Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LÍNGUA PORTUGUESA 1 1 LÍNGUA PORTUGUESA 2 2 SUMÁRIO 1. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS .......................................................... 03 2. DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL ............................................................................ 07 3. DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL .................................................. 27 4. MORFOLOGIA ............................................................................................................... 44 5. DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO ................................... 47 6. DISCURSO DIRETO E INDIRETO .................................................................................... 57 7. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL ......................................................................... 59 8. REGÊNCIA ...................................................................................................................... 70 LÍNGUA PORTUGUESA 3 3 COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DEFINIÇÃO DE TEXTO A palavra texto, sem sombra de dúvida, é familiar a qualquer pessoa e aparece frequentemente no linguajar cotidiano, mas o texto não é simplesmente um aglomerado de frases. De acordo com Infante (2007, p. 90), “A palavra texto provém do latim textum, que significa ‘tecido, entrelaçamento’. Há, portanto, uma razão etimológica para nunca esquecermos que o texto resulta de uma ação de tecer, de entrelaçar unidades e partes a fim de formar um todo inter-relacionado. Daí podermos falar em textura ou tessitura de um texto: é a rede de relações que garantem sua coesão, sua unidade.” É importante ressaltar que todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate de escala mais ampla, como observam Fiorin e Savioli (2007, p. 13): “Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de quem o produziu. De uma forma ou outra, constrói-se um texto para, através dele, marcar uma posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na sociedade. Até mesmo uma simples notícia jornalística, sob a aparência de neutralidade, tem sempre uma intenção por trás”. Portanto, num texto, o significado de uma parte depende de sua relação com as outras partes, tornando-se uma estrutura construída de tal modo que as frases não têm significado autônomo, pois o seu sentido depende da correlação que elas possuem com as demais frases. Não podemos esquecer que existem textos verbais e não verbais, consistindo aqueles dos textos escritos ou orais, e estes dos textos visuais, constituídos por ícones e/ou símbolos. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS Interpretar um texto consiste em analisar o que está escrito, ou seja, coletar dados sobre o texto. Para interpretar um texto devemos abstrair tanto as ideias explícitas quanto as implícitas nele contidas. Como afirmado anteriormente, não existe texto desprovido de contexto e de várias implicações, que podem ser políticas, filosóficas, sociológicas, acadêmicas, entre outras. Bechara (2006) lista a forma como devemos analisar um texto: • Ler duas vezes o texto. A primeira para tomar contato com o assunto; a segunda para observar como o texto está articulado; desenvolvido. • Observar que um parágrafo em relação ao outro pode indicar uma continuação ou uma conclusão, ou, ainda, uma falsa oposição. • Sublinhar, em cada parágrafo, a ideia mais importante (tópico frasal). LÍNGUA PORTUGUESA 4 4 • Ler com muito cuidado os enunciados das questões para entender direito a intenção do que foi pedido. • Sublinhar palavras como: erro, incorreto, correto, etc., para não se confundir no momento de responder a questão. • Escrever, ao lado de cada parágrafo, ou de cada estrofe, a ideia mais importante contida neles. • Não levar em consideração o que o autor quis dizer, mas sim o que ele disse; escreveu. • Se o enunciado mencionar tema ou ideia principal, deve-se examinar com atenção a introdução e/ou a conclusão. • Se o enunciado mencionar argumentação, deve-se preocupar com o desenvolvimento. • Tomar cuidado com os vocábulos relatores (os que remetem a outros vocábulos do texto: pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc.) Três erros comuns na interpretação de textos, e que podem levar a uma escolha errada no momento da interpretação, são a extrapolação, redução e contradição. Bechara (2006) define esses erros capitais na análise de um texto da seguinte forma: Extrapolação: consiste em “fugir do texto”. Ocorre quando se interpreta o que não está escrito, não se atendo ao que está relatado. Redução: Consiste em valorizar uma parte do texto em detrimento da sua totalidade. Deixa-se de considerar o texto como um todo para ater-se somente a uma parte dele. Contradição: Consiste em se entender o contrário do que está escrito. Observe que as provas de concurso estão cada dia mais complexas na interpretação, assim, para se obter um bom resultado, não basta somente interpretar o texto, mas sim demonstrar o conhecimento do candidato a respeito do assunto, levando em consideração as atualidades, pois todos os textos de concursos são, de algum modo, ligados às atualidades. O texto é o ponto de partida, mas deve-se avaliar o contexto e a atualidade. VAMOS EXEMPLIFICAR POR MEIO DE UMA QUESTÃO DE PROVA: 1 As diferenças de classes vão ser estabelecidas em dois níveis polares: classe privilegiada e classe não privilegiada. Nessa dicotomia, um leitor crítico vai perceber que se trata de 4 um corte epistemológico, na medida em que fica óbvio que classificar por extremos não reflete a complexidade de classes da sociedade brasileira, apesar de indicar os picos. Em cada um 7 dos polos, outras diferenças se fazem presentes, mas preferimos alçar a dicotomia maior que tanto habita o mundo das estatísticas quanto, e principalmente, o mundo do 10 imaginário social. Estudos a respeito de riqueza e pobreza ora dão quitação a classes pela forma quantitativa da ordem do ganho econômico, ora pelo grau de consumo na sociedade 13 capitalista, ora pela forma de apresentação em vestuário, ora pela violência de quem não tem mais nada a perder e assim por diante. O imaginário, em sua organização dinâmica e com sua 16 capacidade de produzir imagens simbólicas e estereótipos, maneja representações que possibilitam pôr ordem no caos. LÍNGUA PORTUGUESA 5 5 O imaginário, acionado pela imaginação individual, é 19 pluriespacial e, na interação social, constrói a memória, a história museológica. Mesmo que possamos pensar que estereótipos são resultado de matrizes, a cultura é dinâmica, 22 porquanto símbolos e estereótipos são olhados e ressignificados em determinado instante social. Dina Maria Martins Ferreira. Não pense, veja. São Paulo: Fapesp&Annablume, p. 62 (com adaptações). COM BASE NA ORGANIZAÇÃO DAS IDEIAS E NOS ASPECTOS GRAMATICAIS DO TEXTO, JULGUE OS ITENS QUE SE SEGUEM. Questão de prova: Subentende-se da argumentação do texto que “os picos” (l. 6) correspondem aos mais salientes indicadores de classes — a privilegiada e a não privilegiada —, referidos no texto também como “extremos” (l. 5) e “polos” (l. 7). Comentário: Antes de passarmos à análise da questão propriamente dita, é importante ressaltar que o texto em questão é um bom exemplo da necessidade de o candidato possuir uma boa “bagagem de leitura” da atualidade, de tal forma que possa interpretar o texto no contexto em que está inserido. Essa observação aplica-se à interpretação de textos em geral, como ressaltamos anteriormente. Com relação à questão em análise, embora o texto afirme que classificar por extremos não reflete a complexidade de classes da sociedade brasileira,os “picos” referidos na linha 6 são os “extremos” das classes sociais, os quais funcionam como “polos” (l. 7) opostos: a classe privilegiada e a não privilegiada. A alternativa, portanto, está CERTA. VEJA MAIS UM EXEMPLO DE QUESTÃO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO: A vida humana como valor jurídico 1 Vivemos sob a égide de uma Constituição que orienta o Estado no sentido da dignidade da pessoa humana, tendo como normas a promoção do bem comum, a garantia 4 da integridade física e moral do cidadão e a proteção incondicional do direito à vida. Essa proteção é de tal forma solene que o atentado a essa integridade eleva-se à condição 7 de ato de lesa-humanidade: um atentado contra todos os homens. Afirma-se que a Constituição do Brasil protege a 10 vida e que tudo aquilo que soa diferente é contrário ao Direito e por isso não pode realizar-se. Todavia, dizer que a vida depende da proteção da Carta Maior é superfetação 13 porque a vida está acima das normas e compõe todos os artigos, parágrafos, incisos e alíneas de todas as constituintes. 16 A cada dia que passa, a consciência atual, despertada e aturdida pela insensibilidade e pela indiferença do mundo tecnicista, começa a se reencontrar com a mais 19 lógica de suas normas: a tutela da vida. Essa consciência de que a vida humana necessita de uma imperiosa proteção vai LÍNGUA PORTUGUESA 6 6 criando uma série de regras que se ajustam mais e mais com 22 cada agressão sofrida, não apenas no sentido de se criar dispositivos legais, mas como maneira de estabelecer formas mais fraternas de convivência. Este, sim, seria o melhor 25 caminho. Tudo isso vai sedimentando a idéia de que a vida de todo ser humano é ornada de especial dignidade, o que deve 28 ser colocado de forma clara em defesa da proteção das necessidades e da sobrevivência de cada um. Esses direitos fundamentais e irrecusáveis da pessoa humana devem ser 31 definidos por um conjunto de normas que possibilitem que cada um tenha condições de desenvolver suas aptidões e suas possibilidades. CONSIDERANDO AS IDEIAS E A ESTRUTURA DO TEXTO ACIMA, JULGUE OS ITENS DE 1 A 5. 