 1950, com a reunião de Elsinor, ocorrida na Dinamarca em 1959, patrocinada pela Unesco, em que se discutiram os fins e os métodos da educação de adultos e o papel da cooperação internacional, na reconstrução do pós-guerra. O enfoque desse encontro era a compreensão de que todo conhecimento sofre transformações, sendo necessário aprender a capacitar-se. O lema vigente na época era "Há de ajustar-se a um mundo novo em mutação".
O segundo momento histórico manifesta-se na década de 1960 e tem como princípio aceitar o adulto como passível de aprender, mas de maneira diferente da criança e do adolescente. O enfoque é técnico institucional, devido a isso, aparecem projetos multinacionais de incentivo à capacitação de mão-de-obra.
Na década de 1970, o terceiro marco histórico, caracteriza-se pelo pensamento de que o homem "educa-se a partir da realidade que o cerca e, em interação com outros homens, coeduca-se". É uma fase que coloca o homem consciente, dentro da realidade onde vive, interagindo como sujeito transformador.
Complementando o pensamento acima, "o aprendizado adulto é pessoal, é ter a vida como educação, pois é um processo que dura a vida toda, que todos nós temos em comum e que alimenta o ciclo da mudança de comportamento, é, portanto, um processo de evolução". A educação continuada caracteriza-se por alternativas educacionais mais centradas no desenvolvimento de grupos profissionais, seja por meio de cursos de caráter seriado, seja por meio de publicações específicas em determinado campo.
Já a educação permanente consiste em ações educativas embasadas na problematização do processo de trabalho em saúde e que tenham como objetivo a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho, tomando como referência as necessidades de saúde das pessoas e das populações, a reorganização da gestão setorial e a ampliação dos laços da formação com o exercício do controle social em saúde.
O desafio da educação permanente é estimular o desenvolvimento da consciência nos profissionais sobre o seu contexto, pela sua responsabilidade em seu processo permanente de capacitação. Assim, é necessário que os serviços de saúde revejam os métodos utilizados em educação permanente, de forma que esta seja um processo participativo para todos. Ela tem como cenário o próprio espaço de trabalho, no qual o pensar e o fazer são insumos fundamentais do aprender e do trabalhar. Essa seria uma educação muito mais voltada para a transformação social do que para a transmissão cultural.
Para a construção do SUS é fundamental a reorientação do modelo assistencial vigente e hegemônico no país. Este modelo, que resulta de uma combinação complementar e, ao mesmo tempo, antagônica do modelo médico privatista e do modelo assistencial "sanitarista" dicotomiza a assistência e a prevenção. Acrescentaríamos que ele ainda ignora a promoção da saúde, a qual extrapola o sistema de saúde para uma abordagem mais ampla que envolve a integração intersetorial e o entendimento abrangente da saúde como um fenômeno também social que "empodera" indivíduos e comunidade.
Faz-se essencial compreender o que traduz um modelo assistencial e, sobretudo, o que implica sua reorientação. O modelo de atenção ou modelo assistencial "[...] é uma dada forma de combinar técnicas e tecnologias para resolver problemas e atender necessidades de saúde individuais e coletivas. É uma razão de ser, uma racionalidade, uma espécie de lógica que orienta a ação".
É possível perceber, voltando o olhar para o cenário atual, que há necessidade de complementação do atual modelo de atenção assistencialista, centrado na doença, excessivamente especializado e ainda prioritariamente hospitalar, por um modelo integral, que priorize a promoção da saúde e a prevenção de agravos, e que utilize a educação em saúde de forma participativa e dialógica. Contudo, alterações no processo de formação profissional e reflexão sobre suas práticas podem auxiliar nessa mudança de paradigma.
É importante, então, a utilização de metodologias de ensino-aprendizagem participativas e dialógicas, tais como as utilizadas nas ações de educação popular em saúde, inseridas nos currículos de educação continuada e nas ações de educação permanente em saúde, visando uma formação profissional em saúde mais adequada às necessidades de saúde individuais e coletivas, na perspectiva da equidade e da integralidade.
Considerações finais
Considera-se importante distinguir e caracterizar os conceitos-chave de educação em saúde e educação na saúde, visto que são práticas fundamentais nesse campo. Apesar de suas distinções apresentam conexões que devem ser alvo de reflexão por parte dos atuais e futuros profissionais de saúde.
Na educação em saúde deve ser enfatizada a educação popular em saúde, que valoriza os saberes, o conhecimento prévio da população e não somente o conhecimento científico. Na educação na saúde deve ser enfatizada a educação permanente em saúde, de maneira a buscar nas lacunas de conhecimento dos profissionais, ações direcionadas a qualificação dos processos de trabalho em saúde considerando as especificidades locais e as necessidades do trabalho real.
NOÇÕES BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS
Prevenção de acidentes
A prevenção de acidentes nos ambientes domésticos e de trabalho envolve um conjunto de ações e medidas para proteger e promover a saúde individual e coletiva. Tais medidas, consideradas preventivas, devem ser aplicadas nas residências e no ambiente de trabalho, para que os acidentes e as doenças sejam evitados.
As medidas preventivas no ambiente de trabalho são de responsabilidade tanto dos indivíduos quanto das empresas e, no ambiente doméstico, são de responsabilidade de cada indivíduo que ali vive. As medidas preventivas no ambiente doméstico visam, basicamente, a eliminar possíveis riscos de acidente como: quedas, intoxicações, envenenamentos, queimaduras, choques elétricos, entre outros.
Não podemos evitar acidentes, mas devemos tentar fazer de nossa casa e de outras áreas um local tão seguro quanto possível. Infelizmente, às vezes são o sofrimento físico, o arrependimento ou o remorso que sentimos depois de um acidente que nos fazem procurar evitar sua repetição.
Frequentemente, achamos que tudo o que temos de fazer para prevenir acidentes é dizer a alguém que tenha cuidado. Geralmente, porém, podemos alertá-los de maneira mais eficiente, fazendo algo que mude a situação.
Todas nós provavelmente já passamos por experiências desagradáveis, por causa de acidentes domésticos. Já que muitos acidentes ocorrem dentro ou perto de casa, devemos examinar algumas causas mais comuns e o que podemos fazer para evitá-los.
Substâncias Perigosas
Certas substâncias guardadas frequentemente em casa são venenosas e não podem ser ingeridas. Como exemplo temos o querosene e outros combustíveis de cozinha. Os inseticidas também são prejudiciais, se ingeridos ou se entrarem em contato com a pele por muito tempo. A soda cáustica (usada para fazer sabão), detergentes, desinfetantes e similares são substâncias altamente perigosas.