1. O texto defende que a sociedade brasileira, apesar de vítima da violência do contexto tecnológico atual, tem por valor superafetado a proteção do direito à vida, garantido constitucionalmente. 2. Entre os pilares que sustentam a Carta Magna brasileira — a dignidade da pessoa, o respeito ao cidadão, a garantia da sua integridade, o fortalecimento do bem comum e o resguardo do direito à vida —, sobreleva-se este último, pela qualidade de incondicional. 3. É redundante afirmar que a Constituição do Brasil dá especial ênfase à defesa à existência no país, uma vez que a vida sobreleva-se a constituições sociais e está pressuposta em vários dispositivos legais. 4. O texto argumenta que é universal e incontestável a consciência de que urge o estabelecimento de formas mais fraternas de convivência no mundo atual. 5. O texto estrutura-se de forma dissertativa, com léxico predominantemente denotativo, apesar de haver palavras empregadas em sentido conotativo, a exemplo de “soa” (l.10) e “ornada” (l.27). Comentário: Conforme temos observado nas últimas provas, a prova de conhecimentos básicos apresenta questões de ordem linguística e de interpretação utilizando um mesmo texto como base. Embora se trate de uma prova do ano de 2004, é interessante observar as mudanças ocorridas e o grau de dificuldade cada vez maior constante nas provas de concursos. Vamos analisar somente o item 3, para exemplificar, pois é uma típica questão de interpretação de texto, que necessita uma reflexão sobre o texto como um todo, levando-se também em consideração os aspectos externos a ele (atualidades). A Constituição brasileira visa, acima de tudo, garantir proteção incondicional ao direito à vida ou à existência, e pode-se considerar redundante (superafetação – l. 12) tal afirmação. A vida sobreleva-se (está acima – linha 13) a constituições sociais (normas – l. 13), porém ela não está pressuposta em vários dispositivos legais (a parte do enunciado legal em que se prevê o efeito de sua incidência), mas sim compõe todos os artigos, parágrafos, incisos e alíneas de todas as constituintes (referente à constituição ou que tem a missão de elaborar a constituição). Dessa forma, o item está ERRADO. LÍNGUA PORTUGUESA 7 7 DICAS PARA UMA BOA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS: a) tenha uma boa noção de História e dos fatos ocorridos nos últimos anos (atualidades); b) tenha concentração na leitura do texto; c) o texto é a fonte primária e principal; se ele contrariar as atualidades, siga o texto; d) tenha em mente que todo entendimento de texto é, de alguma forma, limitado, pois ninguém domina todas as áreas do conhecimento; e) preste atenção a todos os detalhes. Muitas vezes, uma única palavra constante na questão pode fazer a diferença entre ela ser considerada certa ou errada em relação ao conteúdo do texto. DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL Ortografia (do grego ortho = correto; grafia = escrita) é a parte da gramática que trata da escrita correta das palavras, segundo os padrões da língua culta. Na Língua Portuguesa, alguns fatores dificultam essa escrita. Os dois principais itens que acarretam essa dificuldade relacionam-se, primeiro, à possibilidade de alguns fonemas admitirem grafias diferentes e, segundo, à etimologia, isto é, à origem das palavras. Ainda há a incorreção gráfica provocada pela pronúncia errada. A ortografia oficial da Língua Portuguesa é composta dos sistemas ortográficos fonético, etimológico e misto, como podemos verificar no quadro: FONÉTICO ETIMOLÓGICO MISTO Consiste na exata e fiel figuração dos sons, escrevendo as palavras tal e qual se pronunciam. Representa as palavras de acordo com a grafia de origem, reproduzindo todas as letras do étimo. Resultante da fusão dos dois primeiros. Exemplos: cristo, pressentir, inalar, escrever Exemplos: hoje, humano, hilário Exemplos: esgoto, igreja, sete, tratar Embora listemos a seguir algumas dicas práticas referentes à ortografia oficial da Língua Portuguesa, a melhor forma de se aprender a correta grafia de um vocábulo é a retenção da sua imagem, o que ocorre por meio da leitura e da escrita. Não podemos esquecer que, de acordo com o Novo Acordo Ortográfico, o alfabeto da língua portuguesa passou a ter oficialmente 26 letras, com a inclusão das letras k, w e y. EMPREGO DAS LETRAS a) Uso do C ou Ç Usa-se C ou Ç nos seguintes casos: LÍNGUA PORTUGUESA 8 8 • após um ditongo: afeição, coice, foice, eleição. • nomes derivados do verbo TER: abster – abstenção / deter – detenção / reter – retenção. • nomes relacionados com palavras cujo radical termina em T: executar – execução / marte – marciano / infrator – infração. • nos vocábulos de origem árabe: cetim / açucena / açúcar. • nos vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Juçara, cachaça, cacique. • nos sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, esperança, carapuça, dentuço. b) Uso do G Usa-se a letra G nos seguintes casos: • nas terminações AGEM, IGEM, UGEM, EGE e OGE: garagem, vertigem, ferrugem, bege, foge. • nas terminações ÁGIO, ÉGIO, ÍGIO, ÓGIO, ÚGIO: sufrágio, sortilégio, vestígio, relógio, refúgio. • nos verbos terminados em GER e GIR: eleger, dirigir. • depois da letra R (com poucas exceções): emergir, surgir. • depois da letra A, quando não seja radical terminado com J: ágil, agente. c) Uso do J Usa-se a letra J nos seguintes casos: • nas palavras derivadas de outras palavras terminadas em JA: franja, gorjeta, laranjeira, lojista. • antes do ditongo EI, com algumas exceções: jeito, sujeito, sujeira. Algumas exceções: bagageiro, estrangeiro, ligeiro,mensageiro, passageiro. • todas as formas dos verbos terminados em JAR: arranjar – arranjei / enferrujar - enferrujei / viajar – viajei. • nas palavras de origem latina: jeito, majestade, hoje. • nas palavras de origem árabe, africana ou exótica: alforje, jiboia, manjerona. Atenção: a palavra SERGIPE é uma exceção. • nas palavras terminadas com AJE: laje, ultraje. d) Uso do S Usa-se S nos seguintes casos: • nos sufixos ês, esa, esia e isa, quando o radical é substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, freguesia, poetisa, baronesa, princesa. • nos sufixos gregos ase, ese, ise e ose: catequese, morfose. • nas formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quis, quiseste. LÍNGUA PORTUGUESA 9 9 • nos nomes derivados de verbos com radicais terminados em d: aludir – alusão / decidir – decisão / empreender – empresa / difundir – difusão. • nos diminutivos cujos radicais terminam com s: Luís – Luisinho / Rosa – Rosinha / lápis – lapisinho. • após ditongos: coisa, pausa, pouso. • em verbos derivados de nomes cujo radical termine com s: análise – analisar / pesquisa – pesquisar. • nos grupos IST e UST: misto, justo, custo. • verbos cujos radicais terminam em D, ND, RG, RT, CORR, PEL e SET: aludir – alusão / repreender – repreensão / imergir – imersão / reverter – reversão / recorrer – recurso / impelir – impulso / consentir – consenso. • adjetivos terminados em OSO e OSA: bondoso, generoso, piedoso, maravilhosa, gostosa. e) Uso do SS Usa-se SS nos seguintes casos: • verbos cujos radicais terminem em GRED, CED, MET e PRIM: progredir – progresso / interceder – intercessão / prometer – promessa / reprimir – repressão. • quando o prefixo termina com vogal e se junta com palavra iniciada por s: a + simétrico – assimétrico / re + surgir – ressurgir. • no pretérito perfeito do subjuntivo: ficasse, falasse. f) Uso do X Usa-se a letra X nos seguintes casos: • depois de ditongo, de EM, BRU, ME e PU: queixa, deixa, enxada, enxoval, bruxa, mexer, puxar. Observação: a palavra capucho é exceção. Atenção: Se a palavra primitiva se escrever com CH, este é mantido: encher (vem da palavra cheio), encharcar (vem da palavra charco), enchumaçar (vem da palavra chumaço). • nas palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, muxoxo, xucro. • nas palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (j): xampu, lagartixa. g) Uso do Z Usa-se a letra Z: • nos sufixos EZ e EZA em substantivos abstratos derivados de adjetivos: rapidez, sensatez, esperteza, pobreza. • no sufixo IZAR, quando a palavra primitiva não se escreve com S: atual – atualizar / concreto – concretizar / ironia – ironizar. • como consoante de ligação se o radical não terminar com S: café + al – cafezal / pé + zinho – pezinho. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS LÍNGUA PORTUGUESA 10 10 • semântica é o estudo da significação das palavras. • Significante e significado Significante é a parte física da palavra (os fonemas e as letras). Significado é o sentido da palavra que provoca na mente do ouvinte ou do leitor uma imagem ou uma ideia. • Sinônimos e antônimos Sinônimos são palavras que têm um sentido geral comum, porém distinguem por particularidades e se empregam em situações diferentes. Ex.: Adversário – antagonista / Transformação – metamorfose Antônimos são palavras de significação oposta. Ex.: Riqueza – pobreza / Bom – mau • Homônimos e parônimos Homônimos são palavras diferentes no sentido, mas que têm a mesma pronúncia. Dividem-se em homônimos perfeitos e homônimos imperfeitos. • Homônimos perfeitos são palavras diferentes no sentido, mas idênticas na escrita e na pronúncia. Ex.: Homem são. (adj.) / São João. (subst.) / São várias as causas. (verbo) • Homônimos imperfeitos, que se dividem em: Homônimos homógrafos, quando têm a mesma escrita e a mesma pronúncia, exceto a abertura da vogal. Ex.: Almoço (substantivo) / Almoço (verbo) Homônimos homófonos, quando têm a mesma pronúncia, mas escrita diferente. Ex.: Cessão / Seção / Sessão • Denotação e conotação • Denotação é o emprego da palavra em seu sentido próprio (usada quando se quiser dar caráter técnico ou científico ao texto). • Conotação é o uso da palavra em sentido figurado, dando ao texto várias interpretações (esse recurso é muito utilizado em textos literários). Exemplos: Construí um muro de pedra. (denotação) Ela possui um coração de pedra. (conotação) PARTICULARIDADES GRAMATICAIS LÍNGUA PORTUGUESA 11 11 A seguir apresentamos algumas das palavras da Língua Portuguesa que apresentam dificuldade quanto ao seu emprego no que se refere à grafia correta. A GRAFIA DOS PORQUÊS PORQUÊ • Substantivo Ex.: Não sei o porquê de tanta alegria. POR QUE • usado em perguntas diretas. Ex.: E tu, por que resolveste aderir à greve? • usado em perguntas indiretas. Ex.: Não entendemos por que (motivo) os bancos não abrirão hoje. • quando puder ser substituído por “pelo qual, pelos quais, pela qual, pelas quais, por qual, por quais”. Ex.: São profundas as crises por que passamos. POR QUÊ • em fim de frase. Ex.: Não recorreram ao advogado, por quê? PORQUE • introduz explicação, indicação de causa. Ex.: Todos foram embora porque já estava tarde. EXERCÍCIOS: 1. Observe as seguintes propostas de reformulação da frase “Por que uma melodia romântica pode disparar sensações tão agradáveis?” I – Perguntamo-nos sobre o porquê de uma melodia romântica poder provocar sensações tão agradáveis. II – Perguntamo-nos porque uma canção romântica pode desferir sensações tão agradáveis. III – Perguntamo-nos por que motivo uma música romântica pode suscitar sensações tão agradáveis? Quais mantêm o sentido e a correção? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. LÍNGUA PORTUGUESA 12 12 e) Apenas II e III. 2. Observe as frases. I – Não foste à palestra _____ o assunto não interessava? II – Eis _____ nós fomos aprovados. III – A reportagem revela _____ os hospitais são tão caros. IV – São inimagináveis as dificuldades _____ passamos. Completa correta e respectivamente as frases acima a opção a) por que – porque – porque – por que. b) por que – por que – por que – porque. c) porque – por que – por que – por que. d) porque – porque – porque – por que. e) por que – por que – por que – por que. Gabarito: 1)a 2)a MAL E MAU • mal é antônimo de bem. Pode ser advérbio, substantivo, ou conjunção temporal. Ex.: Ele estava passando mal. (advérbio) O bem sempre vence o mal. (substantivo) Mal cheguei, ela saiu. (conjunção temporal) • mau é antônimo de bom. É adjetivo. Ex.: Ele é um mau aluno. ONDE E AONDE • onde: indica lugar (o lugar onde se está); refere-se a verbos que exprimem estados, permanência. Ex.: Onde fica o hospital mais próximo? • aonde: indica ideia de movimento. Equivale a para onde. Ex.: Aonde você vai com tanta pressa? SENÃO E SE NÃO • senão: equivale a caso contrário, a não ser, em orações adverbiais condicionais. Ex.: Não fazia nada, senão criticar. • se não: equivale a se por acaso não, em orações adverbiais condicionais. Ex.: Se não estudarmos muito, não seremos aprovados no concurso. LÍNGUA PORTUGUESA 13 13 TAMPOUCO E TÃO POUCO • tampouco: é um advérbio; equivale a também não. Ex.: Não foi trabalhar, tampouco apresentou justificativa. • tão pouco: é um advérbio de intensidade. Ex.: Estudei tão pouco esta semana. TRÁS, ATRÁS E TRAZ • trás e atrás: são advérbios de lugar. Ex.: Atrás daquela colina há um pequeno vilarejo. • traz: do verbo trazer. Ex.: Ele sempre traz presentes quando vem nos visitar. HÁ E A • há: do verbo haver. Utiliza-se no tempo passado. Para saber se o seu emprego está correto,substitua-o pelo verbo fazer. Ex.: Há (faz) cinco anos que não o vejo. • A: Usa-se para exprimir distância ou tempo futuro. Ex.: Daqui a três anos estarei formado. Minha escola fica a quinhentos metros de casa. MAS E MAIS • mas: é uma conjunção coordenativa adversativa. Equivale a contudo, porém, todavia. Ex.: Consegui ser aprovado na escola, mas minhas notas ficaram pouco acima da média. • mais: é um pronome ou advérbio de intensidade. Seu antônimo é menos. Ex.: Ele era o aluno mais dedicado da turma. USO DO HÍFEN Observe no quadro as regras vigentes para a utilização do hífen: PREFIXOS OU FALSOS PREFIXOS REGRAS EXEMPLOS OBSERVAÇÕES Vogais iguais Usa-se o hífen quando o prefixo e o segundo elemento juntam- se com a mesma anti-ibérico, auto-organização, contra-almirante, infra-axilar, micro-ondas, neo-ortodoxo, sobre-elevação, anti- Mas os prefixos co, pro, pre, re se juntam ao segundo elemento, ainda que este inicie pelas vogais o ou e: coocupar, coorganizar, coautor, coirmão, cooperar, LÍNGUA PORTUGUESA 14 14 vogal. inflamatório. preenchimento, preexistir, preestabelecer, proeminente, propor reeducação, reeleição, reescrita. Vogais diferentes Não se usa o hífen quando os elementos se unem com vogais diferentes. autoescola, autoajuda, autoafirmação, semiaberto, semiárido, semiobscuridade, contraordem, contraindicação, extraoficial, neoexpressionista, intraocular, semiaberto, semiárido. Consoantes iguais Usa-se o hífen se a consoante do final do prefixo for igual à do início do segundo elemento. inter-racial, super-revista, hiper-raquítico, sub- brigadeiro. Se o segundo elemento começa com s, r. Não há hífen quando o segundo elemento começa com s ou r; nesse caso, duplicam-se as consoantes. antirreligioso, minissaia, ultrassecreto, ultrassom. Porém, conforme a regra anterior, com prefixos hiper, inter, super, deve-se manter o hífen: hiper- realista, inter-racial, super- racional, super-resistente. Se o segundo elemento começa com h, m, n, ou com vogais. Usa-se o hífen: se o primeiro elemento, terminado em m ou n, unir-se com as vogais ou consoantes h, m ou n. circum-murado, circum- navegação, pan-hispânico, pan-africano, pan-americano. Ex, sota, soto, vice Usa-se hífen com os prefixos: ex, sota, soto, vice. ex-almirante, ex-presidente, sota-piloto, soto-pôr, vice- almirante, vice-rei. Escreva, porém, sobrepor. Pré, pós, pró Usa-se hífen com os prefixos pré, pós, pró (tônicos e acentuados com autonomia). pré-escolar, pré-nupcial, pós- graduação, pós-tônico, pós- cirúrgico, pró-reitor, pós- auricular. Se os prefixos não forem autônomos, não haverá hífen: predeterminado, pressupor, pospor, proativo, propor. O prefixo termina em vogal ou r e b e o segundo elemento se inicia com h. Usa-se o hífen quando o prefixo termina em r, b ou vogais e o segundo elemento começa com h. anti-herói, inter-hemisférico, sub-humano, anti- hemorrágico, bio-histórico, super-homem, giga-hertz, poli- hidratação, geo-história. As grafias consagradas serão mantidas: reidratar, desumano, inábil, reabituar, reabilitar, reaver. Se houver perda do som da vogal final, prefere-se não usar hífen e eliminar o h: cloridrato (cloro+hidrato), clorídrico (cloro+hídrico). Sufixos de origem tupi Usa-se o hífen com sufixo de origem tupi, quando a pronúncia exige Anajá-mirim, Ceará-mirim, capim-açu, andá-açu, amoré- guaçu. LÍNGUA PORTUGUESA 15 15 EMPREGO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA São considerados acentos: (´) → agudo (^) → circunflexo (`) → grave Os acentos agudo e circunflexo servem para indicar a sílaba tônica (mais forte) dos vocábulos, a abertura ou não da vogal, a flexão de número (singular/plural) do verbo e a diferença entre palavras homônimas (que têm a mesma pronúncia e/ou a mesma grafia). O acento grave serve para indicar a fusão entre duas vogais (crase). Quanto à posição da sílaba tônica, veja a tabela a seguir: PROPAROXÍTONA PAROXÍTONA OXÍTONA pú bli co tran qui lo ca ri jó A tabela abaixo apresenta as regras para acentuação das palavras, já de acordo com a nova ortografia. As colunas em negrito indicam as regras que foram alteradas. TIPO DE PALAVRA OU SÍLABA QUANDO ACENTUAR EXEMPLOS OBSERVAÇÕES Proparoxítonas Sempre sílaba, pássaro, vítima, romântico. Paroxítonas Se terminadas em: R, X, N, L, I, IS, UM, UNS, US, PS, Ã, ÃS, ÃO, ÃOS; ditongo oral, seguido ou não de S. álbum, árduos, automóvel, bênção, bíceps, cárie, fácil, fênix, látex, órfãs, órfãos, pólen, revólver. Observe: 1) Palavras terminadas em ENS não levam acento: hifens, polens. 2) Não usa-se acento nos prefixos paroxítonos que terminam em R nem nos que terminam em I: inter-helênico, super-homem, anti-herói, semi- internato. Oxítonas Se terminadas em: A, AS, E, ES, O, OS, EM, ENS. avô, avós, igarapé, parabéns, refém, vatapá. Observe: palavras terminadas em I, IS, U, US não levam acento: tatu, Morumbi, abacaxi. Monossílabos tônicos (são oxítonas também) Terminados em A, AS, E, ES, O,OS. mês, pás, pé, mês, pó, pôs, vá. Atente para os acentos nos verbos com formas oxítonas: adorá-lo, debatê-lo, etc. Í e Ú em palavras Í e Ú levam saída, saúde, Atenção: Segundo o novo acordo LÍNGUA PORTUGUESA 16 16 oxítonas e paroxítonas acento se estiverem sozinhos na sílaba (hiato) miúdo, aí, Araújo, Esaú, Luís, Itaú, baús, Piauí ortográfico, nas paroxítonas o i e u não serão mais acentuados se vierem depois de um ditongo: baiuca, bocaiuva, feiura. Porém, se, nas oxítonas, mesmo com ditongo, o i e u estiverem no final, haverá acento: tuiuiú, Piauí, teiú. Ditongos abertos em palavras oxítonas ÉIS, ÉU(S), ÓI(S) papéis, herói, heróis, troféu, céu, mói (moer) Verbos ter e vir, bem como seus derivados. Na terceira pessoa do plural do presente do indicativo eles têm, eles vêm Derivados de ter e vir Na terceira pessoa do singular leva acento agudo; na terceira pessoa do plural do presente levam circunflexo ele obtém, detém, mantém; eles obtêm, detêm, mantêm Í e Ú em palavras oxítonas e paroxítonas Í e Ú levam acento se estiverem sozinhos na sílaba (hiato) saída, saúde, miúdo, aí, Araújo, Esaú, Luís, Itaú, baús, Piauí 1. Se o i e u forem seguidos de s, a regra se mantém: balaústre, egoísmo, baús, jacuís. 2. Não se acentuam i e u se depois vier 'nh': rainha, tainha, moinho. 3. Esta regra é nova: nas paroxítonas, o i e u não serão mais acentuados se vierem depois de um ditongo: baiuca, bocaiuva, feiura, saiinha (saia pequena), cheiinho (cheio). 4. Mas, se, nas oxítonas, mesmo com ditongo, o i e u estiverem no final, haverá acento: tuiuiú, Piauí, teiú. Ditongos abertos em palavras paroxítonas NUNCA ideia, colmeia, boia Esta regra desapareceu (para palavras paroxítonas). Escreve-se agora: ideia, colmeia, celuloide, boia. Observe: há casos em que a palavra se enquadrará em outra regra de acentuação. Por exemplo: contêiner, Méier, destróier serão acentuados porque terminam em R. Verbos arguir e redarguir (agora sem trema) arguir e redarguir usavam acento agudo em algumas pessoas do indicativo, do subjuntivo e do imperativo afirmativo. Esta regra desapareceu. Os verbos arguir e redarguir perderam o acento agudo em várias formas (rizotônicas): eu arguo (fale: ar-gú-o, mas não acentue); ele argui (fale: ar-gúi), mas não acentue. LÍNGUA PORTUGUESA 17 17 Verbos terminados em guar, quar e quir aguar enxaguar, averiguar, apaziguar, delinquir, obliquar usavam acento agudo em algumas pessoas do indicativo, do subjuntivo e do imperativo afirmativo.Esta regra sofreu alteração. Observe: Quando o verbo admitir duas pronúncias diferentes, usando a ou i tônicos, aí acentuamos estas vogais: eu águo, eles águam e enxáguam a roupa (a tônico); eu delínquo, eles delínquem (í tônico). Se a tônica, na pronúncia, cair sobre o u, ele não será acentuado: Eu averiguo (diga averi-gú-o, mas não acentue) o caso. ôo, êe NUNCA vôo, zôo Esta regra desapareceu. Agora se escreve: zoo, perdôo, veem, magoo, voo. Acento diferencial Em alguns verbos. Esta regra desapareceu, exceto para os verbos: PODER (diferença entre passado e presente. Ele não pôde ir ontem, mas pode ir hoje. PÔR (diferença com a preposição por): Vamos por um caminho novo, então vamos pôr casacos; TER e VIR e seus compostos (ver acima). Observe: 1) Perdem o acento as palavras compostas com o verbo PARAR: Para- raios, para-choque. 2) FÔRMA (de bolo): O acento será opcional; se possível, deve-se evitá-lo: Eis aqui a forma para pudim, cuja forma de pagamento é parcelada. EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE O artigo definido feminino quando vem precedido da preposição a, funde-se com ela, e tal fusão é representada na escrita por um acento grave sobre a vogal (à): Vou a + a escola = Vou à escola. A troca de escola por um substantivo masculino equivalente comprova a existência de preposição e artigo: Vou ao (a + o) colégio. Regras básicas para o uso da crase: 1. É condição essencial que o acento grave venha antes de palavra feminina. 2. É necessário que a palavra dependa de outra que exija a preposição a. 3. É necessário que a palavra admita o artigo feminino (sentido particularizado). Usa-se crase também nos seguintes casos: 1. Nas formas àquela, àquele, àquelas, àqueles, àquilo e derivados. Ex.: - Cheguei àquela (a + aquela) cidade. LÍNGUA PORTUGUESA 18 18 - Por favor, encaminhe-se àquele (a + aquele) balcão. - Referiu-se àqueles (a + aqueles) livros. - Não deu importância àquilo (a + aquilo). 2. Nas indicações de horas, desde que determinadas. Atenção: zero e meia incluem-se na regra. Ex.: - Veio às 10 horas. - Chegou à meia-noite em ponto. - A greve iniciará à zero hora. 3. Nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas: às pressas, à risca, às vezes, à noite, à direita, à esquerda, à frente, à maneira de, à moda de, à procura de, à mercê de, à custa de, à medida que, à proporção que, à forma de, à espera de, etc. Ex.: - À direita ficava a biblioteca. - Saiu às pressas. - Estava à espera do pai. - O bife foi servido à moda da casa. 4. Nas locuções que indicam meio ou instrumento e em outras nas quais a tradição linguística o exija: à bala, à chave, à mão, à tinta, à venda, à vista, à toa, à espera, etc. Com relação a essa regra, há divergências entre os estudiosos da língua, porém, prefira o uso do acento grave. Atenção: Neste caso não se pode usar a regra prática de substituir a por ao. Ex.: - Morto à bala. - Escrito à mão. - Pagamento à vista. - Andava à toa. 5. Antes dos relativos que, qual e quais, quando o a ou as puderem ser substituídos por ao ou aos. Ex.: - Esta é a mulher à qual você se referiu. (Equivalente: este é o homem ao qual você se referiu.) - Mencionou as pesquisas às quais nos dedicamos. (Equivalente: mencionou os trabalhamos aos quais nos dedicamos.) Não se usa crase nos seguintes casos: 1. Palavras masculinas: TV a cabo, barco a remo, traje a rigor. LÍNGUA PORTUGUESA 19 19 Exceção: Existe a crase quando se pode subentender uma palavra feminina, especialmente moda e maneira, ou qualquer outra que determine um nome de empresa ou coisa. Ex.: - Salto à Luís XV (à moda de Luís XV). - Estilo à José de Alencar (à maneira de). - Refiro-me à UFRGS (universidade). - Vou à Verbo Jurídico (editora) 2. Nome de cidade: Chegou a Brasília. Iremos a Florença este ano. Exceção: Há crase quando se atribui uma qualidade à cidade: Chegou à Brasília da corrupção. Iremos à Florença das belas artes. 3. Verbo: Rapidamente aprendeu a ler. Começou a estudar. Disposto a colaborar. 4. Substantivos repetidos: Cara a cara, frente a frente, gota a gota, de ponta a ponta. 5. Ela, esta e essa: Pediram a ela que saísse. / Cheguei a esta conclusão. / Dedicou o livro a essa mulher. 6. Outros pronomes que não admitem artigo, como: ninguém, alguém, toda, cada, tudo, você, alguma, qual, etc. 7. Formas de tratamento: Escreverei a Vossa Excelência. / Recomendamos a Vossa Senhoria... / Pediram a Vossa Majestade... 8. Uma: Foi a uma festa. Exceções: Na locução à uma (ao mesmo tempo) e no caso em que uma designa hora (Chegará à uma hora). 9. Palavra feminina tomada em sentido genérico: Não damos ouvidos a reclamações. / Em respeito a morte em família, faltou ao serviço. Repare: Em respeito a falecimento, e não ao falecimento. / Não me refiro a mulheres, mas a meninas. Alguns casos são fáceis de identificar: se couber o indefinido uma antes da palavra feminina, não existirá crase. Assim: A pena pode ir de (uma) advertência a (uma) multa. / Igreja reage a (uma) ofensa de candidato em Guarulhos. / As reportagens não estão necessariamente ligadas a (uma) agenda. / Fraude leva a (uma) sonegação recorde. / Empresa atribui goteira a (uma) falha no sistema de refrigeração. / Partido se rende a (uma) política de alianças. Havendo determinação, porém, a crase é indispensável: Morte de vítima de roubo leva à punição (ao castigo) dos ladrões. / Funcionário admite ter cedido à pressão (ao desejo) do chefe. 10. Substantivos no plural que fazem parte de locuções de modo: Pegaram-se a dentadas. / Agrediram-se a bofetadas. / Progrediram a duras penas. LÍNGUA PORTUGUESA 20 20 11. Nomes de mulheres célebres: Ele a comparou a Anita Garibaldi. / Preferia Julia Roberts a Sandra Bullock. 12. Dona e madame: Deu o dinheiro a dona Carmem . / Já se acostumou a madame Isabel. Exceção: Há crase se o dona ou o madame estiverem particularizados: Referia-se à Dona Flor dos dois maridos. 13. Numerais considerados de forma indeterminada: O número de mortos chegou a cinco. / Nasceu a 2 de junho. / Fez uma visita a três empresas. 14. Distância, desde que não determinada: Ele ficou a distância. / O trem estava a distância. Quando se define a distância, existe crase: O trem estava à distância de 300 metros da estação. / Ele ficou à distância de dez metros dos assaltantes. 15. Terra, quando a palavra significa terra firme: O navio estava chegando a terra. / O marinheiro foi a terra. (Não há artigo com outras preposições: Viajou por terra. / Esteve em terra.) Nos demais significados da palavra, usa-se a crase: Voltou à terra natal. / Os astronautas regressaram à Terra. 