Outras substâncias potencialmente perigosas são os medicamentos. Embora possam fazer bem aos enfermos, podem também ser perigosos se usados de maneira inadequada. Não é bom guardar medicamento depois de curada a enfermidade para a qual foram receitados. Com o tempo, o remédio pode perder o efeito de cura ou até tornar-se tóxico.Quando guardamos um remédio que não vamos mais usar, podemos esquecer para que tratamento ele foi usado e, se o tomarmos para algo diferente, isso pode piorar a situação. O remédio receitado para curar a enfermidade de uma pessoa pode ser inútil ou prejudicial para outra que sofre do mesmo mal, os medicamentos devem ser tomados somente pela pessoa para a qual foi receitado. Os medicamentos também podem ser perigosos se tomados na dosagem errada. É especialmente importante fazer com que as crianças tomem somente a quantidade prescrita, em geral muito menor que a de adultos.
A importância de guardar qualquer remédio fora do alcance de crianças pequenas é ilustrada na história a seguir: Certo dia, um menininho ficou doente, e seus pais levaram-no ao hospital. O médico examinou a criança e receitou um remédio. Em casa, os pais do menino deixaram-no sozinho no quarto, enquanto estavam ocupados fora da casa. Nesse ínterim, a criança encontrou o vidro de remédio e tomou-o todo de uma só vez, quando devia tomar apenas duas colheres de chá de quatro em quatro horas. Quando seus pais foram vê-lo, encontraram-no passando mal. Sem que nada pudesse ser feito a tempo, o menino morreu.
Como muitas substâncias perigosas são úteis, nós as guardamos em casa para o seu uso adequado. No entanto, devemos fazer tudo o que pudermos para impedir que sejam ingeridas ou tocadas por muito tempo. Uma forma de evitar isso é escrever legivelmente o nome da substância no próprio recipiente.
Uma simples gravura pode alertar-nos para o perigo. Mostre às crianças ou àqueles que não sabem ler que o símbolo ou gravura significa “perigo” ou “veneno”.
As substâncias perigosas devem ser guardadas numa prateleira alta ou trancadas num armário, onde as crianças não consigam encontrá-las. Dificulte a abertura dos armários e use tampas seguras nos remédios e outras substâncias potencialmente perigosas. Nunca diga que um remédio é uma “balinha” ou um doce para convencer a criança a tomá-lo, mesmo que tenha sabor agradável.
Use produtos químicos apenas em áreas bem ventiladas e utilize roupas de proteção como luvas ou máscaras. Nunca misture produtos de limpeza, pois podem produzir vapores tóxicos. Saibam quais são os antídotos adequados para produtos usados em casa e outros venenos comuns em sua localidade. Aprenda o que fazer no caso de alguém ingerir acidentalmente um veneno ou ser exposto a ele. Mantenha os telefones de médicos e hospitais perto do seu aparelho telefônico. Ligue para um Posto de Saúde ou Pronto-Socorro (seu médico ou um hospital pode dar-lhe o número) e peça informações sobre como proceder. Se você não tiver acesso fácil a um telefone, peça a um assistente social que lhe dê informações que possam ser guardadas em casa e que incluam instruções sobre o procedimento a ser tomado no tratamento de intoxicação por várias substâncias.
Objetos Perigosos
Na maioria dos lares, há objetos perigosos com extremidades afiadas ou pontiagudas, tais como facas, tesouras e ferramentas. Podemos desenvolver certos hábitos ao usá-los, a fim de que nossa casa se torne mais segura.
Devemos sempre manter objetos afiados fora do alcance de crianças pequenas. Se mesmo por um momento deixarmos uma faca num lugar que não seja seguro, uma criança ainda poderia pegá-la e machucar-se.
“Uma mulher dando uma tesoura a uma menina”. Certos objetos tanto podem ser usados de maneira segura como perigosa. Por exemplo: Os fósforos são úteis quando usados corretamente. No entanto, brincar com eles ou usá-los de maneira descuidada pode causar grandes danos e destruição. Guarde-os fora do alcance das crianças. Ao usar uma faca, faça-o com movimentos controlados quando houver pessoas por perto, para evitar acidentes. Acostume-se a entregar tais objetos a outras pessoas com a extremidade afiada ou pontiaguda voltada para você. 
Guardar cada um desses objetos perigosos em local adequado para prevenir acidentes.
Situações Perigosas
As situações específicas, que podem resultar em acidentes, variam de localidade para localidade, e até de casa para casa. No entanto, algumas são comuns e podem ser mudadas para evitar acidentes.
Muitas pessoas acabam se machucando quando sobem em alguma coisa não muito firme, tentando alcançar um lugar alto, em casa ou no quintal. Para que isso não aconteça, escolha cuidadosamente um objeto seguro e firme para subir, ou peça a alguém que segure a sua base. Se tirarmos um tempo para fazer isso, evitaremos acidentes sérios.
Também podemos nos machucar pisando em alguma coisa derramada no piso ou em algo deixado fora do lugar. É fácil tropeçar num objeto que foi deixado no chão, como um brinquedo. Algumas famílias costumam instituir uma regra de sempre colocar as coisas em seu devido lugar, tão logo não estejam mais sendo usadas. Isso diminui bastante a possibilidade de alguém pisar num objeto inesperado.
Procure não deixar que as crianças fiquem sozinhas em locais onde houver risco de se queimarem com água fervendo ou de se afogarem (inclusive banheiras e vasos sanitários). Procure evitar que elas brinquem com fios ou dispositivos elétricos que ofereçam o perigo de causar-lhes choques ou queimaduras. Use protetores de tomadas em todas as tomadas que não estiverem sendo usadas. Coloque portões no alto das escadas. No carro, leve as crianças em cadeiras de segurança.
Mantenha sacos plásticos, cordas e pequenos objetos fora do alcance das crianças.
Os acidentes domésticos frequentemente ocorrem na cozinha. Nas casas onde a comida é feita sobre fogo aberto no chão ou em local baixo, as crianças pequenas muitas vezes se queimam por ficarem muito perto das chamas. Seria mais seguro suspender um metro acima do chão a superfície onde se cozinha. Isso impede as crianças pequenas de engatinhar até o fogo e não deixa que a poeira e a sujeira de nossos pés atinjam a comida. Nas casas onde se cozinha num fogão ou numa superfície levantada, deve-se tomar o cuidado de evitar que os cabos das panelas fiquem virados para fora. As crianças podem alcançá-los, derramando o alimento ou líquido com temperatura elevada em si mesma.
Às vezes, velas, lanternas e fogões são colocados muito perto de outra superfície inflamável. Por exemplo: A cortina da janela, soprada pelo vento, pode atingir as chamas de uma vela e pegar fogo, ou uma caixa que, colocada muito perto do fogão ou lareira, pode pegar fogo se as chamas estiverem muito altas.
Etapas Básicas de Primeiros Socorros
O atendimento de primeiros socorros pode ser dividido em etapas básicas que permitem a maior organização no atendimento e, portanto, resultados mais eficazes.
1. Avaliação do Local do Acidente 
Esta é a primeira etapa básica na prestação de primeiros socorros. Ao chegar ao local de um acidente, ou onde se encontra um acidentado, deve-se assumir o controle da situação e proceder a uma rápida e segura avaliação da ocorrência. Deve-se tentar obter o máximo de informações possíveis sobre o ocorrido. Dependendo das circunstâncias de cada acidente, é importante também: a) evitar o pânico e procurar a colaboração de outras pessoas, dando ordens breves, claras, objetivas e concisas; b) manter afastados os curiosos, para evitar confusão e para ter espaço em que se possa trabalhar da melhor maneira possível. Ser ágil e decidido observando rapidamente se existem perigos para o acidentado e para quem estiver prestando o socorro.
A proteção do acidentado deve ser feita com o mesmo rigor da avaliação da ocorrência e do afastamento de pessoas curiosas ou que visivelmente tenham perdido o autocontrole e possam prejudicar a prestação dos primeiros socorros.