16. Casa, considerada como o lugar onde se mora: Voltou a casa. / Chegou cedo a casa. (Veio de casa, voltou para casa, sem artigo.) Se a palavra estiver determinada, existe crase: Voltou à casa dos pais. / Faremos uma à Casa Branca. VEJA ALGUMAS QUESTÕES DE CONCURSOS REFERENTES AO USO DA CRASE: (...) Estudos a respeito de riqueza e pobreza ora dão quitação a classes pela forma quantitativa da ordem do ganho econômico, ora pelo grau de consumo na sociedade capitalista, ora pela forma de apresentação em vestuário, ora pela violência de quem não tem mais nada a perder e assim por diante. O imaginário, em sua organização dinâmica e com sua capacidade de produzir imagens simbólicas e estereótipos, maneja representações que possibilitam pôr ordem no caos. (...) Questão de prova: Na linha 11, a ausência de sinal indicativo de crase no segmento “a classes” indica que foi empregada apenas a preposição a, exigida pelo verbo dar, sem haver emprego do artigo feminino. Comentário: A palavra “classes” é um substantivo feminino tomado em sentido genérico, portanto, não se deve empregar o artigo feminino.A preposição “a”, antes da palavra “classes” é exigida pelo verbo “dar”. A alternativa está CERTA. LÍNGUA PORTUGUESA 21 21 (...) A ocultação, pela indústria do asbesto (amianto), dos perigos representados por seus produtos provavelmente custou tantas vidas quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos nos Estados Unidos da América durante uma década inteira; e outros produtos perigosos, como o cigarro, também provocam, a cada ano, mais mortes do que essas. Questão de prova: No segmento “quanto as destruídas” (l.14-15), o emprego do acento grave é facultativo, visto que o termo “quanto” rege complemento com ou sem a preposição a. Comentário: No segmento “quanto as destruídas” não há crase porque o “as” é um pronome demonstrativo que indica a repetição da palavra vidas. A alternativa está ERRADA. Um guia para quem quer denunciar crimes contra a natureza 1 Em parceria com a SOS Mata Atlântica, a maior entidade ambientalista do país, a revista Veja, em sua edição online, está oferecendo um roteiro para quem quer denunciar 4 crimes contra a natureza. São endereços, telefones e páginas na Internet dos órgãos públicos ligados à preservação do meio ambiente, catalogados estado por estado. Trata-se da parte 7 principal de um guia completo produzido pela SOS Mata Atlântica, que traz ainda explicações sobre a legislação ambiental e dados dos projetos realizados pela entidade. Veja online, maio/2003 (com adaptações) Questão de prova: Com base na estruturação sintática dos períodos do texto III, assinale a opção correta. Somente a alternativa D será analisada, por abordar o uso da crase: (item D) O sinal indicativo de crase empregado na linha 5 é dispensável, porque “meio ambiente” (l.5-6) é uma simples complementação do vocábulo antecedente. Comentário: O sinal indicativo de crase utilizado neste período não é dispensável. Observe: “ligados a” + “a preservação” = “ligados à preservação”. A alternativa está ERRADA. EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO Há certos recursos da linguagem ‒ pausa, melodia, entonação e, até mesmo, silêncio ‒ que só estão presentes na oralidade. Na linguagem escrita, para substituir tais recursos, usamos os sinais de pontuação. Estes são também usados para destacar palavras, expressões ou orações e esclarecer o sentido de frases, a fim de dissipar qualquer tipo de ambiguidade. Apesar de muitas vezes indicarem pausas, os sinais de pontuação têm, preponderantemente, uma justificativa sintática ou semântica. Os sinais de pontuação podem ser classificados em dois LÍNGUA PORTUGUESA 22 22 grupos. Observe que esta distinção não é rigorosa, pois outras classificações podem ser utilizadas, já que os sinais de pontuação indicam, ao mesmo tempo, a pausa e a melodia. O primeiro grupo compreende, fundamentalmente, os sinais que se destinam a marcar as pausas: o ponto ( . ), o ponto e vírgula ( ; ) e a vírgula ( , ). O segundo grupo compreende os sinais cuja função essencial é marcar a melodia, a entoação: os dois-pontos ( : ), o ponto de interrogação ( ? ), o ponto de exclamação ( ! ), o travessão ( ‒ ), o parênteses ( ( ) ), entre outros. USO DO PONTO Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o término de uma frase declarativa de um período simples ou composto. - Desejo-lhe uma feliz viagem. - A casa, quase sempre fechada, parecia abandonada, no entanto tudo no seu interior era conservado com primor. O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas, por exemplo: fev. = fevereiro, hab. = habitante, rod. = rodovia. O ponto que é empregado para encerrar um texto escrito recebe o nome de ponto final. USO DO PONTO E VÍRGULA Como o nome indica, este sinal serve de intermediário entre o ponto e a vírgula, podendo aproximar-se mais daquele ou mais desta, dependendo dos valores pausais e melódicos que representa o texto. No primeiro caso, equivale a uma espécie de ponto reduzido; no segundo, equivale a uma vírgula alongada. Geralmente, emprega-se o ponto e vírgula para: a) separar orações coordenadas que tenham certo sentido ou aquelas que já apresentam separação por vírgula: Criança, foi uma garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher madura, tornou-se uma doidivanas. b) separar vários itens de uma enumeração: Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais; USO DA VÍRGULA LÍNGUA PORTUGUESA 23 23 De todos os sinais de pontuação, a vírgula, normalmente, é o que apresenta maior grau de dificuldade na sua utilização correta. A vírgula marca uma pausa de pequena duração. Emprega-se não somente para separar elementos de uma oração, mas também orações de um só período. Emprega-se a vírgula nos seguintes casos: a) para separar os elementos mencionados numa relação: - A nossa empresa está contratando engenheiros, economistas, analistas de sistemas e secretárias. - O apartamento tem três quartos, sala de visitas, sala de jantar, área de serviço e dois banheiros. Mesmo que o e venha repetido antes de cada um dos elementos da enumeração, a vírgula deve ser empregada: - Rodrigo estava nervoso. Andava pelos cantos, e gesticulava, e falava em voz alta, e ria, e roía as unhas. b) para isolar o vocativo: - Cristina, desligue já esse telefone! - Por favor, Ricardo, venha até o meu gabinete. c) para isolar o aposto: - Dona Sílvia, aquela mexeriqueira do quarto andar, ficou presa no elevador. - Rafael, o gênio da pintura italiana, nasceu em Urbino. d) para isolar palavras e expressões explicativas (a saber, por exemplo, isto é, ou melhor, aliás, além disso, etc.): - Gastamos R$ 5.000,00 na reforma do apartamento, isto é, tudo o que tínhamos economizado durante anos. - Eles viajaram para a América do Norte, aliás, para o Canadá. e) para isolar o adjunto adverbial antecipado: - Lá no sertão, as noites são escuras e perigosas. - Ontem à noite, fomos todos jantar fora. f) para isolar elementos repetidos: - O palácio, o palácio está destruído. - Estão todos cansados, cansados de dar dó! g) para isolar, nas datas, o nome do lugar: LÍNGUA PORTUGUESA 24 24 - São Paulo, 22 de maio de 1995. - Roma, 13 de dezembro de 1995. h) para isolar os adjuntos adverbiais: - A multidão foi, aos poucos, avançando para o palácio. - Os candidatos serão atendidos, das sete às onze, pelo próprio gerente. i) para isolar as orações coordenadas, exceto as introduzidas pela conjunção e: - Ele já enganou várias pessoas, logo não é digno de confiança. - Você pode usar o meu carro, mas tome muito cuidado ao dirigir. - Não compareci ao trabalho ontem, pois estava doente. j) para indicar a elipse de um elemento da oração: - Foi um grande escândalo. Às vezes gritava; outras, estrebuchava como um animal. - Não se sabe ao certo. Paulo diz que ela se suicidou, a irmã, que foi um acidente. k) para separar o paralelismo de provérbios: - Ladrão de tostão, ladrão de milhão. - Ouvir cantar o galo, sem saber onde. l) após a saudação em correspondência (social e comercial): - Com muito amor, - Respeitosamente, m) para isolar as orações adjetivas explicativas: - Marina, que é uma criatura maldosa, "puxou o tapete" de Juliana lá no trabalho. - Vidas Secas, que é um romance contemporâneo, foi escrito por Graciliano Ramos. n) para isolar orações intercaladas: - Não lhe posso garantir nada, respondi secamente. - O filme, disse ele, é fantástico. USO DOS DOIS PONTOSOs dois pontos servem para marcar, na escrita, uma sensível suspensão da voz na melodia de uma frase não concluída. Dessa forma, são empregados em: a) uma enumeração: ... Rubião recordou a sua entrada no escritório do Camacho, o modo porque falou: e daí tornou atrás, ao próprio ato. Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os cavalos, o grito, o salto que deu, levado de um ímpeto irresistível... (Machado de Assis) LÍNGUA PORTUGUESA 25 25 b) uma citação: Visto que ela nada declarasse, o marido indagou: - Afinal, o que houve? c) um esclarecimento: Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir Pedro. Não porque o amasse, mas para magoar Lucila. Observe que os dois pontos são também usados na introdução de exemplos, notas ou observações. Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Exemplos: ratificar/retificar, censo/senso, descriminar/discriminar etc. Nota: A preposição per, considerada arcaica, somente é usada na frase de per si (= cada um por sua vez, isoladamente). Observação: Na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, longinho, melhorzinho, pouquinho etc. USO DO PONTO DE INTERROGAÇÃO O ponto de interrogação é empregado para indicar uma pergunta direta, ainda que esta não exija resposta: O criado pediu licença para entrar: - O senhor não precisa de mim? - Não obrigado. A que horas janta-se? - Às cinco, se o senhor não der outra ordem. - Bem. - O senhor sai a passeio depois do jantar? de carro ou a cavalo? - Não. (José de Alencar) USO DO PONTO DE EXCLAMAÇÃO O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer enunciado com entonação exclamativa, que normalmente exprime admiração, surpresa, assombro, indignação etc. - Viva o meu príncipe! Sim, senhor... Eis aqui um comedouro muito compreensível e muito repousante, Jacinto! - Então janta, homem! LÍNGUA PORTUGUESA 26 26 (Eça de Queiroz) O ponto de exclamação é também usado com interjeições e locuções interjetivas: Oh! Valha-me Deus! VEJA ALGUMAS QUESTÕES DE CONCURSOS QUE ABORDAM O USO DA PONTUAÇÃO: (...) 