É importante observar rapidamente se existem perigos para o acidentado e para quem estiver prestando o socorro nas proximidades da ocorrência. Por exemplo: fios elétricos soltos e desencapados; tráfego de veículos; andaimes; vazamento de gás; máquinas funcionando. Devem-se identificar pessoas que possam ajudar. Deve-se desligar a corrente elétrica; evitar chamas, faíscas e fagulhas; afastar pessoas desprotegidas da presença de gás; retirar vítima de afogamentoda água, desde que o faça com segurança para quem está socorrendo; evacuar área em risco iminente de explosão ou desmoronamento.
Avaliar o acidentado na posição em que ele se encontra, só mobilizá-lo com segurança (sem aumentar o trauma e os riscos), sempre que possível deve-se manter o acidentado deitado de costas até que seja examinada, e até que se saiba quais os danos sofridos. Não se deve alterar a posição em que se acha o acidentado, sem antes refletir cuidadosamente sobre o que aconteceu e qual a conduta mais adequada a ser tomada. Se o acidentado estiver inconsciente, por sua cabeça em posição lateral antes de proceder à avaliação do seu estado geral. É preciso tranquilizar o acidentado e transmitir-lhe segurança e conforto. A calma do acidentado desempenha um papel muito importante na prestação dos primeiros socorros. O estado geral do acidentado pode se agravar se ela estiver com medo, ansiosa e sem confiança em quem está cuidando.
2. Proteção do Acidentado 
Avaliação e Exame do Estado Geral do acidentado.
A avaliação e exame do estado geral de um acidentado de emergência clínica ou traumática é a segunda etapa básica na prestação dos primeiros socorros. Ela deve ser realizada simultaneamente ou imediatamente à "avaliação do acidente e proteção do acidentado". O exame deve ser rápido e sistemático, observando as seguintes prioridades: ·Estado de consciência: avaliação de respostas lógicas (nome, idade, etc). ·Respiração: movimentos torácicos e abdominais com entrada e saída de ar normalmente pelas narinas ou boca. ·Hemorragia: avaliar a quantidade, o volume e a qualidade do sangue que se perde. Se é arterial ou venoso. ·Pupilas: verificar o estado de dilatação e simetria (igualdade entre as pupilas). ·Temperatura do corpo: observação e sensação de tato na face e extremidades. Deve-se ter sempre uma ideia bem clara do que se vai fazer, para não expor desnecessariamente o acidentado, verificando se há ferimento com o cuidado de não movimentá-lo excessivamente. Em seguida proceder a um exame rápido das diversas partes do corpo. Se o acidentado está consciente, perguntar por áreas dolorosas no corpo e incapacidade funcionais de mobilização. Pedir para apontar onde é a dor, pedir para movimentar as mãos, braços, etc.
Cabeça e Pescoço 
Sempre verificando o estado de consciência e a respiração do acidentado, apalpar, com cuidado, o crânio a procura de fratura, hemorragia ou depressão óssea. Proceder da mesma forma para o pescoço, procurando verificar o pulso na artéria carótida, observando frequência, ritmo e amplitude, correr os dedos pela coluna cervical, desde a base do crânio até os ombros, procurando alguma irregularidade. Solicitar que o acidentado movimente lentamente o pescoço, verificar se há dor nessa região. Movimentar lenta e suavemente o pescoço, movendo-o de um lado para o outro. Em caso de dor pare qualquer mobilização desnecessária. Perguntar a natureza do acidente, sobre a sensibilidade e a capacidade de movimentação dos membros visando confirmar suspeita de fratura na coluna cervical.
Coluna Dorsal 
Perguntar ao acidentado se sente dor. Na coluna dorsal correr a mão pela espinha do acidentado desde a nuca até o sacro. A presença de dor pode indicar lesão da coluna dorsal. 
Tórax e Membros 
Verificar se há lesão no tórax, se há dor quando respira ou se há dor quando o tórax é levemente comprimido. Solicitar ao acidentado que movimente de leve os braços e verificar a existência de dor ou incapacidade funcional. Localizar o local da dor e procurar deformação, edema e marcas de injeções. Verificar se há dor no abdome e procurar todo tipo de ferimento, mesmo pequeno. Muitas vezes um ferimento de bala é pequeno, não sangra e é profundo, com consequências graves. Apertar cuidadosamente ambos os lados da bacia para verificar se há lesões. Solicitar à vítima que tente mover as pernas e verificar se há dor ou incapacidade funcional. Não permitir que o acidentado de choque elétrico ou traumatismo violento tente levantar-se prontamente, achando que nada sofreu. Ele deve ser mantido imóvel, pelo menos para um rápido exame nas áreas que sofreram alguma lesão. O acidentado deve ficar deitado de costas ou na posição que mais conforto lhe ofereça.
Exame do acidentado Inconsciente 
O acidentado inconsciente é uma preocupação, pois além de se ter poucas informações sobre o seu estado podem surgir, complicações devido à inconsciência. O primeiro cuidado é manter as vias respiratórias superiores desimpedidas fazendo a extensão da cabeça, ou mantê-la em posição lateral para evitar aspiração de vômito. Limpar a cavidade bucal. O exame do acidentado inconsciente deve ser igual ao do acidentado consciente, só que com cuidados redobrados, pois os parâmetros de força e capacidade funcional não poderão ser verificados. O mesmo ocorrendo com respostas a estímulos dolorosos. É importante ter ciência que nos primeiros cuidados ao acidentado inconsciente a deverá ser mínima. A observação das seguintes alterações deve ter prioridade acima de qualquer outra iniciativa. Ela pode salvar uma vida: · 
· Falta de respiração; · 
· Falta de circulação (pulso ausente); · 
· Hemorragia abundante; · 
· Perda dos sentidos (ausência de consciência); · 
· Envenenamento.
Observações: 
1. Para que haja vida é necessário um fluxo contínuo de oxigênio para os pulmões. O oxigênio é distribuído para todas as células do corpo através do sangue impulsionado pelo coração. Alguns órgãos sobrevivem algum tempo sem oxigênio, outros são severamente afetados. As células nervosas do cérebro podem morrer após 3 minutos sem oxigênio. 
2. Por isso mesmo é muito importante que algumas alterações ou alguns quadros clínicos, que podem levar a essas alterações, devem ter prioridade quando se aborda um acidentado de vítima de mal súbito. São elas: obstrução das vias aéreas superiores; parada cárdio-respiratória; hemorragia de grandes volumes; estado de choque (pressão arterial, etc); comas (perda da consciência); convulsões (agitações psicomotoras); envenenamento (intoxicações exógenas); diabetes mellitus (comas hiper e hipoglicêmicos); infarto do miocárdio; e queimaduras em grandes áreas do corpo. 
3. Toda lesão ou emergência clínica ocorrida dentro do âmbito da Instituição deve ser comunicada ao NUST - Núcleo de Saúde do trabalhador / DIREH, através de uma ficha de registro específica e anotada no "livro de registro de acidentes". 
4. É importante ter sempre disponível os números dos telefones e os endereços de hospitais e de centros de atendimento de emergência;; socorro especializado para emergências cardíacas; plantão da Comissão Nacional de Energia Nuclear; locais de aplicação de soros antiveneno de cobra e de outros animais peçonhentos e centro de informações tóxico farmacológicas.
EPIs (Equipamento de proteção individual)
O Equipamento de Proteção Individual - EPI é todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção contra riscos capazes de ameaçar a sua segurança e a sua saúde.
 
O uso deste tipo de equipamento só deverá ser feito quando não for possível tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que se desenvolve a atividade, ou seja, quando as medidas de proteção coletiva não forem viáveis, eficientes e suficientes para a atenuação dos riscos e não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho.
 
Os equipamentos de proteção coletiva - EPC são dispositivos utilizados no ambiente de trabalho com o objetivo de proteger os trabalhadores dos riscos inerentes aos processos, tais como o enclausuramento acústico de fontes de ruído, a ventilação dos locais de trabalho, a proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos, a sinalização de segurança, dentre outros.
 
Como o EPC não depende da vontade do trabalhador para atender suas finalidades, este tem maior preferência pela utilização do EPI, já que colabora no processo minimizando os efeitos negativos de um ambiente de trabalho que apresentadiversos riscos ao trabalhador.
 
Portanto, o EPI será obrigatório somente se o EPC não atenuar os riscos completamente ou se oferecer proteção parcialmente.
 
Conforme dispõe a Norma Regulamentadora 6, a empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e
c) para atender a situações de emergência.
 
Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT, ou a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA nas empresas desobrigadas de manter o SESMT, recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco existente em determinada atividade.
 
Os tipos de EPI´s utilizados podem variar dependendo do tipo de atividade ou de riscos que poderão ameaçar a segurança e a saúde do trabalhador e da parte do corpo que se pretende proteger, tais como:
· Proteção auditiva: abafadores de ruídos ou protetores auriculares;
· Proteção respiratória: máscaras e filtro;
· Proteção visual e facial: óculos e viseiras;
· Proteção da cabeça: capacetes;
· Proteção de mãos e braços: luvas e mangotes;
· Proteção de pernas e pés: sapatos, botas e botinas;
· Proteção contra quedas: cintos de segurança e cinturões.
O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.
 
Dentre as atribuições exigidas pela NR-6, cabe ao empregador as seguintes obrigações:
· adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade;
· exigir seu uso;
· fornecer ao trabalhador somente o equipamento aprovado pelo órgão, nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;
· orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação;
· substituir imediatamente o EPI, quando danificado ou extraviado;
· responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e
· comunicar o MTE qualquer irregularidade observada;
 
O empregado também terá que observar as seguintes obrigações:
· utilizar o EPI apenas para a finalidade a que se destina;
· responsabilizar-se pela guarda e conservação;
· comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio ao uso; e
· cumprir as determinações do empregador sob o uso pessoal;
 
Os Equipamentos de Proteção Individual além de essenciais à proteção do trabalhador, visando a manutenção de sua saúde física e proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho, podem também proporcionar a redução de custos ao empregador.
 
É o caso de empresas que desenvolvem atividades insalubres e que o nível de ruído, por exemplo, está acima dos limites de tolerância previstos na NR-15. Neste caso, a empresa deveria pagar o adicional de insalubridade de acordo com o grau de enquadramento, podendo ser de 10%, 20% ou 40%.
 
Com a utilização do EPI, a empresa poderá deixar de pagar este adicional na folha de pagamento, pois através da utilização adequada do equipamento, o dano que o ruído poderia causar à audição do empregado será eliminado.
 
A eliminação do ruído ou a neutralização em nível abaixo do limite de tolerância isenta a empresa do pagamento do adicional, além de evitar quaisquer possibilidades futuras de pagamento de indenização de danos morais ou materiais em função da falta de utilização do EPI.
 
Entretanto, é importante ressaltar que não basta o fornecimento do EPI ao empregado por parte do empregador, pois é obrigação deste fiscalizar o empregado de modo a garantir que o equipamento esteja sendo utilizado.
 
São muitos os casos de empregados que, com desculpas de que não se acostumam ou que o EPI o incomoda no exercício da função, deixam de utilizá-lo e consequentemente, passam a sofrer as consequências de um ambiente de trabalho insalubre.
 
Nestes casos o empregador deve utilizar-se de seu poder diretivo e obrigar o empregado a utilizar o equipamento, sob pena de advertência e suspensão num primeiro momento e, havendo reincidências, sofrer punições mais severas como a demissão por justa causa.
 