3 Isso, em geral, admitimos sem reservas. Ao mesmo tempo, 4 seres humanos, somos indivíduos: vivemos nosso ser cotidiano 5 como um contínuo devir de experiências individuais 6 intransferíveis. (...) Questão de prova: Na linha 4, o sinal de dois-pontos tem a função de introduzir uma explicação para as orações anteriores; por isso, em seu lugar, poderia ser escrito porque, sem prejuízo para a correção gramatical do texto ou para sua coerência. Comentário: Efetivamente, os dois-pontos poderiam ser substituídos por “porque”, pois introduzem uma explicação para o que foi dito anteriormente: “Ao mesmo tempo, seres humanos, somos indivíduos porque vivemos nosso ser cotidiano como um contínuo devir de experiências individuais.” A alternativa está CERTA. 1 A característica central da modernidade, não seria 2 demais repetir, é a institucionalização do universalismo — e 3 seu duplo, a igualdade — como princípio organizador da esfera 4 pública. (...) Questão de prova: De acordo com as normas de pontuação, seria correto empregar, nas linhas 2 e 3, vírgulas no lugar dos travessões; entretanto, nesse caso, a leitura e a compreensão do trecho poderiam ser prejudicadas, dada a existência da vírgula empregada após “duplo”, no interior do trecho destacado entre travessões. Comentário: Observe o período com a alteração feita, caso os travessões fossem substituídos por vírgula: “A característica central da modernidade, não seria demais repetir, é a institucionalização do universalismo, e seu duplo, a igualdade, como princípio organizador da esfera pública”. A alteração feita modifica o sentido da frase, dando a entender que a igualdade é o duplo da institucionalização do universalismo. Assim, a alternativa está CERTA. (...) 11 Como tentativas de acompanhar essa velocidade 12 vertiginosa que marca o processo de constituição da sociedade 13 hipermoderna, surge a flexibilidade do mundo do trabalho e a 14 fluidez das relações interpessoais. (...) LÍNGUA PORTUGUESA 27 27 Questão de prova: A ausência de vírgula depois de “vertiginosa” (l.12) indica que a oração iniciada por “que marca” (l.12) restringe a ideia de “velocidade vertiginosa” (l.11-12). Comentário: As orações adjetivas restritivas delimitam o sentido do substantivo antecedente. São indispensáveis ao sentido total da oração. A oração iniciada por “que marca”, restringe o substantivo velocidade, que a antecede. A alternativa está CERTA. 1 A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de 2 Aviação Civil (ANAC) aprovou, em setembro último, 3 alterações no seu regimento interno com o objetivo de fazer 4 frente aos novos desafios do setor de aviação civil, em razão de 5 sua expansão e do considerável aumento do número de 6 usuários do transporte aéreo no país nos últimos anos. (...) Questão de prova: O segmento “em setembro último” (l.2) está empregado entre vírgulas por constituir expressão adverbial intercalada entre termos da oração de que faz parte. Comentário: O segmento “em setembro” exerce efetivamente a função, nessa oração, de expressão adverbial, motivo pelo qual aparece entre vírgulas. A alternativa está CERTA. DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL De acordo com Antônio Suárez Abreu (2006, p. 13), “Um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo encadeamento semântico delas, criando, assim, uma trama semântica a que damos o nome de textualidade. O encadeamento semântico que produz a textualidade chama- se coesão. Podemos definir a coesão, mais especificamente, dizendo que se trata de uma maneira de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em uma sentença A”. A coesão é a ligação entre as partes mínimas do texto, está inserida na microestrutura do texto. Esse elemento é fundamental tanto na interpretação quando na redação de textos. Um texto coeso é um texto no qual as ideias não se contradizem, e a sequência do desenvolvimento do tema abordado observa uma sequência lógica. Palavras como preposições, conjunções e pronomes possuem a função de criar um sistema de relações, referências e retomadas no interior de um texto, garantindo unidade entre http://www.portuguesconcurso.com/2009/07/conjuncao-e-preposicao-concurso.html http://www.portuguesconcurso.com/2009/06/oracao-coordenada-sindetica.html http://www.portuguesconcurso.com/2009/07/pronomes-concurso.html http://www.portuguesconcurso.com/2009/09/mecanismos-de-coesao-parte-i.html LÍNGUA PORTUGUESA 28 28 as diversas partes que o compõem. Essa relação de elementos no texto recebe o nome de coesão textual. Com relação à análise de provas, coesão textual é a ligação entre as partes do texto, sempre levando em conta que um bom texto deve prezar pela coesão entre orações, períodos e, principalmente, parágrafos. EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO, REPETIÇÃO, CONECTORES E OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL REFERENCIAÇÃO Haliday e Hasan (1973) definem a referência como um movimento de recuperação de elementos, que estão tanto dentro quanto fora do texto. Para separar esses dois tipos de referência, os autores denominaram exóforas as referências situacionais e endóforas as textuais. Veja o esquema abaixo (adaptado de Fávero e Koch, 2002): EXÓFORA Na exófora, a remissão é feita a algum elemento da situação comunicativa, ou seja, o referente está fora da superfície textual. Acrescentamos aqui a noção de dêixis à referência situacional (exofórica). Podemos definir dêixis como a coesão em que um termo com significado se refere a outro também com significado. Assim, A dêixis designa o conjuntode palavras ou expressões (expressões dêiticas) que têm como função "apontar" para o contexto situacional (exófora) de uma dada interação. Segundo Melo, a raiz etimológica do vocábulo dêixis remete à noção de indicação. Dêixis significa, na tradição greco-latina, “apontar”, “indicar”, “demonstrar”; mas, na Linguística contemporânea, faz referência à função dos pronomes pessoais e demonstrativos, tempos verbais e outras categorias gramaticais que relacionam enunciados aos aspectos de tempo, espaço e pessoa na enunciação, isto é, dêixis é a localização e identificação de pessoas, objetos, eventos, processos e atividades sobre as quais falamos ou a que nos referimos no momento da interação verbal. Podemos tratar a dêixis como o modo mais óbvio de efetivação do elo entre a produção linguística dos falantes e os contextos situacionais em que tal produção ocorre. Ela permite marcar LÍNGUA PORTUGUESA 29 29 no enunciado as circunstâncias de sua enunciação por meio de cinco categorias: lugar, pessoa, tempo, discurso e dinâmica social. Por exemplo, veja um bilhete no qual está escrita a seguinte frase: Eu quero que você vá hoje à minha escola. Observe que o termo “hoje” perde o sentido se não houver, no bilhete, uma data referencial de quando ele foi escrito. O pronome “eu” também deve estar explícito no contexto, caso contrário ninguém sabe a quem se refere. Veja mais um exemplo de dêixis: O que você quer que eu faça com uma cadeira assim? Certamente a cadeira está em péssimo estado e a palavra “assim” indica (= aponta) isso. Pronomes demonstrativos em função dêitica ou exofórica Veja alguns exemplos em que o uso dos pronomes demonstrativos se faz mediante a função dêitica (espcial), por quem fala no momento em que fala. Assim: a) Esta mesa está quebrada. (= Esta mesa [aqui perto de mim que falo, primeira pessoa do discurso] está quebrada.) b) Passe-me esse copo, por favor! (= Passe-me esse copo [que está aí perto de você a quem falo, segunda pessoa do discurso], por favor). c) Isso é seu? Refiro-me a esse belo relógio que está em seu pulso. d) Isto é meu! Estou falando deste relógio que está em meu pulso. ENDÓFORA A endófora é dividida em: anáfora e catáfora. ANÁFORA Expressão que retoma uma ideia anteriormente expressa. A anáfora, assim como a catáfora, remete sempre a algo que esteja dentro dos limites do texto. Observe: O garoto acordou sobressaltado. Ele não conseguia lembrar-se do que tinha acontecido. Nesse exemplo, o pronome “Ele” retoma uma expressão já citada anteriormente – “o garoto” –, portanto trata-se de uma retomada por anáfora. Sandra e Helena, apesar de serem gêmeas, são muito diferentes. Por exemplo, esta é calma, e aquela é explosiva. Nesse exemplo, “esta” retoma o nome próprio “Sandra”, e “aquela” retoma o nome próprio “Helena”. “Este” e “aquele” são chamados anafóricos. Observe que os termos anafóricos são bem mais comuns nos textos que os catafóricos. Essa é, inclusive, a regra para produção de textos. Dê preferência ao uso dos anafóricos por indicarem mais clareza nos textos. É melhor dizer e depois retomar do que fazer uma referência genérica e, só depois, expor o termo com significado. LÍNGUA PORTUGUESA 30 30 Platão e Fiorin (2007, p. 282) observam que “Quando um elemento anafórico está empregado num contexto tal que pode referir-se a dois termos antecedentes distintos, isso provoca ambiguidade e constitui uma ruptura de coesão”. Por isso, “é importante tomar cuidado para que o leitor perceba claramente a que termo se refere o elemento anafórico”. Nesse sentido, veja o exemplo a seguir: O PT entrou em desacordo com o PMDB por causa de sua proposta de aumento de salário. No caso, sua pode estar se referindo à proposta do PT ou à do PMDB. CATÁFORA Pronome ou expressão nominal que antecipa uma expressão presente em porção posterior do texto. A remissão catafórica realiza-se, preferencialmente, através de pronomes demonstrativos ou indefinidos neutros, ou de nomes genéricos, mas também por meio das demais espécies de pronomes, de advérbios e de numerais. Observe: Só quero isto: ser