Para a Justiça do Trabalho, o fato de comprovar que o empregado recebeu o equipamento (por meio de ficha de entrega de EPI), por exemplo, não exime o empregador do pagamento de uma eventual indenização, pois a norma estabelece que o empregador deva garantir o seu uso, o que se faz através de fiscalização e de medidas coercitivas, se for o caso. 
Conforme cronograma do eSocial, a última fase envolve justamente os dados de segurança e saúde do trabalhador - SST. As empresas precisam estar atentas sobre os conceitos de EPC e EPI para não ocasionar erros na hora de entregar os eventos de SST e Social.
Reconhecer os sinais de uma Parada Cardiorrespiratória (PCR)
A parada cardiorrespiratória (PCR), diz respeito a uma emergência comum no âmbito intra e extra hospitalar, estima-se que no Brasil, ocorram 200.000 casos por ano (GONZALEZ et al., 2013). Apesar da ampla difusão das informações acerca da prevenção e medidas de intervenções iniciais o número de óbitos causados por este agravo ainda é elevado. Neste cenário, o conhecimento referente ao suporte básico de vida, por parte de profissionais de saúde e leigos, faz-se imprescindível para o aumento das chances de sobrevida da vítima acometida.
Tríade: vítima apresenta-se inconsciente, ausência de respiração e ausência de pulso em grande artéria (o principal sinal da parada cardiopulmonar, sendo o mais específico – ausência de pulso carotídeo no adulto e braquial no bebê). A midríase (dilatação da pupila) bilateral é um sinal tardio, ocorre em até 45 segundos após a parada cardíaca e pode aparecer em outras situações. Assim sendo, não utilizar a dilatação das pupilas para o diagnóstico da parada ou para definir que a vítima está com lesão cerebral irreversível. A persistência da midríase com a RCP é um sinal de prognóstico ruim.
A ausência de circulação do sangue interrompe a oxigenação dos tecidos. Após alguns minutos as células mais sensíveis começam a morrer. Os órgãos mais sensíveis à falta de oxigênio são o cérebro e o coração. A lesão cerebral irreversível ocorre geralmente após cinco a seis minutos (morte cerebral).
Dica: As vítimas submetidas a baixas temperaturas (hipotermia) podem suportar períodos mais longos sem oxigênio, pois o metabolismo diminui, reduzindo o consumo de oxigênio.
Portanto, a reanimação cardiopulmonar (RCP) é a técnica utilizada para retardar a lesão cerebral até a instituição de medidas de suporte avançado de vida. Consiste nas manobras de abertura das vias aéreas, respiração artificial e compressões torácicas, na tentativa de restabelecer a ventilação pulmonar e a circulação sanguínea.
Manobras de compressão cardíaca 
A realização imediata de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) em uma vítima de parada cardiorrespiratória (PCR), ainda que for apenas com compressões torácicas no pré-hospitalar, contribui sensivelmente para o aumento das taxas de sobrevivência das vítimas de parada cardíaca.
Programas internacionais de RCP e desfibrilação externa automática precoce, realizada por leigos, com taxas de sobrevivência da ordem de até 85%, podem servir de modelo para melhorar o manejo da parada cardíaca em outras comunidades.
O maior desafio, sobretudo no Brasil, é ampliar o acesso ao ensino de RCP, estabelecer processos para a melhora contínua de sua qualidade, além de minimizar o tempo entre a RCP e a aplicação do primeiro choque pelo desfibrilador.
Portanto, as ações realizadas durante os minutos iniciais de atendimento a uma emergência são críticas em relação à sobrevivência da vítima. O suporte básico de vida (SBV) define essa sequência primária de ações para salvar vidas.Por mais adequado e eficiente que seja um suporte avançado, se as ações de suporte básico não forem realizadas de maneira adequada, será extremamente baixa a possibilidade de sobrevivência de uma vítima de PCR.
Inicie ciclos de 30 compressões e 2 ventilações
Segundo Chamberlain D et al. (2001); Srikantan SK et al. (2005), inicie ciclos de 30 compressões e 2 ventilações (Figura 1), considerando que existe um dispositivo de barreira (por exemplo, máscara de bolso para aplicar as ventilações). Compressões torácicas efetivas são essenciais para promover o fluxo de sangue, devendo ser realizadas em todos pacientes em parada cardíaca.
Compressões torácicas
Para realização das compressões torácicas (Figura 2):
√ Posicione-se ao lado da vítima e mantenha seus joelhos com certa distância um do outro para que tenha melhor estabilidade.
√ Afaste ou, se uma tesoura estiver disponível, corte a roupa da vítima que está sobre o tórax para deixá-lo desnudo.
√ Coloque a região hipotênar de uma mão sobre o esterno da vítima e a outra mão sobre a primeira, entrelaçando-a.
√ Estenda os braços e posicione-os cerca de 90º acima da vítima.
√ Comprima na frequência de, no mínimo, 100 compressões/minuto.
√ Comprima com profundidade de, no mínimo, 5cm.
√ Permita o retorno completo do tórax após cada compressão, sem retirar o contato das mãos com o mesmo.
√ Minimize interrupções das compressões.
√ Reveze com outro socorrista, a cada dois minutos, para evitar a fadiga e compressões de má qualidade.
Recomenda-se a utilização de equipamentos que avaliam a qualidade das compressões durante a RCP, fornecendo um bom parâmetro para os socorristas.
As manobras de RCP devem ser ininterruptas, exceto se a vítima se movimentar, durante a fase de análise do desfibrilador, na chegada da equipe de resgate ou exaustão do socorrista.
Sinais Vitais
Sinais vitais são aqueles que indicam a existência de vida. São reflexos ou indícios que permitem concluir sobre o estado geral de uma pessoa. Os sinais sobre o funcionamento do corpo humano que devem ser compreendidos e conhecidos são: · 
· Temperatura, ·
· Pulso, · 
· Respiração, · 
· Pressão arterial, 
· Contração pupilar.
Os sinais vitais são sinais que podem ser facilmente percebidos, deduzindo-se assim, que na ausência deles, existem alterações nas funções vitais do corpo.
Temperatura Corporal 
A temperatura resulta do equilíbrio térmico mantido entre o ganho e a perda de calor pelo organismo. A temperatura é um importante indicador da atividade metabólica, já que o calor obtido nas reações metabólicas se propaga pelos tecidos e pelo sangue circulante. 
A temperatura do corpo humano está sujeita a variações individuais e a flutuações devido a fatores fisiológicos como: exercícios, digestão, temperatura ambiente e estado emocional (Quadro I). A avaliação diária da temperatura de uma pessoa em perfeito estado de saúde nunca é maior que um grau Celsius, sendo mais baixa pela manhã e um pouco elevada no final da tarde. Existe pequena elevação de temperatura nas mulheres após a ovulação, no período menstrual e no primeiro trimestre da gravidez.
Nosso corpo tem uma temperatura média normal que varia de 35,9 a 37,2ºC. A avaliação da temperatura é uma das maneiras de identificar o estado de uma pessoa, pois em algumas emergências a temperatura muda muito. 
O sistema termorregulador trabalha estimulando a perda de calor em ambientes de calor excessivo e acelerando os fenômenos metabólicos no frio para compensar a perda de calor. Graças a isto, o homem é um ser homeotérmico que, ao contrário de outros animais, mantêm a temperatura do corpo constante a despeito de fatores externos.
Quadro I - Variação de temperatura do corpo
Perda de Calor 
O corpo humano perde calor através de vários processos que podem ser classificados da seguinte maneira: 
· Eliminação - fezes, urina, saliva, respiração. 
· Evaporação - a evaporação pela pele (perda passiva) associada à eliminação permitirá a perda de calor em elevadas temperaturas. 
· Condução - é a troca de calor entre o sangue e o ambiente. Quanto maior é a quantidade de sangue que circula sob a pele maior é a troca de calor com o meio. O aumento da circulação explica o avermelhamento da pele (hipermia) quando estamos com febre.
Verificação da Temperatura 
Oral ou bucal - Temperatura média varia de 36,2 a 37ºC. O termômetro deve ficar por cerca de três minutos, sob a língua, com o paciente sentado, semi-sentado (reclinado) ou deitado.
Não se verifica a temperatura de vítimas inconscientes, crianças depois de ingerirem líquidos (frios ou quentes) após a extração dentária ou inflamação na cavidade oral. 
Axilar - Temperatura média varia de 36 a 36,8ºC. A via axilar é a mais sujeita a fatores externos. O termômetro deve ser mantido sob a axila seca, por 3 a 5 minutos, com o acidentado sentada, semi-sentada (reclinada) ou deitada. Não se verifica temperatura em vítimas de queimaduras no tórax, processos inflamatórios na axila ou fratura dos membros superiores. 
Retal - Temperatura média varia de 36,4 a 37,ºC. O termômetro deverá ser lavado, seco e lubrificado com vaselina e mantido dentro do reto por 3 minutos com o acidentado em decúbito lateral, com a flexão de um membro inferior sobre o outro. Não se verifica a temperatura retal em vítimas que tenham tido intervenção cirúrgica no reto, com abscesso retal. A verificação da temperatura retal é a mais precisa, pois é a que menos sofre influência de fatores externos.
· Importante
O acidentado com febre, muito alta e prolongada, pode ter lesão cerebral irreversível. A temperatura corporal abaixo do normal pode acontecer após depressão de função circulatória
Febre 
A febre é a elevação da temperatura do corpo acima da média normal. Ela ocorre quando a produção de calor do corpo excede a perda. Tumores, infecções, acidentes vasculares ou traumatismos podem afetar diretamente o hipotálamo e com isso perturbar o mecanismo de regulagem de calor do corpo. Portanto, a febre deve ser vista também como um sinal que o organismo emite. Um sinal de defesa. 
Devemos lembrar que pessoas imunodeprimidas podem ter infecções graves e não apresentarem febre. A vítima de febre apresenta a seguinte sintomatologia: ·
· Inapetência (perda de apetite) · 
· Mal estar · 
· Pulso rápido · 
· Sudorese ·
· Temperatura acima de 40 graus Celsius · 
· Respiração rápida
· Hiperemia da pele
· Calafrios
· Cefaléia (dor de cabeça)
Primeiros Socorros para Febre 
Aplicar compressas úmidas na testa, cabeça, pescoço, axilas e virilhas (que são as áreas por onde passam os grandes vasos sanguíneos). 
Quando o acidentado for um adulto, submetê-la a um banho frio ou cobri-la com coberta fria. Podem ser usadas compressas frias aplicadas sobre grandes estruturas vasculares superficiais quando a temperatura corporal está muito elevada. 
O tratamento básico da febre deve ser dirigido para as suas causas, mas em primeiros socorros isto não é possível, pois o leigo deverá preocupar-se em atender os sintomas de febre e suas complicações. Drogas antipiréticas como aspirina, dipirona e acetaminofen são muito eficientes na redução da febre que ocorre devido a afecções no centro termorregulador do hipotálamo, porém só devem ser usadas após o diagnóstico. 
Devemos salientar que os primeiros socorros em casos febris só devem ser feitos em temperaturas muito altas (acima de 400C), por dois motivos já vistos: a febre é defesa orgânica (é o organismo se defendendo de alguma causa) e o tratamento da febre deve ser de suas causas.
Pulso 
O pulso é a onda de distensão de uma artéria transmitida pela pressão que o coração exerce sobre o sangue. Esta onda é perceptível pela palpação de uma artéria e se repete com regularidade, segundo as batidas do coração. 
Existe uma relação direta entre a temperatura do corpo e a frequência do pulso. Em geral, exceto em algumas febres, para cada grau de aumento de temperatura existe um aumento no número de pulsações por minuto (cerca de 10 pulsações). 
O pulso pode ser apresentado variando de acordo com sua frequência, regularidade,tensão e volume.
a) Regularidade (alteração de ritmo)
· Pulso rítmico: normal
· Pulso arrítmico: anormal
b) Tensão
c) Freqüência - Existe uma variação média de acordo com a idade como pode ser visto no Quadro II abaixo.
Quadro II - Variação da frequência
d) Volume 
· Pulso cheio: normal
· Pulso filiforme (fraco): anormal
A alteração na frequência do pulso denuncia alteração na quantidade de fluxo sanguíneo. 
As causas fisiológicas que aumentam os batimentos do pulso são: digestão, exercícios físicos, banho frio, estado de excitação emocional e qualquer estado de reatividade do organismo. 
No desmaio / síncope as pulsações diminuem. Através do pulso ou das pulsações do sangue dentro do corpo, é possível avaliar se a circulação e o funcionamento do coração estão normais ou não. Pode-se sentir o pulso com facilidade: · 
Procurar acomodar o braço do acidentado em posição relaxada. · Usar o dedo indicador, médio e anular sobre a artéria escolhida para sentir o pulso, fazendo uma leve pressão sobre qualquer um dos pontos onde se pode verificar mais facilmente o pulso de uma pessoa. · Não usar o polegar para não correr o risco de sentir suas próprias pulsações. · 
Contar no relógio as pulsações num período de 60 segundos. Neste período deve-se procurar observar a regularidade, a tensão, o volume e a frequência do pulso. 
Existem no corpo vários locais onde se podem sentir os pulsos da corrente sanguínea.
· Importante
Recomenda-se não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isto pode impedir que se percebam os batimentos.
O pulso radial pode ser sentido na parte da frente do punho. Usar as pontas de 2 a 3 dedos levemente sobre o pulso da pessoa do lado correspondente ao polegar, conforme a figura abaixo.
Figura 1- Pulso radial e carotídeo
O carotídeo é o pulso sentido na artéria carótida que se localiza de cada lado do pescoço. Posicionam-se os dedos sem pressionar muito para não comprimir a artéria e impedir a percepção do pulso (Figura 1). 
Do ponto de vista prático, a artéria radial e carótida são mais fáceis para a localização do pulso, mas há outros pontos que não devem ser descartados. Conforme a Figura 2.
Respiração 
A respiração é uma das funções essenciais à vida. É através dela que o corpo promove permanentemente o suprimento de oxigênio necessário ao organismo, vital para a manutenção da vida. 
A respiração é comandada pelo Sistema Nervoso Central. Seu funcionamento processa-se de maneira involuntária e automática. É a respiração que permite a ventilação e a oxigenação do organismo e isto só ocorre através das vias aéreas desimpedidas. 
A observação e identificação do estado da respiração de um acidentado de qualquer tipo de afecção é conduta básica no atendimento de primeiros socorros. Muitas doenças, problemas clínicos e acidentes de maior ou menor proporção alteram parcialmente ou completamente o processo respiratório. Fatores diversos como secreções, vômito, corpo estranho, edema e até mesmo a própria língua podem ocasionar a obstrução das vias aéreas. A obstrução produz asfixia que, se prolongada, resulta em parada cardiorrespiratória. 
O processo respiratório manifesta-se fisicamente através dos movimentos ritmados de inspiração e expiração. Na inspiração existe a contração dos músculos que participam do processo respiratório, e na expiração estes músculos relaxam-se espontaneamente. Quimicamente existe uma troca de gazes entre os meios externos e internos do corpo. O organismo recebe oxigênio atmosférico e elimina dióxido de carbono. Esta troca é a hematose, que é a transformação, no pulmão, do sangue venoso em sangue arterial.
Deve-se saber identificar se a pessoa está respirando e como está respirando. A respiração pode ser basicamente classificada por tipo e frequência. O Quadro III apresenta a classificação da respiração quanto ao tipo. 
A frequência da respiração é contada pela quantidade de vezes que uma pessoa realiza os movimentos combinados de inspiração e expiração em um minuto. Para se verificar a freqüência da respiração, conta-se o número de vezes que uma pessoa realiza os movimentos respiratórios: 01 inspiração + 01 expiração = 01 movimento respiratório. 
A contagem pode ser feita observando-se a elevação do tórax se o acidentado for mulher ou do abdome se for homem ou criança. Pode ser feita ainda contando-se as saídas de ar quente pelas narinas. 
A frequência média por minuto dos movimentos respiratórios varia com a idade se levarmos em consideração uma pessoa em estado normal de saúde. Por exemplo: um adulto possui um valor médio respiratório de 14 - 20 respirações por minuto (no homem), 16 - 22 respirações por minuto (na mulher), enquanto uma criança nos primeiros meses de vida 40 - 50 respirações por minuto.
Quadro III - Tipos de respiração
Fatores fisiopatológicos podem alterar a necessidade de oxigênio ou a concentração de gás carbônico no sangue. Isto contribui para a diminuição ou o aumento da frequência dos movimentos respiratórios. A nível fisiológico os exercícios físicos, as emoções fortes e banhos frios tendem a aumentar a frequência respiratória. Em contra partida o banho quente e o sono a diminuem. 
Algumas doenças cardíacas e nervosas e o coma diabético aumentam a frequência respiratória. Como exemplo de fatores patológicos que diminuem a frequência respiratória podemos citar o uso de drogas depressoras. 
Os procedimentos a serem observados e os primeiros socorros em casos de parada respiratória serão estudados a frente.
Pressão Arterial 
A pressão arterial é a pressão do sangue, que depende da força de contração do coração, do grau de distensibilidade do sistema arterial, da quantidade de sangue e sua viscosidade. 
Embora não seja recomendável a instrução a leigos da medição da pressão arterial com o aparelho, para não induzir a diagnósticos não autorizados após a leitura, julgamos necessário descrever de maneira sucinta as características da pressão arterial e a sua verificação.
No adulto normal a pressão arterial varia da seguinte forma: · Pressão arterial máxima ou sistólica - de 100 a 140 mm Hg (milímetros de mercúrio). · Pressão arterial mínima ou diastólica - de 60 a 90 mm Hg. 