aprovado no concurso! No exemplo, o pronome “isto” só pode ser recuperado se identificarmos o termo aprovado, que aparece na porção posterior à estrutura. O incêndio destruiu tudo: casas, móveis, plantações. O pronome indefinido “tudo” antecipa os substantivos que virão a seguir: casas, móveis, plantações, os quais irão esclarecer a frase. - Pronomes demonstrativos em função endofórica ou textual 1. Por meio da anáfora (isto é, ao que precede) estabelece-se uma relação coesiva de referência que nos permite interpretar um item ou toda uma ideia anteriormente expressa no texto, por exemplo, pelos pronomes demonstrativos essa, esse, isso, como a seguir: a) Vi uma saia linda na loja. Pena que essa roupa era muito cara. (Essa roupa = uma saia) b) João foi preso como estelionatário. Esse cara nunca me enganou! (Esse cara = João) c) Tivemos hoje uma aula sobre o uso da anáfora. Isso já foi estudado no semestre anterior. (Isso = anáfora) 2. Um elemento de referência é catafórico quando sua interpretação depender de algo que se seguir no texto; aqui, ele será representado pelos pronomes demonstrativos esta, este e isto. Exemplos: a) Estas foram as últimas palavras do meu professor: estude muito, pois somente a dedicação aos estudos fará com que você obtenha o resultado que espera. b) Quando saí de casa, meu pai me disse isto: respeite os outros, pois somente assim você será respeitado. c) Este foi o anúncio do Ministro da Economia: “A inflação vai se manter nos patamares previstos.” LÍNGUA PORTUGUESA 31 31 VEJAMOS A SEGUIR ALGUMAS QUESTÕES DE CONCURSOS QUE ABORDAM OS ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO: Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a eficiência, a produtividade e a competitividade nos processos gerenciais e nos produtos e serviços das organizações. Ou seja, 4 é o fermento do crescimento econômico e social de um país. Para isso, é preciso criatividade, capacidade de inventar e coragem para sair dos esquemas tradicionais. Inovador é o 7 indivíduo que procura respostas originais e pertinentes em situações com as quais ele se defronta. É preciso uma atitude de abertura para as coisas novas, pois a novidade é catastrófica 10 para os mais céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação é um percurso de difícil travessia para a maioria das instituições. Inovar significa transformar os pontos frágeis de 13 um empreendimento em uma realidade duradoura e lucrativa. A inovação estimula a comercialização de produtos ou serviços e também permite avanços importantes para toda a sociedade. 16 Porém, a inovação é verdadeira somente quando está fundamentada no conhecimento. A capacidade de inovação depende da pesquisa, da geração de conhecimento. 19 É necessário investir em pesquisa para devolver resultados satisfatórios à sociedade. No entanto, os resultados desse tipo de investimento não são necessariamente recursos financeiros 22 ou valores econômicos, podem ser também a qualidade de vida com justiça social. Luís Afonso Bermúdez. O fermento tecnológico. In: Darcy. Revista de jornalismo científico e cultural da Universidade de Brasília, novembro e dezembro de 2009, p. 37 (com adaptações). Questão de prova: Subentende-se da argumentação do texto que o pronome demonstrativo, no trecho “desse tipo de investimento” (l.20-21), refere-se à ideia de “fermento do crescimento econômico e social de um país” (l.4). Comentário: O pronome demonstrativo “desse” (l.20) refere-se à palavra “pesquisa” (l.19) e não à ideia de “fermento do crescimento econômico e social de um país”, que está vinculada à palavra “inovar” (l. 1). A alternativa, portanto, está ERRADA. 1 A demanda por transporteaéreo doméstico de passageiros cresceu 7,65% em setembro deste ano em relação ao mês de setembro de 2011. Trata-se do maior nível de 4 demanda para o mês de setembro desde o início da série de medições, em 2000. De janeiro a setembro de 2012, a demanda acumulada apresentou crescimento de 7,30% e a oferta 7 ampliou-se em 5,52% em relação ao mesmo período de 2011. Entretanto, a oferta (assentos-quilômetros oferecidos – ASK), no mês de setembro, apresentou queda de 2,13%, após oito 10 anos consecutivos de crescimento, sendo essa a primeira LÍNGUA PORTUGUESA 32 32 redução de oferta para o mês de setembro desde 2003. Questão de prova: O pronome “essa” (l.10) está empregado em referência à informação “queda de 2,13%” (l.9). Comentário: A alternativa está CERTA. O pronome demonstrativo “essa” refere-se, efetivamente, à “queda de 2,13%”. SUBSTITUIÇÃO A coesão por substituição consiste na colocação de um item em lugar de outro(s) elemento(s) do texto, ou até mesmo de uma oração inteira. Veja o exemplo: Ela comprou um sapato. Eu também quero comprar um. Ela comprou um sapato novo e eu também. Observe que ocorre uma redifinição, ou seja, não há identidade entre o item de referência e o item pressuposto. O que existe, na verdade, é uma nova definição nos termos: um, também. Compare com outro exemplo: Comprei um sapato preto, mas Maria preferiu um marrom. O termo “preto” é o adjunto adnominal de sapato. Ele é, então, o modificador do substantivo. Todavia, esse termo é silenciado e, em seu lugar, faz-se presente a porção especificativa “marrom”. Logo, trata-se de uma redefinição do referente. SUBSTITUIÇÃO POR SINONÍMIA São elementos de substituição que guardam traços semânticos comuns com o referente. Veja o exemplo: Vi uma garotinha correndo em minha direção segurando uma espécie de embrulho. Quando se aproximou, a menina me deu um abraço e deixou o pacote caído no chão. - “Menina” substitui “uma garotinha” - “Pacote” substitui “uma espécie de embrulho” SINONÍMIA POR HIPERONÍMIA Substituição pelo nome de um grupo ao qual o referente pertença (troca por um elemento mais amplo). Veja o exemplo: Era notória a enorme antipatia que Tom Jobim nutria por Manuel Bandeira. O que sequer imaginávamos é o que o poeta teria feito ao músico, para que a situação chegasse a esse nível. LÍNGUA PORTUGUESA 33 33 - “Poeta” é hiperônimo de “Manuel Bandeira”. - “Músico” é hiperônimo de “Tom Jobim”. SINONÍMIA POR HIPONÍMIA Substituição por um elemento do grupo designado pelo referente (troca por um elemento mais restrito). Veja o exemplo: O boxeador desceu do carro afirmando que não falaria de religião. Desde que Mike Tyson se converteu ao islamismo, o esporte tem ficado em segundo plano nas coletivas de imprensa. - “Mike Tyson” é hipônimo de “Boxeador”. - “Islamismo” é hipônimo de “Religião”. REPETIÇÃO A repetição, na coesão textual, está ligada à coesão lexical, que pode ser garantida através de diferentes processos. Por não ser possível a sua substituição, a repetição da mesma unidade lexical ao longo do texto pode revelar-se necessária para a coesão do texto. Veja o exemplo a seguir, extraído da obra Capitães de Areia, de Jorge Amado: “Professor riu. Assim passaram a manhã, Professor fazendo a cara dos que vinham pela rua, Pedro Bala recolhendo as pratas ou os níqueis que jogavam.” Nesse exemplo, a repetição do nome Professor é necessária para evitar a ambiguidade. A repetição pode ser evitada, quando necessário, através da substituição lexical, que já foi abordada. Como já foi mencionado anteriormente, no que tange à redação de textos visando à prova descritiva, a repetição desnecessária de palavras pode ser compreendida pela banca examinadora como pobreza de vocabulário. CONECTORES A coesão textual por conectores, ou coesão interfrásica, utiliza mecanismos de sequencialização que marcam diversos tipos de interdependência entre as frases que ocorrem num texto. Basicamente, a conexão interfrásica é assegurada pelos conectores, que podem ser conjunções (ex.1) ou advérbios conectivos (ex.2). Veja os exemplos: (1) Parto para uma longa viagem, quando acabar este trabalho. (2) Estou disposta a abdicar do feriado. Agora, não me peçam que trabalhe 12 horas por dia. O uso correto dos conectores permite uma maior coesão textual e facilita a compreensão global do texto. Os conectores podem ser: conjunções, locuções conjuncionais, advérbios, locuções adverbiais, preposições, locuções prepositivas, expressões adjetivas ou orações completas. Veja o quadro abaixo: http://www.prof2000.pt/users/dani/coesao/coesaofrasicaexp.htm LÍNGUA PORTUGUESA 34 34 TIPO DE CONEXÃO / FUNÇÃO DA CONEXÃO CONECTORES Adição e, além disso, além do mais, e ainda, e até, também, igualmente, do mesmo modo, não só ...como também, não só ... como ainda, bem como, assim como, por um lado ... por outro, nem...nem, de novo, incluindo... Certeza com certeza, decerto, naturalmente, é evidente que, certamente, sem dúvida que,... Oposição / contraste mas, porém, todavia, contudo, no entanto, doutro modo, ao contrário, pelo contrário, contrariamente, não obstante, por outro lado... Concessão apesar de, ainda que, embora, mesmo que, por mais que, se bem que, ainda assim, mesmo assim... Conclusão / síntese / resumo pois, portanto, por conseguinte, assim, logo, enfim, concluindo, em conclusão, em síntese, consequentemente, em consequência, por outras palavras, ou seja, em resumo, em suma, ou melhor... Confirmação com efeito, efetivamente, na verdade, de fato, sem dúvida, de certo, deste modo, na verdade, ora, aliás, sendo assim, veja-se, assim... Explicitação / particularização quer isto dizer, isto (não) significa que, por outras palavras, isto é, por exemplo, ou seja, é o caso de, nomeadamente, em particular, a saber, entre outros, especificamente, ou melhor, assim, ressalte-se, saliente-se, importa salientar, é importante frisar ... Opinião Na minha opinião, a meu ver, em meu entender, no meu ponto de vista, parece- me que, creio que, penso que, para mim, ... Dúvida talvez, provavelmente, é provável que, possivelmente, é possível, porventura... Alternativa fosse...fosse, ou, ou então, ou ...