A pressão varia com a idade, por exemplo: uma pessoa com a idade entre 17 a 40 anos apresenta a pressão de 140 x 90, já entre 41 a 60 anos apresenta pressão, de 150 x 90 mm de Hg. A pessoa com pressão arterial alta sofre de hipertensão e apresenta, dentro de certos critérios de medição, pressão arterial mínima acima de 95 mm Hg e pressão arterial máxima acima de 160 mm Hg. A pressão muito baixa (hipotensão) é aquela em que a pressão máxima chega a baixar até a 80 mm Hg. 
No Quadro IV apresentamos exemplos de condições que alteram a pressão arterial:
Quadro IV - Condições que levam à alteração na pressão arterial
· Importante
Perguntar à vítima se sua pressão arterial apresenta histórico de disfunção e passar essa informação ao profissional que for prestar o socorro especializado.
Uma pessoa com hipertensão deverá ser mantida com a cabeça elevada; deve ser acalmada; reduzir a ingestão de líquidos e sal e ficar sob observação permanente até a chegada do médico. No caso do hipotenso, deve-se promover a ingestão de líquidos com pitadas de sal, deitá-lo e chamar um médico.
Medição da pressão arterial Posição da pessoa: Sentada, semi-sentada (reclinada) ou deitada (esta é a melhor posição): Material: Esfigmomanômetro e estetoscópio Técnica: 
a) Tranquilizar a pessoa informando-a sobre a medição de pressão. 
b) Braço apoiado ao mesmo nível do coração para facilitar a localização da artéria braquial. 
c) Colocar o manguito ao redor do braço, a cerca de 4 dedos da dobra do cotovelo. Prender o manguito. 
d) Fechar a saída de ar e insuflar até que o ponteiro atinja a marca de 200 mm Hg. Pode ser necessário ir mais alto. 
e) Posicionar o na artéria umeral, abaixo do manguito e ouvir se há batimentos. 
f) Abrir a saída de ar lentamente e ouvir os batimentos regulares 
g) Anotar a pressão indicada pelo ponteiro que será a Pressão Arterial Máxima. 
h) A pressão do manguitovai baixando e o som dos batimentos muda de nítido desaparecendo. Neste ponto deve-se anotar a Pressão Arterial Mínima. Às vezes o ponto de Pressão Mínima coincide com o desaparecimento do som dos batimentos.
Sinais de Apoio 
Além dos sinais vitais do funcionamento do corpo humano, existem outros que devem ser observados para obtenção de mais informações sobre o estado de saúde de uma pessoa. São os sinais de apoio; sinais que o corpo emite em função do estado de funcionamento dos órgãos vitais. Os sinais de apoio podem ser alterados em casos de hemorragia, parada cardíaca ou uma forte batida na cabeça, por exemplo. 
Os sinais de apoio tornam-se cada vez mais evidentes com o agravamento do estado do acidentado. Os principais sinais de apoio são: · 
· Dilatação e reatividade das pupilas · 
· Cor e umidade da pele · 
· Estado de consciência · 
· Motilidade e sensibilidade do corpo
Dilatação e Reatividade das Pupilas 
A pupila é uma abertura no centro da íris - a parte colorida do olho - e sua função principal é controlar a entrada de luz no olho para a formação das imagens que vemos. A pupila exposta à luz se contrai. Quando há pouca ou quase nenhuma luz a pupila se dilata, fica aberta. Quando a pupila está totalmente dilatada, é sinal de que o cérebro não está recebendo oxigênio, exceto em certos envenenamentos. 
A dilatação e reatividade das pupilas são um sinal de apoio importante. Muitas alterações do organismo provocam reações nas pupilas (Quadro V). Certas condições de "stress", tensão, medo e estados de pré-choque também provocam consideráveis alterações nas pupilas. 
Devemos observar as pupilas de uma pessoa contra a luz de uma fonte lateral, de preferência com o ambiente escurecido. Se não for possível deve-se olhar as pupilas contra a luz ambiente.
Quadro V - Alterações orgânicas que provocam reações nas pupilas
Cor e Umidade da Pele 
A cor e a umidade da pele são também sinais de apoio muito útil no reconhecimento do estado geral de um acidentado. Uma pessoa pode apresentar a pele pálida, cianosada ou hiperemiada (avermelhada e quente). 
A cor e a umidade da pele devem ser observadas na face e nas extremidades dos membros, onde as alterações se manifestam primeiro (Quadro VI). A pele pode também ficar úmida e pegajosa. Podem-se observar estas alterações melhor no antebraço e na barriga.
Quadro VI - Alterações orgânicas que provocam modificações na cor e umidade da pele
Estado de Consciência 
Este é outro sinal de apoio importante. A consciência plena é o estado em que uma pessoa mantém o nível de lucidez que lhe permite perceber normalmente o ambiente que a cerca, com todos os sentidos saudáveis respondendo aos estímulos sensoriais.
Quando se encontra um acidentado capaz de informar com clareza sobre o seu estado físico, pode-se dizer que esta pessoa está perfeitamente consciente. Há, no entanto, situações em que uma pessoa pode apresentar sinais de apreensão excessiva, olhar assustado, face contraída e medo. Esta pessoa certamente não estará em seu pleno estado de consciência. 
Uma pessoa pode estar inconsciente por desmaio, estado de choque, estado de coma, convulsão, parada cardíaca, parada respiratória, alcoolismo, intoxicação por drogas e uma série de outras circunstâncias de saúde e lesão. 
Na síncope e no desmaio há uma súbita e breve perda de consciência e diminuição do tônus muscular. Já o estado de coma é caracterizado por uma perda de consciência mais prolongada e profunda, podendo o acidentado deixar de apresentar gradativamente reação aos estímulos dolorosos e perda dos reflexos.
Motilidade e Sensibilidade do Corpo 
Qualquer pessoa consciente que apresente dificuldade ou incapacidade de sentir ou movimentar determinadas partes do corpo, está obviamente fora de seu estado normal de saúde. A capacidade de mover e sentir partes do corpo são um sinal que pode nos dar muitas informações. 
Quando há incapacidade de uma pessoa consciente realizar certos movimentos, pode-se suspeitar de uma paralisia da área que deveria ser movimentada. A incapacidade de mover o membro superior depois de um acidente pode indicar lesão do nervo do membro. A incapacidade de movimento nos membros inferiores pode indicar uma lesão da medula espinhal. O desvio da comissura labial (canto da boca) pode estar a indicar lesão cerebral ou de nervo periférico (facial). Pede-se à vítima que sorria. Sua boca sorrirá torta, só de um lado.
Pedir à vítima de acidente traumático que movimente os dedos de cada mão, a mão e os membros superiores, os dedos de cada pé, o pé e os membros inferiores.
· Importante 
Pedir à vítima de acidente traumático que movimente os dedos de cada mão, a mão e os membros superiores, os dedos de cada pé, o pé e os membros inferiores.
Quando um acidentado perde o movimento voluntário de alguma parte do corpo, geralmente ela também perde a sensibilidade no local. Muitas vezes, porém, o movimento existe, mas o acidentado reclama de dormência e formigamento nas extremidades. É muito importante o reconhecimento destas duas situações, como um indício de que há lesão na medula espinhal. É importante, também, nestes casos tomar muito cuidado com o manuseio e transporte do acidentado para evitar o agravamento da lesão. Convém ainda lembrar que o acidentado de histeria, alcoolismo agudo ou intoxicação por drogas, mesmo que sofra acidente traumático, pode não sentir dor por várias horas.
· Importante
A verificação rápida e precisa dos sinais vitais e dos sinais de apoio é uma chave importante para o desempenho de primeiros socorros. O reconhecimento destes sinais dá suporte, rapidez e agilidade no atendimento e salvamento de vidas.
Ações imediatas e mediatas do socorrista em ferimentos e queimaduras
Chama-se ferimento qualquer lesão da pele produzida por traumatismo, em qualquer tipo de acidente. Os ferimentos podem apresentar dor e sangramento.
Classificação dos ferimentos 
Existem vários tipos de ferimentos, e estes são classificados em fechados ou abertos.
Ferimentos fechados ou contusões São as lesões produzidas por objetos contundentes que danificam o subcutâneo com extravasamento de sangue, sem romper a pele. 
Podem ser: 
Equimose – sinal arroxeado na pele, consequência de uma contusão, sem inchaço no local. Ex.: “olho roxo”.
Hematoma - sinal arroxeado com inchaço no local. Ex.: “galo” na cabeça por armazenar volume de sangue.
Ferimentos abertos ou feridas
Diz-se que um ferimento é aberto quando rompe a integridade da pele, expondo tecidos internos, geralmente com sangramento.
As feridas podem ser incisivas ou cortantes, produzidas por objetos cortantes, afiados (bisturi, faca, estilete etc.), capazes de penetrar a pele; e podem ser lineares, com bordas regulares e pouco traumatizadas.
Feridas contusas – resultam de objeto com superfície romba (instrumento cortante não muito afiado pau, pedra, soco etc.) e que atinge a superfície do corpo com alta energia. Capaz de romper a integridade da pele, resultando em feridas com bordas muito traumatizadas. Exemplos: paus, pedras, soco etc.
Feridas perfurantes - o objeto que as produz é geralmente fino e pontiagudo, capaz de perfurar a pele e os tecidos, resultando em lesão cutânea puntiforme ou linear, de bordas regulares ou não. Exemplos: ferimentos por arma de fogo e arma branca.
Feridas penetrantes - o objeto atinge uma cavidade natural do organismo, geralmente tórax ou abdome. Apresentam formato externo variável, geralmente linear ou puntiforme. 
Feridas transfixantes - constituem uma variedade de ferida perfurante ou penetrante. O objeto é capaz de penetrar e atravessar os tecidos ou determinado órgão em toda a sua espessura.
Escoriações ou abrasões – produzidas pelo atrito de uma superfície áspera e dura contra a pele. Atinge somente a pele. Frequentemente contêm partículas de corpo estranho (cinza, graxa, terra).
CUIDADOS COM A VÍTIMA DE FERIMENTOS
O atendimento pré-hospitalar dos ferimentos visa a três objetivos principais:
1) Proteger a ferida contra o trauma secundário;
2) Conter sangramentos;
3) Proteger contra infecção.Como orientação geral, lave o ferimento com água corrente ou soro fisiológico, para remover partículas de corpo estranho, e, a seguir, cubra com gaze estéril. Entretanto, a particularidade de cada ferimento deve ser considerada.
 • Nas escoriações, lave com água corrente ou soro fisiológico, sem provocar atrito. Se disponível, instile uma solução antisséptica antes do curativo. Recubra a área escoriada com gaze estéril, fixando-a com fita adesiva ou, em área muito grande, com atadura ou bandagem triangular.
 • Nas feridas incisivas, aproxime e fixe suas bordas com um curativo compressivo, utilizando atadura ou bandagem triangular. 
• Nas feridas lacerantes, controle o sangramento e proteja-as com uma gaze estéril firmemente pressionada. Lesões graves podem exigir a imobilização da parte afetada. 
· Importante
Todos os ferimentos extensos ou profundos devem ser avaliados em hospital.
Orientações gerais sobre alguns ferimentos
a) Ferimentos na cabeça 
Uma vítima que apresente ferimentos na cabeça, dependendo do mecanismo de lesão que os causou, pode apresentar lesão cerebral (traumatismo craniano). 
Os sintomas podem ser imediatos ou não, exigindo que se fique atento a possíveis alterações nas condições da vítima, como: • perda de consciência por instantes ou diminuição progressiva da consciência (desorientação, sonolência, coma); • dor de cabeça, náuseas, vômito; • sangramento ou saída de líquido pelo nariz e/ou ouvidos.
Quando o cérebro é lesado, ele reage com um edema (inchaço), como qualquer outro tecido. Os centros de controle da respiração e outros centros vitais podem ficar prejudicados pelo edema. Nesse caso, deve-se prestar o seguinte atendimento: 
• Prestar atenção ao A-B-C-D. 
• Manter as vias aéreas com controle cervical. 
• Controlar as hemorragias presentes. • Observar o nível de consciência da vítima. 
• Evitar mexer com a vítima. 
• Proteger com gaze ou pano limpo, sem apertar a ferida. 
• Se apresentar vômito, proceder ao rolamento lateral em bloco (para não aspirar). 
• Se houver sangramento ou saída de líquido pelo nariz ou ouvido, não tentar conter a saída desse líquido. 
• Chamar o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, se existir, ou conduzir a vítima para um hospital.
b) Ferimentos no tórax 
A caixa torácica é formada por costelas, vértebras torácicas e esterno; envolve pulmões, coração, grandes vasos e esôfago. Qualquer traumatismo no tórax pode resultar em dano a esses órgãos. Se um ferimento colocar em comunicação a parte interna da cavidade torácica com a atmosfera do meio ambiente, o mecanismo da respiração fica comprometido. 
Então deve-se tomar os seguintes cuidados: 
• Colocar uma proteção (gaze, plástico, esparadrapo) sobre o ferimento no final da expiração, para evitar entrada de ar no tórax.
 • Fixe o material usado para proteção com cinto ou faixa de pano, firmemente. 
• Não apertar muito o local do ferimento para não prejudicar a respiração. 
• Acionar o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, se existente, ou conduzir a vítima a um hospital. 
• Não retirar objetos que estejam empalados. Imobilizá-lo com o curativo e providenciar rapidamente o transporte da vítima ao hospital. 
c) Ferimentos no abdome 
Os ferimentos profundos na região de abdome podem atingir qualquer órgão abdominal interno, inclusive com exteriorização das vísceras, principalmente das alças intestinais. 
Cuidados no atendimento: 
• Evitar ao máximo mexer na vítima. 
• Não remover objetos que estejam empalados.
 • Não tentar recolocar os órgãos para dentro do abdome. 
• Cobrir os órgãos com gaze, compressa ou pano limpo, úmidos. 
• Manter o curativo preso com ataduras não muito apertadas.
CUIDADOS COM A VÍTIMA DE FERIMENTOS QUEIMADURAS
Os primeiros cuidados adequados dispensados à vítima de queimadura constituem determinante fundamental no êxito final do tratamento, contribuindo decisivamente para a redução da morbidade e da mortalidade. Para isso é importante educar a população em geral e treinar grupos populacionais de risco para agir corretamente diante de um caso de queimadura. Nesse sentido, nos programas de educação para a saúde deve-se incluir o ensino de procedimentos de primeiros socorros ao queimado.
Remoção da fonte de calor
Como primeira medida a ser tomada deve-se remover a fonte de calor, afastando a vítima da chama ou retirando o objeto quente. Se as vestes estiverem em chamas a vítima deve rolar-se no solo e nunca correr ou ser envolvida em cobertores, que podem ativar as chamas. As vestes devem ser retiradas, desde que não aderidas à pele; do contrário só devem ser removidas sob anestesia no momento do debridamento da ferida. Em casos de queimaduras elétricas, deve-se providenciar a interrupção da corrente antes do contato com a vítima ou, se isso não for possível, tentar afastá-la com objeto isolante, como madeira seca.
Resfriamento da área queimada
Em seguida deve-se providenciar o resfriamento da área queimada com água corrente fria de torneira ou ducha. Nunca deve ser feito com água gelada ou outros produtos refrescantes, como creme dental ou hidratantes. Além de promover a limpeza da ferida, removendo agentes nocivos, a água fria é capaz de interromper a progressão do calor, limitando o aprofundamento da lesão, se realizado nos primeiros segundos ou minutos, de aliviar a dor, mesmo se aplicado após alguns minutos, assim como pode reduzir o edema.
Portanto o resfriamento com água corrente deve ser instituído o mais precocemente possível, durante cerca de 10 minutos, podendo chegar a 20 minutos, caso seja necessário. Porém deve ser mais breve quanto mais extensa for a queimadura, devido ao risco de hipotermia, não sendo recomendável em queimaduras superiores a 15% da SC. Após o resfriamento, a área queimada, se menor do que 5% da SC, pode ser protegida com gazes, compressas ou toalhas de algodão, úmidas, em seguida coberta por plástico ou outro material impermeável, e por fim o paciente deve ser envolvido com manta ou cobertor. Aqui cabe a lembrança: "resfriar a queimadura mas aquecer o paciente".
Tratamento de urgência nos casos de hemorragia
Definição 
É a perda de sangue através de ferimentos, pelas cavidades naturais como nariz, boca, etc; ela pode ser também, interna, resultante de um traumatismo. As hemorragias podem ser classificadas inicialmente em arteriais e venosas, e, para fins de primeiros socorros, em internas e externas. 
Hemorragias Arteriais: É aquela hemorragia em que o sangue sai em jato pulsátil e se apresenta com coloração vermelho vivo. 
Hemorragias Venosas: É aquela hemorragia em que o sangue é mais escuro e sai continuamente e lentamente, escorrendo pela ferida. 
Hemorragia Externa: É aquela na qual o sangue é eliminado para o exterior do organismo, como acontece em qualquer ferimento externo, ou quando se processa nos órgãos internos que se comunicam com o exterior, como o tubo digestivo, ou os pulmões ou as vias urinárias. 
Hemorragia Interna: É aquela na qual o sangue extravasa em uma cavidade pré-formada do organismo, como o peritoneu, pleura, pericárdio, meninges, cavidade craniana e câmara do olho.
Consequências das Hemorragias 
Hemorragias graves não tratadas ocasionam o desenvolvimento do estado de choque e morte. · Hemorragias lentas e crônicas (por exemplo, através de uma úlcera) causam anemia (ou seja, quantidade baixa de glóbulos vermelhos).
Primeiros socorros
Em casos particulares, um método que pode vir a ser temporariamente eficaz é o método do ponto de pressão.
A técnica do ponto de pressão consiste em comprimir a artéria lesada contra o osso mais próximo, para diminuir a afluência de sangue na região do ferimento. Em hemorragia de ferimento ao nível da região temporal e parietal, deve-se comprimir a artéria temporal contra o osso com os dedos indicadores, médios e anular. 
No caso de hemorragia no membro superior, o ponto de pressão está na artéria braquial, localizada na face interna do terço médio do braço.
 No caso de ferimento com hemorragia no membro inferior, o ponto de pressão é encontrado na parte interna no terço

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