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja, alternativamente, em alternativa, senão ... Comparação como, conforme, também, tanto...quanto, tal como, assim como, tão como, pela mesma razão, do mesmo modo, de forma idêntica, igualmente, ... Consequência por tudo isto, de modo que, de tal forma que, de sorte que, daí que, tanto...que, é por isso que... Causa pois, pois que, visto que, já que, porque, dado que, uma vez que, por causa de, posto que, em virtude de, devido a, graças a ... Fim / intenção com o intuito de, para (que), a fim de, com o fim de, com o objetivo de, de forma a ... Hipótese / Condição se, caso, a menos que, salvo se, exceto se, a não ser que, desde que, supondo que, admitindo que ... Sequência temporal / espacial. em primeiro lugar, num primeiro momento, antes de, em segundo lugar, em seguida, seguidamente, então, durante, ao mesmo tempo, quando, simultaneamente, depois de, após, até que, enquanto, entretanto, logo que, no fim de, por fim, finalmente, acima, abaixo, atrás, ao lado, à direita, à esquerda, ao centro, adiante, diante, em cima, em baixo, no meio, naquele lugar, detrás, por LÍNGUA PORTUGUESA 35 35 trás (de), próximo de sob, sobre... COESÃO POR ELIPSE Ocorre quando um ou mais elementos do texto são omitidos em algum dos contextos em que deveria ocorrer. -Maria vai comprar o carro? - Vai! Houve a omissão dos termos Maria (sujeito) e comprar o sapato (predicado verbal), todavia essa não prejudicou nem a correção gramatical nem a clareza do texto. A elipseconsiste na omissão de uma expressão recuperável pelo contexto, evitando assim a sua repetição. Veja os exemplos abaixo: Luís foi à ópera, onde [ ] encontrou os amigos. A final da Copa do Brasil foi muito bem disputada, ao contrário do que aconteceu na [ ] anterior. Nos exemplos apresentados, os lugares onde as palavras foram omitidas estão assinalados pelos sinais [ ] que representam elipses. No primeiro exemplo, a palavra omitida é o pronome pessoal ele ou o nome próprio Luís; enquanto no segundo, elidiu-se a palavra final. VEJA A SEGUIR ALGUNS EXEMPLOS DE PROVAS DE CONCURSOS REFERENTES AOS ELEMENTOS DE COESÃO TEXTUAL: Em geral, quando falamos de violência, pensamos em uso da força, com vistas à exclusão de grupos ou indivíduos de uma dada situação de poder. Essa violência pode ou não 4 encontrar resistência na violência dos excluídos. Como quer que seja, nos dois casos estão em jogo os princípios axiológicos que permitem arbitrar o que é legal ou ilegal, 7 legítimo ou ilegítimo, na interação entre os humanos. O ponto central é a noção de abuso de poder, de invasão desestruturante de uma ordem desejável, posta no horizonte 10 ético da cultura. O fato histórico do alheamento de indivíduos ou grupos humanos em relação a outros não é novo na dinâmica 13 social. Desqualificar moralmente o outro significa não vê-lo como um agente autônomo e criador potencial de normas éticas ou como um parceiro na obediência a leis partilhadas 16 e consentidas ou, por fim, como alguém que deve ser respeitado em sua integridade física e moral. No estado de alheamento, o agente da violência não 19 tem consciência da qualidade violenta de seus atos. Se o possível objeto da violência nada tem a oferecer-lhe, então não conta como pessoa humana e pouco importa o que venha 22 a sofrer. Ao contrário da crueldade inspirada na rivalidade LÍNGUA PORTUGUESA 36 36 ameaçadora, real ou imaginária, a indiferença anula quase totalmente o outro em sua humanidade. Jurandir Freire. A ética democrática e seus inimigos. In: O desafio ético, p. 77-80 (com adaptações). Questão de prova (item 3) As expressões “o outro” (l.13), “-lo” (l.13) e “alguém” (l.16) estabelecem uma cadeia coesiva, designando o mesmo referente. Comentário: A alternativa está CERTA, pois as expressões referidas na questão designam o mesmo referente. (...) Pode-se dizer que o caminho da inovação é um percurso de difícil travessia para a maioria das instituições. Inovar significa transformar os pontos frágeis de um empreendimento em uma realidade duradoura e lucrativa. (...) Questão de prova O período sintático iniciado por “Inovar significa” (l.12) estabelece, com o período anterior, relação semântica que admite ser explicitada pela expressão Por conseguinte, escrevendo-se: Por conseguinte, inovar significa (...). Comentário: “Por conseguinte” é um conector que indica conclusão, síntese, resumo, o que não se aplica ao caso acima. O período iniciado por “inovar” não conclui o período anterior, mas sim apresenta uma definição do que significa “inovar”. A alternativa, portanto, está ERRADA. 1 Nós, seres humanos, somos seres sociais: vivemos nosso cotidiano em contínua imbricação com o ser de outros. Isso, em geral, admitimos sem reservas. Ao mesmo tempo, 4 seres humanos, somos indivíduos: vivemos nosso ser cotidiano como um contínuo devir de experiências individuais intransferíveis. Isso admitimos como algo indubitável. Ser 7 social e ser individual parecem condições contraditórias da existência. De fato, boa parte da história política, econômica e cultural da humanidade, particularmente durante os últimos 10 duzentos anos no ocidente, tem a ver com esse dilema. Assim, distintas teorias políticas e econômicas, fundadas em diferentes ideologias do humano, enfatizam um aspecto ou outro dessa 13 dualidade, seja reclamando uma subordinação dos interesses individuais aos interesses sociais, ou, ao contrário, afastando o ser humano da unidade de sua experiência cotidiana. Além 16 disso, cada uma das ideologias em que se fundamentam essas teorias políticas e econômicas constitui uma visão dos fenômenos sociais e individuais que pretende firmar-se em uma 19 descrição verdadeira da natureza biológica, psicológica ou LÍNGUA PORTUGUESA 37 37 espiritual do humano. Humberto Maturana. Biologia do fenômeno social: a ontologia da realidade. Miriam Graciano (Trad.). Belo Horizonte: UFMG, 2002, p. 195 (com adaptações). Questão de prova: Depreende-se do texto que as “condições contraditórias” mencionadas na linha 7 decorrem da dificuldade que o ser humano tem em admitir que suas experiências são intransferíveis porque surgem de “um contínuo devir” (l.5). Comentário: O substantivo “devir” significa “série de mudanças concretas pelas quais passa um ser”, e o adjetivo “contínuo” significa “movimento ininterrupto”, assim, a ideia transmitida pelo texto é que os seres humanos vivem o seu cotidiano como um movimento ininterrupto de experiências individuais intransferíveis. As “condições contraditórias” mencionadas na linha 7 referem-se ao fato de os seres humanos serem ao mesmo tempo sociais e individuais. A alternativa, portanto, está ERRADA. Questão de prova: Nas relações de coesão do texto, as expressões “esse dilema” (l.10) e “dessa dualidade” (l.12-13) remetem à condição do ser humano: unitário em “sua experiência cotidiana” (l.15), mas imbricado “com o ser de outros” (l.2). Comentário: O “dilema” a que se refere o texto é a “dualidade” de ser social (= o ser dos outros) e individual (= unitário) ao mesmo tempo. A alternativa está CERTA. (...) Nessa dicotomia, um leitor crítico vai perceber que se trata de um corte epistemológico, na medida em que fica óbvio que classificar por extremos não reflete a complexidade de classes da sociedade brasileira, apesar de indicar os picos. Questão de prova: Na linha 4, para se evitar a repetição de “que”, seria adequado substituir o trecho “que classificar” (l.4-5) por ao classificar, preservando-se tanto a coerência textual quanto a correção gramatical do texto. Comentário: A substituição dos trechos indicados na questão não lhes confere o mesmo significado semântico. Tanto a coerência textual quanto a correção gramatical do texto são prejudicadas na substituição sugerida. Observe: “(...) na medida em que fica óbvio ao classificar por extremos (...)”. A alternativa, portanto, está ERRADA. LÍNGUA PORTUGUESA 38 38 (...) Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e traficantes que possam ser encontrados em uma rua escura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que tais criminosos causam são minúsculos quando comparados com os de criminosos respeitáveis, que vestem colarinho branco e trabalham para as organizações mais poderosas. (...) Questão de prova: Sem prejuízo para a coerência textual e a correção gramatical, o trecho “Mas os danos (...) minúsculos”, que inicia o segundo período do texto, poderia ser substituído por: Embora os danos causados por esses criminosos sejam ínfimos (...). Comentário: A substituição do conector “mas” pelo conector “embora” altera o significado do texto, interferindo na coerência textual. Da forma exposta no texto, depreende-se que os danos causados pelos criminosos não causam tanto prejuízo quanto os dos criminosos que vestem colarinho branco. Na substituição sugerida, o período fica incompleto, pois necessita de uma conclusão requerida pelo raciocínio introduzido por “embora”. A alternativa, portanto, está ERRADA. EMPREGO/CORRELAÇÃO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS Verbo é a palavra que indica ação, movimento, fenômenos da natureza, estado e mudança de estado. Os verbos flexionam-se em número (singular e plural), pessoa (primeira, segunda
Compartilhar